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REFLEXOLOGIA PODAL

AULA 1

Prof.ª Elaine Cristina Pinto da Silva


CONVERSA INICIAL

Nesta aula você será introduzido aos conceitos de Reflexologia Podal.


Aqui você encontrará a definição de Reflexologia, aprenderá o que são
microssistemas e encontrará alguns exemplos destes utilizados na prevenção,
no auxílio ao diagnóstico e no tratamento de disfunções orgânicas.
Conhecerá também a história da Reflexologia e sua evolução até o
desenvolvimento da técnica utilizada atualmente. Por fim, saberá quais os
objetivos da aplicação desta técnica milenar.
Ao final desta aula, você estará familiarizado com a evolução da
Reflexologia podal e também será capaz de entender sua aplicabilidade.

TEMA 1 – O QUE É REFLEXOLOGIA?

Certas regiões do corpo estão ligadas a outras áreas por meio de sinais
elétricos advindos do sistema nervoso. Muitas vezes, partes menores do nosso
corpo possuem áreas reflexas que se conectam ao organismo como um todo.
Essas partes são denominadas microssistemas, que podem estar em diversas
regiões, como pés, mãos, orelhas, olhos, face, língua, pulso, dentre outras
(Keet, 2010) (Figura 1).
Em cada microssistema, podemos observar sinais do funcionamento do
organismo, ou seja, essas regiões são utilizadas como instrumento de
investigação das alterações energéticas e metabólicas. Cada alteração
observada no microssistema pode ser identificada primeiramente como uma
alteração energética do órgão ou região reflexa. Caso a alteração energética
desse órgão não seja resolvida, surgem alterações na sua função. Essas
alterações podem ser observadas nos microssistemas na forma de edema,
pápula, alteração na cor, dor ou sensação de alívio à pressão, dentre outros
sinais (Garcia, 1999).

Figura 1 – Terapias realizadas em microssistemas do corpo humano

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Créditos: Gordana Sermek; karelnoppe; Asia Images Group/Shutterstock.

Por exemplo, se ao observarmos a orelha de um paciente identificamos


uma alteração na coloração da pele no centro do lóbulo, este sinal indica uma
alteração no fluxo de energia que chega aos olhos, pois o centro do lóbulo da
orelha é a região reflexa dos olhos. Se essa alteração energética não for
resolvida, o paciente poderá apresentar algum sintoma de visão ou na estrutura
física de seu globo ocular e, consequentemente, o sinal verificado na orelha se
intensificará.
Outro exemplo comum é encontrar uma irregularidade no tecido quando
massageamos a sola dos pés do paciente. Se, ao pressionar a sola dos pés,
na região logo abaixo dos dedos, nos depararmos com a sensação de grânulos
sob a pele, isso indica um bloqueio energético na região de seu músculo
trapézio (região reflexa). Caso essa alteração energética não seja solucionada,
o paciente poderá apresentar sintomas como contratura muscular e dor na
região do pescoço e ombros e o sinal na sola dos pés se intensificará.
Cada microssistema mostra a características do funcionamento de todo
o corpo e, geralmente, o sinal demonstrado em um microssistema aparece
antes de surgirem sintomas no paciente. Isso acontece porque o microssistema
revela primeiramente a qualidade energética que chega ao órgão ou região
reflexa e depois a qualidade de seu funcionamento.
Se uma determinada área do corpo está com a qualidade energética
deficiente, ou então com estagnação de energia, mas ainda não há alteração
no funcionamento dessa região ou órgão, os microssistemas demonstrarão
essa alteração antes de surgirem os sintomas. Caso a energia desse órgão
continue alterada, ocorre a modificação em seu metabolismo e,
consequentemente, os sintomas aparecem.
Além disso, em alguns microssistemas, o estímulo realizado nas zonas
reflexas, como a massagem na sola dos pés, aciona o mecanismo de auto
reparo do corpo. Esse estímulo tem o intuito de melhorar a circulação
sanguínea, estimular as conexões nervosas e desobstruir a energia do local

