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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 455

CAPíTULO 7

PROCEDIMENTO ANESTÉSICO:
TIPOS DE ANESTESIA E ATUAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

PARTE 2
CENTRO CIR´RUGICO (CC)
 ESTRUTURA DO CAPíTULO

 Introdução  Anestésicos inalatórios

 Objetivos e critérios de escolha em anestesia  Anestésicos intravenosos

 Tipos de anestesia  Anestésicos locais e regionais

 Anestesia geral  Vias aéreas difíceis


 Assistência de Enfermagem durante o procedimento anes-
 Bloqueios regionais
tésico
 Anestesia subaracnóidea e peridural, bloqueio caudal  Práticas recomendadas

 Anestesia local  Considerações finais

 Aparelho de anestesia e monitoração do paciente  Referências

 Principais fármacos utilizados em anestesia

INTRODUÇÃO a primeira especialidade de Enfermagem nos Es-


tados Unidos, com o início da atuação dos en-
A anestesia tem seus primeiros relatos de apli- fermeiros em meados do século XIX, o que se
cação para alívio da dor no ano de 1800, quando fortaleceu pelo trabalho da enfermeira Agatha
o químico inglês Humphry Davy utilizou óxido Hodgins em território americano e, na sequên-
nitroso (“gás hilariante”). Em 1846, o dentista cia, pelo treinamento e capacitação de profissio-
William Thomas Green Morton utilizou vapores nais médicos e enfermeiros na Europa durante a
de éter sulfúrico para promoção da analgesia Primeira Guerra Mundial2.
durante a primeira cirurgia com anestesia geral, A anestesiologia desenvolveu papel pioneiro
para remoção de um tumor vascular1. nas iniciativas relacionadas à promoção da segu-
A prática de anestesia caracterizou-se como rança do paciente, associada ao aprimoramento

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dos tipos de monitorização, avanços tecnológi- relaxamento muscular para a execução do proce-
cos, treinamento dos profissionais e desenvolvi- dimento cirúrgico7.
mento de novos fármacos. Observou-se, ao lon- A escolha do tipo de anestesia é baseada no
go dos anos, redução das taxas de mortalidade tipo, na duração e no posicionamento neces-
relacionadas ao procedimento anestésico, mas sário durante o procedimento cirúrgico, con-
ainda permanece a ocorrência de incidentes oca- siderando as condições clínicas e psicológicas
sionados por práticas inseguras e fragilidades de do paciente7. Nesse contexto, a elaboração do
Parte 2

protocolos assistenciais3,4. plano anestésico pelo anestesiologista deve ser


Dessa forma, a anestesia exige o planejamen- individualizada e com base na visita pré-anes-
to de todas as fases que compõem a assistência tésica.
pelos profissionais envolvidos no procedimen- A American Society of Anesthesiologists (ASA) de-
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to. Assim, protocolos e diretrizes precisam ser finiu uma classificação para os pacientes cirúr-
implementados e seguidos pelos profissionais, gicos de acordo com hábitos de vida e estado
para a garantia da uniformidade da assistência, físico, categorizando em seis classes8:
da qualidade e da segurança dos serviços pres- • ASA I – paciente saudável;
tados. • ASA II – paciente com doença sistêmica
O procedimento anestésico inclui a avaliação leve;
pré-anestésica, a anestesia propriamente dita, o • ASA III – paciente com doença sistêmica
período de recuperação da anestesia, bem como grave;
a analgesia pós-operatória5. • ASA IV – paciente com doença sistêmica
No Brasil, de acordo com o artigo 4° da Lei nº grave, com ameaça constante à vida;
12.842, de 10 de julho de 2013, a execução de • ASA V – paciente moribundo, que não so-
sedação profunda, de bloqueios anestésicos e de breviverá sem a cirurgia;
anestesia geral é atividade privativa do médico6. • ASA VI – paciente com morte cerebral, cujos
Entretanto, o enfermeiro tem papel relevante nes- órgãos estão sendo removidos para doação;
se processo, atuando juntamente com o aneste- • Classe E – paciente que requer cirurgia de
siologista para garantir a segurança das interven- emergência.
ções em todas as etapas do procedimento.
A tabela 1 apresenta as especificações de cada
classe.
OBJETIVOS E CRITÉRIOS DE ESCOLHA EM
ANESTESIA

Os objetivos da anestesia, de acordo com o


tipo de procedimento, englobam: analgesia, su-
pressão da consciência, redução da ansiedade e

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 457

Tabela 1. Sistema de classificação de estado físico de asa8

Classificação Nomenclatura Características

ASA I Paciente saudável Saudável, não fumante, nenhum ou consumo mínimo de álcool.

ASA II Paciente com doença Doenças leves, sem limitações funcionais substanciais. Exemplos
sistêmica leve incluídos (mas não limitados): fumante diário, uso de álcool socialmente,
gravidez, obesidade (30 < IMC < 40 kgm2), diabetes mellitus (DM) e
hipertensão arterial sistêmica (HAS), bem controlados, doença leve do

Parte 2
pulmão.
ASA III Paciente com doença Substancial limitação funcional: uma ou mais doenças moderadas
sistêmica grave a graves. Exemplos incluídos (mas não limitados): DM e HAS mal
controlados, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), obesidade
mórbida (IMC ≥ 40 kgm2), hepatite ativa, dependência ou abuso de

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álcool, uso de marcapasso, moderada redução da fração de ejeção,
insuficiência renal crônica (IRC) com sessões de diálise regular, bebê
prematuro, histórico de infarto agudo do miocárdio (IAM) > 3 meses,
acidente vascular cerebral (AVC), ataque isquêmico transitório (AIT),
cateterismo/stents.
ASA IV Paciente com doença Exemplos incluídos (mas não limitados): IAM recente (< 3 meses),
sistêmica grave com AVC, AIT, cateterismo/stents, isquemia cardíaca em curso ou disfunção
ameaça constante à vida valvar grave, redução severa da fração de ejeção, sepse, coagulação
intravascular disseminada, insuficiência renal aguda (IRA) ou IRC com
sessões de diálise regular.
ASA V Paciente moribundo que Exemplos incluídos (mas não limitados): ruptura de aneurisma
não sobreviverá sem a abdominal/torácico, trauma massivo, sangramento intracraniano com
cirurgia efeito de massa, intestino isquêmico em face de patologia cardíaca
significativa ou disfunção de múltiplos órgãos/sistemas.
ASA VI Paciente com morte
cerebral cujos órgãos estão
sendo removidos para
doação
Classe E Paciente que requer Agrega-se a letra E para qualquer uma das classes precedentes, no caso
cirurgia de emergência de haver necessidade de realização de uma intervenção cirúrgica de
emergência.

Além disso, é importante a avaliação do risco Os pacientes podem ser classificados como
cirúrgico de cada paciente, que tem por objetivo sendo de baixo risco, risco intermediário e
estabelecer um adequado planejamento do cui- alto risco, definidos a partir do porte cirúr-
dado anestésico e cirúrgico, com vistas à redu- gico e de critérios clínicos, de acordo com a
ção da morbimortalidade. tabela 2.

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Tabela 2. Classificação de risco de acordo com o porte cirúrgico e critérios clínicos18


CLASSIFICAÇÃO DE RISCO CRITÉRIOS CLÍNICOS
Baixo risco(<1%) Risco intermediário Alto risco (>5%) Menores
(1-5%)

Não apresenta Dois critérios maiores ou Três ou mais critérios História de doença cardiovascular,
critérios clínicos três critérios menores maiores ou quatro ou mais cerebrovascular ou respiratória grave
critérios menores compensada.
Parte 2

Insuficiência renal crônica dialítica


Pequeno Porte Médio porte Grande porte
compensada.
Diabetes mellitus, insulinodependente.
Mama Abdominal Cirurgia aórtica de Síndrome da apneia obstrutiva do sono grave.
emergência
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Obesidade em grau maior ou igual a II (IMC


maior ou igual a 35 kg.m-2).
Dental Carótida Intestino grosso - urgência ou
emergência, grandes cirurgias
do aparelho digestivo

Endócrina Reparo de aneurisma Procedimentos gerais Maiores


endovascular ou abdominais de grande porte
Idade superior a 70 anos, com doença
angioplastia arterial em pacientes com mais de
crônica descompensada.
periférica 69 anos
Doença cardiovascular, cerebrovascular ou
Olftálmica Cirurgia de cabeça e Cirurgia vascular abdominal respiratória grave descompensada.
pescoço eletiva
Doença vascular grave ou doença
Ginecológicaw Neurocirúrgicas - Cirurgia arterial dos
neurológica crônica descompensada.
principais membros inferiores
Abdome agudo descompensado.
Previsão ou estimativa de grandes perdas
sanguíneas (maior que 20% da
volemia ou
maior de 1000 mL no adulto; e maior que
7 mL.kg-1 ou maior que 10% da volemia na
criança).
Choque de qualquer etiologia.
Insuficiência respiratória.
Insuficiência renal, aguda ou crônica
descompensada.
Cirurgia oncológica extensa.
Insuficiência hepática descompensada.
Cirurgia de urgência ou emergência.

