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ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS

COBRAS
Primeiros socorros:
• Decúbito dorsal; evitar deambulação;
• Manter o paciente aquecido;
• Transporte imediato para receber o SAV;
• Limpeza local apenas com água ou água e sabão;
• Oferecer água, se a pessoa não estiver vomitando;
• Levar a cobra para identificação, se possível.
• NÃO FAZER: Torniquete, cortes, ferimentos no local, uso de substâncias de qualquer natureza sobre o
local, bebidas alcoólicas, calmantes.
Primeiro atendimento:
• Limpeza local e regional com água e sabão ou SF;
• Não romper bolhas, não suturar ferimento, não aplicar SAV ou outro medicamento ao redor da
picada;
• Elevar passivamente o membro permitindo a extensão de todas as articulações;
• Analgesia, se necessário;
• Hidratação e controle da diurese;
• Iniciar rotina para aplicação do SAV.
Diagnóstico: Características da cobra:

Tratamento: Se cobra desconhecida, pensar em jararaca (85% dos acidentes).


ü Acidente Botrópico:
Veneno (ações):
• Proteolítica: Atividade inflamatória aguda, responsável pelas alterações que ocorrem no local da
picada e proximidade. Dor imediata e de intensidade variável, estendendo-se para todo o membro
nas horas seguintes. Equimoses, bolhas e necrose podem aparecer em dias sucessivos, dependendo
da gravidade do envenenamento.
• Coagulante: Deriva da fração do veneno do tipo trombina, capaz de ativar fatores de coagulação
sanguínea, ocasionando consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular, podendo
tornar o sangue incoagulável. Pode ocorrer trombocitopenia nas primeiras horas após o acidente.
Comum em acidentes causados por filhotes.
• Hemorrágica: Perda da integridade endotelial.
Local: Edema; dor; sangramento; bolhas hemorrágicas.
Complicações: Síndrome Compartimental; CIVD; Gangrena; Choque hipovolêmico; LRA – pré-renal.
Exames Laboratoriais: Coagulograma (principal) - incoagulável; urina I; função renal; hemograma.
Conduta:
• Pré-medicação simultânea a hidratação, iniciar esquema de proteção contra possíveis reações de
hipersensibilidade ao SAV: Bloqueadores dos receptores H1 (Dexclorfeniramina ou Prometazina) e H2
(Cimetidine ou Ranitidina), e corticosteroides (Hidrocortisona).
• Soro antibotrópico. Resposta em 12h.

ü Acidentes Crotálico:
Veneno (ações):
• Neurotóxica: Facies miastênica (“bêbado”). Neurotoxinas de ação pré-sináptica, atuando nas
terminações nervosas, inibem a liberação de acetilcolina, principal fator responsável pelo bloqueio
neuromuscular, do qual decorrem as paralisias motoras – ptose palpebral, oftalmoplegia, dificuldade
de acomodação (visão turva) ou diplopia (visão dupla).
• Miotóxica: Produz lesões de fibras musculares esqueléticas sistemicamente (rabdomiólise), levando à
liberação de enzimas e mioglobina. Diurese de tonalidade avermelhada ou marrom (mioglobinúria)
e mialgia difusa (tardiamente).
Local: Sinais ausentes ou edema discreto, parestesia.
Complicações: LRA pré-renal (NTA).
Laboratório: TGO e TGP; CPK; função renal; urina I; coagulograma.
Conduta: Preparo + soro antiofídico.

ü Acidente Elapídico:
Veneno (ação): Neurotóxica: As neurotoxinas elapídicas atuam rapidamente na junção mioneural,
podendo ser pré-sinápticas (inibem a liberação da acetilcolina) ou pós-sinápticas (combinam-se com os
receptores da placa terminal). São acidentes sempre potencialmente graves, devido à incidência de
paralisia respiratória, de evolução rápida.
Local: Sinais ausentes. Sistêmico: IDEM acidente crotálico + Dispneia aguda; insuficiência respiratória.
Diagnóstico: Exclusão!
Complicações: Insuficiência Respiratória Aguda.
Laboratório: Inespecífico.
Conduta: Preparo + soro antielapídico.

ACIDENTE Bothrops Crotalus Micrurus


(SAB,SABC,SABL) (SAC, SABC) (SAE)
LEVE 4 ampolas EV 5 ampolas EV -

MODERADO 8 ampolas EV 10 ampolas EV -


GRAVE 12 ampolas EV 20 ampolas EV 10 ampolas EV
Característica Bothrops Crotalus Micrurus
Fosseta loreal + + -
Cauda Lisa Com chocalho Com anéis coloridos

Epidemiologia Todo o Brasil Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Todo o Brasil


