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Isadora Pires Ferreira dos Santos

Prof.: Marcos Paulo Antunes de Lima


 CRONOGRAMA: 26/02/2019 – 1ª Prova (25 pts)
02/04/2019 – 2ª Prova (25 pts)
07/05/2019 – 3ª Prova (25 pts)
04/06/2019 – 4ª Prova (25 pts)
Site: verbooks.in
05/02/2019

ANESTESIOLOGIA: tira os sentidos, promove a insensibilidade a uma determinada


região do organismo ou ele como todo. Ou seja, as técnicas variam desde anestesia local até
total (promove depressão do sistema nervoso central), de acordo com cada situação específica.
História da anestesiologia: iniciou em 1540 com Paracelsus com a utilização de éter. Já
em 1845 Horace Wells iniciou a aplicabilidade clínica da anestesiologia, através da utilização do
óxido nitroso, onde percebeu que esse gás, conhecido como gás hilariante além de promover
alguma “barato” no paciente, induz o relaxamento, promove a inconsciência e analgesia nos
humanos, possibilitando uma extração dentária sem sentir dor. Já em 1846 o William Thomas
Green Morton demonstrou a técnica de Wells e ficou famoso por demonstrar essa técnica
anestésica em um congresso, motivo pelo qual ficou conhecido como o “Pai da Anestesiologia
moderna”. No entanto, só em 1910 o Jorge Spitz começou a utilizar fármacos para promover a
anestesia em animais.
Assim, a anestesiologia é uma ciência e especialidade na medicina veterinária, vez que o
conhecimento é muito aprofundado vez que o paciente pode ser desde um hamster até um
bubalino, por exemplo. Ou seja, o anestesiologista trabalha com a integração de diversos
conhecimentos na medicina veterinária, como fisiologia (diferente fisiologia entre as diversas
espécies), farmacologia, clínica, cirurgia, semiologia e patologia clínica.
ANALSEGIA: é a ausência de dor como resposta a um estímulo que é nocivo, sendo que
para isso o paciente deve estar inconsciente. Dessa maneira, ele não terá a percepção do que
ocorreu com ele. Ou seja, analgesia refere-se a este estado doloroso frente a um estímulo
aversivo quando o paciente está consciente.
Já a NOCICEPÇÃO ocorre quando o indivíduo está inconsciente, que é a codificação/
processo neural da condução do estímulo nervoso, desde a periferia (onde o impulso nervoso
será transduzido de um estímulo mecânico para um elétrico até a medula espinhal e
consequentemente até o SNC). Porém toda essa condução nervosa ocorre quando o paciente
está inconsciente, assim a nocicepção está ativada quando o paciente está consciente mas
temos a percepção porque estamos conscientes. Ou seja, a nocicepção sempre ocorre quando
o paciente está sentindo dor ou quando estamos analisando a analgesia, mas sempre que ele
estiver inconsciente só a nocicepção está ativada, pois o paciente não consegue imaginar o que
está acontecendo.
Por outro lado, a DOR é uma experiência sensorial e emocional associada à lesão tecidual
real (estímulo físico) ou potencial (paciente que está condicionado, gera um estresse, ansiedade
que libera neurotransmissores que associam a presença à aversalidade). Assim, a dor deve ser
bem tratada para durante a anestesia ou após ela para não se tornar um dor crônica.
TRANQUILIZAÇÃO: é utilizada em pacientes agitados e ansiosos (liberação de
adrenalina, cortisol que promovem taquicardia, hiperventilação). Dessa forma, toda essa
descarga adrenérgica descompensa o paciente, por isso que em pacientes agitados e ansiosos
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a tranquilização é boa para promover o relaxamento e diminuir a percepção de estresse. Neste


caso, o animal olha, interage, porém ele facilita o seu manuseio.
SEDAÇÃO: fornecimento de um fármaco que promove relaxamento muscular e
depressão do sistema nervoso central, animal fica menos reativo aos estímulos externos que lhe
acontecem. Ou seja, são fármacos que incrementem o grau de depressão do sistema nervoso
central para que o animal fique menos reativo aos estímulos externos. Neste caso o animal só
tem uma reação quando o estímulo é muito nocivo. Por esse motivo, a sedação é utilizada em
pacientes que não aceitariam um procedimento, mesmo que simples (exemplo vídeo da mula
que dá o coice quando ocorre a aplicação de antibiótico).
NEUROLEPTOANALGESIA: se utilizar só um tranquilizante ou só um sedativo e quiser
obter graus efetivos de sedação, devo utilizar doses elevadas, no entanto quanto maior a dose
de um fármaco, maior os efeitos adversos. Assim, utiliza-se uma associação de um tranquilizante
ou sedativo associado à um analgésico, incrementando o grau de sedação e tranquilização do
pacinete, promovendo um grau de analgesia, reduzindo a dose de tranquilizante e sedativo (logo
menos efeitos adversos) promovendo juntamente uma analgesia ao paciente. Ou seja, o
paciente fica mais calma, tranquilo e relaxando, deixando o procedimento mais tranquilo para
ele. Assim, associa-se diversas classes farmacológicas para incrementar o efeito desejado, uma
sedação mais eficiente.
ANESTESIA LOCOREGIONAL: é a utilização de fármacos específicos para insensibilizar
uma região ou área determinada do corpo, para por exemplo suturar um corte simples.
ANESTESIA GERAL: promove a depressão generalizada do SNC do paciente de maneira
controlada e reversível. Assim, quanto mais anestésico geral forneço ao paciente, mais ele
aprofunda na anestesia, quanto menos eu forneço mais superficial é a anestesia. Ou seja, é uma
maneira controlada e dose-dependente.
A ANESTESIA está embasada em 5 pilares: inconsciência, imobilidade,
miorrelaxamento, analgesia (dor bem tratada no transoperatório, significa que no pós
operatório o paciente recuperará mais rápido e tranquilo com menor risco de intercorrências),
amnésia (alguns fármacos são incorporados para que se o paciente acorde durante a anestesia
não se lembre posteriormente, mas isso não é possível de ser analisada na veterinária – é um
mecanismo de proteção). Com uma analgesia adequada veremos uma situação
cardiorrespiratória controlada ao longo de toda cirurgia e até após esta. Para obter todos os
pilares não existe um único fármaco, deveremos trabalhar com o conceito de ANESTESIA
BALANCEADA quando se trabalha com diferentes fármacos e técnicas anestésicas e
analgésicas em conjunto para obter todas essas características de uma anestesia ideal e
consequentemente além do efeito benéfico teremos a redução das doses de todos esses
fármacos, reduzindo o risco de intercorrências e efeitos indesejáveis. Assim, alcançamos os
efeitos desejados, facilitando o trabalho do cirurgião, do clínico.
Por esse motivo é que o anestesista tem diversas atribuições dentre elas: avaliação pré-
anestésico, determinação do protocolo anestésico, monitoração (pré, trans e pós operatório) e
avaliação da qualidade analgésica do paciente no pós operatório (de 1 a 3 horas depois, onde
se busca o conforto do paciente). Além do mais a anestesia sempre tem algum propósito,
devendo haver uma interação entre os demais profissionais dentro de um ambiente hospitalar,
porque o que o anestesia estiver fazendo durante a pode ajudar ou atrapalhar o cirurgião (ex.
animal ofegante fica difícil de fazer uma castração de uma cadela, por exemplo).
 Vias de Administração da Anestesia
Técnicas para o fornecimento do anestésico varia, sendo que pode ser:
1. Intravenosa que promove um rápido efeito de ação porque é realizada direto no leito
vascular, motivo pelo qual se distribui rapidamente para o sítio efetor (SNC), além disso requer
menores doses devido a essa rápida ação, sendo possível ainda titular o efeitos (como é uma
via rápida, os efeitos são rápidos, assim posso aumentar a dose até obter um efeito desejado,
sendo que esse efeito rápido varia de espécie para espécie, em pequenos animais veremos o
efeito de 15 a 30 segundos, enquanto em equinos a indução anestésica pode levar até 2 minutos,
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por isso é importante conhecer os aspectos fisiológicos para não afobar e aumentar a dose do
fármaco, levando a uma sobrecarga);
2. Intramuscular: utilizada principalmente para pequenos animais e silvestres (porque
são mais estressados, não deixam fazer um acesso intravenoso inicial) para tranquilizar e sedar,
para posteriormente fazer a tricotomia e fazer o acesso para aplicação de medicamentos
intravenosos. No entanto, uma desvantagem é que a dose tem que ser maior e o efeito é mais
demorado e variável (tempo, entre espécies e inclusive entre indivíduos, até grupo muscular);
3. Intraóssea: que é utilizada em silvestres com anatomia complicada ou paciente que
está altamente desidratado (choque hipovolêmico), o interessante dessa via é que ela é tão
efetiva quanto a intravenosa, no entanto não colaba. Assim, conseguimos fazer acesso (fluido,
sangue e até anestésico), no entanto só utiliza em casos extremos e o veterinário deve ser
extremamente cuidadoso, sendo que em desnutridos reidratamos por via óssea e quando a
volemia começa a voltar ao normal retira-se a intraóssea e passa-se a utilizar à intravenosa;
4. Inalatória: como manutenção anestésica ainda hoje é a mais utilizada, tem grandes
vantagens porque são absorvidos e excretados pela via pulmonar (não precisa de fígado para
metabolizar e rim para excretar, motivo pelo qual é muito utilizada em pacientes que tem
problemas hepáticos e renais). Além de ser possível o ajuste rápido da profundidade anestésica.
No entanto existem formas de administrar esses gases anestésicos, pode ser por tubo inserido
na traqueia (paciente inconsciente), por máscara facial (no entanto o cheiro é muito ruim, então
em condições em que o paciente está ainda muito acordado, ele irá se debater e não conseguirá
fazer a indução da anestesia), pode ser feita também através de uma caixa de indução
anestésica, onde há uma via de entrada do gás anestésico e também de saída desse gás. Porém
a indução é variável.
5. Epidural e Peridural: que é a administração de anestésicos e analgésicos dentro do
canal vertebral (acima da duramater), de maneira que os fármacos são absorvidos pela
duramater, passados para o líquido cefálio-raquidiano e chega até os receptores da medula
espinhal, ademais outra fração desses medicamentos saem pelos forames intervertebrais,
fazendo múltiplos bloqueios paravertebrais. Ou seja, na epidural e peridural veremos um
MECANISMO DUPLO para promover a anestesia e analgesia. É muito utilizada em cesariana
em mulheres.
6. Tópica: é eficaz quando em mucosas (oral, nasal ou ocular);
7. Local: quando para infiltrações locais ou perineurais em que consegue infiltrar em uma
região bem delimitada no corpo do paciente.
Ou seja, em anestesiologia não existem fármacos seguros e técnicas seguras e eficazes
para um paciente específico, mas sim anestesistas seguros da sua técnica e da utilização de
seus fármacos. Exemplo, um pincher com fratura de fêmur que é agitado e ansioso, em um
primeiro momento para fazer um raio-x faria, por via intramuscular, uma neuroleptoanalgesia
(tranquilizante com analgéciso), já para a indução anestésica em pacientes jovens, tranquilos,
mas que ainda estão despertos, poderia fazer pela via inalatória por máscara ou intravenosa.
Para manter o paciente inconsciente durante a cirurgia pode ser por via inalatória ou intravenosa.
Ja para conferir analgesia eficaz para o membro pélvico posso fazer uma analgesia peridural.

Deve estar baseada em fundamentos, evidencias, avaliação de órgãos e sistemas e


também associando à exames complementares. Ou seja, o anestesista deve ser generalista,
levar em conta toda a fisiologia do paciente, além do histórico clínico e da avaliação dos exames
complementares.
Essa avaliação é um processo que precede a entrega do paciente para o procedimento
cirúrgico e ambulatorial, ou seja, é antes do anestesista definir sua conduta, pois é dessa
variabilidade fisiológica que o anestesista deve determinar sua conduta, desde a escolha do
fármaco até determinar a melhor conduta, com a estabilização do paciente, reestabelecendo as
condições fisiológicas normais antes do processo anestésico. Por isso que os motivos da
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avaliação pré-anestésica devem ser: avaliar a condição clínica geral, identificar alterações
ocultar, determinar o protocolo analgésico e reduzir a morbimortalidade (não deixar com que o
paciente não acorde mais ou evitar as complicações pós-operatórias).
Além do mais, existem benefícios nessa avaliação pré-anestésica como: iniciar ou otimizar
eventuais tratamentos (como reestabelecer o nível glicêmica de um animal que está com a
glicemia alta e for uma anestesia eletiva, não se deve fazer o procedimento no animal naquele
momento, deve-se conversar com o proprietário explicando os riscos e benefícios da cirurgia e
também conversar com o cirurgião; já se o mesmo animal foi atropelado, o anestesista deverá
usar doses para regular a glicemia, pressão arterial, para operar, já que cirurgia é de urgência,
por isso é necessário a interação com os demais profissionais); diminuir a taxa de suspensão ou
atraso (deve-se ter procedimentos e exames padrões para garantir a cirurgia, porque se faltar
exames ou informações do paciente a cirurgia deve ser cancelada); aumentar a consciência
quanto a condição clínica do paciente (existem fármacos que podem alterar as condições
fisiológicas do paciente, por isso é importante conscientizar a equipe quando a condição clínica
desse paciente). A importância dessa avaliação pré-anéstesica é diminuir a mortalidade, vez que
existem estudos que comprovam que a mortalidade é menor quando essa avaliação é bem feita.
Não existe na veterinária legislação que defina as atribuições do anestesista veterinário,
mas existe na medicina humana, por isso atribuímos para o veterinário também essas
atribuições, como: delimitar a saúde do paciente (exames complementares necessários para
definir o melhor processo anestésico), principalmente em cirurgias eletivas, para decidir a
conveniência ou não do ato anestésico.
PRIMEIROS PASSOS DA AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: caracterização do paciente
(espécie e raça, particularidades fisiológicas, temperamento – animal mais agitado necessita de
uma dose maior -, idade – capacidade metabólica e integridade orgânica, paciente novo e idoso
tem menor capacidade metabólica, por isso a dose do fármaco deverá ser menor -,
comorbidades – paciente com dor, paciente obeso, com diabetes -, sangramento), histórico
clínico (consulta pré-anestésica - não é muito comum na veterinária onde se tem a relação
anestesista, proprietário e cirurgião, onde o proprietário precisa ser esclarecido quando a
fisiologia e os riscos que o paciente irá correr -, procedimentos anteriores, doenças
concomitantes, medicação em uso, atividade e resposta física do paciente), exame físicos
(condição geral do paciente¹ – alerta, reativo, deprimido, estupor, coma - escore corporal,
cardiovascular – ausculta cardíaca, mucosas, pulso periférico -, sistema respiratório – asculta de
pulmão –, sistema tegumentar – ectoparasitas -, digestório – por exemplo, equinos tem muita
tendência a ter cólica, e fármacos podem levar a diminuição da motilidade e levar a uma cólica
e exames adicionais (de acordo com o histórico e necessidade).
¹ paciente com redução de albumina, devo reduzir a dose com fármaco porque a fração
livre do fármaco será mais alta (pela falta de albumina), aumentando a ação do fármaco, motivo
pelo qual devo reduzir a dose neste paciente.
Assim, associada a essa caracterização do paciente podemos formar um questionário:
SISTEMA CARDIOPULMONAR - faz exercício? Cansa fácil? Tosse com frequência? Fica
cinaótico? Perda de rendimento (animal atleta)? Para isso faz um eletro um eco. SISTEMA
NEUROLÓGICO – desmaia? Convulsiona? Se o animal convulsiona quando está estressado e
estressa quando está longe do proprietário, o ideal é sedar o paciente no colo do proprietário, o
que diminui o estresse do paciente. Quando tivermos uma resposta positiva para alguma dessas
perguntas temos que complementar meu pré-anestésico com exames adicionais. SISTEMA
TEFUMENTAR – ectoparasita?
 Classificação ASA
Dessa maneira, embasado em todo o histórico clínico vamos determinar a classificação
de risco (ASA – associação americana de anestesistas), sendo que isso é embasado no histórico
geral dos clientes (histórico clínico, avaliação clínica e exames complementares.
ASA I: paciente jovem, sem alterações físicas e clínicas, que irá fazer uma cirurgia eletiva.
ASA II: paciente que tem uma doença leve, como um abcesso que pode romper e levar a
uma infecção séptica. Ou seja, o paciente não tem uma integridade 100%, o risco é localizado
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mas pode levar a uma complicação, o risco aumenta em relação ao ASA I. Aqui também se
encaixam os pacientes de idade extrema, como paciente muito jovem ou muito velho.
ASA III: alterações sistêmicas importantes como desidratação, anemia, diabetes. Ou seja,
são situações sistêmicas, mas que com medicação consegue controlar, compensar.
ASA IV: doenças sistêmicas graves, doenças que estão descontroladas, como choques
hipovolêmicos e endocrinopatias descontroladas.
ASA V: é aquele paciente que está com uma instabilidade fisiológica muito elevada, que
mesmo que ele precise de um procedimento cirúrgico, isso não interfere no prognostico dele. Ou
seja, é um paciente extremamente grave e prognostico extremamente reservado.
Obs. quanto maior o ASA maior a possibilidade de morbimortalidade do nosso paciente.
E: EMERGÊNICA está incluída em qualquer classificação ASA anterior. Essa E só irá
ocorrer em casos extremamente importantes. Ex. poodle com diabetes controlada fratura o
fêmur, irá ser classificado a principio como ASA 3. No entanto próximo ao fêmur existe a artéria
femoral que for seccionada, passará a classificação do paciente para ASA 3 E, devido à
hemorragia.
Os exames adicionais necessários de acordo com a classificação ASA, quais exames e
em quais situações.:

Além disso, deve-se tomar cuidado com as espécies e raças, vez que algumas raças
tendem a ter algumas doenças congênitas, como o doberman e o boxer que tem cardiomiopatia
dilatada (alteração de função cardíaca) e o boxer que tem predisposição a cardiomiopatia
arritmogênica do ventrículo direito, assim para investigar melhor a função e condução elétrica do
coração, mesmo que me deparo com um cachorro dessa raça com 3 ou 4 anos, é melhor pedir
um Eco e um Eletro, devido a essa predisposição.
Já em felinos de fuçinho curto são predispostos a ter a cardiomiopatia hipertrófica felina,
sendo recomendado nessas raças fazer o Eco a partir de 3 ou 4 anos, mesmo que não auscute
sopro, porque a correlação da cardiomiopatia e o sopro é pequena, não apresentam sopro no
exame físico.
Deve-se fazer uma avaliação da pressão arterial sistêmica, porque todo paciente
hipertenso (excluindo a questão do estresse) geralmente é derivado de outras patologias (como
endocrinopatia tais quais: hiperadrenocorticismo, feocromatina), o que pode levar à constrição
da Artéria Aorta, aumentando a força de contração do ventrículo, o que pode levar a um
remodelamento cardíaco em casos que são crônicos, levando a redução da capacidade
cardíaca.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Quanto aos pacientes oncológicos, deve-se tomar cuidado com o tumor e a químio
utilizada que pode reagir com os fármacos anestésicos, sendo por isso que muitas vezes se
recomenda o raio-x do pulmão (preferência de metástase) para cadelas com câncer mamário.
Por outro lado, a quimioterapia é muito prejudicial ao paciente, porque leva a redução da
imunidade (quimioterápicos são imunossupressores, levam a uma leucopenia e alguns
anestésicos também levam a imunossupressão, o que pode agravar o quadro), além do mais os
quimioterápicos podem sobrecarregar o fígado e o rim, que são as principais vias de
metabolização e eliminação do quimioterápico (por isso é importante investigar esses órgãos).
Já quando se diz respeito à DIABETES a glicemia pode ser medida pela glicose (em cães),
já no gato utiliza-se a dosagem de frutosamina, que é uma proteína circulante que se liga pela
glicose (quando o gato está acordado essa avaliação é fidedigna sem ter alteração por estresse),
a fita de glicemia em gato é utilizada quando está anestesiado para não causar alterações por
estresse.
Já animais com HEPATOPATAS em que a função já está extremamente reduzida, o que
deixa sua albumina baixa, sua pressão coloidosmótica baixa, o que deixa o animal com ascite e
acúmulo de líquido no pulmão, dificultando a oxigenação desse paciente. Além do mais, o fígado
produz os fatores de coagulação, estando mais propenso a hemorragias (hemograma,
coagulograma, perfil hepático).
Um animal com HIPERTIREIDISMO tem alta de T3 e T4, apresentando um estado
hiperdinâmico, onde se vê o animal hipertenso, estressado, arredia, hipertenso e
taquicardicodevendo, portanto, procurar neste animal uma avaliação cardióligica (eco, eletro)
perfil hepático e perfil renal. Já em animal com HIPOTIREOIDISMO ele terá frequência cardíaca
baixa (bradicardia), pressão baixa, paciente fica muito no sol (pressão e temperatura corporal
reduzidas) teremos então que investigar todos os sistemas.
Portanto, a avaliação de cada paciente é individual (indivíduo único naquele local e
momento), sendo importante a interação do anestesista e como proprietário, ou senão o
anestesista deve conversar com o cirurgião ou com o clínico sobre a importância das perguntas
a serem feitas e também dos exames a serem realizados em processos anteriores à cirurgia.
Além do mais, o anestesista tem o dever de esclarecer para o proprietário os efeitos benéficos e
maléficos do procedimento cirúrgico, além de fazê-lo assinar um termo do risco anestésico.
Dessa maneira, as diretrizes para buscar exames adicionais são baseadas na classificação do
ASA e adequação de caso a caso, porque tudo que o anestesista faz altera a fisiologia do
paciente.
12/02/2019

Serão os fármacos selecionados para o ato anestésico. No entanto, antes de anestesiar


ou até mesmo de fazer uma sedação, temos que fazer uma avaliação pré-anestésica bem-feita
(inclusive exames complementares, se necessário) para selecionar os fármacos, isso porque
geralmente a conduta mais segura é aquela baseada nos achados do paciente, quando
excluiremos os fármacos mais perigosos para aquele paciente específico. Como por exemplo os
dissociativos como as cetaminas que tem característica de levar à convulsão, então se o paciente
é epilético, excluo essa classe e seleciono outras que tem características anti-convulsivas. Ou
seja, excluímos uns e selecionamos outros em detrimento do que o paciente apresenta.
A medicação pré-anestésica é o primeiro passo antes da anestesia geral, ou seja, é toda
aquela medicação que aplicamos antes dos anestésicos gerais, são fármacos tranquilizantes,
sedativos ou analgésicos que facilitam o manuseio do paciente, deixa-o mais calmo e relaxado
para, por exemplo, fazer um acesso vascular, fazer uma radiografia. Ou seja, são aqueles
fármacos que reduzem o estresse físico e mental do paciente (trazem um conforto psíquico,
controlam alterações do estresse). Os pré-anestésicos não são utilizados apenas antes de
anestesia geral, mas também como sedativos e tranquilizantes para procedimentos
ambulatoriais porque na rotina nem sempre todo paciente irá fazer uma cirurgia, existe
procedimentos em que temos que sedar o paciente, como raio-x, ultrassom, sutura de ferida.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

 Objetivos da Medicação Pré-Anestésica


Os OBJETIVOS desse primeiro ato pré-anestésico são: 1. REDUZIR O ESTRESSE,
porque o estresse libera no nosso organismo cortisol e cotacolaminas (adrenalina e
noradrenalina) que serão responsáveis pela estimulação simpática (hipertensão, hiperventilação,
traquicardia), o que leva a uma desordem do nosso paciente; 2. RELAXAMENTO MUSCULAR,
como um pincher com uma fratura de fêmur, o cirurgião terá que manipular, tracionar aquele
membro durante a cirurgia, assim um anestésico miorrelaxante auxilia o cirurgião, o que deixa
mais fácil aquele procedimento; 3. FACILITAR MANUSEIO E PREPARO DO PACIENTE, essas
medicações facilitam o manuseio inicial do paciente que é bravo, estressado, por exemplo,
atenua a agressividade do paciente, diminuindo o risco de manuseio inicial; 4. PERMITIR
REALIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE ANESTESIA LOCAL, como laceração de pele, faz um bloqueio
local e para isso forneço fármacos pré-anestésicos para que o animal deixe fazer a sutura da
ferida, outro exemplo é um paciente com fatura de úmero, paciente já está com dor, por isso
temos que associar um analgésico para deixar o paciente mais confortável o que facilita o
manuseio inicial; 5. ANALGESIA PRÉ-TRANS-PÓS OPERATÓRIA (analgésico para o manuseio
inicial de um paciente que está com uma fratura de úmero, paciente já está com dor, por isso
temos que associar um analgésico para deixar o paciente mais confortável o que facilita seu
manuseio inicial, porque as vezes mesmo que o paciente seja bonzinho, a dor o deixa
desconfortável, então associo um analgésico (permite com que o médico tracione o membro) e
um tranquilizante (ansiolítico, animal fica mais calmo e relaxado), além disso pode também
adicionar um miorrelaxante o que facilita também a tração e o posicionamento do membro; 6.
DIMINUIR SECREÇÕES diminuir as secreções em vias aéreas (anticolinérgicos facilitam
realização de exames em vias aéreas facilitando alguns procedimentos); 7. PERMITIR O
VÔMITO, existem fármacos que inibem o vômito e aqueles que o promovem, sendo que o vômito
não é bom em algumas situações, como ocorre com um paciente que está com um olho protuso,
se ele vomitar pode aumentar a pressão intracranial e aumentar a dor (o globo já está inflamado,
dolorido) logo nesse caso devo associar fármacos que inibem o vômito, outro exemplo é um
cachorro que comeu um anzol, logo a tendência é o animal tentar vomitar romper a mucosa do
TGI devido ao aumento da pressão; 8. POTENCILIZAR OS EFEITOS DOS ANESTÉSICOS
GERAIS PROMOVENDO UM SINERGISMO, todo e qualquer fármaco que associa diferentes
classes farmacológicas apresentam um sinergismo entre elas, consequentemente conseguimos
reduzir as doses desses fármacos tornando o procedimento mais seguro e estável, ou ainda,
alguns fármacos contrabalanceiam diretamente os efeitos adversos dos outros, como a xilasina
(alfa 2 adrenérgico) que promove a bradicardia e bradirritimia, mas se associada a cetamina
(fármaco dissociativo) que produz um efeito simpatomimético, estimulando o sistema
cardiovascular, aumentando a frequência cardíaca, ou seja, quando esses fármacos são
associados mantem a estabilidade e os parâmetros do paciente; 9. COPROMOVER INDUÇÃO
E RECUPERAÇÃO SUAVES, os analgésicos, mas principalmente os tranquilizantes e sedativos
coíbem o segundo estágio da anestesia (quando submetemos o paciente a uma anestesia geral,
existem 4 estágios: o 1º estágio da anestesia é aquele no qual o paciente está sedado, tranquilo
e relaxado, já o 3º estágio é aquele no qual o paciente está inconsciente, mas na hora que faz
essa transição da consciência para inconsciência, existe o 2º que é o estágio de euforia, agitação
e excitação, onde ocorre um desbalanceamento do SNC, o paciente começa a ter movimentos
involuntários, começa a vocalizar, o que é muito ruim. Assim, a partir do momento que na
medicação pré-anestésica administra um tranquilizante, sedativo associados a um analgésico,
como há redução inicial da atividade do SNC, quando formos induzir o paciente ele fará a
transição da consciência para inconsciência mais rápido, pulando o segundo estágio da
anestesia, que é extremamente deletério; 10. CONTRABALANCEAR EFEITOS INDESEJÁVEIS,
através da prevenção de reflexos autonômicos por exemplo, quando estimula demais o bulbo
ocular, via nervo óptico o estimulo vai para o SNC e é conduzido para o nervo vago que no
coração promove a liberação de acetilcolina que diminui a frequência cardíaca do paciente,
promovendo a bradicardia intensa, assim em uma cirurgia se o cirurgião tracionar demais o globo
Isadora Pires Ferreira dos Santos

ocular, a frequência durante a anestesia o REFLEXO ÓCULO CARDÍACO pode acontecer,


assim a frequência despenca podendo inclusive levar a uma parada cardíaca. Dessa maneira
existem alguns fármacos que são utilizados para reestabelecer a frequência cardíaca do
paciente; evitar reações alérgicas (como, por exemplo, um bulldog francês que tem alergia a
muitos medicamentos, assim aqueles pacientes que já passaram por outros procedimentos
anestésicos e tiveram alergia, deveremos não utilizar aquelas bases farmacológicas, mas se
tivermos que utilizar esse fármacos, deveremos conjuntamente administrar um anti-
histamínicos).

 Características/efeitos ideais dos fármacos


EFEITOS IDEIAIS DOS FÁRMACOS: 1. EFEITO PREVISÍVEL (quando administro o
fármaco sei quanto tempo ele tem seu efeito máximo, quanto tempo o fármaco tem de duração–
se leva uma hora o exame, preciso de fármacos que durem uma hora); 2. CURTA-MÉDIA
DURAÇÃO (preferencialmente porque geralmente compreende períodos de média e curta
duração); 3. MÍNIMOS EFEITOS DESPRESSORES (maioria dos fármacos são depressores,
alteram a fisiologia do paciente, sendo que o que muda é magnitude da depressão, por isso
escolhe-se fármacos que são menos depressores e modulamos através da dose); 4. POSSUIR
ANTAGONISTAS/REVERSOR (é benéfico porque se administro um sedativo no qual o paciente
que ficou muito deprimido e não está retornando da sedação, se tiver um antagonista que reverta
toda a sedação, o paciente irá recuperar mais rápido, e não só isso, os reversores também
revertem todos os efeitos deletérios, isso é ótimo, mas os antagonistas não revertem só os efeitos
deletérios mas também os benéficos, inclusive efeitos analgésicos, sedativos e tranquilizantes).

 Grupos farmacológicos
São os principais fármacos tranquilizantes utilizados na medicação pré-anestésica:
FENOTIAZÍNICOS, BENZODIACEPÍNICOS, AGONISTAS DOS RECEPTORES ALFA 2
ADRENÉRGICOS, OPIOIDES (principais analgésicos), ANTICOLINÉRGICOS e
DISSOCIATIVOS.

1. FENOTIAZÍNICOS
Muito utilizados na rotina de pequenos animais, promovem a tranquilização do paciente,
reduzindo o estresse e ansiedade, assim o animal fica calmo e relaxado, mas continua com a
percepção do ambiente, porque a depressão do SNC que esses fármacos promovem é pouca.
Os principais representantes são: ACEPROMAZINA (mais encontrado na rotina),
CLORPROMAZINA, LEVOMEPROMAZINA.
O principal mecanismo de ação que reduz a atividade do SNC promovido pelos
fenotiazínicos é o antagonismo dopaminérgico ou seja, impede a liberação de dopamina e
noradrenalina no SNC (esses neurotransmissores são excitatórios, logo ao reduzir os dois, o
paciente fica mais relaxado).
No entanto, além de promover a tranquilização, os fenotiazínicos agem em receptores
promovendo efeitos deletérios sendo eles: bloqueio dos receptores alfa 1 periféricos, esses
receptores promovem a vasoconstrição na musculatura, assim ao bloquear esses receptores a
musculatura relaxa, a pressão cai¹ (ao fazer o bloqueio alfa 1 periférico, reduzo a RVS, o paciente
fica hipotenso, então o mecanismo fisiológico para manter a pressão é o aumento da FCpara
tentar jogar mais sangue para a circulação porque está muito vasodilatador); atuação em
receptores de serotonina, esses receptores modulam a liberação de serotonina que reduz o limiar
convulsivo do paciente (ou seja, em pacientes epiléticos tem reduzir a dose ou evitar sua
utilização porque há risco de deixar o paciente mais propenso a convulsionar); ação em
receptores muscarínicos (reduzem produção lacrimal, salivação); ação em receptores
histamínicos (paciente alérgico é ótimo utilizar com tranquilizante como a acepromazina que já
tem característica de anti-histaminico, reduzindo a reação alérgico).
Isadora Pires Ferreira dos Santos

¹ Pressão arterial = Débito Cardíaco x Resistencia Vascular Periférica. Por sua vez o
Débito Cardíaco = Frequencia Cardíaca x Volume Sistólico. O Volume Sistólico = RV,
Inotropismo e Pós Carga.
Além do mais, os fenotiazínicos tem variação quanto ao efeito em cães e gatos, é muito
menor, faz mais efeitos em cães do que em gatos.
Os efeitos desejáveis são: reduz dose dos anestésicos injetáveis e inalatórios de 30-
40%, isso porque se já usei um tranquilizante na medicação pré-anestésica reduzindo a atividade
do SNC, os outros fármacos que vierem a seguir podem ter doses menores, consequentemente
podemos ver um sinergismo e a redução dos efeitos adversos porque consigo reduzir a dose de
um fármaco futuro; ação anti-emética (possui um efeito semelhante ao dramin, ou seja, evita o
vômito em cães – acepran gotas); efeito antiarritmogênico (atenuam a interação das
catecolaminas –adrenalina e noradrenalina- com o coração, diminuindo a taquicardia).
Efeitos adversos: 1. CARDIOVASCULARES, bloqueia alfa 1 periférico que irá dilatar,
reduzir a pressão arterial e em alguns pacientes ocorre uma TAQUICARDIA REFLEXA (cuidado
com os pacientes que já tomam vasodilatadores, como em pacientes cardiopatas, tenho que
reduzir a dose, além de poder causar uma BRADIARRITIMIA), além disso o animal pode ter uma
hipotermia (porque todo o sangue da periferia estará em contato com o meio externo, muito
cuidado com os filhotes que não conseguem regular a própria temperatura); 2.
EPLENORELAXAMENTO, onde ocorre SEQUESTRO DE HEMÁCIAS PELO BAÇO (chega
muito mais sangue no baço que irá segurar as hemácias, portanto devo evitar a dose de
acepromazina para animais que são anêmicos), VASODILATAÇÃO ESPLÊNICA e REDUÇÃO
DO HEMATÓCRITO; 3. RESPIRATÓRIO, REDUZ FREQUENCIA RESPIRATÓRIA mas não
altera os gases sanguíneas, continua oxigenando adequadamente e liberando dióxido de
carbono suficiente (porque apesar de diminuir a frequência respiratória, aumenta o volume
corrente, deixando igual o volume por minuto); 4. BRAQUICEFÁLICOS são mais sensíveis aos
fenatazínicos, além do mais como o paciente tem um relaxamento intenso e prolongado, isso
pode prejudicar seus sistema respiratório porque sua via área é pequena (narina e traqueia) e
seu palato mole é prolongado, o que obstrui via área superior, assim se o paciente fica muito
relaxado, o palato pode ficar preso e até entrar em angustia respiratória, temos que intubar para
ventilar ele, assim em pacientes braquicefálicos as doses tem que ser menores e monitorar a
ventilação desse paciente; 5. REDUÇÃO DO LIMIAR CONVULSIVO (evitar em pacientes que
tem crises epiléticas, pode desencadear uma crise convulsiva); 6. NÃO É ANALGÉSICO (se for
uma fratura, para fazer um raio-x tenho que associar a um fármaco analgésico); 7. NÃO POSSUI
ANTAGONISTAS (tem que esperar o tempo de ação desse fármaco e tratar o paciente).
Contraindicações: 1. HEMORRAGIAS (anemia, pacientes hemorrágicos, vasodilatados);
2. DESIDRATAÇÃO/HIPOVOLEMIA (vasodilata e pode diminuir ainda mais a volemia do
animal); 3. ESPLENECTOMIAS (baço fica muito grande, sequestra muita hemácia); 4.
CARDIOPATAS (porque alteram todo cardiovascular do paciente, não deve usar em animal
idoso).
Indicação: 1. TRANQUILIZAÇÃO DE PACIENTES SEM DOR; 2. TRANSPORTE; 3.
ASSOCIAÇÃO A OPIOIDES (em caso de procedimentos mais invasivos, fazendo uma
neuroleptoanalgesia).
Posologia: 1. ACEPROMAZINA 0,2%, latência (tempo até o início efetivo do fármaco) é
de 5 a 15 minutos e duração de 2 a 4 horas; CLORPROMAZINA ou LEVOMEPROMAZINA 0,5%
duração de até 4 horas.
Obs. A tranquilização dos fenotiazínicos não aumenta proporcionalmente ao aumento da
dose, mas aumenta sim os efeitos deletérios (efeitos adversos). Ou seja, não são dose-
dependentes.

2. BENZODIAZEPÍNICOS
Isadora Pires Ferreira dos Santos

São TRANQUILIZANTES ANSIOLÍTICOS que tem propriedades


ANTICONVULSIONANTES e MIORRELAXANTAS. Os principais benzodiazepínicos são
DIAZEPAM e MIDAZOLAM.
Modo de ação: os benzodiazepínicos se ligam aos receptores GABA-A no SNC
aumentando a afinidade desse receptor pelo GABA (principal neurotransmissor inibitório do
SNC). Assim, haverá a redução da atividade do SNC (paciente vai ficando relaxado e deprimido).
Assim, a partir do momento que o GABA se liga a esses receptores, abre canais iônicos para
levar um alto influxo de cloro, que tem carga negativa e irá hiperpolarizar a célula (impede a
condução elétrica, reduzindo a atividade do sistema nervoso central).
Efeitos desejáveis: 1. TRANQUILIZAÇÃO LEVE/DISCRETA; 2. RELAXAMENTO
MUSUCLAR; 3. EFEITO ANTICONVULSIVANTE; 4. POTENCIALIZAÇÃO DE OUTROS
AGENTES, quando associados a tranquilizantes, sedativos, analgésicos e anestésicos gerais,
ocorrerá um sinergismo (conseguimos reduzir as doses).
Efeitos adversos/desvantagens: 1. EFEITO PARADOXAL, em pacientes jovens,
hígidos, alertas, ao invés de tranquilizar, vai excitar esse paciente (evitar nesses pacientes o uso
isolado de benzodiazepínicos), já pacientes novos ou idosos o paciente é mais sensível, então
consegue tranquilizar assim como um paciente deprimido, além do mais o risco de excitar quando
faz associação é menor; 2. NÃO SÃO ANALGÉSICOS; 3. CARDIORESPIRATÓRIO, não alteram
o ritmo e frequência, além de reduzir pouco a pressão arterial, ou seja, um bezodiazepínico pode
ser utilizado em um paciente cardiopata; 4. SISTEMA RESPIRATÓRIO (altera minimamente a
frequência respiratória). Ou seja, é muito interessante quando não quer alterar a fisiologia do
paciente.
Há uma pequena diferença quanto à metabolização desses 2 fármacos, o MIDAZOLAM
é hidrossolúvel, facilmente absorvido quando aplicado pela via intramuscular. Além de ser
metabolizado no fígado (P450), quando produz metabólitos inativos, ou seja, pode se distribuir
para todo o organismo sem produzir efeitos. Já o DIAZEPAM é extremamente oleoso, é
lipossolúvel (não é bom pela via intramuscular, dói e é dificilmente absorvido, absorção irregular),
além do mais, quando passa pelo fígado para ser metabolizado, produz metabólitos ativos
(nordiazepam e oxazepam) que são substancias que quando ganham a corrente sanguínea
distribuem pelo organismo e tem efeito clínico, ou seja, também promovem efeitos
tranquilizantes, sendo esse um dos principais motivos que o diazepam tem tempo de duração
maior que o midazolam.
DIAZEPAM: preferencia pela via intravenosa, latência é de 3 a 15 minutos e a duração
até 4 horas.
Já o MIDAZOLAM a latência é até 5 minutos.
Uso clínico: tranquilização de animais debilitados (associa-se à um opioide), como
anticonvulsivantes, durante a indução anestésica.
Além do mais de 95 – 97% desses fármacos se ligam a albumina (sendo que é a porção
livre que faz o efeito químico), se pegar um paciente com albumina reduzida o efeito químico é
mais pronunciado, assim para esses pacientes a dose tem que ser reduzido. Além do mais
metabolização é hepática, logo paciente com problema hepático tem que reduzir a dose. Cuidado
com as fêmeas gestantes porque além de ultrapassar a barreira hemato-cefálico e ultrapassa a
barreira transplacentária (o fígado desse neonato é prematuro, então não consegue metabolizar
esse fármaco, ademais o animal jovem é mais sensível, deprimindo-o mais), isso reduz a
viabilidade neonatal.
Antagonista: FLUMAZENIL reverte todos os efeitos desse fármaco, sendo que as doses
permitem a titulação de efeito (consigo colocar e ir avaliando o quanto o animal vai retornando,
de maneira que quando vejo que o animal retornou posso parar de dar a medicação, isso é
chamado de DOSE-EFEITO). Além do mais, 1 mg da dose de flumazenil para 26 mg de
diazepam, já no caso do midazolam, para cada 13 mg de midazolan utilizo 1 mg de flumazenil.

