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REFLEXOLOGIA PODAL

AULA 3

Prof.ª Elaine Cristina Pinto da Silva


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos conhecer mais profundamente os benefícios da


aplicação da reflexologia podal, com foco na fisiologia dos sistemas orgânicos.
Aprenderemos também a identificar quais pacientes têm contraindicações e não
poderão receber essa massagem.
Ainda com o foco no paciente, vamos verificar quais informações
devemos coletar do paciente para realizar uma anamnese eficaz e quais dados
clínicos devem ser acrescentados de acordo com a nossa percepção.
Logo em seguida, vamos saber como organizar o ambiente de trabalho
para recepcionar os pacientes e quais materiais serão utilizados para nos auxiliar
em nossa prática profissional. Por fim, aprenderemos os tipos de manobras
existentes para a aplicação da técnica e em quais momentos utilizar cada uma
delas.

TEMA 1 – BENEFÍCIOS DA REFLEXOLOGIA PODAL

A reflexologia podal resulta em vários efeitos benéficos para o organismo


e basicamente todos estes são consequência de um mesmo efeito, o aumento
da circulação sanguínea e linfática. Entre os efeitos secundários, estão estímulo
do sistema imunológico, regulação do organismo em razão do bom
funcionamento do sistema endócrino e neurológico, redução do estresse e da
tensão muscular, além de reequilíbrio mental e emocional.

1.1 Aumento da circulação sanguínea e linfática

Como os pés são a região do corpo mais distante do coração, há maior


tendência a ocorrer diminuição da circulação sanguínea, pela dificuldade de
retorno venoso, e consequente edema local. A massagem nos pés ativa a
circulação sanguínea da região e estimula os capilares linfáticos a recolherem
maior quantidade de proteínas e líquido intersticial, devolvendo-os para a
circulação sanguínea.
Confirmando essa informação, Wen e Kuabara (2010) citam um estudo
que quantifica o aumento do fluxo sanguíneo e a elevação da temperatura em
pacientes após a aplicação da reflexologia. Esse estudo aponta que a velocidade
média da circulação sanguínea em mulheres aumentou 17 cm/seg e em homens
teve uma elevação de 8 cm/seg após a aplicação da sessão.
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Em relação à temperatura nos pés, houve um aumento de 14 °C nos
dedos e 9° na sola dos pés após 30 minutos de realização da técnica. Toda essa
mobilização faz com que a nutrição e oxigenação dos tecidos seja facilitada, bem
como a depuração do organismo, que ocorre pela eliminação de catabólitos por
filtração renal. Além disso, como consequência, a quantidade de glóbulos
brancos e hormônios aumenta na circulação sanguínea, fato este que ativa o
sistema imunológico e endócrino do corpo.

1.1 Estímulo do sistema imunológico

Como consequência do aumento da circulação sanguínea e linfática


ocorre a mobilização de maior número de linfócitos e, com isso, o sistema de
defesa do corpo responde mais rapidamente.
Além disso, o estímulo nos pontos reflexos do baço, tonsilas, timo e
gânglios linfáticos aumenta o metabolismo dessas estruturas. Isso faz com que
as células de defesa, como macrófagos e leucócitos, aumentem sua atividade,
defendendo o organismo de bactérias e demais agentes infecciosos.

1.2 Regulação do organismo em razão do bom funcionamento do sistema


endócrino e neurológico

Esses dois sistemas são grandes centros de controle do corpo,


responsáveis por regular o metabolismo. O sistema endócrino é composto por
glândulas que fazem o controle metabólico por meio da liberação de hormônios
na corrente sanguínea (Silverthorn, 2010). Em decorrência do aumento dessa
circulação, a distribuição dos hormônios fica facilitada, desencadeando uma
rápida resposta.
Ainda, o estímulo realizado nos pontos reflexos de glândulas ativa sua
produção hormonal, o que também colabora para a rápida regulação metabólica.
Por exemplo, o estímulo no ponto reflexo do pâncreas faz com que a produção
dos hormônios insulina e glucagon, responsáveis pelo metabolismo da glicose,
seja reequilibrada. Essa ação auxilia na prevenção do diabetes tipo II. Porém,
vale ressaltar que a reflexologia é uma técnica auxiliar, não descartando a
necessidade de hábitos saudáveis de vida e o acompanhamento médico nos
casos necessários.