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causando, consequentemente, a melhora funcional da região reflexa. A prática
terapêutica por meio da qual se estimula as áreas reflexas dos microssistemas
recebe o nome de reflexoterapia, também conhecida como reflexologia.
Esta técnica está no rol das Práticas Integrativas e Complementares do
SUS desde março de 2017 e o Ministério da Saúde especifica reflexoterapia
como sendo o estímulo dos pontos reflexos nos microssistemas das mãos, pés
e orelhas (Brasil, 2017). Nesta disciplina estudaremos apenas a reflexologia
podal.
Por conter mais de 72 mil terminações nervosas, os pés possuem uma
relação íntima com o restante do corpo via conexões neurais e, por isso, alguns
autores defendem a ideia de que a reflexologia nos pés seja mais eficaz do que
a técnica aplicada nas mãos (Gillanders, 2008; Hall, 2011; Silva 2016).
A massagem realizada nos pontos reflexos dos pés, além de estimular o
mecanismo de autocura do corpo, causa sensação de relaxamento e bem-estar
ao paciente, sendo muito eficaz no tratamento dos efeitos negativos do
estresse. Além disso, por reequilibrar as funções energéticas e metabólicas do
corpo, a reflexologia pode ser utilizada como uma técnica profilática. Isso evita
com que o corpo adoeça, pois, o reequilíbrio energético possui efeito
cumulativo.

TEMA 2 – HISTÓRIA DA REFLEXOLOGIA PODAL

A reflexologia é praticada há milhares de anos por diversos povos, não


tendo um consenso entre os autores sobre o local correto de surgimento desta
técnica. Sabe-se que na antiga China a reflexologia teve suas origens
juntamente com a acupuntura e a fitoterapia, porém não foi amplamente
estudada pela classe médica como as outras modalidades, sendo somente
praticada como medicina popular (Wen; Kuabara, 2010).
Há relatos no mais antigo livro chinês sobre a medicina tradicional
chinesa, o Huáng Dì Néi Jing, cuja edição em português chama-se Princípios
de Medicina Interna do Imperador Amarelo, sobre pontos reflexos espalhados
por todo o corpo, inclusive nos pés. Neste livro há trechos sobre a manipulação
desses pontos utilizando pressão, porém não descreve a técnica da
reflexologia propriamente dita (Wang, 2013).
O primeiro registro encontrado especificamente sobre a terapia por
pressão nos pés, técnica precursora da reflexologia como é conhecida hoje, foi
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uma pintura dentro da tumba de um médico no antigo Egito, datado entre 2550
a 2330 a.C. Nesta representação, podemos observar terapeutas aplicando
técnicas de massagem nos pés e nas mãos de seus pacientes (Gillanders,
2008; Silva 2016).
Na figura, chama a atenção o terapeuta que manipula o pé do paciente a
esquerda estar de costas para este. Historiadores acreditam que esta posição
era adotada para evitar que a proximidade dos pés ao rosto de outra pessoa
gerasse algum constrangimento.
Ainda, podemos observar que ambos os pacientes estão com uma das
mãos na axila. Por se tratar de uma terapia energética, os egípcios
acreditavam que a energia poderia escapar de seus corpos ao ser manipulada.
Dessa forma, pressionavam suas axilas para garantir o retorno da energia ao
corpo. Além disso, os desenhos próximos aos terapeutas também mostram
símbolos de energia, como as pirâmides e a linha em ziguezague (Gillanders,
2008).

Figura 2 – Pictograma egípcio representando um tratamento por reflexologia

Crédito: Nikki Zalewski/shutterstock.

Em paralelo, Hall (2006) cita que foram encontrados na África registros


da aplicação da reflexologia em alguns povos primitivos. Ainda, na América do
Norte e Central, acredita-se que esta técnica tenha sido praticada e aprimorada
pelos índios Cherokee. Estes utilizavam instrumentos de madeira para auxiliar
na execução das pressões. Também há relatos de que os Incas, povos da
América do Sul, tenham exercido influência na técnica praticada pelos norte-
americanos (Gillanders, 2008; Keet, 2010).
Pesquisadores acreditam que, a partir do Egito, a terapia por pressão foi
difundida pelo Império Romano e, mais tarde, por toda a Europa. Pela
facilidade de execução da técnica, o método começou a ser utilizado em locais

