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UN. 5.

ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS E IMUNOLÓGICOS DOS BIOFILMES DENTÁRIOS – Profa Renata – Cárie II - 31/08

Mecanismos de formação de biofilme I e II

 O que é biofilme?

Comunidades microbianas aderidas a superfícies abióticas ou viva, na qual os microrganismos


formam uma comunidade complexa estruturada por uma matriz extracelular; floresta tropical;

 Estrutura geral simplificada de biofilme:

(1) Superfície inerte ou viva;

(2) Fluído que banha os biofilmes (transporta microrganismos, nutrientes, metabólitos);

(3) Microrganismos em múltiplas camadas (organizados em sub-populações);

(4) Matriz extracelular (função estrutural, fisiológica e de defesa);

Os microrganismos podem crescer livres ou em biofilmes


Na natureza, ~ 99% dos microrganismos vivem na forma de biofilmes

 Características dos microrganismos em biofilmes:

1) Altamente resistentes a desinfetantes e antibióticos;

2)Em seres vivos: resistentes a fatores imunológicos;

3) Resistentes a estresses ambientais: condições “extremas” de pH, pressão osmótica,


temperatura, etc;
 O controle de microrganismos em biofilmes pelo sistema imunológico ou fármacos
antimicrobianos é MUITO difícil.
-Na forma livre (planctônica) é mais fácil de combater;
-Em biofilmes são resistentes;

Microrganismos em biofilmes são resistentes à ação dos anticorpos, do sistema complemento e


da fagocitose (opsonofagocitose)

-Os biofilmes do corpo humano são responsáveis por ~80% das infecções crônica (2008);

Exemplos:
-Cárie; Sinusite; Doença periodontal; Prostatite; conjuntivite;

As infecções crônicas por biofilme são resistentes e de difícil controle;

 O tratamento com antibióticos não elimina completamente microrganismos em biofilmes;

 Em biofilmes os microrganismos são mais resistentes, por quê?

1) Falhas na penetração de antimicrobianos;

2) Neutralização de antimicrobianos;

3) Menor atividade metabólica microbiana;

4) Fisiologia microbiana modificada: comunicação celular ↔ expressão gênica dinâmica;

 Como a fisiologia microbiana é alterada quando em biofilmes?

-Muitos genes de um microrganismo são expressos de forma dependente da forma de


crescimento: biofilme (produz o gene da luciferase que produz a bioluminescência) versus
planctônico;

 Muitos genes são ativados ou desligados com o aumento da densidade populacional e formação
de biofilmes.

A densidade populacional dos biofilmes promove ativação de genes “desligados” em


microrganismos livres;
-Alterações de expressão gênica auto-induzida: fenótipo de resistência a antibiótico

“Divisão de trabalho” entre membros da comunidade.

Os biofilmes funcionam como fontes de microrganismos “protegidos” para os fluídos que os
banham.

-O biofilme pode se desprender e causar infecções em outras partes do corpo;

As respostas imunológicas pró-inflamatórias no periodonto ao biofilme sub-gengival podem


contribuir para doenças sistêmicas;

 Mecanismos da associação entre doenças periodontal e inflamação sistêmica e suas possíveis


consequências:

 Biofilme no corpo humano


Consequência de biofilmes em humanos;

-Infecções persistentes locais e sistêmicas: bacteremias transitórias, embolia, infecções


secundárias.

 Ciclo de vida de biofilmes: principais fases de formação:

 Biofilme dental

-Comunidade complexa formada por múltiplas espécies microbianas;

-A placa dental é um biofilme que varia em composição dependendo do seu estágio de formação;
Mecanismos de formação de biofilme II

(1) Fase inicial: adesão/colonização;

-Em contato com o esmalte há uma camada hidratada de íons Ca++ e fosfato; à frente dessa, há
a película adquirida;
-A película adquirida é uma camada que fica sobre o esmalte formada por componentes da saliva
como glicoproteínas, proteínas ricas em prolina (Inibe a precipitação de íons; adsorvem a HA;
adesão de certas bactérias), alfa-amilase, IgAS, IgG e outros;
-Também a PA possui componentes de origem microbiana: enzimas/proteínas, ácidos teicóicos,
polissacarídeos;
-Em cima da película há o primeiro contato com microrganismos que se aderem na PA (por conta
dos componentes da película) com interações inespecíficas reversíveis (eletroestática,
hirofóbicas, van de Waals – fracas );

-Por serem fracas, as interações químicas reversíveis inespecíficas são insuficientes para que os
microrganismos colonizem os dentes;

PROVA
 Microrganismos primários ligam-se
diretamente na PA:

-são comensais e são benéficos;

-possuem adesinas de alta


afinidade;
-possuem baixo potencial patogênico

-Os microrganismos diferem quanto à capacidade de se ligar de forma estável à PA;


