Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BOTRÓPICO
● Ação do veneno
○ Proteolítica: são as responsáveis por lesões locais como edema, bolhas e
necrose. Decorrem da atividade de proteases, hialuronidases e
fosfolipases, liberação de mediadores inflamatórios, ação das
hemorraginas sobre o endotélio vascular e ação pró-coagulante.
○ Coagulante: O veneno botrópico possui capacidade de ativar fatores de
coagulação sanguínea, ocasionando consumo de fibrinogênio e
formação de fibrina intravascular, induzindo frequentemente a
incoagulabilidade sanguínea. A maioria das serpentes do gênero
Bothrops possui, isolada ou simultaneamente, substâncias capazes de
ativar fibrinogênio, protrombina e fator X. Quadro semelhante ao da
CID. Podem também levar a alteração da função plaquetária bem como
plaquetopenia.
○ Hemorrágica: são decorrentes das hemorraginas, que provocam lesões
na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e
alterações de coagulação
● Quadro clínico
Manifestações locais:
➢ Dor e edema endurecido no local da picada, de intensidade variável e,
geralmente, de instalação precoce e caráter progressivo;
➢ Equimoses e sangramentos no ponto da picada são frequentes;
➢ Bolhas, associadas ou não a necrose, estão presentes nos acidentes
graves com cobras adultas (maior fração proteolítica do veneno).
Manifestações sistêmicas:
➢ Sangramentos em ferimentos prévios, hemorragias em gengivas,
epistaxe, hematêmese e hematúria. Em gestantes, há risco de
hemorragia uterina;
➢ Náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial, hipotermia e,
raramente, choque;
➢ Complicações são síndrome compartimental, abscessos, necrose,
choque e IRA.
❏ Laboratorial
➢ Tempo de protrombina (TP), tempo de protrombina parcialmente
ativada (TPPA): estar normais ou alargados;
➢ Hemograma completo: leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda
e plaquetopenia de intensidade variável;
➢ CPK: elevada nos acidentes com manifestações locais;
➢ Ureia, creatinina, sódio, potássio: elevados na presença de insuficiência
renal aguda e, também, de desidratação (insuficiência pré-renal);
➢ EAS: hematúria, proteinúria e leucocitúria.
● Tratamento
➢ Limpeza e antissepsia local para evitar infecção secundária;
➢ Manter segmento picado elevado e estendido;
➢ Analgésico para alívio da dor;
➢ Hidratação: controlar parâmetro pela diurese - 30 a 40 mL/hora no
adulto, ≥ 1 mL/kg/hora na criança;
➢ Antibioticoterapia na presença de infecção local;
➢ Tratamento de suporte;
A classificação da gravidade e a soroterapia recomendada pelo Protocolo do
Ministério da Saúde do Brasil estão resumidas a seguir.
Leve:
● Manifestações locais (dor, edema e equimose): ausentes ou discretas;
● Manifestações sistêmicas (hemorragia grave, choque e anúria): ausentes;
● Tempo de coagulação (TC): normal ou alterado;
● Soroterapia (SAB/SABC/SABL): 2-4 ampolas EV.
Moderada:
● Manifestações locais (dor, edema e equimose): evidentes;
● Manifestações sistêmicas (hemorragia grave, choque e anúria): ausentes;
● Tempo de coagulação (TC): normal ou alterado;
● Soroterapia (SAB/SABC/SABL): 4-8 ampolas EV.
Grave:
● Manifestações locais (dor, edema e equimose): intensas.
● Manifestações locais intensas podem ser o único critério para classificação
de gravidade nos acidentes com cobra adulta. Nos acidentes com cobras jovens
(menor fração proteolítica do veneno), considerar as alterações do coagulograma e
manifestações sistêmicas na avaliação da soroterapia;
LAQUÉTICO
● Quadro clínico
Manifestações locais:
➢ Dor e edema endurecido no local da picada, de intensidade variável e,
geralmente, de instalação precoce e caráter progressivo; que podem
progredir para todo o membro;
➢ Vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico nas
primeiras horas após o acidente; As manifestações hemorrágicas
limitam-se ao local da picada na maioria dos casos.