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 459

Tabela 2. Classificação de risco de acordo com o porte cirúrgico e critérios clínicos18


CLASSIFICAÇÃO DE RISCO CRITÉRIOS CLÍNICOS
Reconstrutiva Ortopédicas - Revisões complexas de
principalmente (quadril quadril ou joelho
e coluna vertebral)
Ortopédica Transplante Renal Fratura de pescoço ou fêmur
menor (cirurgia em pacientes com mais de
no joelho) 69 anos ou com condições
clínicas descompensadas

Parte 2
Urológica menor Urológicas de maior Esôfago, procedimentos
porte: cistectomias, complexos
grandes ressecções
urológicas

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Estômago, duodeno,
procedimentos complexos;
transplante de fígado

TIPOS DE ANESTESIA Na anestesia geral inalatória, os fármacos


anestésicos voláteis são administrados sob pres-
Os tipos de anestesia são classificados em: são e o estado de anestesia é alcançado quando
• anestesia geral: inalatória, venosa e balan- o agente inalado atinge a concentração adequa-
ceada (inalatória e venosa); da no cérebro, provocando anestesia, incons-
• anestesia regional: anestesia neuroxial (pe- ciência e amnésia. Na anestesia venosa total, a
ridural, subaracnóidea) e bloqueio de ple- infusão dos fármacos é executada por um acesso
xos nervosos; venoso e tem como meta atingir os quatro com-
• anestesia combinada: geral e regional; ponentes da anestesia (hipnose, analgesia, rela-
• anestesia local. xamento muscular e bloqueio neurovegetativo),
proporcionando boas condições cirúrgicas9. Na
anestesia geral balanceada, o anestesiologista
ANESTESIA GERAL administra uma combinação de anestésicos ina-
latórios e intravenosos. É muito difundida e lar-
A anestesia geral caracteriza-se por incons- gamente utilizada, uma vez que não existe um
ciência reversível (hipnose), imobilidade (relaxa- único anestésico que seja ideal e que proporcio-
mento muscular), analgesia (ausência de dor) e ne uma anestesia adequada10.
bloqueio dos reflexos autonômicos por meio da A anestesia geral ocorre em três períodos: in-
administração de fármacos específicos7. dução, manutenção e reversão9,11.
A anestesia geral pode ser realizada pelas O período de indução consiste no preparo do
vias: inalatória (anestesia geral inalatória), veno- paciente para o início do procedimento anesté-
sa total (anestesia geral intravenosa) ou ambas sico, envolvendo monitoração, pré-oxigenação,
(anestesia geral balanceada). administração do agente hipnótico, analgésico e

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relaxante muscular, seguido da intubação orotra- A anestesia regional pode ser usada em con-
queal (IOT). junto com a anestesia geral, reduzindo a quanti-
O período de manutenção, que abrange o iní- dade de analgésicos administrados. Os bloqueios
cio até o término do procedimento cirúrgico, é regionais podem ser realizados em diferentes
o momento de inalação e/ou infusão das doses segmentos do corpo, envolvendo plexos e ner-
contínuas ou tituladas dos fármacos para garantir vos (plexo cervical, interescalênico, nervo ingui-
a execução da cirurgia, por meio da inibição da nal, sacral, entre outros).
Parte 2

consciência intraoperatória, da analgesia e do re- O início e a duração do bloqueio estão rela-


laxamento muscular. cionados com o fármaco utilizado e também com
O período de reversão da anestesia geral en- sua concentração e seu volume. Planejamento,
volve a supressão dos gases e/ou fármacos ad- habilidade e uso de equipamentos adequados
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ministrados durante o procedimento anestésico são fundamentais para evitar eventos adversos
por meio de antagonistas específicos, favorecen- associados aos bloqueios.
do o despertar seguro do paciente e a subse- Dentre as complicações relacionadas aos blo-
quente extubação. queios periféricos, incluem-se: toxicidade por
Para a realização de uma anestesia geral, os anestésico local, lesão traumática de nervos, in-
anestesiologistas utilizam os seguintes tipos de fecções e danos a estruturas adjacentes. Nesse
fármacos combinados: sentido, o uso do ultrassom caracteriza-se como
• Hipnóticos: geram inconsciência e amnésia; uma prática de relevância para maior precisão na
• Opioides: promovem analgesia e proteção execução de bloqueios periféricos, permitindo a
contra reflexos autonômicos; visualização de vasos de grande calibre e arté-
• Bloqueadores neuromusculares: visam à rias, associado à utilização de estimulador elé-
imobilidade do paciente; trico (neuroestimulador) para visualizar a contra-
• Bloqueadores regionais associados: promo- ção muscular ao estímulo1.
vem analgesia e proteção autonômica; A toxicidade por anestésico é resultante de
• Adjuvantes: visam minimizar efeitos diver- concentrações plasmáticas excessivas de anesté-
sos, como controle da pressão arterial, fre- sico local, seja devido à injeção intravascular dire-
quência cardíaca e tratamento de intercor- ta não intencional ou pela absorção sistêmica de
rências. doses maiores de anestésicos locais realizada du-
rante bloqueios de nervos periféricos, anestesia
peridural ou grande volume de anestesia por in-
BLOQUEIOS REGIONAIS1,11-14 filtração. Dentre os principais sintomas de intoxi-
cação, podem-se observar: queixa do paciente de
A anestesia regional é definida como a perda zumbido ou gosto metálico na boca, sonolência,
reversível da sensibilidade, decorrente da admi- dormência, parestesia facial, inquietação, zumbi-
nistração de um ou mais agentes anestésicos a do ou alucinações auditivas e arritmias súbitas1.
fim de bloquear ou anestesiar a condução nervo- Quanto às intervenções frente à intoxicação
sa a uma extremidade ou região do corpo13. por anestésico local, destacam-se a manutenção

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 461

da via aérea, oxigenação e administração de so- re acúmulo sanguíneo periférico, que resulta em
lução lipídica 20%15. menor retorno venoso e menor débito cardíaco.
Para a prevenção da resposta hipotensiva fi-
Anestesia raquidiana, intradural, siológica, uma intervenção consiste na hidrata-
bloqueio subaracnóideo ou ção prévia do paciente. Quando essa medida não
raquianestesia1,14,16,17 for eficiente, deve ser administrada efedrina por
via intravenosa.