Nordeste
Ações do veneno P/C/H N/ M N
Alterações +++ - ou discretas - ou discretas
locais/dor
Incidência 85% 10% 0,5%
Manifestações * Locais: dor, edema, calor, * Locais: ausentes ou edema * Locais: ausentes;
precoces (<6h) rubor, sangramento; discreto, parestesia; * Sistêmicas: náuseas, vômitos,
* Sistêmicas: náuseas, vômitos, * Sistêmicas: náuseas, vômitos, sudorese, ptose palpebral,
sudorese, hipotermia, sudorese, secura da boca, oftalmoplegia, fácies
hemorragias (gengiva, nariz, sonolência, ptose palpebral, miastênica;
digestiva, etc.), CIVD; oftalmoplegia, diplopia, * Laboratório: não específico.
* Laboratório: turvação visual, gengivorragia,
↑TC (incoagulável), mialgia;
↑TP e TTPA e ↓fibrinogênio, * Laboratório: TC normal ou ↑,
proteinúria e hematúria ↑CPK, ↑LDH, ↑TGO, ↑mioglobina
sérica, proteinúria e
mioglobinúria (urina
vermelha/marrom),
mionecrose.
Manifestações * Locais: equimoses, bolhas e * Locais: ausentes; * Locais: ausentes;
tardias necrose; * Sistêmicas: oligúria, anúria; * Sistêmicas: saliva espessa,
* Sistêmicas: hipotensão, * Laboratório: ↑↑Creatinina, dificuldade de deglutição,
oligúria, anúria; ↑↑Uréia, dispnéia, apnéia, paralisia
* Laboratório: ↑Creatinina, ↑↑Ácido úrico, ↑↑K (se LRA). muscular: venopalatina,
↑Uréia, ↑K , ↓Osmolaridade respiratória, MMII.
urinária (se LRA), ↑VHS,
culturas positivas.
Complicações * Locais: abcesso, sd. * Locais: ausentes; * Locais: ausentes;
compartimental, gangrena; * Sistêmicas: LRA , I. Resp. * Sistêmicas: I. Resp. Aguda.
* Sistêmicas: choque e LRA; Aguda (raro);
CIVD. * Laboratório: LRA
hipercatabólica.
C = coagulante, H = hemorrágica, P = proteolítica, N = neurotóxica, M = miotóxica.
ESCORPIÕES
v Tityus serrulatus: Amarelo; maior gravidade.
v Tityus bahiensis: Marrom.
Veneno (ação): Liberação de acetilcolina e catecolaminas (despolarização dos canais de sódio).
Complicações: IC (cardiotóxico).
Quadro clínico: Dor local. Simpático e/ou Parassimpático.
Laboratório: ECG, RX tórax, hemograma, ECO, amilase.

Exame Alteração esperada


Amilase Pode estar elevada nos casos moderados e graves (acetilcolina).
Hemograma Leucocitose com neutrofilia presente nas formas moderadas e graves (adrenalina).
ECG Taquicardia ou bradicardia sinusal, extrassístoles ventriculares, distúrbios da repolarização
ventricular como inversão da onda T em várias derivações, presença de ondas U
proeminentes, alterações semelhantes às observadas no infarto agudo do miocárdio
(presença de ondas Q e supra ou infra-desnivelamento do segmento ST) e bloqueio da
condução átrio-ventricular ou intra-ventricular do estímulo. Estas alterações desaparecem
em 3 dias na grande maioria dos casos, mas podem persistir por 7 ou mais dias.
RX Tórax Pode evidenciar aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo,
eventualmente unilateral.
Ecocardiograma Tem demonstrado, nas formas graves, hipocinesia ou acinesia transitória do septo
interventricular e da parede posterior do ventrículo esquerdo, às vezes associada
à regurgitação mitral.

Conduta: SEMPRE observar (mínimo 04-06 horas nos casos leves; encaminhar para serviços de referência com
soro antiescorpiônico - SAE).
• Leve: Sintomas locais. Bloqueio anestésico e/ou analgésicos.
• Moderado: Sintomas de simpáticos e parassimpáticos* presentes. Bloqueio anestésico e/ou
analgésicos. Se ausência de melhora e em < 7 anos, está indicado preparo + SAE: 4 ampolas EV.
• Grave: Alterações cardíacas – risco de choque, EAP, sinais de IC. Combate aos vômitos; cuidados de
UTI; preparo + 8 ampolas EV de SAE.

ARANHAS
Gênero Características Ação do Veneno
Loxosceles * aranha-marrom; Atividades hemolítica e dermonecrótica: Lesão de pele,
* encontradas nas roupas, sapatos necrose, hematomas, atrofia e perda de conteúdo.
e atrás de móveis;
Phoneutria * armadeira; Ação semelhante ao escorpião (despolarização dos
* é agressiva, ataca pulando sobre canais de sódio): Lesão de pele, hemorragia.
a vítima;
* encontrada em gramados,
bananeiras, etc.;

Conduta: Necrose de pele – Prednisolona 5 dias. Soro antiaracnideo (encaminhar para serviço de
referência).

OBS.: Taturana e abelha: Prednisolona 5 dias. Se hipotensão, dar Adrenalina IM (anafilaxia). Se apenas
urticária, dar Adrenalina SC.

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