3. AGONISTAS ALFA 2 ADRENÉRGICOS


Isadora Pires Ferreira dos Santos

Muito utilizados em pequenos animais, sendo que os principais respesentantes:


XILAZINA, DETOMIDINA (basicamente em grandes) e DEXMEDETOMIDINA. São fármacos
que promovem um grau de sedação, reduzindo a atividade do SNC (redução mais acentuada do
que os fármacos anteriores), paciente fica calmo, relaxado e responde menos aos estímulos
externos. Exemplo, sedando um cão ou um gato com Alfa2, ele vai deitar, quase dormir, sendo
que se eu chama-lo dificilmente ele vai levantar a cabeça, mas se eu o sacudir ele vai levantar a
cabeça para ver o que está acontecendo ao redor.
Efeito Clínico: no SNC existe o Locus coeruleus, que é o centro da vigília. Quando
estamos ansiosos ou estamos prestando atenção em algo, esse centro nervoso é ativado através
da liberação a noradrenalina (neurotransmissores excitatório), assim esses fármacos bloqueiam
a liberação de noradrenalina no SNC. Assim, os Alfa2 Adrenérgicos se ligam aos receptores alfa
2 adrenérgicos pré-sinápticos, impedindo o influxo de cálcio para dentro da célula, impedindo a
migração dessas vesículas intracelulares para evitar a liberação de noradrenalina na fenda pós-
sináptica consequentemente reduz a atividade do SNC.
Diferente dos Fenotiazínicos que os felinos respondiam menos que os cães, os alfa 2
adrenérgicos promovem um estado sedativo pronunciado em cães e gatos.
Efeitos desejáveis: 1. SEDAÇÃO PRONUNCIADA (DOSE-DEPENDENTE), assim, a
medida que a aumentamos sua dose, o efeito sedativo fica mais pronunciado, é DOSE-
DEPENDENTE (mas aumenta também os efeitos adversos). 2. ANALGESIA VISCERAL,
promovem a analgesia visceral (recomendado para cães e gatos que tem desconforto abdominal,
fornece um pouco de analgesia). 3. MIORRELAXAMENTO são fármacos que além de promover
tranquilização e sedação, promovem miorrelaxamento moderado a intenso (facilitando o
manuseio). 4. SINERGISMO, são fármacos que quando associados a outros, principalmente aos
anestésicos gerais possuem efeitos sinérgicos, reduzindo a utilização do anestésico geral em
até 70%. Ou seja, é uma classe mais efetiva e o grau de sedação é mais intenso. 5.
POSSUEM ANTAGONISTAS, revertem todos os efeitos (sedativos, adversos – bradicardia e
hipotensão, mas também o efeito benéfico), por isso deve-se tomar cuidado quando utiliza só
esse fármaco para promover analgesia no paciente porque se aplicar um antagonista, ele irá
reverter todos os efeitos, inclusive o analgésico (paciente volta a sentir dor).
Efeitos adversos: 1. CARDIOVASCULAR, promovem uma hipertensão transitória
seguida de uma normotensão ou hipotensão (estimulam a elevação da pressão e posterior
redução, principalmente a Xilasina), isso ocorre quando o alfa 2 se liga a um receptor alfa-2 pré-
sináptico, aumentando o influxo de cálcio assim ocorre a liberação de noradrenalina, que
circulante se liga ao receptor alfa 1 periférico, estimulando-o, promovendo a contração e aumento
da pressão, porém esse excesso de noradrenalina na fenda pré-sináptica causa um mecanismo
de retroalimentação negativa, de maneira que o neurônio pré-sináptico entende que há muita
noradrenalina, assim, cessa a produção e liberação desse neurotransmissor, de maneira que
ninguém mais estimula o alfa 1 periférico, dilatando o leito vascular. Pode promover bradicardia
e bradiarritmia porque se a pressão aumenta muito, a frequência cardíaca reduz. No entanto, o
problema é que quando se utiliza doses elevadas em que o mecanismo compensatório não
acontece mais, muitas vezes o paciente vasodilata e a frequência cardíaca reduz,
comprometendo o débito cardíaco, reduzindo a pressão do paciente. Ou seja, tem que ter
cuidado com as doses desses fármacos porque ele são os que mais alteram fisiologia
cardíaca do paciente¹. Traçado eletrocardiográfico, ONDA P = despolarização atrial,
COMPLEXO QRS = despolarização ventricular; ONDE T. Então cada complexo QRS ocorre a
geração de PULSO que é o sangue que vai ser ejetado do ventrículo esquerdo para circulação
sistêmica. Quando utilizamos um alfa 2 adrenérgico veremos: várias ondas P seguidas,
posteriormente um QRS (onda de pulsa). Isso ocorre porque a condução elétrica do nó sino-
atrial para o átrio-ventricular estava tão lenta que só o átrio estava batendo, sendo que quando
o ventrículo bate bizarramente, isso é chamado de Complexo Ventricular Bizarro ou Pré-Maturo
(é um mecanismo de salvamento do nosso organismo, acontece quando utilizamos
Dexmetomidina com algum outro fármaco bradicardiaco, assim o risco de hipoxemia é
aumentando). 2. RESPIRATÓRIO, os fármacos promovem depressão respiratória acentuada,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

redução do volume por minuto e a frequência respiratória, comprometendo a capacidade de


absorção de oxigênio e ejeção de gás carbônico (mesmo quando utilizado em doses elevadas).
Assim, doses elevadas podem causar Hipercapnia e Hipoxemia quando em doses elevadas. 3.
VÔMITO, a xilasina pode ser utilizada para testar o jejum do paciente para ver o que ele tem de
conteúdo gástrico; 4. HIPERGLICEMIANTE, alfa 2 reduz a secreção de insulina,
consequentemente, aumenta a glicemia do paciente, portanto evitar em pacientes diabéticos; 5.
INIBIÇÃO DO ADH, não utilizar em pacientes desidratados (volume circulante diminuído) porque
o paciente aumenta o volume de urina – DIURESE –; 6. AUMENTAM A TONICIDADE UTERINA,
fêmeas no terço final da gestação, o útero começa a contrair, logo ocorre um parto prematuro,
inviabiliza a prenhes do paciente.
Evitar em pacientes: desidratados; cardiopatas graves (evitar ou utilizar doses
reduzidas); hemorrágicos (aumenta e depois diminui a pressão arterial); que o vomito é
contraindicado (como ingestão de anzol); pacientes de risco/debilitados; choque.
Uso clínico: contenção de animais indóceis pacientes indóceis; requerimento de maior
relaxamento (além da depressão); analgesia complementar no trans e pós-operatório
(principalmente para vísceras).
Além disso há diferença de especificidade com a ligação alfa2/alfa1 sendo assim:
XILAZINA 160 moléculas se ligam a alfa 2 e apenas 1 se liga ao alfa1; DETOMIDINA 260
moléculas se ligam ao receptor alfa 2, enquanto 1 se liga ao alga 1 periférico; e a
DEXMEDETOMIDINA 1.620 moléculas se ligam ao receptor alfa 2, enquanto 1 molécula se liga
ao alga 1 periférico. Assim, é o alfa 1 periférico que causa boa parte dos efeitos cardiovasculares
ruins, então todos esses fármacos produzem os mesmos efeitos adversos, mas a magnitude e a
incidência dos efeitos é menor com a dexmedetomidina, sendo que dependendo da cardiopatia
do paciente posso inclusive usar a DEX porque os efeitos hemodinâmicos, quando utilizo doses
reduzidas, isso não acontece.
Posologia:
XILAZINA: via intramuscular; latência é de 1 a 3 minutos; período de ação é de 20 – 40
minutos. Indicado para procedimentos mais rápidos e paciente hígido.
DEXMEDOTOMIDINA: via intramuscular; latência de 2 a 5 minutos; período de duração
de 60 – 120 minutos. Indicado para procedimentos de maior tempo de duração
Antagonistas: IOMBINA é o antagonista da Xilazina, deve ser aplicado por via
intramuscular ou intravenosa; ATIPAMEZOLE é o antagonista da Dexmedetomidina, pode ser
utilizado por via intramuscular ou intravenoso. Além disso, lembrando que os antagonistas
revertem os efeitos indesejáveis, mas também os desejáveis (analgesia e sedação).

4. ANTICOLINÉRGICOS
Derivam da Atropa belladonna. São fármacos que competitivos da acetilcolina (receptor
excitatório do parassimpático) nos receptores muscarinicos. Os principais são ATROPINA,
ESCOPOLAMINA e GLICOPIRROLATO.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Mecanismo de ação: antagonizam a acetilcolina nos resceptores muscarinicos pós


ganglionares e em diferentes sistemas vão ter seus efeitos, por exemplo: DIMINUIÇÃO DA
PRODUÇÃO DE
SECREÇÕES
(acetilcolina aumenta a
salivação e salivamento,
o anticolinérgico vai
reduzir); DILATAÇÃO
DA PUPILA;
BRONCODILATADOR;
REDUÇÃO DA
MOTILIDADE DO TGI;
AUMENTA A
CONDUÇÃO E
FREQUENCIA
CARDÍACA.

Indicações: TRATAMENTO DE BRADIARRITIMIAS JÁ PRÉ-EXISTENTES (batimento


cardíaco baixo); REDUÇÃO DE SECREÇÕES; CONTRABALANCEAR O EFEITO DE OUTROS
FÁRMACOS (a xilasina reduz a frequência, então tem profissionais que aplicam a atropina
subcutânea e depois aplica a xilasina, ou seja, contrabalanceia os efeitos). Tratar dor visceral ou
emergência, ou seja, analgésico ou emergência normalmente.
Efeitos farmacológicas: CARDIOVASCULAR, bloqueio muscarínico do nodo sinoatrial
elevando a frequência do paciente, assim muitas vezes, com doses muita elevadas promovo
uma taquicardia e taquiarritmias (quando doses elevadas assim, deve-se tomar cuidado com os
cardiopatas, além do mais o efeito pode demorar de 2-3 minutos quando intravenoso).
RESPIRATÓRIO promove broncodilatação e aumenta a viscosidade das secreções (cuidado
com bovinos porque salivam muito e pode tampar a via área superior). DIGESTÓRIO, redução
das secreções e redução da motilidade. SNC causa sonolência (não é todo paciente que isso
acontece, a atropina causa excitação). Ou seja, não deve usar anticolinérgicos em pré-
medicação anestésica, porque muitas vezes causa efeito oposto, estimulando o paciente.
Uso clínico: pacientes com bradiarritmia muito grave pré-existente; cirurgias intraoculares
(prevenir o reflexo óculo-cardíaco); prevenir a bradicardia associada a procedimentos
específicos; cirurgia em região cervical (porque o principal nervo que passa na região é o vago,
que se estimulado promove as bradiarritmias); cirurgias abdominais (promovem analgesia e se
o cirurgião manipular muito as vísceras pode ocorrer o reflexo víscero-vagal, onde o nervo vago
libera mais acetilcolina no coração causando uma bradiarritmia).
Posologia:
ATROPINA: intravenoso, intramuscular e subcutâneo, com período de latência de 1 a 3
minutos, sendo que dura de 20 a 40 minutos.
ESCOPOLAMINA/HIOSCINA: via intramuscular e intravenosa.
19/02/2019
5. OPIOIDES
Relembrando a última aula: os pré-anestésicos são utilizados para relaxar, tranquilizar,
mas falta a analgesia, sendo que a maioria dos fármacos já citados não tem essa propriedade.
Por isso ao bolar uma estratégia pré-anestésica se o paciente for passar por dor, procedimentos
mais invasivos, temos que colocar analgésico, sendo que na veterinária utilizamos os
ANALGESICOS OPIOIDES. Assim, utilizamos os opioides como analgésicos de dor aguda e
procedimentos cirúrgicos.
Assim, os opióides são fármacos que promovem hipnose/analgesia, e utilizamos para dor
aguda e processos cirúrgicos pois são muito potentes e assim conseguimos modular o processo
doloroso porque duram muito tempo.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Os principais opioides são: METADONA, PETITINA, FENTANIL, BUTORFANOL,


TRAMADOL. Sendo que esses fármacos são HIPINOANLGESICOS que promovem analgesia
e sonolência induzida para que o paciente consiga retornar à consciência, assim os opióides
além de promover analgesia também promovem tranquilização/ansiólise.
Um exemplo, é o FENTANIL é um opioide que tranquiliza, traz uma paz, relaxamento,
tranquilização.
Mecanismo de ação: os opioides ATIVAM RECEPTORES ESPECÍFICOS que estão no
SISTEMA NERVOSO CENTRAL e periférico, sendo eles: TIPO MU, é o principal responsável
pelo efeito analgésico e adverso. Assim, quando ativados promovem a melhor qualidade
analgésica, de maneira que os fármacos que conseguir ativar 100% desse receptor, terá uma
maior qualidade analgésica, mas atrelado a ele vem efeitos adversos, sendo que a maioria dos
efeitos adversos, depressão respiratória, depressão cardiovascular, agitação/euforia e
dependência química estão relacionadas a esse receptor. Na veterinária a dependência química
não é relatada, mas os principais efeitos adversos são depressão cardiorrespiratória, sendo que
a ventilação fica muito comprometida (a capacidade de inalar gás carbônico e pegar oxigênio).
TIPO KAPA: promovem analgesia, mas principalmente visceral, ou seja, quando o paciente
passa por cirurgia que envolvem vísceras (baço, fígado). TIPO DELTA: não dá efeitos
analgésicos, mas efeitos adversos são euforia e agitação (o MI também promove isso. A maioria
dos fármacos atuam com mais de um receptor, ativando alguns e inibindo outros.
Dessa forma, esses fármacos hiperpolarizam as células nervosas do sistema nervoso,
aumentando o influxo de potássio para dentro da célula, deixando membrana hiperpolarizada,
ficando mais negativa, assim o estímulo para despolarizar fica mais difícil, de maneira que quanto
maior a dose, maior o efeito da analgesia. Ou seja, dependendo de quanto aumenta a dose mais
hiperpolarizada a célula fica e maior o efeito da analgesia.
Classificação quanto a ação: AGONISTAS TOTAIS/PUROS promovem analgesia
máxima (sempre ativam 100% dos receptores MU), utilizado sempre que a cirurgia for muito
invasiva, exemplo é a morfina que ativa 100% dos receptores MU AGONISTAS PACIAIS ativam
o MU mas não 100%, por isso a eficácia da analgesia é moderada, utilizado para procedimentos
menos invasivos por exemplo raspado de pele, exemplo é a Buprenorfina que só chega a 60%
de analgesia independente da dose. AGONISTAS ANTAGONISTAS são aqueles que bloqueiam
a ativação de todos receptores.
Classificação quanto a potência: Fentanil e Morfina são dois OPIOIDES MI PUROS
porém existem diferenças, a MORFINA começa com uma dose maior, chegando a 100% de
analgesia a medida que a dose aumenta. Já o FENTANIL precisa de uma dose menor para
chegar ao efeito máximo, sendo assim mais potente, por isso é mais utilizado em cirurgias mais
invasivas, ou seja, é mais potente que a morfina. Além disso, não é porque é mais potente que
é mais seguro, preciso de analisar/monitorar o paciente pois junto com a potência vem também
os efeitos adversos (mais evidentes), como a depressão cardiorrespiratória.
Classificação quanto a duração do efeito: DURAÇÃO LONGA, TRAMADOL E
BUPRENORFINA (não tem no Brasil) tem duração de 8-12 horas, por isso são usados em
procedimentos que demoram mais tempo, sendo que normalmente é utilizado no pós-operatório
porque o tempo de duração é de mais ou menos 8 horas, não sendo tão potente, o que reduz os
efeitos adversos e o torna mais seguro. DURAÇÃOINTERMEDIÁRIA MORFINA, METADONA e
BUTORFANOL duram de 3-6 horas. CURTA DURAÇÃO é a MEPERIDINA que dura 2 horas,
por isso não compensa em um pós-operatório. OPIOIDES DE ULTRA-CURTA DURAÇÃO, como
FENTANIL que dura de 15-20 minutos, utilizado em suturas, raio-x, ultrassom, ou seja, um efeito
rápido no ambulatório, porém é muito utilizado para manutenção analgésica durante um
procedimento cirúrgico porque é 100x mais potente que a morfina e eu consigo controlar
programando a bomba de infusão. Assim, em uma medicação pré-anestésica utilizo mais curta,
intermediária e longa duração. E no transoperatório utiliza-se muito os de ultra-curta duração
porque é mais potente.
Efeitos desejáveis: analgesia, sedação (efeitos hipnóticos mais evidente em cães,
porque são mais tranquilos e relaxados, já em gatos jovens é mais difícil de notar), redução de
Isadora Pires Ferreira dos Santos

doses anestésicos gerais (se utilizo um analgésico desse preciso de fornecer menores doses de
anestésicos), podem ser administrados em pacientes de alto risco/debilitados (podemos utilizar
um opioide excluindo sedativos e tranquilizantes, muito utilizados em animais velhos) isso
acontece pelos seus efeitos adversos serem menores.
Efeitos adversos: 1. SISTEMA NERVOSO CENTRAL, excitação em gatos (quando estes
não possuem dor e são jovens e ativos). Podemos evitar isso associando o opioide a um
tranquilizante e sedativo, inibindo/evitando os efeitos adversos (interagem com o receptor MI,
assim se o paciente não está com dor, ao ativar o receptor mi como não tem processo doloroso
para controlar essa ação é desviada para os efeitos adversos, como euforia e agitação). Além
disso pode ser usado em pacientes com dor e animais debilitados, quando se trata de gatos; 2.
CARDIOVASCULAR, diminuição da FC promovendo bradicardia/bradiarritima (porque os
opioides aumentam o tônus vagal, e assim o nervo vago vai liberar acetilcolina no coração que
reduz a condução elétrica) e diminuição da pressão arterial quando a morfina e meperidina forem
administradas via intravenosa rapidamente, pois promovem liberação de histamina pelos
mastócitos que promove vasodilatação e assim a pressão cai, por isso é importante se fizer pela
via intravenosa diluir e fazer aplicação lenta – 5 minutos); 3. SISTEMA RESPIRATÓRIO,
promovem depressão dose dependente (quanto maior a dose, mais compromete a ventilação,
mais a FC diminui e o volume corrente, o que consequentemente diminui o volume minuto,
diminuindo a quantidade de gases nos alvéolos (diminui FR), por isso é importante monitorar o
paciente nesses parâmetros), sendo que essa depressão está associada principalmente à outros
fármacos anestésicos gerais; 4. SISTEMA DIGESTÓRIO, podemos ver vômito (mais comum e
mais esperado, isso ocorre com a morfina- 80% de chance – Para reduzir esse efeito posso
associar a ACEPROMAZINA, reduz essa probabilidade em 15%), propensão ao refluxo (refluxo
do ácido clorídrico e causar uma esofagite), defecação seguida de constipação (reduz atividade
mioelétrica do intestino, reduzindo a motilidade intestinal - principalmente os mi totais -, em
pequenos animal isso ocorre bastante, muito cuidado com equinos porque pode causar cólica);
5. OUTROS, em cães o diâmetro pupilar reduz (miose), já em gatos dilata (midríase), promovem
oligúria (redução do fluxo urinário porque aumenta a tonicidade do musculo detrusor da bexiga,
assim fica difícil dele abrir o esfíncter pra urina sair).
Uso Clínico: dores intensas, processos mais invasivos, como toracotomia, cirurgia de
coluna, cirurgia ortopédica, sendo necessário utilizar um MI total para esses. Um procedimento
mais tranquilo, como tirar tumor de pele, castração de macho, posso utilizar um agonista parcial
ou um agonista total e reduzir sua dose.
Além do mais, para selecionar um fármaco temos que pensar no tempo analgésico, de
maneira que não é porque um paciente recebeu um opioide na medicação pré anestésica que
durante a cirurgia aquela dose seja suficiente, ou seja, pode ser que não precisa durante o
transoperatório, mas a maioria dos animais vão precisar de fármacos para manter a analgesia
durante todo o transoperatório.
Posologia:
MORFINA: padrão de referencia com todos os outros opioides, ativa todos os receptores,
mas sua qualidade analgésica está relacionada com a ativação do RECEPTOR MI (maior
qualidade analgésica) dura de 4-6 horas. Utilizamos antes da cirurgia, durante a cirurgia ou no
pós-operatório. Principais efeitos adversos: vômito (associa-se a um antihemético), liberação de
histamina (diluir e fazer lentamente), doses (respeitar a variabiliadede espécie-específica, gatos
são mais sensíveis).
METADONA: duração intermediária de 3-6 horas, ativa todos os receptores, mas tem um
mecanismo de ação a mais, bloqueia os receptores N-METIL DESPARTATO – NMDA (evita a
liberação de glutamato, assim ao bloquear esse receptor aumento a capacidade analgésica, por
isso posso utilizar doses menores) É mais analgésica que a morfina e dificilmente promove
vomito, não dá hipotensão (mesmo pela via intravenosa). No entanto seus efeitos
cardiovasculares são muito mais acentuados que a morfina, promove bradicardia, bradiritimias e
o paciente vai hipoventilar mais. Ademais, promove uma tranqulização mais evidente que a
morfina, mas pensando nos efeitos adversos, promove mais bradicardia e arritimias. Assim,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

pensando em medicação pré-anestésica, ao associar um alfa2 adrenérgico (sedativo) os efeitos


adversos são menores. Dessa maneira, posso associar mas tenho que reduzir as doses ou
monitorar muito bem o paciente (FC, eletrocardiográfico) ou seja, potencializo a analgesia mas
os efeitos adversos são mais pronunciados.
MEPERIDINA: ativa os 3 receptores, tempo de duração é 2 horas, e potencia 10 vezes
menor do que a MORFINA. Quais procedimentos utilizo: procedimentos rápidos e menos
invasivos. Tem um alto potencial de liberar histamina por via intravenosa, não sendo
recomendado mesmo quando diluído. A molécula se assemelha a ATROPINA, ou seja, a
MEPERIDINA em alguns pacientes ao invés de reduzir a frequência, aumenta a FC porque
consegue bloquear a liberação de acetilcolina nos receptores muscarínicos = AÇÃO ANTI-
MUSCARÍNICA DISCRETA.
Obs, maioria dos opioides reduzem a frequência.
FENTANIL: 100x mais potente que MORFINA, estimula todos os receptores
principalmente MI, dura de 15 a 30 minutos.
BUTORFANOL: tem uma particularidade, é um agonista KAPPA, mas bloqueia o receptor
MI por isso é um antagonista MI. Assim, quando estimulamos KAPPA promove analgesia
visceral, não sendo tão eficiente quanto os MI totais, por isso não é utilizado para cirurgias muito
invasivas que não tem relação com vísceras.
Mas e se um anestesiologista erra na dose de morfina, dá em excesso? Quero deixar um
pouco de analgesia, mas o paciente está intoxicado por morfina, ao aplicar o BUTORFANOL
reverte os efeitos depressores de MI e mantém os efeitos analgésicos do KAPPA.
Além disso promove um quadro de sedação e tranquilização maior que a morfina,
principalmente em felinos. É um fármaco que não promove vomito nem liberação de histamina
intravenosa.
TRAMADOL: tem fraca afinidade com receptor MI, ativa 100% mas não se liga tão bem a
esses receptores, por isso a sua qualidade analgésica é muito inferior comparado aos outros.
Ademais, tem outro mecanismo para produzir analgesia, reduz a liberação de noradrenalina e
serotonina (quando em terminações nervosas, propagam o estímulo nocivo, assim ao reduzir
sua liberação tem um efeito maior no controle da dor). Ou seja, sua qualidade analgésica não é
muito boa, por isso é mais utilizada no PÓS-OPERATÓRIO ao invés de pré-operatório. Além
disso é de longa duração, de 6-8 horas. As doses variam se for dor crônica ou pós-operatório.

Antagonistas

• NALOXONA: ANTAGONISTA TOTAL, reverte todos os efeitos porque bloqueia MI,


KAPPA e DELTA, utilizado em situações de emergência. O ideal é calcular a maior dose, diluir
ela e ir administrando lentamente por via intravenosa, é ideal ir titulando o efeito.
No entanto reverte todos efeitos, tantos os ruins quanto os analgésicos, assim para evitar
a reversão total de analgesia posso associar outros fármacos para o controle da dor.

• BURTORFANOL: antagonista, só serve quando o paciente for intoxicado por


AGONISTAS TOTAIS MI – é quando eu quero reverter os efeitos depressores mas também
quero manter um pouco da analgesia.

ANESTESIA DISSOCIATIVA

ANESTESIA GERAL: depressão total do SNC, ou seja, produzido através de agentes


anestésicos que reduzem a atividade neuronal.

Mas existe uma classe, os ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS que promovem uma falha
nos diferentes centros do SNC, desorganizando o córtex sensitivo deprimindo algumas áreas e
excitando outras áreas do SNC. Ou seja, quando utilizamos esses fármacos, primeiro excita e
depois cursa com a depressão.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Pode ser utilizada como pré-anestésico mas tem que ter cuidado porque reduz a
capacidade do paciente em responder a estímulos externos, ou seja, o paciente não interpreta
estímulos externos adequadamente, não vocaliza, não interage.
São fármacos que induzem algum grau de analgesia suplementar (pouco), principalmente
somático (procedimentos osteomusculares que não invadam cav.abdominal).
Assim, são fármacos que deprimem alguns centros (paciente não responde mais o que ta
acontecendo), mas mantém algumas áreas do SNC normais, principalmente quanto aos reflexos
protetores como: reflexos palpebrais (para proteger o bulbo – vai piscar), reflexo de deglutição
(para proteger vias aéreas). Mas tem algumas áreas do SNC que são hiperestimulada como
locomoção e movimentação, ou seja, há uma hiper estimulação do músculo esquelético, paciente
não controla os movimentos voluntários, tendo movimentos como deixar o músculo muito duro e
cair. Assim, paciente não tem consciência do que está acontecendo, tem reflexos protetores,
isso é chamada de CATALEPSIA (movimentos descontrolados)
Ou seja, maioria dos efeitos são benéficos e o que não é, que é a catelepsia tem como
ser controlado. Além do mais a dose pode deixar o paciente totalmente inconsciente.

Mecanismo de ação

- ANTAGONIZAM O RECEPTOR NMDA, ou seja, bloqueia o NMDA, assim o glutamato


para de ser liberado que é um dos principais neurotransmissores excitatórios do SNC;
- AÇÃO GABAÉRGICO: ajuda o GABA que é o principal neurotransmissor inibitório do
SNC;
- BLOQUEIA A RECAPTAÇÃO DE CATECOLAMINAS, assim é liberado muita
noradrenalina que estimula;
- PROMOVE AGONISMO EM RECEPTORES OPIOIDES (sigma) mas não tem efeitos
opioides;
- PROMOVEM ANTAGONISMO DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS SNC, ou seja, a
acetilcolina irá ser diminuída, é um dos principais neurotransmissores do SNP, aumentando a
atuação do SISTEMA SIMPÁTICO.

PRINCIPAIS REPRESENTANTES: CETAMINA E TILETAMINA.


São fármacos extremamente ácidos, assim ao fazer administração pela via intramuscular
(paciente sente muita dor), tem taxa de ligação com albumina cérica de 54% (assim, se um
paciente está com hipoalbuminemia, a fração livre vai ser maior, por isso a dose tem que ser
menor), solúvel em água (rapidamente absorvido pela via intramuscular), período de latência e
duração variável (depende da espécie e via utilizada).

Utilização

É utilizado como ANALGESIA COADJUVANTE (aumenta a analgesia junto com um


opioide ou outras classes) e CONTENÇÃO QUÍMICA (promovem um estado de sedação
extremamente intensa, animal não responde aos estímulos que estamos fazendo com ele.
Utilizado em animais indóceis e silvestres por ser mais seguro para o médico – o estado sedativo
é muito mais intenso deixando o procedimento mais seguro, como o preparo de um
procedimento).

• CETAMINA

(e tiletamina) são basicamente metabolizadas pela via hepática e produz um metabólito


ativo, a NORCETAMINA que ganha a corrente sanguínea e vai para o sítio efetor e desencadeia
efeito químico. Potencia próxima a TILETAMINA, o que muda mais é a duração.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

A eliminação é renal e biliar. Assim, temos que tomar cuidado com o gato, que elimina o
fármaco inalterado, assim também como hepatopatas e felinos com insuficiente renal ou
obstrução uretral.
Porque quando eu pego um animal com obstrução uretral ele tem insuficiência renal?
Porque como a perfusão renal está comprometida a produção de urina está comprometida assim
o fármaco fica recirculando atuando por um grande período de tempo.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO: intramuscular (mais usual), intravenosa, a intranasal e via


oral (oral é menor a eficácia de absorção, por isso aumento a dose)

EFEITOS NO SNC

Promovem analgesia, aumento da PRESSÃO INTRACRANIA (evitar em animais


politraumatizados, que tem tumor cerebral e não posso alterar essa pressão), ESTIMULAÇÃO
(posturas bizarras, espasticidade e contração muscular, hiperpasticidade muscular) para atenuar
esses efeitos posso utilizar relaxantes musculares e sedativos, como BENZODIAZEPINICOS ou
SEDATIVOS ALFA-2 que também são miorrelaxantes, diazepan, por exemplo);
EFEITOS NO SIST CARDIOVASCULAR

Estimulam o sistema nervoso simpático (SIMPATOMIMÉTICO, estimulam a liberar


catecolaminas da reserva endógena, o que leva a taquicardia, hipertensão, aumento do débito
cardíaco) em pacientes jovens é tolerável, mas pacientes idosos, neonatos, pacientes críticos,
não é adequado utilizar esses fármacos;

EFEITOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Respiração apnêustica (padrão irregular da ventilação, respira muito rápido e faz pausas
longas) essa depressão é dose-dependente, quanto mais aumenta a dose mais o paciente
hipoventila, mantém os reflexos protetores (como deglutição, se não tivesse o animal poderia
regurgitar, ir conteúdo para o pulmão e causar uma bronco pneumonia, mas esses reflexos só
estão presentes quando utilizo na MEDICAÇÃO PRÉANESTÉSICA). Se eu der anestésicos
gerais eu perco esse reflexo.

Uso clínico

CETAMINA

Se eu utilizar apenas como analgésico não tenho efeitos adversos, só benéficos.


Efeito analgésico dose dependente: quanto mais aumento a dose mais aumento a
inconsciência.

CETAMINA e MIDAZOLAM: Já quando se diz sobre os efeitos associativos da cetamina


o cão voltará tranquilo (cetamina: 30 min e midazolan: 45 min) e o gato irá voltar muito agitado
(cetamina: 1,2 horas e midazolam: 45 min)
O ideal é que o midazolam seja metabolizado por último (demora mais)
Assim, nos felinos junto com a cetamina e associativo, posso associar com um
tranquilizante (acepran) para atenuar os efeitos ao invés de dar tiletamina, pois o tempo de
duração é muito alto e são raros os procedimentos que demandam desse tempo todo e o gato
ficaria mais tempo internado. Além do mais posso pegar um alfa2adrenérgico que tem o tempo
de atuação da cirurgia e administrar.

TILETAMINA ZOLAZEPAM
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Sempre associada à um diazepínico. Ou seja, já vem um dissociativo para bloquear os


efeitos de catalepsia.
Em cães a tiletamina demora de 1,2 até 1,5 horas, enquanto o zolazempam demora 1
hora pra ser metabolizado então, tem que tomar cuidado com isso no pós-operatório, porque o
zolazempam é metabolizado primeiro e sobra a tiletamina fazendo efeito sozinha e o cão volta
agitado. Já no gato, a tiletamina: 1,5 horas e o zolazepam dura 2,4 horas por isso ele volta
tranquilo, enquanto o cachorro vai voltar agitado.
O ideal é que o zolazepam seja metabolizado por último (demore mais)

REVISÃO

1º passo do anestesista é fazer avaliação pré-anestésica, conversar com o proprietário,


pegar o histórico clínico, fazer exames físicos bem minuciosos e se houver alteração buscar
exames complementares (é preciso saber como o paciente está para excluir o que é deletério
para ele para que os fármacos que sobram sejam mais efetivos e seguro pra ele). A partir dessas
informações eu avalio o risco anestésico.
2º passo: risco anestésico (classificação ASA) e esclarecer o proprietário dos riscos e
benefícios da cirurgia.
- NEUROLEPTOANALGESIA (associar fármacos de diferentes classes para potencializar
o efeito e reduzir a dose de ambos).

Exemplos
- Paciente: gata, 3 anos, jovem, sem alterações, exames clínicos normais.. veio para fazer
ovarioestectomia.
Primeira coisa a se fazer: ver o histórico, os exames clínicos e complementares.
Irá ser classificada como ASA 1 e depois conversar com o proprietário. A gata não é brava,
mas é ansiosa, medrosa. O que utilizar nela? Os tranquilizantes (acepromazina) não tem efeito
pronunciado na espécie felina, sendo que se formos usar devemos associar a um
benzodiazepínico e mais um opióide (garante analgesia pra cirurgia). Mas o que poderia usar
nela que realmente vai ser efetivo? ALFA2ADRENÉRGICO, promove uma sedação mais
eficiente e associo com um OPIOIDE.

- Mas se a mesma paciente chegou e quer matar todo mundo? Utiliza-se um


ANESTÉSICO DISSOCIATIVO, como cetamina associado a um benzodiazepínico e um opioide;
ou ainda, pegar o alfa2 e associar com um anestésico dissociativo e um opioide.

- Mesmo indivíduo em situação clínica diferente, atropelada e tem que fazer raio-x de
fêmur, está ansiosa e está com muita dor. Chegou taquicardica e com mucosa pálida – (isso é
indicação de hemorragia)
Classificação: ASA 3 E pois ainda está consciente
Se a taquicardia começa a piorar e começa a ter perda de consciência
Classificação: ASA 4 E

- Paciente muito bravo na gaiola


Dar um anestésico dissociativo para poder conseguir manipula-lo
Colocar na caixa de indução anestésica e ligar o anestésico inalatório
Dose baixa de acepran (tranquilizante), um miorrelaxante (midazolan), um sedativo e um
opióide. Se não der certo posso aplicar novamente.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

- Cachorro forte musculoso de 9 anos sem alterações nos exames, precisa fazer um raio
x da coxa femoral, e precisa estar tranquilho e relaxado pois vai precisar de tracionar os membros
pélvicos para poder alinhar os dois fêmur
Classificação: ASA 2 (por não ser mais hígido/jovem)
Protocolo: miorrelaxante, benzodiazepínico, fentanil e opioide.

- Cachorro filhote com 20 dias


Classificação: ASA 2 (pois seus sistemas ainda estão prematuros)
As doses serão muito mais baixas e só preciso de um opióide para dar analgesia pro
procedimento cirúrgico que ele vai.

- Cachorro com mucosa branca (anêmico) prostada com perda de conciência


Classificação: ASA 4
Classe de fármaco que devo evitar: Fenotiazínicos pois eles fazem sequestro de
hemácias pelo baço e diminuiria ainda mais suas hemácias
Para promover uma tranquilização leve eu usaria benzodiazepínico e um analgésico pro
procedimento cirúrgico

- Cachorro com edema de periferia pois seu fígado está insuficiente


Doses nesse paciente serão menores
Classificação: ASA 4 pois não é algo controlado (mesmo com medicamento continua
insuficiente)
12/03/2019

Ocorre antes do ato anestésico, sendo que por mais que tenhamos medicação pré-
anestésica, o ideal é fazer a avaliação clínica, histórico clínico e depois construir um protocolo,
vez que a morbidade durante a anestesia chega até 10%, sendo que as principais
complicações são: respiratórias, arritmias, hipotensão, regurgitação e hipotermia. Por isso,
temos que colocar na nossa cabeça que todo paciente tem um risco anestésico. Ou seja, esse
valor de morbidade não é baixo, estamos longe de chegar próximo à medicina humano, não
porque não temos recursos ou acesso à tecnologia, temos acesso a tudo que tem na medicina
humana, o que muda são as espécies que tem particularidades fisiologias diferentes, requerendo
diferentes protocolos. Além disso, temos que atentar para alterações como: raças-específicas,
obesidade, idades, dentre outros aspectos que aumentam o risco de morbidade na veterinária.
Por isso, que, por segurança, o passo-a-passo é 1. CONHECER O PACIENTE (histórico,
exame, conversa com o proprietário, exames complementares), quando 2. DETERMINAR O
RISCO ANESTÉSICO. 3. antes de qualquer procedimento anestésico, temos que ter alguns
preparos, sendo que o primeiro deles é o JEJUM, porque: permite o esvaziamento gástrico,
reduzindo o risco de vômito; diminui o risco de contaminação no procedimento cirúrgico (animal
não tem o que vomitar). Assim, o jejum é importante vez que se aplico Morfina, por exemplo, e o
animal vomitou e em seguida ficou em decúbito lateral, há risco de broncopneumonia porque o
conteúdo pode ficar na traqueia; ou ainda, um animal que comeu muita ração pouco tempo antes
da anestesia, mas o animal não vomitou, o estomago irá pesar, comprimindo o diafragma e
pulmão, comprometendo as funções respiratórias, causa atelectasia, paciente hipoventila e fica
com hipóxia. No entanto, o tempo de jejum deve ser o ponderado para o paciente, mas o comum
é: ADULTOS = de 6-8 horas alimentar e hídrico de 2-4 horas; NEONATOS = alimento até 1 hora
antes e não realizo jejum hídrico.
Obs. o jejum não é para todo mundo, um filhote não tem reservas hepáticas, por isso
se ficar em jejum tem tendência a ficar hipoglicêmico, isso ocorre com paciente idoso e
diabético. Sendo que nesses pacientes temos que monitorar a glicemia para reduzir a
possibilidade de hipoglicemia. GLICEMIA NORMAL EM CÃO: 60-100. GLICEMIA
NORMAL EM GATO: 70-130.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Além disso, devemos fazer sempre o 4. ACESSO


VASCULAR, para: administração de anestésicos, analgésicos e
sedativos; é via de rápida distribuição; e situações emergenciais
(como uma reação anafilática a fármacos, por exemplo, ou ainda
cortar um órgão). No caso de emergências, é importante ter uma
via rápida para fluido, vasopressor, por exemplo. Já para um
procedimento ambulatório, é ideal fazer sempre porque é uma via
rápida de acesso que pode melhorar a analgesia e sedação ou
fazer fármacos de emergência. Os principais pontos de acesso vascular em cães e gatos são:
JUGULAR, CEFÁLICA, SAFENA LATERAL e SAFENA MEDIAL. Exemplo, labrador com tumor
hepático, é uma cirurgia que tem um alto potencial de sangramento, assim em um acesso
fazemos fluido e miorelaxante, e já faremos um outro acesso de emergência, porque alguns
fármacos são incompatíveis com a fluído. Mas esses dois acessos dependem do risco do que
será feito no paciente. Além disso, se o paciente está muito desidratado posso pegar até 4
acessos.
No que diz respeito a escolha do cateter, quanto mais grosso o calibre melhor para via de
acesso rápido. Mas, como escolhemos um cateter ideal par ao nosso paciente? Pelo calibre do
vaso, ou usar a fórmula: peso do paciente multiplicado por 5, sendo que o resultado dessa
conta tem que ser próximo ao valor do fluxo de ml por minuto que está escrito atrás do cateter.
Cateter (fluxo/ml) = peso do paciente X 5
Ainda no que diz respeito ao ACESSO VASCULAR, temos que escolher o EQUIPO,
existem 2 tipos: MACROGOTAS (cada 1 ml tem 20 gotas) e MICROGOTAS (cada 1 ml tem
60 gotas). Existem, ainda, 2 métodos de infundir líquido no paciente: MÉTODO
GRAVITACIONAL (paciente na gaiola e o fluído acima) ou BOMBAS DE INFUSÃO (onde
calculamos a fluidoterapia e programamos o equipo de acordo com a quantidade de ml por hora
que o paciente tem que tomar, além disso, a bomba apita se passa ar, se está acabando o fluído,
se o paciente deita em cima da pata).
O quinto passo 5. é a FLUIDOTERAPIA não é só para repor eventuais perdas do
paciente, porque no sangue existem outros componentes, por isso nosso plasma é um meio de
carrear substancias para diversos tecidos, assim além de células, leva íons, ou seja, utilizamos
a fluidoterapia para tratemento/correção de pacientes com alterações de volume, constituição e
distribuição anormal do fluido corporal no organismo. Logo, a fluidoterapia é um meio de
condução e seus constituintes. Assim, na maioria dos pacientes adultos, cerca de 60% é água,
sendo que 40% está no meio intracelular e outros 20% está no extracelular sendo que: 5% está
no plasma e 15% no intersticial. Já em pacientes jovens cerca de 80% é água (por isso que um
filhote com parvo é mais susceptível a alterações de desidratação), por isso temos que tomar
cuidado com o tipo de fluido. Ademais, a fluido é sempre individualizada para cada
tratamento e paciente, temos que fazer avaliação continua da necessidade e eficácia, além
de calcular requerimento de volume, constituição, taxa e necessidade compartimental
para aquele paciente. Por outro lado, se formos fazer intravenosa temos que tomar alguns
cuidados: encanamento não pode estar estragado; pacientes que estiverem com baixa albumina,
poderemos ter edema (o pior é o pulmonar); cardiopata, tenho que tomar cuidado porque pode
sobrecarregar este órgão; rim tem que estar íntegro porque é por este órgão que será eliminado.
Como determinamos o grau de desidratação do paciente? Associação de parâmetros
clínicos como: TPC, pregueamento da pele, globo ocular, peso, DU (débito urinário). É uma
avaliação simples de ser feita, mas temos que avaliar todos esses parâmetros para determinar
o grau de desidratação. Ademais, quando associamos todos esses parâmetros, poderemos
classificar de acordo com esse quadro:
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Além disso, associados a todos esses parâmetros clínicos, temos que olhar o
hematócrito e PPT (proteína plasmática total) para vermos se o paciente é anêmico ou se está
desidratado. Por isso é fundamental monitorar os parâmetros clínicos e monitorar os parâmetros
laboratoriais.

