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GD II

1 – a) Cite os benefícios da interação simbiótica microbioma-hospedeiro.


O microbioma desempenha importante papel na fisiologia e saúde do hospedeiro.
Nesse caso, uma interação simbiótica garante a manutenção do estado saudável e
harmonioso do hospedeiro, visando proteger sua saúde e prevenir doenças. Mantém
o sistema digestivo saudável, confere resistência a colonização por patógenos,
regula o sistema Cardiovascular, possui atividade anti-inflamatória e suporta funções
de defesa do hospedeiro. Alguns dos exemplos a baixo:

2 – Conceitue: microbioma, relação simbiótica microbioma-hospedeiro e


holobionte.
=Microbioma é a soma dos micróbios, suas informações genéticas e o ambiente em
que eles interagem.
=Relação simbiótica microbioma-hospedeiro refere-se a espécies de
microrganismos vivendo juntos em uma relação de longo prazo.
= Holobionte é o conjunto de organismo hospedeiro e seus habitantes microbianos
simbióticos.

3 - Considerando a existência de um Projeto de Microbioma Humano, discuta


a importância da biologia molecular no estudo do microbioma oral e
correlacione com a prática clínica odontológica.
O Projeto de Microbioma Humano tem por objetivo caracterizar e analisar as
comunidades microbianas encontradas em vários locais do corpo humano,
sequenciar o genoma microbiano e elucidar a relação entre certas doenças e as
mudanças nestas comunidades de microorganismos. Em relação ao estudo do
microbioma oral, em especial, a aplicação desses novos métodos de cultivo,
juntamente com abordagens emergentes de biologia molecular e bioinformática,
beneficiam a compreensão do microbioma oral (simbiose e disbiose), auxiliando no
desenvolvimento de estratégias interventivas eficientes para manter a saúde oral e
no direcionamento de doenças no futuro.

4 – Explique a importância do conhecimento das interações


microbioma-hospedeiro (holobionte) na prática clínica odontológica.
O conhecimento das interações microbioma-hospedeiro é fundamental para que o
profissional saiba distinguir o normal do patológico. Mais ainda, é necessário
conhecer tais interações para saber como lidar com situações patológicas graves e
prever possíveis complicações bucais e/ou sistêmicas, permitindo diagnósticos
rápidos, com maior nível de precisão e noção de abordagens mais cabíveis a cada
situação e a cada paciente em específico.

5- Cite pelo menos 4 principais fatores que influenciam a


composição/comportamento do microbioma oral.
-fluxo salivar(fluxo normal ou diminuição); há neste caso diminuição do fluxo salivar
que por consequência diminui a proteção de estruturas da cavidade oral contra
bactérias diversas condições clínicas que propicia o desenvolvimento de pode
favorecer a adesão e proliferação bacteriana
-uso de tabaco, bebidas ácidas; Isso também tem sido um fator importante nas
mudanças no equilíbrio da composição do microbioma bucal. Nos tempos de hoje o
consumo excessivo de bebidas ácidas e açúcar refinado ou fumar cigarro tem mais
impactados no ecossistema bucal, levando a doenças como cárie e doença
periodontal
-Dieta; podendo tornar o ambiente propício a colonização, através da ingestão de
alimentos cariogênicos(com alto índice de açúcar, carboidratos)
-uso de antibiótico;pois além de destruir a bactéria patogênica,essa pode destruir a
microbiota normal da cavidade bucal.

6– O que é biofilme dental?


-D​efine uma comunidade microbiana séssil de micróbios caracterizada por células
que estão ligadas a uma superfície ou entre si, e incorporadas em uma matriz de
substâncias poliméricas extracelulares,​firmemente aderida.

7 - Defina Quorum sensing e explique como este mecanismo pode justificar a


dinâmica e organização do biofilme dental.
Processo em que as bactérias dentro de um biofilme podem se comunicar umas
com as outras, produzindo, detectando e respondendo a pequenas moléculas.
Refere-se à modulação da expressão gênica da bactéria a partir de um aumento na
concentração de moléculas (dada por outras células) responsáveis pela sinalização
de uma determinada taxa que vão induzir uma resposta a partir dessa alteração na
expressão gênica. Conferindo assim, benefício para a colonização do hospedeiro,
formação de biofilme, defesa contra concorrentes e adaptação a mudanças do
ambiente.