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Já o sistema nervoso executa seu controle por via neural, como foi
explicado em momento anterior. O estímulo realizado pela massagem aciona os
receptores nervosos de modo a enviarem informações para o SNC e darem início
ao mecanismo do reflexo. Quanto mais estímulo as terminações nervosas
recebem, mais o sistema nervoso é ativado e, consequentemente, mais
facilitadas se tornam as descargas elétricas dos neurônios.
Além disso, Wen e Kuabara (2010) explicam que a informação que chega
ao SNC pela pressão realizada nos pontos reflexos nos pés compete com a
informação da sensibilidade dolorosa da patologia. Se a pressão realizada nos
pés for forte o suficiente, anulará a informação dolorosa do distúrbio patológico,
causando assim o alívio dos sintomas.

1.3 Redução do estresse e da contração muscular esquelética

Para muitas pessoas, a rotina diária tornou-se uma fonte de estresse. A


vida nas grandes cidades e o constante aumento no uso da tecnologia deixaram
as pessoas em constante alerta.
Fisiologicamente, o corpo mantém elevados os níveis de pressão arterial
e cortisol. A pressão elevada fornece maior aporte sanguíneo muscular caso o
indivíduo precise se locomover rapidamente, por exemplo, para fugir ou reagir a
alguma situação. Essa é uma das funções do sistema nervoso simpático, que
aciona o mecanismo de luta ou fuga do organismo, mantendo o indivíduo
preparado para reagir a qualquer condição. Esse constante estado de alerta
também mantém os músculos esqueléticos contraídos por mais tempo, gerando
dores por tensão muscular (Hall, 2011).
Além disso, em situações de estresse há o aumento da produção de
cortisol pelas glândulas suprarrenais. Esse glicocorticoide é responsável pelo
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas com a finalidade de deixar
disponível maior número de substâncias utilizadas no reparo de tecidos.
Porém, quando os níveis de cortisol estão constantemente elevados no
organismo, seja por estresse emocional ou físico, há alteração nas funções do
sistema imunológico e endócrino. Com isso, no sistema imunológico ocorre a
redução de linfócitos e queda na produção de anticorpos, enquanto que no
sistema endócrino há alteração geral na produção hormonal (Silverthorn, 2010).
A massagem realizada durante a reflexologia relaxa primeiramente a
musculatura local, causando melhora da circulação sanguínea. Em um segundo
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momento, a sensação de relaxamento é distribuída para todo o corpo via sistema
nervoso e regulação hormonal pela corrente sanguínea. O efeito causado no
sistema nervoso é a ativação das funções do sistema nervoso parassimpático e
consequente diminuição das funções do sistema nervoso simpático. Esse efeito
reduz consideravelmente os níveis de estresse e as contrações musculares
tensionais (Wen; Kuabara, 2010).
Além disso, o estímulo específico nos pontos reflexos relacionados ao
sistema nervoso e glândulas, como hipófise, cérebro e tireoide, e o estímulo nas
regiões reflexas da musculatura tensionada, como região do trapézio, coluna e
quadril, enviarão um sinal de reparo energético e circulatório para a região
comprometida (Gillanders, 2008).

1.4 Reequilíbrio mental e emocional

O alívio do estresse e a ativação da circulação sanguínea possibilitam que


o paciente se torne mais consciente e perceptivo, obtendo maior clareza mental
e emocional.
Somando-se a todos os efeitos fisiológicos, o toque do terapeuta na pele
do paciente desperta sensações de bem-estar geral e acolhimento. Essa
sensação é uma lembrança primária registrada no inconsciente do paciente em
sua infância. Ao ser massageado, o corpo reativa as mesmas percepções de
quando foi cuidado por seus pais, trazendo a sensação de acolhimento e
proteção (Mumford, 2010).
Além disso, durante a manipulação dos pontos reflexos na prática
terapêutica, há troca energética entre o profissional e o paciente. Essa
equalização energética influencia também a indução ao relaxamento físico,
mental e emocional.
Ainda, tomando como base o princípio oriental da reflexologia, a cada
órgão há uma emoção associada. Ao estimular os pontos específicos
relacionados a esses órgãos, ocorre o reequilíbrio energético desse sistema e,
consequentemente, o reequilíbrio emocional (Wen; Kuabara, 2010).

TEMA 2 – CONTRAINDICAÇÕES DA REFLEXOLOGIA

Para realizar uma terapêutica sem complicações, devemos tomar alguns


cuidados e verificar condições prévias de saúde do paciente. A seguir estão

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listadas as contraindicações. Algumas delas são parciais, ou seja, são aquelas
em que o paciente não poderá receber a técnica momentaneamente ou o
estímulo em pontos específicos não pode ser realizado. Já as contraindicações
totais são absolutas, restringindo o uso da reflexologia nesses casos (Gillanders,
2008; Wen; Kuabara, 2010).