Além disso, os sinais vão aumentando à medida que a desidratação vai aumentando.
Por fim, existem vias de administração de fluidoterapia: ORAL (não é utilizado essa
administração durante a anestesia) não é um técnica de absorção rápida de altos volumes de
fluido, mas é barata, pode ser por via de sonda nasogástrica ou esofágica, utilizada em pacientes
sem vômito; VIA SUBCUTÂNEA não tem aplicabilidade na anestesia porque um paciente que
está extremamente desidratado terá seu subcutâneo vasocomprimido, por isso não terá
vascularização para absorver o fluido, além de ser extremamente lenta e não poder usar
soluções hipertônicas, dessa forma pode ser utilizada em pacientes não hospitalizados;
INTRAVENOSA que é uma via rápida onde conseguimos fazer fluido, podemos utilizar para
emergência, é precisa, pode dar grandes volumes, pode administrar solução hipertônicas e
soluções hipercalóricas (animais que não estão alimentando); e INTRAÓSSEA é uma cavidade
que não colaba, logo tudo que faz na MO será rapidamente absorvido e cai na circulação
sanguínea, é utilizada para pacientes que não conseguem fazer acesso venoso, sendo que a
medida que o paciente vai reidratando fazemos um acesso venoso porque a via intraóssea é
perigosa (pode quebrar), é doloroso, assepsia muito rigorosa, restringe movimentação do
paciente, alternativa à intravenosa, úmero e fêmur, utilizada em filhotes e animais pequenos.
Tipos de fluidos disponíveis: CLISTALÓIDES que são aqueles que reidratam o paciente
e aumentam a volemia; COLÓIDES que aumentam a pressão coloidosmótica; CARREADORAS
DE OXIGÊNIO (não é muito utilizada na anestesia); HEMOCOMPONENTES (não é muito
utilizada na anestesia); e NUTRIÇÃO PARENTERAL (não é muito utilizada na anestesia).
5.1. CRISTALÓIDES: utilizados para reidratar o paciente, pois possuem partículas
que se movem facilmente através das membranas biológicas. No entanto, temos que manter
os eletrólitos do plasma do paciente, sendo que por isso, nossos fluídos têm que ter próximo a
nossa osmolaridade – 300 (mas dentre elas variam esse osmolaridade). Assim, além de
pensarmos na osmolaridade na hora escolher o fluído, temos que pensar no PH ideal que deve
ser de 7,35 e 7,40, sendo que nem toda solução tem tampão, como o soro fisiológico.
a. Ringer lactato: ringer lactato tem uma solução tampão do bicarbonato, por isso é uma
solução alcalinizante, motivo pelo qual utilizamos em pacientes que tendem a ficar ácido, por
Isadora Pires Ferreira dos Santos

isso devemos dosar para saber os níveis plasmáticos de bicarbonato. Além disso, possui cálcio
e potássio. Por ser uma fluidoterapia de reposição balanceada, é indicada na maioria dos casos.
Gatos com obstrução urinária tem tendência a não liberar potássio, por isso em pacientes com
níveis elevados de potássio e com obstrução urinária (insuficiência renal e com ruptura de
bexiga), devemos evitar dar ao paciente potássio, por isso evitamos o ringer. Porém, um
paciente que está neste quadro, apresentará uma acidose metabólica muito grande, por isso o
ideal é utilizar o ringer que tampona, mas que a quantidade de potássio do ringer é muito
pequena, então não causa maiores danos.
b. Solução fisiológica NaCl 0,9%: como não possui tampão acaba virando uma
solução acidificante, principalmente por ter muito cloro que será eliminado pelo rim que irá reter
H+. Ou seja, é utilizado quando o ringer lactato não é a primeira escolha e provoca
alterações de PH (acidose metabólica hipoclorêmica – vômito).
c. Glicose 5%: é constituída de água e açúcar, mas toda essa água acaba diluindo o
sangue daquele paciente e descondensando-o, mas sem suprir a necessidade calórica
dele. Podemos criar nossas soluções, que não seja essa comercial, onde acrescentaremos a
outras soluções para dar ao paciente glicose. É indicado em pacientes: com risco de
hipoglicemia, que passem por cirurgias prolongadas, neonatos, insulinomas e endotoxemias.
5.2. COLÓIDES: são soluções que aumentam a pressão coloidosmótica, vez que
contém macromoléculas que ficam retidas no compartimento intravascular (aumentando
a Pressão Coloidosmótica). Assim, normalmente faz uma solução para reidratar e outra para
aumentar a pressão. Existem 2 categorias de colóides: NATURAIS que são aqueles que contém
plasma/albumina, utilizados em caso de hipoproteinemia e coagulopatias; e os SINTÉTICOS,
como Hidroxietilamino 6%, Gelatina e Dextrana, utilizados em hipoproteinemia e choques
hipovolêmicos. Além disso, outro benefício é que por permanecer no leito vascular por mais
tempo, é utilizado em algumas emergências como: hemorragia ativa, onde não consigo
transfundir o paciente na hora, tento regularizar o mais rápido possível a pressão do paciente.
Obs. O problema dos CRISTALÓIDES é que quando fazemos por via intravenosa
perduram dentro do vaso por 40 min – 1 hora, não ficam muito dentro do vaso, sendo
que para 1 litro de sangue que o paciente perde, temos que fazer 4 unidades de
cristaloide porque fica pouco dentro do vaso. Já o COLÓIDE permanece no vaso por
até 8 horas, sendo que a relação é de 1 litro de sangue que o paciente perde,
precisamos de 1 unidade de colóide, sendo esse o motivo pelo qual o colóide é melhor
para manter a volemia.
Ainda, sobre a Fluidoterapia, calcularemos a TAXA DE REPOSIÇÃO. Assim, como
calculamos o volume de solução a ser administrado no paciente? Se está desidratado iremos
reidratar de acordo com o seu grau de desidratação.
Exemplo 1: cachorro de 10 kgs, pulso fraco, decúbito lateral, ou seja, apresenta 10% de
desidratação. Assim:
10 kgs ______ 100%
X ______ 10%
X=1
Logo, iremos reidratar o paciente com 1 litro. Agora que saber a quantidade de litros que
o paciente precisa, mas em quanto tempo temos que dar essa quantidade?
Se o paciente estiver levemente desidratado irei calcular o grau de desidratação dele e
repor em 24 horas. Já se o paciente está moderadamente desidratado irei calcular o grau de
desidratação dele e repor 30% nas primeiras 6 horas e o restante nas próximas 24 horas. Por
outro lado, se o paciente está severamente desidratado irei calcular o grau de desidratação e
repor de 30-50% desse volume nas 2 primeiras horas e o restante será administrado nas
próximas 24 horas. No entanto, se o paciente não estiver respondendo bem a essa fluido iremos
administrar fármacos para melhor a perfusão e pressão do paciente.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

CUIDADO!!!!!!!:

Ao receber um paciente desidratado, o ideal antes da cirurgia é reidratar mas para isso,
reidrato ele nas 2 horas antes da cirurgia com o volume de 30-50% a mais, para posteriormente
entrar para a cirurgia em caso de emergência. Já em cirurgias eletivas, faremos taxas mais
baixas, onde em cães faremos 5 ml/kg/h e em gatos é de 3 ml/kg/h.
Para reidratar o paciente utilizaremos CRISTALÓIDES, sendo que eles não vêm certinho,
temos que modular sua constituição, para isso, pegamos ringer lactato e acrescentamos ampolas
de glicose. Isso ocorre em cirurgias muito prolongadas em que o paciente tem risco de ficar
hipoglicemicos temos que monitorar e concentrar nossa fluido.
Assim, como prepararemos nossa fluido para 6. TAXA DE MANUTENÇÃO
ANESTÉSICA?
EXEMPLO 2: A clínica tem RL (ringer lactato) de 500 ml, sendo que quero ao final ficar
com uma concentração de glicose de 5%, no entanto nossa ampola de glicose é de 50%.
Assim, utilizaremos a fórmula:
Ci x Vi = Cf x Vf
Ci x Vi = Cf x Vf
500 x X = 50 x 500
X = 50 ml
Dessa forma, trabalharemos com 7. CÁLCULOS, vez que todo e qualquer fármaco tem
que ser calculado em relação ao peso do paciente porque a terapêutica é individualizada,
sendo que para isso, temos que conferir a medicação verificando a posologia, peso do paciente
e a concentração comercial que aquela marca, o medicamento, terá.
Assim, teremos que lembrar algumas coisas a respeito de conversões:

1 g = 1.000 mg

1 mg = 1.000 mcg
[ ]% x 10 = [ ] mg/ml
1 g ou 1.000 mg =
100 ml

0,2% = 2 mg/ml

EXEMPLO 3: glicose 5%, e queremos converter porcentagem para mg/ml:


5% X 10 = 50 mg/ml
Assim, um MELOXICAM 0,2% tem 2 mg/ml.
EXEMPLO 4: Se temos um paciente 10 kgs e queremos dar uma dose de Morfina de
0,5/kg, e a apresentação do medicamento é de 10mg/ml. Qual o volume a ser administrado?
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Volume = Peso x Dose Volume = 10 x 0,5 = 0,5 ml


10
Concentração

EXEMPLO 5: Se temos um cachorro de 10 kgs, onde queremos dar uma dose de Propofol
4mg/kg e o volume é de 1% = 10 mg/ml, quanto teremos que dar ao paciente?
Volume = 10 x 4 = 4 ml
10
Mas em quanto tempo? Se a taxa de infusão é de 0,4mg/kg:

Volume = Peso x Taxa x Minutos


Concentração

Volume = 10 x 0,4 x 1 = 0,4 ml/min.


10
EXEMPLO 6: Um paciente de 10 kgs, no qual quero aplicar uma dose de 5 mcg/kg de
Fentanil, na concentração de 0,05 mg/ml, qual o volume a ser administrado nesse paciente?
1 mg ___ 1000 mcg
0,05mg ____ X
X= 50 mcg.
V = PxD = 10x5 = 1 ml
[ ] 50
EXEMPLO 7: Já um paciente que tem 10 kgs vai para uma cirurgia prolongada e queremos
fazer uma solução de RL com glicose. Esse paciente irá ficar anestesiado de 6-8 horas, temos
que suplementar com glicose exógena. Assim, se temos um RL de 1l (1000 ml), temos uma
glicose de 50% e queremos chegar a concentração de 5%, qual formula começaremos?
Ci x Vi = Cf x Vf
50 x X = 5x1000
X = 100 ml.
Logo, acrescentarei 100 ml de glicose 50% ao RL. Mas para isso teremos que retirar
100 ml do ringer para posteriormente preenchermos com 100 ml de glicose 50%. Mas se cada
ampola tem 10ml, quantas ampolas precisaremos para preencher esse RL?
1 ampola ____ 10 ml
X ampolas ____ 100 ml
X = 10 ampolas
Assim, qual o volume à ser infundido por hora? Se a taxa de manutenção é de 5
ml/kg/hora: Só multiplicar o peso (10) pela taxa (5) = 50 ml/hora.
Qual gotejamento em macrogotas?
1 ml ___ 20 gotas
50 ml ___ X
X = 1.000 gotas/hora
Mas para facilitar, podemos dividir o valor por 60 para encontrar quantas gotas por
minutos: 1.000 / 60 = 16,6 gotas por minuto.
Para facilitar mais ainda, podemos dividir o valor de gotas por minuto encontrado por 60
para descobrir quantas gotas por minuto:16,5 / 60 = 0,27 gotas por segundo (que é mais ou
menos 1 gota a cada 4 segundos).

Concentração = soluto (mg)


Isadora Pires Ferreira dos Santos

Solvente (ml)
EXEMPLO 8 (diluição): Se tivermos um soluto tiopental sódico 1 g (1000 mg) e queremos
uma concentração final de 5% (= 50 mg/ml). Utilizaremos a fórmula:

Concentração = soluto (mg) 50 = 1000


X
Solvente (ml) X = 20 ml

EXEMPLO 9: Agora, se tivermos um Éter Glicerol Guiacol (EGG) tem que ser diluído para
ser infundido (normalmente utilizado em equinos), assim se quisermos uma solução final com
5% (50 mg/ml) de EGG e temos 500 ml de soro fisiológico, quanto de EGG tenho que colocar
para chegar a concentração desejada?
50 = x = 25.000 mg
500
1g ---- 1000 mg
Xg ---- 25000 mg
X = 25 g.
19/03/2019
Em algumas situações teremos pacientes em que teremos que fazer uma dose de
emergência, são fármacos que vem diluídos, mas em concentrações elevadas. Dessa maneira,
não tem como pegar dessa solução comercial e infundir diretamente porque o volume a ser
infundido será muito pequeno, nem a bomba de infusão consegue fazer. Por isso, teremos que
diluir.
EXEMPLO 10: Se temos uma ampola de Dobutamina de 12,5 mg/ml, teremos que diluir
para 200 mcg/ml e só temos ringer lactato de 500 ml. Qual o volume a ser adicionado ao RL?
1 mg ____ 1.000 mcg
12,5 mg ____ X
X = 12.500 mcg/ml
Ci x Vi = Cf x Vf
12.500 x Vi = 200 x 500
Vi = 8 ml
No entanto, o ringer já vem com 500 ml, por isso tenho que tirar 8 ml e acrescentar os 8
ml de Dobutamina. Além disso, se a taxa de infusão contínua é de 3 mcg/kg/min, e o paciente
tem 10 kgs. Qual o volume infundido em ml que será infundido no paciente em 1 hora?
V = P x Dose
[ ]
V = 10 x 3 = 0,15 ml/min
200
0,15 ml ---- 1 min
X ml -------- 60 min
X = 9 ml/hora.
Gotejamento?
1 ml ---- 20 gotas (macrogotas)
9 ml ---- X gotas
X = 180 gotas/hora
180 / 3600¹ = 0,05 gotas/segundo.
Obs. 1 hora = 60 minutos. 60 minutos = 3.600 segundos.
Assim, esse equipo não seria ideal porque ficará muito espaçado, por isso seria ideal o
microgotas, então:

1 ml ___ 60 gotas
Isadora Pires Ferreira dos Santos

9 ml ___ X gotas
X = 540 gotas/hora
540 divido por 3.600 = 0,15 gotas/segundo
Aproximadamente é 1 gota a cada 7 segundos.
Assim, para facilitar posso diluir mais para gerar mais gotas, logo o ajuste será mais fino
e específico quando trabalho com um equipo, por isso, esses ajustes muitas vezes nos ajudam
a titular.
Além disso, o anestesista, o intensivista e o clínico precisam ter 8. ORGANIZAÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO. Ou seja, deve separar os fármacos da medicação pré-anestésica, separar os
fármacos da indução, separar os anestésicos e separar os analgésicos. Além disso, deve
identificar o nome do medicamento na seringa e o nome do paciente. Isso evita com que façamos
medicamentos errados que podem ser fatais para o paciente quando na dose errada. Ou seja, a
organização e identificação: evitam erros; agilizam o processo; e dão segurança ao
procedimento.
Exemplo: Cetamina pode ir de 0,5 mg/kg até 50 mg/kg. Agora um outro medicamento em
que a janela terapêutica é menor, posso induzir até o 4º passo da anestesia, deixando os efeitos
adversos mais evidentes.
Além disso, não devemos identificar não só as medicações, mas os acessos, bem como
quem realizou, que tipo de acesso vascular, qual o calibre. Essa identificação é importante
porque os cateteres têm período para permanecer de 3 a 5 dias (depende do material do acesso),
por isso é importante a identificação. Por outro lado, existem pacientes que tem acesso
intravenoso e arterial, sendo que medicamentos que faço pela via venosa não posso fazer pela
arterial, porque podem chegar ao SNC e causar problemas generalizadas.
Obs. maioria das medicações são pela via venosa, pela via arterial os efeitos são mais
pronunciados porque maior concentração do fármaco chega ao SNC e se for anestésico
geral o paciente pode vir a óbito.
Recomendações para fazer acesso venoso: tricotomia, assepsia (posso levar a um
processo infeccioso que no leito vascular pode generalizar), usar luvas (ou pelo menos lavar
muito bem as mãos), fixação (esparadrapo, microporo). Isso porque se não for feito uma assepsia
correta como o acesso ficar por um grande período, o local vira meio de cultura, podendo
inclusive levar à formação de um abcesso. Por isso é fundamental o passo-a-passo, tomando
cuidado com a assepsia, porque pode inclusive levar a acometimento ósseo e levar à amputação
do membro. Além disso, em pacientes internados temos que monitorar porque o animal pode
romper o acesso, o animal sangra muito e pode até morrer.
Além disso, a identificação é necessária porque .
Obs. o acesso arterial tem a função: fazer gasometria e pressão arterial pelo método
invasivo, não aplicamos nada por esse acesso.

ANESTESIA GERAL: levar inconsciência ao paciente através do fornecimento de um ou


mais anestésicos gerais, sendo que quanto mais eu forneço maior o efeito do anestésico. Além
disso, esse anestésico tem que ter um efeito controlável e irreversível. Ou seja, é a promoção
de inconsciência induzida por um fármaco, caracterizada por depressão controlada, mas
reversível, do SNC e percepção.
Existem 3 métodos para fornecer anestesia ao paciente: ANESTÉSICO INJETÁVEIS,
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS e ANESTÉSICOS LOCAIS (não fazem anestesia geral, sendo
que sempre que possível está associada a um método de anestesia geral, para fornecer uma
anestesia acessória).
Objetivos da anestesia geral: inconsciência, miorrelaxamento, imobilidade, analgesia
(promove conforto no transoperatório e no pós), rápidas induções e recuperação (faz rápida
transição de consciência para inconsciência, consequentemente a recuperação da anestesia
Isadora Pires Ferreira dos Santos

também rápida), estabilidade hemodinâmica e respiratória. No entanto, não existe um


fármaco que promove tudo isso, por isso trabalhamos com o conceito de anestesia balanceada.
Indicações: indução anestésica, manutenção anestésica, realização de pequenos
procedimentos (ex. animal que mordeu porco-espinho, tenho que fazer um sedativo,
tranquilizante e analgésico, além disso, uma indução anestésica é necessária para que o
paciente permita retirar os espinhos de dentro da boca, além disso, a anestesia irá bloquear os
reflexos autônomos para que ele não morda o MV), UTI-sedação (pacientes críticos, com edema
pulmonar, paciente que está instável e tenho que dar suporte com ventilação mecânica é ideal
manter um coma induzido através dos fármacos anestésicos gerais).
Vantagens dos anestésicos injetáveis: custo razoável, dispensa equipamentos
específicos (é controverso porque preciso de bombas de infusão na intravenosa), não há
sobrecarga pulmonar (os inalatórios precisam do tecido pulmonar íntegro, mas um paciente
que tem edema pulmonar, por exemplo, não irá absorver adequadamente os fármacos
inalatórios, por isso a manutenção da anestesia é mais difícil nesse tipo de paciente, por isso a
intravenosa nesse caso é mais eficiência, porque independe do sistema pulmonar), evita a
poluição do ambiente cirúrgico (na inalatória preciso de um despoluidor para evitar com que
o paciente reinale esses fármacos, assim como o cirurgião e o anestesista inale esses resíduos,
ao contrário a intravenosa o paciente só libera CO2).
Desvantagens dos anestésicos injetáveis: manutenção a profundidade anestésica é
difícil (porque na inalatória posso aprofundar e voltar rapidamente, ao contrário dos injetáveis
que uma fração faz efeito, enquanto outra parte vai para o fígado para ser metabolizado e
posteriormente é excretado pelo rim, por isso para aprofundar ou superficializar fica um pouco
mais difícil), superficialização rápida é mais difícil, eliminação depende da integridade
orgânica de alguns tecidos (como fígado e rim), consequentemente a recuperação é
prolongada (porque demora mais a superficializar).
Modos de administração dos anestésicos gerais: dentro da concentração plasmática
existe uma janela terapêutica no qual, assim ao aplicar o Propofol por exemplo, quando a
concentração plasmática sobe rapidamente e depois cai porque ocorre a metabolização e
excreção do fármaco, quando fica abaixo da janela terapêutica, por isso a tendência do paciente
é superficializar, logo a tendência do anestesista é dar mais proporfol, ou seja, começo a ter
picos plasmáticos, sendo que aliado a isso veremos efeitos indesejáveis nesses picos,
quando superficializa veremos os parâmetros voltando. Sendo que uma única dose é o que
chamamos de BOLUS, e esse sobe e desce é chamado de BOLUS INTERMITENTE (várias
aplicações sucessivas para que o paciente não superficialize. O ideal para ter uma estabilidade
do plano e estabilização do paciente, por isso vou ter que fazer um Bolus, mas ao invés de
cair, faço uma infusão continua, assim quando a concentração da dose Bolus quando
começa a cair, a taxa de infusão vai ocupar os receptores e o que está sendo metabolizado
e excretado será substituído automaticamente, pela INFUSÃO CONTÍNUA. Ou seja, faço o
Bolus e a infusão contínua no mesmo momento, sendo que tenho que fazer coincidir a
queda do Bolus com o aumento da bomba de infusão dentro da janela terapêutica. Assim,
começo com uma taxa de infusão intermediária,
sendo que a medida que vai aprofundando na
anestesia, conserto a infusão.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Principais anestésicos: BARBITÚRICOS, ALQUIFENÓIS, IMIDAZÓLICOS, DERIVADOS


DA FENCICLIDINA
1. BARBITÚRICOS
Descoberto do ácido barbatúrico na década de 30. Tiveram muita popularidade na
medicina veterinária na década de 90, porque era mais barato que o Propofol, ao passar do
tempo as empresas foram refinando o que os tornaram mais caros (principalmente o Tiopental).
Além disso, temos que entender sua farmacocinética e suas características químicas para
selecionar ou não para nosso paciente.

a. TIOPENTAL
O TIOPENTAL é o barbitúrico mais utilizado hoje em dia na medicina veterinária para
fazer eutanásia, porque é muito mais caro que o Propofol e seus efeitos adversos são mais
pronunciados.
Dos barbitúricos é o que mais trabalhamos, porque ele é um fármaco de ultracurta
duração, tem período de latência curto (efeito clínico rápido), promovendo uma rápida indução
da consciência para inconsciência, o que é confortável para o paciente e bom para o anestesista.
Além disso, seu período hábil é interessante, promove inconsciência por até 20 minutos, o que
é bom porque induz e recupera rápido, o que é interessante para procedimentos rápidos. No
entanto os problemas com o tiopental é que o PH é muito alcalino (maior que 10) por isso tem
que ser administrado exclusivamente pela via intravenosa, porque se administro fora do vaso
o PH é tão alcalino que leva uma inflamação grave do tecido (flebite) e necrose. Além do mais,
é um fármaco que dói muito por via intravenosa, por isso temos que diluir muito, para cães tem
que ser concentração de 2,5% e para grandes animais de 5% (evita desconforto da aplicação).
Como que os Barbitúricos promovem o efeito clínico (mecanismo de ação)? São
gabaérgicos, ligando ao receptor GABA A, quando aumentando sua afinidade ao principal
receptor inibitório do SNC GABA, que abre o canal iônico, aumentando o influxo de cloro,
hiperpolarizando a célula, reduzindo a atividade do SNC.
Além disso, o Tiopental é extremamente lipossolúvel, tem tropismo muito grande por
tecido adiposo, acumulando neste tecido, o que é muito desvantajoso porque se administro
Tiopental no paciente: uma fração vai para circulação, outra vai para o SNC, um parte será
metabolizado e eliminado, e uma grande quantidade vai para o tecido adiposo (gosta de ficar lá)
e com o passar do tempo vai desligando do tecido lipídico e caindo na circulação sanguínea.
Logo em um paciente gordinho o tempo de recuperação vai ser maior, porque ele vai liberando
Tiopental do tecido adiposo de pouco em pouco aumentando o tempo de recuperação, motivo
pelo qual, em pacientes acima do peso temos que ponderar as doses a serem utilizadas ou
evitar seu uso. Além do mais, pacientes com insuficiência hepática, além do Tiopental precisar
da metabolização hepática (95%) para ser metabolizado e posteriormente eliminado, como é o
fígado que produz a albumina, se ele está insuficiente e tem baixa fração da albumina e o
Tiopental se liga de 72 a 86% a albumina circulante, o que acontece em um paciente que está
com baixa de albumina? Fração livre é maior e o efeito clínico fica mais pronunciado, por isso
tenho que ponderar as doses em pacientes com insuficiência hepática e baixa produção
de albumina. Ademais, temos que tomar cuidado com algumas raças, como os galgos que são
mais sensíveis ao Tiopental (efeito clínico é mais pronunciado) vez que o sistema Citocromo
P450 neles é mais deficiente, sendo que é ele que metaboliza o Tiopental, e seus receptores são
Isadora Pires Ferreira dos Santos

mais sensíveis ao Tiopental, logo o tempo de anestesia é prolongada, por isso tenho que
ponderar as doses. Além do mais, os felinos têm deficiência de metabolização hepática, tenho
que ponderar as doses.
O problema do Tiopental é que a medida que fazemos outros Bolus, apesar de
aumentar o período hábil, aumento muito mais o tempo de recuperação (acumula no
tecido adiposo). Ou seja, teremos que monitorar a recuperação por muito mais tempo, porque
apesar de aumentar o tempo hábil, aumento muito os efeitos adversos do paciente, por isso
devemos evitar doses repetidas e infusões.
Ou seja, o Tiopental precisa de extensa metabolização hepática e excreção renal.
Além disso, no SNC reduzindo perfusão e pressão intracraniana, diminuindo o consumo de
oxigênio do SNC (bom para utilizar em pacientes com trauma encefálico e tumor
intracraniano), deprimir o centro de termerrogulação.
Já no Sistema Cardiovascular é o sistema que mais deprime o centro vasomotor
(capacidade fisiológica do paciente em compensar pressão e contrabalancear os efeitos
adversos é atenuada) reduz o inotropismo, reduz o fluxo coronário e consumo de oxigênio pelo
miocárdio, aumenta a frequência cardíaca podendo levar a uma taquicardia reflexa, reduz o
retorno venoso, pressão arterial e pressão venosa central. Ou seja, diminui o DC e a PA.
No Sistema Respiratório deprime o bulbo levando a uma bradpneia e apneia, reduz o
volume minuto e a frequência respiratória, além de bloquear outro mecanismo compensatório
reduzindo a sensibilidade dos receptores em detectar baixa de oxigênio e alto em gás carbônico
(que é um mecanismo para estimular o sistema respiratório) diminuindo a sensibilidade à hipóxia
e hipercapneia. Ou seja, o paciente pode ter um HIPÓXIA, HIPERCAPENIA e ACIDOSE.
Porém, podemos notar que todos esses efeitos são dose e velocidade dependentes,
sendo que quanto mais rápido aplico, aumento a concentração plasmática, aumentando
os efeitos.
No Sistema Urinário reduz: perfusão renal, taxa de filtração glomerular e produção de
urina. Não posso utilizar em paciente que tem algum problema renal. No Útero, faz
vasoconstrição, reduz o tônus e perfusão (leva menos oxigênio ao feto, podendo levar ao aborto
– não utilizar em fêmeas prenhas). No TGI leva a uma hipomotilidade.
Assim, se ele tem tantos efeitos adversos, em quem eu utilizo? Em pacientes jovens,
hígidos, sadios e sem alterações, paciente ASA 1 que não seja gordinho e em uma ÚNICA
DOSE. Em cães a dose varia de 7 – 12,5 mg/kg e em gatos 3 – 5 mg/kg.

2. IMIDAZOLE
a. ETOMIDATO
O principal é o ETOMIDATO, sendo que seu PH é muito ácido (5,1), mas seu problema
maior é sua alta osmolaridade, extremamente concentrado (osmolaridade do paciente é
próxima de 300). Além de promover dor à aplicação, pode promover hemólise. Por isso, o
ideal antes de ser administrado é diluir na proporção 1:1 (1 ml de etomidato para 1 ml de solução)
para reduzir efeito de dor-aplicação-hemólise. Além disso, o Etomidato tem alta taxa de ligação
proteica (76% - ponderar as doses em pacientes com baixa de albumina) e o Propileno glicol
traz alguns problemas (além da dor e flebite), onde a injeção pode levar ao desenvolvimento
de reações alérgicas, não por causa do fármaco, mas sim de seu solvente.
Fármaco de ultracurta duração, período de latência é menor que 30-40 segundos,
não possui efeito cumulativo (como o Tiopental que tinha tropismo pelo tecido lipídico), mas
assim como Tiopental é não é analgésico e lipossolúvel (passa pela barreira hematocefálica –
efeito clínico mais fácil). É metabolizado no fígado por estereases hepáticas e plasmáticas, ou
seja, tem mais um ponto de metabolização, o que acelera a metabolização e não depende do
fígado exclusivamente. Além disso, 80% quando metabolizado vira metabólito inativo (não
tem efeito clínico), sendo que 78% é excretado por via renal e 22% pela via biliar.
Como o Etomidato gera seu efeito clínico (farmacocinética)? Mesmo mecanismo de ação
do Tiopental, gabaérgico, se liga ao receptor GABA, aumentando a afinidade pelo o influxo de
Cloro e hiperpolarizando a célula.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

No SNC reduzindo perfusão e pressão intracraniana, diminuindo o consumo de oxigênio


do SNC (bom para utilizar em pacientes com trauma encefálico e tumor intracraniano),
efeitos neuroprotetores. Ou seja, tem efeitos neuropretotres porque reduz metabolismo deixando
o mínimo necessário. Assim, em pacientes com trauma cefálico, o Etomidato pode ser utilizado
porque efeitos neuroprotetores são mantidos e os efeitos cardiorrespiratórios são mínimos
quando comparados com o Tiopental.
No Sistema cardiovascular: reduz pouco a pressão arterial; reduz resistência vascular
periférica – vasodilata um pouco o paciente (menor que o Tiopental); estimula a FC e DC, ou
seja, mantém o sistema cardiovascular mais estável. Ou seja, indicado para pacientes
cardiopatas, hipotenso, paciente crítico.
No Sistema Respiratório leva ao decréscimo da mecânica respiratória, diminui o volume
minuto mas estimula a frequência respiratória, então acaba compensando o volume minuto.
Logo, o risco de hipoxemia diminui.
Já no Sistema Digestório os efeitos adversos são: pode estimular o vomito do paciente,
logo devo utilizar um anti-hemético previamente, ou utilizar outros fármacos associados, ou
ainda, fazer uma indução anestésica o mais rápido possível (evita com que ele vomite); reduz
motilidade TGI; e aumenta a produção de secreção (dificulta intubação).
Principais complicações (acontecem em mais de 50% dos casos): Flebite, dor na
aplicação (só diluir), Mioclonias (movimentos incoordenados do paciente, pode ser em
membros ou crânio para evitar, posso associar um miorrelaxante, benzodiazepínicos ou ainda,
Fentanil, porque é um fármaco hipinoanalgésico – reduzem os efeitos), inibição da síntese de
cortisol e aldosterona (quando se faz infusão contínua do imidazólico pode causar
imunossupressão, ou seja, não deve utilizar em infusão contínua!!!).
Ou seja, o Etomidato será utilizado para indução anestésica (apenas 1 Bolus)
podendo ainda fazer alguns Bolus intermitentes porque não tem tropismo por tecido adiposo
o que não dificulta a recuperação, o problema são grandes períodos de infusão (imunossuprimir
o paciente).
É um fármaco não muito caro, no entanto o volume utilizado muito grande, podendo gerar
um custo maior para o proprietário. Principais indicações: cardiopatas, trauma crânio-cefálico,
instabilidade cardiovascular. Ou seja, todo paciente que está quase morrendo podemos
recorrer ao Etomidato.
Doses: 0,5 a 2 mg/kg.
SEMPRE ASSOCIAR: a Benzodiacepinicos e Fentanil (evitam mioclonia e
fasciculações) e Lindocaína (grau de analgesia ao vaso, para reduzir o desconforto durante a
injeção desse fármaco).

3. ALQUIFENÓIS
a. PROPOFOL
O PROPOFOL é o mais difundido na veterinária. Ele é branco porque é uma emulsão
óleo/água, de maneira que seu veículo é constituído de: lectina de ovo, glicerol e fosfolipídeo de
ovo. Ou seja, é um excelente meio de cultura bacteriano. Por isso, existem alguns lotes que tem
que ser refrigerados e o ideal é depois de aberto utilizar em 6-8 horas, para reduzir a chance de
crescimento bacteriano que pode levar contaminação do paciente e consequente processo
septicêmico.
É metabolizado por via hepática, mas também em vísceras e pulmão, isso é uma
grande vantagem porque não sobrecarrega o fígado (tem outros meios extra-hepáticos de
metabolização), isso traz outra vantagem o tempo de duração é menor, ou seja, podemos fazer
infusão contínua com Propofol. Ademais, a taxa de clearance (metabolização e eliminação)
do Propofol é 10x mais rápida do que o Tiopental. Além disso, de 97-99% do Propofol
circulante se liga a albumina e eritrócito, tomar cuidado com pacientes hepatopatas e
anêmicos. Além disso, tem que tomar cuidado com os pacientes felinos que tem deficiência
nas enzimas do fígado e hemácias desses animais são mais sensíveis (pode levar a hemólise e
formação de Corpúsculo de Heinz).
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Como o Propofol faz seu efeito? Mesma coisa que o Tiopental, Benzodiazepínicos e
Edetomidato, ou seja, é um gabaérgico.
No SNC: faz a mesma coisa que os outros dois, qual seja, reduz metabolismo, reduzis
pressão intracraniana e reduzir o consumo de oxigênio. Por reduzir metabolismo do SNC é
interessante para pacientes com alterações neurológicas.
No Sistema Cardiovascular (fica entre o Tiopental e o Etomidato) redução da pressão
arterial, atenuação da atividade baroreflexa (não deixa dar taquicardia reflexa quando o paciente
começa a ficar hipotenso), redução da redução vascular periférica e DC.
No Sistema Respiratório: redução a frequência respiratório, hipercapnia e hipoxemia,
apnéia.
Apesar disso, todos os efeitos são dose e velocidade dependente, quanto maior a
dose e quanto mais rápida a aplicação da dose pelo leito vascular, maior são os efeitos.
É lipossolúvel, consegue passar rapidamente barreiras
(hemato-cefálica e transplacentária).
EFEITOS ADVERSOS: depressão do centro
termorregulatório (paciente não treme para regular a
temperatura corpórea), dor à aplicação (em humanos, mas em
pacientes que estão com flebites, temos que diluir ou fazer
lindocaína), opstótono (é espasticidade do membro torácico,
rigidez de cervical e flacidez de membro pelvino, em alguns
minutos passa) e contração involuntários.
INDICAÇÕES: Hepatopatas (vias extra-hepáticas de metabolização), obesos (não tem
tropismo pela gordura), pacientes com deficiência respiratória (depende da via pulmonar, mas
pode usar outras vias), idosos (rapidamente metabolizado e eliminado, não tem efeito
cumulativo), manutenção contínua por bomba de infusão.
Considerações: cirurgias neurológicas, como reduz o metabolismo, evita picos de
aumento de pressão intracraniana; em cadelas grávidas não posso fazer infusão contínua
porque transpassa a barreira transplacentária (posso utilizar para induzir mas não posso fazer
infusão contínua), pacientes com alergia a ovo (tem no seu componente).
Apresentação: amopla de 10 mg/ml. Doses de indução anestésica em cães e gatos =
3 a 6 mg/kg. Manutenção anestésica = 0,1 a 0,6 mg/kg.

4. DERIVADOS DA FENCICLIDINA
a. ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS
Anestésicos Dissociativos: servem para fazer uma contenção química de animais
indóceis, sendo que quanto mais aumento a dose promovo a inconsciência.
São eles a CETAMINA e TILETAMINA, que tem PH extremamente ácido, dói na
aplicação. Tem taxa de ligação com albumina de 54%, metabolização extensamente
hepática, e os metabólicos da Cetamina são ativos, tendo efeitos clínicos.
Indicações: indução anestésica, fármaco co-indutor, contenção química, analgesia.
Biotransformação: metabolização hepática e excreção renal e biliar, não deve utilizar
em pacientes com obstrução urinária ou insuficiência renal porque o paciente não consegue
eliminar e o fármaco fica recirculando.
SNC: aumenta a pressão intracraniana, aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, aumenta o
consumo de oxigênio pelo SNC, promove uma estimulação com posturas bizarras e
espasticidade. Não posso fazer em pacientes politraumatizado, com trauma crânio-cefálico
e tumor cerebral.
Sistema Cardiorrespiratório: efeito simpatomimético (estimulam liberação endógena de
catecolamina, estimulando esse sistema cardiovascular, aumenta do DC, aumenta a frequência
cardíaca). Ou seja, estimula o sistema cardiovascular. Além disso, promove padrão apnêustico
(padrão irregular da respiração, dá pausas longas). Também mantém os reflexos protetores (não
é interessante em um procedimento operatório, porque ao tem reflexos, por isso ao passar o
Isadora Pires Ferreira dos Santos

tubo o paciente pode tentar vomitar o tubo, para abolir esses reflexos: aumentamos a dose do
dissociativo ou associamos outros fármacos que bloqueiam esses efeitos).
CETAMINA na indução anestésica é de 2 a 5 mg/kg, associado a um benzodiazepínico
ou propofol (reduz frequência), quando um atenua os efeitos adversos um do outro (evita a
catalepsia).
TIELTAMINA/ZOLAZEPAN: para indução varia de 1 a 4 mg/kg.

FÁRMACOS CO-INDUTORES
De acordo com o conceito de anestesia balanceada não utilizo apenas um fármaco
anestésico, não utilizo um único anestésico para fazer a indução, misturo para contrabalancear
efeitos. Por isso que durante a indução podemos utilizar fármacos co-indutores, que são
fármacos que tem propriedades: miorrelaxantes, sedativas, analgésicas ou que
contrabalanceiam efeitos deletérios dos hipnóticos principais, deixando a cirurgia mais segura e
estável.
1. BENZODIAZEPÍNICOS: Etomidato pode dar mioclonias, então para relaxar o paciente
e evita-las, posso utilizar uma dose de Midazolam ou Diazepam prévia a utilização do Etomidato
para contrabalancear efeitos. Ou ainda, posso fazer um Benzodiazepínico que é um
miorrelaxante com efeito hipnótico, quando reduzo a dose do Propofol, reduzindo seus efeitos
adversos. Ou seja, não é porque eles tem o mesmo efeito que não posso utiliza-los, só de um
reduzir a dose do outro já é benéfico.
2. CETAMINA: fármaco co-infutor para contrabalancear os efeitos adversos de outros
medicamentos.
3. OPIOIDES, como FENTANIL, são hipno-anlgesico, além de conferir analgesia
promovem grau de sedação e relaxamento, atenuando os efeitos adversos dos anestésicos
principais.
4. LINDOCAINA: não tem feito sob o SNC, mas naquele paciente que tem acessos
fragilizados e dor na administração e tenho que fazer um fármaco que pode gerar dor na
aplicação, posso fazer a aplicação de lindocaina (anestésico local).

