Você está na página 1de 47

Módulo de Acolhimento e Avaliação

Projeto Mais Médicos para o Brasil


31° Ciclo do PMMB

PROCEDIMENTOS EM
ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
● Discutir a realização de procedimentos em APS
● Apresentar os princípios da anestesia locorregional
● Discutir a drenagem de abscessos na APS
● Discutir a retirada de corpos estranhos na APS
● Discutir a lavagem otológica na APS
● Discutir a realização de suturas na APS
● Discutir a realização de cantoplastia na APS
PROCEDIMENTOS EM APS
• As unidades de saúde estão autorizadas a realizar procedimentos
“com internação de curta permanência” e enquadradas como
estabelecimento de saúde tipo 1.

“É o consultório médico, independente de um hospital, destinado à realização


de procedimentos clínicos, ou para diagnóstico, sob anestesia local, sem
sedação, em dose inferior a 3,5ml/Kg de lidocaína (ou dose equipotente de
anestésicos locais), sem a necessidade de internação.”

• Não há necessidade de cuidados específicos de pós operatório.


PROCEDIMENTOS EM APS
• Pactuação/Articulação com as gestões locais para viabilizar a
realização de procedimentos:
• Estrutura das Unidades de Saúde que permitam a realização dos
procedimentos.
• Existência de material e insumos necessários.
• Organização e preparo do material necessário para os procedimentos.
• Educação continuada da equipe de saúde local.
PROCEDIMENTOS EM APS
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
• ASA I: paciente saudável, não fumante, nenhum ou uso mínimo de álcool
• ASA II : paciente com doenças sistêmicas leves, sem limitações funcionais
significa?vas.
• ASA III : paciente com doenças sistêmicas graves e com limitações funcionais
significa?vas.
• ASA IV : paciente com doença sistêmica grave que é uma ameaça constante à vida.
• ASA V : paciente com doença graves fora de possibilidade de cura.
Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, 2020
PROCEDIMENTOS EM APS
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Os procedimentos elegíveis para realização na APS estão indicados para os
pacientes de baixo risco:
• ASA I: paciente saudável, não fumante, nenhum ou uso mínimo de álcool
• ASA II : paciente com doenças sistêmicas leves, sem limitações funcionais
significativas.
PROCEDIMENTOS EM APS
O QUE É POSSÍVEL?
• Estão previstos na Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde
(Casaps) Ministério da Saúde, mas… nem todas as unidades de saúde
tem infraestrutura para realização de procedimentos ambulatoriais.

• Papel do médico – incentivar a melhoria estrutural e de insumos para


qualificar a assistência e expandir as ações de cuidado em saúde
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL
ANESTÉSICOS LOCAIS
• Até 1 mg/Kg de peso – máximo 70mg lidocaína ou dose equivalente de
outro anestésico local.
• Anestésico local depende do pH – se meio ácido, ação lenbficada.
Avaliar bloqueio de campo ou bloqueio de nervo.
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL

ANESTÉSICOS LOCAIS
• Toxicidade depende da dose. Os sintomas mais comuns são
dormência na língua e distúrbios visuais e auditivos. Contraturas
musculares, inconsciência, comvulsões, coma, colapso cardiovascular
são manifestações graves
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL
ANESTÉSICOS LOCAIS

Lidocaína: disponível nas concentrações de 0,5, 1,2 e 5%; em tubetes de 1,8ml ou


ampolas de 10 e 20ml; com ou sem epinefrina. Apresentações tópicas: geléias 2 e
5%; creme 4%, soluções para uso em mucosa 2 e 20% e spray 10%.
• Para sondagem uretral, geléia 2 ou 5%.
• Dose máxima de 5 a 7mg/Kg de peso.
• Atenção no uso em portadores de hepatopatias crônicas.
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL
ANESTÉSICOS LOCAIS
Bupivacaína: concentrações de 0,25 a 1% para bloqueio de nervos periféricos.
• 4 vezes a potência e toxicidade da lidocaína.
• Menos convulsivantes que a lidocaína e mais cardiotóxico.
• Mais usado em bloqueios de nervo.
Ropivacaína: 0,25% e 1%. Dose máxima 1 a 2mg/Kg
• Potência semelhante à bupivacaína. Já tem efeito vasoconstritor
• Menos cardiotóxica que a bupivacaína
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL

ANESTÉSICOS LOCAIS
• Tetracaína: 1%, solução oftalmológica
• Creme dermatológico EMLA (eutetic mixture of local anesthesy):
lidocaína 25mg/g + prilocaína 25mg/g – aplicar sob bandagem oclusiva
uma hora antes do procedimento.
PRINCÍPIOS DE ANESTESIA LOCORREGIONAL
ANESTÉSICOS LOCAIS
ANESTÉSICO DOSE MÁXIMA (mg/Kg) MÁXIMO ABSOLUTO (mg)
Lidocaína 5 400
Lidocaína com epinefrina 7 500
(1:200.000)
Bupivacaína 3 175
Bupivacaína com epinefrina 3 225
(1:200.000)