8 – Explique as etapas de formação do biofilme desde o nascimento e


destaque os fatores anatômicos ou fisiológicos do hospedeiro que contribuem
para a formação e manutenção deste biofilme não associado a doenças.
A cavidade oral do bebê recém-nascido torna-se rapidamente colonizada por
bactérias. Com a erupção dos decíduos mais organismos colonizam a superfície
dental e a gengiva. Nessa fase, as ​bactérias se ​aderem ao dente, formando uma
fina película​. As bactérias colonizadoras reconhecem proteínas dessa película e
aderem-se à superfície através de adesinas, formando microcolônias distintas que
permitem uma mudança no meio e consequente adesão de outras espécies
bacterianas, aumentando a diversidade bacteriana concomitantemente ao biofilme
até se tornar maduro.
Depois ocorre o quorum sensing e maior desenvolvimento do biofilme que é
incentivada pela secreção de autoindutores. O microbioma bucal de crianças
torna-se complexo com o avançar da idade e com as alterações da cavidade oral.
A​s atmosferas anaeróbias e aeróbias e a alteração do habitat microbiano oral desde
o nascimento até a vida adulta auxiliam na formação e desenvolvimento do biofilme.

FATORES ANATÔMICOS OU FISIOLÓGICOS CONTRIBUINTES: A presença de


fissuras oclusais, mal alinhamento dentário e restaurações de má qualidade (que
levam à infiltração) são fatores anatômicos do hospedeiro que, considerando como
regiões de retenção/acúmulo nos dentes, podem levar a uma maior concentração
bacteriana. A saliva é um importante fator fisiológico, pois fornece nutrientes e
condições de pH para crescimento microbiano. Além disso, a modificação do fluxo
salivar aumenta a suscetibilidade do indivíduo para o desenvolvimento de doenças
orais.

9 - Conceitue disbiose.
Disbiose é o estado alterado da ecologia microbiana na cavidade oral ou trato
gastrointestinal. Condição na qual a estrutura populacional normal do microbioma é
perturbada saindo de seu equilíbrio, seja por fatores ambientais, comportamentais
ou genéticos.
Num microbioma disbiótico, pode-se observar uma alteração na composição e
função da comunidade microbiana residente, normalmente associada ao
supercrescimento de microrganismos com maior potencial patogênico. O
microbioma oral, em particular, constitui um exemplo clássico de microbiota
anfibiôntica. É um dos mais dinâmicos e diversificados microbiomas do organismo
humano devido à grande variedade de nichos ecológicos e superfícies distintas de
colonização presentes na cavidade bucal. A disbiose do microbioma oral pode levar
a doenças orais bastante prevalentes, como a cárie e as doenças periodontais.
.
10-Explique o modelo de disbiose proposto na figura 5.
Na saúde, a maioria das bactérias têm uma relação simbiótica com o hospedeiro
(microorganismos representados em verde), bactérias potencialmente cariogênicas
ou periodontopáticas (em vermelho) foram detectadas em locais saudáveis em
níveis baixos, os quais seriam irrelevantes para a clínica. Já na doença, há um
aumento ou diminuição das bactérias cariogênicas ou periodontopáticas, podendo
haver uma alteração de comportamento da microbiota promovendo um aumento da
biomassa (na gengivite). Para que isso ocorresse, seriam necessárias mudanças
nas condições ambientais locais (fumo, diabetes, antibióticos, diferenças genéticas -
grande pressão ecológica), o que alteraria a competitividade das bactérias dentro do
biofilme e selecionaria as espécies mais adaptadas ao novo ambiente. Os fatores
que conduzem essa seleção precisam ser reconhecidos e tratados para uma
prevenção adequada e consistente da doença.
11 - Sobre a Hipótese Ecológica da Placa responda:
a) A diferença entre ela e a Hipótese da Placa Específica e a da Placa
Inespecífica.
a hipótese ecológica da placa diz que a doença periodontal surge devido à interação
dos fatores ambientais (extrínsecos), microbioma oral e hospedeiro (intrínsecos),
aliado à seleção de bactérias patogênicas. Logo, essa hipótese possui uma linha de
raciocínio multifatorial
A hipótese da placa inespecífica prega que a origem da doença periodontal é a
presença placa subgengival independente das espécies de bactérias que estão no
local, seu tratamento é a raspagem sub-gengival e controle do acúmulo da placa
bacteriana
A hipótese da placa específica acredita que independente da quantidade de placa
subgengival, alguns periodontopatógenos específicos que levarão a formação da
Doença Periodontal, o que fortalece essa hipótese é que na periodontite agressiva a
quantidade de placa subgengival é pequena, porém a progressão é rápida devido á
presença de sua bactéria específica.

