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PC PRÁTICA RESUMO

Dor
É uma resposta a um estímulo (sensorial) mas também uma experiência emocional.

Farmacologicamente deve-se proporcionar um suporte físico e emocional para prevenção e/ou alívio da dor
(analgesia e sedação).

Fármacos com efeito analgésico:


Opioides: o opioide "base" é sempre a Morfina (um dos 1ºs a ser utilizado). Este e seus derivados atuam
principalmente nos recetores µ. Promove analgesia e tem efeitos secundários (é aditiva e causa depressão
respiratória).

Há recetores µ e recetores k. Os recetores µ nos cães, gatos e pessoas são os que conferem mais poder
analgésico.

Se for adm. um agonista (fármaco que se liga ao recetor, enquanto antagonista vai inibir o efeito do recetor) do
recetor µ haverá uma analgesia ótima, exceto em cavalos. Efeito secundário: disforia (excitação).

Outro opioide importante é o Butorfanol muito usado em cavalos. É um agonista parcial dos recetores µ e parcial
dos recetores k, sendo menos excitatório nos equinos. 10x mais forte que a Morfina.

Há também o Fentanil que é 100x mais potente que a Morfina, sendo encontrado de 2 formas em MedVet:
infusão contínua (adm via EV misturado com soro por infusão à longo prazo) ou através de adesivos
transdérmicos.

AIE's (derivados ou formulados sinteticamente à semelhança dos nossos glucocorticoides endógenos que
também possuem efeito analgésico).
AINE's → atuam sobre COX1 e 2 (enzimas ciclooxigenases 1 e 2, que produzem prostaglandinas, que regulam o
fluxo sanguíneo, facilitam a regeneração celular e contribuem para a coagulação). Há prostaglandinas que
possuem efeito inflamatório, provocando vasodilatação, chamar citoquinas inflamatórias e toda a dor associada
a inflamação. Ao adm AINE's, há um bloqueio destas enzimas e não há produção das prostaglandinas
inflamatórias. Efeitos secundários: úlceras gástricas, principalmente problemas renais (IRA), lesões hepáticas,
lesões de coagulação…

Cetamina: antagonista dos recetores n, m, d, a. É um agente dissociativo, faz com que a perceção dos estímulos
não seja normal. Se der uma dose muito alta, é possível provocar hipnose. Se der doses mais baixas (sub-
anestésicas), provoca apenas analgesia. Quando for dito que é um coadjuvante analgésico , sabe-se que é uma
dose mais baixa e quando se falar em agente anestésico é uma dose alta. Efeitos secundários: depressão
respiratória, rigidez muscular (em anestesia), aumento da pressão intraocular (para cirurgias oculares).

Bloqueio da condução nervosa


Há dois tipos de nervos: motores e sensoriais; ao bloquearmos um nervo motor (cuja função é apenas mexer),
perde-se o tónus muscular daquela zona onde foi-se aplicado o bloqueio. O fato do animal não a mexer, não quer
dizer que o animal não tem sensibilidade.

Ex: Bloqueio do n. auriculopalpebral, n. motor cuja função é o movimento da orelha e pálpebra superior. Haverá
ptose palpebral e auricular, entretanto, o animal ainda sentirá dor, pois nenhum nervo sensorial foi bloqueado.

O contrário também pode ocorrer, ou seja, um n. sensorial é bloqueado mas o animal ainda pode movê-lo pois
nenhum n. motor foi bloqueado. Apesar disto, o animal não terá sensibilidade naquela zona.

Anestesia local ou locorregional


Deposição de anestésico local em redor de uma estrutura a intervencionar ou no canal epidural, bloqueando os
canais de sódio (responsáveis pelo impulso nervoso).

Efeitos secundários dos bloqueadores de canais de sódio: como são adm localmente e tem uma absorção
sistémica reduzida, os efeitos secundários são menores.

Técnicas → infiltrações, bloqueio perineurais e epidural

Procaína → 30 min de duração


Praticamente não é utilizada, exceto em animais de produção cujo seus produtos se destinem para
consumo humano
É o único anestésico local permitido em animais de produção na UE
Se for adm em grandes quantidades, pode ter efeitos sistémicos. Reação adversa à procaína: atua no
SNC, provoca disforia, tremor muscular
Em cavalos não se usa procaína a não ser que se esteja adm Penicilina IM
Combinar com outro fármaco para diminuir a dor: AINE's - não se usa opioides por causa do seu
intervalo de segurança - Carprofeno (ex.), é um dos mais utilizados por via SC e IM em bovinos
Lidocaína → 60 min
Mepivacaína → 90 min
Ropvacaína → 5h
Bupivacaína → 8h
Demoram de 5-10 min para fazer efeito.

