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ANESTESIOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS - UFBA 2022.1 - Laís F. N.

Costa

ANESTESIA LOCAL E REGIONAL


Animais de Grande Porte

Introdução

★ Atua diretamente no sítio cirúrgico;


★ É utilizado para dessensibilizar a região a ser trabalhada, além de causar anestesia;
★ Muito utilizado na rotina dos grandes animais: cirurgias em animais em estação (anestesia locorregional +
sedativo) ou em cirurgias gerais inalatórias .
★ O anestésico local também é utilizado com o intuito de diminuir a CAM (concentração alveolar mínima)
do anestésico inalatório, o que chamamos de anestesia multimodal.
➔ Utilização de protocolos de infusão intravenosa para causar uma maior analgesia mesmo que o animal
esteja sob anestesia inalatória.
➔ A analgesia é de suma importância para amenizar o efeito rebote da cirurgia com a liberação das
catecolaminas que irá promover dor, inflamação, dificuldade de cicatrização e aumento da frequência
cardíaca, podendo até mesmo levar o paciente ao choque.
★ A anestesia local também é utilizada como método de diagnóstico para:
➔ Bloqueios locais perineurais em membros para diagnóstico de claudicação;
➔ Bloqueio de face ao realizar exames oftálmicos;
● Anestésicos locais utilizados:
➔ Cloridrato de Lidocaína: É a mais utilizada, porém deve ser utilizada associada a um vasoconstritor
em cirurgias e sem vasoconstritor para métodos de diagnósticos pois o vasoconstritor pode causar
necrose de pele quando utilizado de forma subcutânea.
➔ Cloridrato de mepivacaína
➔ Cloridrato de bupivacaína: Possui maior tempo de ação, logo demora mais para ser absorvido.
Ideal para cirurgias longas (+ de 2H). Porém é a mais cara. Pode ser utilizado junto com lidocaína
ou soro fisiológico para aumentar o volume a ser aplicado sem perder o tempo de ação da
bupivacaína.
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Técnicas de Administração

★ Anestesia Infiltrativa (Local)


➔ Linha: Aplicação do anestésico na linha de incisão.
➔ Campo: Aplicação ao redor da área desejada. Ex: Cirurgia de hérnia umbilical.
★ Anestesia Perineural (Região): Aplicação do anestésico ao redor do nervo que inerva a região desejada.
- Paravertebral
- Epidural
- Nervos periféricos
★ Anestesia Intravenosa (BIER): Utilizada para dessensibilizar membros. Porém a desvantagem é que o
anestésico fica concentrado no local onde é feito o garrote e portanto este deve ser afrouxado lentamente
para que o anestésico possa circular sem causar alteração sistêmica (ex: bradicardia, choque).
★ Anestesia Intrarticular: Anestesia local dentro do espaço da articulação.
★ Anestesia Tópica: Aplicação em mucosa (ex: para intubação, colírio em exame oftálmico).

Anestesia Infiltrativa

L Invertido

★ Utilizada em cirurgias abdominais acessada


pelo flanco tanto em equino quanto em
ruminantes;
★ Caudal à última costela e paralelo aos
processos transversos lombares pegando três
camadas (subcutâneo, musculatura superficial
e musculatura profunda) chegando até o
peritônio;
- Atenção para não ultrapassar o
peritônio e injetar na cavidade
abdominal.
★ É feito um botão anestésico para então penetrar com uma agulha longa de epidural (tipo Rosenthal com o
mandril).
★ Para cada linha é injetado de 10 a 20 ml de anestésico.
★ O nervo torácico lateral vai inervar a parte ventral tanto do tórax quanto a parte mais ventral do abdome.
Seu bloqueio perineural é utilizado para prolongar a analgesia.
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V Invertido

★ Comumente utilizada para fazer sutura em caso de laceração do teto.

Em Anel

★ Também utilizada em suturas. Para essa técnica é indicado que faça garrote no teto para
que não tenha presença de sangue e leite.

Cisterna Mamária

★ Técnica utilizada para anestesiar a cisterna mamária em que a mucosa irá absorver o
fármaco. O garrote também é necessário.