Parte 2
Na raquianestesia, um anestésico local é in- Além disso, podem ocorrer punções inad-
jetado no espaço subaracnóideo e se mistura ao vertidas da dura-máter durante a realização de
líquido cefalorraquidiano (LCR ou líquor). Ocor- uma anestesia subaracnóidea ou da aplicação de
re então bloqueio nervoso reversível das raízes grandes quantidades de anestésico local em re-

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nervosas anteriores e posteriores, dos gânglios gião lombar ou torácica. Tanto a anestesia espi-
das raízes nervosas posteriores e de parte da nhal total, quanto um bloqueio acidentalmente
medula, levando o indivíduo à perda das ativida- alto, são capazes de causar paralisia dos mús-
des autonômica, sensitiva e motora. culos respiratórios, razão pela qual o paciente
Para tanto, uma agulha espinhal é introduzi- pode necessitar de IOT e ventilação.
da em um espaço lombar inferior, com o pacien- Juntamente com os efeitos fisiológicos, são
te em decúbito lateral ou sentado. O anestési- descritas outras complicações, como a cefaleia
co local pode ser uma solução hiperbárica, ou pós-punção espinhal. A dor é resultante do ex-
seja, mais pesada que o LCR, que, pela ação da travasamento de LCR pelo orifício da punção, o
gravidade, deposita-se no líquor após a injeção. que provoca, na posição ortostática, uma tensão
Alterando-se a posição do indivíduo, o bloqueio intracraniana nos vasos e nervos meníngeos na
pode ser direcionado para cima, para baixo ou dura-máter, que pode prolongar-se por até duas
para um lado do cordão espinhal. semanas. Como tratamento clínico, recomen-
A anestesia subaracnóidea é indicada em pro- da-se que o paciente faça repouso e, se a dor
cedimentos cirúrgicos de membros inferiores, persistir, realiza-se o procedimento blood patch,
pelve e abdome inferior. tamponamento feito na dura-máter, com aplica-
Durante a anestesia subaracnóidea, complica- ção de 10 a 15 mL de sangue autólogo no espaço
ções associadas ao procedimento podem ocor- epidural.
rer, como hemorragias, hipotensão, infecções e
parada cardiorrespiratória, exigindo intervenção Anestesia peridural, epidural ou
rápida e segura. extradural16,17
A hipotensão é um exemplo frequente de
complicação, que ocorre rapidamente após a Baseia-se na aplicação de um anestésico em
injeção de uma solução anestésica no espaço um espaço virtual, entre o ligamento amarelo e
subaracnóideo. É causada pela vasodilatação, as- a dura-máter. As principais vantagens são: me-
sociada ao bloqueio dos nervos simpáticos, que nor incidência de cefaleia, quando comparada
controlam o tônus vasomotor. Desta forma, ocor- à raquianestesia; possibilidade de executar blo-

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queios mais restritos às faixas de dermátomos; bloqueio epidural para procedimentos cirúrgicos
doses intermitentes ou contínuas podem ser ad- e obstétricos das regiões perineal e anorretal.
ministradas por meio da instalação de um cate- É comumente utilizado para analgesia infantil,
ter e prolongar a analgesia pós-operatória. combinado com anestesia geral.
Como desvantagens, pode-se considerar
maior tempo de latência, menor intensidade de ANESTESIA LOCAL10,12
bloqueio e maior possibilidade de toxicidade
Parte 2

pelo anestésico local, já que são utilizados vo- A anestesia local bloqueia a condução de im-
lumes maiores que os usados na raquianestesia. pulsos ao longo dos axônios do sistema nervoso
Tecnicamente, a anestesia peridural é mais com- periférico, pela obstrução dos canais de sódio da
plexa do que a raquianestesia, requerendo maior membrana, impedindo a despolarização. A anes-
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habilidade do anestesiologista. tesia local pode ser tópica ou infiltrativa.


Ressalta-se que a mudança de decúbito do A tópica consiste na aplicação de anesté-
paciente, logo após a infusão da medicação, não sicos locais em mucosas (oral, nasal, esôfago,
causa deslocamento gravitacional do fármaco, trato geniturinário). A infiltrativa é a aplicação
diferentemente do que ocorre na anestesia su- dos fármacos no meio intra e/ou extravascular,
baracnóidea. atingindo seu objetivo ao chegar às terminações
O início da anestesia peridural é lento. Tal nervosas específicas.
como na raquianestesia, há possibilidade de hi- Apesar da simplicidade do procedimento, o
potensão, mas não abruptamente, de modo que paciente deve ser adequadamente monitorado.
ela pode ser controlada com rápida infusão intra- Recomenda-se o uso de cardioscópio, manguito
venosa de solução salina (soro fisiológico a 0,9%) para medida de pressão arterial não invasiva e
ou com a mudança de posição do paciente para oxímetro de pulso, além de um acesso venoso
decúbito dorsal horizontal. que possibilite a infusão de medicamentos e so-
As complicações e os problemas relacionados luções em situações de emergência.
com esse tipo de anestesia incluem: bloqueios Após o término do procedimento, as condi-
insuficientes e falhas, dor ou reflexos viscerais, ções clínicas do paciente devem ser avaliadas a
dificuldade para passar o cateter epidural, pun- fim de determinar seu encaminhamento para a
ção inadvertida da dura-máter, com bloqueio es- unidade de origem ou para o domicílio.
pinhal total, canulações de veias epidurais, para-
da cardíaca, convulsões, hipotensão, hematoma
e abscesso peridural. APARELHO DE ANESTESIA E
MONITORAÇÃO DO PACIENTE
Bloqueio caudal11-13
O aparelho de anestesia é um equipamento
Fisiologicamente semelhante à anestesia pe- destinado à administração de gases e/ou vapores
ridural, o bloqueio caudal é realizado por pun- anestésicos ao paciente por meio de respiração
ção do hiato sacral. Pode ser uma alternativa ao espontânea ou controlada manual ou mecanica-

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 463

mente. As funções básicas do aparelho de anes- O2 inspirada e expirada, pressão parcial de CO2
tesia são: prover oxigênio (O2) ao paciente, re- inspirado e expirado, volume corrente, volume-
mover gás carbônico/dióxido de carbono (CO2), minuto, frequência respiratória do ventilador,
fornecer e quantificar o volume de gases (O2, pressões inspiratória e expiratória, pressão nas
óxido nitroso, ar comprimido), fornecer vapor vias aéreas, pressão das fontes de gases, entre
anestésico e facilitar/promover a ventilação ade- outros11.
quada do paciente11. O controle e a verificação do funcionamento

Parte 2
No mercado, há disponibilidade de diversos dos equipamentos de monitorização e anestesia
modelos de equipamentos de anestesia, mas ba- devem ser feitos, obrigatoriamente, antes da ad-
sicamente todos são compostos por: ministração da anestesia12. Essa verificação deve
• secção de fluxo contínuo: sua função é mis- ser feita diariamente, entre uma cirurgia e outra,

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turar gases e/ou vapores anestésicos para portanto, várias vezes ao dia, dependendo do ro-
serem administrados ao paciente por meio dízio de cada sala operatória (SO). Esse controle
do sistema respiratório; do funcionamento deve ser efetuado por todos
• sistema respiratório: conjunto de dispositi- os profissionais envolvidos no procedimento
vos conectados às vias aéreas do paciente, anestésico, tanto o médico anestesiologista,
através do qual passa um fluxo intermitente quanto a equipe de Enfermagem e o serviço de
e bidirecional de gases e pelo qual podem engenharia clínica.
ser introduzidas misturas de composição
controlada;
• respirador/ventilador: aparelho automático, PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS EM
ligado às vias aéreas do paciente, com a fi- ANESTESIA
nalidade de promover ou complementar a
ventilação pulmonar. A maioria dos procedimentos cirúrgicos re-
quer inconsciência (hipnose), analgesia (ausência
Durante a anestesia, é necessário um sistema de dor), amnésia (perda temporária da memó-
de monitoração do paciente que depende do ris- ria), relaxamento neuromuscular, boa exposição
co cirúrgico, do tempo e do tipo de anestesia visceral, controle respiratório, controle dos re-
e cirurgia, além da perda sanguínea. A monito- flexos autonômicos e bloqueio da condução dos
ração intraoperatória deve incluir oximetria de impulsos em tecidos nervosos11.
pulso, eletrocardiografia, pressão arterial não Diante da necessidade de satisfazer esses
invasiva, frequência cardíaca e frequência respi- efeitos desejados, não existe um único fármaco
ratória e capnografia (CO2 expirado) para os pa- capaz de produzir todos eles. Por isso, o anes-
cientes submetidos à intubação18,19. tesiologista utiliza uma associação de diversos
O sistema integrado de anestesia permite medicamentos, que podem ser administrados
a monitoração constante e simultânea dos se- desde o período pré-operatório, como pré-a-
guintes parâmetros: taxa de fluxo de gases, con- nestésicos, até o pós-operatório, como analgé-
centração do agente volátil liberada, fração de sicos10.

