Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prezado aluno,
1. Definições 5
1.2 Rastreamento 5
2. Diagnóstico 7
Questão 01 7
3. Avaliação complementar 12
Coração 14
Cérebro 14
Retina ⚠ 14
Nefropatia ⚠ 16
5. Tratamento 19
Questão 02 20
3
Hipertensão arterial sistêmica
Questão 03 23
Questão 04 26
6. Hipertensão secundária 30
6.4 Feocromocitoma 33
7. Crises hipertensivas 34
Questão 05 35
7.1 Classificação 35
Pseudocrise hipertensiva 35
Urgência hipertensiva 35
Emergência hipertensiva 36
TOP FIVE 39
4
Hipertensão arterial sistêmica
1. Definições
1.1 Fatores de risco
Os fatores que aumentam a probabilidade do desenvolvimento de HAS são diversos e
envolvem condições genéticas, sociais e ambientais. Os principais deles, dignos de nota no
contexto da prova, são os seguintes:
• Idade ≥ 55 anos em homens e ≥ 65 anos em mulheres
• Sobrepeso/obesidade
• Ingestão elevada de sódio (acima de 2 g/dia)
• Sedentarismo
• Ingestão elevada de álcool (acima de 30 g/dia para homens e metade desse valor para
mulheres)
• Fatores socioeconômicos (baixa escolaridade, baixa renda, condições de alimentação
e moradia inadequadas)
1.2 Rastreamento
Sabe-se que a HAS é uma doença silenciosa, geralmente apresentando sintomas anos após
o seu estabelecimento. Por isso, o rastreio (ou screening) está indicado na seguinte frequência,
conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial de 2020: ⚠
• Adultos com PA (pressão arterial) ótima ou com PA normal (veremos a seguir o que são
essas classificações): anualmente.
• Adultos pré-hipertensos: anualmente, ou, preferencialmente, com menor intervalo.
• Em crianças após 3 anos: nas consultas de Puericultura (pelo menos anualmente).
Ou seja, para adultos, no mínimo uma vez ao ano devemos aferir a pressão arterial!
Vale ressaltar que, segundo o U.S. Preventive Services Task Force (USPST), o rastreio de
hipertensão arterial é, junto com o rastreio de tabagismo, a recomendação nível A de evidência
para todos os adultos!
5 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
• O manguito deve ser adequado ao tamanho do braço (envolvendo pelo menos 80% do
comprimento, e a bolsa de borracha - a parte que infla - deve corresponder a 40% da
circunferência do braço).
• O manguito deve ser posicionado ao nível do coração. A palma da mão deve estar voltada
para cima e as roupas não devem garrotear o braço. As costas e o antebraço devem estar
apoiados; as pernas, descruzadas; e, os pés, apoiados no chão.
6 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
2. Diagnóstico
2.1 Diagnóstico por aferição da PA no consultório
Questão 01
(SURCE - CE - 2022) Após ser aprovado e ingressar no Programa de Residência Médica
em Medicina de Família e Comunidade, você é direcionado para uma Unidade de Atenção
Primária à Saúde (UAPS) para ser recebido pelo médico preceptor da Unidade. Em sua
primeira participação de reunião de equipe, uma das agentes comunitárias de saúde (ACS)
da equipe do médico preceptor traz o relato de uma gestante de sua microárea que não
procurou a Unidade de Saúde para começar o pré-natal. A gestante era Vanessa e ela
era antiga conhecida da equipe, porque seu finado pai, Seu Odair, fora uma liderança
comunitária e era muito querido por todos.
Vanessa tinha a primeira consulta de pré-natal agendada para o primeiro horário depois
da reunião de equipe. Dr. Marcos Júlio, seu preceptor, relata que Vanessa nunca teve
boa relação com os pais e saiu de casa cedo, passando a morar, aos 14 anos, na casa de
Ubiratan, seu primeiro parceiro. Após alguns anos morando juntos, Vanessa engravidou
e chegou a ser acompanhada pela UAPS no pré-natal, mas teve perda gravídica com
aproximadamente 12 semanas de seguimento. Durante esse acompanhamento pré-natal,
a equipe ficou ciente de que Vanessa vivia em contexto de violência doméstica, mas
continuava vivendo com Ubiratan, porque não aceitava voltar para a casa dos pais.