A profundida anestésica é determinada pela quantidade de anestésico geral, quanto mais


forneço maior a inconsciência, mas mais demora o paciente a recuperar. Além disso, temos que
pensar sempre em: anestesia balanceada, tipo de procedimento e condições do paciente.
Ademais, o objetivo de uma anestesia é promover analgesia, miorrelaxamento
imobilidade, inconsciência e proteção neurovegetativa. No entanto, as consequências são:
depressão cardiopulmonar, intercorrências e excesso de fármacos. Por isso que na balança
entre efeitos benéficos e adversos, não existe um único fármaco, mas sim associações.
Determinando a profundidade anestésica: pela quantidade de fármacos no SNC (quanto
mais forneço mais inconsciente, quando menos mais consciente e mais rápido volta da
anestesia); pela magnitude de estimulação (dependendo do grau da manipulação do cirurgião,
pode influenciar no grau de requerimento do anestésico geral e analgésico, além disso, o próprio
ambiente influencia – falar alto superficializa porque a concentração plasmática do anestésico
geral está insuficiente para abolir reflexos); e por condições subjacentes (doenças prévias, uso
de estimulantes).
Como determinamos o grau de inconsciência? Através do Plano de Guedel, sendo que
conforme os reflexos protetores (posicionamento de globo, tonicidade muscular, reflexo
palpebrais e reflexo anal) perde ou recupera os reflexos ou o paciente está muito profundo ou
superficial. Assim, existem 4 estágios distintos da anestesia:
ESTÁGIO I: alerta à perda de consciência. Paciente sedado, tranquilo e relaxado (já
fizemos uma medicação pré-anestésica). Mas se o estimularmos, o paciente tenta interagir, ou
seja, ainda tem a capacidade de responder aos estímulos que o cercam.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

ESTÁGIO II: excitação e delírio. Temos que evitar a todo o custo, é um estágio de
desordem de todo o sistema nervoso, paciente vocaliza, fica excitado, movimentos
incoordenado. Isso é ruim para o paciente e para equipe, por isso evitar esse estágio.
ESTÁGIO III: é o estágio da anestesia cirúrgica. Temos 4 planos de anestesia: o 1º
PLANO é superficial, um paciente inconsciente mas um pouco mais superficial, então quando
dou um estímulo auditivo pode acabar superficializando porque não está em um grau de
inconsciência suficiente. Já o 2º e 3º PLANOS DO 3º ESTÁGIO: são os dois planos que temos
que manter os nossos pacientes em que eles estão com: inconsciência, imobilidade, analgesia
e miorrelaxamento suficientes para que seja realizado qualquer procedimento cirúrgico sem ter
o risco de acordar ou sentir dor. No entanto, a medida que vou aumentando a dose chego ao 4º
PLANO DO 3º ESTÁGIO quando há uma depressão intensa do SNC a ponto de desequilibrar
toda a fisiologia cardiorrespiratória do paciente.
ESTÁGIO IV: choque bulbar e morte. Ocorre quando aumento demais a dose.
Ou seja, todo e qualquer fármaco anestésico diferencia quanto a dose para fazer
uma eutanásia.
Para essa avaliação do plano anestésico, utilizaremos alguns parâmetros: posição do
globo ocular, oculopalpebrais, reflexo interdigital, reflexo laringotraqueal e alterações
cardiopulmonares.
ESTÁGIO I: paciente relaxado, consciente, deitado, se chamarmos ele tenta olhar, logo:
reflexos palpebrais presentes, globo ocular centralizado, pupila com diâmetro normal,
tonicidade muscular normal.
ESTÁGIO II: temos que evitar, vemos: movimento de pedalagem, vocalização, padrão
respiratório irregular, pressão sobe e desce, taquicardia, bradicardia, pupilas dilatadas,
hipertonia muscular, hiperreatividade a estímulos. Desregula tudo.
ESTÁGIO III:
a. PLANO I: paciente inconsciente, imóvel, mas: cardiorrespiratório estável, globo
ocular rotacionado medialmente (veremos só a esclera a medida que vai
aprofundando na anestesia), pupila em miose mas responsiva, tônus muscular
ainda tenso, reflexo interdigital presente, reflexos palpebrais e corneano
presentes.
b. PLANO II e III: reflexos palpebrais reduzidos ou assentes, globo ocular
totalmente rotacionado, tônus mandibular relaxado, parâmetros cardiovascular
e respiratório dentro do normal (um pouco abaixo de um animal disperto),
relaxamento muscular intenso. No II os reflexos palpebrais e mediais estão
presentes, no III não tem mais (única coisa que muda dos dois).
c. PLANO IV: abolição reflexos palpebrais, corneanos, globo ocular centralizado,
midríase, pupila dilatada, parâmetros cardiorrespiratórios despencam.
ESTÁGIO IV: abolição total dos reflexos protetores, depressão cardiovascular e
respiratória intensa, risco de choque bulbar e parada cardiorrespiratória.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

26/03/2019

O que seria um anestésico inalatório? Qualquer fármaco fornecido pela via


respiratória, com absorção pulmonar, promovendo um grau de anestesia geral
(inconsciência, imobilidade e miorrelaxamento).
Lembrando da fisiologia, a mecânica respiratória e entrega de gases para os tecidos
dependem: VOLUME CORRENTE x FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA = VOLUME MINUTO. Mas
para sair do alvéolo, chegar na corrente sanguínea e ser distribuído precisa de hemácias, que
para que ela faça essa dinâmica, precisa de um DC eficaz, para que todos os gases dos alvéolos
sejam captados, caiam na corrente sistêmica e perfunda pelos tecidos. Ou seja, se eu tiver um
pulmão bem airado, mas hipofundido, o paciente não conseguirá absorver
adequadamente o oxigênio, os gases anestésicos e nem liberar CO2. Logo, os anestésicos
inalatórios não dependem única e exclusivamente do sistema respiratório.
Em 1845 o Horace Wells usou o óxido nitroso, gás hilariante, nos pacientes para fazer
procedimentos menos invasivos. Mas Green Morton em 1846 demonstrou a técnica nos EUA
publicamente, demonstrando os efeitos do éter em seus pacientes. Antes de 1846 não existiam
procedimentos anestésicos, ou seja, o procedimento cirúrgico era relacionado à dor.
Na veterinária, o éter foi muito utilizado até 1950, mas eram anestésicos que irritavam as
vias áreas, ruim inalação e traziam muitos efeitos adversos (sem miorrelaxamento e sem
diminuição da inconsciência – além de demorar a promover estado hipnótico). Em 1951 foi
desenvolvido o HALOTANO, que deixou a anestesia mais segura e efetiva porque eram gases
menos irritantes às vias áreas, efeitos cardiorrespiratórios menos evidentes. Ou seja, foi com o
halotano que iniciou-se a era moderna da anestesia inalatória, porque era mais potente e menos
tóxico.
VANTAGENS DA ANESTESIO INALATÓRIA EM RELAÇÃO A INTAVENOSA: o controle
do plano anestésico é mais fácil, consigo oscilar o plano anestésico mais facilmente com a
inalatória (aprofundar ou superficializar), porque cerca de 95% independe de metabolização
hepática e excreção renal, logo assim como é absorvido é eliminado, ou seja, qualquer alteração
no vaporizar pode ser vista em poucos minutos, quando posso superficialização ou o
Isadora Pires Ferreira dos Santos

aprofundamento a anestesia; é por isso também que a recuperação anestésica é um pouco


mais rápida; grau de inconsciência vai entrar em equilíbrio com a concentração alveolar,
de maneira que o quanto de anestésico tem no pulmão irá para o leite alveolar e para o SNC,
geralmente tem uma proporção bem próxima, de maneira que a concentração que está no SNC
está próxima daquilo que está no alvéolo do paciente, de maneira que a concentração alveolar
conseguimos mensurar (através de equipamentos) quando aferimos no monitor e
correlacionamos com o grau de inconsciência que o paciente se encontra; ademais, é uma
anestesia segura em pacientes críticos (o que traz segurança ao procedimento é o anestesista
bem treinado que escolhe o protocolo seguro para aquele paciente).
DESVANTAGENS DA INALATÓRIA QUANDO COMPARADA À INTRAVENOSA: precisa
de equipamentos específicos, como os vaporizadores que são câmaras onde os anestésicos
inalatórios (tirando o óxido nitroso) que vem na comercialmente na forma de líquido tem que ser
volatilizado para ser fornecido aos pacientes, sendo que esse equipamento é muito caro; além
disso, neste tipo de anestesia temos a contaminação do paciente o paciente inconsciente libera
CO2, mas quando mantido sob anestesia inalatória, todo o CO2 e o gás anestésico vai para o
ambiente (se não tiver despoluidor), sendo que a longo praz traz algumas alterações, como
irritabilidade, dor de cabeça, mulheres grávidas pode levar a malformação do feto. Os
vaporizadores podem ser desde portátil, até o os mais modernos.
MECANISMO DE AÇÃO: bloqueia a transmissão excitatória e ativa a transmissão
inibitória (deprimir SNC). Como isso acontece? Através da modulação de vários
neurotransmissores, sendo que por mais que os anestésicos inalatórios sejam utilizados por
muitos anos, o mecanismo de ação real não é bem definido. Há 2 teorias: anestésicos
inalatórios tem alta lipossolubilidade, de maneira que no SNC quando passa a barreira
hematocefálica, ao passar pelos canais iónicos ele fecha esse canal, consequentemente altera
os influxos de íons, levando algumas células hiperpolarização e outras despolarização; outra é
que intracelular ele modula as vias de sinalização intracelular, inibindo a liberação de
vesículas intracelulares que conteriam esses neurotransmissores. Mas esse mecanismo não é
bem determinado.
CONCENTRAÇÃO ALVEOLAR MÍNIMA (CAM): é a concentração alveolar do
anestésico que inibe resposta motora a um estímulo doloroso supra-máximo em 50% dos
pacientes. Através desse conceito conseguimos estabelecer a diferença de potência entre um
fármaco e outro. Se pegarmos o halotano com 0,9% e severfloxano de 2,4%, veremos que o
halotano é mais potente porque terá o mesmo efeito em menor concentração. Para promover
uma inconsciência através de inalatórios temos que usar 1 CAM e MEIA, o que aumenta
os feitos adversos. Mas para reduzir esses efeitos podemos associar fármacos, fazer a
medicação pré-anestésica. Ou seja, podemos sedar e tranquilizar o animal (medicação pré-
anestésica), fazemos a indução anestésica com um fármaco intravenoso (transição da
inconsciência para consciência) e faremos a manutenção da anestesia com um anestésico
inalatório. Assim, no conceito de anestesia balanceada trabalharemos com 1 CAM ou até menos,
quando conseguimos reduzir até em 70% a concentração alveolar mínima de um anestésico
inalatória. Assim, a CAM é um padrão de comparação entre os agentes inalatórios, diz
respeito a índice de potência.
1 CAM de HALATONO = 0,9%, enquanto 1 CAM de SEVEFLUXANO = 2,4%. Sendo que
quando trabalhamos com os gases anestésicos, ajustaremos de acordo com os fármacos
associados, quando podemos reduzir a utilização do gás anestésico, ou seja, reduziremos a
CAM. A CAM é inversamente proporcional a potência do anestésico inalatório: o Halotano
(0.9%) é mais potente que o Isoflurano (1,28%), que é mais potente que o Sevoflurano (2,3%),
que é mais potente que Óxido Nitroso (200%).
Obs. Anestésicos inalatórios promovem pouco relaxamento muscular e nenhuma
analgesia.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Alguns fatores podem alterar o requerimento de anestésico geral, como: paciente,


protocolo anestésico, doenças concomitantes e intercorrências anestésicas.
FATORES QUE DIMINUEM A CAM: hiponatremia, hipotermia, gestação (progesterona
diminui a atividade do SNC), paciente hipoxemico ou hipercapneico (CO2 elevado tem efeito
anestésico), idade (pacientes mais velhos são mais sensíveis), fármacos (sedativos e
tranquilizantes, analgésicos, relaxantes musculares, anestesia locorregional).
FATORES QUE AUMENTAM O CAM: hipertermia, hipernatremia, fármacos
estimulantes (estimulam o SNC a liberar noradrenalina, aumentando a atividade do SNC, logo
preciso de mais anestésico inalatório para promover uma anestesia).
FATORES QUE AFETAM A CAPTAÇÃO DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS PELOS
PULMÕES: concentração inspirada (quanto do anestésico forneço, se aumento a
concentração inspirada aprofundo a anestesia), ventilação alveolar (quanto maior a ventilação,
mais o paciente inala) efeito de segundo gás (alguns anestésicos inalatórios podem ser
associados ao oxido nitroso para aumentar a perfusão pelos tecidos), coeficiente de
solubilidade sangue/gás.
Quando fazemos uma anestesia inalatória, precisamos de um diluente: O2 100% ou GÁS
MEDICINAL DILUENTE, de maneira que na câmera do vaporizador colocamos o anestésico
inalatório, para que ele seja volatilizado e entregue ao paciente.
VAPORIZADOR pode ser: CALIBRADO, que são agentes
específicos, sendo que cada um tem cor diferente, onde o isofurano é
roxo, sevofurano é amaerelo, o azul é o desfurano e o halotano é
vermelho. Além disso, o fluxo, temperatura e pressão são específicos de
cada fármaco; já os UNIVERSAIS podem ser para todos (menos
desfurano), sendo que eles são graduados, podendo
colocar qualquer anestésico, mas não são compensados temperatura, fluxo
e pressão, o que traz algumas restrições. Um exemplo, o Halotano que tem
uma concentração é de 0,9 e o mínimo que o universal fornece é 4, 5%, ou
seja, se abre muito pode matar o paciente (demora), por isso tenho que ter
uma atenção dobrada e constante porque se fizer uma alteração muito
brusca pode aprofundar ou superficializar a anestesia. Ou seja, o calibrado
é melhor.
No universal, quanto mais eu abro, mais borbulha, ou
seja forneço mais. Ou seja, quanto mais borbulhar, mais
anestésico está sendo fornecido ao paciente, sendo que o
contrário também é verdadeiro. Ou seja, para ter certeza
que isso está dando certo tenho que monitorar o plano
anestésico para saber se está dando certo, temos que
redobrar o cuidado.
Se modularmos a ventilação do paciente (fração alveolar
e fração inspirada) e se estiver ventilando a 2l/minutos, essa
taxa corresponde a 0,3/04. Agora, se o paciente dobrar a
respiração (dobrou o volume corrente) para 4 l/min, a captação
do anestésico inalatório aumenta também, foi quase para 0,6.
Ou seja, quanto mais o paciente ventila mais ele absorve o
anestésico inalatório.
EFEITO DO SEGUNDO GÁS: refere ao óxido nitroso combinado com um agente
halogenado, de maneira que como o N2O é muito pouco solúvel no sangue, sua rápida
absorção a partir do alvéolo causa um aumento abrupto na concentração alveolar do outro
agente inalatório. Assim, o efeito de segundo gás está relacionado a associação de um
anestésico inalatório halogenado com o óxido nitroso, porque este último tem alta
lipossolunilidade e alta difusão do alvéolo para a corrente sanguínea e depois para o SNC.
Além disso, esse óxido nitroso faz um cotransporte, levando o anestésico junto, ou seja,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

consegue fazer um efeito clínico mais rápido. Ou seja, o segundo gás serve para agilizar
os efeitos dos anestésicos inalatórios.
COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE SANGUE/GÁS: cada gás inalatório tem uma variação
na passagem para corrente sanguínea e para o SNC. Assim, esse coeficiente depende de uma
fração que está no sangue e o que está no gás alveolar, que esse tem equilíbrio com o que está
no SNC. Assim, pensando que o que está no alvéolo entra em equilíbrio com o que está no SNC,
de maneira que seria interessante trabalhar com anestésico inalatório que tem baixa
solubilidade sangue/gás, porque se temos muito gás inalatório no pulmão, ele vai passar para
o sangue de forma passiva e vai passar mais rápido no SNC, logo a indução anestésica e a
recuperação anestésica é mais rápida = BAIXA SOLUBILIDADE SANGUE/GÁS. Mas com um
COEFICIENTE SANGUE/GÁS ALTO o que acontece é que o anestésico gosta de ficar no
sangue, logo vai ser baixa a passagem para o SNC. Ou seja, o ideal é alterar o plano
rapidamente (superficializamos ou aprofundar mais rápido), recuperar mais rápido, por
isso então que o ideal é utilizar o gás anestésico de baixa solubilidade (mas nem sempre
está disponível). Ex: Halorano é mais potente mas tem o maior coeficiente de solubilidade
sangue/gás, por isso seu efeito é mais lento. Assim, o coeficiente nos dá uma noção de indução
rápida, sendo que quanto mais baixa a solubilidade mais rápido o paciente é induzido (consigo
aprofundar ou superficializar mais rápido.
AGENTES INALATÓRIOS: podem ser HALOGENADOS (Halotano, Isofurano,
Sevoflurano e Desflurano) ou NÃO HALOGENADO (Óxido Nitroso).
1. HALOGENADOS
a. HALOTANO
Utilizado em 1951, era menos irritante das vias aéreas e agradável inalação. O Halotano
tem que ser armazenado em um vidro ámbar (em contato com a luz perde a eficácia, é
degradado) e um problema grande é quanto a seu estabilizantes, o Timol porque por mais que
ele seja baixo, ele corrói as estruturas de borracha do equipamento inalatório (reposição do
aparelho da anestesia). Além disso, o Halotano é o maior depressor do sistema
cardiovascular, diminui o DC, VS e inotropismo. Além do mais, sensibiliza o miocárdio as
catecolaminas, ou seja, se durante uma manipulação cirúrgica ocorre a liberação de
catecolaminas, elas estimulam os cardiomiócitos deixando-os mais sensíveis a taquicardias e
taquiarritimias, logo, um paciente com problemas cardíacos pode ser perigoso. Ademais, o
halotano promove uma grande dilatação cerebral, aumenta a pressão intracraniana. Além
disso, em algumas espécies há uma predisposição genética de desenvolver a HIPERTERMIA
MALIGNA, animal começa a ter tremores musculares generalizados, aumenta a temperatura,
metabolismo anaeróbico, produção de lactato, desestabilizando o coração do paciente. Ocorre
muito em cães, suínos e homens.
b. ISOFURANO
Sintetizado em 1981, estrutura parecida com o halotano, mas é mais estável a luz,
lipossolúvel, menor coeficiente de solubilidade sangue/gás do que o Halotano (indução e
recuperação mais rápidos do que o halotano). Promove depressão cardiovascular (menor do
que o do Halotano), reduzindo a PA através da redução do RV (vasodilata o paciente), apesar
disso, felizmente, preserva a função barorreceptores (aumenta a frequência cardíaca quando
o paciente vasodilata muito).
c. SEVOFLURANO
Menor coeficiente de solubilidade que o iso, odor agradável, induções e
recuperações anestésicas mais tranquilas.
d. DESFLURANO
Menor coeficiente solubilidade sangue/gás, indução mais rápida e recuperação mais
rápida, mas sua concentração molar é muito baixa, mas similar ao ISSO. O preço é muito
alto, sendo que ele precisa ser utilizado dentro de um calibrados agente específico para ele,
porque volatiliza muito rápido, não podendo ser colocado dentro do volatilizador universal,
porque mesmo fechado ele volatiliza sozinho.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

EFEITOS DEPRESSOSRES CARDIORESPIRATORIOS DOS ANESTÉSICOS


INALATÓRIO É DOSE DEPENDENTE.
Quanto aos efeitos hemodinamicos: o Halotano compromete mais o DC porque reduz o
inotropismo, enquanto os outros dois diminuem por fazer vasodilatação, mas mantém a resposta
reflexa de aumento da FC em resposta a hipotensão.

Quanto aos efeitos respiratórios:

Quanto a biotransformação:

Iso e o Sevo são absorvidos e eliminador pelo pulmão. Mas o Halotano mais do que 20%
do que foi absorvido é metabolizado pela via hepática.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

COMPOSTO A: devido a metabolização do SEVOFLURANO são componentes


NEFROTÓXICOS. Logo para pacientes com IR, se o paciente ficar hipotenso tenho que tratar
essa hipotensão para que associação desta com o composto A não gere uma necrose no rim.
FLURETO INORGÂNICO: também é NEFROTÓXICO e está relacionado a metabolização
do Halotano, Isoflurano e desflurano.
2. NÃO HALOGENADO
a. ÓXIDO NITROSO
Só é utilizado como efeito de segundo gás na veterinária, para facilitar a absorção e
excreção. O óxido nitroso tem tropismo por se difundir para cavidades ocas, como
estomago e intestino, logo não utilizar em pacientes que tem cólica, dilatação gástrica.
Além disso, temos que ter muito cuidado com a recuperação da anestesia, porque o pulmão e
os alvéolos são ocos, logo quando cessamos o suprimento de oxido nitroso temos que fornecer
oxigênio complementar de 15-30 minutos após desligar o óxido nitroso, porque o óxido nitroso
volta e ocupa os alvéolos, deixando com pouco oxigênio, o que pode levar a uma hipoxemia até
que todo ele seja eliminado. Quando dizemos de biotransformação, 0,01 é metabolizado por via
hepática. Além disso, o óxido Nitroso tem mínimos efeitos cardiorrespiratórios quando
comparados com os halogenados: discreto aumento da FC, PA e DC; aumento do
consumo de oxigênio cerebral.

Qualquer anestésico promove uma depressão respiratória, abolição de reflexos


protetores e manutenção de metabolismo basal (fornecendo oxigênio suficiente para a
perfusão do organismo). Assim, para uma anestesia é necessário: fonte de gases medicinais,
aparelhos e circuitos anestésicos, materiais para acesso às vias aéreas.
GASES MEDICIAIS
No ar ambiente tem 21% de oxigênio, mas um paciente anestesiado precisa de manter
seu metabolismo e os agentes anestésicos comprometem a mecânica respiratória, por esse
motivo, temos que aumentar um pouco a concentração de oxigênio para suprir a
necessidade (de 40-60%). Em procedimentos prolongados em que o paciente esteja recebendo
oxigênio a 100% temos que tomar cuidado porque poderemos promover uma lesão oxidativa dos
alvéolos. Além disso, o alvéolo depende de duas situações: surfactante (se os alvéolos possuem
surfactante, ele não colaba) e de oxigênio preenchendo, vez que se o alvéolo está com pouco
oxigênio e este passa para o leito capilar, a tendência do alvéolo é colabar.
Obs. No pulmão, os alvéolos ventrais são pouco ventilados mas muito vascularizadas,
enquanto os alvéolos dorsais são bem ventiladas mas pouco perfundida (se esse oxigênio
passa para o sangue a tendência do alvéolo é colabar).
Então o ideal é evitar o fornecimento de altas frações de oxigênio 100%, quando
misturamos esse oxigênio com o ar comprimido medicinal (21%) e fornecemos o
nitrogênio junto, assim, por mais que só o oxigênio seja absorvido, o nitrogênio evita áreas de
atelectasia pela falta de oxigênio. Ou seja, essa é uma terapêutica para evitar a atelectasia.
Os cilindros não podem estar dentro da sala de cirurgia, porque eles tem alta pressão lá
dentro, por isso tem que ficar dentro de uma central de gases (dentro deles a pressão é maior
que 180 – 240 kg/cm²). Ou seja, para reduzir a pressão dos cilindros e cair no encanamento do
hospital precisamos de uma válvula de redução de pressão, que vai deixa a pressão em torno
de 3-5 kg/cm². Assim, ao entrar na tubulação, adentra ao bloco cirúrgico, sendo que toda a
tubulação é pintada, de maneira que conseguimos identificar qual o gás pela cor da tubulação.
Além disso, da parede precisamos de extensores (chicotes) que tem cor corresponde e encaixes
diferentes, para evitar erros e complicações para o paciente.
Obs. OXIGÊNIO = VERDE. AR COMPRIMIDO = AMARELO.
Ademais, temos que estipular quanto de ar comprimido e oxigênio vamos fornecer ao
paciente, posteriormente utilizaremos uma válvula que dosa o volumo que é fornecido para o
paciente: FLUXÔMETROS, que também são padronizados por cor.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Assim, em uma anestesia inalatória além de fornecer o anestésico inalatório é


necessário fornecer gás diluente, o principal é o oxigênio suplementar, que está próximo ao
vaporizador para que o anestesista não esqueça de fornece-lo ao paciente.
Forneceremos gases nos FLUXOMETROS de acordo com o peso: PACIENTES ATÉ 7
KGS = CIRCUITO ABERTO ou CIRCUITO DE BARAXA (sem reinalação de gases), onde o
fluxo de oxigênio é de 300-500 ml/kg/mim. É sem inalaão de gases, ou seja, tudo que ele
expirou não será inalado, será descartado, por isso que o fluxo de gás diluente é maior porque
tem que receber gás inalatório e diluente frescos. Esse circuito é pequeno e ideal para animais
de porte pequeno, tenho menor resistência durante a ventilação espontânea e tenho mais
gasto com gases medicinais e anestésico.
PACIENTES COM MAIS DE 7 KGS = REINALAÇÃO PARCIAL DE GASES (SISTEMA
SEMI FECHADO), onde uma parte gás expirado fica armazenado, de maneira que paciente
inspira, reinala parte do gás que expirou (o anestésico inalatório como é eliminado de forma
inalterado, estaremos poupando o anestésico inalatório) mas também recebe gás novo. Já no
SISTEMA FECHADO ou REINALAÇÃO TOTAL: onde tudo que o paciente expira é reinalado,
por isso que o fluxo é extremamente baixo (economizo gases anestésicos.
CIRCUITO SEM
REINAÇÃO OU DE
BARAT: é constituído
por um balão
respiratório, uma
traqueia, duas
válvulas (entrada e
saída de gases) e uma
máscara. Ou seja, tudo
que ele está respirando
está saindo para o
ambiente. Para
pacientes pequenos é
muito utilizado e traz
menos dificuldade de
respiração para o
animal.
SISTEMA VALVULAR/
PARCIAL OU TOTAL DE GASES:
é composto por uma válvula
respiratório, uma válvula
expiratória e um reservatório que
tem uma CAL SOLDADA (que
quebra o CO2 para não ser
reinalado). Além do mais,
precisamos de uma traqueia de
dois ramos (um expiratório e
respiratório) e uma porção distal
em Y (que é conectada ao
traquotubo do paciente). A válvula
expiratória está conectada a um
CANISTER que é um reservatório que tem CAL SODADA, que absorve o CO2 para evitar com
que o paciente reinale aquele CO2, depois vai para um balão reservatório, onde o paciente puxa
gás fresco, mas reinala parcialmente esses gases. Por isso que quando trabalhamos com
esse circuito precisamos de uma CAL SOLDADA para evitar com que o paciente reinale
CO2. Além do mais teremos uma válvula POP OFF que no Sistema Fechado essa válvula será
fechada.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

CAL SODADA: são grânulos brancos formados por hidróxido de cálcio, de maneira
que quando o CO2 entra em contato com ele, absorve CO2 e vira carbonato de cálcio, evitando
com que o paciente reinale C02. A reação com CO2 é exotérmica que libera calor e umidade, ou
seja, esse circuito deixa mais úmido e menos aquecido, por isso o paciente perde menos
temperatura. Ao contrário do circuito aberto, onde o paciente perde mais temperatura, não é
aquecido e umidificado.
FORMAS DE FORNECER OXIGENIO: MÁSCARA FACIAL que tem suas vantagens,
quando o animal tolera ficar com a máscara, tem que ser procedimentos mais rápidos e menos
invasivos. Mas a manutenção para cirurgias grandes é pior. Ou seja, a máscara é utilizada mais
em procedimento rápidos e menos invasivos, recuperação e indução. DISPOSITIVOS
SUPRAGLÓTICOS recobrem e possibilitam com que forneçamos anestésicos e gases
inalatórios, é chamado de VEGEL e recobre a laringe e há um sonda que vai ocluir o esôfago,
pra impedir que uma regurgitação vá para as vias aéreas; é menos invasiva e mais eficaz que a
máscara; muito utilizado em felinos e coelhos que são susceptíveis a laringo-espasmo. TUBO
OROTRAQUEAL: utiliza um traqueotubo, onde a porção distal é posicionada no início da
traqueia do paciente, sendo que por ser um método mais invasivo, mas mais efetivo e seguro
que os outros.
Precisaremos em uma anestesia: TRAQUEOTUBO, BALÃO DISTAL E BALÃO PROXIMA
(inflo o proximal para inflar o balão da traqueia, mais seguro, evita com que o que seja regurgitado
seja aspirado), LARINGOSCOPIO (ponho na base da língua para epiglote abaixar e conseguir
passar o traqueotubo entre as aritenóideas e assim entubar – faço no 2-3 planos do terceiro
estágio da anestesia).
02/04/2019

Todos os fármacos levam à alteração fisiológica do paciente, por isso temos que saber
quais parâmetros alteram a fisiologia para que essas alterações não agravem a situação do
paciente. A monitoração inicia durante a medicação pré-anestésica, durante o transoperatório e
após o término da cirurgia (pós-operatório imediato, primeira 1 – 2 horas, até que o paciente
retorne à consciência, esteja confortável e parâmetros estejam restabelecidos). Isso é
fundamental, porque essa vigilância permite com que qualquer alteração que aconteça,
conseguimos identificar rapidamente e tratar, antes que evolua e vire algo grave, como uma
parada cardiorrespiratória. Além disso, temos que manter a homeostase e integridade de todos
os tecidos, porque se um sistema desestabilizar, os outros estarão incompletos, logo tem maior
chance de desestabilizarem também.
Assim temos que registrar todas essas informações (Ficha Anestésica), onde podemos
nos resguardar, vez que por mais que em algumas situações o paciente esteja hígido e sadio
pode ocorrer a morte do paciente por uma intercorrência cirúrgica. Dessa maneira, essa ficha
fica armazenada para comprovar que o nosso protocolo está correto, termos um respaldo legal,
além de demonstrar o histórico do paciente (intercorrências cirúrgicas, por exemplo).
Os diferentes sistemas que abordaremos são: nervoso, cardiovascular, respiratório,
metabólico e temperatura, sendo que analisamos todos os sistemas em conjunto (integração dos
sistemas, tem correlação direta).
1. Sistema Nervoso Central (PROFUNDIDADE ANESTÉSTICA)
Neste sistema, avaliaremos a profundidade anestésica (grau de consciência), sendo
que a monitoração contínua é necessária, em caso de anestesia geral, para: não aprofundar
demais ou superficializar a cirurgia (falta de anestesia); ou ainda verificar se o protocolo de
analgesia está correto; e se o paciente não está sentindo dor. Isso é importante para que o
paciente não acorde durante a cirurgia, é algo traumático. Como monitoramos a profundidade
anestésica? Planos de Guedel; mas existem alguns recursos que avaliam o grau de
inconsciência da Eletroencefalografia, sendo que através da atividade do SNC vai ter uma
graduação: 100 – paciente desperto/consciente; próximo de 70 – paciente está sedado; 60-40 –
segundo plano do segundo estágio da anestesia; e, 0 – já morreu. Mas ainda, com relação a
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Eletroencefalografia, temos que tomar alguns cuidados, como fazer uma tricotomia na testa para
que o sensor funcione corretamente (além disso, sensor é caro e descartável). Por fim, no que
diz respeito a Eletroencefalografia, esses parâmetros têm correlação com o Plano de Guedel,
mas quando pegarmos um fármaco que estimula alguns centros do SNC e deprime outros, como
o anestésico dissociativo, o eletroencefalografia não tem mais validade, os valores não
correspondem ao grau de inconsciência, ou seja, esse tipo de equipamento não funciona para
anestésico dissociativo.
2. Função Cardiovascular
Temos que avaliar: pulso, frequência, pressão arterial. Se pensarmos desde o início,
temos que ter um impulso elétrico, um mecânico e depois perfusão do paciente. Assim, primeiro
temos que lembrar a perfusão é para levar sangue e oxigênio para os tecidos do paciente e para
avaliarmos a eficácia da bomba cardíaca temos que ver se ela está: rítmica e funcional (força
de ejeção). A forma mais comum é através da AUSCULTA (ver se tem arritmia, sopro, por
exemplo) quando utilizaremos uma técnica denominada ESTETOSCOPIA, sendo que se temos
uma arritmia não saberemos, só através da auscultação, qual arritmia é (não estamos vendo o
impulso elétrico), teremos que fazer um eletro. No entanto, essa técnica tem grandes limitações,
como uma estetoscopia torácica durante uma cirurgia, não é algo fácil de fazer (temos que ir por
baixo do pano que está estéril para auscultar o paciente), assim se o animal é muito pequeno,
disputaremos espaço com o cirurgião, quando podemos contaminar o campo de cirurgia, além
disso, nosso trabalho estará dificultado porque não conseguiremos continuamente monitorar o
paciente. Por isso que a estetoscopia é uma técnica utilizada na medicação pré-anestésica.
Dessa maneira, como auscultar de maneira continua no
transoperatório sem atrapalhar o trabalho do cirurgião? Através do
ESTETOSCOPIA ESOFÁGICA, onde na porção distal tem uma sonda
que fica conectada ao estetoscópio quando introduzimos a sonda pelo
esôfago até o 3-4 espaços intercostais (até a base do coração), de
maneira que ficamos longe do paciente, auscultando-o todo o
momento. Assim,
quando o paciente está
inconsciente, coloco pelo canto lateral até chegar
ao esôfago, o certo é ficar com o estetoscópio no
ouvido para saber até quando introduzir a sonda.
Ou seja, é um jeito que promove maior facilidade
à monitoração constante; é barato e acessível;
permite o anestesista
avaliar FC, BPM e
frequência e ritmo cardíacos.
Existe ainda, um jeito mais tecnológico, ao invés de estarmos
com o estetoscópio, conectamos ao transdutor de som, quando todo
mundo da sala consegue auscultar.
Outro método é a ELETROCARDIOGRAFIA, que faz uma
avaliação elétrica do coração, além da análise da geração e condução
do pulso (batimento cardíaco). Ou seja, percebe arritmia e avalia a
eletricidade do coração, gera um gráfico oriundo da atividade elétrica das
ondas cardíacas: ONDA P = despolarização do átrio; COMPLEXO QRS
= despolarização ventrículo e repolarização atrial (não aparece porque o
ventrículo tem maior massa, logo mascara a repolarização do átrio);
ONDA T = repolarização do ventrículo.
O posicionamento dos eletrodos: BRASIL DO LADO ESQUERDO
DO LADO ESQUERDO, FLAMENGO DO LADO DIREITO, CORES CLARAS NA FRENTE E
ESCURAS ATRÁS. Sendo que colocaremos: atrás dos cotovelos e nas pregas ingnais (captam
as ondas e levam a um gráfico no monitor).
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Obs. Temos que ter em mente que de acordo com a espécie ou idade do paciente o valor
da frequência basal muda. Quanto maior a raça, menor a frequência (sendo que
frequência normal de um cachorro pode ir de 60 – 160), ao contrário, quanto menor
a raça, maior a frequência basal. Além disso, animais mais jovens tem frequência
mais elevada, porque o DC é mais dependente da frequência do que em um animal
adulto. Ou seja, dependendo da idade, da espécie ou das raças os valores de frequência
basal muda, logo a manipulação cirúrgica, o protocolo tem que ser diferente porque podem
alterar a frequência cardíaca daquele animal.
a. Frequência Cardíaca
BRADICARDIA: para cães é quando a FC está menor que 60 BTM e gatos é menor que
100 BTM. Mas, o ideal para considerar bradicardia é quando a FC do paciente está 20-25%
menor que o valor basal do paciente (olharemos esse valor basal na medicação pré-anestésica).
Mas avaliaremos além disso, presença ou ausência de arritmias; pressão; e perfusão do
paciente. Exemplo: FC basal do paciente é 100 bpm e reduz para 80 bpm, já é uma bradicardia.
Já uma FC 38 btm é uma bradicardia significativa, independente da raça do cachorro.
ARRITIMIAS ASSOCIADAS A BRADICARDIA: PARADA SINUSAL ou SINUS ARREST
que é quando o intervalo R-R dobra (um espaço entre
um QRS e outra vai dobrar), tem uma pausa muito
pronunciada, não gera impulso elétrico, não gera pulso
e não perfunde. Nessas situações, está associada a
quadros de bradicardia ou SÍNDROME TAQUICARDIA-BRADICARDIA que é quando a FC
está normal (até um pouco elevada) e “do nada” o nodo não gera impulso (dá uma pausa),
veremos a falta de ondas P, QRS e T (parada sinusal). Causas disso: nosso protocolo (fármacos
bradicardias = opioides, alfa-2), pacientes idosos, tumores, bradicardias. Não trataremos a causa
base, mas sim o distúrbio elétrico.
Outras alterações de ritmo (condução elétrico): BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR DE
PRIMEIRO GRAU (BAV 1º GRAU), quando
a condução elétrica do nodo sinoatrial para o
nodo atrioventricular está atrasada,
consequentemente a onda P vai demorar
mais (condução lentificada), logo a onda P
vai espaçar um pouco do complexo QRS,
mas mesmo assim toda onda P vai ter um QRS. Ou seja, vai ter um espaçamento, mas este
deve ser regular = BAV 1º GRAU. Já o BLOQUIO ATRIO-VENTRICULAR DE 2º GRAU (BAV
2º GRAU) varia mais, existem 2 tipos: MOBITZ
TIPO 1 – eletro normal, de repente a onda P
começa a separar do complexo QRS, não é
regular, ou seja, é uma arritmia que pode aparecer
ou desaparecer o espaçamento da onda P para
QRS não é regular (como no BAV 1º GRAU); e o
MONITZ TIPO 2 – é quando em alguns momentos
a onda P tem desconexão total com o complexo
QRS, gera uma onda P, não tem QRS, outra onda P e um complexo QRS. Já o BLOQUEIO
ATRIOVENTRICULAR DE 3º GRAU, há uma
desconexão total do complexo QRS com a onda P,
assim o ventrículo despolariza sozinho, o QRS é
bizarro porque o ventrículo despolariza sozinha, logo
há uma alteração morfológica do QRS. Ou seja, a atividade ventricular é derivada do ritmo de
ESCAPE, além disso a atividade atrial não é conduzida pra o nó atrioventricular. Assim, o BAV
3º GRAU é o mais perigoso, presente em cardiopatas e raramente responde ao tratamento
farmacológico (anticolinérgicos), é necessário colocar marca-passo, porque a onda P não
leva a despolarização ventricular, sendo que chega a um ponto onde veremos: onda P, onda P,
onda P, e uma hora um QRS bizarro.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Obs. se o ventrículo não despolarizar pode levar a uma hipoxemia grave aos tecidos ou
uma parada cardíaca.
TRATAMENTO DAS BRADICARDIAS e BRADIARRITMIAS: ANTICOLINÉRGICOS
(Atropina, por exemplo) também chamados de VAGOLÍTICOS, porque o vago libera acetilcolina
que reduz a frequência cardíaca, assim se uso um fármaco vagolítico, quebrando o efeito do
vago que não libera acetilcolina, consequentemente a FC e a condução aumentam, por isso
utilizamos a Atropina em dose de 0,03 e 0,04 mg/Kg pela via IV (tem que ter rápido efeito), mas
a latência da Atropina leva até 3 minutos (mesmo por IV), assim se fiz a atropina e animal ainda
está bradicárdico, faço mais, posso levar a uma taquicardíaca intensa. Ainda, assim caso essas
bradicardias sejam constantes, trato com a Atropina (efeito dura 20 minutos) e a arritmia volta,
ao invés de ficar fazendo vários boulus de Atropina, utilizo a Dobutamina em infusão contínua
para que o paciente fique estável.
Mas se nosso protocolo usamos fármacos que podem fazer bradiarritmias e bradicardias
(como alfa 2 adrenérgico), para antagonizar os efeitos adversos poderemos utilizar os fármacos
antagonistas (Iombinina e o Atipamezole - quando utilizamos a Xilazina e a Dexmedetomidida)
ou ainda, ou utilizar os anticolinérgicos.
Obs. Cuidado porque ao utilizar um medicamento antagonista reverto também os efeitos
benéficos.
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR: cães tem uma frequência acima de 140 bpm e
gatos acima de 240 bpm. Sendo que o é
supraventricular porque o nodo sinoatrial e o
atrioventricular estarão ativados, mas a FC
está muito alta e o ventrículo quer bater mais rápido que o átrio, veremos: P, QRS, T, P, QRS,
T e haverá uma falta de onda P. Ou seja, o ventrículo bateu antes do tempo, de maneira que
associada a alta frequência há algumas despolarizações do nodo atrioventricular antes do tempo,
associado a essa FC veremos a taquicardia supraventricular com despolarizações equitópicas.
O enchimento ventricular se dá quase totalmente é passiva, logo, se tiver batendo muito rápido,
o ventrículo não enche direito, não ejeta sangue suficiente para periferia (pouco oxigênio
também), ou seja, gera pouco volume sistólico.
TRATAMENTO PARA TAQUICARDIA SUPPRAVENTRICULAR: Lidocaína sem
vasoconstritor (estabiliza membrana cardíaca), bolus de 2 mg/kg/min ou infusão de 25-100
mcg/kg/min; ou Esmolol em bolus de 0,2 – 0,5 mg/kg ou infusão de 25-200 mcg/kg/min.
COMPLEXO VENTRICULAR PREMATURO ou BIZARRO: ventrículo despolariza de
forma irregular 9antes do tempo, desconexo
com a onda P), pode ser em situações
patológicas, septicemia, fibrose cardíaca,
quando podemos ectópicos de despolarização
ventricular em que: P, QRS, T e do nada o
ventrículo despolariza, gerando o complexo bizarro. Quando iremos tratar? Ao longo de 1 minuto
6 ou 8 batimentos prematuros, ou 3 batimentos prematuros seguidos (ventrículo não irá encher
como deveria, comprometendo a perfusão). O tratamento também é com Lidocaína, na mesma
taxa anterior (bolus de 2 mg/kg/min ou infusão de 25-100 mcg/kg/min).
TAQUICARDIA VENTRICULAR: é quando só
o ventrículo irá bater, veremos vários COMPLEXOS
QRS bizarros seguidos, não veremos perfusão de
tecidos. Ou seja, é uma evolução, porque uma
arritmia tranquila, insignificativa e fácil de tratar, pode virar algo complexo.
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR: se não
tratamos a taquicardia ventricular, se o ventrículo
ficar batendo de maneira desordenada, não perfunde
e não oxigena mais os tecidos, logo ele mesmo não
oferta oxigênio para o próprio coração, veremos áreas de infarto, se isso se sustentar o ventrículo
Isadora Pires Ferreira dos Santos

entra em fadiga e toda a linha base do eletro vai ficar irregular, de maneira que fibrilou o ventrículo
não perfunde mais poderemos ver uma parada cardíaca.
b. Perfusão Periférica
Para avaliar a perfusão periférica (oferta de sangue aos tecidos) faremos: TPC (tempo de
preenchimento capilar) que é o tempo que demora o tecido demora para se reperfundir (tem que
ser menor que 2 segundos). Situações em que o paciente está hipovelêmico, em choque, com
vasoconstrição, o TPC estará maior (monitoramos durante a cirurgia).
c. Pressão Arterial
MENSURAÇÃO DA PA que está diretamente relacionada com a perfusão dos diversos
tecidos, qual a dinâmica? O sangue tem que sair da
bomba, passar pelos leitos capilares, perfundir o tecido
e voltar pelo leito venoso, assim temos que lembrar da
fórmula ao lado. Logo a PA depende de todos esses
fatores, por isso uma alta frequência faz com que caia
o volume sistólico (pré-carga está tão alta que o
ventrículo não consegue encher), ejeta pouco, reduz a PA. Se a FC está baixa, tem um retorno
venoso, mas ejeta pouco sangue para a circulação, comprometendo o débito.
As pressões arteriais que iremos avaliar são: SISTÓLICA, DIASTÓLICA e MÉDIA
(principalmente esta última porque está relacionada a perfusão dos nossos pacientes).