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Anestésicos inalatórios11-13,20 e do coeficiente óleo/gás, definido como a po-


tência do anestésico.
Os anestésicos voláteis estão disponíveis em Os agentes inalatórios de uso mais frequente
forma de líquidos claros e não inflamáveis em no mundo e no Brasil, atualmente, estão clas-
temperatura ambiente, sendo liberados ao pa- sificados em dois grandes grupos: os gases, re-
ciente em forma de vapor. presentados exclusivamente pelo óxido nitroso,
A concentração e a absorção do anestésico histórica e popularmente conhecido como “gás
Parte 2

inalatório dependem da concentração alveolar hilariante” ou “gás do riso”; e os vapores, dentre


mínima (CAM). A CAM é definida pela concentra- os quais há predominância dos éteres halogena-
ção alveolar do anestésico, à pressão de 1 atmos- dos, como halotano, enflurano, isoflurano, sevo-
fera, que previna a resposta motora a estímulos flurano, desflurano e metoxiflurano.
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nociceptivos (incisão cirúrgica) em 50% dos pa- Os éteres se encontram no estado líquido em
cientes. Quanto menor a CAM, maior a potência temperatura ambiente e devem ser vaporizados
do fármaco21,22. para serem utilizados pela via inalatória.
O transporte do anestésico depende do fluxo A tabela 3 apresenta as principais característi-
sanguíneo; do coeficiente sangue/gás, caracteri- cas dos anestésicos inalatórios e seus principais
zado pela velocidade de indução do anestésico; efeitos.

Tabela 3. Características dos anestésicos inalatórios:


velocidade de indução e potência22
Coeficiente Coeficiente
Fármaco sangue/gás óleo/gás Efeitos
(indução) (potência)
Óxido Moderada Baixa Anestésico gasoso. Não produz anestesia; é utilizado sozinho, sendo
nitroso associado com os halogenados para reduzir a depressão respiratória e
circulatória.
Halotano Muito rápida Muito alta Eliminação hepática. Ação depressora central. Broncodilatador, indicado
para asmáticos: redução da pressão arterial (PA) e da bradicardia sinusal.
Diminuição do fluxo sanguíneo renal e da filtração glomerular. Elevação
da pressão intracraniana (PIC).

Sevoflurano Moderada Alta Rápida indução, recuperação e mudança de planos de anestésicos.


Depressão da contratilidade cardíaca, reduzindo o consumo de O2.
Depressão respiratória.
Desflurano Lenta Moderada Rápida indução e recuperação. Irritante para via aérea. Potente
vasodilatador.

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 465

Os anestésicos inalatórios são os mais utili- usados para a sedação perioperatória e


zados na manutenção da anestesia em razão da para induzir a anestesia, de modo a auxiliar
precisão no controle do nível de profundidade no aprofundamento da depressão no SNC;
anestésica, da possibilidade de seu uso como porém, cabe destacar que ainda não foram
agentes anestésicos únicos, do baixo custo ope- descobertas relações desses fármacos dire-
racional, quando utilizados em fluxo reduzido, tamente como responsáveis pelo bloqueio
da potencialização do bloqueio neuromuscular, da dor. Dessa forma, procedimentos dolo-

Parte 2
reduzindo a necessidade de relaxantes muscula- rosos não devem ser realizados somente
res, e, enfim, do rápido despertar.11 sob efeito de benzodiazepínicos. Em geral,
possuem efeitos residuais por extensos pe-
Anestésicos intravenosos11-13,20,23 ríodos, como depressão respiratória, lipoti-

CENTRO CIR´RUGICO (CC)


mia, tempo de reação aumentada, falta de
Os anestésicos intravenosos são fármacos coordenação motora, confusão e amnésia,
utilizados para anestesia, administrados pela via fraqueza, cefaleia, turvação visual, verti-
intravenosa (IV). Podem ser divididos de acordo gem, náuseas, vômitos e desconforto epi-
com seus grupos farmacológicos em: barbitúri- gástrico. Os maiores representantes desse
cos, opioides e outros, além dos fármacos coad- grupo são o diazepam e o midazolam;
juvantes da anestesia geral IV. • Relaxantes musculares: bloqueiam a trans-
• Barbitúricos: fármacos que deprimem o sis- missão neuromuscular, inibindo a condução
tema nervoso central (SNC), com atuação nervosa e a contração. São definidos como
direta e proporcionalmente à dose; podem não despolarizantes e despolarizantes. Os
variar desde sedação leve até a inconsciên- bloqueadores não despolarizantes, como
cia e a apneia; atracúrio, cisatracúrio e rocurônio, atuam
• Opioides: fármacos analgésicos que aliviam como antagonistas competitivos nos recep-
a dor, sem provocar perda da consciência; tores de acetilcolina, inibindo a captação
• Outros: nesta categoria, podem-se incluir o e consequente relaxamento muscular, mas
propofol, a cetamina e o etomidato, que são com possibilidade de reversão. O bloqueador
medicações de diferentes grupos farmacoló- despolarizante, definido como succinilcolina,
gicos utilizados na anestesia geral IV. realiza bloqueio não reversível, por meio da
despolarização na junção neuromuscular
Na categoria dos coadjuvantes, destacam-se • Antagonista dos opioides: fármaco que ten-
os benzodiazepínicos, os relaxantes musculares de a anular a ação de outro, revertendo
e os antagonistas dos opioides, como descritos rapidamente a analgesia e a depressão res-
a seguir. piratória, induzidas pelos opioides.
• Benzodiazepínicos: caracterizados como
ansiolíticos, são potentes redutores da A tabela 4 apresenta os principais anestésicos
ansiedade e, por isso, são administrados intravenosos, segundo sua classificação, vanta-
como pré-anestésicos. Também podem ser gens e desvantagens de uso.

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 465 11/12/2021 14:51:49


466 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

Tabela 4. Classificação dos anestésicos intravenosos,


vantagens e desvantagens de uso22

Fármaco Classificação Vantagens Desvantagens

Tiopental Barbitúrico: lipossolubilidade Redução da pressão Depressão respiratória.


que favorece a rápida intracraniana (PIC). Rápida Sonolência. Redução da pressão
captação e a absorção absorção cerebral. arterial (PA). Acúmulo em gordura
hepática. corporal.
Parte 2

Etomidato Hipnótico: rápida absorção, Menor alteração Diminuição da PIC e da resistência


despertar precoce. cardiovascular. Indicado em vascular periférica. Mioclonias
idosos e politraumatizados. (movimentos musculares
involuntários). Náuseas e vômitos.
CENTRO CIR´RUGICO (CC)

Propofol Anestésico: rápida Permite infusão contínua. Alergia. Dor durante a infusão.
metabolização. Ausência de efeito cumulativo. Depressão respiratória. Redução
Despertar breve. da PA e do débito cardíaco (DC).

Midazolam Benzodiazepínico: início e Redução da ansiedade. Sonolência. Confusão mental.


término de ação lenta. Sedação. Amnésia. Alteração da coordenação motora.
*Antídoto: flumazenil.

Morfina Opioide Alívio rápido da dor aguda. Depressão respiratória. Náuseas e


Sedação. vômitos. Constipação. Hipotensão.
*Antídoto: naloxona.

Fentanil Opioide Maior potencial anestésico. Bradicardia. Rigidez torácica.

Tramadol Age nos receptores de Atuação na dor aguda. Sudorese. Prurido. Náuseas e
opioides. vômitos.

Nalbufina Agonista-antagonista de Menor depressão respiratória Urgência miccional. Sedação ou


opioide. com doses mais elevadas. agitação. Prurido.

Cisatracúrio, Bloqueadores Possibilidade de reversão: Hipotensão. Broncoconstrição.


doxacúrio, neuromusculares não uso de neostigmina ou Taquicardia.
pancurônio, despolarizantes. sugamadex.
rocurônio, atracúrio

Succinilcolina Bloqueador neuromuscular Ação rápida. Arritmia. Hiperpotassemia.


despolarizante. Aumento da pressão ocular.
Redução da frequência cardíaca
(FC) e da PA.