Por volta de seus 24 anos, Vanessa teve episódio de hemiplegia desproporcional em
dimídio esquerdo, desvio de rima labial e disartria, enquanto trabalhava em uma casa
como diarista. Foi levada à urgência e hospitalizada. Durante hospitalização, confirmou-se
um infarto cerebral. A família de Vanessa possui histórico de AVCs em idades precoces:
Vanusa apresentou episódio de AVC durante uma de suas gestações e dona Benzarina
teria apresentado o primeiro AVC antes da menopausa. Segundo a Assistente Social do
hospital em que Vanessa ficou internada por quase dois meses, Ubiratan nunca teria
realizado uma visita, mas Edberto, um ex-namorado, foi companhia assídua. Após a alta
hospitalar, Vanessa descobriu que Ubiratan estava vivendo com outra mulher e se mudou
para casa de Edberto, que a acolheu, a despeito da não aceitação do pai de Edberto,
Seu Eduardo.
Depois de seis anos morando juntos, Vanessa engravidou novamente, mas não procurou
a UAPS. A ACS fazia visitas domiciliares na mesma rua em que Edberto e Vanessa moram,
quando viu Vanessa, já com barriga gravídica, varrendo a calçada. Após breve conversa,
a ACS agenda atendimento para Vanessa na UAPS. Durante o exame físico de Edberto,
você aferiu PA = 162x114 mmHg, IMC = 38 kg/m², circunferência abdominal = 110 cm
e glicemia capilar em jejum = 158 mg/dl. A ausculta cardíaca evidenciou frequência
cardíaca de repouso de 120 bpm, ictus deslocado para o 6.º espaço intercostal e com
caráter propulsivo. Edberto ficou surpreso com o valor de sua pressão arterial, referindo
que, apesar de não lembrar quando fora a última vez que teve a pressão arterial aferida,
nunca havia chegado a esse nível pressórico. Ele, então, pergunta qual significado clínico
desse valor.
7 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
a) Orientar que essa aferição isolada não implica diagnóstico de HAS, mas, em
próximo atendimento, caso nível pressórico esteja maior que 140x90, será
✂
dado o diagnóstico de HAS.
b) Orientar que essa aferição isolada não implica diagnóstico de HAS. Solicitar diário
✂
pressórico (MRPA) para diagnóstico de HAS em próximo atendimento.
✂
a serviço de Urgência e Emergência para controle parenteral.
d) Informar que mesmo com somente essa aferição isolada, considerando dados
✂
clínicos, o paciente tem diagnóstico de HAS em medição única.
Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não
CCQ: O diagnóstico de HAS pode ser feito em uma única visita caso o paciente
apresente níveis pressóricos muito altos (PAS≥180 ou PAD≥110 mmHg)
Assim como a técnica de aferição da pressão arterial, os critérios diagnósticos de HAS não
são tão simples e diretos. Devemos ter ao menos duas aferições, em duas consultas
diferentes, com a PAS ≥140 ou PAD≥90, realizadas metodicamente a partir da técnica
adequada para termos dados fidedignos o bastante quanto ao nível pressórico do paciente.
Para diagnóstico em medida única, devemos ter PAS ≥ 180 ou PAS ≥ 110mmHg OU
a presença de doença cardiovascular/lesão de órgão alvo pela hipertensão mesmo se
paciente normotenso.
Além disso, precisamos considerar alguns aspectos que, mesmo não sendo exatamente um
Pareto, podem ser cobrados como detalhes nas provas:
• A PA deve ser inicialmente medida nos dois braços, e a diferença entre ela e a PA sistólica
(PAS) deve ser, no máximo, de 15 mmHg. Se for maior, devemos pensar na presença da
doença vascular ateromatosa. Se essa diferença for menor que 15 mmHg, faremos as
aferições subsequentes no braço de maior valor.
8 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
9 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
MRPA: essa monitorização é feita pelo próprio paciente, que afere a PA por 3 vezes com
intervalo de 1 minuto entre cada medida antes de tomar suas medicações, tanto à noite quanto
de manhã, respeitando as orientações que já demos sobre como aferir, durante uma semana.
É uma forma simplificada e mais barata que a MAPA.
• Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020): diagnóstico de HAS - PAS ≥ 130
e/ou PAD ≥ 80. ⚠
AMPA: é a medida da PA mensurada pelo próprio paciente, mas não segue nenhum protocolo.
O paciente ou o próprio médico define qual aparelho será utilizado e a frequência das
aferições. Na última diretriz, diante do momento atual de pandemia e crescimento da procura
e oferta de serviços de telemedicina, a AMPA passou a ser incentivada para o diagnóstico
e acompanhamento desses pacientes, apesar do reconhecimento da inferioridade de
confiabilidade desse método em relação aos dois primeiros citados (MAPA e MRPA).
