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RESUMO DE ANESTESIOLOGIA

PROFº João Francisco de Azevedo Mattos e Marcia Ap. Portela Kahvegian

Aula de 08/08/13_Introdução à Anestesiologia Marilian

Duas avaliações parciais valendo 1.5 cada. Tem uma prova prática.
Disciplina teórica e prática, só depois de dois meses de teoria que vamos para o centro cirúrgico.
Uso de pijama cirúrgico (não pode ser cor fluorescente), trazer luvas e máscaras.
Não é permitido gravar a aula.
As apresentações são passadas para o representante.
Ex: de aula práticas em cadáveres: Anestesia epidural, bloqueio de plexo braquial e outros.

O que significa o termo anestesia? Perda da sensibilidade, da sensação dolorosa de todo o corpo ou de
parte dela.
Anestesia aprendida deve ser induzida por: fármacos, anestésicos ou analgésicos que deprimem a
atividade local, regional ou geral do organismo.
A anestesia pode ser obtida por outras maneiras Ex: uso de temperatura (frio) que pode anestesiar uma
parte do corpo.

Anestesiologia? É a disciplina que estuda a anestesia.


Quem tem formação em anestesia é chamado de anestesiologista, entende-se que esse individuo além de
praticar a anestesia também estuda a anestesia.

Qual é a importância da anestesiologia? Primeiramente está relacionada ao tratamento humanitário,


abolição da sensação de dor, abolição da resposta motora e etc.

Abolição da resposta motora: O paciente não consegue se mexer.


Ausência de sensibilidade: Paciente está acordado e consciente, mas esta insensível à dor (não sente dor).
Relaxamento muscular: Para incisionar um músculo relaxado é mais fácil porque o cirurgião não precisa
empregar força. Também no pós-operatório o paciente sentirá menos dor.

Professora mostra uma foto de um cachorro com tumor no osso (osteosarcoma).


Obviamente esse tumor libera uma série de mediadores químicos da inflamação e acaba comprimindo
muito a inervação e musculatura gerando uma dor insuportável. Segunda a professora é digno de uma
amputação

Não cai na prova


HISTÓRIA DA ANESTESIA

Na mesopotâmia os Deuses para punir ou salvar a sociedade provocava dor no individuo. Eles achavam
que a pessoa com dor estava tomada por maus espíritos. Apesar disso existem relatos de uso de ópio em
cerimonias religiosas na idade antiga.
Os egípcios realizavam algumas magias e rituais utilizando medicações e massagem na tentativa de
controle da dor.
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Hipócrates: Considerado "pai da medicina" ele praticava a trepanação no humano com dor, ele simplesmente abria
a região nasal do individuo (raspava o osso) na tentativa de tirar os maus espíritos. Ele foi condenado a morte porque
ele aliviou a dor de uma mulher no parto, ele ajudou ela dando um pouco de ópio.

Descartes: Descreveu toda a sinalização de dor do organismo. Ele começou a descreveu que quando encostamos
no braço de uma pessoa é disparado um potencial de ação que é captado pelo neurônio e vai até o encéfalo.

Hoje a dor é encarada como o 5° sinal vital.

Antigamente a anestesia era feita com enforcamento, com saco plástico para provocar desmaio, bebida
alcóolica, compressão de grandes artérias (carótida) e narcóticos que são utilizados até hoje.

Paracelsus: Médico suíço que dizia que “a dose faz o veneno”. Existe fármacos que a margem de segurança
(dose terapêutica) é muito estreita Ex: Alguns determinados fármacos ao usar 1 mg por quilo é
considerado dose terapêutica, quando esse mesmo medicamento é dado 1,2 mg por quilo provoca
intoxicação ao paciente.
Ele quem desenvolveu o ÉTER e testou em galinha. Também quem deu nome ao elemento zinco.
Ele quem começou com a anestesia.

Horace Wells: Nos estados unidos era feito nas ruas apresentações do efeito do óxido nitroso. Horace
Wells, que era cirurgião-dentista, percebendo as propriedades anestésicas do ÓXIDO NITROSO e passou a
usa-lo nos seus pacientes.
Quando o individuo inala óxido nitroso causa inicialmente excitação e depois deprime a consciência/séda.
Quando tira a mascara o paciente volta ao estado de excitação.
Ele fez uma apresentação do efeito do óxido nitroso para maior entidade medida da época. Colocou a
mascara no paciente, fez a extração do dente e depois tirou a mascara do paciente. Só que esse paciente
voltou muito agitado e toda a comunidade médica achou que o paciente voltou com muita dor. Acharam
que o paciente não tinha sido anestesiado e por isso ficou desacreditado mesmo o paciente dizendo que
não tinha sentido nada durante a extração do dente.

William Thomas Green Morton: Era dentista e pupilo de Horace Wells. Tinha assistido a apresentação do
óxido nitroso e acreditou no potencial da anestesia, só que achava que deveria deixar o paciente por mais
tempo com óxido nitroso.
Um dia William conversando com Charles Jekson que era usuário de éter, foi incentivado por Charles a
utilizar o éter em seus pacientes.
William percebendo as propriedades anestésicas de éter quis fazer uma apresentação para toda
comunidade medida envolvida.
William administrou éter no paciente (Gilbert Abott) e fez com que ele dormisse, os cirurgiões conseguiram
extrair o tumor sem que ele não sentisse absolutamente nada. Quando acabou a cirurgia, William deixou o
paciente com um pouco mais de éter e depois de 15 minutos pós-cirurgia o paciente acordou dizendo que
não estava sentindo dor. Foi desde então que foi descoberta oficialmente a anestesia que era chamada na
época de eterização por causa do éter.

Edward mellor: Anestesia veterinária começou a ser utilizada em 1847 com uso de éter em cães e gatos.
Nessa época foi feita a primeira amputação de membro de um bovino.

Depois dessa época foram lançados outros fármacos como: pentobarbital, pentobarbital sódico e halotano
e etc.
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1940 – 1950 Foi desenvolvido os fármacos inalatórios que hoje é a base da anestesia humana e veterinária.

1941 – Foi lançado o 1° livro de anestesiologia veterinária.

1940 no Brasil – Professor Matera fez o primeiro estudo do uso de tiopental e pentobarbital em cães.

Anestesia veterinária no Brasil só tem 70 anos

1973 no Brasil – 1° disciplina de anestesiologia veterinária ministrada na faculdade de zootecnia de


Botucatu pelo professor Flavio Masoni.

1983 no Brasil – 1° residência em anestesia

1988 no Brasil – 1° livro lançado de anestesia para cavalos, ovelhas, suínos, cabras “Anestesiologia
Veterinária Farmacologia e Técnicas”.

2002 no Brasil – 1° Livro lançado de anestesia para cães e gatos por Denise Fantola.

Qual entidade que regulamenta a anestesiologia veterinária no Brasil? Colégio Brasileiro de Cirurgia
Anestesia Veterinário. Esse colégio congrega anestesistas e cirurgiões.

Anestesia local
1° anestesia local foi com uso de cocaína no globo ocular para anestesia tópica. Não deu certo porque
causou vicio.

1885 – 1° anestesia espinhal em cães com cocaína.

1898 - 1° anestesia subaracnóidea em humanos e animais. (ainda hoje é pouco usada).

1904 – Foi sintetizado a PROCAÍNA que é análoga da cocaína, mas com efeitos colaterais e toxidade bem
menores.

1943 – Foi descoberta a LIDOCAÍNA na Suécia sendo considerado atualmente como um grande anestésico
local.

ALGUNS CONCEITOS DE ANESTESIA 01:04:03

Analgesia: Abolição da sensação dolorosa.

Analgésico: É o fármaco capaz de abolir a sensação dolorosa. É o fármaco capaz de produzir a analgesia.

Tranquilização: É um estado de alteração de comportamento em que o paciente só fica relaxado, livre de


estresse, medo e ansiedade. NÃO FICA INDIFERENTE AO AMBIENTE, ou seja, não perde a consciência,
INTERAGE COM O AMBIENTE.
Quando for falado que o paciente foi tranquilizado isso quer dizer que o paciente está calmo, relaxado,
consciente, pode até se mover e sentir dor.
Os tranquilizantes não tem função analgésica.
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Sedação: Caracterizado como estado de depressão do sistema nervoso central. O indivíduo fica
extremamente sonolento e INDIFERENTE AO MEIO, não consegue andar, NÃO INTERAGE COM O
AMBIENTE ex: Ao passar no lado de um paciente sedado ele não percebe sua existência ali, não interage.
Aqui o paciente NÃO PERDEU A CONSCIÊNCIA e por isso não pode ser operado por que ele ainda NÃO ESTÁ
ANESTESIADO.
Na sedação é possível fazer: raio-X, ultrassom, coleta de sangue em gatos agitados.
Alguns fármacos sedativos também são analgésicos, por isso, dependendo do fármaco utilizado o paciente
pode ou não sentir dor.

Obs: Paciente anestesiado significa que perdeu a consciência.

Onde o paciente tem uma depressão um pouquinho maior do sistema nervoso central na tranquilização
ou Sedação? Resp: Sedação porque ele fica indiferente ao meio.

Uma das maneiras de provocar dor no paciente tranquilizado é pinçando a região interdigital, nessa hora o
cão responde rapidamente tentado morder e tirando a pata. No paciente sedado é diferente, na hora de
dar uma pinçada ele até responde, só que lentamente.

Neuroleptoanalgesia: É a associação de uma tranquilização com analgesia.


Neuroléptico: É sinônimo de tranquilizante. Quando se fala que um fármaco é Neuroléptico
significa que ele é um fármaco tranquilizante.
Analgesia: abolição da sensação dolorosa

Ao pegar um paciente agitado que precisa ser anestesiado, a primeira coisa a fazer em termos
farmacológicos é a tranquilização e analgesia.
Antigamente só se pensava em tranquilizar e não tratava a dor do paciente.
Atualmente quase que 100% dos casos é associado um tranquilizante com um analgésico.
É ético promover a analgesia num paciente que vai ser submetido a qualquer procedimento
doloroso.
A analgesia deve ser feita antes da cirurgia, no trans-operatório e no pós- operatório. Se não der
um analgésico ao paciente antes da cirurgia ele vai acordar com muita dor.

Ex: Se for fazer um raio-x em um cão com displasia, ao tentar esticar a pata desse animal ele sentirá
uma dor insuportável. Por isso é indicado promover a analgesia antes do procedimento.

Em um animal com dor ocorre liberação de noradrenalina, consequentemente aumento da


frequência cardíaca, aumenta PA, ocorre vasoconstricção e com isso diminui o fluxo sanguíneo num
órgão em questão Ex: Um paciente hepatopata não pode ter diminuição de fluxo sanguíneo no
fígado, porque pode lesar o órgão e piorar ainda mais a condição do paciente. Assim como
nefropata não pode ter diminuição de fluxo sanguíneo nos rins e cardiopata não pode ter
diminuição de fluxo sanguíneo em vasos coronarianos. Ao dar analgésico para esses paciente é
evitado essa vasoconstricção.

Hipnose: É o sono artificialmente induzido por fármacos.

Anestesia locorregional: É a perda da sensibilidade numa parte localizada ou numa área limitado do corpo
Loco: local (parte extremamente localizada).
Ex: Tumor em determinado local não precisa anestesiar completamente para tirar o tumor. É só fazer uma
anestesia local na região.
Regional: regional
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Ex1: Fratura de fêmur basta fazer uma anestesia eperidural que vai anestesiar toda região retro-umbilical
para baixo.
Ex2: Amputação de membro torácico pode fazer uma anestesia de plexo braquial.