Ropivacaína 3 200
ANESTESIA REGIONAL
• Tópica: gotejamento, nebulização ou instilação
• Infiltração local: no tecido a ser operado
• Bloqueio de campo: infiltração ao redor do tecido a ser operado
• Anestesia de condução: injeção de anestésico nas raízes nervosas
• Troncular: plexos ou nervos
• Peridural ou caudal: raízes nervosas no espaço extradural
• Raquianestesia: raízes nervosas no espaço subaracnoídeo
INFILTRAÇÃO LOCAL
• Pode ser realizada apenas com assepsia precária, a fim de melhor tolerância
do paciente para assepsia adequada.
• Indicada na remoção de pequenas lesões de pele, drenar coleções
subcutâneas, exérese de pequenos tumores e corpos estranhos, sutura de
ferimentos.
• Se pele íntegra, aplicar dose com agulha de insulina para botão anestésico e,
a partir dele, injeta mais anestésico com uso de agulha mais calibrosa.
• Se ferimento, injeta-se o subcutâneo a partir das bordas da ferida.
• SEMPRE ASPIRAR ANTES DE INJETAR.
INFILTRAÇÃO LOCAL
INFILTRAÇÃO LOCAL
BLOQUEIOS DE NERVOS

Créditos das imagens:


Duncan pág 900
SUTURAS

Ponto simples Ponto Donati


SUTURAS

Ponto em U
Sutura intradérmica
SUTURAS

https://www.youtube.com/watch?v=65koTg6Nt1s
SUTURAS

hRps://www.youtube.com/watch?v=LlQ_qYm4ihY
DRENAGEM DE ABSCESSO
Drenagem é o tratamento de escolha, independentemente da localização.
Atenção: face, principalmente o triângulo formado pelo nariz e pela
extremidade do lábio, risco de flebite séptica e promover extensão para a
região intracraniana. Prescrever antibiótico.
Atenção à região perianal: drenagem com urgência, não se espera
apresentar sinal de flutuação: risco de fasceíte necrotizante (síndrome de
Fournier). Na dúvida, encaminhe com urgência para a avaliação de um
cirurgião.
DRENAGEM DE ABSCESSO - MATERIAIS NECESSÁRIOS
• Solução de iodopovidina tópico ou • Pinça hemostática curva.
clorexidina. • Lâmina de bisturi nº 11.
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor • Soro fisiológico para irrigação.
• Campos estéreis. • Gaze.
• Fio de sutura nylon 3.0. • Seringa de 5 ml.
• Luva esterilizada. • Agulha 40 x 12 (rosa).
• Dreno de Penrose. • Agulha hipodérmica (de insulina).
• Swab de cultura, se necessário. • Máscara e óculos para proteção.
DRENAGEM DE ABSCESSO

https://www.youtube.com/watch?v=x5bJY-opx3Q - do minuto 1:00 ao 4:10


DRENAGEM DE ABSCESSO
Complicações
• Recidiva do abscesso: se o tamanho da incisão não for grande o suficiente
para drenagem adequada; local não explorado completamente, deixadas
áreas loculadas.
• Sangramento.
• Disseminação sistêmica da infecção: endocardites, osteomielites,
formação de abscessos pleurais, articulações etc.
DRENAGEM DE ABSCESSO
SEGUIMENTO
• Reavaliar em um ou dois dias para remoção das gazes e do dreno, e para
verificação da ferida.
• Orientar compressas mornas no local, durante 15 minutos, 4x ao dia, até
melhora; trocar os curativos diariamente; verificar sinais de infecção sistêmica.
• A antibioticoterapia está indicada se houver celulite coexistente, se o paciente
for imunocomprometido ou tiver um corpo estranho (enxerto vascular, telas,
cateteres e válvulas).
• Podem-se associar analgésicos e anti-inflamatórios para a dor pós-drenagem.
REMOÇÃO DE ANEL
REMOÇÃO DE ANEL

https://www.youtube.com/watch?v=Xb4afPtTbEs - 00:19 até 1:00


RETIRADA DE ANZOL

https://www.youtube.com/watch?v=XN-hKf7RB0A
LAVAGEM OTOLÓGICA
INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
• Otalgia. • Obte aguda.
• Diminuição importante da audição. • História pregressa ou atual de
• Dificuldade de realizar otoscopia. perfuração bmpânica.
• Desconforto audibvo. • História de cirurgia otológica.
• Tinnitus (zumbido). Paciente não cooperabvo.
• Tontura ou verbgem.
• Tosse crônica.
LAVAGEM OTOLÓGICA
LAVAGEM OTOLÓGICA