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 466 11/12/2021 14:51:49


Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 467

Anestésicos locais e regionais1,10,11 Nas anestesias subaracnóidea e peridural são


utilizados os mesmos anestésicos, porém com
Fármacos que bloqueiam a geração do po- variação de doses administradas. Uma vez que
tencial de ação nas fibras nervosas por bloqueio na raquianestesia o fármaco se mistura com o
dos canais de Na+, deprimindo a condução do LCR e se difunde mais rapidamente, as doses
impulso elétrico. aplicadas são consideravelmente menores do
Dentre os fármacos mais utilizados na anes- que na anestesia peridural, cujos medicamentos

Parte 2
tesia subaracnóidea, destacam-se: bupivacaína, são aplicados em um espaço virtual.
lidocaína, procaína, mepivacaína e prilocaína. O nível de bloqueio dos anestésicos locais de-
Em associação a esses anestésicos, a epinefrina pende dos seguintes fatores:
e a fenilefrina podem ser administradas pela via • baricidade: densidade da solução, dividida

CENTRO CIR´RUGICO (CC)


intratecal, aumentando a duração do bloqueio. A pela densidade do LCR, podendo ser hipo-
associação de opioides, como o fentanil, aumen- bárica (ascende em relação ao canal medu-
ta a duração da analgesia espinhal. lar, menos densa que o LCR), isobárica e
Os anestésicos mais frequentemente utiliza- hiperbárica (tende a descer no sentido do
dos no espaço epidural são: lidocaína, bupiva- canal medular);
caína, ropivacaína e cloroprocaína, os quais, se • volume, concentração e dose do anestési-
associados à adrenalina, que possui efeito vaso- co;
constritor, têm seu tempo de ação indiretamente • local e velocidade de infusão;
aumentado, o que influencia na absorção dessa • posição do paciente;
combinação. Dependendo da concentração do • adição de vasoconstritores.
agente anestésico, o resultado pode variar desde
a perda da capacidade sensitiva até um completo A tabela 5 apresenta os principais anestésicos
bloqueio motor. locais utilizados e suas propriedades.

Tabela 5. Propriedades dos anestésicos locais22


Potência e toxicidade Duração da ação Ação (grau de
Fármaco
(lipossolubilidade) (ligação proteica) ionização)
Lidocaína 1 e 2% Baixa Baixa Alta
Ropivacaína Moderada Moderada Moderada
Bupivacaína isobárica, hiperbárica Alta Alta Baixa

A capacidade de lipossolubilidade, ou seja, definido pela capacidade de se dissociar em


de penetrar na membrana plasmática, define a ambiente aquoso e, consequentemente, geran-
potência do anestésico: quanto maior a lipos- do o efeito desejado. Quanto maior o grau de
solubilidade, maior a potência. A ação do anes- ionização do anestésico local, mais rapidamen-
tésico local depende do seu grau de ionização, te inicia-se a ação.

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468 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

VIAS AÉREAS DIFÍCEIS feita pelo anestesiologista durante a avaliação


pré-operatória, considerando as variações ana-
A via aérea difícil (VAD) é definida como situa- tômicas do pescoço e a visualização da cavidade
ção clínica na qual um anestesiologista treinado oral.
encontra dificuldades para a ventilação das vias Alguns antecedentes clínicos e alterações
aéreas superiores com máscara facial, dificulda- anatômicas são preditores para VAD, entre os
de para intubação traqueal, ou ambos24. quais24,25:
Parte 2

A VAD pode ser prevista ou não prevista. • apneia do sono, obesidade e roncos;
Será prevista, quando as condições desfavo- • abertura da boca < 3 cm;
ráveis do paciente para ventilação e intubação • comprimento dos incisivos superiores longos;
forem identificadas na avaliação pré-operatória. • arcada superior protrusa (retrognatismo
CENTRO CIR´RUGICO (CC)

Será não prevista, quando ocorre na indução mandibular);


anestésica, comumente designada pelos médi- • mandíbula projetada para fora (prognatis-
cos anestesistas como “ventilo, mas não intubo” mo mandibular);
e “não ventilo e não intubo”. No primeiro caso, • conformação do palato estreita ou oval;
há dificuldades na técnica de intubação, porém • limitação para protrusão da mandíbula;
o paciente está sendo ventilado e a equipe tem • distância tireomentoniana menor ou igual a
um tempo maior para preparar sua estratégia 6 cm;
de ação. Já no segundo caso, a dificuldade ini- • flexão e extensão do pescoço limitadas;
cia-se no momento da ventilação, antes mesmo • pescoço curto e grosso.
das tentativas de intubação, o que requer que a
equipe atue em situação de emergência. Em am- Para a avaliação da cavidade oral, o anestesio-
bos os casos, a equipe que presta assistência em logista utiliza a escala ou índice de Mallampati
SO deve ter conhecimentos sobre VAD, de modo (Figura 1), que classifica o grau de visualização
que possa atuar com competência, tranquilidade de suas estruturas orofaríngeas. Posicionando-se
e rapidez. A instituição deve manter material es- sentado em frente ao operador, o paciente fica
pecífico para atender esses casos a fim de evitar com a cabeça em posição neutra, com a boca em
possíveis complicações, as quais podem levar o abertura máxima e a língua em protrusão máxi-
paciente a apresentar graves sequelas e até oca- ma12,26. A classificação é então realizada segundo
sionar a morte. a possibilidade de visualização das estruturas:
Os sinais de ventilação inadequada são defini- • Classe I – visualizam-se pilares amigdalia-
dos por ausência de movimentação torácica, som nos, palato duro, palato mole e úvula;
respiratório inadequado, ausculta pulmonar com • Classe II – visualizam-se palato duro, palato
sinais de obstrução, cianose, queda de saturação mole e úvula;
de O2, ausência ou alteração de curva de capno- • Classe III – visualizam-se palato duro e pala-
grafia, hipertensão, taquicardia e arritmia24. to mole;
A avaliação do paciente quanto à possível di- • Classe IV – visualiza-se somente o palato
ficuldade de ventilação e de intubação deve ser duro.

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 468 11/12/2021 14:51:50


Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 469

PARTE 2
ClasseI ClasseII ClasseIII ClasseIV

CENTRO CIR´RUGICO (CC)


Figura 1. Escala de Mallampati, segundo grau de visualização das estruturas da orofaringe.
Fonte: adaptada de Manica11.

Existe estreita relação entre maior classe e di- • Grau I – toda a glote é visível;
ficuldade de exposição na laringoscopia, haven- • Grau II – apenas a parte posterior da glote é
do, portanto, maior dificuldade de intubação nas visível;
classes III e IV11. • Grau III – apenas a epiglote é visível, mas
Outra escala empregada é a de Cormack e não a glote;
Lehane (Figura 2), relacionada à dificuldade em • Grau IV – apenas o palato mole é visível,
visualizar a laringe, que caracteriza a visualiza- mas não a epiglote.
ção da via aérea por meio dos seguintes graus26:

Grau I Grau II Grau III Grau IV

Figura 2. Escala de Cormack e Lehane, segundo o grau de visualização da glote à laringoscopia.


Fonte: adaptada de Manica11.

Os graus III e IV preveem intubação difícil. deve ser seguido pelo anestesiologista para o
Desse modo, um fluxograma de atendimento manejo da via aérea (Figura 3).

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470 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

Manuseio da intubação traqueal difícil não antecipada em pacientes adultos

Plano A: Ventilação sob máscara e intubação traqueal

Otimizar posição da cabeça e pescoço


Pré-oxigenar
Bloqueio neuromuscular adequado
Parte 2

LD/videolaringoscopia (máximo 3+ 1 tentativas) Se em dificuldade: chamar por ajuda


Manipulação laríngea externa
Bougie
Remoção da compressão cricoide
Manter oxigenação e anestesia Confirmar a intubação traqueal com capnografia
CENTRO CIR´RUGICO (CC)

Declarar falha na intubação

Plano B: Manutenção da oxigenação: inserção de DEG


PARE E PENSE
• Opções (avaliar riscos/benefícios):
Recomenda DSG de 2ª geração • Despertar o paciente
Trocar dispositivo ou tamanho (máx. 3 tentativas) • Intubação através de DSG
Oxigenar e ventilar • Prosseguir sem intubação traqueal
• Traqueostomia ou cricotireoidostomia

Declarar falha na ventilação com DSG

Plano C: ventilação sob máscara

Se ventilação sob máscara for impossível, relaxar


Última tentativa com VMF
Use técnica com duas pessoas e adjuvantes Despertar o paciente

Declarar NINO

Cuidados pós-operatórios e acompanhamento


Plano D: Acesso cervical anterior emergencial Formular plano de manuseio imediato da VA
Monitorar complicações
Preencher formulário de alerta de VAD
Cricotireoidostomia por bisturi Explicar ao paciente (verbalmente e por escrito)
Enviar relatório ao setor de controle

Legenda: LD = laringoscopia direta; DSG = dispositivo supraglótico; VMF = ventilação sob máscara facial; NINO = não intubo/não oxi-
geno; VA = via aérea
Figura 3. Manuseio da intubação traqueal difícil não antecipada em pacientes adultos. Adaptado de Slullitel e Oliveira66.