Anestesia Perineural

Bloqueio Paravertebral

★ Utilizado para acessar a cavidade abdominal (muito utilizado em


ruminantes);
★ Pouco utilizado em equino pela dificuldade em palpar o processo
transverso;
★ Bloqueio paravertebral proximal (mais próximo à última costela);
- Método Farquharson ou de Cambridge.
- Dessensibiliza o flanco do animal para fazer uma cirurgia.
- Utilização de agulha epidural no sentido transversal dos
processos transversos lombares.
- Aplicação entre T13 - L1: dessensibiliza o nervo que sai da L1.
- Aplicação entre L1 - L2: dessensibiliza o nervo que sai da L2.
- Aplicação entre L2 - L3: dessensibiliza o nervo que sai da L3.
- Vantagem: Gasta menos anestésico local.
- O animal apresenta escoliose, ou seja, contração no sentido que está sem o anestésico e
vasodilatação local com aumento de temperatura.
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★ Bloqueio paravertebral distal


- Método de Magda ou Cakala.
- Dessensibiliza o flanco do animal para fazer uma cirurgia.
- Utilização de agulha hipodérmica 40x12 paralela aos nervos.
- Aplicação acima e abaixo do processo transverso da L1, L2 e
L4.
- Desvantagem: Dificuldade em palpar os processos transversos
em animais com musculatura bem desenvolvida.

Epidural em Bovino

★ Utilizada para dessensibilizar a cauda, períneo, ânus, vulva, etc.


★ É feito um botão anestésico para então penetrar com uma agulha
longa de epidural (tipo Rosenthal com o mandril) no ângulo de 45º
com a pele.
★ Aplicação entre S5 - Co1.
- O limite da aplicação dessa técnica é a S5. Não deve ser
aplicada antes da S5.
★ Aplicação entre Co1 - Co2.
★ Dose: 5mL (0,26mg/kg) de lidocaína 2%.

Epidural em Equino

★ Utilizada para dessensibilizar a cauda, períneo, ânus, vulva, etc.


★ É feito um botão anestésico para então penetrar com uma agulha
longa de epidural (tipo Rosenthal com o mandril) no ângulo de 90º
com a pele.
★ Aplicação entre Co1 - Co2.
★ Dose: 5mL (0,26 a 0,35 mg/kg) de lidocaína 2%.
★ Vai ultrapassar as camadas: pele, subcutâneo, ligamento
interespinhal e ligamento amarelo.
★ Confirmação de que está no espaço epidural: teste da gota pendente
- a gota é sugada devido a pressão negativa.
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Cateter epidural

Cateter com bomba de infusão contínua

Fármacos para epidural (cateter)

★ Opióides
➔ Receptores no corno dorsal: inibe impulsos nos centros superiores.
➔ Dores pós-cirúrgicas e crônicas.
➔ Analgesia moderada, 6 horas.
➔ Morfina: 0,05-0,1mg/kg (24h).
➔ Outros: fentanil, tramadol, meperidina, metadona e bupernorfina.
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★ Alfa-2 agonistas
➔ Hiperpolarização dos neurônios do corno dorsal.
➔ Reduz a liberação de substância P.
➔ Xilazina e Detomidina.
★ Cetamina
➔ Antagonista dos receptores NMDA.
➔ Bloqueia os receptores muscarínicos.
➔ Bloqueio dos canais de sódio e de cálcio.
➔ 1,0mg/kg – Analgesia intensa (70min.)
- Previne hiperalgesia por 8h
- Sem depressão cardiorrespiratória
- Alguma ataxia
➔ * Utilizar soluções sem conservantes.

Epidural em Pequenos Ruminantes

★ Aplicação entre L6 - S1.


- A mais utilizada
★ Aplicação entre S4 - Co1.
★ Aplicação Co1 - Co2.
★ Dose: 1ml/50kg

Epidural em Suínos

★ Aplicação entre L6 - S1.


- A mais utilizada.
★ Dose: 1ml/25kg
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Anestesia em Nervo Pudendo em Bovinos

★ Primeiro faz a palpação retal (com a palma da mão virada para a lateral do animal) e procura uma discreta
depressão que seria o forame isquiático menor. Pelo lado de fora, introduz a agulha de epidural no ângulo
de 90º dessensibilizando o nervo pudendo interno.
★ Essa técnica é utilizada quando se deseja realizar cirurgia no pênis nos machos, úbere nas fêmeas,
assoalho abdominal mais caudal, além das outras aplicações que se utiliza numa epidural.

● A - Nervo pudendo interno


● B- Nervo Pélvico
● C - Artéria pudenda
● D - Ligamento sacroilíaco

Anestesia em Nervo Cornual

★ Localização: Traçar uma linha da base do chifre e centro da órbita.


- Abaixo da crista do osso frontal tem uma fossa por onde a agulha irá penetrar.
★ Utilizada para descornar.
★ Dose: 5 a 10 ml.
★ É feita também anestesia local em volta da
base do chifre
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Bloqueio Retrobulbar

★ Primeiramente é preciso bloquear 4 pontos ao redor das


pálpebras para depois fazer o bloqueio retrobulbar.
- Nervo lacrimal.
- Nervo supraorbitário.
- Nervo infratroclear.
- Nervo zigomático.
★ Utilizado para enucleação (remoção do globo ocular).
★ Introdução: canto medial (no ângulo de 90º), cranial à
terceira pálpebra.
★ Dose: 10 ml de lidocaína.