Manifestações Sistêmicas:
➢ Caracterizadas por síndrome vagal;
➢ Escurecimento da visão;
➢ Tonturas;
➢ Cólicas abdominais e diarreia;
➢ Hipotensão arterial;
➢ Bradicardia.
❏ Laboratorial
➢ Hemograma completo e plaquetas: leucocitose com neutrofilia.
Plaquetopenia de consumo;
➢ Tempo de coagulação, PT, PTT: alargados;
➢ Ureia, creatinina e eletrólitos: podem estar alterados, dependendo das
manifestações clínicas;
➢ CPK: pode estar elevada pela ação proteolítica do veneno;
➢ EAS: hematúria, proteinúria e hemoglobinúria.
● Tratamento
Geral:
➢ Manter segmento picado elevado e estendido;
➢ Analgésico para alívio da dor;
➢ Hidratação venosa: controlar parâmetro pela diurese - 30 a 40 mL/hora no
adulto; 1 a 2 mL/Kg/hora na criança;
➢ Reposição de eletrólitos, se necessário, na presença de diarreia e vômitos;
➢ Antibioticoterapia na presença de infecção local;
➢ Tratamento de suporte;
➢ Tratar as complicações locais.
Específico:
➢ Soro antilaquético (SAL) ou antibotrópico-laquético (SABL), por via
intravenosa, deverá ser utilizado de acordo com a presença de manifestações
vagais.
CROTÁLICO
● Tratamento
Geral:
➢ Limpeza e antissepsia local para evitar infecção secundária;
➢ Manter segmento picado elevado;
➢ Analgésico para alívio da dor
➢ Hidratação adequada: fundamental para evitar insuficiência renal aguda,
mantendo a diurese de 30 a 40 mL/hora no adulto e de 1 a 2 mL/kg/hora na
criança;
➢ Diurese osmótica, induzida com manitol a 20% (5 mL/kg na criança e 100 mL
no adulto) e alcalinização da urina com bicarbonato de sódio, mantendo o pH
urinário acima de 6,5 com monitorização da gasometria arterial, estão
indicados na presença de mioglobinúria, com o objetivo de diminuir a
toxicidade renal e prevenir a insuficiência renal aguda;
➢ Na presença de oligúria está indicado o uso de diuréticos de alça, como a
furosemida. E, na presença insuficiência renal aguda, deve se instalar um
tratamento dialítico precoce;
➢ Antibioticoterapia na presença de infecção local;
➢ Tratamento de suporte.
Específico:
➢ Soro anticrotálico (SAC), por via intravenosa, deve ser administrado o mais
precocemente possível de acordo com a classificação do acidente.
➢ Na falta do SAC poderá ser utilizado soro antibotrópico-crotálico (SABC).
➢ A frequência de reações à soroterapia parece ser menor quando o antiveneno é
administrado diluído. A diluição pode ser feita, a critério médico, na razão de
1:2 a 1:5, em soro fisiológico ou glicosado 5%, infundindo-se na velocidade de
8 a 12 mL/min, observando, entretanto, a possível sobrecarga de volume em
crianças e em pacientes com insuficiência cardíaca.
ELAPÍDICO
● Ação do veneno
○ Ação neurotóxica pós-sináptica: presentes em todos os venenos
elapídicos, são rapidamente absorvidas e difundidas para todos os
tecidos. As neurotoxinas competem com a acetilcolina nos receptores
nicotínicos pós-sinápticos atuando de maneira semelhante ao curare. O
uso de inibidores da acetilcolinesterase pode prolongar a meia-vida do
neurotransmissor levando a uma melhora da sintomatologia;
○ Ação neurotóxica pré-sináptica: bloqueia a liberação de
acetilcolina impedindo a deflagração do potencial de ação. Esse
mecanismo não pode ser antagonizado por substâncias
anticolinesterásicas. Presente em apenas algumas corais (M. coralinus)
● Quadro clínico
Os sintomas podem surgir precocemente, em menos de uma hora após a picada.
