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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU

MICROBIOLOGIA ORAL

MECANIMSO DE RESISTÊNCIA DAS BACTÉRIAS À ANTIBIÓTICOS

Nome: Gabriella Rennisy de Sousa Silva

Curso: Odontologia - 3oPeríodo - Boa Viagem

Profa: Gabriela Burle

RECIFE/2020
Resistência Bacteriana aos Antibióticos
Todas as bacterias podem expressar resistência intrinseca; podem expressar resistência
adquiria, ou seja, aquela originada a partir de mutações nos próprios genes; pela aquisição
dos genes de resistência de outras bactérias, via bacteriofago ou via ambiente.

Os mecanismos principais de resistência bacteriana são: produção de enzimas que


degradam ou modificam antibióticos; redução da permeabilidade da membrana externa;
sistema de efluxo hiperxpresso; alteração do sitio alvo do antibiótico; bloqueio ou
proteção do sitio do antibiótico.

1. PRODUÇÃO DE ENZIMAS QUE DEGRADAM OU MODIFICAM ANTIBIÓTICOS

1.1 Enzimas que degradam antibióticos

Enzimas que degradam antibióticos Enzimas que degradam antibióticos inativam


esses antimicrobianos pela catálise hidrolítica das moléculas dessas drogas. As principais
enzimas que degradam antibióticos são denominadas betalactamases, ou seja, atuam
catalisando a hidrólise do anel betalactâmico, levando à perda da ação do antimicrobiano
sobre a bactéria que continua fazendo a biossíntese de sua parede celular.

As enzimas penicilinases, cefalosporinases, cefamicinases, beta-lactamases de


espectro estendido e carbapenemases são as principais representantes e, também, têm
espectro/potencial de degradação crescente e associado a cada classe ou subclasse de
beta-lactâmico.

1.2 Enzimas que alteram antibióticos

Existem enzimas que modificam antibióticos por transferência de grupo(s)


químico(s) (acil, fosfato, nucleotidil ou ribitoil) para a molécula da droga, inativando
aminoglicosídeos (amicacina, gentamicina), fenicóis (cloranfenicol) e macrolídeos
(eritromicina, azitromicina e claritromicina). As principais enzimas que modificam
antibióticos são as enzimas modificadoras de aminoglicosídeos, que alteram a estrutura
química destes antibióticos, inativando a sua ligação com as subunidades do ribossomo,
que são o alvo deste antimicrobiano na bactéria.
2. REDUÇÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA EXTERNA

As bactérias gram-negativas são intrinsecamente menos permeáveis a muitos


antibióticos por possuírem membrana externa na constituição de sua parede celular, o que
não existe na parede celular de bactérias gram-positivas. Dessa forma, a redução da
permeabilidade da membrana externa é um mecanismo de resistência exclusivo de
bactérias gram-negativas. Para atingir o alvo e agir no meio intracelular (periplasma ou
citoplasma), os antibióticos devem ultrapassar a membrana externa ou toda a parede
celular. Antibióticos hidrofílicos (geralmente moléculas pequenas) devem atravessar a
membrana externa por difusão passiva através de proteínas de membrana externa
denominadas porinas.

A redução da permeabilidade da membrana externa pode ocorre por alterações na


estrutura das porinas ou mesmo pela perda da porina, respectivamente, resultando em
permeabilidade mais seletiva ou até mesmo impermeabilidade às drogas. Este mecanismo
pode afetar principalmente a entrada de antibióticos beta-lactâmicos e de
fluoroquinolonas.

3. SISTEMAS DE EFLUXO HIPEREXPRESSOS

Os sistemas de efluxo são mecanismos naturais de excreção de substâncias tóxicas


resultantes do metabolismo bacteriano, que se localizam na parede celular das bactérias
e, geralmente, são codificados por genes no cromossomo. Clinicamente o problema ocorre
quando estes sistemas têm sua expressão aumentada (hiperexpressão), seja pela maior
quantidade destes sistemas na bactéria e/ou atividade maior de excreção (sistemas
hiperativos).

Nas bactérias gram-negativas, por conta da presença de membrana externa, o


sistema de efluxo é geralmente composto por uma proteína transmembrana interna (que
é uma bomba de efluxo), uma proteína transmembrana externa (que é uma porina) e uma
proteína que faz a ligação dessas duas proteínas transmembrana e que compõe o sistema
de efluxo da bactéria gram-negativa, geralmente chamado sistema tripartido ou
multicomponente. Já nas bactérias gram-positivas, que não têm a membrana externa, o
sistema de efluxo é a própria bomba de efluxo, sistema de componente simples.

A atividade dos sistemas de efluxo pode ser inespecífica e excretar diferentes


antibióticos, de diferentes classes ou subclasses, ou pode ser uma atividade específica
para uma droga, classe e subclasse de antibiótico.
4. ALTERAÇÃO DO SÍTIO ALVO (de ligação) DO ANTIBIÓTICO

A maioria dos antibióticos liga-se especificamente a um ou mais alvos na célula


bacteriana. Alterações na estrutura do alvo do antibiótico impedem a eficiente ligação ou
diminuem a afinidade dessa interação, desse modo o antibiótico não reconhece mais o
alvo na célula bacteriana. Geralmente, alterações do sítio alvo têm origem em mutações
em genes da própria bactéria. Essas alterações impedem a ligação dos antimicrobianos,
mas não interferem na função do alvo (ex.: proteína) alterado. Assim, a bactéria mantém
suas funções e escapa da ação dos antibióticos. Um dos principais exemplos são as
mutações cromossômicas em regiões determinantes de resistência às quinolonas.