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 470 11/12/2021 14:51:56


Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 471

Diante de uma condição de VAD, é necessária ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


uma quantidade mínima de materiais nos serviços DURANTE O PROCEDIMENTO
de saúde, incluindo27: ANESTÉSICO
• cabo curto de laringoscópio;
• pelo menos uma lâmina alternativa (reta); No Brasil, o procedimento anestésico é privati-
• máscara laríngea para intubação 3, 4 e 5, com
vo do médico anestesiologista, diferentemente do
tubos dedicados à sequência rápida e barra
que ocorre nos Estados Unidos e em alguns paí-
de estabilização ou C-track;

Parte 2
• tubos traqueais especializados, reforçados 5 ses da Europa, como França e Croácia, nos quais
e 6, com balão (cuff); microlaringoscópio 5 e o enfermeiro tem a possibilidade de realizar um
6 mm; curso de especialização e obter a certificação para
• cateter de intubação (sonda trocadora de o exercício da anestesia, como profissional inde-
tubo);

CENTRO CIR´RUGICO (CC)


pendente ou supervisionado por um médico anes-
• broncoscópio flexível para a intubação com
tesiologista28.
fonte de luz à bateria portátil;
Uma revisão da literatura indicou diferentes
• equipamento de fibra ótica com bateria extra
ou fonte de luz, anestésico local (aerossol, atuações do enfermeiro em anestesia, tanto em
geleia, pulverizador); países com legislação e protocolos definidos,
• easy-tube: pequeno e adulto ou Combitube quanto em regiões com auxílio e exercício da anes-
(tubo esôfago-traqueal); tesia sem processos que definam a competência
• máscara laríngea suprema 3, 4 e 5 ou equi- do enfermeiro e os limites do seu trabalho29. Nes-
valente; se sentido, a literatura apresenta uma variação de
• kit para cricotireoidotomia cirúrgica (bisturi
estudos que descrevem a atuação do enfermeiro
com lâmina 20, gancho traqueal, dilatador
em anestesia, como níveis de evidência A, B e C,
traqueal de Trousseau, 6 ou 7 mm e cânulas
de traqueostomia); de acordo com o local de publicação e legislação
• cânula de cricotireoidotomia com sistema de vigente.
ventilação a jato de alta pressão e modula- Diante do cenário internacional e considerando
dor do fluxo de O2; a legislação brasileira, um protocolo assistencial de
• cânula de cricotireoidotomia calibrosa; planejamento de cuidados de Enfermagem duran-
• capnógrafo;
te a anestesia foi publicado em território nacional,
• oxímetro de pulso.
definida como “Checklist de segurança do paciente:
Enfermagem no procedimento anestésico” (Figura
O manejo adequado da VAD tem um grande
4). O instrumento visa definir a atuação da equi-
impacto no desfecho pós-operatório. Nesse sen-
pe de Enfermagem nos três períodos da anestesia
tido, a educação permanente dos profissionais é
geral: antes da indução anestésica, por meio da or-
fundamental para a tomada de conduta e auxílio
ganização de materiais e equipamentos; na indu-
ao anestesiologista, prevenindo eventos adversos
ção anestésica, com a assistência direta durante o
aos pacientes, como lesão de dentes, trauma da
procedimento; na reversão da anestesia, por meio
via aérea, cirurgia da via aérea desnecessária, pa-
do controle e do acompanhamento do paciente ao
rada cardiorrespiratória, lesão cerebral ou morte24.
término do procedimento anestésico-cirúrgico30.

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 471 11/12/2021 14:51:56


CENTRO CIR´RUGICO (CC) Parte 2

CHECKLIST DE SEGURANÇA DO PACIENTE: ENFERMAGEM NO PROCEDIMENTO ANESTÉSICO


472
1. Introdução
A anestesia é um procedimento essencial para realização do ato cirúrgico, que exige planejamento da equipe cirúrgica para qualidade e segurança dos cuidados prestados ao paciente
2. Objetivos
Direcionar as ações de enfermagem realizadas durante a anestesia geral (antes da indução anestésica, durante a indução anestésica e na reversão da anestesia), permitindo a execução da assistência de forma planejada e uniforme
nos diversos serviços de saúde
Favorecer o trabalho conjunto entre o médico anestesiologista e enfermeiro(a), para sincronismo nas ações e melhor qualidade da assistência perioperatória
3. Orientação
Os itens verificados devem ser assinalados com: (X) para o item que foi realizado; (NA) quando o item não se aplica para o procedimento; (NE) para o item não executado (justifique o motivo)
Antes da indução (organizar)

A) Funcionamento do equipamento de anestesia D) Materiais para via aérea G) Organizar materiais para punção venosa periférica
¨ executar o teste do equipamento de anestesia, de acordo com ¨ separar tubo endotraqueal, de acordo com as características físicas do ¨ equipo de infusão
orientações do fabricante, verificando também: conexão do equipamento paciente (idade, sexo) e tipo de cirurgia, considerar a disponibilidade de ¨ garrote
na fonte de energia e bateria, fonte de gases (oxigênio, óxido nitroso, três tamanhos diferentes ¨ solução antisséptica
ar comprimido e vácuo) disponíveis, conectadas ao equipamento e com ¨ avaliar o funcionamento do sistema de aspiração e vácuo ¨ solução de infusão
pressão ≥50 Psi* ou 3,2 kgf/cm2†, vaporizadores cheios e fechados, ¨ testar o funcionamento do laringoscópio ¨ dispositivo para acesso venoso
¨ fixação para acesso venoso

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 472


ausência de oscilação de gases com os fluxômetros fechados Justifique:
¨ disponibilizar um conjunto de traqueias reservas, de acordo com a faixa Justifique:
etária do paciente E) Organizar materiais para intubação
¨ avaliar a saturação (cor) da cal sodada e considerar a troca se mais de ¨ cânula de Guedel H) Confirmar disponibilidade de materiais para punção de acesso
¨ pinça Magill venoso central e arterial
50% estiver com cor violeta
¨ estetoscópio ¨ kit de monitorização de pressão
¨ avaliar a quantidade da cal sodada
¨ cateter de oxigênio ¨ gaze
Justifique: ¨ luva estéril ¨ solução antisséptica
¨ seringa ¨ solução de infusão
B) Verificar funcionamento e disponibilidade dos equipamentos ¨ fixação para tubo endotraqueal ¨ dispositivo para acesso venoso central
necessários, de acordo com a cirurgia ¨ guia de intubação ¨ compressa
¨ manguito de pressão arterial, de acordo com as características físicas do ¨ filtro de barreira para o circuito de anestesia ¨ dispositivo para acesso arterial
paciente (peso, idade) ¨ lubrificante para tubo endotraqueal ¨ pressurizador
¨ lâmina de laringoscópio, de acordo com a faixa etária do paciente ¨ fio de nylon para fixação do cateter
¨ eletrocardioscópio
¨ máscara facial, de acordo com as características físicas do paciente
¨ oxímetro de pulso ¨ transdutor de pressão arterial invasiva (domus)
(peso, idade)
¨ ajustar alarmes do monitor multiparamétrico, de acordo com a faixa etária ¨ máscara laríngea, de acordo com o peso do paciente Justifique:
do paciente ¨ dispositivo bolsa valvúla-máscara
¨ capnógrafo ¨ sonda de aspiração I) Organizar materiais de sondagem vesical de demora
¨ mesa cirúrgica ¨ sonda gástrica: crianças de 4 a 10 Fr‡/adultos de 14 a 18 Fr‡ ¨ agulha 40x12
¨ termômetro ¨ água destilada
¨ eletrodos Justifique: ¨ cuba rim, cúpula e pinça Cheron
¨ bomba de infusão de medicamentos F) Via aérea difícil e materiais ¨ seringa
¨ desfibrilador ¨ verificar com o anestesiologista a possibilidade de via aérea difícil ¨ fixação para sonda vesical
¨ monitor de profundidade anestésica (BIS) disponibilidade de materiais ¨ sistema coletor de urina
¨ aparelho de manta térmica ¨ fibroscópio ¨ xilocaína gel e seringa
¨ fonte de luz ¨ solução antisséptica degermante
Justifique: ¨ lâmina de laringoscópio flexível ¨ solução antisséptica tópica
¨ cânula de traqueostomia, de acordo com as características físicas do ¨ sonda vesical, de acordo com a faixa etária do paciente
C) Avaliar disponibilidade de medicamentos
paciente (peso, idade)
¨ anestésicos, de acordo com o tipo de anestesia proposta Justifique:
¨ lâmina de laringoscópio reta
¨ utilizados em emergências cardiorrespiratórias, como epinefrina, atropina, ¨ agulha de cricotireoidostomia
J) o Registrar falhas de equipamentos (tipo de equipamento e descrição da
amiodarona ¨ guia Bougie falha)
¨ tubo esôfago-traqueal (combitube), de acordo com as características
Justifique: Justifique:
físicas do paciente (altura)
Justifique: K) o Registrar indisponibilidade de materiais solicitados (material ou
equipamento indisponível e motivo da indisponibilidade)