https://www.youtube.com/watch?v=NpSiiwDx_r4 - a partir de 01:27


EXÉRESE DE CISTO SEBÁCEO
• Solução de iodopovidina tópico ou • Soro fisiológico para irrigação.
clorexidina. • Gaze.
• Lidocaína 1% sem vasoconstrictor • Luva esterilizada.
para anestesia local. • Seringa de 5 ml.
• Campos estéreis. • Agulha 40 x 12 (rosa).
• pinça hemostática curva, pinça dente • Agulha hipodérmica (de insulina).
de rato, pinça anatômica, tesoura reta, • Fio de sutura nylon 2.0, 3.0, 4.0.
tesoura curva, porta-agulha • Máscara e óculos para proteção.
• Lâmina de bisturi nº 11.
EXÉRESE DE CISTO SEBÁCEO

https://www.youtube.com/watch?v=xWNf7MOjOzU
EXÉRESE DE NEVO

https://www.youtube.com/watch?v=TDkjyxJ3J8M
ONICOCRIPTOSE
• Porção lateral ou espícula da unha penetra no tecido mole dos tecidos
adjacentes.
• Relacionada ao corte inadequado dos cantos das unhas e uso de sapatos
apertados na parte anterior do pé.
• Estágio 1: dor, leve edema ou eritema.
• Estágio 2: dor, edema, hiperemia e secreção purulenta.
• Estágio 3: dor, edema, hiperemia, hipertrofia dos tecidos moles
(granulação) e secreção purulenta.
ONICOCRIPTOSE
ONICOCRIPTOSE
• Tratamento conservador: controlar os sintomas até que o canto
doentes alcance a extremidade distal e possa ser cortado
adequadamente.
- Cerca de 70% dos pacientes respondem ao tratamento conservador.
- Uso de canaletas ou mechas de algodão sob o canto doente da unha.
• Tratamento cirúrgico: consiste da remoção do canto da unha e do
tecido de granulação.
ONICOCRIPTOSE

https://www.youtube.com/watch?v=MaYFx9Fz_Uo
PARIONÍQUIA AGUDA

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=q1HT1010W4A
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM nº 1886, de 21 de novembro de 2008. Brasília, 2008. Disponível
em: http://portalmedico.org.br/resolucoes/FCM/2008/1886_2008.htm

DOYLE, D.J.; HENDRIX, J.M.; GARMON, E. H. American Society of Anesthesiologists Classification. StatPearls
Publishing, jan. 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441940/

SOCIEDADE AMERICANA DE ANESTESIOLOGISTAS. Sistema de classificação de estado físico ASA. Tradução de


Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. 2020. Disponível em: https://saesp.org.br/wp-
content/uploads/Sistema-de-classificacao-de-estado-fisico.pdf

PIÇARRO, C. Anestesia locorregional. Belo Horizonte, 2013. Disponível em: https://pt.slideshare.net/ClecioPicarro/aula-


anestesia-local

BRASIL. Ministério da Saúde. Carteira de serviços da atenção primária à saúde (CaSAPS). Brasília, 2019. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carteira_servicos_atencao_primaria_saude_profissionais_saude_gestores_comp
leta.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Primária n. 29. Brasília, 2010. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf
OBRIGADO(A)!
COORDENAÇÃO GERAL
FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES
NILSON MASSAKAZU ANDO

POLO SÃO PAULO


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
GUSTAVO EMANUEL FARIAS GONÇALVES
MARIANA TOMASI SCARDUA

SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
MARIZÉLIA GOIS MONTEIRO
DANIEL DE MEDEIROS GONZAGA

APOIO INSTITUCIONAL DO MEC


MÁRCIA CRISTINA NÉSPOLI ANDO
JONAS NERIS FILHO
POLO SALVADOR
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
MARINA ABREU CORRADI CRUZ
SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
CLARISSA SANTOS LAGES
APOIO INTITUCIONAL DO MEC
JOÃO PEREIRA DE LIMA NETO

POLO BELO HORIZONTE


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
CAMILA ZAMBAN DE MIRANDA
FRANTCHESCA FRIPP DOS SANTOS
SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
JULIANA MACHADO DE CARVALHO
AUGUSTO CEZAR DAL CHIAVÓN
APOIO INTITUCIONAL DO MEC
LILIAN PATRÍCIA SILVA DE SOUZA
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
CAMILO SOBREIRA DE SANTANA
SECRETÁRIA DE ENSINO SUPERIOR
DENISE PIRES DE CARVALHO
DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
GISELE VIANA PIRES
COORDENADOR GERAL DE EXPANSÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES
REFERÊNCIAS CENTRAIS DO MEC/PMMB
ANA LUÍSA DOS SANTOS AZEVEDO
ANA LUIZA FEITOZA NEVES SANTOS COSTA
GABRIELA CARVALHO DA ROCHA
HUMBERTO BATISTA BORGES DA SILVEIRA
LEONARDO SOUSA ARAÚJO
LUCAS DE SOUZA PORFIRIO
MAÉZIA MARIA MEDEIROS COSTA MIGUEL
TATIANA RIBEIRO

Você também pode gostar