-Os microrganismos que expressam adesinas de superfície, são capazes de se ligarem à PA de
forma irreversível;
-Adesinas tem alta finalidade com a PA;
-Microrganismos secundários se ligam à adesinas dos microrganismos primários;

 Características comuns dos colonizadores primários:

(1) Adesinas de alta afinidade a componentes da PA;

-São microrganismos benéficos;

-Ligam-se na PA através de adesinas super específicas;

(2) Produzem enzimas que quebram anticorpos IgAS: IgA1-protease;

-Prozuem IgA1-protease que quebra anticorpos IgAS na porção proteica e desliga-se do


microrganismo;
 (2) Fase de maturação dos biofilmes dentários

-Mecanismo de sucessão microbiana;

(1) Sucessão mediada por adesinas e receptores;

-A espécie de estreptococos inicia a colonização da PA ( oralis, sanguinis, gordonii, mitis);

Colonizadores primários:

-Gram-negativos, anaeróbios facultativos;

-Placa supra-gengival;

Colonizadores tardios: aumento da diversidade de microrganismos;

-Geralmente são anaeróbicos facultativos e estritos e gram-negativos que se estabelecem no


sulco sub-gengival  poucos expostos à saliva e O2;

-Placa sub-gengival;
Com adesinas das bactérias e receptores da PA, há uma sucessão “ordenada” de espécies
durante a maturação do biofilme dentário;

 A ausência dos colonizadores primários inviabiliza a colonização por colonizadores secundários


 tardios;

-Em animais é inviável a indução de doença periodontal devido a falta de fatores para o
crescimento bacteriano;

(2) Síntese da matriz extracelular IMPORTANTE

-Matriz de polissacarídeos glucano;

-A matriz favorece o acúmulo de microrganismos;

 A matriz extracelular é composta por:

 Polissacarídeos extracelulares (PEC);

- Diversos tipos de exopolissacarídeos;

 DNA extracelular (DNAe)

- Amilóide (fibras proteicas)

 Outros componentes:

- proteínas (enzimas secretadas);

- lipídeos;
 A composição da matriz varia em função dos tipos de microrganismos dos biofilmes e das
condições ambientais.

 Os polissacarídeos do biofilme dental podem diferir quanto à composição, estrutura e quanto


às propriedades biológicas;

Diferenças de propriedade:

-Solubilidade;
Varia: porosidade, estabilidade e estrutura
- Carga (catiônica, aniônica ou neutro); diante das diferenças de propriedades.

- Mecanismos de adesão a microrganismos;

 Os biofilmes apresentam “sistema circulatório ancestral” a porosidade da matriz


extracelular permite a difusão de fluídos;

-Mais de 90% do volume da matriz extracelular de biofilmes é composto de água;

 Biofilme de múltiplas espécies:

-No interior do biofilme as bactérias são dormentes ou muito poucas atividas;

-Os gradientes de O2, nutrientes, pH, etc, promovidos pelo aumento da biomassa dos biofilmes
afetam o metabolismo e a proporção dos tipos microbianos do biofilme;

-O gradiente de nutrientes: sobre a superfície há mais nutrientes;

 Principais funções da matriz extracelular de biofilmes


-Função estrutural;

-Facilita a difusão de nutrientes e metabólitos;

-Reserva extracelular de açúcares e outros nutrientes;

-Proteção contra fatores do hospedeiro e agentes antimicrobianos;

-Reserva de genes “uteis” e substâncias sinalizadoras.

(3) Interações metabólicas microbianas:

Fase de maturação dos biofilmes dentários: interações competitivas entre espécies;

A competitividade é modulada pelas pressões ambientais do sítio do hospedeiro;

-Mecanismos de competitividade;

-Exemplo de interações competitivas (antagonístucas);


-A espécie SS tem maior afinidade pela PA; tbm produz peróxido de hidrogênio para atacar a SM;
a mutans por sua vez cresce melhor na presença de sacarose produzindo glucanos insolúveis
( para se ligar e aumentar sua proporção), produz ácido lático e bacteriocinas para inibir a SS;

Exemplo de comunicação: quórum-sensing

Os sinais químicos de quórum-sensing são peptídeos ou feromônios que se ligam a receptores
da superfície de uma ou mais espécies microbianas;

+Genes (funções) regulados por quórum-sensing;

I)De resistência a estresses ambientais;

-Resistência a substâncias antimicrobianas;

-Variações nas condições biofísicas (baixo pH, alta pressão osmótica);

-Irritação de nutrientes

II) De competência (transformação);

III) Morte celular auto-induzida

IV) Dispersão;
Aula do dia 14/09

Modulação da cariogenicidade na desmineralização dentária

-Pode-se adquirir microrganismos com alto poder cariogênico;

-Cárie: pode-se dizer que é uma doença microbiana causada por uma disbiose;

 História natural da espécie S. mutans;

 A competitividade entre espécies é modulada pelas pressões ambientais do sítio


 Fatores etiológicos da cárie dentária: pri

 O grau de disbiose e a influência dos fatores moduladores influenciam na


severidade das manifestações da cárie dentária;

 Características de um biofilme cariogênico:

-Mantém o pH local inferior ao pH crítico de desmineralização dentária por


maior tempo.