b. Por que é a mais adequada no contexto da disbiose?


Por ser a única que considera os fatores intrínsecos e extrínsecos aliado ao conceito
de disbiose, tendo em vista que a disbiose é o aumento ou diminuição de
determinados patógenos, além disso essa hipótese busca cercar todas as causas
relacionadas à Doença Periodontal.

c. Se a Porphyromonas gingivalis é considerada o patógeno-chave na


Periodontite Crônica, por que o modelo mais aceito atualmente é o da
Hipótese Ecológica da Placa e não o da Hipótese da Placa Especifica.
Justifique com base na aula de Imunologia da Periodontite e no artigo
Periodontitis: from microbial immune subversion to systemic inflammation.
George Hajishengallis (2015).

Embora P. gingivalis possua capacidade de causar periodontite diretamente em


modelos animais, sabe-se que a periodontite induzida por P. gingivalis requer a
presença da microbiota comensal além de fatores genéticos e ambientais do
hospedeiro. Neste contexto, a P. gingivalis - embora presente em uma baixa
freqüência - é patogênico devido à sua capacidade de induzir comunidades
microbianas disbióticas, e assim agir como um patógeno.
Se tomarmos como exemplo um animal germ-free, que é ausente de
microbiota, na tentativa de induzir uma periodontite introduzindo P.gingivalis, ele
não terá a doença, pois ela só contribui à patogenia em conjunto, através de
interações, precisa de microbiota e sistema imune.

12– Explique o modelo de interação microbioma-hospedeiro que leva à


gengivite e à periodontite conforme a figura 7.
A Figura 7 mostra um contemporâneo modelo de interações hospedeiro-micróbio na
patogênese da gengivite e periodontite. O Acúmulo de biofilme desencadeia
gengivite; no entanto, a presença de biofilme sozinho não é suficiente para avançar
para a periodontite. Reconheceu-se que interações complexas entre mediadores da
resposta imune e os biofilme são requisitos necessários que levam à progressão da
doença de gengivite para periodontite.
A saúde clínica assume algumas alterações inflamatórias leves que são
proporcionais à manutenção de microbiota periodontal "promotora de saúde"
residente. A relação é simbiótica, com o hospedeiro vivendo
harmoniosamente com seus micróbios. No entanto, se o biofilme for acumulado e
não for regularmente perturbadas / removidas, certas bactérias patogênicas são
capazes de emergir e uma "disbiose incipiente" se desenvolve. Por exemplo,
Porphyromonas gingivalis requer ferro e pode começar a estabelecer e contribuir
para a disbiose, porque à medida que a inflamação local aumenta, ela fornece ferro
advindo do sangramento gengival. Na gengivite, a resposta do hospedeiro
permanece proporcional, mas devido à maturação biofilme, a inflamação associada
não resolve tão facilmente e se torna crônica, apoiando a disbiose. Dependente de
vários fatores de risco genéticos, ambientais e de estilo de vida, alguns pacientes
suscetíveis evoluirão para periodontite. Este último é impulsionado pela
desproporcional resposta imune inflamatórias exagerada do hospedeiro que causa
a maioria dos danos no tecido, dirigindo a uma disbiose com resolução falhada da
inflamação destrutiva crônica. Um ciclo vicioso se desenvolve e sustenta o
desequilíbrio, mas a simbiose pode ser restaurada de forma regular e completa.