Paciente abaixo dos valores de referencia está hipotenso, quando poderemos ver:
hipoperfusão, hipoxemia, rins (IR pós anestésica). Durante a anestesia, de acordo com os
fármacos utilizados, temos que saber onde trabalhar com o paciente (para reduzir ou aumentar
a PA).
Quais os métodos de avaliação da pressão arterial? Métodos diretos (invasivos) e
métodos indiretos (não invasivos).
MÉTODOS INDIRETOS: PALPAÇÃO DE PULSO PERIFÉRICO, no entanto se palpar
artéria radial, artéria dorsal do pé, artéria femoral, artéria sublingual, geralmente quando
sentimos o pulso periférico com a ponta dos dedos, teoricamente a PAM está acima de 60 mmHg
e se não tivermos sentindo o paciente está hipotenso. Mas isso é preciso? Não, tem variação
individual. Mas é um método que na prática, na clínica, quando não temos o monitor, temos que
lembrar que se sentirmos o pulso a PAM está acima de 60mmHg. Mas esse método não é prático,
porque o campo cirúrgico pode ser grande e não conseguimos palpar. Um método indireto um
pouco mais preciso é o DOPPLER VASCULAR que é um manguito
(braçadeira), coloca o estetoscópio em cima da artéria radial (mas se o
animal é muito pequeno não auscultaríamos a artéria radial), por isso
substituímos o estetoscópio por um Doppler Vascular, que manda
impulsos ultrassónicos que quando em cima de uma artéria periférica
bate na parede arterial e as hemácias que estão
passando lá e fazendo barulho, de maneira que as ondas que voltam ao
aparelho é revertido em impulso sonórico e ele gera um som audível para nós.
Ou seja, o método Doppler só mensura a PAS. Como utilizaremos?
Posicionando o Doppler acima de uma artéria periférica. Mas como escolher
o tamanho das abraçadeiras? O ideal é que a largura do manguito
corresponda a 40-50% da circunferência total do “braço do paciente” porque
se colocar um tamanho maior ou menor posse estar superestimando ou subestimando a pressão
do paciente. O manguito tem que ser colocado na porção proximal do membro, a pobre do
Doppler está posicionada acima de uma artéria periférica (no membro torácico é a radial e no
membro pelvino é a dorsal do pé). Além disso, o manguito tem que estar conectado a um
Isadora Pires Ferreira dos Santos

manômetro de pressão (onde vemos o valor, é o relógio de pressão) e na porção distal tem uma
pêra (insufla o manguito) sendo que quanto mais pressão eu vou colocando no manguito, cesso
a passagem de sangue, como sei que cessou? Quando para o barulho, de maneira abrimos a
válvula de pressão e quando o som voltar, o valor que estiver marcando no manômetro
corresponde a pressão sistólica do paciente. Dos métodos do não invasivos é um dos mais
fidedignos, só que dá mais trabalho. O ideal é fazer 3 e fazer a média delas para saber a pressão.
Indicação: pacientes com menos de 7 kgs (quando comparado ao próximo método);
procedimento rápidos e menos invasivos. Existem ainda os métodos automáticos, como o
MÉTODO OCILOMÉTRICO que existe uma bomba que infla e desinfla o manguito
automaticamente para dar a pressão sistólica, diastólica e média (ainda podemos programar os
monitores para aferir a pressão de 3 em 3 minutos, por exemplo). Utilizaremos preferencialmente
para pacientes mais pesados (acima de 7 kgs porque não tem uma apuração eficaz para estes
pacientes).
MÉTODOS DIRETOS (invasivos): são métodos de eleição para situações de
emergência, pacientes críticos e cardiopatas, quando CANULAMOS UMA ARTÉRIA
PERIFÉRICA e em tempo real saberemos a pressão do paciente, ou seja, é o padrão outro, é
fidedigno e análise ocorre em tempo real. No entanto, como precisamos canular uma artéria,
demanda um pouco mais de prática, porque só sentimos o pulso, não conseguimos visualizar as
artérias periféricas (dorsal periférica do pé). O método invasivo mais barato e mais prático é
canular uma artéria periférica, pegar o extensor de equipo e preencher o equipo
com uma solução fisiológica heparinizada, porque se só colocar solução
fisiológica a tendência é formar um coagulo, então não vou conseguir monitorar
a pressão do paciente. Então, conectaremos o equipo ao Manômetro
Aneroide, que fornece a PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (diferente no Doppler
que nos dá a pressão arterial sistólica). E quando canulamos a artéria deve ser
contra o fluxo para que a pressão saia em direção ao lúmen, para que a força
seja transmitida para o manômetro, de maneira que a linha não pode ser de
equipo, o extensor não pode ser complacente para evitar a perda de pressão que leva a auma
aferição errada. Ao invés de usar um manômetro podemos utilizar um Transdutor de Pressão
– Monitor, quando conectaremos o extensor à esse transdutor que trnasduz: PA, pulso
mecânico, pulso elétrico, que gera uma onda, onde é mostrada as 3 pressões em tempo real.
Ou seja, pacientes críticos, procedimentos prolongados, pacientes que estão em tratamento com
medicamentos vasoativos, cardiopatas, esse é o método de eleição, mas tenho que ter um
monitor na clínica (mostrar alterações na hora). Ainda, assim, se não tenho o monitor consigo
fazer a pressão arterial invasiva através da utilização do manômetro.
HIPOTENSÃO ARTERIAL é quando a pressão arterial sistólica está abaixo de 90 ou
quando a pressão arterial média está abaixo de 60 mmHg, indiferente do método que estamos
utilizando para aferir a pressão.
TRATAMENTO DE HIPOTENSÃO ARTERIAL: temos que tratar a causa base (porque a
PA depende do DC, da RVS, e o DC depende da FC e volume sistólico, sendo que o VS depende
da pré-carga e pós carga e do inotropismo), assim se o paciente está desidratado, hipovolêmico,
com hemorragia ativa, está HIPOTENSO, logo o que está alterado é o DC devido a diminuição
da pré-carga, dessa forma se é uma baixa de volume temos que fornecer volume ao paciente
(fazer de 15 – 20 ml/kg em 15 minutos), sendo que se depois disso o volume se normalizou,
sabemos que aquela hipotensão é por baixa volemia, dessa forma podemos aumentar a taxa de
volume até reestabilizar a pressão. No entanto, se o paciente tomou Acepromaziana na
medicação pré-anestésica, sob anestesia geral com isoflurano que diminui a RVS e o paciente
está vasodilatador temos que fornecer vasoconstrutor como Efedrina e Noroepinefrina para
aumentar a RVS e aumentar a PA. Já um cardiopata com força de contração reduzida temos que
aumentar o inotropismo, logo temos que dar inotrópicos (Dobutamina). Ou seja, dependendo da
causa a abordagem terapêutica muda.
d. Transporte de Oxigênio
Não adianta ter perfusão sem que a oferta de oxigênio esteja adequada.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

OXIMETRIA DE PULSO: meio não invasivo que monitora o carreamento de oxigênio. É a


mensuração da saturação da porcentagem da hemoglobina periférica está carreando oxigênio
(está saturado), ideal é que seja de 95-100%. É uma estimativa da saturação arterial de oxigênio
(se coletarmos uma amostra de sangue arterial e colocarmos em um aparelho para mensurar
quando de oxigênio está ligada as hemácias é um valor aproximado), é um método não invasivo
em tempo real de fazer essa aferição, sem ter que ficar fazendo várias coletas de sangue para
mensurar quanto de oxigênio está sendo carreado. Esse sensor da oximetria de pulso em regiões
bem perfundidas, como: lábio, língua, animais claros pode ser ponta de orelha, vulva, prepúcio.
De maneira que o sensor, através de ondas infravermelho passam de um lado para outro do
sensor, assim, quando bate no oxigênio que está sendo carreado na hemácia, menos ondas
chegarão ao outro lado do sensor, assim através da diferença diz quanto de oxigênio está sendo
carreado pela hemoglobina que está sendo carreado pelo sensor. Clinicamente quando vemos
a mucosa do paciente, tem que estar rosada (oxigênio está sendo entregue para periferia), mas
se não utilizarmos a oximetria de pulso (para mensurar quanto de oxigênio está sendo carreado)
e ficássemos esperando entre uma mucosa rosa (bem oxigenada) até azul (mal oxigenada), isso
causaria grandes problemas porque para que o paciente fique cianótico (sinal clinico de mal
oxigenação) a hemoglobina está com saturação aproximada de 75% (está extremamente
hipoxigemico a ponto de apresentar sinal clínico). Por isso que a oximetria de pulso é essência.
Assim, se ficarmos esperando coloração de mucosa, o paciente estará extremamente
hipoxêmico, por isso a oximetria é muito sensível e percebe essas alterações antes de chegar a
um estado crítico. Mas existem situações em que o sensor não funciona direito: alguns monitores
da medicina humana, podem dar errado a leitura, quando o pulso periférico estiver diminuído
(hipotensão, vasoconstrição, bradiarritmias). Ou seja, traz uma informação importante, mas
dependendo de outros parâmetros ou sistemas (que levam a uma redução de pulso periférico),
podem levar a alterações e ter um mal funcionamento.
3. Função Respiratória
O que podemos avaliar (mecânica respiratória)? Movimento do gradil costal (relativa, não
sei quanto ele está eliminando de co2 e absorvendo de O2), frequência respiratória. Ou seja,
associamos mecânica respiratória (volume minuto = volume corrente x frequência respiratória)
aos gases sanguíneos.
Para avaliar volume corrente (mensurar quanto de gás está ventilando nos alvéolos),
conectado à válvula respiratória, tem os manômetros de volume, de maneira que o volume é
aferido o volume que está dentro do pulmão que é correspondente ao volume corrente (o quanto
de gás está ventilando aqueles alvéolos). Ao mesmo tempo, se mensuramos a Frequência
Respiratória encontraremos o volume/minuto do paciente.
O volume corrente para pequenos animais (cães e gatos), basal, é de 8-15 ml/kg, no
entanto nesse valor só teremos a informação de volume corrente, mas se essa quantidade está
sendo suficiente para capturar oxigênio e eliminar gás carbônico, temos que associar a outros
parâmetros. Assim, se ele estiver oxigenando bem (oximetria de pulso), volume corrente e FR
adequadas, ainda assim, temos que avaliar a eliminação do dióxido de carbono, que é feito
através da CAPNÓGRAFO que é uma estimativa dos valores de CO2 do leito arterial, porque
conectamos um sensor na porção externa do traqueotubo (entre o circuito respiratório) que coleta
os gases inspirados e experiados do paciente, quando consegue dosar esses gases e no monitor
gera um valor desses gases e uma curva, que é a curva da capnografia. Geralmente, o expirado
de dióxido de carbono é de 2-5 mmHg menor do que a tensão artéria de CO2 (daquilo que
realmente está no plasma) porque as vias condutoras do trato respiratório superior (narina,
traqueia e brônquios principais) fazem condução do gás, não fazem troca, de maneira que quem
faz troca efetiva são os alvéolos (ácino alveolar), assim quando expirarmos ou inspirar o gás
alveolar quando está no ácino é extremamente próximo ao que está no leito arterial, no entanto,
conforme vou expirando, o ar vai diluindo nas porções condutoras (traqueia, brônquio, narinas)
e o valor vai reduzindo, por isso que o expirado de CO2 (o valor da capnografia) tende a ser 2-3
mmHg menor que o valor real.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Além do valor número do expirado de CO2 tem que estar entre 35-45 mmHg, temos que
saber interpretar essa onda. Por que o CO2 expirado tem que estar próximo desses valores?
Porque se tiver muito CO2 o PH sanguíneo fica ácido; ao contrário se tiver muito reduzido a
tendência do PH é elevar; logo, podemos levar a um desequilíbrio ácido-base. Além disso, não
é ideal que inspiremos CO2, mas é tolerado até 3 mmHg.

O acúmulo de CO2 pode ser devido: a diminuição da FR; alvéolo pode estar alterado
(edema pulmonar, por exemplo); protocolo. Como reverter essa situação? Aumentando a
frequência, ventilar artificialmente o paciente. Sendo que quando vemos o paciente
reabsorvendo gás carbônico, quer dizer que a cal soldada está muito saturada, ou seja, está na
hora de trocar. Além disso, pode ser que tenha desconectado o sensor do traqueotubo, temos
que conferir o circuito; ou ainda, pode estar hipoventilando e ter uma parada respiratória.
Portanto, a própria onda, além do valor numérico nos trazem algumas informações.
Algumas alterações que podem levar ao aumento ou diminuição de CO2:
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Além disso, quando estivermos trabalhando com um analisador de gases podemos aferir
o inspirado e o expirado de gases anestésico inalatórios, porque por mais que sejam calibrados,
eles podem ter passado do tempo de manutenção e estar descalibrado. Agora, um vaporizador
não calibrado, se tivermos um analisador de gases, poderemos ajustar o borbulhamento de
acordo com o valor que está aparecendo no monitor, traz mais segurança ao procedimento.
4. Glicemia
Não devemos fazer a aferição de glicemia em todos os pacientes, devemos fazer em:
animais mais jovens, pacientes idosos, procedimentos prolongados, endocrinopatia (diabetes,
insulinoma). Sendo que mensuraremos a glicemia a cada 30 minutos – 1 hora, porque se o
paciente ficar HIPOGLICEMICO as principais repercussões que veremos convulsão; já se ficar
hiperglicêmico veremos cetoacidose diabética (quadro de emergência). Temos que modular os
níveis glicêmicos nessas situações.
Obs. animais muito jovens ou idosos tem menor reserva de glicogênio hepático, portanto
mais propensos a desenvolver hipoglicemia.
5. Temperatura
A temperatura precisa apenas de um termômetro, sendo que é importante porque está
relacionado com o metabolismo, vez que as enzimas são temperatura dependentes, assim uma
baixa temperatura reduz o metabolismo, enquanto uma alta temperatura o metabolismo acelera.
Além do mais, a a própria ativação plaquetária é temperatura dependente, quando a temperatura
de cães e gatos reduz de 34,5/34 ºC, a capacidade de homeostasia é comprometida, logo o
paciente está susceptível a uma hemorragia. Além do mais, a baixa temperatura deixa o
metabolismo reduzido, de maneira que se ele está reduzido, a metabolização dos fármacos está
reduzido e o tempo de recuperação anestésica será prolongada. Ademais, um paciente velhinho
que está hipotérmico o metabolismo compensatório é o tremor, mas esse excesso de tremor
muscular consome oxigênio, logo em um paciente velhinho, debilitado, que está demandando
mais oxigênio (tremor aumenta em 300 – 500% o consumo de O2), isso pode ser um fator
predisponente para descompensação (mais oxigênio para o tremor e menos para outros órgãos).
6. Débito Urinário
Menos mensurado na anestesia, deveríamos utilizar muito mais em procedimentos
prolongados e pacientes críticos. Se a PA e a perfusão estiverem adequadas, o rim vai estar
funcionando, ou seja, taxa de filtração glomerular normal e o débito urinário estável (0,5 – 2,0
ml/kg/hora quando anestesiado). Se o paciente estiver hipofundido, a função renal estará
comprometida, logo, consequentemente a produção de urina será reduzida. É só passar a sonda
uretral e conectar a um coletor de urina que mensura a produção de urina.
7. Gasometria Arterial
Isadora Pires Ferreira dos Santos

É o padrão ouro para mensurarmos os gases sanguíneos, o quanto de oxigênio e gás


carbônico realmente está sendo carreado pelo sangue, pelas hemácias, dissolvido no plasma do
paciente. A oximetria de pulso e a capnografia são estimativas da gasometria arterial. A
gasometria, se tivermos o hemogasômetro conseguimos utilizar na prática cirúrgica, no entanto
é um procedimento um pouco mais caro, por isso selecionamos pacientes específicos: UTI,
pneumopatas (com alteração pulmonar), críticos. Então o aparelho fornece: pressão parcial de
O2 (PaO2); pressão parcial de CO2 (PaCo2); e saturação arterial de O2 (SaO2). São valores
fidedignos do nosso paciente.
Por fim, temos que entender que não basta avaliarmos um único parâmetro, temos que
fazer uma integração dos diferentes parâmetros que temos (não posso olhar FC sem olhar rítmo,
sem olhar perfusão) porque a condução elétrica vem do nodo sinoatrial, nodo atrioventricular,
células de purking, feixes, ventrículo e contração do ventrículo. O sangue leva uma pressão e
perfusão dos tecidos, entregando O2 e levando CO2. Assim, por exemplo, em uma parada
sinusal, para de gerar onda (parou de gerar pulso), CO2 caiu, faltou condução elétrica, faltou
pulso, faltou oxigenação, faltou retirar CO2 da periferia. Por isso, a monitoração tem que ser
constante e temos que associar um sistema ao outro e todos os dados devem ser registrados
em uma ficha anestésica.
23/04/2019

Associado à anestesia geral, ou a uma sedação e tranquilização ambulatorial, é ideal fazer


uma anestesia locorregional (bloqueio local) porque a melhor analgesia transoperatória e
transanestésica que pode promover para um paciente é através de um bloqueio local,
porque ele bloqueia toda a condução nociceptiva da periferia para o SNC,
consequentemente, na hora que o cirurgião está incisando o estímulo da periferia não está sendo
conduzido para o SNC, logo, a quantidade de sedativo, miorrelaxante e anestésico geral
requerida será menor, consequentemente reduz os efeitos adversos.
Histórico: nossos anestésicos são oriundos de toxinas da natureza: Tetradoxina (toxina
do peixe Baiacu) e Erythroxylon coca (cocaína – é daí que todos os anestésicos locorregionais
são derivados). Em 1860 um médico, Niemann, começou a fazer extrato de cocaína para ver os
efeitos, através de um colírio (para ver seus efeitos). Já em 1884, Koller começou a injetar
cocaína para notar seus efeitos, quando notou que no local em que era injetado promovia algum
grau de insensibilização, mas ao mesmo tempo causa dependência química aos pacientes pelos
seus efeitos alucinógenos. Por esse motivo, pesquisadores foram purificando para acabar com
o efeito de dependência e alucinógeno, além do que os efeitos adversos podem ser vistos através
de reações anafiláticas. Hoje nossos anestésicos são mais eficazes, mais potentes e com menor
propensão a desenvolver reações alérgicas, sem causar dependência.
ANESTESIA LOCORREGIONAL é toda e qualquer substância que promove o
bloqueio da condução nervosa, das fibras aferentes (periféricas) que seriam conduzidas
até o SNC e que esses efeitos são reversíveis, ou seja, uma vez que passou o efeito do
fármaco aquela região do organismo tem que voltar a sua função normal. Podemos promover os
bloqueios locais de algumas 3 diferentes formas: BLOQUEIO MECÂNICO, como quando
dormimos em cima do braço por muito tempo, quando acordamos está amortecido, isso ocorre
porque uma compressão mecânica vai bloquear a condução nervosa para o SNC (obs. garrotes
prolongados podem causar uma depressão nervosa irreversível no local); BLOQUEIO FÍSICO
como crioanalgesia, onde a redução da temperatura reduz a velocidade neural, reduz velocidade
da condução elétrica e até bloqueia, mas se reduzir demais a temperatura posso lesionar de
maneira irreversível o paciente; BLOQUEIO QUÍMICO através da utilização de anestésicos
locais, é o método mais utilizado, sendo que os anestésicos locais (todos eles) possuem 3
subunidades, sendo que cada uma delas determina uma propriedade química diferente, sendo
que: Radical Lipofílico: Ácido benzóico, praminobenzóico – PABA – que são responsáveis por
reações anafiláticas, motivo pelo qual foram substituídos pela Xilidina que tem menos efeitos
adversos; Cadeia Intermediária que pode ser do tipo Ester ou do tipo Amida, de forma que
Isadora Pires Ferreira dos Santos

dependendo de que tipo for vai influenciar na metabolização daquele fármaco: Ester o anestésico
local será metabolizado por estereases plamástica e hepática (duas vias de metabolização)
enquanto se for Amida é metabolizada apenas por estereases hepáticas; consequentemente se
temos 2 anestésicos um tipo Ester e outro tipo Amida, o do tipo Ester é metabolizado mais rápido
(2 formas de metabolização); Radical Hidrofílico pode ser do tipo Amina Secundária ou Amina
Terciária e está relacionada com a potência do anestésico local, com a capacidade de penetrar
na fibra e fazer seus efeitos, mas quanto maior a potência maior a toxicidade. Assim, temos que
selecionar os fármacos de acordo com essas características.
Mecanismo de ação dos anestésicos locais: um estímulo lesivo na periferia, o estímulo
mecânico é transduzido em estimulo elétrico pelos nociceptores, sendo que da periferia é
transmitido para medula e depois projetado até o SNC. Assim, se depositarmos o anestésico
local próximo ao tronco nervoso ou próximo aquela região que será manipulada, ele
bloqueia a transmissão, consequentemente não há propagação desse estímulo para o
sistema nervoso. Por isso que o anestésico local é a melhor forma de promover analgesia
no transoperatório por bloquear a propagação do impulso nervoso lá no início, logo a
quantidade de analgésico que terei que utilizar é diminuída ou abolida. Como esse bloqueio
é feito? Através do bloqueio do influxo de sódio para dentro da célula, bloqueando a
despolarização daquela célula. Isso porque os anestésicos locais são bases fracas, assim, para
facilitar o tempo de prateleira, são adicionados em formulações de ácido (cloridrato de lindocaína,
porque foi adicionado um H+ para deixa-lo mais estável quimicamente), no entanto, uma base e
um ácido tendem a formar um sal (ácido + base). Dentro dessa solução, uma porção fica na
forma de base, outra na forma ácido e uma porção ioniza (forma sal), sendo que essa proporção
varia de acordo com o anestésico. O que determina essa proporção é a constante de
dissociação ou PKa = fração ionizada (na forma de sal) / fração não ionizada (H+ e Base).
Temos que saber isso porque a fração lipossolúvel é a não ionizada, que é a fração livre que
consegue passar a barreira biológica, indo de extracelular para o intracelular. No entanto, o meio
intracelular é mais ácido, tem mais H+, logo a tendência é ionizar no meio intracelular, quando
consegue se ligar aos receptores de sódio voltagem dependentes, fechando-os, impedindo o
influxo de sódio, impedindo a despolarização celular. Ou seja, a fração do anestésico local que
tem capacidade de penetrar na fibra nervosa é a fração não ionizada (livre), mas a fração
do anestésico local que faz o mecanismo de ação, que se liga no receptor de sódio
voltagem dependente é a fração ionizada. Além disso, dependendo do PKa do anestésico, ele
irá fazer um maior ou um menor efeito, de acordo com a fração ionizada, o que varia no tempo
de ação e de duração do anestésico.

PKa = Fração ionizada (sal)________


Fração não ionizada (ácido e base)
A ordem de bloqueio das fibras é: FIBRA A que são as fibras motoras e sensitivas de
condução rápida e elas são mielinizadas; depois são as FIBRAS B são autonômicas e
mielinizadas; por fim, as FIBRAS C que são sensitivas de condução lenta e são amielinizadas.
Assim, nas FIBRAS DO TIPO A o que varia de uma para outra é o diâmetro. Como é a
condução em fibras mielinizadas? Saltatória, condução é mais rápida por isso. Assim, neste
caso a tendência do anestésico local é entrar nas fibras pelos nós de ranvier, dessa maneira, se
tiver duas fibras de diâmetros diferentes, o anestésico vai penetrar mais rápido nas fibras de
menor calibre (menor diâmetro). Além disso, a condução elétrica é bloqueada quando
bloqueamos 3 espaços (entre os nós), ou seja, se bloqueamos 3 espaços, conseguimos bloquear
a transmissão. Já em fibras amielinizadas, como as FIBRAS DO TIPO C, a transmissão é
contínua, assim entre duas fibras de diferentes calibres, o anestésico irá bloquear primeiro a de
menor calibre. No entanto, se pegar duas fibras de mesmo calibre, mas uma mielinizada e não
mielinizadas, a que vai bloquear primeiro é a mielinizada (só bloqueia os nós), enquanto na
Isadora Pires Ferreira dos Santos

amielinizada tenho que bloquear um maior segmento da fibra para corresponder aquele bloqueio
na mielinizada. Por isso que o bloqueio dos anestésicos locais na periferia, é de fibras
sensitivas de condução rápida (mielinizadas), fibras motoras e autonômicas e por fim as
fibras do tipo C (tem que bloquear uma região maior, por isso demora mais). No entanto, na
Medula a disposição das fibras sensitivas (tipo C) é mais externa, logo o anestésico local
entra em contato diretamente com ela, bloqueando-a primeiramente.
Se todos anestésicos locais são bases fracas, mas são comercializadas com ácidos, se
temos uma situação em que um animal está com o olho infeccionado, por exemplo, o PH do
tecido está mais ácido, logo termos mais ions H+, logo, a equação vai ser direcionada para formar
mais SAL, logo a velocidade do bloqueio vai demorar mais ou não fazer efeito (fração ionizada –
sal – não penetra na fibra). Por isso que quando temos diminuição do PH tecidual, inflamação
ou infecção, nosso bloqueio não irá funcionar ou funcionará pouco, porque vai ter uma
menor fração não ionizada (ácido e base), demorando mais a fazer efeito. Mas o que
podemos fazer para aumentar a eficácia? Alterar o PH através da utilização de uma base, assim
faremos uma proporção 1 ml de Bicarbonato a 8,4% para cada 20 ml de anestésico local,
consegue deixar o PH do anestésico mais baixo, tamponando um pouco da acidez do tecido,
melhorando um pouco a qualidade do bloqueio, mas dependendo do grau de acidificação do
meio pode ser que não teremos uma eficácia.
Todo anestésico local será injetado na periferia, depois será absorvido, metabolizado e
excretado. Na periferia, quem vai absorver o anestésico para cair na corrente sanguínea depois
ser metabolizado e eliminado? O leito vascular do local, de maneira que dependendo da região
em que fizermos o bloqueio, quando mais vascularizada mais rápido o anestésico vai ser
absorvido para ser metabolizado e eliminado, sendo este motivo pelo qual muda o tempo de
ação de uma anestésico local de uma região para outra (vascularização do quadríceps é menor
do que intercostal, por isso no quadríceps dura mais), temos que pensar nisso para fazer nosso
planejamento (duração depende do local e da quantidade de anestésico administrada). Mas para
reduzir a absorção, através da diminuição da circulação periférica, o que deixa o anestésico local
agir por mais tempo, poderemos utilizar vasoconstritores. Dependendo das características
químicas dos anestésicos, a velocidade de metabolização vai ser mais rápida ou mais, assim,
na cadeia intermediária, dependendo se é do tipo Ester ou Amida, vai ser metabolizado mais
rápido ou não. Além disso, concentração também influencia no tempo de duração do
anestésico, sendo que quanto mais anestésico e quanto mais concentrado, mais tempo o
anestésico vai durar. Ou seja, essas características (em negrito) é que determinam quanto tempo
os anestésicos vão durar. Por fim, eles são eliminados pela via renal. Se é metabolizada por
estereases plasmáticas ou hepáticas dependem da cadeia intermediária do anestésico.
VASOCONSTRITORES: temos que tomar muito cuidado com os vasoconstritores quando
fazemos um bloqueio local. O principal vasoconstritor associado a anestésicos locais é a
adrenalina, assim, se o nervo femoral que passa pela face medial do nervo pélvico, próximo a
passam as artérias e veias femorais, assim se ao fazer um bloqueio neste nervo um anestésico
local com adrenalina intravenoso, dependo da quantidade de anestésico com vasoconstritor
realizado, posso desestabilizar e levar a um colapso cardiovascular (principalmente em pacientes
idosos, debilitados). Por isso devemos ter cuidado com vasoconstritor, devemos ter cautela com
as extremidades, porque como a circulação local é limitada, pode comprometer a circulação da
região, necrosar e cair (dígito e ponta de orelha). Ou seja, nunca fazer em via intravenosa e
tomar cuidado com as extremidades.
ANESTÉSICOS LOCAIS
1. Lidocaína
Anestésico local mais comum de utilizar na rotina. Possui Pka = 7,7 o que dá uma
proporção da fração não ionizada de 60% (só 60% da lidocaína consegue penetrar na fibra).
Tem uma lipossolubilidade moderada (passa facilmente pelas barreiras biológicas). O período
de latência da Lidocaína é de 2-5 minutos (ou seja, quando ao bloquear tenho que respeitar o
período de latência, não pode permitir com que o cirurgião comece a cirurgia antes desse tempo,
porque bloqueio não vai estar instalado, assim, quando o cirurgião incisar, se o bloqueio ainda
Isadora Pires Ferreira dos Santos

não fez efeito, o animal vai sentir dor). Duração do bloqueio é de 1:30 a 2:00 horas. A dose é
de 7 mg/kg s/v (sem vasoconstritor) e 9 mg/kg c/v (com vasoconstritor). Por que que com
vasoconstritor posso utilizar uma dose maior? Reduz a circulação naquela região (anestésico
fica mais tempo agindo no local), logo menor chance de intoxicação do paciente, menor
concentração plasmática, ou seja, uma vantagem do vasoconstritor é que conseguimos
aumentar a dose do anestésico local, mas (não pode ser intravenosa!!). Quando utilizamos a
Lidocaína, se ela tem um rápido período de latência e dura pouco? Procedimentos rápidos,
menos invasivos.
Obs. A lidocaína é o único anestésico local que pode ser feito pela via intravenosa,
no entanto tem que ser SEM VASOCONSTRITOR.

2. Bupivacaína
Tem Pka = 8,1. Logo se compararmos um Pka de 7,7 da Lido com o de 8,1 da Bupi, qual
desses tem uma maior fração não ionizada? O da Lido, logo se um anestésico local que tem um
Pka de 7,7, que tem maior fração não ionizada, a latência dele vai ser menor. Por isso que a
latência da Bupi é de 15 – 20 minutos, porque com esse Pka a fração não ionizada da Bupi não
chega a 30%, logo maior período de latência. No entanto, a Bupi é mais potente porque tem alta
liposolubilidade (penetra mais fácil, dose menor para fazer efeito). Tempo de duração do
bloqueio de 4 – 6 horas. Doses: 3 mg/kg s/v e 3 mg/kg c/v. Quando utilizaremos a Bupi?
Procedimentos prolongados, procedimento mais invasivos (em tórax, ortopédica, analgesia do
transoperatório sobra para o pós). No entanto, a Bupivacaína é o anestésico local mais
cardiotóxico de todos principalmente se fizermos pela via intravenosa sem querer. Por
isso, NUNCA FAZER BUPIVACAÍNA POR VIA INTRAVENOSA. Por isso que da Bupivacaína
foram desenvolvidos outros dois fármacos que são mais seguros, menos carditóxicos, promovem
a mesma capacidade de bloqueio, a mesma duração, só que o bloqueio motor é menor intenso
que o da Bupi: LEVOBUPIVACAÍNA e ROPIVACAÍNA.

No nosso planejamento anestésico, temos que trabalhar em equipe, saber quanto tempo
a cirurgia demora, temos que conhecer o cirurgião (se é muito metódico, demora a colocar a
roupa anestésica, fazer a assepsia das mãos), temos que pensar também na latência do
fármaco, dose tóxica (temos que calcular qual é ela, de maneira que como sabemos qual o
volume máximo, não aplicamos de pouco em pouco até intoxicar o paciente), local do
procedimento (região abordada, local da incisão, para incisarmos próximo).
MODALIDADES DE ANESTESIA LOCAL
1. Anestesia Tópica
É a mais comum, que é a instilação do anestésico local sobre a pele, mucosa. É fácil
fazer, mas não é eficaz, faz mais efeito na mucosa do que na pele (pele é uma barreira íntegra,
enquanto nas mucosas a vascularização é maior). Indicações? Colírios oftálmicos, gato e coelho
ao fazer intubação, ao passar com o traqueotubo, tem que instilar uma dose de Lidocaína porque
são espécies extremamente sensíveis em via aérea superior (se ficar forçando o traqueotubo, a
tendência da região é obstruir, fechar e fazer muita secreção, com a Lidocaína conseguimos
evitar isso), em narina (para rinoscopia).
Isadora Pires Ferreira dos Santos

2. Anestesia Infiltrativa
É uma técnica em que administramos diferentes
anestésicos locais nos diferentes planos próximos a
estruturas e regiões que vamos manipular, envolvendo:
pele, subcutâneo, musculatura (superficial e profunda); ou
injetando na própria estrutura que será retirada. É um
bloqueio inespecífico, não sei quais nervos estou
bloqueando, bloqueio uma região do organismo.
Em um tumor, começamos a infiltrar ao redor da
região, em: pele, subcutâneo, musculatura mais profunda, para que toda a região que será
manipulada esteja insensibilizada.
Preferencialmente os anestésicos locais têm que ser administrados antes da cirurgia, mas
tem situações que fazemos depois, de maneira que esses bloqueios são denominados:
BLOQUEIOS PRÉ-INCISIONAIS, antes da incisão cirúrgica, quando infiltramos o anestésico
local na pele, subcutâneo e musculatura da região; mas tem situações que não conseguimos
fazer um bloqueio antes da cirurgia, assim, podemos fazer um bloqueio depois da cirurgia para
o paciente recuperar da cirurgia, é o chamado BLOQUEIO PÓS INCISIONAL, onde o paciente
não recebeu o bloqueio pré incisional, durante a anestesia utilizou-se anestésicos gerais, no
entanto, enquanto o paciente está inconsciente, antes do paciente recuperar da anestesia (antes
de cessar o fornecimento dos anestésicos gerias), se eu infiltrar em ambos os lados da incisão
cirúrgica com o anestésico local, na hora que eu cesso o fornecimento de analgésico e o paciente
recupera da anestesia, tudo estará insensibilizado, por isso que é um bloqueio pós-incisional.
Temos que tomar cuidado com a anestesia infiltrativa, porque se o tumor for muito grande,
terei que administrar uma quantidade muito grande de anestésico local, quando podemos causar
uma intoxicação do paciente (de pouquinho em pouquinho, não tem como bloquear uma região
tão grande com uma infiltrativa simples). Outro cuidado com a infiltrativa é conversar com
cirurgião ou clinico, principalmente em pacientes oncológicos que vão fazer retirada de pele, por
exemplo, temos que tomar cuidado com a infiltrativa muito perto do tumor que vai para a
histopatologia, porque se for muito próximo, o anestésico vai vacuolizar, entrar dentro das células
sadias ou tumorais e alterar o laudo histopatológico (sugere algo errado). Ou seja, temos que
afastar a área de bloqueio para não interferir no histopatológico.

3. Anestesia Torácica
Principais nervos que vão inervar a face lateral da faixa torácica são os intercostais, sendo
o bloqueio dos nervos intercostais um dos mais utilizados para fazer cirurgia torácica
(pulmão, coração, persistência do ducto arterioso).
Os nervos intercostais correm na borda caudal de cada
costela (sulco costal). Indicações: toracotomia. Assim,
calculamos a dose tóxica e por ponto de bloqueio
(para cada nervo intercostal) utilizaremos a dose de 0,05
mk/kg, sendo que preferencialmente utilizamos
fármacos que tenham maior tempo de duração
(Bupivacaína ou Ropivacaína), porque as cirurgias são
muito invasivas, o animal precisa de uma analgesia que
perdure pelo pós-operatório.
a. Bloqueio dos nervos intercostais
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Como faremos esse bloqueio intercostal? Preferencialmente, na


porção mais proximal das costelas, porque se fizer no terço médio, estarei
insensibilizando a região mais ventral. Por isso que, para ganhar uma
maior área insensibilizada, o bloqueio intercostal tem que ser na região
dorsal, mais proximal das vértebras, sendo que o cirurgião diz qual
espaço intercostal será a incisão (irá acessar), sendo que não basta
bloquear 1 espeço intercostal, mas também 2 costelas craniais e 2
caudais do ponto de incisão, para que na manipulação cirúrgica de
afastamento e abertura da cavidade (utiliza-se o afastador nas costelas),
toda área estar insensibilizada.

b. Anestesia Interpleural
É uma outra técnica para promover anestesia e analgesia torácica, que é a deposição do
anestésico local entre as pleuras visceral e parietal, porque quando administramos uma
anestésico local entre essas pleuras, à medida que o paciente está ventilando, o anestésico que
está no local se difunde por toda região torácica, insensibiliza a região que está lesionada e, além
do mais, conforme o paciente vai ventilando, o anestésico local vai migrando dorsalmente até na
emergência nervosa dos nervos intercostais (raiz dos nervos). Esse é um bloqueio em que
conseguimos bloquear a cavidade torácica quase como um todo, logo uma maior área estará
insensibilizada. Indicação: toracotomeia pelo esterno (esternotomia com intercostal dá pra fazer,
mas temos que bloquear inúmeras costelas, logo não teremos anestésico suficiente para fazer
esses inúmeros bloqueio), fraturas de costelas (dolorido), Pancreatite (órgão mais cranial e
dependendo da ventilação do diafragma). Fármacos: Lidocaína e Bupivacaína (depende da
situação clínica específica). Como acessaremos o espaço interpleural? Ponto interpleural entre
o 7-9 espaço intercostal na porção mais dorsal, temos que fazer em um sistema fechado,
onde pegamos um escalpe, conectado a seringa com anestésico local, de maneira que quando
passa o espaço intercostal, ultrapassamos a musculatura e venceremos a resistência, desviamos
a ponta da agulha ventralmente (diminui o risco de lesão pulmonar) e ai sim depositamos o
anestésico local. O sistema tem que ser fechado para não entrar ar (posso promover um
pneumotórax atrogênico). Além disso, tem que ter tricotomia ampla, assepsia rigorosa e material
estéril. Mas por que podemos utilizar Lidocaína se é um procedimento doloroso porque são
soluções ácidas, arde por pouco tempo (período de latência é de 5 minutos) em pacientes que
estão conscientes (primeiro bloqueio), espera a latência e depois faz a Bupi (período de latência
é maior, arderia por mais tempo). Mas quando o paciente já está inconsciente, entramos com a
Bupi. O ideal é fazer o bloqueio antes da cirurgia, mas em situações em que não utilizamos essa
medicação antes da anestesia, podemos passar um dreno no tórax para a cada 6 horas, no pós
operatório, fazermos uma dose, fazendo um bloqueio contínuo, é melhor que fazer um anestésico
sistêmico.

4. Anestesia Epidural
Técnica mais utilizada para
procedimentos em abdômen,
membro pélvico, castração, cirurgia
ortopédica, caudectomia. Tem sido
usada muito a partir da déc. 90, além
de ser de fácil execução, grande
aplicação, mas tem muito risco
porque administramos os
anestésicos locais dentro do canal
vertebral próxima a dura-máter e
aracnoidea, logo o anestésico é
depositado ao redor da duramater,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

próximo ao sistema nervoso central, por isso temos que tomar cuidado ao administrar essa
técnica (ponta da agulha ao lado da medula do paciente).
O principal e mais fácil ponto de punção em cães é o espaço lombossacral (sacro
no cão e gato são 3 vértebras fusionadas). Como localizamos esse
espaço? Palpando o animal anestesiado ou sedado, em decúbito
esternal e membros pélvicos voltados cranialmente, apalparemos
as cristas ilíacas com o dedo polegar e médio e com o indicador
apalparemos entre a última lombar (processo espinhoso da L7) e a
primeira sacral (S1),o espaço lombossacro é o maior e mais
proeminente. São esses referenciais anatômicos que vamos palpar
para localizar o espaço.
Obs. O sacro no cão e no gato são 3 vértebras fusionadas.
Recomendado: tricotomia ampla, antissepsia rigorosa e materiais estéreis (agulha vai
dentro do canal vertebral, ao lado do SNC). Como sabemos que a ponta da agulha está
corretamente posicionada no canal epidural? Temos que palpar adequadamente o animal,
localizar o espaço lombossacro, punsionar o subcutâneo com a agulha (voltado cranialmente
para distribuir o anestésico naquela direção) e conforme passamos pele, subcutâneo e
musculatura, vou passar o ligamento supraespinhoso e infra espinhoso, mas para confirmar que
entrei no canal vertebral é quando passo o ligamento amarelo (ou flavo), sentimos como se
perfurasse um tecido grosso, resistência (escuta até um barulhinho). No entanto, não basta só
sentir passar porque animal muito pequeno não sentimos passar o ligamento. Outras técnicas
para confirmar que a ponta da agulha está no canal vertebral são: teste da gota pendente (antes
de passar o ligamento amarelo, enchemos o canhão – ponta da agulha - com um gota de
anestésico local, de maneira que quando passo o ligamento amarelo, a pressão dentro do canal
vertebral é subatmosférica, assim a tendência é a gota ser sugada; além disso, como na região
não tem tecido, vamos sentir uma baixa resistência ao administrar o anestésico local, não
tem pressão contra; podemos ainda utilizar seringas de baixa resistência, como de vidro que
quando passa o ligamento amarelo, o líquido desce sozinho porque não tem resistência
nenhuma.

Cuidados na administração: lenta (porque o bloqueio peridural acontece com o


anestésico local dentro do canal, que funde pela duramater, aracanoidea, tem contato com
liquido cefalo-raquidiano, entrando em contato direto com as fibras nervosas da medula,
e o segundo mecanismo é a difusão pelos forames intervertebrais que, na hora que as
emergências nervosas dos troncos nervosos que saem da periferia serão bloqueados,
fazendo múltiplos bloqueios paravertebrais), vez que se fizermos um alto volume ou muito
rápido, a tendência do anestésico local é migrar cranialmente, bloqueando estruturas torácicas,
comprometendo a ventilação, ou migrar para os forames intervertebrais, de maneira que a cadeia
ganglionar simpática está ali na região, podendo bloqueá-la, diminuindo a tonicidade periférica,
reduzindo pressão, reduzindo oxigenação (o paciente ficará dessa forma durante o tempo de
duração do fármaco, então ficarei tratando os sintomas durante todo esse tempo).
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Volume utilizado varia de acordo com a área que queremos insensibilizar, sendo que:
membro pélvico (0,2 ml/kg), abdômen baixo (0,26 ml/kg), abdômen alto (0,36 ml/kg), tórax
(0,5 ml/kg).
Relembrando a anatomia: diferença de onde a medula termina, no cão a medula termina
abaixo de L5 - L7, logo no espaço lombossacro não tem medula, só a cauda equina, não tem
risco fazer a epidural e lesionar a medula. Já no gato termina abaixo do S1, S2, logo uma punção
lombossacro na espécie felina, se não tiver cuidado, corre o risco de puncionar a medula causar
uma lesão, inflamação e até mesmo secciona-la. Por isso que, em felinos procuramos fazer
uma punção sacrococcígea (entre a última sacral e a primeira coccígea para reduzir o risco de
lesão medular nessa espécie).
Cuidado com os volumes: teremos que reduzir em até 20% do volume utilizado em
pacientes obesos e gestantes ao calcularmos o volume, porque senão esse alto volume pode
migrar cranialmente e causar complicações.
Contraindicação: dermatite no local de pulsão não deveremos fazer (risco de levar
contaminação), em paciente hipovolêmico, endotoxemico, desidratado hipotenso (pode dar um
bloqueio simpático e agravar a situação do paciente, temos que estabiliza-lo previamente,
aumentar a volemia e aumentar a pressão e posteriormente podemos fazer a epidural), paciente
com alterações anatômicas (paciente atropelado com fratura vertebral, coxal, não conseguimos
sentir o referencial, não temos certeza se estamos punsionando no local correto).
Podemos fornecer, associado a anestésicos locais, analgésicos epidurais: principalmente
opioides para incrementar analgesia do paciente como MORFINA e FENTANIL porque ao longo
de toda medula espinhal tem inúmeros receptores de opioides, principalmente do tipo Mi. A
Morfina na dose de 0,1 mg/kg podemos promover analgesia suplementar de 12 – 24 horas
porque depois de que foi absorvida, passou a dura-máter e atingiu a medula ela atua localmente
por muito mais tempo, logo, ganho qualidade e tempo de analgesia.
Complicações: depressão respiratória, bloqueio simpático, bloqueio motor prolongado,
lesão medular, contaminação.
a. Anestesia Epidural Sacrococcígea
É a punção entre a última sacral e a primeira coccígea, preferencialmente para felinos,
mas posso utilizar para cães, porém o espaço é menor.
Além disso, por mais que ela seja segura para felinos, nem
sempre conseguimos puncionar adequadamente (não
conseguimos palpar o espaço tão fácil e na hora de passar
a agulha e fazer o teste da gota pendente, nem sempre
suga). Mas existem alguns recursos tecnológicos que
facilitam o correto posicionamento da agulha, como os
neuroestimuladores, onde a ponta da agulha conduz
eletricidade, assim quando nossa agulha está próxima a uma inervação específica, quando a
inervação for estimulada contrai a musculatura que está inervando, que neste caso, na anestesia
sacroccocígea veremos a movimentação da cauda. Além disso, começamos uma
miliamperagem maior e a medida que esotu próxima a inervação a ponta do rabo começa a
mexer e vamos abaixando a corrente elétrica.
b. Anestesia Epidural Contínua
Em procedimentos dolorosos, prolongado, podemos utilizar um cateter peridural na
punção lombossacra (espaço maior), com agulhas específicas, cateter graduado que podemos
migra-lo até tórax, abdômen, de acordo com as estruturas que serão manipuladas ou que eu
queira promover analgesia (pode ser até Morfina, garantindo analgesia suplementar para aquele
paciente). Além disso, a assepsia tem que ser rigorosa.