É recomendada a utilização de equipamentos preferencialmente de braço e um número
mínimo de 7 medidas realizadas no período de 16 a 72 horas. Os pontos de corte são iguais
aos da MRPA.
10 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Hipertensão
Hipertensão
do avental
Medida no consultório
sustentada
branco
Normal
Normotensão Hipertensão
verdadeira mascarada
Normal Anormal
MRPA ou MAPA
Diagnósticos possíveis na hipertensão arterial (fenótipos)
11 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
• Hipertensão sistólica isolada: é comum nos doentes com dor e ansiosos na fase aguda,
e também cronicamente em idosos. Fazemos o diagnóstico a partir de uma PAS (sistólica)
> 140 mmHg com uma PAD (diastólica) < 90 mmHg.
Para resumir tudo o que aprendemos sobre o diagnóstico de hipertensão arterial, veja
o esquema a seguir, adaptado das Diretrizes Brasileiras de 2020:
PA ótima
Repetir medidas anualmente
< 120/80 mmHg
Anamnese, exame físico e avaliação laboratorial
Medida da pressão arterial no consultório
PA normal
Repetir medidas anualmente
120 - 129/80-84 mmHg
3. Avaliação complementar
Uma vez feito o diagnóstico de HAS, qual o próximo passo?
Devemos investigar a presença de lesões de órgãos-alvo e de comorbidades (dislipidemia,
insuficiência renal, diabetes, sobrecarga cardíaca, entre outros). Para isso, uma investigação
clínica e laboratorial se faz necessária através de exames complementares de rotina.
12 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Um dado importante é que mais de 50% dos pacientes hipertensos têm fatores de risco
cardiovascular adicionais.
13 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Perceba que a dosagem do sódio NÃO faz parte dos exames complementares de rotina! Esse
ponto é cobrado como pegadinha em muitas questões.
Coração
Os principais danos aqui são: progressão da coronariopatia (angina, infarto agudo do miocárdio)
e progressão da cardiopatia hipertensiva (hipertrofia de ventrículo esquerdo e insuficiência
cardíaca).
Discutiremos mais sobre esse assunto na aula de Infarto agudo do miocárdio e na aula de
Insuficiência cardíaca.
Cérebro
Nesse caso, devemos lembrar das doenças cerebrovasculares (acidente vascular encefálico,
malformações arteriovenosas), mas também doenças neurológicas, como a própria demência.
Discutiremos mais sobre esse assunto na aula de Acidente vascular encefálico.
Retina ⚠
A retinopatia hipertensiva pode ser enquadrada por meio da classificação de Keith-Wagener-
Barker (KWB). "Caramba! Até para falar o nome é difícil, imagina decorar os critérios!".
Concordamos com você, caro aluno(a). Mas ainda bem que, na hora da prova, na maioria das
vezes a única classificação que precisamos saber é a classificação IV.
Veja a tabela:
14 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
O papiledema (edema de papila óptica) encontrado no grupo IV de KWB deve ser pesquisado
através da fundoscopia (um procedimento utilizado para avaliar o fundo de olho).
Nesse cenário, podemos encontrar o "inchaço do disco óptico", uma estrutura brancacenta
para a qual convergem os vasos retinianos.
Um modo prático de notar essa alteração patológica é perceber o borramento de sua margem
(geralmente o disco óptico tem uma margem bem definida).
No caso do seu edema, essa margem fica borrada:
Disco óptico bem definido: normal Disco óptico com borda borrada: papiledema
Disco óptico normal Vs. papiledema
Vale lembrar a diferenciação na gênese de cada uma dessas alterações ao exame de fundo
de olho. O estreitamento arteriolar, a alteração do reflexo arteriolar e o cruzamento arteríolo-
venular (grupos I e II) costumam ser alterações originadas da hipertensão arterial de longa
data.
Por outro lado, a hemorragia retiniana, os exsudatos algodonosos e a papiledema (grupos
III e IV) são característicos das crises hipertensivas (aumento expressivo e súbito dos níveis
pressóricos).
15 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Nefropatia ⚠
Assim como a retinopatia, esse aqui é um tema importantíssimo! Nefroesclerose é o termo
mais frequentemente utilizado para designar o quadro histológico renal relacionado às fases
benigna e maligna da hipertensão arterial essencial.
