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CAPíTULO 7
PROCEDIMENTO ANESTÉSICO:
TIPOS DE ANESTESIA E ATUAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
PARTE 2
CENTRO CIR´RUGICO (CC)
ESTRUTURA DO CAPíTULO
dos tipos de monitorização, avanços tecnológi- relaxamento muscular para a execução do proce-
cos, treinamento dos profissionais e desenvolvi- dimento cirúrgico7.
mento de novos fármacos. Observou-se, ao lon- A escolha do tipo de anestesia é baseada no
go dos anos, redução das taxas de mortalidade tipo, na duração e no posicionamento neces-
relacionadas ao procedimento anestésico, mas sário durante o procedimento cirúrgico, con-
ainda permanece a ocorrência de incidentes oca- siderando as condições clínicas e psicológicas
sionados por práticas inseguras e fragilidades de do paciente7. Nesse contexto, a elaboração do
Parte 2
to. Assim, protocolos e diretrizes precisam ser finiu uma classificação para os pacientes cirúr-
implementados e seguidos pelos profissionais, gicos de acordo com hábitos de vida e estado
para a garantia da uniformidade da assistência, físico, categorizando em seis classes8:
da qualidade e da segurança dos serviços pres- • ASA I – paciente saudável;
tados. • ASA II – paciente com doença sistêmica
O procedimento anestésico inclui a avaliação leve;
pré-anestésica, a anestesia propriamente dita, o • ASA III – paciente com doença sistêmica
período de recuperação da anestesia, bem como grave;
a analgesia pós-operatória5. • ASA IV – paciente com doença sistêmica
No Brasil, de acordo com o artigo 4° da Lei nº grave, com ameaça constante à vida;
12.842, de 10 de julho de 2013, a execução de • ASA V – paciente moribundo, que não so-
sedação profunda, de bloqueios anestésicos e de breviverá sem a cirurgia;
anestesia geral é atividade privativa do médico6. • ASA VI – paciente com morte cerebral, cujos
Entretanto, o enfermeiro tem papel relevante nes- órgãos estão sendo removidos para doação;
se processo, atuando juntamente com o aneste- • Classe E – paciente que requer cirurgia de
siologista para garantir a segurança das interven- emergência.
ções em todas as etapas do procedimento.
A tabela 1 apresenta as especificações de cada
classe.
OBJETIVOS E CRITÉRIOS DE ESCOLHA EM
ANESTESIA
ASA I Paciente saudável Saudável, não fumante, nenhum ou consumo mínimo de álcool.
ASA II Paciente com doença Doenças leves, sem limitações funcionais substanciais. Exemplos
sistêmica leve incluídos (mas não limitados): fumante diário, uso de álcool socialmente,
gravidez, obesidade (30 < IMC < 40 kgm2), diabetes mellitus (DM) e
hipertensão arterial sistêmica (HAS), bem controlados, doença leve do
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pulmão.
ASA III Paciente com doença Substancial limitação funcional: uma ou mais doenças moderadas
sistêmica grave a graves. Exemplos incluídos (mas não limitados): DM e HAS mal
controlados, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), obesidade
mórbida (IMC ≥ 40 kgm2), hepatite ativa, dependência ou abuso de
Além disso, é importante a avaliação do risco Os pacientes podem ser classificados como
cirúrgico de cada paciente, que tem por objetivo sendo de baixo risco, risco intermediário e
estabelecer um adequado planejamento do cui- alto risco, definidos a partir do porte cirúr-
dado anestésico e cirúrgico, com vistas à redu- gico e de critérios clínicos, de acordo com a
ção da morbimortalidade. tabela 2.
Não apresenta Dois critérios maiores ou Três ou mais critérios História de doença cardiovascular,
critérios clínicos três critérios menores maiores ou quatro ou mais cerebrovascular ou respiratória grave
critérios menores compensada.
Parte 2
Parte 2
Urológica menor Urológicas de maior Esôfago, procedimentos
porte: cistectomias, complexos
grandes ressecções
urológicas
relaxante muscular, seguido da intubação orotra- A anestesia regional pode ser usada em con-
queal (IOT). junto com a anestesia geral, reduzindo a quanti-
O período de manutenção, que abrange o iní- dade de analgésicos administrados. Os bloqueios
cio até o término do procedimento cirúrgico, é regionais podem ser realizados em diferentes
o momento de inalação e/ou infusão das doses segmentos do corpo, envolvendo plexos e ner-
contínuas ou tituladas dos fármacos para garantir vos (plexo cervical, interescalênico, nervo ingui-
a execução da cirurgia, por meio da inibição da nal, sacral, entre outros).