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com grande concentração de pessoas, o que favoreceu o interesse por
pesquisas nesta área (Wen, Kuabara, 2010).
Por volta do ano de 1913, o Dr. Willian H. Fitzgerald iniciou seus estudos
em terapias por pressão ao perceber que estímulos realizados em certas
regiões do corpo geravam analgesia. Dr. Fitzgerald era otorrinolaringologista
nos Estados Unidos e, em suas cirurgias de pequeno porte, observou que
alguns pacientes sentiam muita dor e outros nem tanto. Ao analisar os casos,
notou que os pacientes que sentiam menos dor estavam produzindo um efeito
analgésico em si próprios pela pressão em determinadas regiões das mãos,
seja instintivamente ou pela ação consciente.
Então, o próprio médico começou a fazer estímulos em seus pacientes,
amarrando elástico em seus dedos das mãos ou colocando grampos de metal.
Ao realizar este experimento, constatou que os pacientes que recebiam o
estímulo não sentiam dor durante a cirurgia. Foi então que o Dr. Fitzgerald
começou a realizar algumas cirurgias sem a utilização de analgesia por
fármacos, utilizava apenas a terapia por pressão (Gillanders, 2008; Hall, 2006.
Silva, 2016).
A partir deste estudo, o médico dividiu o corpo humano em 10 linhas
longitudinais que chegavam até as mãos e os pés, desenvolvendo a
Zonoterapia, que será estudada a seguir.

TEMA 3 – ZONOTERAPIA

Dr. Willian H. Fitzgerald desenvolveu a zonoterapia dividindo o corpo em


10 faixas longitudinais que atravessam o corpo separando-o em 10
seguimentos distintos. Cada seguimento se estende desde a cabeça até os
pés, chegando em cada um dos dedos. Ou seja, o corpo é dividido em 5
regiões para cada lado.
Cada região possui a mesma largura e representa uma divisão do corpo,
que vai da cabeça até um dos dedos dos pés. A região central é denominada
região 1 e se conecta ao hálux. As regiões laterais se conectam aos demais
dedos e seguem a nomenclatura sucessivamente até chegar na zona lateral do
corpo (região 5), conectada ao 5º dedo do pé. Isso ocorre em ambos os lados
(Hall, 2006).
Essa conexão também é feita com os dedos das mãos em uma
ramificação dessas linhas que se lateraliza na porção superior do tórax, indo
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para os braços até chegar as mãos. Tanto as regiões dos pés quanto das mãos
se conectam às mesmas porções no corpo, ou seja, a zona 1 do pé e da mão
representam a mesma porção no corpo, a região central, conforme ilustra a
figura 3.
Ao segmentar o corpo em zonas, Dr. Fitzgerald observou que os órgãos
pertencentes a uma mesma zona possuem conexão energética entre si. Ou
seja, uma dor no cotovelo esquerdo pode se refletir no joelho esquerdo,
gerando algum sintoma neste, pois ambas as articulações fazem parte da zona
5. Esse sintoma se mostrará na zona reflexa dos pés e das mãos,
especificamente na zona 5, geralmente na forma de dor a compressão.

Figura 3 – Zonas longitudinais

Crédito: Elaine Cristina Pinto da Silva.

Além disso, Dr. Fitzgerald identificou que ao estimular a zona dos pés ou
das mãos que representa a região dolorosa do corpo ocorre o alívio dos
sintomas em todos os órgãos dessa zona. Tomando o exemplo anterior para
ilustrar, ao estimular a zona 5 ocorre não só o alívio dos sintomas do cotovelo
como também o reequilíbrio energético das funções do joelho, por serem
regiões presentes na mesma zona (Hall, 2006).
Vale salientar que a zona 1 possui grande importância, por conter
regiões centrais do organismo, como o sistema nervoso, a coluna vertebral,

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algumas partes do sistema digestório e dos órgãos reprodutores. Por causa
disso, esta zona mostra uma maior sensibilidade nos pés (Gillanders, 2008).
Aprofundando seus estudos, Dr. Fitzgerald estabeleceu correlações
entre os quatro membros, pois estes se encontram na mesma zona. Sendo
assim, o médico descreveu que os ombros estão relacionados ao quadril, os
cotovelos aos joelhos, os punhos aos tornozelos e as mãos aos pés. Assim, um
estímulo realizado na região reflexa do ombro direito também causa ativação
no quadril do mesmo lado.
A partir dos estudos do Dr. Fitzgerald, alguns pesquisadores
aprofundaram ainda mais o conhecimento em zonoterapia. Dentre eles
destaca-se a fisioterapeuta Eunice D. Ingham que, por volta de 1930,
aperfeiçoou a teoria das zonas reflexas, identificando áreas específicas que
estimulavam determinadas regiões do corpo. Seu estudo deu origem ao mapa
da reflexologia podal como é conhecido atualmente (Gillanders, 2008; Hall,
2006).
Além disso, Eunice traçou linhas transversais que correspondem à linha
do ombro, da cintura e do quadril, facilitando assim o trabalho do terapeuta na
localização das áreas reflexas (Figura 4).