Anestesia geral: Perda reversível da consciência e da sensibilidade induzida por fármacos.


Anestesia geral requer algumas condições:
 Perda da consciência.
 Analgesia
 Relaxamento muscular
 Ausência de resposta ao estimulo cirúrgico, resposta motora, resposta de aumento de frequência
cardíaca e PA.
Ex: Quando o cavalo não está completamente anestesiado ao fazer a incisão no abdômen, ele não vai se
mexer porque não tem resposta motora, porém a frequência cardíaca dele, que estava 36, vai para 80, a
pressão sistólica, que estava 92 vai para 140. Esses sinais indicam que o cavalo não está complemente
anestesiado, visto que teve resposta frente ao estimulo cirúrgico.

Anestesia balanceada: É baseada no conceito da associação de vários anestésicos em doses diferentes. Essa
associação reúne vantagens.
Usa-se uma série de fármacos em doses baixas e com isso se consegue maior beneficio desses fármacos, evitando
maiores efeitos colaterais.
Ex: Associar um anestésico geral com um analgésico.
Uma dose baixa de anestésico geral causa amnésia e perda de consciência. Já a analgesia não é fácil de conseguir, o
paciente precisa estar profundo em anestesia; para conseguir só com analgésico inalatório.
O anestésico geral não é analgésico, só em doses muito altas que ele deprime toda a sensação dolorosa que chega
até o encéfalo. Também não é um bom relaxante muscular, tendo que deixar o paciente mais profundo em anestesia
para conseguir obter relaxamento muscular.
Com a anestesia geral a primeira coisa que o paciente perde é a memória e depois a consciência, conforme for
aprofundando o indivíduo em anestesia ele perde a sensação dolorosa e relaxamento muscular, só que para deixar o
paciente profundo em anestesia tem um preço que é causar depressão cardiovascular, cardiorrespiratória, pressão
muito baixa. Devido a esses fatores é que se torna mais fácil manter em anestésico geral e associar um analgésico
antes da anestesia geral, assim não precisa manter o paciente profundo em anestesia.
Dando um relaxante muscular, que são inúmeros de ação central e periférica, também se consegue promover
relaxamento muscular sem precisar aprofundar a anestesia.

Toda faculdade de medicina e hospitais que fazem qualquer experimento em animal deve ter obrigatoriamente um
médico veterinário responsável. Maior campo de trabalho para anestesistas veterinários.

Anestesia dissociativa: Anestesia que dissocia o córtex cerebral de maneira seletiva, causando uma analgesia
somática, ou seja, analgesia só em pele e músculo, não causa analgesia visceral e acaba desligando o paciente do
ambiente, só que ele não perde os reflexos protetores (óculo palpebral, deglutição, tônus mandibular, anal e etc).
Essa anestesia não é uma anestesia geral, porque o sistema nervoso central não é formado apenas pelo córtex
cerebral. Essa anestesia só não deixa a informação chegar até o córtex, mas a informação chega ao encéfalo.
O paciente fica desligado porque o córtex cerebral é responsável por desligar o paciente do ambiente, mas não está
com perda de consciência e amnésia. O paciente lembra muito bem de tudo que aconteceu depois que tomou o
fármaco.
Humanos toma CETAMINA sentados, ficam conscientes de tudo só não conseguem se mexer.
Ex: CETAMINA de uso: oral, subcutâneo, intramuscular e intravenosa.

A CETAMINA (anestésico dissociativo) + XILAZINA (sedativo): é muito comum dar os dois juntos para fazer uma
castração. A xilazina promove um pouco de analgesia visceral.

Anestesia inalatória é uma anestesia geral que deprime todo o sistema nervoso central com doses baixas. A principal
via de eliminação desse anestésico é através dos pulmões.
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Hoje são utilizados anestésicos inalatórios que tem uma biotransformação hepática de 0,2% isso os torna mais
seguros, principalmente para os nefropatas e hepatopatas.

Anestesia inalatória é usada até em pacientes que tem problemas respiratórios. Só não é usada em algumas espécies
selvagens.

DOR: É uma experiência sensorial e emocional desagradável que está associada a lesões reais ou lesões potenciais.
LESÃO REAL: Machucado no braço e sinto dor.
LESÃO POTENCIAL: Tenho um machucado no braço e só sinto dor se alguém encostar ou apertar o braço.

COMO FUNCIONA UMA ANESTESIA:


A primeira coisa é observar uma resenha/dados do animal (nome, idade, sexo, peso).
Fazer uma boa anamnese do paciente (Ter um check-list muito bem feito, pois através da anamnese que
você vai decidir se vai ou não anestesiar e se for anestesiar com o que será).
Observar os exames complementares do paciente.
Fazer a avaliação pré- anestésica que é um exame físico (Importante porque o proprietário diz que está tudo
bem com o animal e ao fazer os exames físicos percebe-se que não está nada bem).
Depois da avaliação pré-anestésica é feito o planejamento da anestesia porque cada paciente exige um
protocolo diferente.
Fazer a MPA (medicação pré-anestésica) que é o ato de tranquilizar o paciente.
Depois da MPA é possível preparar o paciente para ser operado, fazer a tricotomia.
Depois que o paciente está preparado para ser operado é induzida a anestesia/hipnose que consiste em
induzir o sono artificialmente Ex: PROPOFOL injetável que dura em média 15 a 20 minutos. Com esse
fármaco é possível inibir o reflexo laringotraquial que possibilita intubar o paciente (passar uma sonda
dentro da traqueia).
Com a sonda dentro da traqueia você estabelece uma ligação do pulmão do paciente com o aparelho de
anestesia inalatória.
Depois disso a anestesia pode ser a geral inalatória ou até mesmo fazer uso de PROPOFOL em fusão contínua
durante toda a cirurgia. Ele é um anestésico geral injetável.
Depois disso imediatamente tem que começar a fazer a monitoração anestésica.
A cirurgia começa quando se inicia a manutenção anestésica.
Dar os fármacos e analgésicos necessários.
No término da cirurgia é desligado a anestesia inalatória para que o paciente tenha a recuperação pós-
anestésica. O tempo e a respiração é o próprio reversor (é rápido).

Avaliação pré-anestésica: O principal objetivo é diminuir a mortalidade e morbidade cirúrgica. Aqui você
avalia as condições físicas do paciente para saber se vai partir para anestesia ou não, pode ser que aquele dia
não seja o dia para o paciente ser anestesiado, às vezes o paciente precisa ser estabilizado, pois pode estar
com uma septicemia grave, pressão muita alta ou baixa, anêmico e outros.
Selecionar os fármacos de acordo com o tipo de anestesia a ser feita, isso é chamado de protocolo
anestésico que consiste em separar a medicação usada na pré-anestesia, na indução anestésica e na
manutenção anestésica.

Estimar o risco anestésico cirúrgico do paciente ao proprietário, pois eles sempre perguntam o risco. O risco
da anestesia inalatória para um paciente hígido que vai para uma cirurgia eletiva é de ordem de 0,01%, isso
significa que a cada mil pacientes anestesiados um morre. Já o injetável chega à ordem de 8% de risco.

Obtenção do consentimento esclarecido: É o termo de autorização da anestesia.


Depois que o paciente foi avaliado, examinado e decide-se anestesiá-lo, devemos conversar com o
proprietário sobre o risco anestésico e cirúrgico. Vai-se explicar adequadamente o que vai acontecer sem
entrar em muitos detalhes.

Na acareação pré-anestésica será determinada a condição física do paciente.


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Pedir exames complementares. No mínimo um hemograma em animais jovens (até 4 anos).

Na ANAMNESE tem que ter um roteiro das principais perguntas.


Está de jejum?
Quantas horas?
Animal teve vômito ou diarreia na última semana?
Que medicação está tomando?
Faz uso de alguma medicação de uso crônico para o pulmão, coração, articulação?

Fazer o exame físico: auscultar o coração, auscultar pulmão, medir a temperatura, PA, coloração de mucosa,
hidratação, TPC, palpação de linfonodos, palpação abdominal e de coluna, ver exames laboratoriais e de
imagem.

Pergunta de sala: É necessário chamar o anestesista sempre? Resp: Geralmente quando se faz uma anestesia
local simples não se faz necessário chamar o anestesista, mas vai muito da consciência de cada um.

O cirurgião geralmente já faz toda essa triagem, mas é a aconselhável repetir, perguntar tudo novamente
porque pode acontecer do cirurgião esquecer algo.

Estabelecer o risco cirúrgico anestésico “ASA”


ASA – É uma classificação da sociedade americana de anestesiologistas.
Humanos e animais quando vão ser submetidos a uma cirurgia são classificados de acordo com o risco ASA.
A classificação ASA pode ser: I, II, III, IV,V, E.
É uma classificação internacional por isso está em algarismos romanos.

Classificação de ASA: Cai na prova

ASA I –
Paciente hígido.
Paciente novo que vai ser submetido a procedimentos seletivos.

ASA II –
Paciente hígido que tem uma doença sistêmica leve.
Paciente idoso.
Paciente pediátrico com até 8 meses de idade.
Paciente cardiopata muito bem compensado que nunca fez edema pulmonar, não cansa fácil.
Paciente obeso.
Paciente com infecção localizada.
Paciente epilético compensado.

ASA III –
Paciente com doença sistêmica moderada.
Paciente com anemia.
Paciente com caquexia.
Paciente com desidratação moderada.
Paciente com hipovolemia moderada.
Paciente epilético descompensado.

ASA IV –
Paciente com doença sistêmica grave.
Paciente com desidratação grave.
Paciente politraumatizado que está consciente ex: paciente atropelado.
Paciente cardiopatia e nefropata descompensado.
Síndrome cólica em cavalo (cólica).
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ASA V –
Paciente moribundo que não tem expectativa de vida mesmo operando ou não. Considerado o semi-morto.
Paciente com trauma craniano.
Paciente politraumatizado que chegou inconsciente.

ASA E -
Emergência é quando precisa entrar logo em cirurgia.
Quando se pede para colocar a classificação ASA é para colocar: I, II, III, IV,V.

O paciente pode ser um ASA menor que V ou III e ser uma emergência? Resp: Sim
Ex: Um lhasa apso com perfuração ocular com 2 anos de idade e hígido é considerado ASA I, porém ele
precisa entrar rapidamente em emergência.

Por causa da classificação é alterado o protocolo anestésico. O protocolo de ASAI é uma coisa, o de ASA II é
outra.
Se o animal é atendido numa emergência e você não sabe nada sobre ele, a classificação é ASA II.
Paciente de ASAI e ASAII pode ter, sim, problema durante anestesia.

Identificação do paciente:
Perguntar se a fêmea é castrada e se está no cio, porque pode sangrar mais no momento da anestesia por causa do
aumento dos hormônios.
Perguntar para o proprietário do cão se o animal já fez transfusão de sangue antes. Como os cães não tem anticorpo
contra hemácia de outros cães, quando é feito a 1° transfusão no cão seu organismo passa a formar anticorpos
contra o sangue que ele adquiriu, devido a isso, a 2° transfusão pode ser muito perigosa se não for feito o teste de
compatibilidade. Já em gatos (espécie evoluída), na primeira transfusão tem que fazer o teste de compatibilidade.

Jejum prévio alimentar:


Espécie Horas de jejum alimentar
Cães e gatos 8h a 12h
Equinos 12h a 16h
Cães e gatos com menos de 8 semanas 4h
Fêmeas em aleitamento 6h
Ruminantes começam o jejum 3 dias 3 dias antes: o tratador deve dar metade da ração
antes da cirurgia e água normal;
2 dias antes da cirurgia: o tratador deve dar
metade da ração e água normal;
1 dia antes da cirurgia: o tratador não deve dar
ração e 6h antes tirar a água.

