Você está na página 1de 72

Acidentes com Animais Peçonhentos

Prof. Claudinei Ferreira da Silva


Acidentes com Animais
Peçonhentos
OBJETIVOS
Proporcionar aos integrantes de uma guarnição de UR do
CB conhecimentos que os capacitem a:

1. Apresentar o perfil epidemiológico de acidentes com animais


peçonhentos no Brasil;
2. Identificar as principais espécies de animais peçonhentos (serpentes,
aranhas e escorpiões) incidentes no Brasil;
3. Descrever o tratamento pré-hospitalar para acidentes com animais
peçonhentos (serpentes, aranhas e escorpiões);
4. Indicar quais Procedimentos Operacionais Padrão RES estão
relacionados ao tema em questão.
DEFINIÇÃO

Animais Peçonhentos são


aqueles que possuem glândulas
produtoras de toxinas (peçonha),
além de apresentarem aparelho
especializado para inocular estas
toxinas.
SERPENTES
 Serpentes são animais vertebrados que
pertencem ao grupo dos répteis.

 Dois grupos de serpentes: as


peçonhentas e as não peçonhentas.

 No Brasil, há cerca de 375 espécies de


serpentes conhecidas, sendo que
pouco mais de 40 delas são
peçonhentas.
Fonte: blogspot-butantan - 2013
ACIDENTES OFÍDICOS
 Organização Mundial de Saúde
(OMS) declara: sério problema
de saúde pública nos países
tropicais;
 1.250.000 a 1.665.000 acidentes
por ano no mundo com 30.000 a
40.000 mortes;
Fonte: Ministério da Saúde - 2012.
 No Brasil foi registrado em 2010,
29.635 acidentes por serpentes;
 146 mortes registradas em 2010.
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS - BRASIL

1. Idade: Adulto jovem (20-49 anos)


2. Sexo: Masculino
3. Procedência: Zona Rural
(80,3%)
4. Frequência: Meses mais quentes
e chuvosos, entre Janeiro e Maio
5. Região corporal mais atingida:
Pés, Pernas e Mãos.

Fonte: Ministério da Saúde/Brasil/SINAN - 2012


GÊNEROS - SERPENTES

Todos os gêneros podem


1. Bothrops
ser encontrados nas
2. Crotalus várias regiões do país,
porém a Lachesis ocorre
3. Lachesis
com maior freqüência na
4. Micrurus região amazônica.
DISTRIBUIÇÃO DOS ACIDENTES - GÊNEROS

 Dentre as serpentes peçonhentas do


Brasil a maior causa de acidentes
está com a do gênero Bothrops,
dentre elas, a jararaca.

Fonte: Instituto Butantan - 2012


GÊNERO - BOTHROPS
Este acidente é causado por
serpentes do gênero
Bothrops, dentre as quais se
destacam a jararaca, a
jararaca-pintada, a urutu-
cruzeiro, a jararacuçu e a
cotiara.

Bothrops jararaca

Região Brasileira de Prevalência


SERPENTE DO GÊNERO - BOTHROPS
QUADRO CLÍNICO
COMPLICAÇÕES LOCAIS:
1. Dor;
2. Hemorragia;
3. Processo inflamatório agudo;
4. Bolhas;
5. Necrose e formação de abscesso;
6. Síndrome compartimental;
7. Limitação dos movimentos corporais;
8. Amputação cirúrgica do membro afetado.
QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS:
1. Incoagulabilidade sanguínea;
2. Sangramentos: gengivorragia, equimoses e hematúria;
3. Hipotensão arterial;
4. Estado de choque hemorrágico;
5. Insuficiência renal;
6. Edema generalizado.
ASPECTOS DO ACIDENTE

Em alguns casos o
Edema leve edema é tão intenso
que o procedimento
médico para aliviar a
compressão do local e
evitar a Síndrome
Compartimental são
Edema incisões cirúrgicas de
alívio denominadas
“fasciotomia”.

Fonte: Instituto Butantan - 2012


ASPECTOS DO ACIDENTE

Ação proteolítica com


formação de bolhas e
necrose local.

Fonte: Instituto Butantan - 2012


ASPECTOS DO ACIDENTE

Sangramento e edema no local da picada

Formação de hemorragias e
equimoses.

Equimoses

Fonte: Instituto Butantan - 2012


ASPECTOS DO ACIDENTE

Hematoma

Complicações sistêmicas como


Gengivorragia hematoma, hemorragia nas
gengivas e hematúria (sangue
na urina).
Cor
normal
da urina

Hematúria
Equimoses

Fonte: Instituto Butantan - 2012


GÊNERO - CROTALUS

Crotalus durissus
GÊNERO - CROTALUS

• Conhecidas popularmente
por cascavéis.
• Veneno: causa lesão renal
e paralisia dos músculos
da face da vítima.