Figura 4 – Linhas transversais

Fonte: Autoria própria.

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TEMA 4 – RFLEXOLOGIA PODAL NA ATUALIDADE

Devido ao fato de a reflexologia ter diversas origens, atualmente existem


vários mapas dos pontos reflexos, com diferentes localizações de pontos,
seguindo basicamente duas escolas: a técnica oriental desenvolvida pelo
professor Hang Xion Wen, fundador da Associação Chinesa de Reflexologia; e
a técnica ocidental, desenvolvida pela fisioterapeuta Eunice D. Ingham, nos
Estados Unidos (Gillanders, 2008; Wen, Kuabara, 2010).
Além das diferenças na localização de alguns pontos dos mapas de
reflexologia, existe também diferenças nos princípios da técnica, considerando
o pensamento oriental e ocidental. Estudaremos esta diferença em conteúdos
posteriores.
No Brasil, a reflexologia podal ficou mais conhecida após a criação da
Associação Brasileira de Reflexologia e Terapias Associadas, em 1994, sendo
aplicada em clínicas particulares e SPAs. Porém, a técnica foi incluída como
Prática Integrativa e Complementar (PIC) no SUS em março de 2017. Como
essa inclusão é recente, podemos encontrar profissionais que executam esta
prática em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em apenas 54% dos municípios
brasileiros, sendo que todas as capitais possuem o serviço (Silva, 2016; Brasil,
2017).
Vale ressaltar que a comunidade acadêmica carece de estudos com
metodologia validada para que haja maior comprovação científica dos
benefícios da reflexologia. Estas pesquisas seriam mais uma justificativa para a
implementação desta terapia em 100% dos municípios brasileiros, uma vez que
a técnica é um recurso de baixo custo e, sendo implementada em programas
de manutenção à saúde e prevenção, reduziria os custos governamentais com
saúde.
Além da necessidade de mais estudos científicos, também é importante
a correta capacitação profissional. Isso assegura a eficácia terapêutica da
técnica e evita complicações de saúde resultantes de uma aplicação incorreta
(Silva, 2016).

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Figura 5 – Aplicação da reflexologia podal

Crédito: Africa Studio/shutterstock.