Obs: Se isso não for obedecido, ficará alimento nos


compartimentos e durante a indução anestésica, indução do
sono ele pode vomitar e o conteúdo ir para o pulmão antes
da intubação levando à morte por broncoaspiração.

Jejum prévio hídrico:


Espécie Horas de jejum hídrico
Cães, gatos e equinos 4h
Ruminante 6h
Obs: Fêmeas em aleitamento não costumam fazer jejum hídrico porque já ocorre a perda de água para formar o
leite.

Reflexão e planejamento da anestesia;


Estado geral do paciente;
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Duração do procedimento cirúrgico;


Fármacos e equipamentos disponíveis;

PERGUNTAS:

Animal de 16 anos vai ser submetido a uma cirurgia de vasectomia parcial. Apresenta exame físico e complementar sem
alteração? Resp: ASA II porque o animal está bem e só é idoso.

Animal 12 anos, com desidratação importante? Resp: ASA IV

Animal 12 anos, com piometra grave (infecção uterina)? Resp: ASA III

Animal 12 anos, tratamento para linfoma, anorexia, caquética, piometra grave (infecção uterina), sepse (infecção
generalizada)? Resp: ASA IV

Animal 12 anos, tratamento para linfoma, anorexia, caquética, piometra grave, sepse e irresponsiva? Resp: ASA V

Aula de 15/08/13_Medicação pré-anestésica Marilian

A definição da medicação pré-anestésica é o ato de anteceder ao procedimento de anestesia. Ela serve


principalmente para reduzir a agressividade, irritabilidade, estresse, medo e consequentemente os efeitos
indesejados causados pelos anestésicos utilizados posteriormente.
Se um animal chegar taquipnéico, ofegante, pulando, não dá para colocar esse paciente em uma anestesia geral
inalatória, às vezes é até difícil de segurar o animal para colocar na anestesia inalatória ou até mesmo pegar uma
veia desse paciente. Piora mais ainda quando o paciente é um equino que pode até se excitar na hora da anestesia
geral.
A MPA (medicação pré-anestésica), quando realizada, diminui a dose dos outros fármacos que serão utilizados em
anestesia.

PROPOFOL
Pode induzir o sono (hipnose)
PROPOFOL em cão
Sem MPA Com MPA
10mg/Kg IV 05mg/Kg IV
Se for injetar
PROPOFOL na veia
do paciente sem
antes fazer a MPA.

O que é mais fácil, usar analgésico no pré ou no pós-operatório? Usar o opióide/analgésico na medicação pré-
anestésica (antes de ocorrer a cirurgia) proporciona um conforto ao paciente. No pós-operatório é muito difícil de
tratar a dor: às vezes o paciente toma tanto analgésico que o paciente passa a sofrer efeitos adversos do uso do
opióide como: depressão respiratória, depressão do nível de consciência e muito mais.
Ex: cirurgia de mastectomía

Objetivos da MPA:
 Tranquilização (não está indiferente ao meio)
 Sedação (está indiferente ao meio)
 Analgesia
 Relaxamento muscular
Obs: Dependendo do grupo de fármaco em MPA pode causar tranquilização ou sedação.
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Na medicação pré-anestésica temos que escolher se queremos tranquilizar ou sedar o animal,


não pode fazer as duas coisas. Cães e gatos irascíveis, a escolha será a sedação para depois partir
para a anestesia geral, já os animais tranquilos a escolha é a tranquilização.
Os equinos são espécies que são sedados de primeira, porque o manejo do animal é muito difícil
e inseguro de controlar um animal desse porte.

Potencialização das ações dos anestésicos Quando utilizamos MPA são potencializado os fármacos utilizados na anestesia. Por
isso que conseguimos reduzir a dose dos anestésicos.

Minimiza os efeitos adversos causados pelos anestésicos


Ex: O PROPOFOL (anestésico) é depressor cardiovascular e respiratório. Se der MPA para o paciente a dose desse anestésico será reduzida como no exemplo
acima (de 10mg para 5mg), com essa dose menor de 05mg os efeitos adversos serão reduzidos.

Diminui os reflexos autonômicos Ex: Diminui a chance de o paciente ter um aumento inesperado de frequência cardíaca e
respiratória durante a cirurgia.
Ex: Numa mastectomía se antes não for feita MPA, na hora da incisão cirúrgica a frequência cardíaca que estava 80 vai para 160. Não será um problema se o
paciente for jovem, mas se for um idoso ou ASA III ou ASA IV isso não pode acontecer.

Suprimir ou prevenir o vômito ou regurgitação


Alguns fármacos MPA tem ação de reduzir o vômito.
Ex: Isso é importante porque na hora de injetar o Propofol ele vai deprimir o reflexo laringotraquial de deglutição. Por isso que é perigoso se o paciente estiver
com o estômago cheio, pois pode acontecer broncoaspiração na hora de indução, na hora que faz dormir antes da intubação, o conteúdo do estômago pode
voltar pelo esôfago e ir para o pulmão e o paciente ter uma pneumonia por aspiração que é uma condição gravíssima.

Promover indução e recuperação suave da anestesia


Se injetar o anestésico direto sem antes fazer o MPA, o paciente pode sofrer uma excitação/agitação. Pode acontecer também
quando a anestesia acaba (quando ele se recupera/volta da anestesia) isso seria uma situação muito perigosa no caso de
equinos visto que é difícil de controlar/segurar o animal nessas condições. Tem casos que o animal é sedado novamente

Reduzir o estresse
Tomar muito cuidado, pois às vezes o animal chega à clinica estressado/ agitado e isso pode indicar uma dor ou doença, por isso
antes de mais nada, é importante fazer uma avaliação pré-anestésica para não complicar ainda mais o quadro do paciente.

Têm agentes que tranquilizam bem determinadas espécies.


Benzodiazepínicos Midazolam/ diazepam/clonazepam em cães e gatos Não funciona bem em algumas espécies que não
estão pré-medicadas, provoca o efeito paradoxal: animal fica muito mais excitado (em 90% dos casos).

Em medicina humana o Midazolam/ diazepam/clonazepam são classificados como MPA, mas isso só funciona em humanos, já
nos animais eles não funcionam como MPA, porém podem ser usados como indução anestésica.
Esses fármacos são muito usados nos casos de emergência em que o animal chegue na clinica convulsionando.

Presença de dor pré e pós-operatória Ex: Tumor no osso, o animal já está com muita dor, ao submetê-lo a uma biópsia vai gerar
ainda mais dor, isso significa que essa dor moderada pós-operatória será intensa/torturante.

Doenças intercorrentes podem gerar efeitos cardiovasculares importantes, os tranquilizantes não são fármacos de eleição que
podemos utilizar em todos Ex: Cardiopata super grave talvez não dê para utilizar um tranquilizante porque ele tem efeito
cardiovascular.

Grau de sedação requerido


Você quer o animal tranquilizado ou sedado, depende do que você precisa e do estado geral do paciente.
Ex: Paciente ASA V geralmente não precisa tranquilizar, pois o animal já está com o nível de consciência muito rebaixado, neste
caso sempre dar opióide.

(obs. da professora: não quer errar? Use opióide SEMPRE!)

Principais medicamentos utilizados em MPA


 TRANQUILIZANTES - São utilizados com segurança em cães, gatos e equinos.
 BENZODIAZEPÍNICOS - São utilizados com segurança coelhos, suínos e aves.
 AGONISTA DE RECEPTORES α₂ - Funciona basicamente em todas as espécies, inclusive silvestres.
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 ANTICOLINERGICOS -
 OPIÓIDES -
BENZODIAZEPÍNICOS
É um grupo de fármacos que quase não tem efeito colateral, precisa errar muito na dose para ter um problema. Por isso é
considerado um fármaco muito seguro.

TRANQUILIZANTES
Promovem a tranquilização, deixam o animal mais calmo, reduzem a excitabilidade e irritabilidade do paciente.
OBS: Não ocorre desligamento do ambiente, o paciente continua interagindo com o ambiente.
Digamos que ao dar um tranquilizante ocorreu o desligamento do paciente, isso significa que você usou o tranquilizante no
paciente errado.
Paciente ASA IV: quando você dá um tranquilizante a chance dele se desligar é muito grande, pois ele já está muito debilitado.
O tranquilizante tem o efeito teto, isso significa que acima de uma determinada dose, não aumenta o efeito da tranquilização,
nesse caso só vai aumentar o efeito colateral do fármaco Ex: A dose de acepromazina num cão é de 0,1mg/kg essa é a dose
máxima para promover a tranquilização. Se aumentar a dose para 0,20mg/kg você não consegue aumentar a tranquilização do
animal.
Efeito teto é o efeito máximo que o fármaco pode chegar, se aumentar a dose descrita na literatura você não aumenta a
tranquilização.
O efeito dos tranquilizantes dura no máximo entre 2 a 3 horas.
Diminuem a agressividade dos animais e NÃO TEM EFEITO ANALGÉSICO.
Potencializam o efeito dos hipnóticos, anestésicos gerais e dos opióides.

Grupo dos tranquilizantes


 FENOTIAZINAS
 Acepromazina (mais utilizados em cães gatos e equinos) (Acepram®)
 Clorpromazina e Levomepromazina (caiu em desuso porque não tranquilizam os animais muito bem)

 BUTIROFENONAS
Azaperone - Usado em suínos (Suicalm®)
Droperidol – Caiu em desuso

Mecanismo de ação dos tranquilizantes


Os tranquilizantes agem de maneira seletiva no sistema nervoso central.
Eles agem só em alguns lugares do sistema nervoso central, por isso não são anestésicos gerais.
Eles agem no núcleo talâmico, hipotálamo e nas estruturas límbicas.

Nestes locais do sistema nervoso central (nas sinapses) a dopamina é


importante para manter as atividades motoras, níveis de atenção e
Sinapse ajuste fino ex: segurar e escrever com uma caneta.
Dopaminérgica

Curiosidade: Quando não tem dopamina suficiente no sistema


nervoso central, o paciente tem um tremor de repouso (mal de
Parkinson), perde a capacidade de ajuste fino.
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Como os tranquilizantes agem no sistema nervoso central (fenotiazinas e butirofenonas)?


Eles agem bloqueando receptores dopaminérgicos situados no núcleo talâmico, hipotálamo e nas
estruturas límbicas, com isso reduzem o nível de atenção do indivíduo.
Essa classe de fármacos não se utiliza em humanos porque o paciente fica cambaleando (ataxia) e
com tremores durante o efeito do fármaco (2 a 3h).

Como os tranquilizantes agem no sistema nervoso periférico (fenotiazinas e butirofenonas)?

Eles agem bloqueando receptores α1 Adrenérgico.


Receptores α1 Adrenérgico? É um receptor do sistema nervoso simpático que está situado nos vasos
sanguíneos. Quem se liga a esse receptor é a noradrenalina para manter em níveis adequados a pressão
arterial. Se esse receptor estiver bloqueado a noradrenalina não consegue se ligar, por consequência a pressão
arterial vai diminuir.
A noradrenalina é muito importante, pois quando ela se liga ao receptor faz uma vasoconstricção vasoarterial e
mantém a pressão normal.
Quando você usa um tranquilizante da classe das fenotiazinas, ele bloqueia esses receptores e com isso a PA
cai. Um paciente ASA III, ASA IV e ASA V que já está com a pressão baixa, se for dado acepromazina a pressão
do indivíduo tende a diminuir mais ainda. Por isso tem que escolher corretamente o animal que vai tomar
acepomazina, não é qualquer um que pode.

