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A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA

NA REDUÇÃO DA DOR E DA
SENSAÇÃO FANTASMA DO
AMPUTADO
REABILITAÇÃO AMPUTADOS
 Para se propiciar uma reabilitação integral
faz-se necessário a intervenção de uma
equipe multiprofissional que envolva os
aspectos clínicos, funcionais, sociais,
psicológicos e emocionais, transformando
essa situação em uma fase menos
traumática, uma fase onde a maior vitória é
não ter perdido a vida.
 Lopes (2006) comenta que, se de um lado
houve mutilação da imagem, de outro se
eliminou o perigo de perder a vida ou se
conseguiu o alívio de um sofrimento
intolerável causado pela dor.
OS PRINCIPAIS
OBJETIVOS
FISIOTERAPÊUTICOS

 Promoção da função e
da independência funcional e pessoal;
 Manutenção e/ou aumento da mobilidade

articular;
 Maturação e à dessenssibilização do coto;
 Prevenção de posturas viciosas,
 Cuidado com membro contra-lateral à

amputação.
OS PRINCIPAIS OBJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS

 Reequilíbrio da musculatura de sustentação


esquelética,
 Prevenção de úlceras e lesões de pele;
 Deambulação, quando possível, andadores ou
muletas, primeiramente, visando à protetização;
 Resgate e nova configuração da imagem
corporal.
DOR E SENSAÇÃO FANTASMA
 A dor e a sensação fantasma são sinais e
sintomas que podem ocorrer no período pós-
operatório prejudicando a reabilitação
funcional do amputado; ambas são
percebidas na região distal do coto.
 Existem diferenças entre esses dois
sintomas os quais podem ser visualizados
no Quadro 1 ( a seguir), porém as
discussões de suas causas ainda geram
polêmica e controvérsias (LOPES, 2006).
QUADRO 1 – DIFERENÇAS ENTRE
SENSAÇÃO FANTASMA E DOR FANTASMA
DOR FANTASMA E SENSAÇÃO FANTASMA

 Dor
de caráter neuropático incapacitante que surge na
representação do membro amputado.

≠ Sensação Fantasma
 Pacientes
com: dor crônica no membro
previamente amputado, dor isquêmica prolongada
e associada a quadros depressivos.
DOR FANTASMA
 A dor fantasma é um evento comum na fase
pós-operatória imediata e pode persistir por
algum tempo. Seu tratamento deve começar
com analgésicos comuns e ser mais
agressivo se persistir após administração do
medicamento inicialmente escolhido.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
 Alguns antidepressivos ou antiepilépticos têm
mostrado ter um efeito benéfico na redução
da dor. São antidepressivos tricíclicos, como
a amitriptilina e bloqueadores de canais de
sódio, principalmente carbamazepina.
 O alívio da dor pode também ser alcançado
através do uso de opióides, cetamina,
calcitonina e lidocaína.
DOR DO MEMBRO FANTASMA
 As primeiras observações médicas sobre a dor do
membro fantasma foram feitas por Amboise Paré
(1510–1590), um cirurgião militar francês, que
notou que após amputações, pacientes queixavam
de dor severa no membro amputado.
 Esboçou vários modelos para explicar a dor, mas,
foi durante a Guerra Civil Americana (1861-1865)
que médicos que tratavam os numerosos
mutilados de guerra fizeram registros mais
específicos acerca da dor.
Em 1871, seis anos após o término da guerra,
o neurologista Dr. Silas Mitchell, cunharia o
termo “membro fantasma” para denominar a
percepção sensorial persistente após a
amputação. As dores eram reais e não
imaginárias como se poderia pensar estando
amputado o membro.
A SENSAÇÃO DO MEMBRO FANTASMA

 É um fenômeno extremamente freqüente


que não deve ser encarado como patologia,
mas como um sintoma. A reorganização do
amputado com seu membro residual são
apontados pelos autores como processos de
facilitação à aceitação e conseqüentemente
a satisfatória protetização.
 Em relação à permanência da sensação
fantasma, Guedes (2003-2004), refere que isso
depende, entre outros fatores, do relacionamento
do paciente com essa sensação, o que vai ser
mediado pela equipe terapêutica. No ponto de
vista do referido autor, trabalhar essa sensação
com o intuito de aproximar o paciente do seu
membro residual é mais benéfico do que tentar
aboli-la com medicamentos.
RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS
 Cinesioterapia,
 Massoterapia,
 Eletrotermofototerapia
 Hidroterapia.

Já as técnicas, dentro de cada recurso são as


mais diversas e podem ser adaptadas
conforme as necessidades de cada caso.
O ENFAIXAMENTO CORRETO E ADEQUADO

 Ele é importante porque:

 dá sustentação à estrutura externa e interna,


 modela o coto,

 reduz o edema,

 protege a cicatriz.

Como conseqüência desses indicadores, diminui e


sensação e dor fantasma.
O ENFAIXAMENTO NA DOR E NA SENSAÇÃO
FANTASMA

 O enfaixamento é um excelente mecanismo


para minimizar ou abolir a dor e sensação
fantasma, mas é necessário acrescentar
vários recursos e técnicas fisioterápicas para
completar esse projeto terapêutico.
RECURSOS E TÉCNICAS FISIOTERÁPICAS
UTILIZADOS NA DOR

 A eletroterapia através do ultra-som (1MHz e 3MHz) e


TENS;
 a massoterapia pelas técnicas de compressão,
deslizamentos superficiais, profundos e amassamento;
 a cinesioterapia com todas as possibilidades de
exercícios e posicionamentos;
 a hidroterapia pela ação das propriedades físicas da
água, temperatura aquecida e os diferentes artefatos
utilizados para a dessensibilização e propriocepção.
COMO AGEM ESTES
RECURSOS:
ELETROTERAPIA

 A eletroterapia, através do TENS ameniza a


sintomatologia dolorosa, e do Ultra-Som
(1MHz e 3MHz) na ativação circulatória, bem
como na prevenção de espículas ósseas
pelo processo de cavitação que esse
equipamento quando utilizando na forma
contínua poderá provocar (SILVA, 2006).
MASSOTERAPIA

 A massoterapia, por meio de suas diferentes maneiras


de execução:
 a compressão,

 o deslizamento superficial,

 o deslizamento profundo

 e o amassamento.