5. Anestesia de Membro Pelvino


Faremos quando queremos trabalhar exclusivamente com um único membro pélvico,
quando fazemos uma epidural bloqueamos ambos os membros. Isso nem sempre é vantajoso
Isadora Pires Ferreira dos Santos

porque teremos bloqueio sensitivo e motor, assim na maioria das vezes se a cirurgia é rápida, o
animal ao retornar da anestesia não entende o que está acontecendo, voltam agitados e
ansiosos, rodar, se debater.
Os alvos são nervo femoral e o nervo isquiático, sendo que quando bloqueamos esses
dois nervos conseguimos trabalhar com o membro isolado (reduz o tempo de hospitalização, vez
que não podemos liberar o paciente enquanto a epidural está fazendo efeito).O nervo isquiático
inerva porção lateral e caudal de coxa, pele e musculatura, um pouco de fêmur, tíbia e fíbula na
porção lateral, assim, como o nervo é localizado pela face lateral do membro pélvico, entre
trocanter maior do fêmur e ísquio puncionamos nossa agulha indo em direção ao nervo isquiático.
No entanto essa punção é as cegas, podendo ocorrer 2 coisas: estar longa do nervo (bloqueio
não funcionar) ou chegar dentro do nervo e lesioná-lo. Ou seja, é um risco inerente a técnica do
bloqueio as técnica, mas se utilizamos um neuroestimulador, começaremos com uma
miliamperagem alta (estamos longe do nervo), quando vamos na direção correta começo a
estimular o nervo que começa a mexer alguma musculatura, de maneira que quanto mais
próximo chego do nervo se a miliamperagem estiver alta estimulo mais vigorosamente. No
entanto, se sei que estou na direção correta, posso reduzir a miliamperagem buscando a mesma
reação (leve), de maneira que quando eu estiver do lado do nervo e uma miliamperagem
reduzida (0,5 ma) quer dizer que a ponta da agulha está o mais próximo possível sem encostar
no nervo, sendo que se eu tiver entrado no nervo, uma miliamperagem de 0,2 estimulará o
musculatura. Logo, o neuroestimulados nos dá uma direção, nos ajuda a aumentar a eficácia
do nosso bloqueio e ajuda a reduzir o risco de lesão nervosa. No que diz respeito ao nervo
femoral, ele inerva a face medial e cranial é o nervo femoral, que passa entre os músculos
ileopessoas, sartório e pectíneo (fazemos um triangula entre os três músculos), mas no meio
desse triangulo passa a artéria femoral, sendo que o nervo femoral passa cranial e próxima a
essa artéria. Dessa forma, palpando a artéria femoral levemente cranial puncionamos e
administramos os anestésicos. É um nervo que passa bem superficial, mas o risco é fazer
intravascular, logo, antes de aplicar temos que aspirar para certificarmos que não estamos dentro
do vaso. Com o neuroestimulador, irá estimular o quadricepsfemoral e estender a articulação do
joelho (animal dá uns chutizinhos).

6. Orquiectomia
Em um macho, se queremos fazer uma orquiectomia (castração)
podemos utilizar, basicamente, 2 bloqueios: BLOQUEIO DO CORDÃO
ESPERMÁTICO ou BLOQUEIO INTRATESTICULAR. Ambos têm a
mesma eficácia, o que varia é a habilidade do indivíduo. Quando faço
bloqueio intratesticular, administro o anestésico local dentro do
testículo, tem que ser absorvido e migrar para o cordão espermático
(demando 1 -2 minutos para fazer efeito quando comparado ao bloqueio
do cordão). Mas ambos só bloqueiam o testículo, por isso temos que conversar com o cirurgião
para saber onde vai ser a incisão (escrotal, rafe escrotal ou pré-escrotal) para fazer um bloqueio
em linha (infiltrativo) do local onde ele vai incisar.

7. Anestesia membro torácico


Para em cirurgia em úmero, rádio, ulna, carpo, o
principal plexo que inerva o membro torácico é o plexo
braquial, que pode ser localizado: através do uso da
localização pelo plexo vascular – artéria axilar –, pelo uso de
estimuladores periféricos, ou ainda, através de
ultrassonografia. Como localizamos o plexo braquial? Entre
tubérculo maior do úmero e o acrômio, na porção medial do
membro introduzimos (no vazio do peito), sendo que se com
uma mão está posicionada na artéria axilar e outra estou
introduzindo a agulha, a hora que chegar na artéria axilar, quando a ocluir o pulso para, assim
Isadora Pires Ferreira dos Santos

sei que é nessa direção, nessa profundidade que terei que introduzir essa agulha para depositar
o anestésico local próximo ao plexo braquial. Essa técnica anestésica do plexo braquial são 4
troncos nervosos que dão origem a 8 diferentes nervos que vão para o membro torácico. Sua
eficácia às cegas é de 50%, porque nem sempre conseguimos atingir todos os troncos.

8. Anestesia Regional Perfusional ou de Bier


Muito utilizada para grandes animais (bovinos para amputação de dígito). Consiste para
mexer em porção distal de membros (remover dígito, tumor de pele) em que tenho que fazer
um garrote mais proximal do membro, indica a depois de que foi feito o garrote (ocluiu a
passagem de sangue para periferia e o RV, logo uma quantidade de sangue fica estagnada),
retirar o sangue parado e depois aplicar o anestésico local (lidocaína s/v). O tempo de garrote é
de no máximo 1 hora porque senão posso lesionar a circulação ou deixar o aporte de oxigênio
comprometido para aquela região. Ou seja, garrote proximal, canulou a cefálico e
esanguinar. Retiramos o sangue porque como está garroteado, o sangue fica estagnado, assim
se fizermos mais um volume o sangue pode regurgitar e romper.

9. Anestesia por Tumescência


Utilizada para mastectomias ou tumores cutâneos de grande abrangência. É uma
anestesia infiltrativa, mas com uma formulação especifica, não é um anestésico local puro,
fazemos um preparado de: Ringer Lactato (500 ml), Lidocaína s/v (40 ml), Adrenalina (1 ml)
e colocar na geladeira para resfriar até 5 – 8 ºC. Esse preparado vamos infundir ao redor da
massa tumoral 15 ml/kg. É uma técnica eficaz, dá uma analgesia trans e pós-operatória, mas
tem desvantagens. Como faço alto volume com um certo grau de pressão, o que acontece é que
o subcutâneo e a massa vão desprendendo (tem cirurgião que gosta e tem cirurgião que não
gosta), além disso como está resfriado sangra menos. Ao contrário, tem cirurgião que perde o
referencial anatômico (não sabe mais o que é lesado e o que é sadio). Além disso, como a
solução é resfriado posso deixar meu paciente hipotérmico e como passo com a agulha próximo
ao tumor, o que pode acontecer é desprender uma massa tumoral, cair na circulação, fazer
metástase em outros tecido.

10. Anestesia de Cabeça


São cirurgias que mexem em maxila, mandíbula e olho. Para todos esses procedimentos
temos que localizar forames para fazer o correto agulhamento. Primeira coisa é calcular a dose
tóxica, sendo eu cada volume por ponto é de 1 ml/kg.
a. Bloqueio Retrobulbar
Assim, se formos fazer uma cirurgia de catarata, temos que
conferir analgesia para globo ocular, tem que estar centralizado, qual o
principal nervo que faz inervação sensitiva paro o globo ocular? Nervo
óptico, mas os outros nervos que fazem rotação, contração e
centralização do nervo ocular são: oculomotor, troclear, abducente e
ciliares. Então, temos que bloquear todos esses nervos.
O retrobulbar ou intraconal é quando pegamos a agulha e
damos a volta em metade do globo ocular. Como que sei o
tamanho da agulha que vou utilizar é pegar o canto medial e o canto
lateral do olho e medir a agulha, sei que aquele comprimento é o
tanto que vou ter que introduzir da agulha para chegar dentro do
cone musculomembranoso atrás do globo ocular, onde teremos o
nervo óptico. Como vamos chegar lá atrás? Pelo canto medial e
ventral da órbita óssea, vamos entrar com a agulha entre a conjuntiva e a órbita, vai raspando
toda a parte óssea da órbita até chegar lá dentro, quando passamos a parte muscular sentimos
um barulhinho, quando depositaremos nosso anestésico ali. Riscos: perfuração do olho ou
lesionar o nervo óptico. Além de promover analgesia, bloqueio motor e centralizar, o
RETROBULBAR bloqueia o reflexo óculo-cardíaco (a estimulação excessiva dos nervos
Isadora Pires Ferreira dos Santos

oculares, vai conduzir ao SNC, para o nervo vago que libera acetilcolina, podemos ver uma
bradicardia e bradiarritmia intensa e até uma parada).
b. Bloqueio Peribulbar ou Extraconal
É um bloqueio que tem menor risco para mexer no globo ocular,
onde ao invés de utilizarmos um único ponto e chegar dentro do cone
musculomembranoso, faremos 2 pontos até a metade do caminho do
bulbo ocular, mas como estamos longe daquelas inervações temos que
fazer o dobro de volume pelo menos para ter
uma real eficácia do bloqueio, sendo que os
pontos de punção são: superonasal (porção dorsal
e medial da órbita óssea) e inferotemporal (medial
e lateral da órbita óssea). Cada ponto de punção
com 0,1 ml/kg do anestésico local. Neste bloqueio o
globo ocular ainda fica centralizado.
Ambos bloqueios atuam nas mesmas estruturas, mas um tem mais
risco do que o outro em lesionar nervos importantes.
O cão e o gato quando inconscientes o globo está relacionado, mas quando fazemos
esses bloqueios o globo fica centralizado. Por isso, temos que ficar cuidado quando estamos
monitorando o plano para olhar o plano correto.
c. Bloqueio do Ramo Oftálmico do Nervo Trigêmio
Quando queremos conferir uma analgesia suplementar para o globo ocular quando não
conseguimos fazer algum dos bloqueios anteriores, podemos utilizar o ramo oftálmico do
Nervo Trigemio que manda fibras sensitivas para o globo ocular. Como o localizamos?
Palpar o arco zigomático, ventral a ele e rostal ao ramo da mandíbula, entraremos com a agulha
perpendicular a pele até entrar e bater na fossa pterigoide do palatino, voltaremos um pouco com
a agulha e direcionamos a agulha caudalmente.

d. Bloqueio do Nervo Infraorbitário


Quando queremos trabalhar na porção rostral de maxila, mexer em incisivo, pré-molar,
canino, lábio, narina, do lado em que estamos bloqueando, bloquearemos o Nervo
Infraorbitário. Onde emerge esse nervo? No forame infraorbitário, localizamos dorsalmente ao
segundo e terceiro pré-molares, levantamos o lábio e conseguimos palpar o forame com o dedo
e introduzimos só a ponta da agulha porque é um canal, se entrarmos com a agulha inteira
podemos seccionar o nervo. Assim, entramos só com a ponta da agulha e depositamos o
Isadora Pires Ferreira dos Santos

anestésico local ali que vai insensibilizar toda a região rostral de pele, musculatura, ossos
e dentes.

e. Bloqueio do Nervo Mentoniano


Porção mais rostral de mandíbula, vamos bloquear o Nervo Mentoniano que está
emergindo através do forame Mentoniano. Localizamos ele ventral ao primeiro e segundo pré-
molares, palpa o forame e entramos apenas com a ponta da agulha e depositamos o anestésico.

f. Bloqueio do Nervo Mandibular


Agora, se quisermos mexer na mandíbula como um todo ou de um lado da mandíbula,
bloquearemos o Nervo Mandibular, quando localizaremos o Forame Mandibular que está no
ângulo da mandíbula na porção mais rostral, é nessa região que palparemos (encontraremos o
processo angular), introduziremos nossa agulha indo em direção ao último molar, na região mais
medial do ramo da mandíbula, indo em direção ao forame mandibular. Podemos manipular então
toda uma hemimandibula. Essa abordagem pode ser extraoral ou se for um animal grande que
conseguimos abrir bem a boca, podemos bloquear o nervo mandibular puncionando a ponta
da agulha atrás do último molar, quando cairemos próximo ao forame mandibular.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

g. Bloqueio do Nervo Maxilar


Se quisermos mexer em
maxila, tenho que bloquear o
Nervo Maxilar, é parecido
como bloqueio do Ramo
Oftálmico do Nervo Trigemio.
Logo, vamos palpar o arco
zigomático, ventral a ele e
rostal ao ramo da mandíbula,
entraremos com a agulha
perpendicular a pele até entrar e bater na fossa pterigoide do palatino, voltaremos um pouco com
a agulha e direcionamos a agulha cranialmente. Ou uma abordagem intraoral, com o paciente
de boca aberta, vou puncionar a nossa agulha ali e deposito o anestésico local.

Toda e qualquer técnica de anestesia locorregional tem que ter uma assepsia rigorosa.
Obs. Lesão nervosas: punção inadvertida, contaminação, contaminação do anestésico
local, comorbidade.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

14/05/2019

Não basta colocar o animal inconsciente se não prezarmos pela proteção neurovegetativa,
estabilidade do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático que se não tivermos promovendo
uma analgesia suficiente, a estimulação simpática excessiva vai liberar catecolaminas,
hormônios decorrentes do estresse e da dor que vão alterar a fisiologia do paciente.
DOR: experiência sensorial e emocional frente a um estímulo, lesão potencial ou
real (não necessariamente, um trauma, um incisão cirúrgica, por exemplo, são as únicas
situações que geram dor e desconforto nos animais; um exemplo é um animal que leva um
beliscão todo dia, de maneira que depois de um tempo só a presença gera dor, estresse e
ansiedade no animal, ou seja, associa a presença daquela pessoa a uma situação
potencialmente lesiva, não necessariamente um trauma direto é uma única situação que cursa
com dor). Ademais, a dor e o sofrimento são condições clinicamente importantes que
alteram a qualidade de vida a curto e longo prazo, de maneira que todas alterações que
decorrem do processo fisiopatológico da dor, se não tratadas adequadamente, de sinal
clínico pode virar patologia.
René Descartes imaginava que os animais eram associados a algo mecânico, não
possuíam alma, de maneira que aqueles processos dolorosos não eram sentidos pelos animais,
achava-se que o que é lesivo para nós não era lesivo para eles. Mas graças ao avanço da
tecnologia e da ciência, mostra que as vias de condução neural do homem e do animal são as
mesmas, ou seja, compartilham os mecanismos nervosos e neuro-humorais da patologia da dor.
Ou seja, os animais têm a percepção frente a um estímulo lesivo, mas não verbalizem o que
estão sentindo, logo, cabe a nós MV frente as suas alterações identificar a dor e saber o que
está acontecendo com o animal naquele momento.
A dor é o quinto sinal vital, junto com PA, FR, temperatura, faz parte da fisiologia. Tem
um propósito, por exemplo, estamos andando tropeçamos na cadeira, sentiremos dor, logo
quando voltarmos a andar tentaremos proteger a área lesada, andar longe de pessoas, de
maneira que continuamos utilizando o membro, mas temos um estímulo de proteção. Ou seja,
a dor fisiológica é benéfica, mas quando não tratada pode virar uma patologia, motivo pelo
qual temos que modular e controlar a dor nos diversos procedimentos pelos quais submetemos
nosso paciente. Porém o diagnóstico nas mais diversas espécies é muito difícil, não temos como
utilizar uma mesma escala para todas as espécies.
Obs. é muito tênue a linha da dor fisiológica para patológica.
DIAGNÓSTICO e CONTOLE DA DOR: temos que diagnosticar e controlar o máximo
possível a dor, sendo que é nosso papel tratar adequadamente a dor dos nossos pacientes,
garantindo as 5 liberdades: acesso à água, comida, ausência de medo, controle e conforto da
dor dos indivíduos.
FISIOPATOLOGIA DA DOR:
os caminhos da nocicepção da
periferia até o SNC. Na periferia, se
temos um estímulo térmico, mecânico,
pressórico (trauma, incisão de pele,
queimadura, por exemplo) tem que ser
transduzido em estímulo elétrico pelos
nociceptores da periferia, quando eles
são ativados, libera substancias
algogênicas (potássio, bradicinina,
estamina, prostaglandina,
prostaciclina, leucotrienos), que são
aquelas que sensibilizam os
nociceptores periféricos. Esse é o
primeiro passo, transdução na periferia. Da periferia, o estímulo elétrico é transmitido pelas
Isadora Pires Ferreira dos Santos

vias aferentes, até o corno dorsal da medula espinhal, sendo que nesta, a tendência de um
mecanismo de defesa envia um estímulo eferente de proteção para a periferia. Ou seja, o
arcoreflexo é um mecanismo de proteção. Da medula espinhal vai ser projetada para o SNC,
encéfalo, lá o indivíduo vai ter a percepção daquele estímulo doloroso, lesivo, de maneira que
cada indivíduo responde de maneira diferente, alguns são mais sensíveis outro mais resistentes
a um determinado grau de estresse e dor, sendo que como ele irá reagir vai variar de um
indivíduo e do outro. Assim, é importante conhecer os mecanismos de transmissão da dor
porque eles são nossos alvos terapêuticos para modular e controlar a dor.
Um animal sob anestesia geral não tem arcoreflexo presente (está inconsciente e imóvel),
não tem a percepção do que acontece, está inconsciente. Assim, durante a anestesia alguns
mecanismos que utilizamos para monitorar grau de desconforto e dor são abolidos, por
isso que durante a anestesia monitoramos alterações cardiorrespiratórias e endócrinas.

Consequências da Dor
1. Imunossupressão: quando a dor não é bem tratada, liberamos Cortisol, que em
excesso na corrente sanguínea causa alteração na capacidade de defesa, diminuindo sua
imunidade. Um paciente que chegou no hospital, estressa, passa por um trauma cirúrgico e no
pós-operatório não recebe analgésicos adequados, os altos níveis de Cortisol predispõem a uma
imunossupressão. É o animal que no pós-operatório pode ter um risco maior de infecção
associada ao procedimento. Além disso, a diminuição da imunidade causa deficiência ou retardo
cicatricial.
2. Propensão à caquexia: excesso de hormônios (glucagon, insulina, somatostatina)
promovem um estado de catabolismo, assim além de metabolizar glicogênio (oriundo do fígado)
para gerar energia, vai acabar utilizando gordura e muita proteína. Logo, paciente entra em
estado catabólico, começa a perder peso e massa muscular. É uma das consequências do
manejo inadequado da dor.
3. Comprometimento da perfusão renal: o excesso de catecolaminas, ativação do SNC
leva um desbalanço de: Aldosterona, Sistema Renina Angiotensina Aldosterona comprometem
a perfusão renal decorrente de um manejo inadequado da dor.
4. Alterações Cardiovasculares: o excesso de catecolaminas, a estimulação simpática
decorrente de um estímulo cirúrgico ou um pós-operatório que se sustenta (se você não está
fornecendo analgésicos suficientes), o excesso de adrenalina e noradrenalina circulantes
vão estimular o sistema cardiorrespiratório, paciente fica hipertenso, taquicárdico,
predispõe a taquiarritmias, hiperventilando. Sendo que se o paciente for idoso, cardiopata,
se não promovermos analgésicos suficientes, pode ser um gatilho para que ele acabe
descompensado (taquicardia excessiva), de maneira que aquele miocárdio que já está
insuficiente vai consumir muito oxigênio, de maneira que não tem a demanda, pode predispor a
áreas de infarto, taquiarritmia e colapso cardiorrespiratório.
5. Alterações de comportamento: são as alterações que mais conseguimos ver,
alterações espécies específicas. Em pequenos animais podemos alterar os padrões de sono,
alimentar menos, higienização diminuída (principalmente em felinos), animais mais arredio e
isolado. Já em grandes animais notamos que eles se isolam, afastamento; um equino atleta,
quando tem desconforto, começa a olhar para região afetada, perde desempenho, claudica.
5. Neuroplasticidade do Sistema Nervoso: a partir do que a dor se instala, não foi
devidamente tratada, perdurando por algum tempo. Nos nociceptores periféricos se os
estímulos forem contínuos, não forem tratados e todas as substancias algogênicas ficam
estimulando as fibras periféricas, elas vão se tornando cada vez mais sensíveis, até que
chega a um ponto em que qualquer estímulo que ocorra na região lesada, aquele estímulo
espalha mais facilmente, isso é o que chamamos de HIPERALGESIA. Ou seja, Hiperalgesia
é uma área que já foi sensibilizada (anteriormente precisava de alto limiar nociceptivo)
precisa de menor estímulo para ser sensibilizada (menor limiar nociceptivo), porque as
fibras nocicpetivas foram pré-sensibilizadas. Junto ou em situações que podem acabar
evoluindo, pode ocorrer ALODINIA, onde próximo a região que foi pré-sensibilizada ao
Isadora Pires Ferreira dos Santos

ocorrer um estímulo que anteriormente não era lesivo, só o fato do toque do tecido no braço,
por exemplo, só o fato de vestir uma camisa ou encostar levemente na região (seria um estímulo
pressórico), hoje, devido a sensibilização periférica, pode desenvolver ALODINIA. De
maneira que quando ambas estão instaladas, há toda essa sensibilização periférica e
central, evolui para um quadro de DOR CRÔNICA, porque não são apenas os nociceptores
periféricos que estão sensibilizados (lembrando, o estimulo sai da periferia é transmitido e
transduzido para a Medula e de lá é carreado para o SNC, que libera vários neurotransmissores,
o principal é o Glutamato, mas tem Catecolaminas - Noradrenalina e etc.). Assim, o SNC quando
a dor não for adequadamente tratada, cada estímulo que é para ele projetado libera muito
mais neurotransmissores, então tanto na periferia quando no SNC o paciente está
sensibilizado, motivo pelo qual a amplitude da dor é aumentada. Ou seja, a questão é
identificar o mais breve possível e tratar no momento da dor aguda, porque depois que virou dor
crônica não tem reversão, vira patologia.
6. Outras consequências da dor: AUMENTO DAS MORBI-MORTALIDADE, aumento
do tempo de internação.
Porém o diagnóstico, controle e tratamento da dor tem benefícios, de maneira que quanto
melhor for o conforto do paciente no pós-operatório, quanto melhor for nossa terapêutica
analgésica, mais rápido o paciente volta as suas funções biológicas (locomoção, alimentação,
interação); ao contrário quanto menor for nossa eficácia no tratamento da dor, mais tempo o
paciente tem que ficar sob avaliação médica, por isso teremos que fazer mais analgésicos,
intervir no paciente de outras maneiras, fornecer suporte alimentar (caso não esteja
alimentando), consequentemente, prolongamos o tempo de internação. A partir do momento que
começamos a implementar diagnósticos e terapêuticas efetivas, além do paciente ter o benefício
de ter toda sua função biológica preservada e conforto, a própria equipe médica tem benefícios
(autoconfiança do profissional).
No entanto, para chegar ao ponto de diagnosticar a dor em todas as espécies é um
desafio: não verbalizam, variação interespecífica, variação do tipo de dor (um animal não sente
a mesma dor que outra).
Realidade brasileira: estudo mostrou que a percepção e escores de dor é maior para
veterinárias mulheres (mais zelosas, mais criteriosas), em relação ao tempo de formado onde
viu-se que os profissionais mais recentes têm maior percepção da dor. Avaliou-se que aquilo que
promove dor para você promove dor para o paciente, quase 84% responderam que sim, no
entanto desse montante apenas 60% fornecia analgésicos preventivos (antes de uma cirurgia,
por exemplo). Além do mais, do total de veterinários pesquisados, apenas 40% consideram
suficiente o seu conhecimento sobre diagnostico e tratamento da dor.
Para tratarmos a dor temos que conhecer o inimigo, a dor, de maneira que não basta
conhecer as vias nociceptivas, já que dentro das espécies o comportamento aversivo tem que
ser reconhecido (são diferentes nas espécies).

Classificação da Dor
DOR AGUDA: dor inflamatória, trauma inicial que dentro de 24 – 72 horas tem seu
pico, conseguimos reconhecer mais facilmente e o tratamento é mais eficaz. Ou seja, é
mais fácil modular toda a sensibilização periférica e central (controlar todas as substancias
alogênicas).
No entanto, se não tratamos adequadamente, ela pode acabar persistindo (por mais
de 3 meses), pode ser classificada como DOR CRONICA ou MAL ADAPTATIVO, de sintoma
passa a ser patologia. É uma dor mais difícil de ser tratada porque terminações periféricas
e SNC estão sensibilizadas, assim precisamos de uma dose muito maior de fármacos,
convencionais e não convencionais, para conseguir tratar o indivíduo, de maneira que a partir
do momento que virou dor crônica será para o resto da vida, terá picos de oscilação
(momentos de melhora e piora - como por exemplo agudização).
Por isso que temos que combater o inimigo adequadamente porque se a dor não é
tratada no momento inicial perdura pelo resto da vida.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Dor negligenciada ou não diagnosticada: gastrointestinal (grande sensibilidade


abdominal, como ocorre em pacientes jovens com parvovirose, ao receitar buscopam ou dipirona
estamos subjulgando o desconforto abdominal do animal); dor oral (como reabsorção dentária
e estomatites - gatos com estomatite, pequenas lesões na cavidade abdominal, arde, gatos não
alimentam, logo não ingere alimentos, deveria dar um spray oral anestésico e dipirona);
pacientes oncológicos; ocular; procedimentos hospitalares (como raio-x e tomogradia -
posição pode deixar o animal até 4 dias com dificuldade de locomoção, além disso há uma
estimulação simpática pela posição, veremos taquicardia).

Reconhecimento da Dor
AVALIAÇÃO MULTIFATORIAL DA DOR: devemos avaliar vários parâmetros como:
fisiológicas, comportamento, resposta endócrina. Mas dependendo da espécie e da situação
podem ter diferentes respostas. Assim, quando trata dos PARÂMETROS FISIOLÓGICOS,
paciente com dor terá alto nível de catecolamina, FC, FR e PA aumentadas. Cães e gatos
são mais acostumados com o manejo diário com o homem, logo o contato não os levam a um
estresse de proximidade, já uma vaca que viveu no campo, não tem proximidade com o ser
humano, só de entrar numa baia com ela, o animal sofrerá de estresse por proximidade, ela irá
afastar, ficará ansiosa, liberará catecolaminas e aumentara os parâmetros fisiológicos, ou seja,
não devemos utilizar os parâmetros fisiológicos para avaliar a dor de todas as espécies,
utilizaremos mais para pequenos animais. De maneira geral, utilizaremos os parâmetros
fisiológicos no transoperatório, porque como o paciente está inconsciente, não tem
percepção da dor, não irá alterar seu comportamento, logo o único meio de avaliar a
qualidade analgésico no transoperatório é ver se o trauma e a manipulação cirúrgica está
desencadeando uma resposta simpática (aumento de FA, FR e PA). RESPOSTAS
ENDÓCRINAS, como cortisol e catecolaminas, podemos mensurar,
mas não é muito pratica, nem acessível, dosagem de cortisol e
catecolaminas demoram até 4 horas para ficar pronto o exame, além
de ser muito caro, não é pratica; no entanto, a glicemia tem relação
direta com as catecolaminas, quando podemos associar níveis
elevados de glicose com estresse.
COMPORTAMENTO, varia de acordo
com a espécie, mas normalmente
avaliamos: postura, comportamento,
alimentação, estimulação da
região lesionada, POSTURA DE
REZA em CÃES (tenta abaixar
porção torácica para diminuição do
abdômen), ARQEUAMENTO POSTURAL (grandes fazem
quando tem dor em locomotor), OLHAR PARA A REGIÃO
DOLORIDA (começa a rolar, escoiciar o flanco em caso de
equinos com dor abdominal); REDUÇÃO DA HIGIENE DIÁRIA
em FELINOS (pêlo do animal fica feio).
 Escalas para avaliação da dor
Ou seja, os comportamentos são espécie-específicos, motivo pelo qual surgem as
escalas da dor na veterinária, que são baseadas em comportamentos e parâmetros
fisiológicos para que consigamos quantificar a dor dos nossos pacientes. Em um score de
0-10: ABAIXO DE 4 é leve, de 4 – 7 é moderada, acima de 7 é severa. Assim, se o paciente
estava com dor 8, forneci analgésico e reduziu para 3 quer dizer que a terapêutica está
funcionando. Além disso, se neste caso oferecermos morfina e ao longo de 6 horas e o score
está baixo, de maneira que está passando o tempo da morfina, significa que podemos espassar
ela ou utilizar de um fármaco menos potente.
Assim, a quantificação de dor serve para quantificar a dor do paciente e avaliar
nossa conduta analgésica (trocar fármacos, reduzir doses, aumentar intervalo terapeutico). As
Isadora Pires Ferreira dos Santos

principais escalas utilizadas são as UNIDIMENSIONAIS servem para quantificar o escore de dor,
mas variam muito, são simples de 0-10, é visual, depende da experiência do MV, ou seja, tem
variação interindividual porque não tem técnicas especificas, mas são técnicas não invasivas e
rápidas (visualização de 30” a 1’).
1. ESCALA VISUAL ANALÓGICA: chego perto do paciente, baseado na experiência e
no comportamento da espécie, avalio a dor de 0 (ausência de dor) a 10 (pior dor possível), no
entanto cada profissional tem experiências e avaliações diferentes, por isso tem muitas variações
de MV para MV, vez que essa escala não diz quais parâmetros fisiológicos devem ser graduados
para graduar a dor do indivíduo.

2. DESCRITIVA SIMPLES: mesma coisa, porém de 1-5.

Existem outras escalas unidimensionais (comportamento específico), mas que


demonstram cada nível de comportamento. Existe, em bovinos uma escala, de maneira que você
avalia comportamentos específicos, sendo que você vai somando os comportamentos
encontrados, assim quando passa de 4 para cima, o bovino precisa de intervenção médica.
Já as ESCALAS MULTIDIMENSIONAIS, fazem uma associação de alguns parâmetros,
motivo pelo qual é uma escala mais sensível e mais específica, ou seja, são mais fidedignas em
mostrar qualquer alteração de
comportamento sugestivo de
dor.
1. COLORADO STATE
UNIVERSITY: para cães e
gatos, avalia comportamento,
apetite, locomoção, apalpação
da região lesada, interação. De
maneira, que cada
comportamento tem uma
escala que vai de 0-3, é mais
preciso e específico. Dessa
maneira, fazemos um
somatório e a escala vai de 0-
10 e você vai graduando,
quando passa de 6-7 tem que
intervir, fornecer analgésico.

2. ESCALA
MULTIFIMENSIONAL INTERATIVA UNESP BOTUCATU: para felinos, avalia postura, conforto,
atividade, reação a apalpação de ferida cirúrgica. Leva em consideração PA e apetite. É uma
das escalas mais completas.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

As escalas multidimensionais são mais completas, fidedigna, mas sensíveis mas demora
mais a se fazer (temos que passar por todos os parâmetros), enquanto as unidimensionais são
rápidas, simples.
A tendência hoje é avaliação através das
ESCALAS FACIAIS DE AVALIAÇÃO DE DOR. Isso
veio da medicina humana, um bebe demonstra que
está desconfortável pela careta, verbalização, onde
começou a fazer uma correção da dor com as
caretas. Assim, na veterinária, como o bebê e os
animais não verbalizam, essa escala foi extrapolar
para MV.
1. ESCALA FACIAL DE AVALIAÇÃO DA
DOR PARA OVINOS: avaliamos a posição das
pálpebras, posição das orelhas, tensão de
musculatura massetérica e mandibular, abertura de
narinas, abaixamento de cabeça.
2. HORSE GRIMACE SCALE: avalia posição
de pálpebras, orelha, abertura de narinas, avalia
crista mandibular e etc.

As escalas de
avaliação de dor pela expressão facial têm a vantagem de não precisar avaliar o comportamento
dos animais como um todo, não preciso interagir com o indivíduo, olho a expressão facial e
comparo com a escala.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Mas quando e como vamos avaliar? Qual escala vou utilizar? Vai depender da
familiarização, da equipe médica que está trabalhando, porque em caso de internação, por
exemplo, não há um único veterinário, logo temos que padronizar toda a equipe (que é mais
prática e mais efetiva para aquela equipe). Os momentos de avaliação são de acordo com a
intensidade da dor, da gravidade do processo doloroso do indivíduo e da terapêutica. Por
exemplo, se o analgésico dura 6 horas, 2 horas antes já avalio, para ver se tenho que administrar
antes. Agora, se deu 6 horas e ele está confortável, temos que espaçar ou trocar o fármaco e
vamos reavaliando de acordo com a terapêutica.

Terapêutica da Dor – ANALGESIA MULTIMODAL


Quais fármacos? Os principais fármacos que atuam na TRANSDUÇÃO são anti-
inflamatórios, opioides e anestésicos locais. Para bloquear TRANSMISSÃO DA PERIFERIA
PARA MEDULA ESPINHAL as principais classes são os Alfa 2 Adrenérgicos e Anestésicos
Locais. Já os fármacos que atuam a NÍVEL MEDULAR, existem diversos receptores na medula
(receptor opioide, alfa 2, N-metil-despartato), logo existe um gama enorme de fármacos que
podem ser utilizados. No entanto, a NÍVEL DE PERCEPÇÃO existem os opioides, alfa 2
adrenérgico e ansiolíticos (fenotiazínicos e benzodiazepínicos, não tem efeito analgésico
direto, mas modulam as percepções, reduzindo estresse, além de diminuir a quantidade de
analgésico necessário o que caracteriza uma Analgesia Multimodal).
Logo, ANALGESIA MULTIMODAL é uma terapia conjunta de diferentes classes
farmacológicas, utilizado também técnicas não farmacológicas, para isso utilizaremos do
sinergismo que aumentará a eficácia (utilizaremos diversas vias) e diminuirá os efeitos colaterais.
1. OPIOIDES: analgésicos mais potentes e eficazes, são de rápida ação e
possibilitam a titulação do requerimento de analgésico e modulação do controle
analgésico. Mas tem muitos efeitos adversos, quando associados a analgesia geral:
bradicardia, bradiarritmia, potencial liberação de estamina. Mas consciente veremos: vomito,
náusea, constipação. Quanto as espécies: gatos tendem a ficar eufóricos com opioides,
principalmente os Mi totais não tem percepção ao meio; equinos, podem promover movimentos
estereotipados de cabeça (mascando chicletes), troca de apoio, movimento de cabeça (para
cima, para baixo e para os lados), movimentação de lábio. Ou seja, nos equinos e felinos
podemos ver os efeitos de cabeça mais evidentes, porque associado ao receptor Mi temos os
principais efeitos adversos (cardiorrespiratórios e de comportamento) e justamente nessas duas
espécies esses efeitos são mais pronunciados.
1.1. Morfina: em pequenos pode ser por IV, IM, infusão contínua, doses de 0,2-0,5
mg/Kg IM, IV; 0,1 mg/kg em peridural; 0,12-0,25 mg/Kg/h por infusão contínua. Em equinos
como são mais sensíveis as doses são menores (0,005-0,3 mg/kg IM, IV; 0,1 mg/kg peridural;
0,05-0,1 mg/kg/h em infusão contínua). No entanto, geralmente em um cavalo com dor os efeitos
de comportamento não são tão evidentes ou não acontece, no hígido, sem dor, os efeitos
deletérios acabam acontecendo. Em ruminantes, os opoides podem ser utilizados, mas na
pratica clinica o acesso aos opioides já trava para utiliza-los como analgésico efetivo (0,1-0,5
mg/kg IM, IV; 0,1 mg/kg peridural; 0,12-0,25 mg/kg/h em infusão contínua). Os principais efeitos
adversos em equinos e ruminantes é a diminuição de motilidade do TGI, logo, pode predispor a
cólica (equinos) e timpanismo (bovinos). No entanto, se eu sei quais são os adversos,
monitoramos os possíveis efeitos adversos, junto com o monitoramento da qualidade da
terapêutica. Em um estudo, fizeram correlação entre os cavalos que passaram por uma cirurgia
e foram tratados com opioide desenvolviam cólica, notou-se que o cavalo que recebeu opioide
não teve maior porcentagem de cólica, no entanto, os benefícios foram diversos, como a
diminuição da internação, rápida recuperação. Ou seja, a questão é ter a noção de que se existe
efeito adverso, temos que monitorar esse efeito.
1.2. Metadona: é Mi total, mas possui um segundo mecanismo de ação além da
Morfina, que é o bloqueio dos receptores NMDA (antagonista N-Metil-Despartato). Ou seja,
comparada a Morfina, a Metadona é 1,3x mais analgésica. As vantagens são: não produz vomito,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

não libera histamina, só que os efeitos cardiovasculares (bradicardia e bradiarritmia) são mais
evidentes (interação maior com o Nervo Vago). Doses: Cães = 0,2-05, mg/kg IM, IV; Equinos
= 0,005 – 0,15 mg/kg IM, IV;
1.3. Fentanil: é o fármaco mais utilizado durante o transoperatório, principalmente
em pequenos animais, vez que é 100x mais potente que a morfina, além disso, um bolus
intravenoso tem período de latência de 30”, ou seja, é um excelente fármaco para modulação do
controle analgésico no transoperatório, o ajuste da terapêutica analgésica é mais fácil porque é
mais potente e latência curta. Em pequenos as doses são de 2,5-5 mcg/kg IV; 5-30 mcg/kg/h
por infusão contínua. Pode ser utilizado em pequenos ruminantes em doses mais elevadas (5-
10 mcg/kg IV; 5-30 mcg/kg por infusão contínua). Em equinos podemos utilizar Fentanil, mas
depende da idade. Um cavalo adulto, ao utilizarmos no transoperatório, animal tem muito efeito
adverso, porque ativa algumas áreas do SNC, aumentando a requisição de anestésico inalatório,
alguns podem não ter essa alteração, é uma caixinha de surpresa. Já no potro ele segue a lógica
dos pequenos animais, dos pequenos ruminantes, de maneira que durante a manutenção
anestésica, potros que recebem opióides reduzem requerimento de anestésicos gerais. As doses
para potros são: 2,5-5 mg/kg IV; 5-10 mcg/kg/h por infusão contínua. Além disso, outra vantagem
do Fentanil são os adesivos, os PATCHS que permitem a absorção transdérmica, fazendo uma
liberação lenta (tenho que depilar a região, efeito pode demorar até 48 horas), sendo que suas
vantagens: fármaco potente que pode deixar durante o pós e mandar para casa, conforto e
administração contínua. No entanto, os cuidados é que o indivíduo tem que ficar de colar para
não comer o adesivo e intoxicar; separar de outros cachorros; separar de crianças; até começar
a ser absorvido e ganhar concentração plasmática efetiva demorar de 12-16 horas, assim se ele
vai passar por procedimento cirúrgico é ideal colocar o patch 12-16 horas antes da cirurgia, para
ter um efeito ótimo após a cirurgia; ou se colocar o patch no pós operatório, tenho que dar outros
analgésicos nessas 12-16 horas.
1.4. Tramadol: mais difundido, porque tem menos efeitos adversos (quando
comparado aos Mi totais), mas não tem qualidade analgésica tão boa assim, sendo utilizado
para dor leve e moderada, geralmente associado a outros fármacos. Podemos utilizar para
pequenos, equinos e ruminantes. Para equinos tem limitações quanto ao seu metabolismo,
porque quando é absorvido, tem efeito analgésico direto, mas a maior parte é quando passa por
metabolização hepática e convertida em metabolito ativo (O-DESMETIL-TRAMADOL) que é
responsável por 80% da ação, no entanto o cavalo não faz essa mesma proporção, logo menos
efeito analgésico, motivo pelo qual deveria aumentar a dose quando veremos a redução da
motilidade do TGI, ou seja, é uma limitação da metabolização. Doses: cães 2-8 mg/kg IM, SC,
VO; equinos e bovinos 1-4 mg/kg IM, SC, VO.
2. AINE’s: bloqueiam a atuação das enzimas que convertem o ácido araquidônico em
prostaglandina e leucotrienos. Utilizado para dor leve e dor moderada-grave associado a outros
fármacos. Efeitos adversos: gastrointestinais, renais e coagulação.
2.1. Meloxicam: mais utilizado em pequenos, é preferencial a COX 2, então é mais
seguro em questão renal e proteção de mucosa gástrica por período determinado (acima de 5-7
dias o risco aumenta). Pode ser utilizado em equinos, tem um efeito analgésico muito bom, mas
é mais caro que outros analgésicos disponíveis, como o Flunixin Meglumine, por exemplo. Em
ruminantes pode ser utilizado mas o custo limita seu uso. Doses: Pequenos: 0,2 mg/kg 1º dias
por IV, IM, SC, VO; 0,1 mg/kg nos dias subsequentes IV,IM,SC,VO, de 24/24 horas. Equinos:
0,6 mg/kg IV, VO de 24/24 horas. Ruminantes: 0,5 mg/kg IV, VO de 24/24 horas.
2.2. Carprofeno: ganhado mais espaço para pequenos animais, principalmente para
estrutura óssea e articular, além disso, tem menor efeitos gastrointestinais e renais, pode utilizar
por mais tempo por isso. Pode utilizar em equinos mas fica muito caro. Doses: cães 2,2 mg/kg
(de 12/24 horas por VO); gatos 1-4 mg/kg dose única VO; equinos 0,7 mg/kg IV ou VO.
2.3. Cetoprofeno: não é seletivo para COX 2 mas é um excelente anti-inflamatório,
por isso tem maiores efeitos adversos, por isso posso utilizar em pacientes hígidos e jovens sem
problema gastrointestinal. Utilizado em cães e gatos na dose de 2 mg/kg no 1º dia por IV, IM,
SC ou VO; 1 mg/kg nos dias subsequentes.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

