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Resumoda Anestesiologia

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Princípios da
Anestesiologia

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Resumo de Princípios da Anestesiologia 1

1. Introdução
Através da anestesia, procedimentos cirúrgicos e outros, dolorosos, são feitos de
maneira tranquila por meio de analgesia rápida, segura e agradável, relaxamento
muscular e ausência de ansiedade por parte do paciente.

As equipes de anestesia atuam em salas de cirurgia, endoscopia, radiologia e


cardiologia intervencionista, além de serviços de avaliação pré e pós cirurgia e manejo
da dor perioperatória aguda e crônica.

2. Avaliação Pré-Anestésica
Os pacientes são avaliados pelo anestesista antes de intervenções cirúrgicas ou
outras intervenções não-cardíacas para avaliar o estado do paciente, implementar
estratégias e reduzir riscos do procedimento anestésico.

O jejum pré-anestésico é indicado para prevenir broncoaspiração de conteúdo


gástrico e serve para procedimentos que precisarão de anestesia geral, regional ou
acompanhamento de anestesia.

Uma história bem avaliada permite ao anestesista um guia sobre o exame físico
e possíveis exames laboratoriais necessários para seu paciente. Geralmente, exames
laboratoriais de até 1 ano antes da cirurgia são validos e não precisam ser repetidos caso
o paciente não tenha apresentado alterações clinicas desde sua realização.

A sedação ou indução da anestesia pode consistir em obstrução de vias aéreas e


tornar o paciente apneico. Nesse contexto, é necessária uma avaliação cuidadosa das
vias aéreas do paciente, para que o anestesista preveja o grau de dificuldade possível
diante da necessidade de ventilação com máscara e/ou intubação orotraqueal.

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3. Avaliação de Risco
• Morbimortalidade

Após melhorias na anestesiologia, a mortalidade geral relacionada a essa técnica


tem diminuído. Nesse contexto, a Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA)
apresenta um sistema de classificação do estado físico do paciente capaz de estratificar
riscos de morbimortalidade específicos. Tal classificação se baseia em relacionar
comorbidades com possíveis limitações funcionais. Um estado físico ASA mais alto se
associa a maior risco de complicações.

Existem outras ferramentas de avaliação de risco que associam fatores de riscos


próprios do paciente e do procedimento cirúrgico. Para pacientes com risco de
complicações cardiovasculares/pulmonares, existem algoritmos e escalas específicas a
serem avaliados.

A fragilidade em idosos deve ser identificada no pré-operatório, pois tal


característica pode guiar discussões entre pacientes e familiares sobre determinadas
técnicas cirúrgicas, resultados possíveis e melhores estratégias de recuperação no pós-
operatório.

• Distúrbios neurocognitivos pós-operatórios

Distúrbios neurocognitivos perioperatórios podem se manifestar por alterações


de comportamento, afeto, cognição, presença de delírio no pós-operatório imediato ou
preocupações cognitivas posteriores. Fatores de risco pra essa desordem são:
comprometimento cognitivo preexistente, idade avançada e menor nível educacional.

4. Seleção da Técnica Anestésica


A seleção da técnica anestésica depende de alguns fatores, como o tipo da
cirurgia, preferencias e comorbidades do paciente, além da experiência do anestesista.

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Para cirurgias grandes, a anestesia geral com uso de tubo orotraqueal ou


supraglótico geralmente é a técnica mais adequada. Esta também pode ser usada em
procedimentos menores, mas, dependendo da região em que será feito o
procedimento, a anestesial neuroaxial (técnica de cirurgia local) ou infiltração de
anestésico na região são também opções. Nesses dois últimos casos, geralmente tem-
se a sedação com cuidado anestésico monitorado (MAC), na qual os reflexos naturais
das vias aéreas são mantidos. Em muitos casos, uma técnica combinada, ou seja,
anestesia geral com anestesia peridural ou bloqueio de nervo periférico, proporciona
boas condições operatórias e excelente manejo da dor após a cirurgia.

5. Tipos de Anestesia
1. Anestesia geral
Estado de analgesia: o paciente é consciente e racional, com
Estágio I
diminuição da percepção da dor.
Estágio de delirium: paciente inconsciente, com o corpo
Estágio II respondendo reflexivamente. Padrão de respiração irregular
com ‘’breatholding’’ (‘’segurando’’ a respiração).
Anestesia cirúrgica: crescentes graus de relaxamento muscular,
Estágio III
com o paciente incapaz de proteger as vias aéreas.
Depressão medular: há depressão dos centros respiratório e
Estágio IV
cardiovascular.
Tabela 1: Fases da Anestesia. FONTE: Uptodate 2019

A anestesia geral alcança o estado reversível da anestesia cirúrgica, o Estágio III,


objetivando hipnose/inconsciência, amnésia, analgesia, relaxamento muscular ou
imobilidade e bloqueio neural a estimulação nociva e mesma tem três fases: indução,
manutenção e emergência.

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Gerenciamento de indução e via aérea

- Agentes de indução: podem ser administrados via endovenosa e/ou inalatória.


É administrado, geralmente, um sedativo-hipnótico, como propofol e um ou mais
agentes adjuvantes, como opioide, lidocaína e/ou benzodiazepínico, geralmente
midazolam, além de um bloqueador neuromuscular (NMBA) se a intubação orotraqueal
estiver indicada.