Técnicas

Anestesias perineurais
Administração de um anestésico local na proximidade do nervo (ao lado). NUNCA colocar um anestésico NO
próprio nervo , mas sim ao lado, pois há imensa dor e pode lesionar o nervo.

Evitar nervo → dor e neuroma

Bloquear condução nervosa: nervo sensitivo ou motor

Implica conhecimento anatómico: trajeto e função dos nervos

Utilização:
Diagnóstico de claudicação
Analgesia de uma estrutura (drenagem abcesso subsolar)

Associado ou não a sedação e anestesia geral

Técnicas de anestesia local→ infiltração, anel, bloqueios tronculares e epidural

Infiltração
Consiste em bloquear uma estrutura difundindo o anestésico não necessariamente em cima do nervo, mas ao
redor da estrutura, dessensibilizando as terminações nervosas em redor do nervo (muito usada para dar um
ponto de sutura por exemplo (imagem A)

Anel
Muito utilizada em tetos de vacas, tumores, base da orelha, etc., consiste em depositar o anestésico ao redor do
teto

Outra hipótese é fazer um pequeno torniquete e aplicar o anestésico pela cisterna do teto.
Procedimentos
Bloqueio L invertido: é feito com a vaca/ovelha em pé, contida, sedada (se for preciso), com uma boa analgesia e
com bloqueios perineurais. É feito superficialmente em profundidade nas camadas musculares do flanco das
vacas e vai dar algum grau de analgesia/desenssibilização da parede do flanco.

Referência: vai ser a última costela. A vaca tem 13 costelas e o cavalo tem 18. Palpa-se a última costela e caudal
ao bordo desta, faz-se o movimento de deposição do anestésico. da camada mais superficial à mais profunda
(perna "grande" do L).

Palpa-se os processos transversos das vértebras lombares até a 5ª vértebra lombar, fazendo uma linha paralela
aos mesmos, inicialmente superficial para desenssibilizar a pele e depois mais profunda à camada muscular
para desenssibilizar os nervos. Ao fazer isto bloqueiam-se os nervos que estão na imagem abaixo e os que saem
da 13ª vértebra torácica.

Bloqueio paravertebral: Ignora-se a 13ª vértebra tórácica (T13), palpando L1 a L4. Há um bloqueio paravertebral
proximal ou distal consoante a abordagem que se quer fazer ao bloqueio. Sempre que se quiser localizar
vértebras torárcicas, pode-se palpar a 13ª costela, é onde está T13, é só localizar os espaços intercostais e contar
de trás para frente porque na frente temos o membro e assim fica difícil.

Nestas vértebras, um nervo passa por baixo do processo transverso, e outro passa por cima. O objetivo desta
técnica é bloquear ambos à saída do canal medular. É um pouco mais complicada do que o bloqueio em L
invertido e depende da capacidade do operador. Palpar o processo transverso da vértebra e imediatamente
colocar a agulha verticalmente de L1 a L3 (e se for necessário até L4).
Bloqueios perineurais membro distal

Digital palmar
Abaxial
4 pontos baixo
4 pontos alto
Anestesia do membro distal

Bloqueio do n. Digital palmar


Anestesia 1/3 da face palmar (mão/plantar (pé) do dígito e sola.

Palpa-se por cima da cartilagem do casco do talão e sente-se a artéria, veia e nervo, introduz a agulha (25G) e
deposita 2mL de anestésico. Há sempre um nervo medial e lateral. Para desenssibilizarmos esta área, deve-se
bloquear os dois. Não se bloqueia a pinça nem a coroa do casco nesta técnica.

Bloqueio abaxial
N. Digital (acima do dígito) e quando desce para o dígito chama-se digital palmar/plantar lateral e medial. Abaixo
dos sesamoides (Abaxial). Os ossos que estão no boleto são o metacarpo III com a 3ª falange.