 O consumo de sacarose associado a outros carboidratos fermentáveis favorece


microrganismos cariogênicos.

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 S. mutans expressam um conjunto de funções promotoras de biofilmes
disbióticos cariogênicos;

Fatores de virulência:

-Síntese de matriz robusta e estável de polissacarídeos a partir da sacarose


exclusividade da espécie;

-Produção de ácidos a partir de diversos açúcares (acidogenicidade)  partilhada por


outras espécies do biofilme;

-Tolerância e metabolismo ativo sob pH ácido (aciduricidade);  partilhada por outras


espécies do biofilme;

É um patógeno chave;

 Síntese de matriz extracelular robusta e estável a partir APENAS DE SACAROSE;

-S mutans em meio com sacarose produz um biofilme resistentes;

-Prova

 S. mutans sintetiza diversos tipos de polissacarídeos, incluindo-se glucanos


altamente estáveis e insolúveis.

-O glucano só pode ser produzido a partir de sacarose;


 As Gtfs são essenciais para a agregação bacteriana.

 As Gtfs permitem a formação de biofilmes de grande biomassa; ação de


anticorpos;
 Quais as reações catalisadas pelas Gtfs de S. mutans: funcão

 Os glucanos sintetizados pelas diferentes Gtfs (GtfsB, GtfsC e GtfsD)


variam em solubilidade e estabilidade;

-PROVA

 Não basta sintetizar os glucanos, é preciso ligar-se a eles;

Proteínas ligadoras de glucano (Gbp);


 As Gtfs e Gbps são essenciais para que a S. mutans forme biofilmes com
maior biomassa:

21/09
-A cárie dentária é uma doença microbiana promovida pela disbiose do
biofilme dentário;
-Streptococcus mutans expressa diversas funções promotoras de biofilmes
disbióticos cariogênicos.

 Os PEC insolúveis dificultam a neutralização do pH no interior do biofilme


supragengival;
Exemplos do efeito do pH local no crescimento de diversas espécies dos
biofilmes dentários;

 Microambientes com pH reduzido no biofilme promovem a emergencia de


microrganismos acidogênicos e ácidos-tolerantes;

 Fontes de carboidratos utilizados por microrganismos de biofilme


cariogênicos: deita + matriz extracelular + reservas intracelulares;
 Metabolismo de carboidratos: resumo das vias do catabolismo da glicose;

-Principal ácido produzido é o ácido láctico, mas outros ácidos são prodzudios
dependendo do substrato;

 Catabolismo de outros açúcares e compostos orgânicos:

 Metabolismo
fermentativo de
açúcares por espécies bacterianas sacarolíticas dos biofilmes supra-
gengivais;

1) Sistemas de transporte e fermentação de monossacarídeos, dissacarídeos


e trissacarídeos;

,............................................

 Metabolismo fermentativo de açúcares por S. mutans


1) S. mutans expressa sistemas de transporte e fermentação de grande
variedade de açúcares simples; Seu principal produto é o ácido láctico;

2-3) Síntese e utilização de reservas extracelulares e intracelulares de


carboidratos
(2) Síntese e uso de polissacarídeos extracelulares solúveis (PECs)
(3) Síntese e uso de poçissacarídeos intracelulares (PICs)

-Reservas em períodos de excesso para o uso em períodos de escassez:


adaptação a estresses
(2) Reservas extracelulares: PECs solúveis produzidos por S mutans

-Precisa de hidrolisar os glucanos solúveis para a S. mutans armazenar dentro


da célula; A enzima dextranase (dexA) quebra os glucanos;

(3) Reservas intracelulares: PICs


-PIC: Polímeros de glicose (unidades alfa 1,4 e ramificaçãp alfa 1,6
 Resumo dos fatores que aumentam o potencial acidogênico de S. mutans:

 Papel de Streptoccos mutans e outras espécies acidogênicas no potencial


cariogênico do biofilme supra-gengival;

 Mecanismos de tolerância a ácidos de S. mutans e outras espécies ácido-


tolerantes;

-Exemplo 1: Tolerância ao estresse ácido (resiste a pHs < 4,0);


-expressão de proteínas de resposta a estresse (ex: chaperonas são
produzidos);
-Exemplo 2: mecanismos de bombeamento de H+ para o meio externo;
-Sistema ATPase:
Bombeamento de prótons para o meio extracelular (no sentido inverso)

 Shift microbiano durante a maturação de biofilmes cariogênicos;


 Com o estabelecimento de biofilme cariogênico, há redução na
diversidade microbiana de biofilmes, pois só sobrevivem espécies
acidogênicas;

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