Nesse caso, são cobradas as duas formas de alterações histopatológicas que podem estar
presentes: a nefroesclerose benigna e maligna.
Nefroesclerose benigna: é geralmente associada a hipertensão crônica; alguns pacientes
apresentam maior chance de desenvolver esta complicação, como a população negra.
O achado precoce dessa manifestação é a microalbuminúria (excreção urinária de albumina
em 24h entre 30-300 mg), enquanto o achado histopatológico clássico é a arterioloesclerose
hialina.
16 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Ecocardiograma = índice de massa do VE ≥ 116 g/m² nos homens ou ≥ 96 g/m² nas mulheres
17 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Veja a imagem a seguir, da atual Diretriz Brasileira de HAS (2020), que irá te ajudar
a entender melhor o risco cardiovascular como um fator determinante no manejo dos
pacientes hipertensos.
PA (mmHg)
Sem risco
Sem FR Risco baixo Risco moderado Risco alto
adicional
Risco
1 ou 2 FR Risco baixo Risco alto Risco alto
moderado
≥ 3 FR Risco moderado Risco alto Risco alto Risco alto
LOA, DRC
estágio 3, Risco alto Risco alto Risco alto Risco alto
DM, DCV
PA: pressão arterial; FR: fator de risco; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica;
LOA; lesão em órgão-alvo; DRC: doença renal crônica; DM; diabetes melito; DCV; doença cardiovascular.
18 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
5. Tratamento
Esse passo pode ser dividido em dois pilares. Para todos os pacientes, deve ser instituída
a terapia não medicamentosa, que inclui dieta equilibrada e com redução do consumo de
sódio, prática regular de exercícios físicos (mínimo de 150 minutos semanais de atividade
aeróbica moderada), controle de estresse, cessação do tabagismo, dentre outros hábitos
saudáveis.
Além disso, a terapia medicamentosa tem extrema importância no tratamento da hipertensão,
então veremos agora alguns aspectos desse tema que costumam ser cobrados em provas.
Risco cardiovascular
Meta
Baixo ou moderado Alto
Um ponto interessante é que a nova diretriz trouxe metas pressóricas mais "relaxadas" para
os idosos, dividindo-os em 2 grupos: idosos hígidos e frágeis.
19 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Questão 02
✂ ✂ ✂ ✂
b) Prescrição de diurético.
Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não
CCQ: Saber que o tratamento inicial de pacientes com HAS estágio 1 e risco
cardiovascular baixo ou moderado pode ser não farmacológico
• Alimentação: sempre prescrever alimentação rica em frutas, vegetais, com baixas calorias
e com baixo teor de gorduras saturadas (dieta DASH) → Promove a queda da PAS em
3 mmHg.
– Carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequenas quantidades.
20 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
• Redução do sódio: reduzir a ingestão de sódio para < 5g sal/dia (2g de sódio). Os substitutos
do sal contendo cloreto de potássio e menos cloreto de sódio (30% a 50%) são úteis para
reduzir a ingestão de sódio e aumentar a de potássio, apesar das limitações em seu uso
→ Promove a queda da PAS em 2-3 mmHg.
• Moderar o consumo de álcool: moderação no consumo etanol (< 30 g/dia para homens
e 15 g/dia para mulheres). Indivíduos abstêmios não devem ser induzidos a beber → Promove
a queda da PAS em 4-5 mmHg.
21 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Em tese, todas essas medicações são consideradas aceitáveis para o tratamento inicial da
hipertensão. Contudo, durante a resolução das questões e na prática médica, devemos prestar
atenção quanto à presença de contraindicações ao uso de algumas delas. Afinal de contas,
de que adianta diminuir o risco cardiovascular, mas gerar lesões em outros órgãos e sistemas?
Veja também os principais efeitos colaterais que costumam ser cobrados em provas: ⚠
• IECA e BRA: hipercalemia, aumento de creatinina e potássio.
• IECA: tosse seca e angioedema (é isso mesmo. Os BRA não causam esses efeitos colaterais).
• Tiazídicos (o que mais chama a atenção são seus efeitos colaterais metabólicos):
hiperlipidemia, hiperglicemia, hiperuricemia (pode precipitar crises de gota!), hipocalemia,
hipomagnesemia, hiponatremia, hipovolemia (4 hipo); aumento do risco de câncer de pele
não melanoma.
• Betabloqueadores: disfunção erétil, depressão, síncope, distúrbio da condução
atrioventricular, dislipidemia, intolerância à glicose.