- Manejo das vias aéreas: tal manejo é importante para a ventilação e oxigenação
do paciente, bem como para fornecimento de gás anestésico. Para tanto, alguns
dispositivos podem ser usados, tais como: máscara facial (mais comumente usada
durante indução de anestesia antes da colocação de outro dispositivo de via aérea), via
aérea supraglótica (como a máscara laríngea, dispositivo que tem um orifício de
ventilação acima da glote, mas não oferece proteção completa contra aspiração. Pode
ser usada como um conduto para intubação ou como dispositivo de resgate em paciente
com via aérea difícil), tubo orotraqueal (usado em pacientes submetidos a anestesia
geral para procedimentos longos ou que precisam de uso de bloqueador neuromuscular
ou pacientes com fatores de risco para aspiração).

Figura 1: Máscara laríngea. FONTE: Uptodate 2019

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Manutenção

São necessários agentes adicionais principalmente para manter o anestésico e


reduzir a dose total de qualquer agente. Esses agentes adicionais podem ser inalatórios
(como o óxido nitroso ou éter) ou agentes intravenosos.

Caso seja necessário o relaxamento muscular ou paralisia completa, emprega-se


um bloqueador neuromuscular, como succinilcolina, por exemplo.

Emergência

É a fase de volta a consciência e retorno do movimento ao final do procedimento


cirúrgico, após a interrupção da administração de agentes anestésicos e adjuvantes e a
reversão dos efeitos dos bloqueadores neuromusculares.

2. Anestesia Neuroaxial (raquidiana ou epidural)

As técnicas de anestesia neuroaxial, que geralmente é aplicada em casos de


cirurgia de abdome inferior, incluem a raquianestesia espinal, peridural e combinada.
Na raquianestesia, o medicamento é aplicado no espaço subaracnodeio e na peridural,
no espaço epidural. Geralmente, a raquianestesia é aplicada como uma única injeção e
a anestesia peridural é mediante cateter para infusão contínua.

3. Bloqueio de nervos periféricos

Os bloqueios dos plexos braquial, lombar e de nervos periféricos são muito


usados em anestesia para procedimentos de extremidade superior ou inferior. Suas
vantagens são: menor estresse fisiológico, sem necessidade de manuseio da via aérea e
sem riscos de complicações associadas a intubação orotraqueal e a anestesia geral. No
entanto, é importante saber que para o sucesso dessa técnica é importante um paciente
cooperativo, experiência do anestesista e um cirurgião acostumado a operar com
pacientes conscientes.

4. Anestesia regional intravenosa

É também chamada de Bier Block, sendo uma opção para procedimentos curtos
com bloqueio de nervo periférico. Em operações de 30-45 minutos na mão/antebraço,

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como liberação do túnel do carpo ou redução de fratura do punho, por exemplo, essa
técnica é bastante utilizada. Envolve a colocação de cateter intravenoso na mão,
exsanguinação do braço usando bandagem Esmarch, insuflação de um torniquete e
injeção de um anestésico de curta ação, como lidocaína, através do cateter IV.

5. Cuidado de anestesia monitorada (MAC)

Envolve o monitoramento contínuo das funções vitais do paciente por um


provedor de anestesia; diagnóstico e tratamento de problemas clínicos; aplicação
medicamentos sedativos, ansiolíticos e/ou analgésicos, se necessário; ou, em alguns
casos, conversão para a anestesia geral. Classicamente, esse procedimento não envolve
perda de consciência.

O oxigênio suplementar é tipicamente administrado através de cânulas nasais ou


máscara facial durante a ventilação espontânea de um paciente sedado e geralmente é
necessário em casos de sedação moderada/profunda.

6. Sedação consciente sem pessoal anestésico

Diferentemente da MAC, na sedação consciente leve ou moderada sem pessoal


anestésico, a sedação não pode tornar o paciente incapaz de manter a integridade das
vias aéreas independentemente. Nesse contexto, na MAC, o anestesista deve estar
sempre preparado para converter a anestesia para geral caso seja necessário.

6. Monitoramento durante a Anestesia


Monitores padrão da ASA são monitores fisiológicos básicos, que incluem
oxímetro de pulso, ECG, medidor de pressão arterial não invasivo e de temperatura. Este
último em situações de risco de mudança significativa da temperatura corporal.

Padrões de monitoramento da ASA também incluem monitorização de dióxido


de carbono o período final da expiração e a quantidade inspirada de oxigênio. Em muitos
pacientes submetidos a anestesia geral, mede-se concentrações de anestésicos

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expirados para monitorar a profundidade anestésica e consciência. Nesse contexto, uma


neuromonitorização como a eletroencefalografia processada também pode ser usada
em alguns casos.

Em casos selecionados, a monitorização hemodinâmica invasiva exige a


instalação de cateter intra-arterial, venoso central ou de artéria pulmonar (PAC) ou uma
sonda de ecocardiografia transesofágica (TEE).

7. Cuidados Anestésicos Pós-Operatórios


A maioria dos pacientes que recebem anestesia geral/regional vão para uma sala
de recuperação anestésica (SRPA) para monitorização após a cirurgia. A supervisão
médica dessa sala é de responsabilidade do anestesista. Pacientes durante o pós-
operatório que se recuperam completamente podem ser dirigidos para unidade de pré-
alta e aqueles que estão intubados ou gravemente doentes são direcionados para UTI.

Referências Bibliográficas
1- Overview of anestesia. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/overview-of-
anesthesia?search=principles%20of%20anesthesia&source=search_result&selecte
dTitle=5~150&usage_type=default&display_rank=5
2- TOWNSEND et al; SABISTON Tratado de Cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica
moderna. Editora Elsevier, 18ª edição;

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