13-A disbiose sempre leva à periodontite? Responda com base na figura 7


deste artigo e no Box 1 do artigo Periodontitis: from microbial immune
subversion to systemic inflammation. George Hajishengallis (2015).
A Figura 7 mostra um contemporâneo modelo de interações hospedeiro-micróbio na
patogênese da gengivite e periodontite. O Acúmulo de biofilme desencadeia
gengivite; no entanto, a presença de biofilme sozinho não é suficiente para avançar
para a periodontite. A periodontite tem uma etiologia complexa que atua em
múltiplos níveis:
ao nível microbiano - com base na presença de comunidades microbianas
disbióticas com potencial para inflamação destrutiva;
ao nível do hospedeiro, com base em fatores genéticos que podem predispor ou
proteger da doença;
ao nível dos fatores ambientais e do estado de saúde sistêmico que modificam a
resposta do hospedeiro na direção protetora ou destrutiva.
Consequentemente, a disbiose por si só pode não necessariamente precipitar a
periodontite, mas pode iniciar a doença no contexto de outros fatores de risco
associados ao genótipo do hospedeiro, estresse, dieta ou comportamento
relacionado ao risco, como o tabagismo. Por exemplo, pode haver indivíduos que
possam tolerar a disbiose em virtude de seu status imunoinflamatório intrínseco;
Polimorfismos hiporresponsivos ou de falta de função em genes de resposta imune
poderiam atenuar a inflamação e prevenir o desenvolvimento de doença manifesta.
A disbiose bacteriana levará apenas à doença em hospedeiros suscetíveis, pois há
indivíduos que permanecem periodontalmente saudáveis, apesar da formação
maciça de biofilme associado a dente, enquanto outros com menos acúmulo de
biofilme são extremamente suscetíveis à periodontite. Embora uma base genética
para a periodontite seja apoiada por estudos de gêmeos e agregação familiar de
formas graves da doença, a periodontite crônica é uma doença poligênica, na qual
múltiplos genes contribuem cumulativamente para o risco geral da doença (ou
proteção), influenciando a resposta imune do hospedeiro e a composição e estrutura
da microbiota.

14-​-​ O modelo da figura 7 evoluiu do modelo clássico de Page & Kornman


(1997)
Já o modelo de Page & Kornman foi derivado de dois outros modelos
anteriores (A – modelo linear, que tem a placa bacteriana como principal
agente etiológico e B – modelo da década de 80, que enfatiza o papel da
resposta imuno-inflamatória do hospedeiro).
a)Baseado em todos estes 4 modelos(incluindo o da figura 7), quais seriam os
principais alvos de terapias para cada um deles? Justifique.

No modelo linear (A), toma-se a placa bacteriana como agente etiológico e a vê


como somente um sinal clínico e o tratamento de retirada da placa se mostra
suficiente diante dessa visão limitada, sendo o alvo a própria placa, ou seja, a
própria microbiota.

No modelo da década de 80 (B), ao se adicionar o componente da resposta


imuno-inflamatória, indica que o hospedeiro monta uma resposta para a microbiota,
mas se há sinal clínico, significa que essa relação é desproporcional e então
deve-se intervir com antibióticos específicos, além da retirada da placa em si, sendo
o alvo ainda a microbiota, mas dessa vez pode se usar anti-inflamatórios para agir
sobre o sistema imune.

No modelo de Page & Kornman (C) já se reconhece a presença de fatores


ambientais, adquiridos e genéticos alterando essa patogênese, sendo o alvo de
tratamento a retirada desses fatores de risco (parar de fumar, de beber, tratar
diabetes, hipertensão). Outra alteração no esquema é a alteração do tecido
conjuntivo e tecido ósseo, então pode-se usar também moduladores do metabolismo
ósseo (bisfosfanato) e inibidores de metaloproteases.