Mostram-se eficiente na redução da dor e sensação


fantasma porque, além de promover a estimulação
cutânea potencializa a circulação periférica o que vem a
contribuir em todo processo de reabilitação.
HIDROTERAPIA

 A hidroterapia se apresenta como um


excelente recurso a ser utilizado logo após a
cicatrização da incisão cirúrgica do coto.
HIDROTERAPIA

 Dentre estas propriedades cita-se primeiramente as


forças adesivas que promovem um bombardeio de
estímulos táteis . Ressalta-se que, quanto mais
turbulência houver na água, maiores serão os
estímulos para dessensibilizar o coto e propiciar
analgesia.
 Os impulsos sensoriais gerados pela água aquecida
competem com os impulsos dolorosos reduzindo os
níveis de dor, eles constataram a diminuição gradativa
e o alívio total da sintomatologia dolorosa
HIDROTERAPIA

 A flutuação, que promove o alívio do peso


corporal, facilita os movimentos e aumenta a
circulação sangüínea, o retorno venoso e
linfático
HIDROTERAPIA
 A pressão hidrostática da água também promove
este aumento do retorno venoso pela ação de
bombeamento, além de também funcionar como
estímulo tátil pelo efeito compressivo sobre a
superfície corpórea imersa. Este efeito
compressivo também atua sobre o tórax,
aprimorando a função respiratória através da
resistência à inspiração e assistência a expiração
 A hidroterapia pode ainda auxiliar no trabalho de
equilíbrio, força, propriocepção.
TRABALHANDO A NEUROPLASTICIDADE

 A terapia mais recente que está tendo bons


resultados e aceitação é a Terapia do
Espelho, onde coloca-se o membro não
amputado diante do espelho e observa a
imagem produzida no espelho mimetizando
o membro não existente. Assim “engana-se”
o cérebro a acreditar que está fazendo
movimento e neste processo trabalha a
neuroplasticidade cerebral.
TEORIA DA “CAIXA DE ESPELHO” –
RAMACHANDRAN
 A teoria da caixa de espelho (TE), foi
inicialmente utilizada por Ramachandran, em
1991, como uma revolucionária técnica para
o tratamento de pacientes com dor fantasma
oriunda da amputação de membros.
 O paciente insere o membro normal e o coto
na caixa. É solicitado a movimentar ambas
as mãos. Ele então tem a ilusão de que a
mão fantasma que ele ainda sente é capaz
de se mexer. Pacientes que referiam a
sensação de mão fechada com os dedos
cravados na palma, conseguem abri-la, o
que alivia, ou extingue a dor.
A TERAPIA DO ESPELHO
Considerado um Modelo do Raciocínio de Dor e Movimento, usando ferramentas
desenvolvidas para tal finalidade, o paciente realiza exercícios gradativamente:

 1) reconhecimento de direito/esquerdo – quando a pessoa sente muita dor,


pode perder parte de sua capacidade de determinar em qual lado está a dor.

 2) imageria motora explícita – você se imagina movimentando a mão, por


exemplo. Fazendo isso, são acionados os neurônios espelho que avisam o
cérebro que você está realizando o movimento, só que na verdade, está
realizando o movimento apenas na imaginação. Pense sobre a véspera de
viajar para algum lugar… você se imagina indo, tomando o caminho que tem de
tomar, verificando seus documentos, olhando o número do portão, etc. Você faz
a ação no cérebro, sem realizar a ação, e o efeito é um senso de familiaridade.
 A TE está fundamentada na ativação dos
neurônios espelhos (NE) a partir da ilusão gerada
ao se visualizar o reflexo de um dos membros em
um espelho. Ao realizar um movimento com o
membro não lesionado, o reflexo gerado no
espelho é capaz de oferecer ao cérebro um novo
estímulo visual, embora ilusório, sugerindo que o
membro lesionado está se movimentando.
 Essa ilusão promoveria a ativação dos NE que ocorre
durante a observação de um movimento ou durante a
sua própria execução. O princípio geral estabelecido é
que o estímulo gerado por uma região sensória intacta
pode ser usado para acessar e recrutar circuitos
neurais dormentes em outras regiões do cérebro, ou
seja, uma rede neural responsável pelo controle de
uma mão em uma determinada tarefa pode ser
utilizada para controlar a outra mão.
 Diversos autores já comprovaram que a TE
desencadeia o processo de neuroplasticidade no
Sistema Nervoso Central. Esta é a capacidade do
cérebro em utilizar um sistema sensorial intacto
para acessar e recrutar circuitos neurais dormentes
em outras regiões do cérebro. Os impulsos
gerados por movimentos ilusórios ou imaginários
permitem o acesso aos circuitos multimodais em
lobos parietais e constituem o principal fator
conhecido de aceleração de neuroplasticidade.
 Dentre essas terapias, a visão do reflexo de
um membro, que corresponde à TE,
destaca-se como a mais acessível, barata e
que não oferece riscos ao paciente.
BOA NOITE! OBRIGADA!

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