Parte 2
ministrados durante o procedimento anestésico são fundamentais para evitar eventos adversos
por meio de antagonistas específicos, favorecen- associados aos bloqueios.
do o despertar seguro do paciente e a subse- Dentre as complicações relacionadas aos blo-
quente extubação. queios periféricos, incluem-se: toxicidade por
Para a realização de uma anestesia geral, os anestésico local, lesão traumática de nervos, in-
anestesiologistas utilizam os seguintes tipos de fecções e danos a estruturas adjacentes. Nesse
fármacos combinados: sentido, o uso do ultrassom caracteriza-se como
• Hipnóticos: geram inconsciência e amnésia; uma prática de relevância para maior precisão na
• Opioides: promovem analgesia e proteção execução de bloqueios periféricos, permitindo a
contra reflexos autonômicos; visualização de vasos de grande calibre e arté-
• Bloqueadores neuromusculares: visam à rias, associado à utilização de estimulador elé-
imobilidade do paciente; trico (neuroestimulador) para visualizar a contra-
• Bloqueadores regionais associados: promo- ção muscular ao estímulo1.
vem analgesia e proteção autonômica; A toxicidade por anestésico é resultante de
• Adjuvantes: visam minimizar efeitos diver- concentrações plasmáticas excessivas de anesté-
sos, como controle da pressão arterial, fre- sico local, seja devido à injeção intravascular dire-
quência cardíaca e tratamento de intercor- ta não intencional ou pela absorção sistêmica de
rências. doses maiores de anestésicos locais realizada du-
rante bloqueios de nervos periféricos, anestesia
peridural ou grande volume de anestesia por in-
BLOQUEIOS REGIONAIS1,11-14 filtração. Dentre os principais sintomas de intoxi-
cação, podem-se observar: queixa do paciente de
A anestesia regional é definida como a perda zumbido ou gosto metálico na boca, sonolência,
reversível da sensibilidade, decorrente da admi- dormência, parestesia facial, inquietação, zumbi-
nistração de um ou mais agentes anestésicos a do ou alucinações auditivas e arritmias súbitas1.
fim de bloquear ou anestesiar a condução nervo- Quanto às intervenções frente à intoxicação
sa a uma extremidade ou região do corpo13. por anestésico local, destacam-se a manutenção
da via aérea, oxigenação e administração de so- re acúmulo sanguíneo periférico, que resulta em
lução lipídica 20%15. menor retorno venoso e menor débito cardíaco.
Para a prevenção da resposta hipotensiva fi-
Anestesia raquidiana, intradural, siológica, uma intervenção consiste na hidrata-
bloqueio subaracnóideo ou ção prévia do paciente. Quando essa medida não
raquianestesia1,14,16,17 for eficiente, deve ser administrada efedrina por
via intravenosa.
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Na raquianestesia, um anestésico local é in- Além disso, podem ocorrer punções inad-
jetado no espaço subaracnóideo e se mistura ao vertidas da dura-máter durante a realização de
líquido cefalorraquidiano (LCR ou líquor). Ocor- uma anestesia subaracnóidea ou da aplicação de
re então bloqueio nervoso reversível das raízes grandes quantidades de anestésico local em re-
queios mais restritos às faixas de dermátomos; bloqueio epidural para procedimentos cirúrgicos
doses intermitentes ou contínuas podem ser ad- e obstétricos das regiões perineal e anorretal.
ministradas por meio da instalação de um cate- É comumente utilizado para analgesia infantil,
ter e prolongar a analgesia pós-operatória. combinado com anestesia geral.