• Bloqueadores do canal de cálcio: edema maleolar (principal), dermatite ocre no terço distal
da perna, cefaleia, rubor facial e hiperplasia gengival.
• Hidralazina: cefaleia, rubor facial, taquicardia reflexa e edema.
22 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Questão 03
✂ ✂ ✂ ✂
b) Bloqueador de canal de cálcio di-hidropiridínico.
d) Diurético tiazídico.
Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não
Beleza! Mas, na prática, começo somente com uma droga em dose máxima, ou posso
começar logo com duas, três...?
Existem duas possibilidades:
1. Iniciar mudanças do estilo de vida
2. Iniciar a monoterapia com um dos medicamentos de primeira linha; ou
3. Iniciar a terapia combinada com dois medicamentos de primeira linha.
Para pacientes com HAS estágio 1 com risco cardiovascular baixo ou para pré-hipertensos
com risco cardiovascular alto; podemos inicialmente tentar a abordagem exclusivamente
com terapia não farmacológica por 3 meses e então, caso não respondam, iniciamos
o tratamento farmacológico. Neste caso, a monoterapia deve ser a estratégia inicial. Porém,
a Diretriz Brasileira de 2020 afirma que “a combinação de fármacos é a estratégia terapêutica
preferencial para a maioria dos hipertensos, independentemente do estágio da hipertensão
arterial e do risco CV associado”. Portanto, podemos iniciar o tratamento com a combinação
de duas drogas mesmo nesses pacientes!
23 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Além disso, a monoterapia pode ser considerada a pacientes idosos ou muito frágeis -
principalmente nos casos em que a redução da PA desejada seja pequena, de modo a evitar
eventos adversos.
Já para pacientes com HAS estágio 2 ou 3, ou então para pacientes com HAS estágio 1 com
risco cardiovascular moderado ou alto, a combinação de duas drogas deve ser a estratégia
inicial de tratamento.
HIPERTENSÃO
Veja só que imagem interessante, retirada da última Diretriz Brasileira, mostrando o esquema
preferencial de associações dos medicamentos anti-hipertensivos:
Diuréticos tiazídicos
Bloqueadores
Betabloqueadores dos receptores
da angiotensina
Inibidores da IECA
Combinações preferenciais
Combinações não recomendadas
Combinações possíveis, mas menos testadas
24 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
E se o meu paciente já estiver usando três drogas anti-hipertensivas em dose máxima, qual
o próximo passo? ⚠
Se o seu paciente necessita do uso de três drogas anti-hipertensivas ou mais (sendo
obrigatoriamente uma delas um diurético) com ações sinérgicas, em doses máximas toleradas
ou preconizadas, com boa adesão medicamentosa e ainda assim apresenta valores pressóricos
> 140 x 90 mmHg, definimos o caso como hipertensão resistente (HR). Se o uso de todos
esses anti-hipertensivos for capaz de manter uma PA < 140 x 90 mmHg, denominamos de
hipertensão resistente, porém controlada.
Observação: se seu paciente chegou até aqui (hipertensão arterial resistente), deve ser iniciada
a investigação diagnóstica com exames específicos para LOA e hipertensão secundária
(conforme avaliação clínica).
25 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Questão 04
(CHN - RJ - 2020) Um paciente de 68 anos totalmente assintomático apresenta hipertensão
arterial resistente caracterizada por PA média de consultório = 170x100 mmHg após
3 aferições, e vem em uso regular de enalapril 20 mg de 12/12h + hidroclorotiazida
25 mg/dia + anlodipino 10 mg/dia. Qual é a MELHOR conduta clínica?
✂
de captopril 25 mg sublingual (SL imediatamente + observação hospitalar).
✂
de clonidina 0,100 mg SL + furosemida 20 mg venoso + observação hospitalar.
✂
hospitalar.
✂
a hidroclorotiazida para 50 mg/dia e o anlodipino para 20 mg/dia.
✂
associar espironolactona 25 mg/dia como a 4ª droga.
Responder Comentário Caso tenha acertado, gostaria de pular para o próximo tópico? Sim Não
α1B VD
βB α2A
Espironolactona
26 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Número de
medicamentos
Hipertensão 2
controlada Hipertensão
não controlada
1
27 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Quarto
Espironolactona
fármaco
Betabloqueadores devem ser indicados em condições específicas, tais como: IC, pós-IAM, angina,
controle da FC, mulheres jovens com potencial para engravidar, em geral em combinação com outros fármacos.
