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Exemplos de animais peçonhentos

Aranhas Lacraias
Formigas
Serpentes

Peixes

Foto: Yassue Furukawa/Divulgação

Taturanas Abelhas / Vespas Escorpiões


Ofidismo
Epidemiologia - Acidentes Ofídicos
2,5 milhões OMS
125.000 mortes
20.00/30.000 Casos/ano (MS)
22/100.000 hab.
Bothrops
Crotalus
Mortalidade 0,45%
Sazonalidade
Acidente ofídico no Tocantins
Distribuição dos acidente segundo o gênero
da serpente
Bothrops – 90,5% Crotalus – 7,7%

Micrurus – 0,4%
Lachesis – 1,4%

Raiany Cruz Raiany Cruz


 Local do acidente:
 Pé e perna – 70,8%
 13,4% - mão e antebraço

 Faixa Etária e sexo


 52,3% - 15 – 49 anos
 70% Homens

 Letalidade
 Bothrops – 0,31%
 Crotalus – 1,87%
 Lachesis – 0,95%
 Micrurus – 0,36%
Características importantes
Diferenciação básica entre serpentes peçonhentas e não
peçonhentas
Acidente Botrópico - ~ 30 espécies
Acidente botrópico
Ação Proteolítica: proteases, hiluronases e fosfolipases,
mediadores inflamatórios, hemorragias sobre o
endotélio vascular, pró-coagulante.

Ação Coagulante: ativação do fator X e a protrombina,


ação semelhante a trombina  “incoagulabilidade”,
ocasionalmente plaquetopenia

Ação Hemorrágica: lesão capilar, plaquetopenia e


alterações da coagulação
Manifestações clínicas locais
 Dor e edema – de intensidade variável (precoce e progressivo)
 Equimoses, sangramentos
 Infartamento ganglionar
 Bolhas
 Necrose
Manifestações clínicas sistêmicas
 Hemorragias , náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão
arterial, sangramento uterino, edema grave
Complicações: Síndrome compartimental, abscesso,
necrose, choque, IRA
Exames complementares

 Tempo de coagulação
 Hemograma
 Exame sumário de urina
 Eletrólitos
 Uréia e Creatinina
 ELISA
Tratamento
 Específico – Soro anti-veneno

 Geral – membro elevado e estendido, analgésico,


hidratação (diurese, 30-40ml/h no adulto, 1-2ml/kg/h
na criança), antibioticoterapia

 Das complicações – fasciotomia, transfusão (CH, PFC,


criopreciptado), debridamento, drenagens, diálise
Classificação quanto a gravidade e soroterapia
Manifestações e Classificação
Tratamento Leve Moderada Grave
Locais
• Dor Ausentes o evidentes Intensas*
• Edema discretas
• Equimose
Sistêmicas
• Hemorragia
grave ausentes ausentes Presentes
• Choque
• Anúria
Tempo de Normal ou Normal ou Normal ou
Coagulação - TC alterado alterado alterado
Soroterapia (nº
ampolas) 2-4 4-8 12
SAB/SABC/SABL
Via de Intravenosa
administração
Acidente Crotálico
Acidente Crotálico
 Ação Neurotóxica: (crotoxina) – ação pré-sináptica
 inibe a liberação de acetilcolina  bloqueio
neuromuscular
Acidente Crotálico
 Ação Miotóxica: (crotoxina e crotamina) –
rabdomiólise  CK/mioglobina