2.1 Contraindicações parciais

• Em até uma hora após as refeições.


• Em gestantes, não realizar estímulo nos pontos do ovário, útero, hipófise
e tireoide.
• Sobre a pele lesionada (feridas abertas, queimaduras, pé diabético etc.).
• Sobre veias varicosas.
• Em período agudo de doenças infecciosas gerais ou locais.
• Durante o período menstrual em mulheres nas quais o fluxo é abundante
ou hemorrágico.
• Em casos de intoxicação alimentar ou medicamentosa.

2.2 Contraindicações totais

• Alterações circulatórias, como trombose venosa profunda, flebite,


tromboflebite e embolia.
• Pacientes com insuficiência cardíaca e renal.
• Em casos de paralisia geral ou parcial.

TEMA 3 – ANAMNESE

A coleta de dados durante a avaliação é de extrema importância para


direcionar o atendimento reflexológico e também para identificar a presença de
possíveis contraindicações (Gillanders, 2008).
Podemos dividir a ficha avaliativa em três seções. Na primeira, serão
coletados os dados cadastrais do paciente, como nome completo, idade,
endereço, telefone, profissão, número dos documentos e a data da avaliação.
Na segunda sessão, deverão ser incluídos os dados clínicos referidos
pelo paciente, como sua queixa principal, histórico patológico, utilização de
medicação contínua, hábitos alimentares (incluindo ingestão de água), práticas
de atividade física, questões relacionadas ao funcionamento dos sistemas
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orgânicos (como condições digestórias, circulatórias e respiratórias, por
exemplo) e outras observações que forem necessárias para a correta aplicação
do protocolo.
Na terceira seção, deverão constar dados clínicos coletados pelo
terapeuta, como pressão arterial, frequência cardíaca e observações da
aplicação da técnica. Para isso, poderá constar na ficha de anamnese um
diagrama dos pés para que o terapeuta sinalize as regiões em que o paciente
apresenta maior sensibilidade à pressão e as regiões nas quais o terapeuta
percebe a presença de granulação na pele ou outras alterações.
O preenchimento dessa terceira seção poderá ocorrer antes da aplicação
da reflexologia, durante a inspeção inicial, ou logo após o atendimento, com o
intuito de documentar as alterações captadas pelo terapeuta. Essa etapa deverá
ser atualizada a cada seção, pois gera um parâmetro comparativo para avaliação
da melhora clínica do paciente.
Para confeccionar a ficha de anamnese, podemos tomar como base o
exemplo a seguir (Figura 1).

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Figura 1 – Anamnese em reflexologia

DADOS CADASTRAIS
Nome completo: Data:
Endereço: Telefone:
RG: CPF: Data de nasc.:

DADOS CLÍNICOS
Queixa principal: ____________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Histórico patológico: _________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Utiliza medicação contínua: __ Pratica atividade física: ___ Litros de água/dia: _______
Descrição de hábitos alimentares: ______________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Observações sobre o funcionamento dos sistemas internos: __________________________


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Observações: ______________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO CLÍNICA (INSPEÇÃO):


Pressão Arterial: _____X_____ Frequência Cardíaca:
Diagrama dos pés (marcar as regiões com alterações percebidas à palpação)

Fonte: Silva, 2021. Créditos: Olga Bolbot/Shutterstock.


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TEMA 4 – ATENDIMENTO AO PACIENTE

Para o correto atendimento ao paciente, precisamos estar atentos a


alguns quesitos fundamentais que serão explicados a seguir.

3.1 Preparação do local

É importante que a sala de atendimento esteja localizada em um ambiente


reservado, sem corrente de ar ou barulho externo, para que o paciente possa
receber tranquilamente sua sessão e se beneficiar dos efeitos do tratamento.
Antes da aplicação da reflexologia, recomenda-se que a utilização de um
escalda-pés no paciente. Essa etapa possibilita a higienização dos pés e
também que estes sejam estimulados pela água quente, aumentando a
circulação sanguínea e facilitando a percepção dos estímulos manuais durante
a aplicação da reflexologia.
Para receber a reflexologia, o paciente poderá ser acomodado em uma
poltrona confortável ou mesmo em uma maca. O terapeuta deverá se posicionar
em frente aos seus pés, de forma que se sente em um nível mais abaixo, para
ter fácil acesso ao local do tratamento de forma que não ocorram prejuízos
ergonômicos para o profissional.
Se o paciente estiver deitado na maca, recomendamos colocar um apoio
sob seus joelhos e elevar a cabeceira da maca para aliviar a pressão sobre sua
coluna lombar. Seus pés ficarão acomodados sobre a maca. Caso o paciente
esteja posicionado em uma poltrona, seus pés poderão ser acomodados em uma
toalha sobre os joelhos do terapeuta.