Justifique:
(a Figura 1 continua na próxima página)
Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

11/12/2021 14:51:57
Indução anestésica (assistir)
A) Conferir no prontuário os documentos do paciente D) Preparo anestésico
¨ nome ¨ comunicar ao anestesiologista a contraindicação para punção de membro do paciente
¨ número do prontuário ¨ auxiliar o anestesiologista na punção de acesso venoso
¨ data de nascimento ¨ posicionar o paciente em decúbito dorsal horizontal, posição olfativa
¨ colocar coxim occipital, de acordo com a solicitação do anestesiologista
¨ ficha de visita pré-anestésica
¨ auxiliar o anestesiologista na ventilação do paciente, posicionando máscara facial para oferta de oxigênio
¨ termo de consentimento da anestesia ¨ verificar integridade do cuff da cânula de intubação solicitada pelo anestesiologista
¨ histórico de saúde ¨ realizar manobra de Sellick no paciente, quando solicitado pelo anestesiologista
¨ termo de consentimento da cirurgia ¨ realizar manobra de BURP§ no paciente, quando solicitado pelo anestesiologista
¨ verificar a presença de alergias ¨ fornecer ao anestesiologista cânula e seringa, durante a laringoscopia
¨ exames disponíveis ¨ auxiliar o anestesiologista na fixação do tubo endotraqueal após a intubação
¨ medicamentos em uso ¨ avaliar junto com o anestesiologista a ventilação adequada: expansibilidade torácica bilateral, ausculta pulmonar
¨ confirmar a administração de medicamento pré-anestésico e curva de capnografia presentes
¨ realizar fechamento ocular utilizando fixação, de acordo com protocolo institucional (micropore, colírio, pomada)
Justifique: ¨ realizar a sondagem vesical de demora, conforme solicitação da equipe cirúrgica
¨ posicionar paciente, de acordo com o procedimento cirúrgico, dispondo coxins em regiões de proeminências

DiretrizesDePraticas_CentroCirurgico_205x275_968p - MIOLO.indb 473


B) Orientações ao paciente ósseas e proteção de face
¨ transferir o paciente para mesa cirúrgica ¨ colocar manta térmica, de acordo com a solicitação da equipe cirúrgica
¨ explicar os procedimentos que serão realizados (monitorização, punção de acesso venoso, administração de Justifique:
medicamentos para anestesia)
E) Registrar no prontuário do paciente
Justifique: ¨ sinais vitais antes e após indução anestésica
¨ número do tubo endotraqueal
C) Monitorizar o paciente com ¨ tipo de anestesia
¨ eletrocardioscópio ¨ material utilizado no fechamento ocular
¨ pressão arterial não invasiva ¨ intercorrências ocorridas na indução anestésica
¨ oxímetro de pulso
Justifique:
¨ termômetro

Justifique:

Reversão (controlar)
A) Controle pós-anestésico B) Ao término da anestesia anotar no prontuário do paciente
¨ auxiliar o anestesiologista na aspiração traqueal do paciente ¨ sinais vitais
¨ transferir sistema de monitorização para o monitor de transporte ¨ característica e volume do débito de sondas
¨ transferir o paciente para maca de transporte ¨ característica e volume do débito de drenos
¨ ofertar oxigênio ao paciente, de acordo com saturação de oxigênio ¨ evolução de enfermagem
¨ realizar passagem de plantão para o enfermeiro da unidade de destino do paciente
¨ realizar transporte do paciente para unidade crítica junto com o anestesiologista Justifique:

Justifique:

*Psi: pound force per square inch; †kgf/cm2: quilograma força por centímetro quadrado; ‡Fr: french; §BURP: backward, upward, right, pressure

Figura
Figura4.1Protocolo assistencial
– Versão final de Enfermagem
do protocolo assistencialno
deprocedimento anestésico.
enfermagem no São Paulo;
procedimento anestésico.
2016. São Paulo, SP, Brasil, 2016
Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem
473

CENTRO CIR´RUGICO (CC) Parte 2

11/12/2021 14:51:58
474 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

A literatura científica disponível sobre a te- risco cirúrgico, definição dos cuidados intraope-
mática, com seus diferentes níveis de evidência, ratórios e manejo pós-operatório37-39.
indica a relevância de atuação do enfermeiro em
anestesia e os fatores que influenciam a assistên- 2. O enfermeiro de Centro Cirúrgico (CC)
cia, tanto do enfermeiro perioperatório, quanto deve realizar a visita pré-operatória e aplicar a
do anestesiologista30-35. Ademais, os estudos in- Sistematização da Assistência de Enfermagem
dicam diversos aspectos que envolvem a prática Perioperatória (SAEP)40,41.
Parte 2

de Enfermagem em anestesia, seja na atuação do » Força da recomendação: I-forte; qualidade


enfermeiro perioperatório, na formação educa- da evidência: C-LD
cional, na atuação e na orientação da especiali-
dade, nos padrões de competência e na diversi- Justificativa: a avaliação de Enfermagem per-
CENTRO CIR´RUGICO (CC)

dade de práticas de anestesia no mundo e nos mite definir as necessidades e o planejamento dos
métodos de avaliação. cuidados no procedimento anestésico-cirúrgico,
Contudo a grande variação da atuação dos en- definindo o cuidado individualizado para cada
fermeiros brasileiros em anestesia e a ausência paciente. O enfermeiro, durante a visita pré-ope-
de regulamentação para a prática de Enferma- ratória, pode esclarecer as dúvidas do paciente
gem em anestesia no nosso país dificultam a e de seus familiares/acompanhantes, de modo a
realização de estudos experimentais, como en- diminuir a ansiedade associada ao procedimento.
saios clínicos randomizados controlados ou bem
delineados, revisões sistemáticas ou metanálises 3. Para a execução do procedimento anesté-
sobre o assunto, voltadas à realidade nacional. sico, é recomendada a utilização de checklists e
protocolos que orientem a prática dos profissio-
PRÁTICAS RECOMENDADAS nais envolvidos na anestesia31.
» Força da recomendação: I-forte; qualidade
1. A avaliação pré-anestésica deve ser exe- da evidência: B-NR
cutada pelo anestesiologista, definindo o plano
anestésico e as estratégias para a redução de ris- Justificativa: o uso de checklists e protocolos
cos perioperatórios adicionais36. específicos em anestesia favorece a organização
» Força da recomendação: I-forte; qualidade e o planejamento da assistência durante todo o
da evidência: A procedimento anestésico, facilita a troca de infor-
mações, promove a melhoria da comunicação, o
Justificativa: a avaliação pré-anestésica com- trabalho em equipe e estabelece um clima de se-
pleta é fundamental para a prevenção de danos gurança entre os profissionais, contribuindo para
durante a indução anestésica, permitindo: ava- a redução de eventos adversos em anestesia32,33.
liação das condições clínicas do paciente, histó-
rico de saúde, avaliação da via aérea, parâmetros 4. A equipe de Enfermagem deve utilizar
hemodinâmicos, monitorização intraoperatória protocolo assistencial durante a assistência em
necessária, uso de medicamentos, avaliação de anestesia para direcionar sua prática30.