 Ação Coagulante: Tipo trombina  fibrinogênio em


fibrina, incoagulabilidade

Obs: Quando presentes, manisfestações hemorrágicas


discretas, geralmente não há plaquetopenia
Manifestações clínicas

 Locais: indolor ou pouco intensa,


parestesia local/regional, edema
local e eritema (discreto ou inexistente)
 Sistêmicas: fáscies miastênica,ptose palpebral,
miastenia facial, alteração pupilar, oftalmoplegia,
turvação visual, diplopia, paralisia velopalatina,
mialgia, mioglobinúria, rabdomiólise, alteração no TC,
raramente gengivorragia
Exames complementares
 Tempo de coagulação
 Hemograma
 Exame sumário de urina
 Eletrólitos
 Uréia e Creatinina
 ELISA
 CK, LDH, TGO, TGP
Manifestações e Classificação
Tratamento Leve Moderada Grave
Fácies miastênica/ Ausentes ou tardia Discreta ou evidente
visão turva evidente
Mialgia Ausente ou discreta intensa
discreta
Urina vermelha ou Ausente Pouco evidente ou presente
marrom ausente
Oligrúria/anúria ausente ausente Presente ou
ausente
Tempo de Normal ou Normal ou Normal ou
coagulação - TC alterado alterado alterado
Soroterapia (nº
ampolas) 5 10 20
SAC/SABC
Via de Intravenosa
administração
Tratamento
 Específico – Soro anti-veneno

 Geral –hidratação (diurese, 30-40ml/h no adulto, 1-


2ml/kg/h na criança), antibioticoterapia?, manitol,
furosemida, HCO3  pH urinário >6,5,

 Das complicações – diálise, suporte ventilatório


Acidente Laquético

Raiany Cruz
Características clínica-epidemiológicas

 De ocorrência florestal/poucos casos relatados


 Ações do veneno:
1. Proteolítica (semelhantes ao botrópico)
2. Coagulante (atividade tipo trombina)
3. Hemorrágica (atividade intensa)
4. Neurotóxica (tipo estimulação vagal)
 Locais: “acid. botrópico” dor e edema, vesiculas, bolhas serosas
ou sero-hemáticas, sangramentos limitados ao local da lesão

 Sistêmicas: hipotensão, tontura, lipotímia, bradicardia, cólicas,


diarréia

 Complicações: síndrome compartimental, necrose, infecção

 Propedêutica: TC e outros

 Diagnótico diferencial: “acid. Botrópico”  Sínd. vagal


Tratamento
 Específico
 Geral: medidas p/ botrópico

Orientação para o Soroterapia (n° Via de administração


tratamento ampolas)
Gravidade baseada 10 a 20
pelos sinais locais e SAL ou SBL Intravenosa
intesidade das
manifestações vagais
(bradicardia,
hipotensão, diarréia)
Acidente Elapídico

 Foto: Raiany Cruz


Características
 0,4% dos acidentes

 Pode evoluir para Ins. Respiratória (causa de óbito)

 Toxina de baixo peso molecular – difusão sistêmica


rápida

 NTX de ação pós sináptica


 Por competição pelos receptores da Ach (curare)

 NTX de ação pré sináptica


 Bloqueia a liberação de Ach
Clínica
 Local: discreta dor, parestesia com progressão proximal

 Sistêmica: Vômitos, miastenia progressiva, ptose


palpebral, oftalmoplegia, dificuldade para ortostatismo,
mialgia, dificuldade p/ deglutir.
 Insuf. Respiratória (flacidez muscular), apnéia

 Tratamento
 Específico: (SAE – 10 ampolas)
 Geral: suporte ventilatório
 Teste da Neostigmina (criança – 0,05mg/kg/1 ampola no
adulto), se positivo dose de manutenção de 0,05 a 1mg/kg
de 4/4h, precedida de atropina
Escorpionismo
Tityus sp.

Tityus stigmurus (foto: Butantan)

Tityus bahiensis (foto: Butantan)

Tityus obscurus (foto: Butantan)

Tityus mattogrossensis Tityus serrulatus


Peçonha com ação neurotóxica
Liberação de neurotransmissores em todo organismo
 Ativação simpática e parassimpática Adrenalina,
noradrenalina, acetilcolina, glutamato, aspartato

 Descarga autonômica maciça, com efeitos


adrenérgicos e colinérgicos de diversas intensidades.