A alteração do sítio alvo dos antibióticos é um importante mecanismo de


resistência de bactérias gram-positvas e gram-negativas, sendo bastante relevante para
drogas como as quinolonas (altera as topoisomerases), penicilinas (altera PBP e resulta na
resistência à oxacilina) e vancomicina (altera sitio de ligação da vancomicina na resistência
dos Enterococcus).

Se a resistência à oxacilina for detectada, isto significa que haverá resistência a


todos os antibióticos beta-lactâmicos disponíveis (outras penicilinas, cefalosporinas,
carbapenêmicos).

5. PROTEÇÃO OU BLOQUEIO DO SÍTIO ALVO (de ligação) DO ANTIBIÓTICO

A proteção ou bloqueio pode funcionar pela produção de enzimas ou presença de


estruturas celulares bacterianas que impedem a ligação do antibiótico ao sítio alvo. Um
exemplo de bloqueio às drogas é o espessamento da parede celular em S. aureus,
mediado pela expressão de um conjunto de genes cromossômicos, que funciona como
uma barreira e bloqueia o acesso de glicopeptídeos (vacomicina e teicoplanina) ao sítio
alvo, conferindo resistência intermediária para essas drogas nos denominados S. aureus
intermediário à vancomicina ou glicopeptídeos ou resistência total nos S. aureus
resistentes à vancomicina.

2. BASEADO NA LEITURA DE LOUREIRO ET AL. 2016, RESPONDA AS SEQUINTES QUESTÕES


a) Quais os possíveis fatores que levam a prescrição e o uso errado dos antibióticos.

Incerteza no diagnóstico, a pressão exercida sobre os médicos por parte dos


doentes e níveis elevados de não adesão a terapêutica por parte dos doentes,
doses e períodos diferentes do que recomendado ou prescrito pelo médico;
número alto de automedicações, sem prescrição médica e uso excessivos de
antibióticos.

b) Quais as principais consequências do uso inadequado de antibióticos.

Custos elevados para a sociedade e a saúde global, com a diminuição da eficácia


dos tratamentos, prolongamento das doenças, o crescimento do número de
hospitalizações e o aumento da morbilidade e mortalidade.

c) Descreva o mecanismo de resistência aos antibióticos nas bactérias gram-


negativas.

Modificação ou destruição enzimática do antibiótico, redução da permeabilidade


celular ao antibiótico, existência de bombas de efluxo dos antibióticos das células
bacterianas, alterações nas moléculas alvo dos antibióticos e produção de moléculas alvo
alternativas que não são inibidas pelo antibiótico.

d) Descreva as possíveis medidas que podem ser tomadas para a redução nos casos
de resistência de bactérias a antibióticos.

Adotar estratégias que minimizam a resistência nas espécies. Uso de adequado de


antibióticos nos tratamentos de infecções e ter controle de infecções hospitalares,
promoção de comunicação e de informações sobre os cuidados básicos de saúde e
melhoria no combate ao problema de saúde pública.

Conclusã
O uso excessivo e inadequado de antibióticos é a principal causa de resistência
antimicrobiana. Sem antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perde-se a capacidade
de tratar infecções comuns, como a pneumonia.

Amoxicilina/ácido clavulânico, cefalosporinas, as quinolonas e os carbapenêmicos


são os antibioticos mais usados e são categorizados como antibióticos de “alerta”, que
devem ser utilizados com cautela devido ao seu alto potencial de causar resistência
antimicrobiana e/ou seus efeitos colaterais.

As dosagens de antibióticos consumidas no Brasil está entre os maiores do mundo,


superando a média da Europa, Canadá e Japão, segundo o relatório da Orgnização
Mundial de Saúde - OMS, o que faz ligar o alerta mediante ao consumo indevido o
surgimento de bactérias multirresistentes, causadoras de infecções difíceis de curar.
Porém, a própria OMS e especialistas ressaltam, no entanto, que índices muito baixos de
consumo antibióticos também não são positivos.

As principais ações para bloquerar ou impedir essa resistência do micoorganismo


seria investir em melhorias nos métodos diagnósticos para que a prescrição do
medicamento seja mais certeira, além disso, investir nos laboratórios de microbiologia,
para que o médico diagnostique o mais rápido possível o microorganismo causador da
doença. Vale ressaltar que todos tenham acessos aos antibióticos seja qual for classe
social. Outra medida muito importante é o uso racional do antibióticos com dose e o
período de administração de acordo com a prescrição médica.

Referências
Anderson Luiz Pena da Costa e Antonio Carlos Souza Silva Junior. Resistência bacteriana
aos antibióticos e Saúde Pública: uma breve revisão de literatura. Estação Científica
(UNIFAP). Macapá, v. 7, n. 2, p. 45-57, maio/ago, 2017.

LODEIRO et al. O uso de antibiótico e as resistências bacterianas: breve notas sobre a sua
evolução, 2016.

LIMA, U. A. et al. Biotecnologia Industrial. In: v. 3. 1a edição ed. São Paulo: Edgard
Bluncher, 2001.

MADIGAN; MARTINKO; PARKER. Microbiologia de Brock. 10a edição ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.

SANTOS, N.Q. A resistência bacteriana no contexto da infecção hospitalar. Texto


Contexto Enfermagem, v. 13, p. 64–70, 2004.

ROSSI, F.; ANDREAZZI, D. B. RESISTÊNCIA BACTERIANA, Interpretando o antibiograma.


São Paulo: Atheneu, 2005.

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