Eles agem inibindo o centro termorregulador, ou seja, o centro regulador perde a capacidade de
regular a temperatura e com isso a temperatura diminui (fica mais frio) deixando o animal hipotenso
e hipotérmico.

Eles têm efeito antiemético pequeno, porque bloqueiam receptores da região do bulbo, esses
receptores quando acionados pela dopamina pode promover náusea e vômito.

Pergunta de cai frequentemente em concurso:


Alguns opióides podem causar náusea e vômito. Se eu aplicar a acepromazina antes da morfina,
será que esse paciente deixa de vomitar? Sim (Tem um trabalho que mostra que ao usar
acepromazina 15 minutos antes da morfina a incidência de vômitos que era de 45% cai para 18%). Se
usar Acepromazina junto com a morfina ela não funciona bem.

Diminuição do limiar convulsivo. Na medida em que ocorre a inibição da liberação de dopamina no


sistema nervoso central pode induzir convulsões, quando reduz a ligação da dopamina nos
receptores dopaminérgicos, o paciente pode convulsionar (não significa que o indivíduo vai
convulsionar, mas que tem uma pequena chance).
Por isso evita-se dar Acepromazina para pacientes que tem convulsões, como os epiléticos e aqueles
que já tomam Gardenal e outros.

Diminui o tempo de esvaziamento gástrico, ou seja, se tiver algum conteúdo alimentar no estômago,
esse conteúdo permanecerá por mais tempo no estômago. Também diminui o tônus do esfíncter do
esôfago. Existe uma possibilidade maior de o conteúdo gástrico voltar, principalmente na indução
anestésica.

FENOTIAZINAS: Mais utilizado.


Cai na prova

Acepromazina (Acepran®):
 Serve para tranquilização e contenção química (não é analgésico e nem anestésico geral).
 Ptose palpebral (olho fica meio fechado);
 Protrusão da membrana nictante;
 Abaixamento de cabeça;
 Ataxia/cambaleia;
 Ação antiemética;
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 Leve ação arrítmica (porque bloqueiam os receptores de noradrenalina, por isso as chances do paciente ter uma arritmia
em uso de acepromazina são menores);
 Aplicação dolorosa;
 Leve efeito anti-histamínico (porque bloqueia levemente receptores histaminérgicos. A acepromazina é prima da
prometazina (fenergan). A prometazina já tranquiliza paciente humano sem provocar tremor, mas em cão, gato e cavalo não
tem nenhum efeito tranquilizante);
 Prolapso peniano em garanhões/machos (porque bloqueia a inervação do músculo retrator do pênis. Teve casos que
teve que amputar o pênis do animal porque o pênis ficou garroteado por 3 horas). Pode ser usado em macho castrado, menos
em garanhões.
 Latência 5 a 10 minutos via IM;
 Duração de ação 2 a 3 horas (pode perdurar o efeito por 8 horas, porque vai depender do fígado para ser metabolizado e
dos rins para ser eliminado. Nos casos de pacientes idosos, a duração do efeito perdura);
 Efeito Teto.

Efeitos adversos da Acepromazina:


 Vasodilatação (causada pelo bloqueio do receptor α1 Adrenérgico).
 (Vasodilata os vasos do baço e com isso vai muito sangue para o baço, onde ele fica contraindo e fazendo o sequestro
esplênico (sequestro do sangue). Se for coletar sangue para fazer hemograma de paciente medicado com Acepromazina,
vai dar diferença no resultado, porque o hematócrito do paciente diminui, não porque sangrou, mas sim porque o baço
sequestrou mais sangue que o normal).
 Paciente com tumor de baço e ao mesmo tempo agitado vai passar pela esplenectomia (retirada do baço), se der
Acepromazina o baço vai sequestrar sangue e o paciente que teve o baço removido (com muito sangue) pode ficar
anêmico. Por isso Acepromazina não é um fármaco indicado para pacientes que vão passar por esplenectomia.
 Hipotensão (em animais conscientes e anestesiados, ou seja, pacientes acordado que tomaram acepromazina e
também aqueles que vão entrar em anestesia geral).
 Diminui o débito cardíaco (quantidade de sangue que sai do ventrículo esquerdo em minutos)
 Diminui limiar convulsivo
 Hipotermia
 Diminui a frequência respiratória (devido ao efeito de tranquilização, não tem efeito direto no centro
respiratório).
 Braquicefálicos tem sensibilidade maior a Acepromazina (uma dose usual feita em animal não
braquicefálico, se for feita em braquicefálico, o animal pode ficar hipotenso, bradicárdico).
Não braquicefálicos Braquicefálico Via
s
Cães Até 0,1 mg/kg Até 0,03mg/kg Oral, IM, Subcutânea e Nunca IV (o efeito da hipotensão é
extremamente importante em cão e gato quando faz IV. É só lembrar-se
da vasodilatação).
Gatos Até 0,2mg/kg Até 0,05mg/kg Oral, IM, Subcutânea e Nunca IV.
Equino De 0,05 mg/kg até 0,1 mg/kg - IM e IV.

Importante:
Jamais deve ser dado para qualquer cão a dose de Acepromazina superior a 0,1mg,
independente de seu peso ex: Cão pesa 100 kg calculando 0,1mg /kg resultaria em 10 mg.
Mesmo o cão pesando 100 k ou 200 kg será dado no máximo 0,1mg.

Levomepromazina e clorpromazina:
São fármacos que não tranquilizam bem nenhuma espécie animal, caiu em desuso.

Prometazina (Fenergan®):
Potente ação anti-histamínica (utiliza principalmente nas reações anafiláticas de hipersensibilidade);
Efeito discreto na tranquilização (porque não bloqueia bem receptores α1 Adrenérgicos);
Obs: Para não ter problemas em aplicações IV, fazer de forma lenta e diluída.

BUTIROFENONAS (pouco utilizados)


Azaperone (Suicalm®):
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Utilizado em suínos para medicação pré-anestésica e para transportar;


É um bom tranquilizante em suínos;
Promove um grau de relaxamento muscular;
Não é analgésico;
Injetar na tábua do pescoço do suíno;
Utilizar agulhas compridas para fazer IM, para que a agulha ultrapasse a camadas de gordura;
Ao tranquilizar o suíno com Azaperone é indicado deixar o animal em um lugar calmo e escuro, para
não demorar muito tempo a tranquilização;
Duração 2 a 3horas;
Não tem grandes efeitos em PA, FR, DC e T, não reduz como a Acepromazina, mas reduz um pouco,
depende da dose utilizada;
Indicado começar com doses mais baixas de 1mg/kg. Como o fármaco é muito específico para o
suíno, uma dose baixa normalmente tem um ótimo efeito;
Utilizar em: pacientes saudáveis como MPA, em procedimentos diagnósticos ou transporte;

BENZODIAZEPÍNICOS
Na medicina veterinária não são utilizados benzodiazepínicos em MPA com exceção aos coelhos,
aves, suínos;
Pode associar Acepromazina associado com Benzodiazepínico;
Benzodiazepínico é um fármaco que pode ser usado com tranquilidade nas espécies coelhos, aves,
suínos, pois não promove efeito paradoxal. Já os midazolam/ diazepam/clonazepam em cães, gatos
e equinos promove efeito paradoxal (excitação).
O midazolam/ diazepam é utilizado principalmente na indução da anestesia associado ao propofol
ou quetamina, porque eles são bons relaxantes musculares de ação central. Além disso, eles
causam amnésia, na recuperação o animal não vai se lembrar de nada que ocorreu durante o efeito
do fármaco.
É ansiolítico, diminui a ansiólise, principalmente em primatas.
Se tiver um macaco para anestesiar, o midazolam pode ser usado como MPA, porque ele funciona
bem em humanos e nos macacos não é diferente, visto que ambos são primatas.
Causa hipnose, por isso que é utilizado na indução anestésica.
Efeito miorrelaxante, como é um bom relaxante muscular, vai relaxar a musculatura nasofaríngea e
laríngea.
Não causa depressão acentuada do sistema nervoso central, ele é seletivo.
MPA em: coelhos, aves, suínos;
Indução anestésica em: cães e gatos;
Onde os benzodiazepínicos agem:
Agem em sistema nervoso central em receptores GABAérgicos promovendo uma leve depressão do
sistema nervoso central.
O principal aminoácido inibitório do sistema nervoso central é GABA (ácido gama- aminobutírico).

Diazepam:
Não é bem absorvido via intramuscular, a absorção é irregular. Para anestesia é feito IV, em
situações em que não é anestesia, como nos casos em que o animal esta convulsionando é utilizada
a via retal;
Eles atravessam a barreira hematoencefálica e placentária;
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Alta ligação a proteínas plasmáticas;


Via de transformação é hepática e eliminação renal;
Tem ação potencializadora (reduz a dose dos anestésicos mais ainda);
Não interfere na pressão arterial, débito cardíaco, frequência cardíaca, frequência respiratória;
volume corrente (volume de ar inspirado e expirado em um ciclo respiratório);
Aplicação lenta e diluída (se aplicar rápido pode ter efeitos importantes como hipotensão e até arritmias);
Potente ação anticonvulsivante;
Ótimo relaxamento muscular;
Pode causar excitação paradoxal e agressividade em espécies mais sensíveis (cães, gatos e cavalos)
se for usado isoladamente (só diazepam);
Tem metabólito ativo (dura muito tempo em paciente hepatopata e nefropata);

Em cavalo é usado cetamina porque com o propofol fica muito caro devido às elevadas doses de
propofol, é interessante usar um benzodiazepínico junto com a cetamina porque ela causa
contração na musculatura, já o benzodiazepínico é relaxante muscular.

Midazolam:
Ótimo sedativo para coelhos, suínos e aves. Se quiser usar em animal muito debilitado, as chances
de não acontecer excitação é maior devido ao estado do paciente.
Parada sinusal de 30 segundos, bloqueio atrioventricular de 3º grau, ou seja, para colocação de
marca-passo.
Diminui a pressão arterial porque diminui a resistência vascular periférica. Se for feita a aplicação
lenta e diluído possivelmente isso não ocorra;
Pode ocorrer apneia transitória se aplicado de maneira rápida;
Metabolização hepática e eliminação renal;
Pode causar excitação e euforia em animais hígidos, não tranquilizados.
Pode ser feito intramuscular.

Diazepam x Midazolam:
Midazolam tem maior potencia hipnótica, causa mais sono e tem meia vida mais curta 1,7 horas.

Antagonista de todos benzodiazepínicos:


Flumazenil (lanexat®):
Ótimo reversor;
É muito caro;
Ex: Erro na dose de benzodiazepínico, basta utilizar flumazenil para reverter o efeito, ele acordará o
animal.

AGONISTA DE RECEPTORES α2

São agentes sedativos clássicos, causam sedação dose dependente;


Quanto mais aumentar a dose, mas sedação causará;
Não excita animal nenhum;
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Causa sedação;
Causa analgesia visceral de pequena duração (não contar com ela em procedimentos cirúrgicos em cães e gatos, mas para
equino é uma boa analgesia);
Potencializa o efeito dos anestésicos;
Pode ser usado isoladamente ou em associação;
Possui antagonista (por isso pode ser usado com tranquilidade);
Administração é parenteral (IV, IM ou subcutânea);

Efeito em sistema nervo central


Os receptores α2 adrenérgico estão localizados no neurônio pré-sináptico, quando o agonista se liga a esses
receptores, ele faz um feedback negativo, que consiste em diminuir a liberação do neurotransmissor
noradrenalina na fenda sináptica.
Quando utilizamos um agonista de receptores α2 adrenérgico, esse agonista se liga ao receptor α2 pré
sináptico e com isso diminui a quantidade de noradrenalina na fenda sináptica.
No sistema nervoso central essa noradrenalina é importante para manter o paciente acordado, consciente,
andando, falando, memória. É importante entender que não é só a dopamina que é responsável por manter
o sistema nervoso central em funcionamento, tem outros neurotransmissores como a noradrenalina, que
também contribui para que essas atividades ocorram.
Com a diminuição de noradrenalina o paciente fica sedado e não tranquilizado, o paciente vai ter
relaxamento muscular e analgesia visceral.