 Alteração da permeabilidade capilar, semelhante ao


encontrado nos casos de SARA.
Manifestações clínicas
Locais
 Dor intensa no local da picada de início imediato após
a picada;

 Ardência, queimação, sensação de “ferroada";

 Hiperemia em torno da picada;

 Edema discreto e piloereção;

 Ponto de inoculação geralmente não é visualizado.


Manifestações clínicas
Sistêmicas
 Hipertensão arterial;

 Arritmias cardíacas;

 Hipotensão arterial: neste caso, secundária a cardiotoxicidade e


hipovolemia (vômitos/sudorese);

 Edema agudo de pulmão (aumento da permeabilidade vascular);


 Insuficiência respiratória;

 Aumento de secreções e motilidade gastrointestinal;


 Redução do fluxo renal;

 Hiperglicemia (excesso de catecolaminas);

 Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos.


Conduta
 CASOS LEVES
 Analgesia e, eventualmente, anestesia local.
 Observação hospitalar por 6 horas
 Soroterapia específica p/ Menores de 3 anos, sabidamente
picada por T. serrulatus, mesmo que apresente poucos
sintomas,

 CASOS MODERADOS A GRAVES


 Soro antiescorpiônico
 Suporte clínico

 Casos moderados: 2 – 3 ampolas


 Casos graves: 4 - 6ampolas

 ECG/RADIOGRAFIA/GLICEMIA
Araneísmo

Latrodectus curacaviensis
Foto: Inst. Vital Brazil
Loxosceles sp.

Phoneutria nigriventer
Foto: Butantan

Caranguejeira
Loxoscelismo
Acidente por Himenópteros
Acidentes por Lepidópteros
Acidentes por coleópteros
Ictismo “acantotóxico”
Medidas no momento da soroterapia
 Reações ao Soro:
 Dose, concentração de proteínas e imunoglobulinas e velocidade de infusão
 Atopia
 Sensibilização
 Tipo de antiveneno
 Via de administração
Tenha em mãos:
• Garantir um bom acesso venoso.
• Laringoscópio com lâminas e tubos traqueais adequados para o peso e idade.
• Frasco de soro fisiológico (SF) e/ou solução de Ringer lactato.
• Frasco de solução aquosa de adrenalina (1:1000).
• Caso seja feita a opção da pré-medicação, deve-se administrá-la 10 a 15 minutos antes de
iniciar a soroterapia:
• Drogas anti-histamínicas (antagonistas H1 e H2 ) por via parenteral:
• Antagonistas H1 : maleato de dextroclorofeniramina (disponível em farmácia de
manipulação) na dose de 0,05 mg/kg por via intramuscular (IM) ou IV, aplicar no
máximo 5,0 mg; ou prometazina (Fenergan ®) na dose de 0,5 mg/kg IV ou IM, aplicar no
máximo 25 mg.
• Antagonistas H2 : cimetidina (Tagamet ®) na dose de 10 mg/kg, máximo de 300 mg, ou
ranitidina (Antak ®) na dose de 3 mg/kg, máximo de 100 mg, IV lentamente. b)
Hidrocortisona (Solu-Cortef ®) na dose de 10 mg/kg IV. Aplicar no máximo 1.000 mg.
Tratamento do Choque
 Adrenalina (1:1000) - diluída a 1:10 na dose de 0,1
ml/kg, até 3,0 ml por via IV ou intratraqueal ou
subcutânea, por ordem de eficácia.
 Repetir, até três vezes com intervalo de cinco minutos -
SN
 Hidrocortisona - 30 mg/kg IV com dose máxima de
1.000 a 2.000 mg.
 Prometazina - 0,5 mg/kg IV ou IM com dose máxima
de 25 mg.
 Expansão da volemia - soro fisiológico ou solução de
Ringer lactato. Iniciar a infusão rapidamente na dose
de 20 ml/kg peso.
 Tratamento da insuficiência respiratória
E Agora...
E Agora...
Venenosa