Paciente assintomático deve permanecer em observação clínica no ambiente
hospitalar por 24 horas, pois há relatos de aparecimento tardio dos sinais e sintomas.
Manifestações locais:
➢ Costumam ser discretas tendo em vista que o veneno é essencialmente
neurotóxico.
➢ Marca das presas: podem ser encontrados dois ou mais pontos de
inoculação, às vezes com o aspecto de arranhadura. É comum não
encontrar marcas das presas, o que não afasta a possibilidade da
inoculação da peçonha; Dor local discreta, geralmente acompanhada de
parestesia com tendência à progressão proximal; Edema local é raro e,
quando presente, costuma ser leve.
Manifestações sistêmicas:
➢ O início das manifestações é variável e, de maneira geral, surgem
poucas horas após o acidente (1-3 horas). Uma vez iniciadas, tendem a
progredir e agravar caso não se institua o tratamento adequado.
➢ Caracterizada por síndrome miastênica aguda, semelhante à observada
na miastenia gravis.
➢ Ptose palpebral bilateral, simétrica ou assimétrica, com ou sem
limitação dos movimentos oculares, evoluindo para presença de fácies
miastênica ou “neurotóxica”;
➢ Dificuldade da acomodação visual, visão turva, podendo evoluir para
diplopia; Oftalmoplegia, midríase, anisocoria e nistagmo;
➢ Dificuldade de deglutição e mastigação; Diminuição do reflexo do
vômito e ptose mandibular;
➢ Dificuldade para se manter na posição ereta, para se levantar da cama
ou para deambular, por diminuição da força muscular, podendo evoluir
para paralisia total dos membros;
➢ Dispneia restritiva e obstrutiva, respectivamente por paralisia da
musculatura torácica intercostal e por acúmulo de secreções, podendo
evoluir para paralisia diafragmática;
● Tratamento
Geral:
➢ Limpeza e antissepsia local para evitar infecção secundária;
➢ Analgésico para alívio da dor;
➢ Anticolinesterásicos: neostigmina na dose de 1-2 mg EV em adultos e de
0,01-0,04 mg/kg/EV em crianças. Em determinados casos, apenas uma dose é
suficiente para a reversão completa dos sintomas. Havendo recorrência dos
sintomas paralíticos, pode-se repetir a mesma dose, a cada 2-4 horas ou em
intervalos menores;
➢ Atropina deve ser sempre empregada antes da administração da neostigmina.
O objetivo é antagonizar os efeitos muscarínicos da acetilcolina,
principalmente a broncorreia e a bradicardia. A dose recomendada pode ser
na razão de 0,25 mg de atropina para adultos e de 0,01-0,02 mg/kg/EV para
crianças, calculada para cada 0,5 mg de neostigmina.
Específico:
➢ Em todos os acidentes por “corais-verdadeiras” com manifestações clínicas
sistêmicas de envenenamento está formalmente indicado o soro elapídico
(SAEl). As manifestações clínicas encontradas de acordo com a gravidade e as
medidas terapêuticas recomendadas pelas novas diretrizes do Ministério da
Saúde do Brasil (2017).
3. Apontar as estratégias de prevenção contra os acidentes de
animais peçonhentos ofídicos.
● O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos pode
evitar cerca de 80% dos acidentes.
● Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo,
lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos. Cerca de 15% das picadas
atingem mãos ou antebraços.
● Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em
pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar
cupinzeiros.
● Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas e madeiras, bem
como não deixar mato alto ao redor das casas. Isso atrai e serve de abrigo
● Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem
● examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;
afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
● não acumular entulhos e materiais de construção; limpar regularmente
móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; vedar frestas e buracos em
paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia
em portas, janelas e ralos;
● manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e
celeiros;
● evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama
sempre cortada; limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois
metros junto ao muro ou cercas.
● Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar lixo acumulado.
Fechar buracos de muros e frestas de portas. Não montar acampamento
próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos)
e, por conseguinte, maior número de serpentes.
● No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito
próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que
serpentes estão em maior atividade.