TEMA 5 – OBJETIVOS DA REFLEXOLOGIA PODAL

A reflexologia possui três objetivos principais: manter a saúde, identificar


alterações energéticas dos órgãos e atuar como tratamento complementar de
uma série de patologias (Wen, Kuabara, 2010).
Para explicar como a reflexologia pode atuar nesses objetivos, vamos
entender o processo energético de instalação da doença. Os chineses
descrevem três estágios desse processo. Primeiro ocorre a alteração no fluxo
de energia do órgão ou sistema, podendo ser um bloqueio energético local ou
das vias que encaminham a energia para esse sistema. Neste nível ainda não
há sintomas.
Em um segundo momento, a alteração energética se agrava gerando
mal funcionamento do sistema. Nesta etapa, o paciente começa a sentir
sintomas. Caso a alteração não seja solucionada, o processo de adoecimento
evolui para o terceiro estágio, durante o qual se instala uma alteração física no
sistema e os órgãos ficam comprometidos. Neste estágio, pode ocorrer a
necessidade de intervenções mais agressivas, como processos cirúrgicos e
utilização de fármacos mais potentes.
Para entender melhor, tomemos o seguinte exemplo: um paciente pode
ter alteração no fluxo de energia que chega ao estômago por uma série de
razões, como fatores emocionais ou nutricionais, sendo este o primeiro estágio.
Caso essa alteração energética não seja solucionada, o quadro evolui para o
segundo estágio, em que há alteração funcional do estômago. Isso gera alguns
sintomas como indigestão, queimação estomacal e dor.
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Caso não seja tratado, o quadro evolui para o terceiro estágio, em que
há alteração física no estômago. Exemplos disso são a gastrite e a úlcera
estomacal nos casos mais avançados.
Entendendo isso, a reflexologia pode ser utilizada nos três estágios, pois
causa um reequilíbrio em todo o corpo, desobstruindo os bloqueios
energéticos. Mas, justamente por sua atuação ser em grande parte em nível
energético, essa terapia é mais efetiva no primeiro estágio, restaurando o fluxo
de energia e prevenindo o surgimento dos sintomas.
No segundo estágio, o estímulo específico nos pontos reflexos leva ao
alívio dos sintomas, porém pode ser necessário um período maior de
tratamento. Já no terceiro estágio, a reflexologia atua simplesmente como
coadjuvante ao tratamento, não tendo efetividade isolada.
É papel do reflexologista detectar as áreas sensíveis dos pés, bem como
as áreas com alguma alteração a palpação e realizar o estímulo por pressão
específica para que haja efeito terapêutico.
Além disso, como a reflexologia reequilibra as funções energéticas de
todo o corpo, esta prática pode ser realizada como método de profilaxia,
mantendo em harmonia as funções orgânicas. Por ser realizada com técnicas
manuais de compressão, essa massagem gera relaxamento e sensação de
bem-estar no paciente, quesitos que influenciam diretamente na manutenção a
saúde.
Ainda, a aplicação da reflexologia pode ser utilizada para complementar
a anamnese, pois as regiões que apresentam alterações energéticas no corpo
demonstrarão sinais nos pontos reflexos dos microssistemas, que podem
aparecer nos pés como nódulos, calosidades, mudanças na coloração da pele
e unhas ou alterações de sensibilidade, como dor à pressão executada pelo
terapeuta.
Vale ressaltar que em nenhuma hipótese a reflexologia pode ser
utilizada como método de diagnóstico. Primeiro, porque esta terapia apenas
reflete o padrão energético do sistema, não sendo possível verificar
especificamente qual patologia o paciente apresenta. E em segundo lugar, o
diagnóstico é uma prática privativa da classe médica, sendo necessários
exames laboratoriais e consulta clínica para isso (Gillanders, 2008).

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NA PRÁTICA

Machado, Rodrigues e Silva (2013) realizaram um estudo utilizando a


reflexologia como tratamento para distúrbios do sono em 3 pacientes. Uma das
participantes desse estudo relatou ter sono irregular, com várias interrupções a
noite, possuir dificuldade para entrar no sono e ter sonhos conturbados. A
paciente referiu sentir-se cansada e desanimada durante o dia, ser ansiosa e
fazer uso esporádico de meditação fitoterápica para dormir.
Foram realizadas sessões completas de 30 minutos de reflexologia
podal uma vez por semana, durante 8 semanas. A partir da 3 semana, as
autoras relataram que a participante se sentiu menos ansiosa e teve maior
facilidade para iniciar o sono.
Após a quinta sessão, a paciente relatou sentir maior disposição durante
o dia e ter um sono de melhor qualidade, acordando poucas vezes durante a
noite. Ao final do estudo, as pesquisadoras observaram uma melhora
significativa na qualidade do sono da participante e que esta não fazia mais uso
do fitoterápico para dormir.
Em casos de alteração do sono, a reflexologia atua de forma geral no
organismo, causando reequilíbrio de todas as funções orgânicas e sensação de
relaxamento e bem-estar. Estes fatores aliviam a ansiedade e possibilitam ao
paciente ter um sono profundo e reparador a noite.

FINALIZANDO

A reflexologia podal é uma técnica que utiliza pressão em pontos


específicos dos pés relacionados às estruturas e órgãos do corpo, causando
assim um efeito terapêutico. Nossos pés, assim como as mãos, orelhas e
outras partes do corpo chamadas de microssistemas, possuem a
representação de todos órgãos e regiões corporais. Sendo assim, uma
alteração fisiológica em determinado órgão reflete na região correspondente
dos pés, mostrando algum sinal de irregularidade, como dor a compressão ou
alteração na textura da pele.
E o contrário também ocorre. Devido à conexão dos pontos dos
microssistemas com o corpo todo, ao estimularmos os pontos específicos dos
pés ocorre aceleração do mecanismo de reequilíbrio orgânico, o que leva a
melhora do funcionamento do órgão ou região e ao alívio dos sintomas.