2.4. Flumexin Meglumine: mais utilizados em equinos, teoricamente é preferencial


COX 2, mas pega COX 1. Pode ser utilizado em ruminantes. Dose: equinos 1 mg/kg IM, IV ou
VO, de 24/24 horas, por até 5 dias; bovinos 1-2 mg/kg IM, IV ou VO, de 24/24 horas por até 3
dias.
2.5. Fenilbutazona: muito utilizado para equinos, ótimo anti-inflamatório, não é
seletivo. Mas o cuidado é porque pode ser por via oral, se pela IV tem que tomar cuidado porque
se fizer fora do vaso necrosa o local, temos que conferir se o acesso está dentro do vaso para
não dar uma inflamação e necrose. Dose: 2,2-4,4 mg/kg VO.
2.3. Dipirona: é um AINE atípico, analgésico leve, atua na COX3 que está no SNC,
ou seja, tem efeito aditivo quando associado a outros fármacos. Podemos utilizar em qualquer
espécie. Cuidado com felinos porque depende de metabolização hepática e essa espécie tem
dificuldade de metabolizar a Dipirona. Dose: cães, equinos, ruminantes 25 mg/kg IV, IM, SC,
VO de 68/8 horas; gatos 15 mg/kg IV, IM, SC, VO de 12/12horas.
3. ANTAGONISTAS RECEPTORES NMDA: quando bloqueamos o NMDA que evita a
liberação do glutamato que é um dos principais neurotransmissores excitatórios do SNC, mas
também é um dos principais neurotransmissores das vias nociceptivas. Assim, se bloqueamos
sua liberação é mais um alvo terapêutico que temos disponível.
3.1. Cetamina: principal e mais acessível, sendo que para promover analgesia as
doses são muito baixas, motivo pelo qual a incidência de efeitos adversos são menores. Doeses
subanestésicas: 0,25-1 mg/kg por IM, SC, IV.
4. LIDOCAÍNA INTRAVENOSA: além de ser utilizada com anestésico local, pode ser
utilizada em infusão contínua promovendo efeito analgésico. Podemos associar a outros
fármacos em infusão, como Fentanil, Cetamina, Alfa-2, para promover analgesia contínua
pegando diferentes alvos terapêuticos. Doses: bolus 1,3-2 mg/kg IV; infusão contínua 30-50
mcg/kg/min. Temos que tomar cuidado com felinos e equinos em longas infusões.
5. ASSOCIAÇÕES: FLK (Fentanil, Lidocaína e Cetamina) e MLK (Morfina, Lidocaína e
Cetamina). São três fármacos associados que tem mecanismos de ação diferentes, ou seja,
utilizamos menores doses e a qualidade analgésica é muito melhor. São associações que
podemos fazer no trans- operatório, mas também em um pós-operatório, dependendo da
gravidade da dor do paciente, mas o cuidado é que eles ficam em infusão contínua de maneira
que se não tivermos uma monitoração pode não ir nada ou ir muito se não tivermos bomba de
infusão.
6. AGONISTAS ALFA 2 ADRENÉRGICO: tem propriedades analgésicas, em doses
reduzidas quando associados a outros fármacos incrementam a analgesia, atuando na
percepção do paciente controlando o estresse gerado pelo processo doloroso. Doses: cães e
gatos: 0,25-1,0 mcg/kg IM, SC, IV.
7. BLOQUEIOS LOCORREGIONAIS: são a melhor alternativa para bloquear a
transmissão da via nociceptiva da periferia para a medula ou da medula para o SNC, de maneira
que todos os bloqueios conseguem insensibilizar uma grande ou uma pequena região do
organismo que está lesada. Dependendo do fármaco, pode ser: Lidocaína ou Bupivacaína.
Sempre calcular a dose tóxica = 2 – 3 mg/kg. Assim, quando administramos esses anestésicos
locais no pós-operatório, reduz muito a necessidade de analgésicos gerais e diminuição dos
efeitos adversos.
Ajuste terapêutico: DOR LEVE: primeiro utilizamos uma Dipirona, um anti-inflamatório,
Tramadol (dose baixa); DOR MODERADA: aumento o Tramadol, associo com uma Morfina,
Metadona; MUITA DOR: aumenta as doses utilizadas. Por isso, sempre temos que ponderar
efeito analgésico com efeito adverso, sendo que a questão mais fármacos (analgesia multimodal)
empregarmos, ponderamos nossa balança para analgesia sem efeitos adversos. Além disso,
controle analgésico não é receita de bolo (dipirona, tramadol e meloxican), existem animais que
não necessitam de tanto analgésico, ao contrário existem animais mais sensíveis em que
cirurgias menos agressivas necessitam de muito analgésico. Ou seja, existe uma variação de
sensibilidade individual.
21/05/2019
Isadora Pires Ferreira dos Santos

A fisiologia do cavalo é muito particular, primeiro porque o cavalo é uma máquina, toda
massa muscular (principalmente para esporte), causa uma grande
explosão e grande consumo de oxigênio, motivo pelo qual o
Sistema Cardiorrespiratório tem quer ser capaz de captar e
absorver oxigênio, perfundir e difundir todo oxigênio para os
diferentes tecidos. Além disso, o TGI, proporcionalmente as
demais, é muito maior. Ademais, os equídeos são mais sensíveis
a alguns fármacos (analgésicos, tranquilizantes e anestésicos),
sendo que até mesmo alterações em manejo e os cuidados com
sedativos, anestésicos e analgésicos, quando não utilizados em
doses corretas e não monitoramos o paciente, podem
comprometer o TGI e desenvolver cólica no pós-anestésico.
Por fim, a proporção muscular pode desencadear, em algumas situações, se não monitorarmos
pressão, perfusão e oxigenação, em Miosite e neuropatias pós anestésicas.
Um outro problema que nos deparamos é que existem espécies mais leves, como pônei
e até cavalos enormes de 850 kgs (Clydesdale). Além disso, outro entrave é o comportamento
do animal, alguns podem ser bem calmos, enquanto outros são mais arredios.
Desta forma, anestesia em equinos tem grandes desafios: particularidades fisiológicas,
farmacológicas (específicas da espécie) e o porte. Tanto é que o risco anestésico (mortalidade)
em equinos é de 1,9% (a cada 100 cavalos anestesiados, 2 vem a morte), isso porque a
fisiologia alterada, porte desses animais e os entraves na indução, manutenção e
principalmente na recuperação anestésica, levam ao aumento do risco. Por isso que os
procedimentos realizados nessa espécie, tentamos ao máximo realizar procedimentos em
estação (sedado com anestesia locorregional), mas há situações, principalmente as
emergenciais que isso não é possível.
Além disso, a rotina de procedimentos cirúrgicos em equino é a campo, motivo pelo qual
nos deparamos com alguns entraves: não ter todos os fármacos disponíveis, não temos toda
monitoração completa, não tem todos de emergência. Por isso que a acampo, temos que
ponderar se o animal tem condições de passar pelo procedimento e ver os recursos
disponíveis para diminuir o risco associado ao ato anestésico. Sendo que se nos deparamos
com casos mais graves o ideal é encaminhar o animal para um bloco cirúrgico.
Ademais, vamos ponderar se podemos trabalhar com aquele paciente a campo,
baseados: no paciente, no tipo de procedimento. Por fim devemos escolher um bom local para
realizar o procedimento. Assim, o local escolhido tem que ser seguro, de fácil acesso (para levar
todo equipamento para que possamos induzir e recuperar o cavalo de maneira calma e tranquila).
O local deve ser: plano, gramado fofinho, sem buraco, sem cercas próximas, porque na hora de
induzir e recuperar, o animal pode cair e levar você junto, machucando o MV e o animal.
Preferencialmente, se o procedimento for realizado em estação (só sedado) deve ser dentro de
tronco, para evitar possíveis complicações.
Por fim, temos que planejar o tempo de cirurgia e horário (olhar como está a previsão
do tempo), porque a maioria dos procedimentos ocorre à campo (normalmente o próprio clinico
faz a cirurgia e anestesia) sendo fundamental planejar o tempo, porque muitas vezes no meio do
campo não tem luz.
Ademias, em relação ao paciente, vai influenciar na escolha do protocolo e das doses:
raça, idade, sexo, temperamento e histórico. Por exemplo: Quarto de Milha e Manga Larga são
mais calmos, já os Árabes são mais indóceis, por isso teremos que utilizar uma dose maior nesta
última espécie. Já quanto ao sexo, garanhões precisam de doses mais elevadas, mas algumas
fêmeas, principalmente, recém paridas a égua fica agitada e nervoso (se formos mexer no potro
temos que sedar a mãe para que ela fique calma quando afastarmos o potro).
O ideal seria que buscássemos o maior número de exames complementares, quantos
forem necessários para aquele indivíduo, sendo ideal: hemograma, bioquímica sérica,
Isadora Pires Ferreira dos Santos

hemogasometria, hematócrito e proteína plasmática total. Mas a campo, conseguimos no


máximo hematócrito e proteína plasmática total, porque muitas vezes o valor zootécnico do
animal não é alto, então não vale a pena pagar todo o serviço, logo temos que ponderar o que é
ideal e necessário para aquele indivíduo.
Dessa maneira, como não dispomos dessa gama de informações, fazer um exame físico
minucioso é fundamental: ausculta cardíaca, pulmonar e traquial, motilidade do TGI, qualidade
de pulso, coloração de mucosas, TPC. Vez que essa é a nossa maior gama de informações
obtida quando trabalhamos a campo, por não dispor de exames complementares. Além disso,
avaliação física externa também nos ajuda a ponderar se temos condições ou não de operar o
paciente. Por exemplo: animal com laceração de pele, que está sangrando sem parar (mais de
2-3 horas), logo a volemia estará diminuída, logo menos hemácias e mais ricos para anestesia
geral. Ou seja, frente a alterações básicas, ponderamos os riscos. Outro exemplo, cavalo que
apresenta muita secreção purulenta pelas narinas, teríamos que fazer uma anestesia a campo
mas não dispomos de cilindro de oxigênio, não temos ventilador, logo o cavalo não conseguirá
ventilar adequadamente, complicando a cirurgia.
Ao avaliarmos o escore corporal, estamos pensando também em ALBUMINA, vez que
um cavalo muito magro não terá seu nível adequado, assim temos que lembrar que essa proteína
serve para carreamento do fármaco, sendo que o fármaco que faz efeito clínico é a fração
livre, logo um cavalo magro, com menor albumina sérica, teremos que reduzir as doses dos
fármacos.
Quanto ao histórico clínico, maioria dos cavalos, principalmente atletas, são tratados pelos
tratadores, logo o proprietário não costuma saber muito, por isso temos que buscar maiores
informações a respeito do histórico com o tratador ou com o veterinário da fazenda que
deu o primeiro suporte clínico. Isso é fundamental para não atrapalhar ou interferir na conduta
posterior.
Por fim, utilizaremos os preceitos de: anestesia balanceada (diferentes fármacos e
técnicas anestésicas para ter um efeito sinérgico, reduzir os efeitos adversos), utilizar fármacos
com efeito previsível (ou seja, naquela dose, por aquela via, terá um efeito estimado naquele
período, com efeito analgésico, sedativo e hipnótico), rápida ação e rápida recuperação (não
queremos o animal por muito tempo em decúbito, porque esta posição leva alterações
importantes de perfusão e oxigenação).
Preparação do paciente: ADULTOS: jejum alimentar de 8-12 horas e hídrico 2 horas;
POTROS (até 45-60 dias, reservas de glicogênio hepáticas estão muito baixas, risco maior de
hipoglicemia) jejum é de 2 horas no máximo, sendo que algumas situações, pode deixar o
potro mamar primeiro quando não começamos a preparar o local para anestesia, logo, nem
sempre pedimos para o proprietário deixar o potro em jejum antes, porque se demoramos a
chegar na fazenda, o jejum prolonga, logo, aumenta o risco de hipoglicemia.
A CAMPO trabalhamos com animais em estação ou sob anestesia geral, de maneira que
utilizamos para sedação: BOLUS (única administração do sedativo) ou INFUSÃO CONTÍNUA
(caso o procedimento seja muito prolongado). Assim, como normalmente a campo são
procedimentos menos invasivos (castrações, criptorquidas, laceração de pele), utilizamos bolus
associado a outras técnicas anestésicas, principalmente bloqueios locais.
É fundamental (apesar de muito MV não fazer) ACESSO VENOSO não é caro e é uma
via rápido em caso de emergência, sendo que a maioria dos tranquilizantes e analgésicos é
realizado por via INTRAVENOSA (efeito mais rápido, mais previsível e a maioria dos cavalos
aceita acesso pela jugular tranquilamente), então não precisamos fazer sedação pela via
muscular para depois fazer um acesso intravenoso nesta espécie. Além disso, se o paciente está
destratado, hipovolêmico, perdeu sangue, é pelo acesso intravenoso que faremos uma terapia
de suporte e estabilizar o indivíduo (fluido, transfusão de acordo com as situações da cirurgia),
ou seja, precisaremos do acesso para fazer uma estabilização prévia.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Sedativos – Equinos
Os fármacos sedativos utilizados para equinos são:
1. ALFA 2 ADRENÉRGICOS: XILAZINA e
DETOMIDINA. Como o cavalo se apresenta
quando sedado com Alfa 2 Adrenérgico?
Abaixamento de cabeça, pitose palpebral e
labial (relaxamento muscular intenso, olho fica
fechado, lábio caído), ataxia (arrasta a pinça o
casco, tropeça nele mesmo), quadrilátero de
apoio (abre as 4 patas para buscar mais apoio e
ficar mais estável). Felizmente, os Alfa 2
Adrenérgicos, possuem uma grande vantagem,
os ANTAGONISTAS a IOMBINA (da Xilazina e
da Detomidina). Ou seja, é um fármaco que tem uma propriedade relaxante e mioanalgésica
interessante e em uma situação de emergência, em que o animal
está demorando a retornar da sedação podemos utilizar o
antagonista. Além disso, essa classe farmacológica possui
analgesia visceral.
Ademais, mensuramos o quão
intensa está a sedação do cavalo, quando
mais próximo do chão está o seu focinho,
ou seja, quanto mais próximo o focinho
está do chão, mais evidente a sedação do
nosso paciente. Além disso, em uma sedação intensa o animal até
busca apoio (não é desejável em procedimento em estação. Logo,
temos que tomar cuidado com sedação
intensa, vez que queremos uma
sedação suficiente (animal calmo,
relaxado, tem relaxamento muscular,
mas não está tão atáxico, está estável, não escorrega dentro do
tronco, como na imagem ao lado). Temos que tomar cuidado
também porque como a tendência do animal é abaixar a cabeça,
quando sedado, pode ser que ele apoie a traqueia na régua de
contenção, comprima-a e acabe asfixiando, por isso que o ideal
é colocar um suporte para cabeça para elevar a cabeça e evitar
a compressão traqueal. Outro cuidado é respeitar o período de latência que é de 5 minutos
pela IV, vez que o mecanismo de ação dos Alfa 2 Adrenérgicos ocorre através da inibição da
Noradrenalina no SNC, assim, se manipularmos antes do período de latência, o animal fica
agitado, estressado e libera mais noradrenalina, logo a sedação estará ineficaz.
Efeitos Adversos dos Alfa 2 Adrenérgicos: bradiarritminas e bradicardias (não é tão
intenso quando comparado a pequenos animais), hipertensão seguida de hipotensão,
diurese, hiperglicemia e sudorese.
Doses: XILAZINA: 0,3 – 1,0 mg/Kg IV, latência de 5 minutos e duração de 30 minutos;
DEMETOMIDINA: 5 – 20 mcg/kg IV, latência 5 a 10 minutos e duração de 45 minutos até 1 hora.
Escolheremos o fármaco de acordo com o procedimento e o tempo estimado, sendo que
a DEMETOMIDINA é um fármaco mais seletivo, tem os efeitos sedativos mais evidentes e os
efeitos adversos são um pouco menos evidentes. No entanto, na prática clínica o que nos
direciona para escolha de um fármaco é o período de latência e o tempo de ação, porque a
diferença dos efeitos adversos é muito pequena entre os dois (diferencia da Dexmetomidina).
Obs. MOARES são mais resistentes a Alfa 2 Adrenérgico, logo, temos que aumentar em
até 50% a doses dos fármacos.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

REPIQUE: estamos trabalhamos com Alfa 2 Adrenérgico, a sedação está passando e o


procedimento não terminou, podemos readministrar o fármaco inicial de ¼ até 1/3 da dose
inicial para prolongar a sedação por mais 10/15 minutos.
Podemos utilizar infusão contínua de Alfa 2 Adrenérgico para procedimentos que
demoram mais tempo, o que traz mais estabilidade de
efeitos. Para isso, utilizaremos a seguinte taxa de infusão:
XILAZINA 0,5 – 1 mg/kg/hora; e DEMETOMIDINA 5-20
mcg/kg/hora. Temos que lembrar que antes de qualquer
infusão contínua temos que fazer uma dose bolus inicial
para atingir janela terapêutica e depois iniciamos a infusão
contínua.
Dicas de manejo para pacientes sedados: vendar
os olhos (não perdeu os sentidos, de maneira que se ele
não vê, reduzo a sensibilidade dele aos estímulos
externos), colocar gaze no ouvido (reduz o estímulo
sonoro).
2. FENOTIAZÍNICO: utilizado para sedar. O principal é a ACEPROMAZIA que é um
tranquilizante, não promove efeitos sedativos iguais aos Alfa 2 Adrenérgicos, mas reduz o
estresse, deixa o animal mais calmo. É muito indicado para transporte. Posso associar o
Fenotiazínico ao Alfa 2 Adrenérgico, aumentando o tempo de sedação. No entanto, os
Fenotiazínicos são desprovidos de analgesia e antagonistas, sempre utilizar anestesia
locorregional, nos casos cirúrgicos.
Efeitos adversos: vasodilatação, esplenorrelaxamento (com sequestro de hemácias),
exposição de pênis (cuidado com garanhões, porque quando o cavalo vai para cirurgia, o pênis
pode bater, lesionar, inflamar e edemaciar, assim o animal não consegue voltar o pênis para o
prepúcio; ou ainda, fica muito tempo com o pênis exposto, edemacia um pouco, se não fizer uma
ducha fria não retorna – mas isso não está na literatura e na prática).
Doses: ACEPROMAZINA (temos que evitar doses de bula, temos que reduzi-la) 0,03 –
0,1 mg /kg IV ou IM (este último tem maior período de latência, utilizamos em caso de animais
bravos), período de latência 20 – 50 minutos, efeito dura por até 1 hora.
3. OPIOIDES: podem ser incorporados associados a sedativos e tranquilizantes. Na
espécie equina o mais utilizado é o BUTORFANOL (agonista Kappa), porque os efeitos de
redução de motilidade do TGI são menores (quando comparados aos opioides Mi totais).
Excelente analgesia visceral e evidencia mais a sedação do Alfa 2 Adrenérgico. Ou seja,
se trabalharmos com XILAZINA e BUTORFANOL o abaixamento de cabeça, ataxia e
relaxamento muscular ficam mais evidentes, logo, temos que tomar cuidado quando
trabalharmos com os dois associados para reduzir a dose dos 2, tanto é que tem grande
propensão a queda dentro do tronco quando associados. Os opioides retardam o esvaziamento
gástrico.
Dose: 0,02 – 0,06 mg/kg por IV, latência de 10 minutos e analgesia de no máximo 2 horas.
Deve ser realizado, preferencialmente após o sedativo.
MORIFNA e METADONA: podem ser utilizadas, mas desde que tenhamos cuidado em
monitorar o paciente durante transoperatório e, também, no pós-operatório, porque os Mi
totais apesar de conferirem a melhor analgesia possível para o nosso paciente, os efeitos
adversos de intensa redução da motilidade do TGI são mais evidentes. No entanto, os últimos
estudos de morbimortalidade na espécie equina mostraram que não havia relação entre esses
fármacos e o desenvolvimento de cólica no pós-operatório, mas sim viu-se um efeito positivo ao
utilizar esses fármacos, com redução do período de internação porque o conforto analgésico é
melhor, consequentemente o animal volta mais rápido a suas funções biológicas, tendo alta
hospitalar mais rápida.
Ou seja, a campo não podemos utilizar Morfina e Metadona se não vamos monitorar
o pós-anestésico porque o proprietário vai ofertar feno e ração, logo há maior chance de dar
Isadora Pires Ferreira dos Santos

problema. Agora, se ficarmos de 6/8 horas monitorando o indivíduo podemos utilizar esses
fármacos.
Doses: 0,1 – 0,3 mg/kg IV lento ou IM; IC será 0,05 – 0,15 mg/kg/hora. Duração é de até
6 horas.
Obs. Ao aplicarmos Opioides Mi totais (Morfina e Metadona) em equinos que não
apresentam dor, eles aumentam a atividade do SNC, logo, o se cavalo estava sedado com
Xilazina veremos uma sedação menos intensa, mas o grau de tolerância aumenta, o que
traz mais estabilidade para o procedimento, vez que o cavalo está com uma analgesia
melhor e mais estável dentro do tronco (não está trocando apoio). Por isso, muitas vezes
vemos uma associação melhor dos Alfa 2 Adrenérgicos com Mi totais.

Anestesia Geral Intravenosa


Podemos fazer a campo (castrações, hemiorragias, tenotomias, animais inqueietos),
quando induzimos e fazemos a manutenção a campo. Lembrando que antes de qualquer
protocolo de anestesia geral temos que fazer avaliação pré-anestésica, medicação pré-
anestésica (sedativos que acabamos de ver).
1. DISSOCIATIVOS: utilizado na indução anestésica, mantém FC, PA normal (ou até
elevado), não deprimem função respiratória. Ou seja, a campo se tornam fármacos muito
seguros, vez que buscamos fármacos que menos deprimem a função cardiorrespiratória. No
entanto, vemos catalepsia (rigidez muscular), logo temos que buscar associar aos dissociativos,
fármacos miorrelaxantes, os Benzodiazepínicos.
Doses indutoras: CETAMINA 2 – 3 mg/kg IV, latência 1 – 2 minutos, associar a
Benzodiacepínicos (Diazepam e Midazolam) na dose de 0,05 – 0,1 mg/kg; TILETAMINA -
ZOLAZEPAM 1,2 – 2 mg/kg IV, ruim recuperação e caro. Repique: ¼ a 1/3 das doses iniciais
administradas.
2. TIOBARBITÚRICOS: é o TIOPENTAL SÓDICO, utilizado como fármaco indutor, pode
ser utilizado na prática, intenso relaxamento muscular, mas efeitos cardiorrespiratórios são
muito mais intensos, deprimem mais função cardíaca e respiratório, ou seja, podemos ver
alguns momentos de apneia transitória no cavalo quando induzimos com Tiopental, de maneira
que muitas vezes a campo não temos mecanismos de ventilação, motivo pelo qual utilizamos
mais os Dissociativos. Cuidado que PH é alcalino, inflama e necrosa quando fora do vaso.
Doses: 5 – 7 mg/kg IV.
Caso os procedimentos a campo sejam maiores é recomendando fazer INFUSÃO
CONTÍNUA, para não aplicarmos um Repique atrás do outro (montanha-russa), que é mais
seguro e os efeitos são mais estáveis. Os fármacos utilizados para INFUSÃO CONTÍNUA são:
1. ÉTER GLICERIL GUIACOL 5 – 10%: tem propriedades miorelaxantes, hipnóticas. É
um fármaco que promove miorrelaxamento e inconsciência, mas quando muito ruim. Logo, temos
que utiliza-lo associado a outros fármacos.
Doses: indução 50 – 100 mg/kg; manutenção 100 – 200 mg/kg/hora. Promove
miorrelaxamento e inconsciência de maneira que quando utilizado isolado é ruim, temos que
utilizar associado a outros fármacos.
2. TRIPLE DRIP ou GOTEJAMENTO TRIPLO: EGG (5-10%) + CETAMINA (2 mg/ml) +
ALFA 2 ADRENÉRGICO (XILAZINA 1 mg/kg; DEMETOMIDINA 20 mcg/ml). Isso traz analgesia,
miorrelaxamento e inconsciência a campo. Além do mais, os efeitos da Cetamina fazem com
que estimule Sistema Cardiovascular, logo PA e FC são mantidas ou até elevadas (maior
estabilidade).
Taxa de infusão do Triple Drip: 1 – 2 ml/kg/ hora.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Nessa associação PA tende a estar elevada, isso é bom, mas temos que pensar que todo
o corpo do cavalo não está sendo profundido corretamente, vez que seu próprio peso está
comprimindo determinadas regiões. Assim, por mais que a PA esteja alta, nem sempre uma
quantidade de sangue oxigenado suficiente está chegando
aquelas regiões. Por isso que sob anestesia geral a campo
sob essa associação o cavalo pode ficar no máximo 1
hora e 30 minutos a 2 horas, porque a PA estará boa, mas
as regiões em relação ao solo estarão hipoperfundidadas,
consequentemente, se não damos suporte de oxigênio,
aquelas regiões estarão hipoxêmicas, logo o risco de
desenvolver neuropatias e lesão muscular no pós-
operatório podem acontecer se o período de
anestesia for muito prolongado.
Além disso, em uma anestesia geral a campo
temos que tomar muito cuidado com
posicionamento de: membros, cabeça e olhos. O
ideal é (imagem ao lado): cabeça bem esticada (facilita
ventilação), colocar um pano embaixo do olho e focinho
(não entrar nada no olho), proteger o olho que está
para cima e os membros dependentes (membros
debaixo) sempre traciona-los cranialmente (o próprio
membro que está em cima como é muito pesado pode
comprimir, levando a miopatias ou, em membros
torácicos, comprimir o nervo radial e levar a uma lesão
até mesmo irreversível e ficar arrastando o membro).
MONITORAÇÃO ANESTÉSICA: reflexos protetores presentes, mas reduzidos
(estamos utilizando anestesia dissociativa); globo ocular rotacionado mediamente (não fica
toda esclera aparecendo - na porção caudal do globo aparece um triangulo com a escrelera).
Associada, o padrão respiratório, frequência respiratória, frequência cardíaca são utilizadas para
monitorar a campo através de estetoscopia,
amplitude torácica, FR e coloração de mucosas. O
cavalo jamais pode apresentar nistagma (está na
transição do 3ª para o 2º estágio, quase a ponto de
movimentar, temos que fazer um REPIQUE porque
quando estiver com nistagma o tempo de vermos até
ele movimentar ocorrerá em poucos minutos), que é
sugestivo de superficialização.
TERAPIA DE SUPORTE: podemos levar tubo
de oxigênio (canula nasal – 10L/min), traqueotubo,
fármacos (inotrópicos, vasopressores e antagonistas).
Na imagem ao lado temos um método improvisado
(estudo publicado em uma revista científica) para
ventilar animais mais velhos e debilitados em uma
cirurgia a campo.
RECUPERAÇÃO: sinais de recuperação, como
sei que o cavalo pode levantar? Poderá levantar
quando demonstrar sinais de consciência (ausência
de nistagmo, olhando para você, mexendo orelha a
medida que os barulhos vão acontecendo); força
muscular condizendo com o grau que julgamos que
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ele vai conseguir levantar (medimos força como cavalo no chão até que não consigamos mais
segura-lo). Recuperação pode ser livre (cavalo levanta sozinho) ou assistido por corda (coloca
corda no cabresto e outra na cauda para dar
equilíbrio). Preferencialmente, sempre que o
cavalo for levantar temos que estimula-lo e deixa-
lo em decúbito esternal (alguns não ficam), é bom
porque ele se situa melhor (cavalo levanta
primeiro membro torácico, então a pessoa da
cabeça dá direção). Além do mais, esse campo
tem que ser em um local longe de cerca,
obstáculos e buracos para que se ele não levante
bem, não ocorra maiores intercorrências.

Anestesia Geral Inalatória


Utilizamos em pacientes críticos, procedimentos prolongados, cirurgias de alta
complexidade, quando dispomos de ventilação mecânica. No entanto, para utilizarmos deste
método de anestesia, temos que utilizar medicação pré-anestésica, fazer uma indução
anestésica e posteriormente intubar o paciente, de maneira que após estes passos podemos
fornecer o anestésico inalatório.
Assim, temos que conhecer primeiro a sala de indução anestésica. Diferente dos
pequenos animais, onde conseguimos ir titulando os efeitos dos anestésicos, nos equinos
utilizamos uma dose padrão (dose cheia) porque não podemos correr o risco de o cavalo ficar
no 2º estágio da anestesia, mas se isso acontecer a
sala de indução deve ser toda acolchoada porque se
ele começar a se debater, ele bate uma parede fofinha.
Durante a indução vamos precisar de 1 ou 2 pessoas
para fazer o
direcionamento,
porque o cavalo
tende a sentar e
posteriormente
ele deita (uma pessoa o direciona). Assim, após aplicar o
fármaco indutor temos que esperar o período de latência (a
pessoa da cabeça direciona e a pessoa da cauda empurra-
o gentilmente). Além disso, em alguns locais tem a sala
acolchoada com algumas cancelas, que direciona o
cavalo, este é um sistema mais seguro para o anestesista
e o para o cavalo.
Para intubação, ao contrário dos cachorros onde podemos abrir a boca, colocar o laringo,
ver as aritenóideas e ver o traqueotubo passar, o cavalo tem a articulação temporo-mandibular
muito limitada, não conseguimos abrir a boca, colocar o
laringo e ver a traqueia. Faremos a intubação às cegas.
Assim, temos que deixar o animal posicionado lateralmente,
focinho alinhado com coluna e nuca, colocaremos um abre-
bocas (para não estragar o traqueotubo), puxaremos a
língua para o lado e no momento da inspiração, quando as
aritenoideas abrem, é que passamos o traqueotubo
(podemos palpar o esôfago e oclui-lo).
No que diz respeito ao transporte até a sala de
cirurgia, utilizaremos uma talha, prenderemos pelas patas,
o cavalo será içado, ocorrerá o transporte até o bloco
cirúrgico e posicionaremos o animal adequadamente na
mesa cirúrgica, ou seja, distribuir a musculatura e deixa-lo alinhado porque se ela está em
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decúbito dorsal a coluna tem que estar reta, para não gerar desconforto na hora de recuperar,
membros não podem estar totalmente estendidos e nem totalmente flexionado, para não dar
miopatia ou neuropatia para evitar as lesões. A mesa deve ser preferencialmente bem
acolchoado para não comprimir musculatura e nervo). Já em decúbito lateral, devemos ter
mesmo cuidado em relação ao campo, membros dependentes sempre tracionados cranialmente.
Os principais gases anestésicos inalatórios utilizados em equinos são ISOFLURANO e
SEVOFLURANO. O Halotano já caiu em desuso. Sendo que os efeitos adversos (dose-
dependentes) deles são: redução da resistência vascular sistêmica e vasodilatação,
consequentemente temos que ter uma terapia de suporte para melhorar a pressão e perfusão
do cavalo.
Assim, podemos utilizar outros fármacos ao anestésico inalatório que tenham
propriedades miorrelaxantes, analgésicas para reduzir o requerimento do anestésico inalatório
geral, sendo que os mais difundidos são: LIDOCAÍNA que tem propriedades procinéticas, anti-
inflamatórias, analgésicas pela via intravenosa (reduzindo requerimento de gases anestésicos),
logo podemos fazer uma infusão contínua na dose de 25 – 50 mcg/kg/min ou bolus de 1,3
mg/kg; MORFINA que reduz o requerimento de gases inalatórios em bolus de 0,1 – 0,3 mg/kg
IM ou IV lento ou infusão contínua de 0,05 – 0,1 mg/kg/h; BUTORFANOL que tem um efeito
controverso vez que não reduz e também não aumenta o consumo do anestésico inalatório, mas
incremente a analgesia do paciente, pode ser bolus 0,03 – 0,06 mg/kg IV ou infusão contínua
de 0,015 – 0,03 mg/kg/hora; CETAMINA pode associar a infusão contínua porque tem
propriedades hipnóticas, aumentando o grau de consciência, mas contrabalanceia os efeitos
adversos do anestésico geral, o bolus de indução é de 0,3 mg/kg IV e infusão na taxa de 2-10
mcg/kg/min; ALFA 2 ADRENÉRGICO fornecemos para aumentar o miorrelaxamento e conferir
analgesia visceral, Xilazina a 0,3 – 0,6 mg/kg/hora ou Detomidina 5 – 10 mcg/kg/hora.
MONITORAÇÃO ANESTÉSICA SOB ANESTESIA INALATÓRIA: muda quando
comparado a campo (base era dissociativa) porque os
reflexos protetores serão abolidos, logo, globo ocular
rotacionado, reflexo palpebral medial e lateral
ausentes, lacrimejamento não existe mais, mas
estará presente o reflexo corneal (fechar gentilmente a
pálpebra, o cavalo, quando você solta, tende a piscar –
se o reflexo estiver ausente está no 4º plano do 3º
estágio, está muito profundo), nistagma ausente. Sendo
que nistagma ou ficar piscando espontaneamente são
sugestivos de uma superficialização. Além disso,
utilizaremos eletrocardiografia para ver frequência e arritmias (FC normal de um cavalo adulto
é de 24-42 BTM), oximetria de pulso (carreamento de hemoglobina periférica tem que estar
acima de 92% - o ideal para animais grandes é a gasometria arterial, mas nem sempre é
possível), capnografica (35 – 45 mmHg), pressão arterial (mínimo 70 mmHg – maior pressão
para perfundir melhor toda massa muscular). Sendo que o tratamento de hipotensão está
relacionado à sua causa base, se está hipovolêmico faço fluido, se está vasodilatado faço um
vasoconstritor, se está com baixo DC por inotropismo faço um inotrópico positivo.
Obs. Particularidade do cavalo: o DC e a PA são muito mais dependentes do inotropismo
do que da frequência, então na maioria das nossas condutas o fármaco para aumentar a
PA do cavalo é um inotrópico positivo, a Dobutamina (1 – 7 mcg/kg/min). No entanto, se
o cavalo não está respondendo a Dobutamina, devemos mensurar o cálcio (cardiomiócitos
necessitam de cálcio) de maneira que se suplementarmos com sais de cálcio podemos
melhorar o inotropismo.
DECÚBITO DORSAL: a própria massa muscular torácica vai comprimir o pulmão que vai
diminuir a capacidade ventilatória, logo toda a massa visceral vai comprimir diafragma que
comprime pulmão, cada vez mais comprimindo a ventilação do animal, motivo pelo qual temos
que colocar o cavalo em respiração mecânica, para maximizar absorção de oxigênio e excreção
de dióxido de carbono. Em DECÚBITO LATERAL vamos monitorando, se está mantendo
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oximetria e capnografia mantemos, mas se estiver ficando hipoxêmico utilizamos ventilação


mecânica.
ASSOCIAÇÃO COM GÁS COMPRIMIDO EM EQUINOS: não evita áreas de atelectasia,
só piora a ventilação do cavalo. Então, como alternativa à mistura de gases, faremos oxigênio
quase a 100% e utilizaremos a PPEP quando expiramos não sai todo gás que está no pulmão,
resta a capacidade residual funcional, de maneira que sob anestesia podemos modular essa
capacidade, de maneira que quando o ventilador deixou o cavalo expirar, ele mantém uma
pressão dentro da via área que mantém os alvéolos abertos, evitando áreas de atelectasia.
RECUPERAÇÃO DA ANESTESIA INALATÓRIA: o cavalo tem que sair inconsciente
do bloco cirúrgico para ir para baia de recuperação anestésica, motivo pelo qual quando
ele deita na baia de recuperação, ele ainda tem uma alta concentração de anestésico
inalatório em SNC, circulando, que será eliminar pela via pulmonar. Assim, a partir do
momento que ele deitou na baia de recuperação, ele tem que ficar pelo menos 30 minutos
em decúbito para ficar ventilando e eliminar o máximo possível do anestésico inalatório.
Alguns animais tentam levantar antes desse tempo, então para aumentar o tempo de chão
podemos: medir força com o cavalo (podemos reesedar com Alfa 2 Adrenérgico em doses
baixas, 0,2 – 0,3 mg/kg de Xilazina; ou ainda utilizar Acepromazina para que o animal fique mais
calmo e não levante no 2º estágio de anestesia). Além disso, em grandes cirurgias a face do
animal fica edemaciada, comprometendo a respiração do
animal, logo podemos utilizar de duas técnicas para
EVITAR OBSTRUÇÃO DE VIA AERA SUPERIOR: passar
uma sonda de espera
em uma das narinas
(medimos da narina
até o canto lateral do
globo ocular, porque
quando levantar uma
narina está aberta,
logo cavalo consegue respirar bem); pode deixar o
traqueotubo e deslocar lateralmente no espaço
interdentrário, porque o cavalo fica muito bem entubado,
mesmo acordado.
Então são duas
alternativas para evitar o colabamento.
Para levantar, podemos deixar o cavalo livre ou
utilizar duas pessoas para auxilia-lo direcionando a
cabeça e outra pessoa na cauda. O ideal é deixa-lo em
cima de um colchão macio, próximo a parede para que
na hora que ele levante encontre apoio na parede.
REITRODUÇÃO DE ALIMENTO: 4-6 horas
após o procedimento, sendo que iremos fornecendo
gradualmente, de maneira que no 1º dia após as 4-6 horas ofertaremos feno molhado e ponta
de capim, não forneceremos nada que vai compactar ou produzir gás, água pode fornecer
normalmente, sempre monitorando o TGI.
COMPLICAÇÕES: lesão corneana (se não protegermos o olho do animal durante a
anestesia); miopatias e neuropatias.

Anestesia em Potros
Não podemos anestesiar igual a um cavalo adulto, porque possuem
muitas diferenças metabólicas e fisiológicas, vez que a maturidade hepática
está reduzida, excreção renal não é 100%, susceptíveis a hipotermia e
hipoglicemia. Logo, temos que estar atentos a fármacos que dependam
Isadora Pires Ferreira dos Santos

muito de metabolização hepática, excreção renal e que possam alterar glicemia, pressão e
temperatura.
SEDAÇÃO DE POTROS: BENZODIAZEPÍNICOS que em potros tem um excelente efeito
sedativo, tanto Midazolam e o Diazepam (dose de 0,05 – 0,15 mg/kg IV) a sedação produzida
deixa o potro bem atáxico ou até mesmo em decúbito, são muito sensíveis, sendo que se for um
procedimento muito invasivo associamos a um Anestésico Locorregional ou Opioide (Butorfanol
0,05 - ,01 mg/kg IV, sendo que se for mais invasivo posso utilizar Morfina e Metadona para
incrementar a sedação); DISSOCIATIVO pode ser utilizado para indução, mas temos que tomar
cuidado porque apesar de ter o efeito de manter a FC, PA e estimular a respiração, deve ser
utilizado em uma única dose (Cetamina 1,5 – 2,0 mg/kg IV) porque a metabolização é hepática
e a excreção é renal, como o animal é muito novo, prolonga sua
recuperação.
ANESTESIA EM POTROS: dar-se-á preferência a indução e
manutenção com PROPOFOL porque tem vias extra-hepáticas de
metabolização (pulmão, plasma, intestino, rim), logo não tem um efeito
cumulativo tão grande quanto no potro, por isso, posso fazer bolus (1 – 2,5
mg/kg IV), bolus intermitente e até infusão contínua (0,05 – 0,15 mg/kg).
RECUPERAÇÃO EM POTROS: preferencialmente junto da mãe
monitorando: padrão respiratório, temperatura, glicemia e aleitamento
(quanto antes voltar ao aleitamento mais seguro e confortável para os dois).
28/05/2019
Anestesia Locorregional em Equinos
Sempre que possível em um protocolo sedativo ou de anestesia geral, devemos associar
técnicas de anestesia locorregional, pois são mais efetivas para bloquear a via nociceptiva
de transmissão, consequentemente o uso de anestésicos, sedativos e analgésicos será
reduzido, além de melhorar a recuperação anestésica. Além disso, esse bloqueio é utilizado
em procedimentos em estação.
FÁRMACOS: utilizaremos os mesmos de pequenos, LIDOCAÍNA (7 mg/ks s/v; 9 mg/kg
c/v) BUPIVACAÍNA / ROPIVACAÍNA (ambas na dose de 2 mg/kg s/v e 3 mg/kg c/v).
Ademais, os referenciais anatômicos são similares (basicamente os mesmos), mudam um
pouco o posicionamento.
1. BLOQUEIOS DE CABEÇA: utilizado par procedimentos oculares, odontológicos e
seios paranasais.
1.1. Bloqueio Nervo Infraorbitário: faremos quando vamos
trabalhar com porção rostral de maxila, como: mexer em incisivos, canino,
porção de narina e lábio superior, dentição do primeiro molar, seio maxilar,
assoalho da cavidade nasal e pele até o canto medial do olho. Como

localizaremos esse nervo?