Efeito em sistema nervo periférico


A noradrenalina é o neurotransmissor mais importante em toda região pós- sináptica. Diminuindo a sua
liberação vai interferir na manutenção arterial, nos níveis normais de frequência cardíaca, ou seja, pode
causar hipotensão e diminuição da PA (No inicio da administração de agonistas α2, a pressão arterial tende a aumentar um
pouco, porque o agonista se liga um pouco em receptores α1, que são responsáveis pelo aumento da PA. Na medida em que o
agonista vai se ligando mais nos receptores α2, por quem tem mais seletividade, a pressão começa a cair).
Ocorre bradicardia e podem acontecer arritmias associadas à bradicardia;
Diminui a frequência respiratória e volume corrente;
Diminui o hormônio antidiurético (o débito de urina vai aumentar);
Paciente pode fica hiperglicêmico (os receptores α1 influenciam na diminuição da liberação de insulina, por isso aumenta
a glicemia).
O paciente pode salivar e ter piloereção (arrepiado);
Equino fica com ptose labial (lábio caído);
Em equino, efeito patognomônico (que acontece sempre) é o abaixamento de cabeça;

Esse grupo de fármacos é anestésico geral? Não, porque ele só atua em sinapses noradrenérgica,
ele não deprime todo o sistema nervoso central. Mesmo associando a cetamina, xilazina não
promove inconsciência e hoje é muito utilizado de maneira errada.
Em equinos, como não tem como fazer a tranquilização, sendo necessário realmente sedar o animal
para garantir que ele caia de maneira segura e serena, esse grupo de fármaco vai muito bem, além
disso gera analgesia visceral importante para os equinos (cólicas).

Na medicação pré-anestésica temos que escolher se queremos tranquilizar ou sedar o animal,


não pode fazer as duas coisas. Cães e gatos irascíveis, a escolha será a sedação para depois partir
para a anestesia geral, já os animais tranquilos a escolha é a tranquilização.
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Os equinos são espécies que são sedados de primeira, porque o manejo do animal é muito difícil
e inseguro de controlar um animal desse porte.

Em prova as perguntas são bem pontuais, a professora disse que não pede doses Ex:
 Cão em choque, hemorrágico, inconsciente pode ser usado acepromazina, sedativo? Não
 Cardiopata gravíssimo pode ser usado acepromazina? Não

Xilazina:
É um sedativo;
Muito usados em pequenos animais e equinos;
Em espécie que vomita (cavalo não vomita), ela pode causar mais vômito, porque ela relaxa o esfíncter
gastresofágico.
É utilizada de maneira indiscriminada, para fazer coisas que não devem ser feitas com ela, como querer abrir
o abdômen do animal. Ela não é padrão de anestesia geral;
Pode ser usado xilazina num cão e depois induzir a anestesia com propofol? Sim
Pode utilizar a xilazina com opióide para posicionar no raio-x uma animal com displasia? Sim
Tem no Brasil;
Não se usa em humanos desde 1960;
Pode ser administrado via IM, IV;
Analgesia dura pouco tempo em cão e gato. É boa em equinos;
Sedação de 1 a 2 horas
Bovinos são muito mais sensíveis que cães:
Cão Bovino
Começa em 0,1 mg/kg Dose máxima 0,1 mg/kg

Detomidina:
Tem no Brasil;
Promove sedação, analgesia e relaxamento muscular em equinos;
Seda muito bem Ex: Dá para fazer uma anestesia local permitindo fazer a cirurgia com o animal em pé;
100 vezes mais potente que a xilazina;
Abaixamento de cabeça e boa analgesia em equinos;
Administração IV e IM;
Diminui a FR, PA e DC;
Pode associar a opióide

Romifidina:
Sedativo menos intenso que a Detomidina em equinos;
Causa maior ataxia (cambaleia);
Pode associar a opióide;
Tem no Brasil;

Dexmedetomidina:
Nova e cara;

Clonidina:
Difícil de comprar;
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Medetomidina:
Não tem no Brasil;

Antagonista de todos α2:


Ioimbina:
Reversor de qualquer α2;
Tem que mandar manipular e a administrar IV;
Ex: Depois de fazer um opióide junto com xilazina para fazer um raio-x de displasia, digamos que
após o procedimento o animal permanece num sono profundo, com a ioimbina o animal pode
acorda na hora.
Ex2: Overdose de xilazina ou qualquer outro agonista de receptor α2 pode usar ioimbina para
reverter.

ANTICOLINÉRGICOS
Antigamente os anticolinérgicos eram muito utilizados como MPA universal, porque a droga
utilizada no passado era o éter que causava o aumenta da secreção em via aérea. Por isso
antigamente se usava muito os anticolinérgicos com a finalidade de reduzir secreção;
Hoje em dia é usado basicamente para tratar a bradicardia, pois causa taquicardia.

Como ele age:


Ele age bloqueando a acetilcolina quando ela faz a ligação com os receptores muscarínicos.
Quando a Ach em grande quantidade se liga aos receptores do coração ocorre bradicardia. Quando
usamos anticolinérgicos ocorre taquicardia.
Vão ocorrer todos os outros efeitos relacionados ao bloqueio de receptor muscarínico, como:
Diminuição da motilidade do TGI, midríase, broncodilatação e diminuição da secreção salivar.
Obs: Equinos é uma espécie que não pode reduzir a motilidade do TGI. Portanto não utilizar para
não gerar síndrome cólica;
Às vezes a anestesia inalatório (alotano , isoflurano) promove aumento de secreção em via aérea
porque eles são derivados do éter, nestes casos quando o paciente está voltando da anestesia com
muita sialorreia pode ser dado uma dose baixa de anticolinérgico.

Importante: A taquicardia sinusal diminui o tempo de preenchimento do coração encher de sangue.


Dependendo do paciente é mais importante ter a bradicardia do que a taquicardia.

Atropina:
Diminui o tônus do esfíncter esofágico (conteúdo gástrico pode refluir para o esôfago e causar uma esofagite)
Diminui a motilidade TGI (não para equinos);
Promove midríase, que pode perdurar até o pós-operatório;
OBS: Coelhos e ratos tem a enzima atropinaesteraze, portanto a atropina não funciona bem nessas
espécies, mesmo que usando doses altas.
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Escopolamina (buscopan®):
Se for tentar tratar uma bradicardia em equinos, desde que seja de extrema gravidade em último
caso, pode se usar escopolamina;
Último caso por que ela reduz a motilidade do TGI;

Glicopirrulato:
Não tem no Brasil e é caro;
É o melhor que os outros dois;

Aula de 22/08/13_Anestésicos Injetáveis Marilian

Aula de 29/08/13_ Anestésicos injetáveis e não injetáveis / Planos anestésicos Wagner

Em se tratando de injetáveis temos o Cloridrato de quetamina que dissocia o córtex cerebral da medula,
que é o canal de condução entre os estímulos de dor, ele realiza o desligamento por amnésia, ou seja, o
animal não lembra do desconforto ou dor, não é uma analgesia completa (geral ou visceral e sim
somática). A perda de memória também será seletiva, não será total, diminui a resposta mas todos ficarão
presentes (palpebral, laringo-traqueal, que é importante para não haver vômitos, corneal, não ajuda na
intubação porque não suprime este reflexo.)
Animal continua respirando via diafragmática e toráxica, então teremos a perda de reflexo por diminuição
mas não total, é bom porque protege o indivíduo que comeu, não fez jejum e utilizamos em emergências
(evita refluxo), a não ser que a sonda ocupe a traquéia e não permita que passe a salivação ou vômito.

Haverá estágno do globo ocular (movimento lateral do globo ocular – olho mexendo), no cavalo é muito
nítido e o grau de semiconsciência. Se usar isolado, ele tem uma ação de rigidez muscular, o animal fica
com a exposição da unha, tensão na mão, membro esticado, olho arregalado, uivar, defecar , vômito se
não usar a medicação pré anestésica para evitar alguns problemas como esses falados, então usar estes
medicamentos associados é muito importante como por exemplo a XILAZINA, que é uma medicação pré-
anestésica, relaxante muscular, faz analgesia visceral e complementa a analgesia somática da cetamina
(músculo, pele etc,) mas não é suficiente, às vezes o animal não mexe, mas não quer dizer que ele não
tenha ou esteja tendo estímulos relativos à manipulação ou atração visceral à ligadura do pendículo
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ovariano como respostas simpáticas como o aumento da frequência cardíaca/respiratória, sem no entanto
se movimentar, então eles se complementam.
Mas há que se pensar no complemento da analgesia por via epidural, uso de opióides na medicação pré
anestésica, etc. então a somatória dos efeitos vai otimizar o relaxamento muscular da XILAZINA – OS 2
JUNTOS FUNCIONAM MUITO BEM – LEMBRAR DE JUNTO COM A XILAZINA USAR A ATROPINA PORQUE FAZ
BRADICARDIA, BLOQUEIO ATRIO VENTRICULAR, ARRITMIA CARDÍACA.

Ele dá o exemplo dos equinos que ele costuma usar Xilazina com cetamina mas avisa que tem que usar
também Eter Gliceril guaiacol junto para o cavalo ir a decúbito, para junto com os demais conseguir um
bom tempo de decúbito, conseguir uma analsegia somática, analgesia visceral, dependendo do
procedimento até outro opióide e analgésico. Diazepan para relaxamento muscular.

Anestesia total é diferente da geral por que na total não entra inalatória é só intravenosa,

Os 4 pontos da analgesia geral são:


Miorrelaxamento
Proteção neurovegetativa que é a proteção das principais funções
Analgesia
Hipnose(não haver lembrança – Desligado do ambiente).

Presença e ausência de reflexo de controle associado à estabilidade dos reflexos autonômicos como
arterial, cardíaca e respiratória são as formas de indiretamente avaliar a ausência da dor - Aprofunda a
depressão do sistema nervoso central – não há qualquer tipo de sensibilidade.

RECALL: Se houver resposta autonômica, o animal com certeza sentiu por que é pós estímulo.

Fala dos barbitúricos: é uma hipnose sem analgesia suficiente para o procedimentos cirúrgico, sabe que o
animal sente dor, mas se fizermos uma hipnose com depressão central a tal ponto. Que ponto que terá um
coma barbitúrico, até que ponto o cérebro consegue registrar uma dor mesmo sem analgesia?

Porque a analgesia é uma depressão do sistema nervoso central em que você desliga o paciente da
resposta, não percebe o limiar de dor, se não percebe, não responde. Se a hipnose é a tal ponto, não
responde. Fala do filme AWAKE, que está sob miorrelaxamento completo e se exagerar ele terá coma e
óbito.

Vemos recuperação acompanhada de excitação, analgesia de Xilazina e CETAMINA em gatos dá muito


vômito no pós-operatório, Poodles e Yorks, que são excitados na recuperação, acordam uivando e ariscos.
A analgesia é profunda mas predominantemente somática, no corpo (musculatura, subcutânea, até o
osso), mas visceral não é suficiente, ou seja, se tracionou o pendículo ovariano sob uma anestesia
predominantemente dissociativa, vai fazer taquicardia, taquipnéia.