Não venenosa
Fotos: Raiany Cruz
Acidente com outros animais
Obrigado
Caso clínico 1
Paciente, 23 anos, masculino, residente em área rural de
Porto Nacional, vaqueiro, inicia atendimento relatando
“picada de cobra” há 8 horas.
Paciente relata que foi picado em membro superior direito
por uma cobra que não soube identificar, nem descrever.
Refere dor (8/10) em pontadas, sangramento, e edema no
local da picada.
Ao exame físico geral, REG, Lúcido, Orientado em Tempo e
espaço. Acianótico, Anictérico e Afebril. FC: 98bpm, FR: 17
irpm. PA: 120x80. Cabeça e Pescoço: Sem alterações. ACV:
BRNF, 2t, s/sopro. AR: MV+, S/Ruídos Adventícios.
Membros: Superior direito: Presença de eritema, edema
(cacifo ++), bolhas. Sem alterações em outros membros.
Foi solicitado TC (incoagulável), hemograma (leucócitos:
13000/mm³), plaquetas (180000/mm³), ureia (50mg/dl) e
creatinina (1,3mg/dl).
Caso clínico 2
Paciente masculino, 19 anos, natural e residente de Belém do
Pará, funcionário de zoológico com trabalho direcionado às
serpentes.
Refere picada no antebraço direito há 8 horas, quando
alimentava o animal. Refere dor intensa no local (7/10),
edema local discreto, náuseas e vômitos (2 episódios), cólicas
abdominais paroxísticas, sudorese, visão turva, discreta
epistaxe e diarreia.
Ao exame físico, paciente em REG, levemente desorientado,
afebril, acianótico, anictérico, eupneico, normocorado e
desidratado (1+/4+). Sinais Vitais: FC: 108 bpm; PA: 130/80
mmHg; FR: 20 rpm.
Após solicitados os exames, apresentaram os seguintes
resultados: Tempo de Sangramento (TS): 4m15seg. Tempo de
Coagulação: Acima de 15 minutos. Tempo de Protrombina: >1
minuto.
Caso clínico 3
Paciente, 26 anos, masculino, residente e procedente da zona rural
de Porto Nacional. Iniciou atendimento com queixa de "picada de
cobra" há 12horas.
Paciente relata que foi picado por uma cobra em membro inferior
direito quando caçava com seu pai em um campo aberto.
Apresentou manifestações clinicas somente após 6 horas do
acidente. Tomou óleo de buriti, mas sem melhora. Na presença dos
sintomas como ptose bipalpebral, oftalmoplegia, artralgia e mialgia
é que a vítima procurou atendimento médico no Hospital Regional
de Porto Nacional.
Ao exame físico paciente apresentava-se REG, Lúcido, levemente
desorientado em tempo e espaço, Acianótico, Anictérico e Afebril,
urina bem escurecida. Cabeça e Pescoço: Pitose palpebral,
oftalmoplegia, sem outras alterações. Membros: Sem alterações.
Foi solicitado creatinina (2,8mg/dl) e TC (incoagulável). CPK: 9616
(VR: de 32 a 294); AST: 729 UI/ml (VR: ate 40); ALT: 340 UI/ml
(VR: Até 56).
Caso clínico 4
 Paciente 37 anos, deu entrada na OSEGO com história de
mordida por cobra no polegar direito há duas horas,
enquanto fazia manutenção no implemento agrícola, como
estava escuro (noite) não conseguiu visualizar as
características da cobra. Teve 1 episódio de vômito em casa,
queixou-se para o irmão, de discreta dor local e
formigamento, inicialmente na mão que agora estendeu-se
até o braço. Apresenta dificuldade em abrir os olhos, vistas
escurecidas, dificuldade para respirar que tem piorado a
cada minuto, cianose, rebaixamento do nível de
consciência.
 Dados da monitorização: SpO2 75%, FC 60bpm, FR 30 e
baixa amplitude ventilatória, PA 90/50mmHg.
 Laboratório: Hemograma com discreta leucocitose, Cr
1,1mg/dl, TC 5 minutos

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