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Essa terapêutica é praticada há milhares de anos e por diversos povos,
não tendo um lugar específico para sua origem. Sabe-se que, na China, a
reflexologia nasceu junto com a acupuntura e tornou-se prática popular entre
as pessoas, porém não se tem registros específicos de sua origem.
O primeiro registro encontrado sobre a reflexologia foi no antigo Egito,
entre os anos de 2550 a 2330 a.C. Foi encontrado um pergaminho dentro de
uma tumba, onde se via dois terapeutas realizando a reflexologia. A partir do
Egito, a reflexologia se difundiu por toda a Europa.
Em 1913, Dr. Willian H. Fitzgerald desenvolveu a zonoterapia, técnica
precursora da reflexologia, a partir de seus estudos e pesquisas com seus
pacientes. O médico dividiu o corpo em 10 zonas longitudinais, sendo 5 para
cada lado do corpo. Cada zona possui comunicação com os pés e as mãos e
ao realizar pressão específica em determinada zona, ocorre um efeito
terapêutico nos órgãos e regiões presentes nesta zona.
A partir dessas pesquisas, a fisioterapeuta Eunice Inghan aprimorou a
técnica, delimitando linhas transversais nos pés, equivalentes as linhas
transversais do corpo, e desenvolveu o mapa reflexológico utilizado até hoje.
Atualmente, existem duas linhas principais da reflexologia, a oriental, que utiliza
o mapa Chinês, e a ocidental, com o mapa desenvolvido por Ingham nos
Estados Unidos.
No Brasil, hoje a reflexologia faz parte do rol das Práticas Integrativas e
Complementares disponibilizadas pelo SUS, porém ainda não está disponível
em todos os municípios. A maior parte dessas terapias é disponibilizada na
rede básica de atenção à saúde, principalmente nas capitais.
A reflexologia possui três principais objetivos: reequilibrar o fluxo de
energia pelo corpo, prevenindo o surgimento de patologias; aliviar sintomas
físicos e emocionais presentes no indivíduo; e ser coadjuvante no tratamento
de patologias já instaladas. Devido a isso, esta prática pode ser aplicada como
auxiliar no tratamento de diversas patologias, bem como para a prevenção e
manutenção da saúde, causando sensação de bem-estar e relaxamento ao
paciente. Além disso, essa técnica pode ser utilizada como auxílio na
anamnese, já que o terapeuta pode encontrar alguns sinais ao manipular os
pés do paciente, como dor em algum ponto reflexo ou irregularidade nos
tecidos. Porém, é importante lembrar que não é possível realizar um
diagnóstico com a reflexologia, apenas médicos poderão realizam esta prática.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Portaria n. 849, de 27 de março de 2017. Diário Oficial da União, n,


60, Ministério da Saúde/Gabinete do Ministro, Brasília, DF, 28 mar, 2017.

GARCIA, Ernesto G. Auriculoterapia. São Paulo: Roca, 1999.

GILLANDERS, A. Guia completo de reflexologia: todo o conhecimento


necessário para adquirir competência profissional. São Paulo: Pensamento,
2008.

HALL, J. E. Guyton; Hall Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2011.

HALL, N. M. Reflexologia: um método para melhorar a saúde. São Paulo:


Pensamento, 2006.

KEET, L. A bíblia da reflexologia podal. São Paulo: Pensamento, 2010.

MACHADO, F. A. V. RODRIGUES, C. M. SILVA, P. A. Influência da


reflexologia podal na qualidade do sono: estudo de caso. Caderno de
Naturologia e Terapia Complementar. Vol 2, n 3 – 2013.

Portal da Secretaria de Atenção Primária a Saúde. Disponível em


<saude.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2021.

SILVA, N. C. M. Efeito da reflexologia podal sobre a integridade tissular


dos pés de pessoas que apresentam “Risco de Integridade da Pele
Prejudicada”: um ensaio randomizado. 164f. Tese (Doutorado em
Enfermagem Fundamental – Escola de Enfermagem do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2016.

WEN, H. X., KUABARA, M. Reflexologia podal. São Paulo: Ícone, 2010.

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