Como desvantagens, pode-se considerar
maior tempo de latência, menor intensidade de ANESTESIA LOCAL10,12
bloqueio e maior possibilidade de toxicidade
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pelo anestésico local, já que são utilizados vo- A anestesia local bloqueia a condução de im-
lumes maiores que os usados na raquianestesia. pulsos ao longo dos axônios do sistema nervoso
Tecnicamente, a anestesia peridural é mais com- periférico, pela obstrução dos canais de sódio da
plexa do que a raquianestesia, requerendo maior membrana, impedindo a despolarização. A anes-
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mente. As funções básicas do aparelho de anes- O2 inspirada e expirada, pressão parcial de CO2
tesia são: prover oxigênio (O2) ao paciente, re- inspirado e expirado, volume corrente, volume-
mover gás carbônico/dióxido de carbono (CO2), minuto, frequência respiratória do ventilador,
fornecer e quantificar o volume de gases (O2, pressões inspiratória e expiratória, pressão nas
óxido nitroso, ar comprimido), fornecer vapor vias aéreas, pressão das fontes de gases, entre
anestésico e facilitar/promover a ventilação ade- outros11.
quada do paciente11. O controle e a verificação do funcionamento
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No mercado, há disponibilidade de diversos dos equipamentos de monitorização e anestesia
modelos de equipamentos de anestesia, mas ba- devem ser feitos, obrigatoriamente, antes da ad-
sicamente todos são compostos por: ministração da anestesia12. Essa verificação deve
• secção de fluxo contínuo: sua função é mis- ser feita diariamente, entre uma cirurgia e outra,
nociceptivos (incisão cirúrgica) em 50% dos pa- Os éteres se encontram no estado líquido em
cientes. Quanto menor a CAM, maior a potência temperatura ambiente e devem ser vaporizados
do fármaco21,22. para serem utilizados pela via inalatória.
O transporte do anestésico depende do fluxo A tabela 3 apresenta as principais característi-
sanguíneo; do coeficiente sangue/gás, caracteri- cas dos anestésicos inalatórios e seus principais
zado pela velocidade de indução do anestésico; efeitos.
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reduzindo a necessidade de relaxantes muscula- rosos não devem ser realizados somente
res, e, enfim, do rápido despertar.11 sob efeito de benzodiazepínicos. Em geral,
possuem efeitos residuais por extensos pe-
Anestésicos intravenosos11-13,20,23 ríodos, como depressão respiratória, lipoti-
Propofol Anestésico: rápida Permite infusão contínua. Alergia. Dor durante a infusão.
metabolização. Ausência de efeito cumulativo. Depressão respiratória. Redução
Despertar breve. da PA e do débito cardíaco (DC).
Tramadol Age nos receptores de Atuação na dor aguda. Sudorese. Prurido. Náuseas e
opioides. vômitos.
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tesia subaracnóidea, destacam-se: bupivacaína, são aplicados em um espaço virtual.
lidocaína, procaína, mepivacaína e prilocaína. O nível de bloqueio dos anestésicos locais de-
Em associação a esses anestésicos, a epinefrina pende dos seguintes fatores:
e a fenilefrina podem ser administradas pela via • baricidade: densidade da solução, dividida
A VAD pode ser prevista ou não prevista. • apneia do sono, obesidade e roncos;
Será prevista, quando as condições desfavo- • abertura da boca < 3 cm;
ráveis do paciente para ventilação e intubação • comprimento dos incisivos superiores longos;
forem identificadas na avaliação pré-operatória. • arcada superior protrusa (retrognatismo
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ClasseI ClasseII ClasseIII ClasseIV
Existe estreita relação entre maior classe e di- • Grau I – toda a glote é visível;
ficuldade de exposição na laringoscopia, haven- • Grau II – apenas a parte posterior da glote é
do, portanto, maior dificuldade de intubação nas visível;
classes III e IV11. • Grau III – apenas a epiglote é visível, mas
Outra escala empregada é a de Cormack e não a glote;
Lehane (Figura 2), relacionada à dificuldade em • Grau IV – apenas o palato mole é visível,
visualizar a laringe, que caracteriza a visualiza- mas não a epiglote.
ção da via aérea por meio dos seguintes graus26:
Os graus III e IV preveem intubação difícil. deve ser seguido pelo anestesiologista para o
Desse modo, um fluxograma de atendimento manejo da via aérea (Figura 3).
Declarar NINO
Legenda: LD = laringoscopia direta; DSG = dispositivo supraglótico; VMF = ventilação sob máscara facial; NINO = não intubo/não oxi-
geno; VA = via aérea
Figura 3. Manuseio da intubação traqueal difícil não antecipada em pacientes adultos. Adaptado de Slullitel e Oliveira66.