No modelo atual (D) que considera a disbiose oral como o fator determinante,
tornando o objetivo do tratamento o restabelecimento da simbiose, aumentando a
presença de bactérias boas através da ingestão de prebióticos e probióticos. Além
disso, recomenda-se a retirada dos fatores de riscos modificáveis como uso de
cigarro e álcool que potencializam a suscetibilidade do indivíduo para a progressão
da periodontite. Outra coisa que pode mudar é na resolução, que na periodontite
está ocorrendo uma inflamação crônica que não vai ser resolvida, mas eu posso
usar resolvinas e lipoxinas. Então nesses casos, os alvos seriam a retirada dos
fatores de risco, o restabelecimento da simbiose e a modificação da resolução.

b) Exemplifique terapias possíveis para cada alvo identificado.

No modelo de Page & Kornman (C) já se reconhece a presença de fatores


ambientais, adquiridos e genéticos alterando essa patogênese, sendo o alvo de
tratamento a retirada desses fatores de risco (parar de fumar, de beber, tratar
diabetes, hipertensão). Outra alteração no esquema é a alteração do tecido
conjuntivo e tecido ósseo, então pode-se usar também moduladores do metabolismo
ósseo (bisfosfanato) e inibidores de metaloproteases.

No modelo atual (D) que considera a disbiose oral como o fator determinante,
tornando o objetivo do tratamento o reestabelecimento da simbiose, aumentando a
presença de bactérias boas através da ingestão de prebióticos (substrato para o
bom funcionamento das bactérias benéficas da microbiota) e probióticos (bactérias
boas). Além disso, recomenda-se a retirada dos fatores de riscos modificáveis como
uso de cigarro e álcool que potencializam a suscetibilidade do indivíduo para a
progressao da periodontite. Outra coisa que pode mudar é na resolução, que na
periodontite está ocorrendo uma inflamação crônica que não vai ser resolvida, mas
pode-se usar resolvinas e lipoxinas. Então nesses casos, os alvos seriam a retirada
dos fatores de risco, o reestabelecimento da simbiose e a modificação da resolução.

Nesses dois esquemas, outra terapia, dessa vez preventiva, recomendada é o


controle da higiene bucal adequado, para que não haja um favorecimento da
microbiota sobre o sistema imune e cause um desequilíbrio indesejado e então uma
disbiose.

Perguntas referentes ao artigo: Periodontitis: from microbial


immune subversion to systemic inflammation. George
Hajishengallis (2015) e aula Imunologia da Periodontite.
Consulta - Livros: Immunologia Celular e Molecular – Abbul
K. Abbas ou Imunobiologia de Janeway

15-Analisando as figuras abaixo, discuta como as


gingipainas de Porphyromonas gingivalis influenciam:

a) o funcionamento dos macrófagos (à esquerda)


§Em macrófagos o reconhecimento da P.g ocorre através do receptor TLR-2. Com
isso a ação microbicida do macrófago será afetada, devido à enzima sintatese de
óxido nítrico induzível (INOS) ser inibida. A falta de produção de INOS impedirá a
eliminação do patógeno mesmo após a sua fagocitose pelo macrófago, também
ocorrerá uma interação da P.g com o receptor C3R que impedirá a produção e
liberação de IL-2 por ele, citocina necessária para ativar a resposta imune, fazendo
com que não haja células suficientes para a eliminação da P.g.
Outra consequência dessa sinalização é o aumento de citocinas inflamatórias,
contribuindo com a proliferação de P.g e destruição tecidual no local.

b) o funcionamento dos neutrófilos (à direita)


O neutrófilo é o leucócito recrutado mais comum em casos de comprometimento da
placa subgengival.
A fagocitose por parte dos neutrófilos é inviável pois:

o Ocorre a liberação de gingipains


o Interação da P.g com receptor TLR-2
o Quebra de C5 em C5a para citoesqueleto que inibe a enzima
RHOA, tornando assim a fagocitose inviável.