28 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
BCC
Edema maleolar (principal), dermatite ocre, cefaleia e
⚠ Riscos
rubor facial
29 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
6. Hipertensão secundária
A maioria dos casos de hipertensão arterial sistêmica com os quais vamos nos deparar na
prática clínica é considerada essencial ou primária, decorrente de todos aqueles fatores
de risco que citamos anteriormente. Por outro lado, menos de 5% dos casos de HAS têm
uma causa subjacente que explica os valores pressóricos e que, se for corrigida, pode,
virtualmente, levar à cura da hipertensão. Esta é a chamada hipertensão secundária.
A própria diretriz traz uma tabela com os principais indícios de hipertensão secundária:
30 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Tríade do feocromocitoma:
crises de palpitações, sudorese e cefaleia
Agora, vamos ver quais são as principais etiologias e o que você precisa saber sobre a clínica,
diagnóstico e tratamento para a prova.
31 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
32 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
6.4 Feocromocitoma
Quando esse tumor produtor de catecolaminas cai em provas, é acompanhado do seu quadro
clínico clássico. É caracterizado por episódios paroxísticos de hipertensão arterial associados
a uma descarga catecolaminérgica: cefaleia, sudorese e palpitações (esse é um belo CCQ
de provas). ⚠
A investigação por exames de imagem pode ser feita com tomografia computadorizada ou
ressonância de abdome, mas também pode-se fazer a investigação laboratorial. Basta lembrar
que deve ser feita a mensuração das catecolaminas e de seus metabólitos no plasma e na
urina de 24 horas.
O tratamento inicial deve ser feito com alfa-1-bloqueadores (fentolamina ou prazosin),
sendo permitida a associação de betabloqueadores após a introdução dos alfabloqueadores.
Mas lembre-se de que o tratamento definitivo é baseado na ressecção cirúrgica (atenção
ao enunciado das provas: "qual o tratamento - inicial ou definitivo?").
33 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
7. Crises hipertensivas
São aquelas situações de urgência e emergência, em que temos doentes com níveis
pressóricos altíssimos ou complicações graves relacionadas ao aumento da pressão.
Podemos classificar as crises em três situações específicas, veja só:
34 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Questão 05
(UFES - ES - 2020) Mulher de 65 anos, hipertensa, obesa, deu entrada no Pronto
Atendimento com cefaleia intensa, parestesias em membro superior direito e disartria.
Ao exame apresentava pressão arterial de 232x145 mmHg, ritmo cardíaco regular, discreto
papiledema bilateral, glicemia capilar de 144 mg/dL.
O tratamento inicial desta paciente deve ser:
✂ ✂ ✂ ✂
b) Nitruprussiado em infusão venosa.
Responder Comentário
7.1 Classificação
Pseudocrise hipertensiva
Situação em que ocorre aumento expressivo da pressão arterial (≥ 180/120 mmHg) devido
a uma causa tida como "artificial", ou seja, devido à dor ou estresse elevado, por exemplo.
Uma causa frequente é a cefaleia tensional. Muitos pacientes se apresentam na emergência
com cefaleia leve a moderada e hipertensão. Nesses casos, uma hipótese é o aumento
da pressão arterial devido à dor vigente.
Deve-se prescrever, para o tratamento da pseudocrise, a terapia para a causa básica, que, no
caso da dor, é a analgesia apropriada, por exemplo.
Urgência hipertensiva
A urgência hipertensiva é definida pelo aumento dos valores pressóricos em ≥ 180/120 mmHg,
em pacientes sintomáticos, mas SEM lesão progressiva de órgão-alvo (infarto, dissecção
aórtica, acidente vascular encefálico…) ou risco iminente de vida.
O tratamento dessa condição se baseia em anti-hipertensivos orais, objetivando a redução
em 25% nas primeiras 24 horas e normalização nos dias subsequentes. Repetindo, não há
necessidade da normalização dos níveis pressóricos para alta hospitalar do paciente que
chega com uma urgência hipertensiva na emergência.
35 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Emergência hipertensiva
Aqui, a definição não passa necessariamente por valores pressóricos específicos,
mas pela presença de lesão aguda e progressiva de órgão-alvo. Nesse caso, devemos
prescrever anti-hipertensivos parenterais, a fim de diminuir a pressão arterial média
(PAM = (PAS + 2 PAD)/3) em 25% na 1h e normalizar em 24-48 horas.