O óxido nitroso não usa mais, que é o gás do riso, efeito analgésico geral, usa como diluente com o
oxigênio na inalatória. Os dentistas começam a utilizar para deixar o paciente mais calmo na cadeira.

Então utilizamos os opióides para melhorar a analgesia e fazer que ela tenha um componente geral com
vísceras, mais analgesia para periósteo.

Opióides têm muito pouca tendência para apneias e arritimias, a tendência da CETAMINA é o aumento da
frequência cardíaca, porque faz vasoconstricção periférica e aumenta o débito, e resposta cardiovascular,
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já que chega mais sangue, tenho que mandar para frente, então tenho que mandar mais rápido e aumenta
a freuência. – cuidado com a hipertensão neste caso. Faz salivação. Lacrimejamento pode acontecer.

Aumento da pressão intraocular tem a ver com cirurgias oculares – Se fizer uma “facamulssificação” do
cristalino por exemplo, terá que esperar 20 minutos para baixar os níveis de dissociativo, iniciar a fase de
metabolismo e eliminação para entrar no olho, porque haverá aumento da pressão intraocular.
Metabolismo hepático e excreção renal inalterado.

Os FENOTIAZÍNICOS:
Diminuem a salivação, aumentam o PH, aumenta o período hábil de PH, analgesia e relaxamento muscular.

Utilizamos então cetamina, a xilazina e o fenotiazínico (no lugar o prof prefere aos benzodiazepínicos –
midazolan e diazepan) por que os benzodiazepínicos potencializam o efeito relaxante muscular da Xilazina,
não alteram o cardiovascular dos animais, não há analgesia, mas aumenta o relaxamento muscular e
contribui para o protocolo, temos portanto que pensar ainda na analgesia completa do indivíduo.

Cuidado, portanto, com a salivação, que o paciente pode morrer aspirando.

Anestesia é isso, balancear os efeitos de diversas medicações, sempre tentando buscar o melhor. Menor
dose possível, conseguir o melhor efeito possível. Um paciente quase acordando para analgesiar o
próximo...

Os dissociativos tem uma associação muito conhecida chamada Tiletamina com zolazepam, a Tiletamina é
um tipo de dissociativo, parente da quetamina e o Zolazepan é um tipo de Benzodiazepínico parente do
diazepan, então esta associação Zolazepan junto com a Tiletamina é o que chamamos de telosol, zoletil,
etc, pronto para uso. Algumas vantagens em animais silvestres porque posso escolher a concentração final
do produto e usar volumes pequenos – o menor possível (menos diluente e volume é menor).

Para fazer um comparativo do que tem Tiletamina e cetamina com Zolazepan e diazepan:

Tiletamina e quetamina
 Rigidez muscular;
 Manutenção de reflexos;
 Analgesia somática;
 Recuperação agitada;
 Taquicardia e
 Sialorréia.

Zolazepan e diazepan:
 Ansiolítico (miorrelaxamento) – Quando o animal tem potencial para convulsão;
 Anticonvulsivante;
 Hipnótico não total – Não suprime efeito reflexo protetor, então colabora para manutenção
do efeito reflexo protetor que é o que a Tilamina já faz, então as vantagem de manter os
efeitos reflexo protetores é manter o paciente com mais segurança no protocolo (Se não
conseguimos pesar – ex. macaco na árvore com dardo, evitar erros ou efeito não suficiente.
– então podemos nos dar ao luxo de exagerar, margem de segurança dela e da quetamina
deve ser distante da dose terapêutica – dose letal: DL 50: Dose Letal que mata 50% dos
pacientes testados: O exemplo acima é uma DL 50 de uma medicação, se é 10 mg mata 50%
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dos pacientes que foram testados na indústria, e a dose terapêutica dele é 9mg, esse
medicamento não é uma boa alternativa, pois está muito próximo do limiar de óbito dele.
Porque o efeito que quero dele é 9mg e a DL de é 10 mg, esse cara pode ser excelente mas
está próximo ao óbito e 50% dos pacientes testados) Então quando a DL 50 é longe da dose
terapêutica tipo 10mg é a DL 50, a dose terapêutica é 1mg , está longe do limiar, temos
portanto grande limiar para o erro – ou morte de 50% dos pacientes.
 Pouca alteração cardíaca: Bom para os cardíacos. – Se por exemplo colocar um fenotiazínico
junto: Acepromazina com Zolazepan e tiletamina: Diminuimos um pouco a salivação, mas
piora a taquicardia, se o paciente é taquicárdico, temos que pensar no seu uso. Ajudo na
recuparação.

Os indutores não intravenosos seriam os Halogenados, ou inalatórios, que entram por via
respiratória, de quem não fuma, quem não tem enfisema pulmonar, etc (problemas no pulmão).

Se não tiver pulmão competente e bem perfundido por uma boa PA, não funcionará.... Então a PA
vai entrar na resposta (Anestesia com boa pressão arterial é melhor do que com baixa).

Então sempre que houver algum problema dos órgãos adjacentes ao pulmão que o impeçam de se
dilatar, também temos que levar em consideração. Halogenados são anestésicos gerais, então
fazem as 4 coisas:
MIORRELAXAMENTO,
HIPNOSE CONTROLADA,
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PROTEÇÃO NEURO VEGETATIVA CONTROLADA DEPENDENDO DO PLANO QUE COLOCARMOS E


ANALGESIA
– O MEDICAMENTO/ANESTÉSICO NÃO É ANALGÉSICO! O QUE OCORRE É QUE A DEPRESSÃO
INDUZIDA PELO SNC PELO ANESTÉSICO INALATÓRIO É QUE CAUSA ANALGESIA, ELE DESLIGA O
SISTEMA NERVOSO SELETIVAMENTE, ATÉ CHEGAR AO PONTO ANESTÉSICO QUE O CÉREBRO NÃO
REGISTRA RESPOSTAS SIMPÁTICAS, AUTONÔMICAS, TAQUICARDIA, TAQUIPNÉIA, AUMENTO DE
FREQUÊNCIA, MOVIMENTO RESPIRATÓRIO, AUMENTO DE PA – NÃO RESPONDE COM NADA!

Superficilizou, sente dor; aprofundou, para de respirar – devemos procurar o plano estável.

Para ajudar na analgesia, se faz uma anestesia que comtempla com analgésicos por outra via, como
por exemplo epidural, anestésico local com uso de opióides na medicação pré anestésica – Então
faço um protocolo que contemple a mesma coisa que eu quero sempre! A ANALGESIA DO
PACIENTE! E VOU COMPLEMENTAR ISSO COM A PRESENÇA DO INALATÓRIO.

Se eu usar o inalatório como única fonte, único objetivo, vou ter animal acordando no meio da
cirurgia porque sentiu dor. ENTÃO ANESTESIA INALATÓRIA NÃO É ANALGÉSICO! QUEM É
ANALGÉSICO É A DEPRESSÃO CENTRAL!

Então a hipnose depende do plano de quantidade de anestésico que ele está inalando, analgesia é
por causa da depressão central, o miorrelaxamento depende do plano induzido pela absorção do
anestésico, a depressão central. a proteção neuro vegetativa acaba sendo dependente disso
também, porque se eu exagerar, faço apnéia e para de respirar, se continuar exagerando a pa
continua cainda cada vez mais e uma hora para o coração – e acaba causando eutanásia ética (altas
doses de anestésico inalatório) – parada cardíaca e consequente respiratória.

Existem, portanto, 2 tipos de analgesia:


 aquela em que impeço a propagação dos estímulos, seja nos neurônios distais, seja na
coluna, impeço a propagação porque fiz um bloqueio distal e tudo o que fizer distal ao meu
bloqueio não será percebido pois chega lá e para o estímulo – isso é impedimento à
progressão até o SNC; e qdo chega e eu não consigo perceber a dor que é a depressão do
SNC, ele não interpreta e não percebe.
Posso induzir direto na máscara sem nenhum MPA depende do estado do paciente, se ele for ASA
IV, deprimido, patologia grave, pode ser induzido direto na máscara, sem necessidade de nada, usar
óxido nitroso a 30% com oxigênio.

Para ASA V OU EMERGÊNCIA, A INDUÇÃO DIRETA É BEM ÚTIL, encostar a máscara, ver se dá para
intubar, abre a boca e intuba, manter o tórax e pulmão em condição de receber o ar melhor, mas aí
já passei a sonda esofágica (ex. torção – alivia rapidamente o paciente – estabiliza e envia para
cirurgia).

Solubilidade do sangue: como o anestésico chega ao SNC? PELO PULMÃO E ATRAVÉS DO SANGUE,
ENTÃO PRECISA DE SANGUE! HEMÁCIA PARA TRANSPORTE DE O2 – ENTÃO SOLUBILIZA NO
SANGUE (Quanto melhor solubilizar no sangue melhor, e chega no SNC mais rápido). O cara que
demora muito para solubilizar vai ter um problema no começo e no fim para sair. (Gás diluído no
líquido).
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PLANOS ANESTÉSICOS é uma classificação que fazemos da profundidade da anestesia desde


a mais superficial até a mais profunda. Então didaticamente, criamos uma alternativa de avaliação
do paciente para saber se está em analgesia, em plano cirúrgico, aprofundou demais. Então vou
provocar certos estímulos no paciente e vou avaliar a resposta – ex. provoquei, piscou? Resposta
palpebral? Etc...

O que faz ele rotacionar o globo ocular? É a alteração do tônus muscular dos músculos que
coordenam o movimento do globo ocular – fazendo tração para baixo, lado, cima, etc... o
miorrelaxamento faz com que isso não ocorra.

Os estímulos vão desde os mais superficiais ao mais profundo à medida que eu comecei a anestesia
e vou aprofundando a anestesia e vão sumindo alguns reflexos, até o ponto em que some tudo. No
retorno avalio o reaparecimento dos estímulos. O primeiro que some é o palpebral e o último é a
respiração diafragmática, quando o diafragma parar de funcionar o coração também para, PA lá em
baixo, vamos perdendo tudo: some o palpebral, depois o corneal, depois a rotação do globo, aí o
globo centraliza de novo, respiração passa de toráxica para abdominal, coração faz bradicardia, PA
cai, respiração que era abdominal passa para abdomino-costal etc.... isso varia de espécie para
espécie, o gato é mais tardio para perder os reflexos, no cavalo o palpebral está presente, mas está
em plano cirúrgico, etc....
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Após o 4 plano é morte! Plano III que é o plano cirúrgico, ele é subdividido em 4 estágios. Avaliar a
respiração toráxica e abdominal, reflexo pupilar, posição do globo ocular, reflexo palpebral,
corneal, laringotraqueal, interdigital, tônus muscular, salivação e batimentos cardíacos.

Fora os quadros acima temos a temperatura, auscultação da qualidade respiratória do paciente.


Observem no quadro acima todos os quadros de acordo com os planos.

Medicamentos dissociativos e pré anestésicos não seguem o protocolo acima, estamos falando de
anestésicos inalatórios, que servem para a manutenção da anestesia, então o anestesista fica
checando o quadro acima.

Então comecei a aplicação da primeira medicação de hipnose – Propofol (exemplo), tinha uma
respiração toráxica com abdominal juntas (ver o quadro), minha pupila (tem 3 acima porque mostra
as diferentes pupilas para cada espécie animal) fato é que se comportam da mesma forma. A
primeira coisa que acontece então com a aplicação dos hipnóticos (injetáveis), é uma excitação do
SNC porque ele se “rebela contra o medicamento” - aumentam todos os reflexos, fase de excitação
ou delírio que se deixar a dose por alí, o paciente pode convulsionar, saliva, defeca, uiva, etc...