c) as consequências de suas ações para a


diferenciação dos subtipos de THs (TH1, TH2, TH17, Treg)
A diferenciação de células T naive para as respectivas vias T helper se dá através
de uma combinação de citocinas liberadas durante a resposta imune. Uma resposta
favorável ao processo de periodontite corresponderia a via Thelper 1, diferenciação
esta estimulada pela IL-12,mas a ação de gingipains inibe a liberação de IL-2,
impedindo a via Thelper.
A via TH1 da lugar à via TH17, pois o foco de inflamação apresenta citocinas
necessárias a este processo de diferenciação. A presença de citocinas também
converte a diferenciação de TREG para TH17 pelo TGF-beta associado.
A falha no ato da fagocitose e eliminação, provocada por ação das gingipains da
P.g, por macrófagos e neutrófilos, implicará na produção extensa de IL-17,
favorecendo o processo inflamatório sem efetivação microbicida.

d) as consequências de suas ações nas respostas


inflamatórias
Devido à ligação ao receptor TLR-2 por parte dos macrófagos, ocorre um
desequilíbrio das funções dos componentes que favorecem a liberação de citocinas
a favor da destruição tecidual pelo processo inflamatório que não será capaz de
eliminar o P.g, ao contrário, esse produto da destruição tecidual servirá de subsídio
para o desenvolvimento do P.g.

16. Com base no artigo, doenças sistêmicas podem ser


induzidas ou exacerbadas pelas bactérias da
microbiota oral patogênica. Cite quais doenças sistêmicas poderiam
ter envolvimento na microbiota oral na sua
etiopatogênese
Apenas citar: ​Artrite reumatóide, eventos cardiovasculares relacionados à
aterogênese tanto por bacteremia direta, indireta, ou por inflamação/resposta
exacerbada desenvolvida pelo fígado, complicações respiratórias como pneumonia
aspirativa e doença pulmonar obstrutiva crônica, complicações fetais.

17. Utilizando a figura 3 do artigo, explique os mecanismos


biologicamente possíveis de ligação entre a periodontite
e as inflamações sistêmicas.
pode gerar eventos cardiovasculares, uma vez que, pode causar bacteremia quando
adentrar a corrente sanguínea a partir das ulcerações da bolsa periodontal, ou por
meio da promoção de uma inflamação sistêmica aguda , produzindo assim, TNF-alfa
e interleucinas IL-6 e 1beta, as quais atuarão no fígado, podendo ainda produzir a
aterogênese, ou ainda induzir uma inflamação sistêmica através da infecção do
intestino, por endotoxemia, isto é, a absorção de endotoxinas como o LPS (pirógeno
endógeno) da parede celular de bactérias gram-negativas por meio da maior
permeabilidade da parede intestinal, que foi estimulada por sua inflamação durante
a competição entre a Pg e a microbiota residente. Essas endotoxinas só são
liberadas quando bactérias gram negativas morrem.(a bactéria é capaz de
sobreviver no interior de macrófagos) A periodontite também pode ocasionar
malformações fetais, nascimento prematuro ou reduzir o peso da criança ao
nascimento, isso, porque os patógenos gengivais podem ultrapassar a barreira
placentária e chegar ao fluido amniótico, ou ainda, mesmo na corrente sanguínea,
podem, por meio de mediadores inflamatórios, causar uma fase de resposta aguda,
ocasionando complicações fetais e placentárias. Pode provocar também a artrite
reumatóide, por indução de formação de imunocomplexos. Induz complicações
respiratórias, como a pneumonia aspirativa, por meio de aspiração de fragmentos do
biofilme, cujas bactérias sinergistas causam uma inflamação semelhante à que
provocam no tecido periodontal, ou ainda, a doença pulmonar crônica obstrutiva, na
qual está envolvida a P. aeruginosa, capaz de penetrar o epitélio respiratório
(capacitada pela P. gingivalis) e modular a capacidade de indução de apoptose
dessas células. (checar com a profª acréscimo da resposta anterior)