Parte 2
• tubos traqueais especializados, reforçados 5 ses da Europa, como França e Croácia, nos quais
e 6, com balão (cuff); microlaringoscópio 5 e o enfermeiro tem a possibilidade de realizar um
6 mm; curso de especialização e obter a certificação para
• cateter de intubação (sonda trocadora de o exercício da anestesia, como profissional inde-
tubo);
A) Funcionamento do equipamento de anestesia D) Materiais para via aérea G) Organizar materiais para punção venosa periférica
¨ executar o teste do equipamento de anestesia, de acordo com ¨ separar tubo endotraqueal, de acordo com as características físicas do ¨ equipo de infusão
orientações do fabricante, verificando também: conexão do equipamento paciente (idade, sexo) e tipo de cirurgia, considerar a disponibilidade de ¨ garrote
na fonte de energia e bateria, fonte de gases (oxigênio, óxido nitroso, três tamanhos diferentes ¨ solução antisséptica
ar comprimido e vácuo) disponíveis, conectadas ao equipamento e com ¨ avaliar o funcionamento do sistema de aspiração e vácuo ¨ solução de infusão
pressão ≥50 Psi* ou 3,2 kgf/cm2†, vaporizadores cheios e fechados, ¨ testar o funcionamento do laringoscópio ¨ dispositivo para acesso venoso
¨ fixação para acesso venoso
Justifique:
(a Figura 1 continua na próxima página)
Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC
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Indução anestésica (assistir)
A) Conferir no prontuário os documentos do paciente D) Preparo anestésico
¨ nome ¨ comunicar ao anestesiologista a contraindicação para punção de membro do paciente
¨ número do prontuário ¨ auxiliar o anestesiologista na punção de acesso venoso
¨ data de nascimento ¨ posicionar o paciente em decúbito dorsal horizontal, posição olfativa
¨ colocar coxim occipital, de acordo com a solicitação do anestesiologista
¨ ficha de visita pré-anestésica
¨ auxiliar o anestesiologista na ventilação do paciente, posicionando máscara facial para oferta de oxigênio
¨ termo de consentimento da anestesia ¨ verificar integridade do cuff da cânula de intubação solicitada pelo anestesiologista
¨ histórico de saúde ¨ realizar manobra de Sellick no paciente, quando solicitado pelo anestesiologista
¨ termo de consentimento da cirurgia ¨ realizar manobra de BURP§ no paciente, quando solicitado pelo anestesiologista
¨ verificar a presença de alergias ¨ fornecer ao anestesiologista cânula e seringa, durante a laringoscopia
¨ exames disponíveis ¨ auxiliar o anestesiologista na fixação do tubo endotraqueal após a intubação
¨ medicamentos em uso ¨ avaliar junto com o anestesiologista a ventilação adequada: expansibilidade torácica bilateral, ausculta pulmonar
¨ confirmar a administração de medicamento pré-anestésico e curva de capnografia presentes
¨ realizar fechamento ocular utilizando fixação, de acordo com protocolo institucional (micropore, colírio, pomada)
Justifique: ¨ realizar a sondagem vesical de demora, conforme solicitação da equipe cirúrgica
¨ posicionar paciente, de acordo com o procedimento cirúrgico, dispondo coxins em regiões de proeminências
Justifique:
Reversão (controlar)
A) Controle pós-anestésico B) Ao término da anestesia anotar no prontuário do paciente
¨ auxiliar o anestesiologista na aspiração traqueal do paciente ¨ sinais vitais
¨ transferir sistema de monitorização para o monitor de transporte ¨ característica e volume do débito de sondas
¨ transferir o paciente para maca de transporte ¨ característica e volume do débito de drenos
¨ ofertar oxigênio ao paciente, de acordo com saturação de oxigênio ¨ evolução de enfermagem
¨ realizar passagem de plantão para o enfermeiro da unidade de destino do paciente
¨ realizar transporte do paciente para unidade crítica junto com o anestesiologista Justifique:
Justifique:
*Psi: pound force per square inch; †kgf/cm2: quilograma força por centímetro quadrado; ‡Fr: french; §BURP: backward, upward, right, pressure
Figura
Figura4.1Protocolo assistencial
– Versão final de Enfermagem
do protocolo assistencialno
deprocedimento anestésico.
enfermagem no São Paulo;
procedimento anestésico.
