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Sistema de Protocolos
Objetivos:
• Descrever as características clínico-laboratoriais dos acidentes ofídicos
• Delinear os tratamentos dos acidentes ofídicos
Autores e Afiliação:
Palmira Cupo 1
Viviane do Carmo Custódio 2
Diagnóstico:
O diagnóstico do envenenamento é feito pelas manifestações clinicas, que variam de
acordo com o gênero das diferentes serpentes existentes no país (Quadro 1). Ressalta-se
que o paciente pode ter sido picado e apresentar a marca das presas, mas não ter
sintomatologia alguma (picada seca ou “dry bite”).
Acidentes Botrópicos
Manifestações clínicas
• Locais: Dor e edema endurado local, de intensidade variável, em geral de instalação
precoce e progressivo. Pode haver sangramento nos pontos de inoculação do veneno,
equimoses e bolhas no local e à distância, acompanhados ou não de necrose.
• Sistêmicas: Pode ocorrer hemorragia à distância, como gengivorragia, epistaxe,
hematêmese, hematúria, sangramentos em ferimentos cutâneos pré-existentes e em
sistema nervoso central.
Alterações laboratoriais
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Complicações
• Locais: abscesso, necrose, síndrome de compartimento, amputação.
• Sistêmicas: sangramentos ou hemorragias em regiões nobres (cérebro, pulmão) lesão
renal aguda.
Acidente Laquético
Acidente Crotálico
Manifestações clínicas
• Locais: Dor de pequena intensidade, parestesia local ou regional, edema ou eritema
discretos ou ausentes nos pontos de inoculação das presas.
• Sistêmicas: mal estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, secura da boca,
sonolência.
• Neurológicas: ptose palpebral, flacidez da musculatura da face (facies miastênica),
midriase, visão turva, diplopia e, menos frequentemente, paralisia velopalatina, com
dificuldade à deglutição, alterações do paladar e do olfato.
• Musculares: mialgia, rabdomiólise, mioglobinúria, pode evoluir para lesão renal aguda.
Insuficiência respiratória aguda, fasciculações e paralisias de grupos musculares têm sido
relatadas ocasionalmente e podem decorrer das atividades miotóxica e/ou neurotóxica do
veneno.
• Hemorrágicas: pode ocorrer incoagulabilidade sanguínea com alteração do TP, TTPA e
fibrinogênio, podendo haver discreto sangramento, restrito aos locais de traumatismo
prévio.
Alterações laboratoriais
Alteração de TP, TTPA e fibrinogênio. Hemograma com leucocitose e neutrofilia. Urina I
com heme pigmento (mioglobinúria). Aumento das concentrações de creatinoquinase
(CPK) e sua fração CK-MB (indicando lesão muscular e não cardíaca), desidrogenase lática
(LDH), transaminase glutâmico-oxalacética (TGO), transaminase glutâmico-pirúvica (TGP),
e aldolase, que se elevam nos dias subsequentes.
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Complicações
Lesão renal aguda hipercatabólica, muitas vezes necessitando de métodos dialíticos e,
mais raramente, insuficiência respiratória aguda.
Acidente Elapídico
Manifestações clínicas
• Locais: dor local discreta ou moderada, geralmente acompanhada de parestesia local ou
regional, de intensidade variável. A marca das presas pode ou não ser encontrada, devido
à pequena abertura da boca da serpente, às vezes, só aparece uma arranhadura.
• Neurotóxicas: fraqueza muscular progressiva, com ptose palpebral, oftalmoplegia,
diplopia, turvação visual e presença de fácies miastênica (semelhante ao acidente
crotálico). Pode surgir dificuldade para manutenção da posição ereta, por diminuição da
força muscular, mialgia local ou generalizada e dificuldade para deglutir, devido à paralisia
do véu palatino, com aumento da salivação. A paralisia flácida de musculatura respiratória
compromete a ventilação e pode evoluir para insuficiência respiratória aguda.
Alterações laboratoriais
• Pode ocorrer aumento discreto ou moderado da CPK. Nos pacientes com dificuldade
respiratória monitorar oximetria de pulso (SpO2) e gasometria arterial.
Exames Complementares:
Ver em "Diagnóstico".
Tratamento:
Atendimento inicial às vítimas de acidentes ofídicos
Conduta inicial
• Limpar o local da picada com água e sabão.
• Manter o paciente calmo e deitado, evitando andar.
• Sempre acionar o Centro de Informações Toxicológicas para orientação (levar o paciente
o mais rápido possível para hospital de referência, onde exista soro antiveneno; procurar o
mais próximo).
• Manter o paciente hidratado.
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Acidentes Botrópicos
Tratamento
Geral
• Limpeza do local picado, hidratação, analgésicos para alívio da dor. Manter o segmento
acometido elevado e estendido, evitando angulação, sem desconforto para o paciente.
Não garrotear, não fazer cortes, não romper bolhas.
• Hidratação endovenosa adequada, atenção para lesão renal aguda.
• Não está indicada antibioticoprofilaxia. Administrar antibioticoterapia, se necessário (p.
ex., formação de abscesso), com amoxacilina/clavulanato, cefalosporina ou ciprofloxacina.
• Monitorar a coagulação a cada 24 horas, ou antes, se houver evidências de
sangramentos graves. Geralmente os exames começam a melhorar após 24 horas e se
estiverem em curva ascendente ou então ainda com valores baixos, mas como paciente
estável, não administrar mais soro antibotrópico (SAB).
• Verificar imunização contra tétano.
Específico (Quadro 2)
Acidente Laquético
O tratamento é feito com soro antilaquético (SAL) ou soro antilaquético-botrópico (SALB):
10 ampolas para casos moderados e 20 ampolas para casos graves.
Acidente Crotálico
Tratamento
Geral
• Hidratação adequada para prevenção da lesão renal aguda, até que haja clareamento da
urina, indicando diminuição da excreção de mioglobina, que é potencialmente tóxica para
o rim.
Específico (Quadro 3)
Acidente Elapídico
Tratamento
Geral
• Suporte ventilatório para os pacientes com insuficiência respiratória aguda.
Específico (Quadro 4)
Se não houver soro antielapídico (SAEla) disponível, pode ser feito teste terapêutico com
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Metas e Indicadores:
N/A
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Anexos:
Tabela 1: Quadro 1
Quadro 1. Principais atividades dos venenos ofídicos e manifestações clínicas iniciais nos
pacientes vítimas de envenenamento por serpentes
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Tabela 2: Quadro 2
Quadro 2. Tratamento dos acidentes causados por serpentes do gênero Bothrops de
acordo com a classificação clínica de gravidade
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Tabela 3: Quadro 3
Quadro 3. Tratamento dos acidentes causados por serpentes do gênero Crotalus de
acordo com a classificação clínica de gravidade
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Tabela 4: Quadro 4
Quadro 4. Tratamento dos acidentes causados por serpentes do gênero Micrurus de
acordo com a classificação clínica de gravidade
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Figura 1: Figura 1
Figura 1. Dentição e cauda das serpentes. 1. Serpentes não peçonhentas: ausência de
fosseta loreal e de presas (com exceção de algumas, que
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