Então a respiração toráxica ficou entrecortada, taquipnéica, a pupila dilatou, mas o olho continua
no meio, o reflexo palpebral ficou hiper reflexivo, etc... batimentos cardíacos aumentaram (leia-se
até aqui estágio II – excitação). A partir daí começa a depressão. Então no primeiro plano começa a
depressão, tudo que estava excitado, começa a deprimir – ou estabilizar - a pupila faz miose, a
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rotação do globo começa (equinos não rotacionam). Observem que tudo começa a cair devagar em
cada plano, a boca seca rápido, assim como a ocular. TAQUICARDIA COMECA A CAIR, E ASSIM POR
DIANTE MAIS E MAIS A CADA PLANO. No plano 2 ainda não dá para entubar. No 3º plano do III
estágio, é o plano cirúrgico. Na fase 3 pouco movimento toráxico, pupila mais dilatada, então o
anestésico (Anestesiologista) deve manter o paciente de cirurgia sempre no plano 3. No 4º plano é
morte ou quase morte, observem o quadro que quase tudo sumiu. (Lembra que é possível voltar –
para propofol, agente inalatório, etc), professor sugere rever a apresentação que enviou pois a aula
foi baseada no quadro acima.

Aula de 05/09/13_Anestesia local/Bloqueio loco regional Deia

Aula de 12/09/13_ Gabi

Aula de 19/09/13_

Aula de 03/10/13_Complicações anestésicas/Intercorrências Carol

Esta aula trata de intercorrências que podem ocorrer durante a anestesia, mas também contempla
algumas situações que podem ser encontradas na terapia intensiva ou em clínica, um paciente pode
chegar, por exemplo, com edema de glote, por picada de abelha, ou ingestão de algum veneno,
intoxicação, alergia. Uma vez ela teve um paciente com reação alérgica ao propofol na veia, para induzir a
anestesia. Na hora ele fez edema de glote. O erro estava em ela não ter feito uma boa anamnese. Ela não
perguntou ao proprietário se o animal era alérgico a alguma coisa.
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Emergências Respiratórias
Relacionadas a:

 Fármacos anestésicos e adjuvantes – depressão respiratória;


 Equipamentos usados para administrar e controlar a anestesia;
 Alterações fisiológicas do paciente:
 Idade
 Doenças pré-existentes
 Trauma
 Sangramento
 Decúbito
 Aumento da pressão intra-abdominal
 obesidade
 Falha humana.

Fármacos anestésicos e adjuvantes – depressão respiratória:


As emergências respiratórias são geralmente associadas à depressão respiratória. Quando se coloca um
paciente na anestesia inalatória, a primeira coisa que os anestésicos inalatórios fazem é a depressão da
respiração – da frequência respiratória e do volume corrente – volume de ar que entra nos pulmões
durante uma inspiração (volume/minuto). Isso acontece com todo mundo, até com pacientes hígidos em
anestesia geral inalatória. O propofol também promove depressão respiratória. É NORMAL acontecer essa
depressão respiratória durante a anestesia. Na aula prática veremos como diminui a amplitude de
distensão da caixa torácica de um paciente anestesiado, além de diminuir sua frequência respiratória.

Equipamentos usados para administrar e controlar a anestesia:


Pode haver vazamento em traqueia corrugada (usada para intubar, leva o ar até a sonda endotraqueal) –
vai pouco ar para os pulmões (trocar a traqueia corrugada).
Gatos têm uma resposta muito reflexa e importante à intubação: formam muita secreção pulmonar, que
acaba indo para dentro da sonda endotraqueal e a entope. Chama-se isso de plug, porque é uma rolha
mesmo, que fica entupindo a sonda. Este paciente não consegue respirar (trocar a sonda).

É necessário diagnosticar e agir rapidamente, para não complicar a situação do paciente.

Alterações fisiológicas do paciente:


 Idade
Quem corre menos risco na anestesia é o paciente hígido e jovem, já o paciente idoso corre mais risco, pois
tem uma reserva orgânica menor (responde com mais dificuldade frente a qualquer situação de estresse,
seja ele uma anestesia, seja uma cirurgia). Para o neonato pediátrico, o risco é um pouco maior do que
corre o paciente hígido, mas é menor do que o de um idoso, pois não tem todo o sistema microssomal-
hepático formado (responsável pela biotransformação), então tem uma certa dificuldade para metabolizar
drogas.
 Doenças pré-existentes
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Cardiopatia aumenta o risco de anestesia. A nefropatia também e inclusive o nefropata corre risco no pós-
operatório.
 Trauma
 Sangramento
Sangramento aumenta muito o risco de anestesia (trauma induz a sangramento). O sangramento maciço
(muito grande) faz hipotensão, tem chance de parada cardiorrespiratória, pois as coronárias
hipoperfundem, o miocárdio começa a ficar isquêmico (sem oxigênio) e para.
 Decúbito
Importante principalmente para equinos. Um cavalo de 600 kg deitado em decúbito lateral direito sem
almofada. Todo este peso sobre um lado só do cavalo. Imagine que este cavalo fique hipotenso durante a
anestesia (na cirurgia mantém-se a PA média do cavalo a no mínimo 70 mmHg, pois já há compressão de
músculo e nervo só pelo peso em cima de um lado do corpo, se este animal ficar hipotenso vai diminuir
toda a perfusão para a região muscular e nervosa deste lado). Este paciente pode não levantar da
anestesia, por neuropatia, por ter uma lesão muscular e nervosa por conta da hiperperfusão. Anestesiar
com droga vasoativa na mão para uso IMEDIATO.
 Aumento da pressão intra-abdominal
Um paciente com um grande tumor no abdomen, ou um paciente bem obeso, ou ainda uma gestante, que
por algum motivo precisa ser anestesiada: a pressão intra-abdominal já está aumentada, pois tanto o
tumor, como a gordura ou o feto ficam comprimindo todas as vísceras, inervação e vasos desta região. Se
comprime víscera, comprime o fígado: pode diminuir a perfusão hepática por compressão. Se comprime
rim, pode diminuir a perfusão renal por compressão. Pode comprimir pulmão: causa um problema
respiratório. Durante a anestesia, se o pulmão não insuflar adequadamente, ele colaba (fecha, grudam-se
as paredes) – atelectasia pulmonar (de uma parte do pulmão ou do pulmão inteiro).
 Obesidade
Os fármacos são altamente lipossolúveis (a esmagadora maioria dos fármacos anestésicos). Depois de
agirem, vão para a gordura. Pode haver ação prolongada por conta da recirculação destes fármacos no
organismo.

Falha humana:
O anestesista está cansado, anestesiou o dia inteiro, vai entrar na 10ª anestesia – deve passar para um
colega mais descansado. O maior índice de falha na anestesiologia humana (não há dados na vet) acontece
a partir das 18 hs, quando o anestesista já está cansado.

Importante saber com que paciente se está lidando? ASA I?? ASA IV? Ter isso sempre em mente.

Intercorrências respiratórias

Hipoxemia
É a diminuição da pressão parcial de O2 no sangue arterial (PaO2). Paciente cianótico, roxo = paciente
hipoxêmico.
Como saber se o paciente está hipoxêmico? Monitorar durante a anestesia uma variável chamada
saturação periférica de O2 na hemoglobina = oximetria. Basicamente, com essa saturação entende-se se o
paciente está oxigenando bem ou não. O oxímetro fornece este valor. O normal da oximetria é acima de
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94%. O ar ambiente que respiramos está a 21%. Colocar o paciente cianótico no oxigênio aumenta a fração
de oxigênio que ele inspira (cilindro verde – contém O2 a 100%).
(A gasometria é um exame que fornece o valor da PaO2 do sangue arterial (precisa fazer a coleta de
sangue).
Quando um paciente está respirando oxigênio a 21% (ambiente) tem que estar saturando 93 – 94%,
porque isso gera uma pressão parcial do sangue de 80 a 100 mmHg (pressão excelente). Quando o
paciente está respirando oxigênio a 100%, ele tem que saturar mais do que 94%.

Situações que levam à hipoxemia:

 Obstrução de via aérea:


Ex.: bulldog com superprolongamento de pálato, que tampa a entrada da traqueia. Ele não consegue
respirar direito. Ex. 2: Paciente com tumor de seio nasal.

 Edema de glote/edema sub-lingual:


São situações que podem acontecer durante a anestesia e também por anafilaxia. Não entra ar na
traqueia. A glote não “fecha”: fica edemaciada.

 Laringoespasmos
Laringoespasmo é a contração sustendada da laringe. Ela fecha e não abre mais.

 Boncoespasmos
Em algumas pneumonias e em algumas reações anafiláticas. O brônquio fecha.

 Edema pulmonar:
Acúmulo de água no tecido intersticial entre os alvéolos pulmonares – a água começa a ocupar o espaço
dos alvéolos, que não vão poder distender adequadamente.

 Embolia pulmonar:
Acúmulo de tecido gorduroso, ou tecido oncológico, ou trombos (coágulos) em artéria pulmonar, ou ar na
região pulmonar.

 Afecções pulmonares:
Paciente com pneumonia, bronquite, asma tem chance de ter diminuição da pressão parcial de O 2 no
sangue arterial – hipoxemia.

 Atelectasias:
Colabamento pulmonar.

 Aspiração de conteúdo gástrico:


É muito grave. Paciente que não está em jejum e é anestesiado. O conteúdo que deveria ficar no estômago
vai para a traqueia e pulmão. O paciente faz pneumonia por aspiração. Fica com comida, suco gástrico,
ácido clorídrico, água no pulmão.
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 Depressão respiratória (anestésicos):


O anestésico geral deprime a função respiratória. A amplitude de distensão da caixa torácica com a
anestesia também diminui. Isso faz com que haja uma diminuição da capacidade residual funcional (CRF –
volume residual que fica no pulmão quando o paciente expira, para que o pulmão não colabe). Se este
paciente fica em respiração espontânea, sem ventilação, vai haver a tendência do pulmão a colabar na
expiração. Isso começa sempre nos lóbulos mais caudais. Não há troca na parte atelectásica. O paciente
passa a depender apenas da área pulmonar não afetada. A parte que colabou precisa ser aberta durante a
anestesia, senão fica colabada para sempre. O paciente fica ofegante no pós-operatório e ninguém
entende o porquê. Para tirar da atelectasia (tirar o colabamento) é só apertar o balão, ventilar o paciente.
NUNCA DEIXAR O PACIENTE RESPIRANDO ESPONTANEAMENTE DURANTE A ANESTESIA, MESMO QUE ELE
SEJA JOVEM, HÍGIDO.

 Dor:
Respiração muito rápida, por dor: não dá tempo de ter troca gasosa. Reduz a PaO 2.
Na respiração rápida, se o pulmão não está enchendo adequadamente (não dá tempo), pode colabar na
expiração. Combater a dor. Sempre. O paciente acorda ofegante da anestesia: tratar a dor.

Onde é mais fácil complicar: durante a anestesia (trans) ou no pós-operatório?


No pós-operatório, principalmente o imediato (primeiras 3 horas depois do fim da cirurgia), pois no tras-
operatório o paciente está sendo monitorado, está assistido, tem um oxigênio melhorado. No pós-
operatório normalmente o paciente está em uma gaiola, respirando oxigênio ambiente e sem
monitoração.