Bloqueio Perineural (cabeça)

★ A- Supraorbitário
★ B- Auriculopalpebral
- Utilizado para dessensibilizar a orelha.
★ C- Infraorbitário
★ D- Mentoniano

★ O bloqueio infratroclear insensibiliza a comissura medial das pálpebras.


★ O bloqueio do nervo supraorbitário insensibiliza a pálpebra superior.
★ O bloqueio do nervo lacrimal insensibiliza a comissura lateral da pálpebra superior.
★ O bloqueio do nervo zigomático insensibiliza a pálpebra inferior.
★ O bloqueio do nervo aurículo-palpebral é utilizado para se obter ausência de movimento de piscar
os olhos (aquinesia da pálpebra superior).
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★ O bloqueio do nervo infraorbitário insensibiliza a região rostral do maxilar.


★ Introduzindo a parte flexível do cateter no forame infraorbitário pode-se bloquear os molares e os
pré-molares.
★ O bloqueio do nervo maxilar insensibiliza a maxila a partir da região mais caudal.
★ O bloqueio do nervo mentoniano insensibiliza a parte rostral da mandíbula.
★ O bloqueio do nervo mandibular insensibiliza a mandíbula.

Bloqueio dos Nervos Digitais Palmares Lateral e Medial

★ Utilizado para diagnóstico da sede da claudicação.


- O bloqueio é realizado sempre no sentido distal para proximal.
★ Utilizado para cirurgia
- O bloqueio é feito especificamente em um ponto.
★ Estruturas que são dessensibilizadas:
- Osso navicular.
- Bursa navicular.
- Ligamentos sesamóides distais.
- Porções distais do tendão flexor digital superficial e profundo.
- Terço palmar da sola.
- Coxim digital.
- Face palmar da Interfalangeana distal e proximal.

Bloqueio Sesamoideo Abaxial

★ Utilizado para anestesiar o nervo digital palmar.


★ Além das estruturas mencionadas acimas, esse bloqueio também irá dessensibilizar:
- As três falanges;
- Articulação interfalangeana proximal e distal;
- Córium lamelar e sola;
- Ramos dorsais do ligamento suspensor;
- Tendão extensor digital.

Bloqueio dos Quatros Pontos Baixos

★ Utilizado para anestesiar o nervo metacárpico palmar e plantar inferior na altura do ligamento suspensor
do boleto, dessensibilizando toda a região para baixo, tanto dos membros torácicos quanto dos membros
pélvicos.

Bloqueio dos Quatros Pontos Altos

★ Utilizado para anestesiar o nervo metacárpico palmar e plantar superior, abaixo da articulação dos carpos,
dessensibilizando a região para baixo, tanto dos membros torácicos quanto dos membros pélvicos.
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Bloqueio do Nervo Mediano, Antebraquial cutâneo medial e ulnar

★ Utilizado para dessensibilizar todo o membro torácico.


★ A aplicação é feita na face medial do membro.
★ O nervo antibraquial cutâneo fica cranialmente à veia cefálica.
★ O nervo mediano fica na face caudal do rádio.
★ O nervo ulnar se ramifica até a região do boleto.
- Dessensibiliza carpa, metacarpo e todo o dígito.

Bloqueio dos Nervos Tibial Caudal e Fibular profundo

★ Utilizado para dessensibilizar todo o membro pélvico.


★ Referência para aplicação: 10 cm da ponta do jarrete.
★ Nervo tibial - face medial.
★ Nervo fibular - face lateral.

Anestesia Intrarticular

★ Utilizada para diagnóstico de claudicação e procedimentos cirúrgicos.


- Exemplo: Artroscopia para remoção de fragmento ou curetagem óssea.
★ Dessensibilização da articulação incluindo a membrana sinovial.

Articulação Interfalangeana Distal

★ Aplicação: Acima da coroa do casco na face dorso-lateral.

Anestesia Intravenosa (BIER)

★ Muito utilizada em ruminantes para fazer procedimentos no casco.


★ É feito um garrote no membro, de forma acolchoada para não causar
tendinite, e, em seguida, um pouco de sangue é removido ( a mesma
quantidade que será administrado o fármaco) para que não ocorra o
rompimento da veia do paciente.
★ Veias que podem ser acessadas: Veia metacarpiana dorsal, veia
radial, veia metacarpiana palmar e veia safena lateral.
★ O garrote só pode ficar no máximo 40 minutos para não causar
isquemia no membro.
★ Geralmente é feito com sedação.

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