Palparemos o forame
infraorbitário, sendo que no
cavalo ele é mais evidente,
assim para localizaremos
com a mão, palparemos com
polegar e o dedo médio a
incisura nasoincisiva e
porção rostral da espinha da maxila, de maneira que bem ao meio desse percurso acharemos o
forame infraorbitário. No entanto, recobrindo-o encontraremos o músculo elevador nasolabial, de
maneira que com o próprio indicador deslocaremos esse músculo dorsalmente, quando
conseguimos palpar o forame que é bem evidente. Por fim, não podemos entrar com a agulha
inteira devido ao risco de seccionar a inervação. Volume: 5 – 7 ml de anestésico local.
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1.2. Bloqueio nervo maxilar: insensibilização


de toda maxila, utilizamos quando queremos mexer em:
pré-maxila, seios paranasais, cavidade sinusal, dentição
até últimos molares. A
localização é a mesma de
pequenos, palpamos o arco
zigomático, na porção rostral e
ventral a ele, entramos com
uma agulha longa (5 até 10 cm,
depende do tamanho do
cavalo) com um ângulo de 90ºC, perpendicular a apele, entramos
com a agulha até bater na fossa piterigoídea do palatino, de
maneira que não precisamos redirecionar rostralmente, mas
podemos redirecionar a agulha (imagem ao lago), no entanto, as
duas abordagens tem a mesma eficácia anestésica. Volume: 10 –
15 ml de anestésico local.
1.3. Bloqueio do nervo mandibular: quando queremos mexer em
mandíbula, como: bloqueio ispsilateral
de ossatura, dentição. Localizaremos
através da demarcação de uma linha com
mesa dentária e uma segunda linha no
canto lateral do globo ocular, de maneira
que teoricamente, onde essas duas linhas
cruzarem é onde passa o nervo mandibular.
Mediremos o comprimento de agulha e
inserimos a agulha na porção medial da
mandíbula indo em direção ao ponto em
que as linhas se cruzaram, chegando o

mais próximo possível do Nervo Mandibular


(dependendo do tamanho do cavalo, agulha pode
ser de 15 – 20 cm). Mas, podemos entrar caudal ou
ventral ao corpo da mandíbula, sendo que caudal é
mais curto o caminho. O tamanho da agulha vai ser
onde as duas agulhas se encontram, até a volta da
maxila (igual a imagem). Volume: 15 – 20 ml de
anestésico local.
1.4. Bloqueio Nervo Mentoniano: utilizado para trabalhar com porção rostral de
mandíbula, como incisivos e sínfise mandibular, para isso teremos que localizar o forame
mentoniano, que fica no meio do espaço
interdentário, só precisamos de deslocar o lábio
para baixo, localizaremos o forame e
introduziremos a ponta da agulha, apenas. Volume:
lábio inferior 5 ml de anestésico local; tecido mole,
ossatura e dentição 10 ml de anestésico local.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

1.5. Bloqueio Nervo Auriculopalpebral: indicação para procedimentos


oftalmológicos, onde veremos a acinesia da pálpebra
superior e não irá bloquear as fibras sensitivas, ou
seja, cavalo está acordado, mas não quero que ele tenha
reflexos de piscar (inibe função motora). Onde
localizamos? Na borda
dorsal e mais caudal
do arco zigomático,
bem causal sentimos
um cordãozinho
(inervação) conforme
palpamos, não podemos canular o nervo, então depositamos
o anestésico paralelo a inervação, depositaremos e
massagearemos para que ele se difunda ao redor da
inervação. Doses: 2- 5 ml de Lidocaína. Se fizermos uma
sutura na pálpebra, o animal vai sentir porque o Nervo Auriculopalpebral só tem fibras motoras,
não tem fibras sensitivas.
1.6. Bloqueio do Nervo Supraorbitário: analgesia de nervo sensitivo para pálpebra
superior (2/3 dela, medial e meio do olho), teremos que
localizar o forame supraorbitário, logo,
na porção dorsal e medial da órbita
óssea, conseguimos palpar o forame e
o Nervo Supraorbitário quando
emerge neste forame, dá origem a
vários ramos, logo o volume
administrado pega ½ a ¾, de maneira que temos que aplicar ao redor do
forame para pegar todos os nervos. Já a outra ½ a 1/3 teremos que pegar
a ponta da agulha e administrar lá dentro, para dar eficácia ao bloqueio.
Está localizado no forame supraorbitrário, que está na. Volume: 3 – 6 ml
de anestésico local. Além disso, se vamos mexer na maxila, temos que
bloquear a ossatura por isso o maxilar, mas, teremos que bloquear o
Supraorbitário para bloquear a pele da testa (ainda sim posso fazer
uma infiltrativa).
1.7. Bloqueio do Nervo Lacrimal: bloqueamos as fibras
sensitivas da comissura lateral e superior da pálpebra.
Palparemos a orbita óssea, na porção lateral um pouco dorsal, bem
no subcutâneo, vamos aplicar margeando em linha o anestésico local.
Volume: 3 ml de anestésico local.
1.8. Bloqueio do Nervo Zigomático: bloqueia a pálpebra
inferior, entre a comissura lateral e medial do globo ocular, vamos
palpar a órbita óssea e fazer um cordão anestésico para promover
analgesia para pálpebra inferior.
1.9. Bloqueio do Nervo
Infratroclear: último bloqueio para conferir
analgesia total do olho, bloqueio medial da pálpebra inferior,
localizaremos na porção medial, um pouco dorsal, infiltraremos um
cordão do anestésico local. Volume: 3 ml de anestésico local.
Assim, se fizermos esses 5 bloqueios conseguimos
promover analgesia e bloqueio motor das pálpebras. No tanto,
se formos mexer no globo ocular teremos que bloquear o globo
ocular.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Além disso, como alternativa, podemos fazer uma anestesia infiltrativa, ou seja,
puxar um alto volume e infiltrar ao redor de todo globo ocular. No entanto, esse é um
bloqueio inespecífico, teremos que utilizar um maior volume de anestésico local, mas é
uma técnica válida quando esquecemos os referenciais anatômicos e tem a mesma
eficácia para promover analgesia e bloqueio motor. No entanto, a anestesia infiltrativa
promove o edemaciamento do tecido, o que muitas vezes atrapalha o cirurgião que não
consegue ter certeza do que é saudável e o que não é.
1.10. Bloqueio do Nervo Retrobulbar: indicado para mexer
em globo ocular, fazer uma enucleação. No entanto, tem uma forma fácil
de acessa-lo, na fossa orbital do globo ocular que fica caudal ao globo
ocular, tem uma depressão, de maneira que perpendicular a fossa orbital,
entraremos com a agulha até o ponto que passamos a musculatura,
sentiramos uma resistência passando, que são os músculos orbiculares,
entraremos dentro do cone membranoso formado pelos músculos
orbiculares, sendo que dentro do cone está o Nervo Óptico. Para fazer
esse bloqueio o animal tem que estar bem relaxado porque senão animal
pode mover e seccionar o nervo, preferencialmente utilizaremos agulha de
menor calibre. Volume: 10 – 12 ml de anestésico local.
2. BLOQUEIO DE MEMBROS:
2.1. Bloqueio do Nervo Digital: porção posterior de
membros, porção palmar ou plantar de casco. Onde
localizamos? Abaixo da articulação metarcarpo ou metatarso,
bilateralmente (axial e abaxial), sendo que palpamos, nos dois
lados, e sentiremos o pulso da veia/artéria digitais, de maneira que
paralelo a artéria, puncionaremos e depositaremos o anestésico
local no volume de 5 – 7 ml de anestésico local. Mas por que
fazemos um alto volume se o volume está
muito próximo a veia? Porque se estão muito
próximos da artéria e da veia, a
vascularização é maior, logo tenho que fazer
um volume maior porque a área é muito
vascularizada, ou seja, quando aplicou
volume maior, ganho tempo de ação em uma
área muito vascularizada.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

2.2. Bloqueio do Nervo Sesamoideano Abaxial: quando


queremos mexer com a porção de casco inteiro. Onde localizamos?
Borda proximal dos sesamoides proximal, de maneira que cada lado do
sesamoide palparemos e sentiremos um cordãozinho, de maneira que
paralelo ao nervo (com uma agulha hipodérmica), como está no
subcutâneo, depositaremos no local, quando bloqueamos face dorsal
de membro e plantar/palmar do casco. Volume: 3 – 5 ml de
anestésico local.
2.3. Bloqueio 4 pontos baixos: para bloquear a porção
distal do metacarpo e falanges, para isso teremos que bloqueamos os
nervos metacarpianos/metatarsianos e palmares/plantares. Como
estaremos bloqueando 4 inervações diferente esse bloqueio tem esse
nome, vez que bloqueia um pouco do metacarpo e toda região de falange.
Onde vamos bloquear os nervos Metacarpianos/Metatarsianos? Entre o
ligamento suspensor do boleto e o osso do metacarpo, palparemos na face
lateral e medial, entraremos com um ângulo de 45º. Como
bloquearemos os Palmares/Plantares? Palparemos o
tendão flexor profundo e o ligamento suspensor do boleto
(musculo interósseo). Assim, bloqueamos o final do
metatarso e toda a região falangiana.
2.4. Bloqueio de 4 pontos altos: porção mais proximal do
metacarpo/metatarso, faço o mesmo bloqueio, mas mais proximal para
aumentar a área de metacarpo inseibilizada.
2.5. Bloqueio do Nervo Ulnar, Mediano e Musculocutâneo:
mexer em metacarpo, como bloquear o Nervo Ulnar? É localizado 7-10 cm
acima do carpo acessório (osso ao lateral do corpo), na face caudal posterior entre os músculos
carpo-ulnar e ulnar lateral, de maneira que entre eles veremos um sulco,
introduzirmos nossa agulha (0,5 – 1 cm) e administrar o anestésico local
no volume de 5 – 10 ml. Associado a ele, bloquearemos o Nervo
Mediano que fica no aspecto medial do membro torácico no terço
proximal de rádio e ulna, então entre a borda posterior do rádio (caudal)
e o musculo flexor do carpo radial, palparemos o osso, isolaremos o
músculo flexor radial do carpo, introduziremos a agulha 4 cm e
aplicaremos o volume de 10 – 15 ml de anestésico local. Por fim, para
bloquear o membro como um todo falta bloquear o Nervo
Musculocuâneo que fica na face medial do membro, margeando a veia
cefálica, assim, pegaremos o volume de 7 – 10 ml de anestésico local e
na borda caudal da cefálica, administrar no subcutâneo o anestésico
local. Bloqueando os três, do terço médio de rádio e ulna para porção
distal do membro torácico está bloqueado. CUIDADO: podemos fazer
como animal em estação, mas temos que tomar cuidado como fármaco
utilizado porque esses nervos têm fibras motoras, logo se após a cirurgia, retiramos o animal do
tronco, ele pode ter um déficit motor, cair e acabar lesionando.
2.5. Bloqueio do Nervo Safeno Tibial Fibular: porção média de tíbia e fíbula do
membro pelvino, anestesia distal ao tarso, temos que bloquear os Nervos: Safeno, Fibular
e Tibial. Nervo Safeno está na face medial do membro pelvino, margeando a Veia Safena,
pegaremos o volume de 10 ml de anestésico local e infiltramos caudal a Veia Safena (2 cm de
profundidade), insensibilizando a porção medial e distal do membro pelvino. Já para Nervo Tibial
que bloqueia porção caudal do membro pélvico, localizaremos acima do jarrete (articulação do
tarço), uns 15 cm, entre os tendões do gastrocnemio e do flexos superficial dos dedos,
isolaremos essas estrutura, colocaremos a agulha a profundidade de 2 cm com volume de 10
ml. Por que estamos fazendo altos volumes se estamos bem nos tendões? Porque esta
Isadora Pires Ferreira dos Santos

profundidade de agulha não chega ao lado dele, porque quando mais


profundo maior o risco de seccionar, então aumentamos o volume para que
o anestésico se difunda e tenha maior eficácia do bloqueio. Faemos o maior
volume porque agulha não consegue chegar até o nervo (não consegue se
difundir bem, utilizamos volumes maiores). Nervo Fibular na face lateral do
membro pelvino, entre musculo digital lateral e o extensor digital comum,
palparemos e separaremos esses dois músculos quando puncionaremos
entre 2 – 5 cm de profundidade, faremos em 2 pontos, um superficial e outro
mais profundo, depositando 10 ml de anestésico local em cada ponto,
quando conseguiremos bloquear a face lateral do membro pelvino do
cavalo, trabalhando desde o terço médio de tíbia e fíbula para baixo. Safeno
é só sensitivo, Fibular e Tibular são motores, cuidado para o animal não
machucar.
Obs. INDEPENDENTE DA ESPÉCIE, antes de qualquer técnica de anestesia
locorregional, TEMOS QUE CALCULAR A DOSE TÓXICA.
3. PERIDURAL: técnica para trabalharmos em regiões posteriores, bem
especificamente em vulva, cauda, períneo, anus. Depositamos o anestésico local dentro do
canal vertebral, bloqueando as emergências nervosas. No entanto, na espécie equina, para
procedimentos obstétricos, o ponto de pulsão é sacrococcígeo ou intracoccígeo, o que o
anestesista estiver mais familiarizado, ambos são bem grandes. Volume de Lidocaína é de 0,015
ml/kg vez que este é um volume que não vai migrar cranialmente suficiente para bloquear o
membro pélvico (cavalo fica muito ansioso, não recupera bem), por isso que para cavalo adulto
peridural é utilizada para mexer na região mais caudal de vulva e anus. Podemos associar a
Morfina, mas no campo o fármaco mais disponível e que confere algum grau de analgesia é a
Xilazina na dose de 0,17 mg/kg (pode ser sozinha
ou associada a Lidocaina, de maneira que
associada eu prolongo a qualidade analgésica e
aumento a duração da peridural). Como
realizamos a peridural em equinos? Antissepsia,
animal contido dentro do tronco,
preferencialmente com algum grau de sedação,
levantamos e abaixamos a cauda (movimento de
alavanca) para palparmos o ponto sacrococcígeo
e intracoccígeo, de maneira que como o cavalo
está consciente, a agulha é longa, faremos na
pele e subcutâneo um botão anestésico (0,5 – 1
ml de Lidocaína) para insensibilizar a pele, porque
o percurso da agulha é longa e se o cavalo mexer,
corre o risco de entortar a agulha. Assim, vamos
introduzindo-a lentamente, colocamos uma gota
de anestésico local no canhão da agulha para que
quando passe o ligamento amarelo a gota seja
sugada. Além disso, temos que administrar
lentamente o volume da peridural (1 – 2 minutos), porque se fizermos muito rápido pode migrar
cranialmente e levar a algum grau de bloqueio motor e o animal cair dentro do tronco. Antes de
começar a cirurgia temos que testar se funcionou (período de latência da peridural é de 15 – 20
minutos), pinçamos a região próxima a vulva pode ser que não tenha funcionado.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

Em ruminantes, o valor zootécnico do indivíduo é um fator limitante, porque muitas vezes


é mais barato descartar o animal do que trata-lo, assim, temos que ponderar o valor do protocolo
em relação ao valor do animal, com a conduta que vamos realizar a campo, sempre preservando
o conforto, segurança e analgesia do paciente. Ademais, temos que selecionar a melhor técnica
prezando o conforto do indivíduo.
Esses animais tem uma tolerância muito grande à contenção e manuseio físico, por isso
muito dos procedimentos podem ser realizados só com a contenção física e anestesia local; ou
ainda com uma tranquilização; o que nos possibilita a realizar diversos procedimentos com o
animal acordado, como: cirurgias locais, laparotomia, cesariana, descorna, amputação de dígito,
etc. Isso traz mais segurança pois evita o uso da anestesia geral, sendo que o risco nesses
pacientes é maior do que em pequenos animais, além de ponderar os custos.
No que diz respeito a fisiologia, temos que salientar as particularidades do Sistema
Digestório. O rúmen é uma câmera fermentativa absurda, uma vaca adulta produz de 30-40 litros
de gás por hora, logo, se houver uma falha no manejo, na escolha dos fármacos ou uma
propensão individual, a motilidade do TGI pode ser reduzida e o animal não conseguirá mais
erucctar, nem soltar flatulências, além disso, a ingesta vai acumular, levando a uma maior
fermentação, maior produção de gás, o rúmen começa a distender comprimindo a Ceia Cava
Caudal, consequentemente diminuindo o RV, DC, PA e a perfusão tecidual, animal apresentará
quadro de Timpanismo.
Além disso, a distensão das vísceras abdominais irá comprimir o diafragma,
comprometendo a dinâmica ventilatória do Pulmão, logo reduz capacidade de reabsorver
oxigênio. Ou seja, animal já estava perfundindo pouco, agora esse pouco irá com pouco oxigênio,
quando podemos ver um quadro de hipóxia severa por uma falha no jejum (não deveria ter
alimentado o animal antes da cirurgia).
Ademais, na hora de posicionar o animal em decúbito lateral ou dorsal temos que drenar
as secreções salivares, para não obstruir via aérea superior e levar a um quadro de asfixia, por
exemplo.
Por outro lado, o ruminante tem maior propensão a vomitar em decorrência dos
tranquilizantes e sedativos que promovem o relaxamento do cárdia esofágico, logo aquela
ingesta que está acumulada nos pré-estômagos pode acabar voltando e pode ocluir via
aérea superior, quando o animal pode aspirar e desenvolver uma Broncopneumonia.
Ou seja, essas peculiaridades acabam aumentando os riscos anestésicos quando
comparado a pequenos e equinos.
Por outro lado, ruminantes podem ser de diferentes tamanhos e pesos, de maneira que
enquanto cabras e ovelhas tem peso de cachorro, ao contrário, existem bois maiores, de alto
peso, logo ao coloca-lo em decúbito, se não cuidar com acolchoamento, poderemos ver áreas
que hipofundidas e o desenvolvimento de Miopatias e Neuropatias.
Além disso, no que diz respeito aos EXAMES COMPLEMENTARES o custo destes é
muito alto e muitas vezes devido ao preço zootécnico do animal, o dono geralmente não quer
investir. Então na prática clínica o ideal seria que fossem realizados, mas é muito difícil de
acontecer, por isso o conhecimento semiológico, o exame clínico e físico minucioso e bem
conduzido é muito importante e traz muitas informações. O proprietário tem que estar consciente
sobre os riscos gerados pela espécie, pelo tipo de procedimento e pela falta de informação.
Quando formos selecionar os fármacos temos que pensar sobre o temperamento do
animal que varia muito com a raça: Jersey, Angus e demais raças europeias geralmente são
mais calmas, já a raça Nelore é mais arredia.
Antes de qualquer procedimento anestésico, inclusive sedação, o jejum é fundamental,
porque se errarmos, o pouco de ingesta dentro do rumem pode fermentar e distender muito
levando a um quadro mais grave. Por isso, em PEQUENOS RUMINANTES o jejum sólido é de
24 horas e hídrico de 6-12 horas. Já em BOVINOS ADULTOS, o jejum tem que ser mais
estendido (porque o tempo de esvaziamento gástrico é mais lento) de 48 horas e hídrico de 12-
Isadora Pires Ferreira dos Santos

24 horas, no entanto, esse jejum é escalonado, ou seja, diminui a alimentação


gradualmente, no 1º dia animal come metade, no outro dia 1/3 e no dia da cirurgia não
come nada, isso faz com que não haja comprometimento da microbiota e reduz o risco de
regurgitação e Timpanismo. Já para NEONATOS fazemos jejum de 2-6 horas ou não
realizamos, porque como são jovens, a reserva de glicogênio hepático é menor, então aumenta
o risco de hipoglicemia.
Quando estivermos no campo o ideal seria trabalhar com contenção física, mas nem
sempre é possível, para procedimentos em estação necessitamos de utilizar o tronco. Além
disso, sempre que possível, podemos realizar procedimentos com animais contidos com
corda, o que gera estresse e liberação de cortisol e catecolaminas. No entanto, para promover
decúbito as vezes só com a sedação é insuficiente, então podemos fazer tranquilizantes,
sedativos e MPA para ficar mais fácil de fazer a contenção e reduzir o estresse. Sempre
podemos associar a contenção química com a física quando necessário.
O acesso venoso deve ser realizado sempre que julgar necessário,
mas ele ajuda muito, seja pra
readministrar sedativo, tranquilizante,
para ser uma via de emergência, fazer
fluido, etc. Os pontos de acesso
variam: BOVINOS podemos canular
na jugular e veia marginal da orelha;
CAPRINOS e OVINOS podemos
canular a jugular, veia marginal e
veia cefálica.

Medicação Pré-Anestésica
Preferencialmente utilizamos o conceito de neuroleptoanalgesia (tranquilizantes ou
sedativos associados a analgésicos). Assim utilizo diferentes classes, obtendo efeito sinérgico,
além de reduzir os efeitos adversos. Os fármacos controlados que utilizamos como Morfina,
Metadona, Meperidina podem ser utilizados a campo, mas com cuidado porque tem muitos
efeitos adversos.
1. FENOTIAZÍNICOS: utilizamos a ACEPROMAZINA que é um tranquilizante em
ruminantes. Temos que utilizar a dose de 0,05 – 0,1 mg/kg IV ou IM, de maneira que a dose
acima de 0,1 não aumenta o efeito tranquilizante, só aumenta os efeitos adversos quais sejam:
vasodilatação, hipotensão, sequestro de hemácia pelo Baço, exposição peniana. Quando
a vaca é sedada com Acepram, entra em um estado de tranquilização, um pouco mais sonolenta,
menos reativa ao manuseio e não entra em decúbito. Ou seja, é utilizado para procedimentos
de estação sem que corra o risco de o animal cair dentro do tronco. No entanto, esse
medicamento é desprovido de analgesia.
2. ALFA 2 ADRENÉRGICO: aumentam o grau de sedação e tem característica de
analgesia visceral. Mas tem que tomar cuidado, porque como o animal fica miorrelaxado e
atáxico, ele começa a se escorar no tronco, querer se deitar e ficar deitado. Por isso quando
quisermos realizar um procedimento em estação temos que tomar cuidado pois o risco de queda
Isadora Pires Ferreira dos Santos

é maior por causa do miorrelaxamento intenso. Os efeitos adversos são: bradicardia,


bradiarritmia, hipomotilidade (chance maior de Timpanismo), decúbito, contração uterina
(tomar cuidado com animais prenhas no terço final da gestação, risco de aborto) e hipertensão
seguida de hipotensão. No entanto, a propensão a esses efeitos quando comparados a
pequenos animais é menor. Ademais, entre as diferentes espécies de ruminantes, os que tem
maior sensibilidade aos Alfa 2 são os caprinos, depois os bovinos e por fim os ovinos. Temos
que ponderar então a dose do fármaco em relação a espécie. Além disso, dentro dos bovinos,
temos diferença de sensibilidade, sendo que os Bos indicus são muito mais sensíveis que os
Bos taurus. Entre todas as espécies: o mais sensível é a cabra, depois bovino, ovino, cão e gato,
equino e depois o suíno.
Há relatos que em ovinos o uso de alfa 2 adrenérgico há propensão de desenvolvimento
de edema pulmonar (vai dar hipertensão pulmonar, vasoplegia e a ativação de macrófago no
leito vascular pulmonar vai lesionar o endotélio vascular extravasando líquido e células para o
interstício), sendo que isso é causado por todos os Alfa 2, em qualquer dose e qualquer via.
Dose: XILAZINA 0,02-0,05 mg/kg IV ou 0,1-0,2 mg/kg IM; DETOMIDIN 5-20 mcg/kg IV
ou IM. IOMBINA é o antagonista, de maneira que para antagonizar os efeitos adversos
(lembrando que também antagoniza os efeitos benéficos de sedação, analgesia e
miorrelaxamento) será necessário 0,15 mg/kg.
3. BENZODIAZEPÍNICOS: MIDAZOLAM e DIAZEPAM. O risco do efeito paradoxal não
existe, promove sedação leve a moderada. Em animais novos promove uma sedação
moderada a intensa, ou seja, promove decúbito. Além disso, promove miorrelaxamento, sem
propriedades analgésicas. Produz o mínimo de alterações cardiorrespiratórias e sempre
que formos utilizar deve estar associado a um fármaco que produz efeitos analgésicos
(protocolo de neuroleptoanalgesia). Dose: 0,05 – 0,1 mg/kg IV.
4. OPIOIDES: promovem analgesia, utilizados junto com os tranquilizantes e sedativos.
MORFINA, BUTORFANOL, TRAMADOL e MEPERIDINA incrementam muito no nosso
protocolo, fazendo com que a sedação seja mais eficaz/evidente, no entanto, esses fármacos
que reduzem motilidade do TGI. Ou seja, podemos utilizar desde que ocorra monitoramento
no trans e no pós-operatório (até que o tempo de duração do fármaco tenha acabado), pois ele
pode acabar timpanizando ou distendendo. Na clínica, como temos pessoal que monitora o pós-
operatório tem menos risco. Doses: MORFINA 0,05-0,3 mg/Kg; BUTORFANOL 0,03-0,2 mg/Kg;
TRAMADOL 2-4 mg/Kg.
PROCEDIMENTOS EM ESTAÇÃO: se eu não tiver Acepram posso usar Xilazina?
Podemos utilizar Alfa 2 Adrenérgico em doses baixas porque como possui efeito sedativo muito
evidente (miorrelaxamento e ataxia) a probabilidade dele querer deitar ou escorar no tronco é
maior. Preferencialmente, se usa FENOTIAZÍNICOS em procedimentos em estação, mas
quando tivermos que usar Alfa 2 temos que reduzir a dose para reduzir o risco de decúbito.
PROCEDIMENTOS EM DECÚBITO: temos que tomar cuidado com o posicionamento,
vez que no decúbito lateral direito como rúmen fica do lado esquerdo, que está para cima, logo,
caso ele timpanize fica fácil de drenar aquele gás. Posicionamento de cabeça, para drenar
produção de saliva ou se o animal regurgitar temos que colocar um travesseiro embaixo do
pescoço, para que o pescoço fique o mais inclinado para baixo de forma que toda a saliva que
sair da cavidade oral não acumule e cause obstrução da via
aérea superior. Inclinação da mesa deve ser com a porção
posterior mais baixa em relação ao tórax, para que as
vísceras comprimam menos diafragma e pulmão, o que
facilita a ventilação do animal. Quando os animais são
pesados, temos que tomar cuidado com o acolchoamento
que tem que ser bem fofinho e membros dependentes tem
que estar tracionados cranialmente pois o próprio membro
que está para cima pode comprimir a musculatura e levar a
uma Miopatia ou até uma lesão nervosa.
Indução Anestésica
Isadora Pires Ferreira dos Santos

ANESTÉSICOS DISSOCIATIVOS: são os mais utilizados, CETAMINA associada a


Diazepam ou Midazolam (Dose: 2-5mg/Kg + 0,3-0,5 mg/Kg) que garante de 15 - 20 minutos de
inconsciência. Pode fazer bolus intermitente caso o procedimento dure mais tempo.
EGG: porém em ruminantes promove uma depressão respiratória mais intensa do
que em equinos, então quando utilizado deve tomar cuidado pois pode produzir redução do
volume corrente e redução da frequência. Dose: 50 mg/kg.
TIPENTAL: pode ser utilizado como indutor, pois promove inconsciência e
miorrelaxamento intenso, porém os efeitos depressores cardiorrespiratórios são maiores do
que nas outras espécies, assim temos que tomar cuidado a campo porque pode levar apneia e
bradipneia e não termos uma fonte suplementar de oxigênio, logo, temos que ponderar na hora
da escolha o protocolo os recursos disponíveis para reverter os quadros de emergências. Dose:
5 – 10 mg/kg, promove anestesia pode 10 - 15 minutos.
PROPOFOL: pode ser utilizado como indutor, porém geralmente é utilizado apenas para
pequenos ruminantes pelo alto custo. Dose: 2 – 6 mg/kg.

Manutenção Anestésica
Se quisermos fazer uma anestesia prolongada e evitar o bolus intermitente podemos fazer
a manutenção com infusão contínua de PROPOFOL, sendo que a campo podemos fazer o
TRIPLE DRIP (gotejamento triplo): EGG (50 mg/ml), Cetamina (1 mg/ml) e Xilazina (0,005 – 0,1m
mg/ml); quando produziremos inconsciência, imobilidade e miorrelaxamento. O EGG utilizamos
pela metade do que utilizamos em cavalos porque induz uma maior depressão
cardiorrespiratória quando comparada com equinos.
Primeira coisa que temos que em uma ANESTESIA INALATÓRIA é a intubação
endotraqueal, sendo que dependendo do porte conseguimos entubar com laringo, quando
menor, porém o problema é que a língua possui tônus lingual (que é bem gordinha), então as
vezes colocamos o laringo e não conseguimos enxergar tampa toda a visão. Assim, entubamos
quando o animal está inconsciente, miorrelaxado, em decúbito external com a cabeça bem
esticada e com a maxila e a mandíbula bem abertas, puxamos a língua e conseguimos visualizar.
Em bezerro podemos utilizar laringo, mas normalmente só conseguimos às cegas pois a
epiglote nesses animais é bem mais projetada do que em cão/gato então o animal, logo, animal
tem que estar bem posicionado e miorrelaxado para conseguirmos passar pelas aritenóideas e
acessar a traqueia. Em animal adulto a intubação é por palpação, o animal devidamente
miorrelaxado coloca-se um abre bocas (pois os incisivos são bem afiados) e passa a cegas o
traqueotubo, caso não consiga, é posto o braço dentro da boca e com as pontas dos dedos
abaixa a epiglote para conseguir passar o traqueotubo dentro do lúmen traqueal.
MANUTENÇÃO ANESTÉSICA PELO MÉTODO INALATÓRIO: ISOFLURANO (CAM:
1,14), HALOTANO (não utilizamos muito pois tem muitos efeitos adversos) e SEVOFLURANO
(CAM: 2,5).
MANUTENÇÃO ANESTÉSICA PELO MÉTODO TOTAL INTRAVENOSO: PROPOFOL
(infusão contínua 0,2-0,6 mg/Kg/h), mas temos que avaliar se vale a pena devido ao custo.
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO POSICIONAMENTO – DECÚBITO
PROLONGADO: Miopatias e Neuropatias pós-anestésticas causadas pelo decúbito
prolongado e pelo peso do paciente; acolchoamento; distribuição equilibrada do corpo do
paciente; membros torácicos e pélvicos flexionados e relaxados (tomar cuidado com os membros
torácicos para não ficar tracionados demais principalmente por causa do nervo radial, sempre
tracionar cranialmente). Cuidado com o posicionamento da cabeça: focinho para baixo para
facilitar drenagem; proteger o globo ocular em relação ao solo para não ter lesão de córnea
e o globo ocular que está aberto em relação ao sol para não queimar. Cuidado para garantir
uma perfusão tecidual adequada a pressão tem que estar ideal, em média 70 mmHg, abaixo
disso já é considerado hipotensão e o risco de Miopatias e Neuropatias é aumentado.
MONITORAÇÃO: FC, FR, eletrocardiografia, capnografia, pressão arterial e reflexos
oculares e palpebrais, hemogasometria. Suporte Respiratório deve ser fornecido,
principalmente animais sob anestesia geral, procedimentos prolongados que estarão em
Isadora Pires Ferreira dos Santos

decúbito dorsal, para maximizar a absorção de oxigênio e eliminação de dióxido de


carbono através da modulação da ventilação mecânica, quando a FR tem que estar entre
6 - 18 movimentos por minuto e o volume corrente de 13 a 22 ml/kg para manter os valores
da capnografia em 35-45mmHg e a saturação periférica de oxigênio acima de 95%. O ideal
é fazer a gasometrial arterial, porém nem sempre há disponível.
INTERCORRÊNCIAS: como BRADICARDIA quando podemos utilizar os
anticolinérgicos como a ATROPINA (cuidado porque reduz motilidade do TGI, mas também
diminui a produção de secreção como a saliva, deixando-a mais espessa e viscosa, por isso as
vezes não drena e fica na cavidade oral podendo obstruir a via área na hora de desintubar);
HIPOTENSÃO (hipovolêmico porque esta desidratado reidrata, por falta de sangue posso fazer
transfusão, hipotenso por vasodilatação, usa vasoconstritor, ou seja, tratamos a causa base da
hipotensão); REGURGITAÇÃO pode ser por falha de jejum (vai ter ingesta e na hora que ele
relaxar vai regurgitar e obstruir via área), o que podemos fazer para prevenir essa obstrução é
colocar uma almofada em baixo do pescoço e limpar bem a boca antes de entubar. Situação de
emergência: chegou sem jejum e começou a distender, passamos uma sonda nasogástrica que
vai retirar todo o gás e ingesta quando chegar ao rúmen, reduzindo o Timpanismo e durante a
recuperação, só iremos desintubar quando há o reflexo laringotraqueal ou seja, de deglutição,
estiver presente, vez que nessa hora ele terá capacidade de deglutir e ventilar sem obstruir via
aérea superior.
Como avaliamos o grau de inconsciência dos ruminantes? Assim como nas outras
espécies, pelos planos de Guedel, tem que manter no 2º - 3º planos do 3º estágio (parecido com
os pequenos animais) onde: vão rotacionar o globo ocular ventralmente, reflexos palpebrais
tem ausentes ou bem reduzidos, reflexo corneal presente (senão estará no 4º plano do 3º
estágio, muito profundo - avaliamos pressionando o globo ocular que deverá piscar levemente).
RECUPERAÇÃO: monitoração constante; extubação (reflexo laringiano, endotubo com
cuff parcialmente inflado, limpeza da boca), observação do paciente.
COMPLICAÇÕES PÓ-SOPERATÓRIAS: MIOPATIAS e NEUROPATIAS (disfunção
motora, lesão e fraqueza muscular, dificuldade em manter-se em estação); TROMBOFLEBITES
(lesão perivascular, Tiopental, EGG, Fenilbutazona); PNEUMONIA ASPIRATIVA.

Anestesia Locorregional
Sempre associado com anestesia geral ou sedação.
1. BLOQUEIOS DE CABEÇA:
1.1. Anestesia e Acinesia das Pálpebras: bloqueio
motor e sensitivo em pálpebras, fazemos a anestesia
infiltrativa nas duas pálpebras com uma agulha mais longa,
fazemos um cordãozinho de anestésico na pálpebra superior e
na pálpebra inferior promovendo os bloqueios. Dose:10 ml de
Lidocaína s/v, 0,5 cm das margens palpebrais. É mais
inespecífico mas é uma alternativa além dos 5 bloqueios feito nos eqüinos. Já para ACINESIA,
só bloqueio motor (faço quando quero só que o animal pare de piscar)
fazemos o bloqueio do Nervo Aauriculopalpebral. Na borda mais dorsal
e caudal do arco zigomático vamos palpar o
Auriculopalpebral e paralelo a ele administramos
o anestésico local. No entanto, de acordo com o
fármaco se ele tiver longa duração como a
Bupivacaina, por exemplo que dura até 8 horas, o animal pode ficar
aberto com o olho no sol, já que ele não estará piscando, correndo o
risco de lesionar a córnea.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

1.2. Bloqueio Retrobulbar: faço quando quero fazer uma


enucleação, retirada do globo ocular ou mexer em estruturas
orbiculares. Na porção medial e ventral da órbita óssea, raspamos a
margem óssea com a agulha, até chegarmos com a agulha atrás do globo
ocular, só que como o globo dos ruminantes é mais para fora, é ideal é
empurrar o olho para dentro, ou seja, é desconfortável o procedimento.
Dose: 10 – 15 ml Lidocaína s/v. Efeitos adversos: hemorragia, lesão do
globo, Reflexo Óculo Cardíaco, Injeção Intratecal.
1.3. Bloqueio de Peterson: alternativa ao Bloqueio
Retrobulbar, mas com mesma eficiência. Na porção ventral e caudal da
órbita óssea e entre o arco zigomático, com uma agulha longa, entra
perpendicular no meio desses dois acidentes ósseos e vai em direção ao
forame orbito redondo que é da onde vai surgir o nervo óptico que vai paro
globo ocular.
1.4. Bloqueio Infraorbital: utilizamos para mexer em maxila,
fazer um angulamento em narina e lábios, porção mais rostral. Palpa a incisão nasoincisiva
e porção mais rostral da crista maxilar, entre eles localizamos o forame infraorbitário e
depositamos cerca de 10-12 ml de anestésico local.
1.5. Bloqueio do Nervo Cornual: fazemos para
descorna ou mochação. Bloqueamos o nervo cornual que é um
ramo do zigomático temporal. Localiza-se entre o canto lateral do
globo e a base do chifre, sendo eu faremos uma linha e bem no meio
desta, ventral a porção do osso frontal teremos uma depressão e é
nela que iremos puncionar e cerca de 5 - 10 ml do anestésico local.
Na descorna muitas vezes retiramos todo o tecido ósseo e um pouco
de pele e na hora de fechar teremos que rebater a pele da região cervical próxima a orelha e
aquela região não está insensibilizada, então associado a esse bloqueio
faremos uma linha de anestésico local entre a base do chifre e a orelha
pois é de lá que o cirurgião vai puxar mais pele para fechar incisão. Em caprinos
quando fazemos descorna temos que bloquear além do nervo cornual o nervo
infratroclear, pois a inervação do corno é feito por esses dois nervos. Na porção
dorsal e medial da órbita óssea tem um forame infratroclear que pode ser
palpado. Ademais, caso não saiba nenhum referencial anatômico, podemos
fazer um alto volume de anestésico local, observando a dose tóxica, fazendo um
BLOQUEIO CIRCULAR e INESPECÍFICO, onde você delimitará de acordo com a base do chifre
e fará vários pontos de punção com anestésico local ao redor dessa base. Apesar de inespecífico
é tão eficaz quanto os outros bloqueios.
2. ANESTESIA PARA LAPAROTOMIA: ocorre em cirurgias que acessam o flanco, como:
cesariana, deslocamento do abomaso.
2.1. Bloqueio infiltrativo em linha: pelo flanco faremos uma anestesia infiltrativa
na pele, subcutâneo e musculatura. É inespecífico mas bloqueia a parede lateral do abdômen.
Uma alternativa é a BLOQUEIO EM L INVERTIDO, que também
é infiltrativa, onde faremos uma linha paralela a coluna para
pegar os nervos lombares e uma paralela a última costela para
pegar a inervação das últimas torácicas. Animais maiores em
que o tórax ou abdômen é muito profundo, nem sempre o L
invertido é suficiente porque a porção mais ventral do abdômen
é inervado pelo torácico lateral e para localizá-lo é simples, ele
está entre o terceiro e quinto espaço intercostal, bem na
lateral do tórax, conseguimos palpa-lo, administramos paralelo a
ele 10 - 12 ml de anestésico local. O ideal é ter agulhas longas
para fazer uma única punção.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

2.2. Bloqueio Paralombar Proximal: consiste na aplicação do anestésico local


mais próximo possível dos nervos espinhais daquela região.
Utilizo para mexer em flanco, sendo que os nervos espinhais
que vão praquela região são os nervos que saem de T3 e L1, L2,
L3. Cada nervo espinhal quando sai dos forames intervertebrais
emite um ramo dorsal e um ramo ventral que vai passar a cima e
a baixo do ligamento inter-transverso, por isso depositamos o
anestésico local acima e abaixo desses ligamentos. Como
fazemos o bloqueio? Entre T3 e L1
entramos com uma agulha, entre L1
e L2 outra agulha e entre L2 e L3 outra agulha. É necessário
agulhas mais longas, sendo que obtemos uma maior área
anestesia e demandamos menor quantidade de anestésico local.
Desvantagens: dificuldade de realização da técnica em anaimsi
obesos e com musculatura exarcebada; arqueamento da coluna
(paralisia dos músculos dorsais); risco de penetrar estruturas vitais.
2.3. Bloqueio Paralombar Distal: afastamos da coluna, do processo espinhoso e
vamos depositar o anestésico local acima e baixo dos processos transversos. Como
fazemos o bloqueio? Acima e abaixo de T3 e L1 entramos com uma agulha, acima e abaixo de
L1 e L2 outra agulha e acima e abaixo de L2 e L3 outra agulha.
3. ANESTESIA DE ABDÔMEN, PERÍNEO E MEMBROS
3.1. Epidural: não é utilizado para bovinos adultos, vez que se utilizarmos podemos
fazer bloqueio motor em membro pélvico, derrubando o animal. Em pequenos ruminantes e
bezerros pode ser utilizada. Assim, é indicada em: manobras obstétrica, correção de
prolapsos cérvico vaginais, cirurgias em causa, períneo, anus, vulva e vagina. Existe a
epidural cranial e epidural caudal, que recebem o nome pelo referencial anatômico, ponto de
punção. Por exemplo, espaço lombossacro, é mais cranial que o sacro coccígeo. E existe a
epidural alta e epidural baixa, que recebem o nome pelo volume do anestésico que estou
administrando. Por exemplo, em animais que quero mexer só na altura de cauda e vulva trabalho
com a epidural baixa, com baixo volume, por ser mais localizado. Se eu quero um
miorrelaxamento maior para fazer uma palpação por exemplo, preciso de um volume maior pra
anestesiar a cavidade pélvica. Volumes: epidural baixa em bovinos (1ml/100kg) ou epidural
alta (5ml/100kg); caprinos e ovinos (1ml/7,5kg).
Como encontraremos o espaço? Palpamos e fazemos
a punção intercoccigea entre a primeira coccigea e a
segunda coccigea e sentimos passando, pele,
subcutâneo, ligamento supra espinhoso, inter
espinhoso, passou o ligamento amarelo a gotinha na
agulha é sugada para dentro do canal vertebral e o
anestésico local se difunde. É importante que seja
realizado pequenos volumes e de forma lenta pois
corre o risco de migrar muito cranial, atingir nervo
isquiático e a vaca cair no chão. Testes para conferir a anestesia relaxamento de cauda, anus,
vulva. Analgesia epidural: associado aos anestésicos locais podemos utilizar morfina,
cetamina e xilazina pela via epidural, a fim de conferir analgesia para manipulação visceral.
Como eles vão estar dentro do canal vertebral a absorção sistêmica é muito baixa e o risco dos
efeitos adversos é quase
insignificante. Ou seja, podemos
associar diferentes técnicas
usando o mesmo procedimento.
Isadora Pires Ferreira dos Santos

4. ANESTESIA PRA ORQUIECTOMIA: é


realizado o BLOQUEIO NO CORDÃO
ESPERMÁTICO. E além de bloquear os testículos
tem que bloquear a linha de incisão que o
cirurgião vai realizar.

5. BLOQUEIO DOS TETOS: utilizado para realizar amputação do


teto ou suturar uma lasceração por exemplo. Podemos anestesiar
infiltrando dentro do teto, ao redor, garrotear e fazer anestesia de Bier,
circular, etc.

6. ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA – BIER: muito utilizado em ruminantes para


realizar amputação de dígito, ou seja, indicada mexer em porção distal de membros, seja
torácico ou pelvico. Como realiza-la? Se faz um garrote mais proximal, punciona um vaso
periférico, esanguina (retira o máximo de volume de sangue, porque se não retirar, na hora que
eu fizer o anestésico vai regurgitar demais e eu posso levar a uma lesão vascular, rompendo
alguns vasos) e deposita o anestésico local. Dose: 10 – 20 ml de Licocaína 2% s/v (único
anestésico que posso utilizar é a Lidocaína sem vasoconstritor). Tempo máximo de garrote é
90 minutos porque senão, pode levar a uma lesão nervosa ou isquêmica. Tempo mínimo
de garrote é 25 minutos, porque se eu retirar antes, ainda vai ter muito anestésico dentro do
vaso e ele pode ganhar a corrente sanguínea e gerar algumas repercussões.

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