Ex.: Cirurgias de fibrossarcoma no tórax: o cirurgião vai remover e deixar uma BOA margem de segurança.
Pelo tecido (pele) retirado, o tórax não vai mais poder expandir tanto. No trans o animal estará intubado e
com O2 a 100%. No pós operatório pode complicar: o paciente será extubado e com oxigênio a 21% não vai
ter reserva funcional para conseguir se acostumar a esta nova condição. Este paciente, depois de
extubado, vai precisar ser mantido um pouco na máscara e monitorado, para saber se sua saturação está
boa. Se a oximetria continuar boa depois de uma ou duas horas, começar a pensar se tira o paciente da
máscara. É um paciente que requer a atenção do anestesista, principalmente no pós-operatório.

Como avaliar se o paciente está hipoxêmico? Pela oximetria. Não se deve esperar o animal ficar cianótico,
a oximetria dele já está em 74%, ou seja, é péssimo. Ele vai parar. É mais fácil monitorar durante todo o
período para isso não chegar a acontecer.

Tratamento para a hipoxia: ventilação do paciente (apertar o balão) – quando a causa for atelectasia.
Checagem das causas mais comuns de hipoxemia. Quando for edema de glote, por exemplo: tratar
primeiro o edema, antes de intubar e de ventilar. Se o paciente tiver um laringoespasmo, a laringe vai estar
fechada e não vai dar para intubar.

Tumor de nasofaringe. O animal não respira, pela importância do padrão de obstrução que tem. Antes de
anestesiar este paciente (propofol na veia – faz depressão respiratória), para melhorar a condição dele,
coloca-se máscara com oxigênio a 100%. Isto se chama pré-oxigenação: ato de oxigenar antes de se induzir
a anestesia com anestésico injetável.
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O problema é aquele momento entre induzir a anestesia (propofol) e intubar. Pré-oxigenar sempre. Se
tiver uma complicação, há mais tempo para intubar, pois o animal vai ter um ar por mais tempo para
dessaturar. A saturação está a 98%, por exemplo, se o animal fizer uma parada, já que pré-oxigenou, o
anestesista vai ter praticamente 4 minutos para resolver, até mesmo partir para uma traqueostomia. Sem
a pré-oxigenação, se não conseguir intubar, o anestesista tem cerca de um minuto e vinte para tomar
alguma atitude. Existem pacientes que não aceitam bem a máscara: colocar a saída de oxigênio na narina.
Ela ressalta que mentalmente se deve fazer um check-list de tudo que pode acontecer de errado e
trabalhar nesta prevenção. Todos os erros que ela viu e teve até hoje foram por falta de prevenção.

Causas de obstrução de via aérea:

 Língua
Coelhos têm a língua muito grossa. Quando se anestesia, não se consegue ver a laringe.
Pode haver um tumor sublingual, pode atrapalhar a intubação.

 Secreção, inflamação ou tumor supraglótico na região da orofaringe ou cervical


Ao administrar propofol na veia e intubar percebe-se o tumor. Em algumas ocasiões você não sabe o que
está acontecendo. Você anestesia para tratar um problema na pata, depois que anestesia, abrea a boca, o
paciente tem um tumor na região sublingual. Surpresas deste tipo acontecem em anestesia. Às vezes tem
que partir para a traqueostomia.

 Edema local (edema sublingual e edema de glote)


Inchaço da glote – obstrução local – é um quadro agudo e grave de insuficiência respiratória (URGÊNCIA).
O ar não consegue chegar até a traqueia. O edema acontece nas reações de hipersensibilidade (reações
anafiláticas), em situações de intubação difícil: fica encostando a ponta da sonda na glote e irrita a glote,
pois é uma região altamente inflamável. Quando inflama, aumenta de tamanho. Se manipular muito essa
região da laringe em cirurgias (laringe, glote, epiglote, aritenóides e língua), é edema de glote certeiro.
Dependendo do grau de inflamação, o animal deve sair da cirurgia com traqueostomia (o animal sai com o
traqueotubo, dependendo da evolução, em uma semana o traqueotubo é removido).
Cirurgias odontológicas podem levar a edema de glote e epiglote, pois o dentista, ao mexer no dente, fica
manipulando a sonda. Qualquer cirurgia que necessite a manipulação excessiva de sonda endotraqueal vai
dar edema de glote. É só olhar a região sublingual do paciente. Se ela estiver aumentada, ademaciada,
provavelmente ele está fazendo edema de glote. Precisa tratar esse edema de glote antes de extubar o
paciente.
Cirurgias cervicais (tireóide, linfoadenectomia – retirada de linfonodo – glândula salivar) também podem
acarretar edema de glote.

Como se trata edema de glote? Inalação com adrenalina. É o tratamento de eleição. Faz vasoconstricção
de via aérea superior e vasodilatação do pulmão. Dosagem: no inalador (não é no aparelho de
anestesia): 1 ml adrenalina em 50 ml de solução fisiológica. Injetável dá taquicardia.
Antes do insulto cirúrgico (em cirurgias cervicais, que tendem a fazer edema de glote), verificar com o
cirurgião se pode aplicar corticóide, que age muito bem preventivamente.
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 Problemas com a sonda endotraqueal – trocar a sonda.

 Conformações anatômicas
Braquiocefálicos: bulldog, pug, boxer, gato persa. Têm traqueia estreita, narina estreita, prolongamento de
pálato, às vezes epiglote espessada. Pacientes que requerem pré-oxigenação antes da anestesia (pré-
oxigenar todas as raças antes da anestesia, mas PRINCIPALMENTE ESTAS).
Borda ventral do palato mole fica em contato com a língua (intubação).

 Laringoespasmos
Fechamento sustentado das laringe (cordas vocais) por estímulo dos nervos faríngeos superiores. Comum
em gatos, coelhos, suínos e humanos. O gato perde o reflexo laringotraqueal quando está em planos mais
profundos de anestesia. Quando faz o propofol, espera-se o gato perder o reflexo laringotraqueal, quando
está sem tônus mandibular, pode intubar. Mas tem que respeitar muito isso. Ele precisa perder
completamente o reflexo oculo-palpebral, tanto lateral quanto o medial. Os animais perdem primeiro o
lateral. Então, para se pensar em intubar, o gato precisa ter perdido o reflexo medial, pois se puser uma
sonda em um gato meio acordado (não completamente induzido), na hora ele pode ter um
laringoespasmo.
Se tentar intubar, não conseguir e ele formar secreções (gato forma muita secreção em via aérea em
resposta à tentativa de intubação), essas secreções podem induzir um laringoespasmo. O SNC do paciente
entende que deve fechar porque pode entrar alguma secreção na traqueia e ir para o pulmão.
Vômito durante a indução da anestesia: se esse vômito entra em contato com a laringe também pode
acontecer o laringoespasmo.
O que fazer para não acontecer em gatinhos: faz MPA, pré-oxigena, faz o propofol, deixa mais profundo
para fazer a intubação, verifica reflexos oculo-palpebrais lateral e medial e antes de intubar joga lidocaína
na laringe (0,1 ml – gatos > 3kg) com seringa de 1ml. Vai fazer uma anestesia local na laringe, ela vai
relaxar. Isso é preventivo. Mas, e se acontecer? E se fechou a laringe, fez laringoespasmo (não abre e o
paciente não respira)? Tratamento: antes da traqueostomia tem algo que se pode tentar: relaxante
muscular de ação periférica - miorrelaxante. Faz na veia (metade da dose), em 30 – 60 segundos ele relaxa
a laringe e se consegue intubar e ventilar rápido. O problema do miorrelaxante é parar a musculatura
intercostal (o diafragma). Mas o animal vai ser intubado: fazer ventilação, respirar por ele, até passar o
efeito (a duração do efeito depende do fármaco usado, vai desde 20 minutos a 2 horas). Isto não é ruim,
pois em anestesia o relaxamento muscular é necessário, vai ajudar, por exemplo, em cirurgia abdominal,
torácica.

 Apneia
Se o paciente está em apneia, se está intubado: ventilar (apertar o balão).
Se está em apneia e não está intubado: intubar, conectar o aparelho de anestesia e apertar o balão.

Capnografia
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É a mensuração do CO2 expirado.


Fase A: fase inicial da expiração (paciente começa a liberar CO2)
Fases B – C : platô expiratório (máximo de CO2 que está liberando)
Fases D – E: início da inspiração
O monitor usado para isso é o capnógrafo (na foto abaixo, em amarelo).

Hipercapnia:
É o aumento da pressão parcial de CO2 no sangue arterial. Principais causas:

 Depressão respiratória: a inspiração do paciente está insuficiente, logo, sua oxigenação está ruim. A
expiração também está ruim, não sai o CO2 adequadamente. Fica retido, acumulado.
Normal de CO2 um paciente durante a anestesia: de 35 – 45 mmHg.
Paciente com CO2 de 60: está com hipercapnia. Se ele começar a hipoventilar por depressão
respiratória, o CO2 vai aumentar.

 Exaustão da cal sodada


Cal sodada é uma substância que fica dentro de um aparelho chamado canister (faz
parte do circuito anestésico), que absorve CO2. Quando a cal sodada está exausta, não
consegue mais absorver o CO2, o CO2 do paciente começa a aumentar. A cal sodada é
branca e quando está em exaustão fica roxa, indicando que precisa ser trocada. Se não
for trocada, ela perde a capacidade de ficar roxa e volta a ficar branca. O anestesista
acha que está tudo bem e ela não está mais funcionando. A primeira atitude para um paciente que está
com excesso de CO2: ventilar, aumentar sua frequência respiratória. Se não melhorar, trocar a cal
sodada.

 Obstrução de via aérea


Do mesmo modo que o paciente não inspira adequadamente, não vai expirar.

 Restrição de movimento torácico


Auxiliar fica cansado e se apóia no tórax do Yorkshire. O animal não consegue respirar adequadamente,
pode ficar hipoxêmico. Também não consegue expirar e eliminar o CO2 adequadamente.

 Aumento da pressão intraabdominal


Alguma coisa atrapalhando o inflamento do pulmão. Se não insufla bem, não vai retrair adequadamente,
eliminando CO2.

 Pneumotórax
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Não deve haver nada entre o pulmão e a caixa torácica, somente espaço para o pulmão inflar. Se tem ar
entre a caixa torácica e o pulmão, ele não vai expandir nem retrair adequadamente.

 Presença das vísceras abdominais dentro do tórax (hérnia diafragmática)


Ocupam o espaço do pulmão, que não insufla nem retrai adequadamente. O paciente pode estar
hipoxêmico e com o CO2 aumentado.

 Afecção pulmonar
Nas pneumonias. Depois que se anestesia o paciente com pneumonia, ele tem muita chance de ficar
hipoxêmico e acumular CO2.

Por que a hipercapnia é ruim? Porque a capnografia aumentada aumenta o SN Simpático e o paciente
pode fazer arritmia. O coração se nutre de sangue na diástole. Se está taquicárdico, não tem tempo de
fazer uma boa diástole. Fica isquêmico.

Como avaliar? Através da capnografia – é o gráfico. Capnometria – é o número. Também pode ser avaliado
através da hemogasometria. Coleta de sangue arterial e analisar com o aparelho de gasometria (caro).

Tratamento
Ventilar o paciente. Ventilação assistida ou controlada. Além disso, considerar a troca da cal sodada.

Emergências Cardiovasculares 1:20

Ela ressalta que mentalmente se deve fazer um check-list de tudo que pode acontecer de errado e
trabalhar nesta prevenção. Todos os erros que ela viu e teve até hoje foram por falta de prevenção.

Ela ressalta que mentalmente se deve fazer um check-list de tudo que pode acontecer de errado e
trabalhar nesta prevenção. Todos os erros que ela viu e teve até hoje foram por falta de prevenção.

Aula de 10/10/13_Prática

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