Anestesia estruturas abaixo do boleto

Bloqueio 4 pontos abaixo


Metacarpos acessórios (II e IV) ou metatarsos tem terminações livres, são palpáveis e tem funções anatómicas.
Em termos clínicos são importantes pois podem haver fraturas. Deve-se conseguir palpar os botões (as
terminações livres) dos metacarpos/tarsos acessórios, local onde serão feitos os bloqueios dos metacarpos/
tarsos acessórios (lateral e medialmente) e palpar a região entre o ligamento interósseo e tendão flexor digital
profundo

N. Metacarpiano ou tarsiano medial e lateral e n. palmar ou plantar

Anestesia articulação boleto e estruturas distais

Anestesia da cabeça e olho

Anestesia da pálpebra
Bloqueio dos 4 Ramos do trigémio (V par craniano) → supraorbital (Forâmen supraorbital), lacrimal (Canto
lateral do olho e direcionar a agulha para o bordo dorsal da órbita), infratroclear (bordo dorsal da órbita junto ao
canto medial do olho), zigomaticofacial (agulha subcutânea bordo ventral da órbita junto ao início do arco
zigomático (canto lateral))

Além da pálpebra dá para anestesiar o seio frontal e a 3ª pálpebra.

Bloqueio auriculopalpebral → nervo motor (palpável no bordo dorsal do arco zigomático).

Anestesia do olho
Bloqueio retrobulbar → na fossa orbital, caudal ao bordo dorsal da órbita. Este bloqueio deve ser ecoguiado
caso o procedimento āo tenha por objetivo a enucleação.

Anestesia da maxila, nariz, seios paranasais e arcada maxilar

Bloqueio do nervo maxilar → Fossa pterigopalatina antes de entrar no canal infraorbital.

Bloqueio do nervo infraorbital → forâmen infraorbital (anestesia até o 3° pré-molar).

Anestesia da mandíbula, arcada mandibular e lábio inferior

Bloqueio do ramo alveolar inferior do nervo mandibular → Canal mandibular no aspeto medial da mandíbula,
através da mucosa lingual.

Bloqueio do nervo mentoniano → Forâmen mentoniano (anestesia da porção rostral da mandíbula.

Epidural

Indicações:
Anestesia cirurgia do ânus, recto, períneo, cauda, uretra, bexiga, vulva e vagina em estação

Analgesia m.p., cólica não-cirúrgica de origem desconhecida, intra e pós-cirúrgica

Contra-indicações:
Infeção cutânea local

Coagulopatia

Fraqueza ou ataxia

Doença medular

Hipotensão ou hipovolemia

Complicações:
Défice propriocepção

Ataxia e decúbito

Hipotensão e bradicardia - bloqueio simpático

Desconforto e ataxia - volumes grandes

Prurido
Anestesia geral
Pré-medicação→ analgesia (AINES) - importante para controlar a dor cirúrgica + tranquilizante - para o animal
colaborar (acepromazina)

Indução→ Sedação com α-2 agonista associado a um opióide + anestesia (5 min depois da sedação)

Riscos maiores no cavalo do que num cão, gato ou humanos.

Riscos: 1 a cada 100 cavalos tem complicações anestésicas: pode ser morte, hipotensão ou afetar o recobro do
cavalo.

Protocolo multimodal → Para obter sempre o mínimo de efeitos secundário de cada fármaco administrado.

Opióides → efeito analgésico (efeitos secundários: Excitação, bradicárdia, depressores do sistema respiratório
(hipoventilação))

α-2 agonistas → efeito analgésico (efeito secundário: depressor do sistema cardiovascular)

Reduzindo as doses e consequentemente os efeitos secundários.

Analgesia

Hipnose Relaxamento muscular

Indução e recobro são importantes devido a possíveis traumas.

Procedimentos pré-cirúrgicos obrigatórios → Cateterização e lavagem da boca do animal para remover restos de
comida e evitar uma pneumonia por aspiração.

Pré-medicação (30 minutos antes da indução)


Analgesia → AINES (ex.Fenilbutazona) por via endovenosa para que haja efeito imediato (para
controlar a dor cirúrgica) + Tranquilizantes (server para tranquilizar o animal e conseguir fazer
todos os procedimentos pré-cirúrgicos necessários) → Acepromazina (fenotiazina mais utilizada).
OBS: Esses procedimentos são realizados no tronco de contenção. Na sala de tratamentos.