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 475

» Força da recomendação: I-forte; qualidade anestesia e da cirurgia, evitando atrasos no iní-


da evidência: B-NR cio dos procedimentos, prevenindo eventos ad-
versos associados a alterações hemodinâmicas
Justificativa: o uso de instrumentos e checklists do paciente e o direcionamento das ações de-
que definam um protocolo assistencial de Enferma- senvolvidas pelos profissionais.
gem em anestesia no cenário brasileiro consolida
a atuação do enfermeiro durante o procedimento 7. Efetuar a monitorização adequada dos

Parte 2
anestésico, padronização e uniformidade de con- parâmetros hemodinâmicos no intraoperatório
dutas, definição de responsabilidades da equipe. diminui os riscos de eventos adversos relaciona-
Dessa forma, obtêm-se subsídios que fortalecem a dos à anestesia48.
melhoria do dimensionamento da equipe e garan- » Força da recomendação: I-forte; qualidade

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tem o cuidado adequado durante a anestesia30,34,35. da evidência: B-R

5. Realizar a verificação completa dos docu- Justificativa: a estratificação dos níveis de


mentos presentes no prontuário do paciente (ter- monitoramento e os alvos para terapia depen-
mos de consentimento, visita pré-anestésica, exa- dem da situação clínica e do risco cirúrgico de-
mes disponíveis) e a identificação do paciente42-45. finido na avaliação pré-anestésica. Em todos os
» Força da recomendação: I-forte; qualidade procedimentos anestésicos, a monitorização
da evidência: C-LD básica inclui eletrocardiograma, pressão arterial
não invasiva, frequência cardíaca, frequência res-
Justificativa: a prevenção de danos ao pa- piratória, saturação de oxigênio e temperatura.
ciente e as intervenções seguras durante o ato O enfermeiro deve executar a monitoração do
anestésico- cirúrgico estão diretamente relacio- paciente na admissão em SO e registrar os parâ-
nadas ao controle e ao registro dos documentos metros no prontuário, os quais orientarão os cui-
do paciente, garantindo que sejam corretos o dados na sala de recuperação anestésica49-54.
paciente, a SO, a anestesia, o procedimento e a
lateralidade. 8. Auxiliar na intubação anestésica45,55,56.
» Força da recomendação: I-forte; qualidade
6. Em todos os procedimentos anestésicos, da evidência: B-NR
devem ser utilizados checklists de verificação do
funcionamento e disponibilidade de materiais e Justificativa: durante a intubação anestésica,
equipamentos necessários para a anestesia46,47. o médico anestesiologista deve administrar me-
» Força da recomendação: I-forte; qualidade dicamentos e ventilar o paciente para a intuba-
da evidência: B-R ção. O enfermeiro pode ofertar O2 ao paciente,
fornecer tubo endotraqueal e laringoscópio ao
Justificativa: a avaliação prévia de equipa- anestesiologista, realizar a manobra de Sellick ou
mentos e materiais permite o adequado geren- a manobra BURP (pressão na cartilagem tireoide
ciamento dos cuidados necessários durante a contra as vértebras cervicais), quando solicitada,

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476 Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e Processamento de Produtos para Saúde - SOBECC

para a prevenção de aspiração ou mudanças na 11. O acompanhamento da reversão da anes-


visualização da glote30. tesia pelo enfermeiro fornece subsídios para a
avaliação da assistência intraoperatória e plane-
9. O enfermeiro de CC deve aplicar a Escala jamento dos cuidados pós-operatórios30,34,35.
de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento » Força da recomendação: I-forte; qualidade
de Lesões decorrentes do Posicionamento Cirúr- da evidência: B-NR
gico (ELPO)57 e auxiliar no posicionamento do
Parte 2

paciente para a cirurgia43,58. Justificativa: ao término da anestesia, o


» Força da recomendação: I-forte; qualidade enfermeiro deve acompanhar a extubação do
da evidência: B-R paciente e auxiliar na oferta de suporte ventila-
tório, na monitorização, na verificação dos regis-
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Justificativa: a aplicação da ELPO em pacien- tros de cuidados intraoperatórios e nas intercor-


tes adultos pelo enfermeiro perioperatório pode rências. Assim, é possível a passagem de plantão
trazer subsídios para o planejamento da assistên- para a unidade de destino de maneira adequada,
cia de Enfermagem e o direcionamento de ações fazendo-se a orientação sobre as necessidades
na anestesia e antes da intervenção cirúrgica. Nes- de cuidados no pós-operatório imediato.
se sentido, o enfermeiro deve participar do posi-
cionamento do paciente junto à equipe médica, 12. Registrar por completo a assistência e as
visando à manutenção da via aérea, a proteção intercorrências durante o procedimento anesté-
ocular e à prevenção de lesões da pele e de es- sico62.
truturas articulares com o uso de posicionadores » Força da recomendação: I-forte; qualidade
adequados, baseando-se na avaliação de risco. da evidência: B-R

10. A monitorização da profundidade anes- Justificativa: o registro adequado da assis-


tésica deve ser feita em anestesias gerais para tência prestada possibilita melhor troca de in-
a prevenção do despertar intraoperatório e de formações sobre o paciente, o que favorece a
lembranças pós-operatórias59,60,61. continuidade da assistência pelos profissionais
» Força da recomendação: I-forte; qualidade envolvidos no cuidado em anestesia63.
da evidência: A e B-R
Acerca da atuação de Enfermagem periope-
Justificativa: o uso de monitores da ativida- ratória na anestesia, existem semelhanças de
de elétrica cerebral está associado à redução do atuação entre o enfermeiro perioperatório no
consumo de anestésicos, tanto inalatórios, quan- Brasil e o enfermeiro anestesista estaduniden-
to venosos, assim como ao menor tempo de re- se43,51 nos aspectos que envolvem a monitoração
cuperação da anestesia, quando comparado com do paciente em SO, o posicionamento cirúrgico,
o método de monitoração por sinais e sintomas a verificação de equipamentos e de materiais, o
clínicos (taquicardia, hipertensão, lacrimejamen- auxílio na intubação anestésica e o controle dos
to, atividade motora). parâmetros hemodinâmicos.

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Capítulo 7 – Procedimento anestésico: tipos de anestesia e atuação da equipe de Enfermagem 477

Alguns estudos brasileiros discutem as possi- da anestesia. Atualmente, diversos tipos de anes-
bilidades de atuação do enfermeiro em anestesia, tesia podem ser empregados nos mais diferentes
com a organização de um serviço64 e a criação de procedimentos cirúrgicos e de acordo com as ne-
uma especialização de Enfermagem65, para que cessidades do paciente e da equipe, o que, associa-
o enfermeiro possa atuar diretamente nos cui- do a práticas de segurança na assistência, pode ga-
dados antes e durante a cirurgia. Todavia seria rantir a prevenção de eventos adversos associados
necessária a modificação da estrutura curricular à anestesia e reduzir as taxas de morbimortalidade.

Parte 2
dos cursos de graduação e de especialização em No cenário brasileiro, a escolha do tipo de
Enfermagem, além da reformulação da legislação anestesia é do médico anestesiologista e de-
entre os conselhos de Enfermagem e anestesia. pende das condições clínicas do paciente, além
Nesse sentido, busca-se um aprimoramento da do tempo e do tipo de cirurgia. Entretanto o

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atuação do enfermeiro em anestesia a fim de de- enfermeiro está diretamente envolvido no pro-
limitar sua atuação durante o procedimento, em cedimento anestésico, desde o controle para o
consonância com a Lei do Exercício Profissional preparo adequado da SO até a assistência direta
de Enfermagem. ao paciente e o auxílio ao anestesiologista, o que
O suporte oferecido pela equipe de Enferma- exige padronização e uniformidade de condutas,
gem não pode depender apenas da interação entre evidenciando a importância do enfermeiro em
enfermeiro e anestesiologista. É de grande relevân- SO durante o procedimento anestésico.
cia a aplicação de protocolos de assistência em En- O uso de instrumentos que direcionem a prá-
fermagem durante a anestesia para a promoção de tica dos profissionais durante a anestesia promo-
cuidados com melhor qualidade, uniformidade de ve maior segurança e qualidade das intervenções
condutas e fundamentação científica, aspectos que realizadas, visto que favorece a melhora da co-
favorecem a comunicação, o trabalho em equipe e municação entres os profissionais e promove o
o aumento da percepção dos profissionais em rela- trabalho em equipe.
ção ao clima de segurança34.

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