Esses valores se alteram de acordo com os guidelines e condição clínica específica, mas os
números apresentados são os mais usados nas provas, de uma forma geral.
Os principais eventos agudos nas emergências hipertensivas são:
• Infarto agudo do miocárdio (IAM): basta lembrar que o tratamento da hipertensão nesse
contexto deve ser feito, preferencialmente, com um anti-hipertensivo parenteral específico:
a nitroglicerina! Isso ocorre porque o nitroprussiato pode causar o fenômeno de "roubo
coronariano", piorando o prognóstico desse tipo de doente.
• Edema agudo de pulmão (EAP): o paciente apresenta dispneia com sinais de congestão
importante, estertores crepitantes bilaterais e possivelmente ortopneia. Lembre-se de
manter uma alta suspeição clínica, principalmente naqueles pacientes com disfunção
ventricular esquerda (insuficiência cardíaca congestiva). O tratamento é feito com morfina
(altamente discutida, cada vez mais as novas diretrizes desestimulam o uso dessa droga
no EAP, então cuidado nas provas!), diuréticos de alça (furosemida), nitroglicerina (tridil)
ou nitroprussiato e ventilação não invasiva (VNI). Tenha cuidado na prescrição do
nitroprussiato caso o EAP esteja relacionado a um IAM.
• Acidente cerebrovascular: temos uma aula especialmente sobre esse tema. Mas é importante
lembrar nesse momento que os valores pressóricos nem sempre podem e devem ser
reduzidos quando a emergência hipertensiva se tratar de um acidente cerebrovascular.
A explicação é dada pela existência daquela zona de penumbra, lembra?
Atenção: há bastante divergência na literatura quanto aos limites, mas memorize o seguinte:
36 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
37 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
38 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
TOP FIVE
Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou clique sobre ele para abrir a questão na plataforma.
Referências:
Barroso, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2020.
American Heart Association. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular
Care. 2017
39 ↺
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 01
40
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 02
Agora, outro ponto importante é avaliar o risco cardiovascular desse paciente. Podemos
utilizar o escore de Framingham (que fornece a pontuação de acordo com os fatores de
risco) para esse fim. Contudo, há situações que classificam os pacientes como alto risco
cardiovascular sem necessidade de escore, como diabéticos, HAS estágio III e lesões de
órgão-alvo (LOA) - coronariopatias, cardiopatias, doença cerebrovasculares, retinopatias,
nefropatias, doença arterial periférica.
O paciente não possui critérios que o classifiquem como tendo alto risco cardiovascular.
Logo, temos HAS estágio 1 com risco cardiovascular baixo ou moderado. E aqui vem o grande
CCQ para acertar a questão: indivíduos com hipertensão estágio 1 e risco moderado ou baixo
podem tentar terapia não medicamentosa por 3-6 meses, que envolve hábitos saudáveis,
como atividade física, dieta e a própria adequação do sono. Após esse período, reavaliamos
o paciente e a necessidade de instituir medicamentos (inicialmente em monoterapia).
Algo a mais: lembre-se dos anti-hipertensivos de primeira linha para o tratamento da HA:
IECA/BRA, diuréticos tiazídicos e bloqueadores de canais de cálcio.
Vamos às alternativas:
Alternativa A - Correta: Mudança de estilo de vida pode ser a medida inicial nesse caso.
Alternativa B - Incorreta: Não precisamos entrar com drogas nesse momento. Lembrando que
os tiazídicos seriam nossa escolha dentre os diuréticos (1ª linha de tratamento para HAS).
Alternativa C - Incorreta: Conforme discutido, não precisamos entrar com IECA - também
faz parte da 1ª linha de tratamento para HAS.
Alternativa D - Incorreta: Vários fatores podem contribuir com elevações da PA, como
estresse emocional e dor (inclusive, podendo resultar em pseudocrise hipertensiva).
Contudo, podemos dar o diagnóstico de HAS nesse paciente e devemos instituir o tratamento
imediatamente, mas não encaminhá-lo para outro especialista.
41
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 03
Vamos dar uma passada rápida nas principais características desses medicamentos?
1. IECA: são muito bons para nefropatas, IC com fração de ejeção reduzida e IAM
prévio extenso. O principal efeito adverso é a tosse seca e o angioedema (CCQs
fundamentais!). Devem ser evitados em gestantes, se o potássio estiver > 5,5, e na
presença de estenose bilateral das artérias renais.