7,7% dos acidentes


GÊNERO - CROTALUS

A çõe s d o V e ne no

"N e u rotó xica" C o ag u la n te M io tó xica


QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES LOCAIS:

1. Edema discreto;
2. Parestesia.
QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS:
1. Fáscies miastênica;
2. Turvação visual, diplopia, miose/midríase;
3. Urina escura;
4. Mialgia generalizada;
5. Insuficiência renal aguda: mioglobinúria;
6. Insuficiência respiratória: paralisia dos músculos da caixa
torácica.
Fáscies Miastênicas
Urina escura
GÊNERO - LACHESIS

Lachesis muta
GÊNERO - LACHESIS

• Conhecidas por surucucu;


• Veneno: possui substâncias
que agem sobre as proteínas
e é anticoagulante;
• Inoculam grande quantidade
de veneno.

1,4% dos acidentes


GÊNERO - LACHESIS

Ações do Veneno

Proteolítica Coagulante Hem orrágica "Neurotóxica"


QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES LOCAIS:
Dor;
1. Edema;
2. Eritema;
3. Equimose;
4. Bolhas.
QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS:
1. Alteração da coagulação;
2. Hipotensão arterial;
3. Bradicardia;
4. Cólica abdominal;
5. Diarréia;
6. Necrose, síndrome compartimental.
GÊNERO – ELAPIDAE MICRURUS

Micrurus frontalis
GÊNERO – ELAPIDAE MICRURUS

• Representado pelas corais


verdadeiras.
• Veneno: causa insuficiência
respiratória.

0,4% dos acidentes


GÊNERO – ELAPIDAE MICRURUS

A ç ã o d o V e ne n o

N e u ro tó x ica
QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES LOCAIS:

1. Parestesia.
QUADRO CLÍNICO

COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS:
1. Fáscies miastênica;
2. Vômitos;
3. Turvação visual, diplopia, miose/midríase;
4. Insuficiência respiratória aguda.
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS
TITYUS BAHIENSIS
TITYUS STIGMURUS
TITYUS SERRULATUS
Escorpião Amarelo (Tityus
serrulatus):Maior Número de
Acidentes

Escorpião Marrom (Tityus


bahiensies):Poucos Acidentes
GENERALIDADES

• Habitam locais escondidos e escuros, são de hábitos


noturnos;
• A picada do escorpião, não é geralmente um
acidente grave, mas em crianças e idosos pode ser
fatal;
• A aplicação do soro antiescorpiônico deve ser
iniciada o mais rápido possível, principalmente em
crianças e idosos.
ESCORPIONISMO

Ação do Veneno

Neurotóxica
ARANEÍSMO
GÊNERO - PHONEUTRIA

• “Armadeiras”;
• Habitat: residências e
arredores, bananeiras
e folhagens de jardim;
• Dor local intensa;
• Edema discreto.
GÊNERO - PHONEUTRIA
GÊNERO - PHONEUTRIA

Edema discreto em dorso de mão em paciente picado há 2 horas


GÊNERO - LYCOSA

• “Aranhas de jardim,
de grama ou
tarântula”.
• Vivem em gramados
junto às
residências.
• Não são agressivas.
GÊNERO - LOXOSCELES

• “Aranha-marrom”;
• Hábitos noturnos,
vivem no interior das
residências, atrás de
móveis, em porões,
sótãos e quartos de
despejo;
• São mansas, picam
quando comprimidas
contra a roupa.
GÊNERO - LOXOSCELES
GÊNERO - LOXOSCELES

A çõe s d o V e ne no

P ro teo lítica H e m o litica C o ag u la n te


CONSEQUÊNCIAS LOCAIS – 5º DIA
CONSEQUÊNCIAS LOCAIS – 6º DIA
CONSEQUÊNCIAS LOCAIS – 9º DIA
CONSEQUÊNCIAS LOCAIS – 10º DIA
GÊNERO - LATRODECTUS

• “Viúva-negra ou
flamenguinha”.
• Veneno neurotóxico.
• Dor muscular
intensa, contraturas
musculares
generalizadas
podendo levar a
convulsões.
GÊNERO - LATRODECTUS
PAMPHOBETEUS E GRAMMOSTOLA

· Caranguejeiras;
· Lançam pêlos
urticantes, situados no
dorso do abdome,
causando reações de
hipersensibilidade,
com prurido cutâneo,
mal-estar, tosse,
dispnéia,
broncoespasmo.
PAMPHOBETEUS E GRAMMOSTOLA
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

1. Manter a vítima em
repouso absoluto;
2. Remover anéis,
pulseiras, braceletes, e
outros adornos;
3. Lavar o local da picada
com água e sabão;
4. Proteger o local da
lesão fazendo curativo
com gaze seca.
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

5. Manter o membro
atingido elevado;
6. Ministrar oxigênio;
7. Transportar ao hospital
indicado para receber o
tratamento específico;
8. Se possível e oportuno,
capture o animal e leve-o
para identificação.
O que NUNCA se deve fazer!!!
Tentar sugar o veneno;
Fazer cortes no local da picada;
Aplicar substâncias no local da picada;
Fazer torniquetes;
Pressionar/comprimir o local da picada;
Dar álcool ou outras substâncias para vítima ingerir.

Animais Peçonhentos no Brasil – 2ªed. Savier , 2009.

Você também pode gostar