2016. São Paulo, SP, Brasil, 2016
Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem
473
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474 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC
A literatura científica disponível sobre a te- risco cirúrgico, definição dos cuidados intraope-
mática, com seus diferentes níveis de evidência, ratórios e manejo pós-operatório37-39.
indica a relevância de atuação do enfermeiro em
anestesia e os fatores que influenciam a assistên- 2. O enfermeiro de Centro Cirúrgico (CC)
cia, tanto do enfermeiro perioperatório, quanto deve realizar a visita pré-operatória e aplicar a
do anestesiologista30-35. Ademais, os estudos in- Sistematização da Assistência de Enfermagem
dicam diversos aspectos que envolvem a prática Perioperatória (SAEP)40,41.
Parte 2
dade de práticas de anestesia no mundo e nos mite definir as necessidades e o planejamento dos
métodos de avaliação. cuidados no procedimento anestésico-cirúrgico,
Contudo a grande variação da atuação dos en- definindo o cuidado individualizado para cada
fermeiros brasileiros em anestesia e a ausência paciente. O enfermeiro, durante a visita pré-ope-
de regulamentação para a prática de Enferma- ratória, pode esclarecer as dúvidas do paciente
gem em anestesia no nosso país dificultam a e de seus familiares/acompanhantes, de modo a
realização de estudos experimentais, como en- diminuir a ansiedade associada ao procedimento.
saios clínicos randomizados controlados ou bem
delineados, revisões sistemáticas ou metanálises 3. Para a execução do procedimento anesté-
sobre o assunto, voltadas à realidade nacional. sico, é recomendada a utilização de checklists e
protocolos que orientem a prática dos profissio-
PRÁTICAS RECOMENDADAS nais envolvidos na anestesia31.
» Força da recomendação: I-forte; qualidade
1. A avaliação pré-anestésica deve ser exe- da evidência: B-NR
cutada pelo anestesiologista, definindo o plano
anestésico e as estratégias para a redução de ris- Justificativa: o uso de checklists e protocolos
cos perioperatórios adicionais36. específicos em anestesia favorece a organização
» Força da recomendação: I-forte; qualidade e o planejamento da assistência durante todo o
da evidência: A procedimento anestésico, facilita a troca de infor-
mações, promove a melhoria da comunicação, o
Justificativa: a avaliação pré-anestésica com- trabalho em equipe e estabelece um clima de se-
pleta é fundamental para a prevenção de danos gurança entre os profissionais, contribuindo para
durante a indução anestésica, permitindo: ava- a redução de eventos adversos em anestesia32,33.
liação das condições clínicas do paciente, histó-
rico de saúde, avaliação da via aérea, parâmetros 4. A equipe de Enfermagem deve utilizar
hemodinâmicos, monitorização intraoperatória protocolo assistencial durante a assistência em
necessária, uso de medicamentos, avaliação de anestesia para direcionar sua prática30.
Parte 2
anestésico, padronização e uniformidade de con- parâmetros hemodinâmicos no intraoperatório
dutas, definição de responsabilidades da equipe. diminui os riscos de eventos adversos relaciona-
Dessa forma, obtêm-se subsídios que fortalecem a dos à anestesia48.
melhoria do dimensionamento da equipe e garan- » Força da recomendação: I-forte; qualidade
Alguns estudos brasileiros discutem as possi- da anestesia. Atualmente, diversos tipos de anes-
bilidades de atuação do enfermeiro em anestesia, tesia podem ser empregados nos mais diferentes
com a organização de um serviço64 e a criação de procedimentos cirúrgicos e de acordo com as ne-
uma especialização de Enfermagem65, para que cessidades do paciente e da equipe, o que, associa-
o enfermeiro possa atuar diretamente nos cui- do a práticas de segurança na assistência, pode ga-
dados antes e durante a cirurgia. Todavia seria rantir a prevenção de eventos adversos associados
necessária a modificação da estrutura curricular à anestesia e reduzir as taxas de morbimortalidade.
Parte 2
dos cursos de graduação e de especialização em No cenário brasileiro, a escolha do tipo de
Enfermagem, além da reformulação da legislação anestesia é do médico anestesiologista e de-
entre os conselhos de Enfermagem e anestesia. pende das condições clínicas do paciente, além
Nesse sentido, busca-se um aprimoramento da do tempo e do tipo de cirurgia. Entretanto o
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