2. BRA: muito semelhantes aos IECA no que tange a riscos e benefícios, no entanto,
têm menor efeito de tosse seca e angioedema. Um detalhe importante é que
nunca devemos utilizar BRA e IECA juntos.
3. BCC: ótima opção para pessoas negras. Seus principais efeitos colaterais são:
edema maleolar, dermatite ocre e cefaleia.
4. Diuréticos tiazídicos: são ótimos para pessoas negras e na presença de
hipercalciúria idiopática. Seus riscos são câncer de pele não melanoma, hipovolemia,
hiponatremia, hipocalcemia, hipomagnesemia, hiperglicemia, hiperlipidemia
e hiperuricemia. Sabemos que às vezes é chato e trabalhoso guardar efeito por
efeito, mas grave assim: “tiazídico baixa eletrólitos e sobe orgânicos”, que já ajuda
na memorização.
5. Betabloqueadores: são muito utilizados principalmente na presença de HAS
associada a cardiopatia isquêmica, arritmias e enxaqueca, podendo ser a primeira
escolha nesses casos. Seus riscos são de broncoespasmo, bradicardia; e são
contraindicados na asma, DPOC, intoxicação por cocaína e BAV de 2º e 3º graus.
6. Espironolactona: grave que é a 4ª escolha para associar na HAS resistente
(quando usamos três drogas de primeira linha não obtemos controle pressórico).
Tem risco de hipercalemia e ginecomastia.
7. Diurético de alça: ótimo para DRC com ClCr < 30 ml/min. Aumenta o risco de
hipovolemia.
8. Hidralazina e metildopa: são drogas utilizadas na gestação. A metildopa usada
é no tratamento crônico, e a hidralazina no tratamento das crises hipertensivas
da gestação.
42
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 03
Alternativa A – Correta: IECA são a primeira escolha? Sim! Então de cara já podemos pensar
nessa resposta. Mas será que temos alguma contraindicação a eles? Vejam que o potássio
está inferior a 5,5, não é uma gestante e não há nada que nos leve a pensar em estenose
bilateral de artérias renais. Além disso, o paciente possui uma creatinina logo acima do valor
de referência. Saiba também que os IECA e BRA são medicações nefroprotetoras e podem
reduzir o declínio da função renal.
Alternativa B – Incorreta: BCC são a primeira escolha e até poderiam ser utilizados.
Mas temos um indivíduo com creatinina elevada, o que, segundo a fórmula do CKDEPI (usa
creatinina e idade), faz um clearance de 64,1 ml/min/1,73 m². Logo, temos um nefropata,
e por isso, preferimos IECA ou BRA ao BCC.
Alternativa C – Incorreta: Vimos que betabloqueadores não são a primeira escolha,
e o indivíduo do caso não tem cardiopatia isquêmica, arritmias e enxaqueca, que justificariam
seu uso preferencial.
Alternativa D – Incorreta: Vimos que os tiazídicos sobem os "orgânicos". Veja que o paciente
tem ácido úrico, triglicérides e colesterol elevados, por isso, essa classe não é a ideal para
o caso.
43
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 04
A HAR é uma condição descrita por níveis tensionais altos apesar do tratamento com
3 classes de drogas anti-hipertensivas (sendo necessário 1 diurético tiazídico) ou 4 classes
de drogas anti-hipertensivas para o controle.
Vemos que nosso paciente atende a esses requisitos, pois se encontra com 3 drogas de
classes diferentes, incluindo um diurético, e a PA do indivíduo se encontra em 170x100 mmHg.
A nossa conduta aqui seria confirmar os níveis tensionais fora do consultório (pode ser uma
hipertensão do avental branco, por exemplo) e, se confirmado, partimos para o tratamento,
que é o CCQ da questão: a 4ª droga de escolha no tratamento da hipertensão arterial
resistente é a espironolactona.
Guarde esse CCQ! Ele gosta de aparecer em algumas provas. Agora, vamos às alternativas:
Alternativas A, B e C - Incorretas: Apesar de os níveis tensionais do nosso paciente estarem
bem elevados, ele não se encontra em uma crise hipertensiva, então não vamos encaminhá-lo
para uma unidade de emergência.
Alternativa D - Incorreta: Não temos indicação de ECG nem ecocardiograma, além de
que, como vimos, com o descontrole com 3 drogas, devemos agregar uma quarta droga,
a espironolactona.
Alternativa E - Correta: Exatamente! A conduta a ser feita no momento no nosso paciente.
44
Hipertensão arterial sistêmica
Comentário da Questão 05
45