18. Explique de que forma ocorre o processo de


aterogênese induzido pela microbiota oral disbiótica. Utilize a
figura 4 para orientar o raciocínio sobre a patogênese do
processo
O processo aterogênico tem seu início após a bacteremia instalada. A microbiota
oral desbalanceada induz a formação de bolsas periodontais e ulcerações gengivais,
porque a ação de fatores de susceptibilidade do hospedeiro faz com que
microrganismos antes não patogênicos ao ambiente, tornem-se prejudiciais. As
bactérias penetram essas ulcerações e adentram a corrente sanguínea,
instalando-se assim, a bacteremia.
A bactéria é capaz de ligar-se a C3b, que possui um receptor compatível nas
hemácias (eritrócito), o CR1 e, dessa forma, as bactérias são carreadas por
hemácias na corrente sanguínea até que alcancem o endotélio.
São capazes também, de invadirem a célula endotelial e atravessarem a camada
celular mais interna sem serem reconhecidas, alcançando então, a camada/túnica
média do vaso.
Também podem adentrar na camada média por indução da sua fagocitose por
leucócitos (glóbulos brancos) e marginação leucocitária pela estimulação da
liberação de quimiocinas e ativação do endotélio. Esses leucócitos não reconhecem
a bactéria, que acaba chegando à túnica média sem ser reconhecida.
A presença das bactérias na túnica média implica em multiplicação das células
musculares lisas e sua migração para a camada íntima, por mediadores
inflamatórios e atração de moléculas lipídicas (principalmente o LDL), que em alta
concentração são oxidadas, formando radicais livres e que vão se acumulando
agregadas a proteoglicanos na camada média;
também estimula a expressão de moléculas de adesão leucocitárias na superfície
endotelial, que provocam a migração de monócitos (precursores dos macrófagos) e
linfócitos, que aderem à parede endotelial, realizam diapedese entre as junções
celulares e se acumulam no espaço subendotelial. Esses lipídios são acumulados
no interior dos macrófagos, que são denominadas células espumosas, importantes
para a formação do ateroma e as células musculares lisas produzirão matriz
extracelular, podendo também agir como fagócitos. Células mielóides (neutrófilos) e
linfócitos produzem colagenases e metaloproteinases.
A ruptura da placa ateromatosa é vinculada à maior indução de produção de
metaloproteinases (diretamente ou através da indução de auto-anticorpos
pró-tromboticos), que fragilizam a membrana basal e facilitam a ruptura e exposição
do ateroma à luz do vaso, causando ativação e agregação plaquetária e ativação de
auto-anticorpos.

19 - Descreva a etiopatogênese da artrite reumatóide envolvendo a microbiota


oral patogênica. Utilize a figura 5 para explicar os principais mecanismos
propostos.
A infecção por ​P. gingivalis leva à citrulinação de proteínas bacterianas e/ou
humanas pela enzima PPAD ou PAD humana (ou ambas) durante a periodontite.
Em indivíduos geneticamente suscetíveis, há a apresentação de antígenos a células
T. Essas células estimulam a produção de anticorpos não-citrulinados (ACPA) pelas
células B. Um segundo evento inflamatório ocorre na articulação, os ACPA
produzidos ligam-se as proteínas citrulinadas e formam imunocomplexos que ao
ativar receptores do complemento ou Fcy (FcyRh), podem mediar à inflamação
sinovial local.

20 - Nas duas doenças em questão: periodontite e artrite reumatóide, ocorre


reabsorção óssea. Quais respostas imuno-​​inflamatórias explicam a perda
óssea nestas doenças?
A ​P. gingivalis além de diminuir a quantidade de Th1, estimula as células a
produzirem citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6 e TNF). Essas citocinas estimulam
Th17, que produz IL-17, que por sua vez aumenta a expressão de RANK-L. A
RANK-L é o ligante de RANK, que consiste num receptor de superfície celular
expressa por células precursoras do osteoclasto. Quando é estabelecida uma
interação RANK/RANK-L ocorre a diferenciação e ativação dos osteoclastos
promovendo uma reabsorção óssea local. Além disso, os elevados índices de IL-1,
IL-6 e TNF também resultam na ativação dos osteoclastos.
A OPG é uma citocina que também se liga à RANK, porém ela tem efeito contrário
ao da RANK-L, ela inibe a diferenciação dos osteoclastos. Portanto, RANK-L e OPG
formam um sistema de controle de remodelação óssea. Nos processos inflamatórios
da periodontite e da artrite, a razão RANKL/OPG pende para o lado de RANK-L com
consequente perda óssea.

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