Indução
Neuroleptoanalgesia - consiste no uso de um sedativo potente associada a um opióide (Este último
é um analgésico potente).
α-2 agonista → dexmedetominida, romifidina, xilazina
Opióide → Butorfenol ou morfina.
OBS: Esses procedimentos são realizados na sala de indução.
5 minutos depois de sedar o cavalo vamos fazer a hipnose
Hipnose → Cetamina (mais comum) ou tiopental
Relaxamento muscular com benzodiazepínico → Midazolam ou diazepam
Cavalos estressado e com pouco maneio → utilizar altas doses de α-2 agonistas e
opióides; Cavalo simpático - dose standard.

Manutenção

Anestesia/ Sedação
Analgesia

Anestésicos voláteis
Anestesia fixo (bólus)
CRI - Infusão contínua
Anestesia local

Volátil ou TIVA ou PIVA

Volátil (cirurgias de até 1h)→ A medida que o animal é entubado (via orotraqueal) e recebe O2,
também é veiculado anestésico votátil → Isoflorano (mais utilizado no cavalo), sevoflorano. Efeito
secundário: diminuição da FC e a contractilidade do coração - culminando na diminuição da
pressão arterial.
TIVA (cirurgias de até 30 min) → Anestesia intravenosa total - Mantém a anestesia através de
agentes veiculados exclusivamente por via endovenosa (Catéter, infusão contínua)
PIVA (Cirurgias superiores a 1h) → Anestesia intravenosa parcial - Combina anestésico voláteis com
fármacos administrado por via endovenosa.

Só podemos utilizar a TIVA por até 30 min devido os efeitos cumulativos no organismo do animal.

OBS: A escolha vai depender do tipo de procedimento a ser feito e do tempo que vai
demorar. Muito/pouco invasivo, mais/menos doloroso, mais/ menos relaxamento
muscular.

Recobro
Analgesia
Tranquilizar/ Sedação → em doses baixas para não haver muita ataxia. Serve para tranquilizar o
animal pois este é uma presa, e tem o comportamento como tal quando vê que está machucado,
com dor, num local estranho → vai tentar a fuga.

Fenotiazínicos
α-2 agonista
Triple drip → infusão contínua de 3 fármacos que ofereçam o triângulo na indução e assim é
mantido.

FC do cavalo não altera durante a anestesia se estiver a superficializar, o que varia é a


força de contractilidade (se estiver a superficializar a tensão arterial sobe, e se
aprofundar desce.

OBS: Um tranquilizante não é analgésico nunca, mas um sedativo sim! No sedativo há uma
depressão do SN, com atraso da resposta à estímulos externos, diminuição da ansiedade.

Orquiectomia pode ser feita sedado (em estação, neste caso temos que fazer um bloqueio
local, intratesticular, (pode ser com lidocaína, metivacaína, ropvacaína, bupivacaína
(NUNCA PROCAÍNA)) ou sob anestesia geral.

Sedativos
Midazolam + Diazepam = Benzodiazepinas

Acepromazina = Fenotiazinas

Indução (Opioides)

Protocolo

Pré-medicação: analgesia (AINES) + tranquilização (Fenotiazinicos)

Tranquilização:

Acepromazina → evitar administração em machos reprodutores e animais hipovolémicos, bons


resultados em grandes. Causa vasodilatação, causa hipotensão

Analgesia:
Fenilbutazona
Carprofeno
Suxibuzona
Cetoprofeno

Indução: sedação (alfa 2 agonista) + analgesia (Opioide)+ anestesia (hipnóticos) + relaxamento


muscular (Benzodiazepinos)

Opioides → depressor do sistema respiratório

Morfina: causa disforia nos cavalos


Fentanil
Butorfanol - mais utilizado em clínica de equinos
Buprenorfina

Hipnóticos

Cetamina
Tiopental

Benzodiazepinos

Diazepam
Midazolam

Manutenção:

Isoflurano: mais usado em cavalos (volátil)

Recobro: analgesia + tranquilização/sedação (em doses baixar para não haver ataxia)

Fenotiazinicos → Acepromazina

Alfa 2 agonista → depressor do sistema cardiovascular, causa bradicardia (1-2 minutos depois da
administração)
Detomidina
Romifidina
Detomidina
Xilazina

Técnicas

PIVA: Intravenosa parcial quando precisa durar mais, acima de 1hr

TIVA: Intravenosa total durante no máximo 30 minutos

Volátil: Depende do tempo e de quão invasivo é o procedimento, até 1hr

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