3.2 Materiais necessários

Além do mobiliário necessário para recepcionar o cliente, durante o


tratamento serão necessários:

• creme para deslizamento;


• toalhas de rosto para cobrir os pés do paciente;
• loção higienizante;
• bastão de reflexologia (opcional).

O bastão de reflexologia pode ser utilizado em alguns momentos com o


intuito de descansar as mãos do terapeuta. Porém, não se deve utilizar o bastão
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durante toda a técnica, já que o profissional precisa do toque nos pés do paciente
para identificar as alterações nos pontos reflexos. Além do mais, como já foi
mencionado no Tema 1 desta aula, o toque manual exerce um efeito curativo
durante a aplicação da reflexologia.

3.1 Regras básicas para o atendimento

É importante salientar que o paciente não pode receber a reflexologia logo


após as refeições, pois grande quantidade de sangue é direcionada para o
metabolismo do sistema digestório. O fato de realizar a manipulação dos pontos
reflexos durante a primeira hora após as refeições mobiliza a circulação
sanguínea para as demais regiões do corpo, deixando a digestão prejudicada.
Logo após a sessão, é indicado servir um copo de água para o paciente
para que haja o estímulo do sistema renal. Isso faz com que os metabólitos
sejam eliminados pela urina com maior facilidade.
Ao atender crianças e idosos, devemos ter atenção especial, pois esses
pacientes apresentam a pele mais fina e maior sensibilidade à pressão. Em
contra partida, pacientes que apresentam regiões ressecadas e durezas nos pés
precisam receber um tratamento prévio esfoliativo. Essa conduta reduz a
espessura da pele e possibilita que o paciente assimile o estímulo da pressão
realizada pelo terapeuta sem maiores interferências.

TEMA 5 – FORMAS DE MANIPULAÇÃO

Basicamente, o estímulo manual realizado na reflexologia pode ser


dividido entre três grandes tipos: pressão, deslizamento e amassamento. A
pressão e o deslizamento podem ser realizados de forma semelhante, o que
difere a utilização entre uma manobra ou outra é o tamanho da área estimulada
e a intensidade da pressão que se deseja aplicar.
Em relação à intensidade da pressão, o estímulo pode ser fraco, médio
ou forte, sendo executado com a polpa ou ponta do polegar, com a articulação
do dedo indicador ou com a articulação do dedo médio, respectivamente.
Na maior parte dos pontos, o estímulo realizado deve ter intensidade fraca
ou intermediária. Esses dois tipos de manipulação causam um reequilíbrio
energético e funcional às regiões reflexas, utilizados como forma de prevenção.
Já o estímulo com intensidade forte deverá ser utilizado nos pontos em que haja

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a necessidade de tratamento específico, verificado durante a anamnese. As
figuras 2 e 3 exemplificam essas formas de manipulação.

Figura 2 – Manipulação fraca com o polegar

Crédito: Elaine Cristina Pinto da Silva.

Figura 3 – Manipulação com intensidade moderada ou forte

Crédito: Elaine Cristina Pinto da Silva.

Vale ressaltar que mesmo utilizando a técnica de dedos para a pressão


fraca, a força empregada na execução da técnica deve ser intensa ao ponto de
ser percebida pelo paciente, algumas vezes podendo gerar certo desconforto,
pois um estímulo muito fraco não surtirá o efeito reflexo desejado (como
aprendemos em momento anterior).
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Quando a região a ser estimulada se tratar de um pequeno ponto, a
manobra indicada é a pressão pontual. Já quando a região for de tamanho médio
ou alongada, o deslizamento é a técnica recomendada. Em relação ao
amassamento, este deve ser realizado com a região tenar da mão e é utilizado
em regiões maiores, geralmente na forma de rotação. Esse estímulo é
considerado de intensidade fraca.

Figura 4 – Estímulo em amassamento deve ser realizado com a região tenar da


mão

Crédito: Elaine Cristina Pinto da Silva.

Ainda, caso haja a necessidade de se realizar pressão forte em uma


grande área, o terapeuta poderá utilizar a articulação dos dedos indicador e
médio juntos para realizar pressão pontual ou em deslizamento, como é
mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Pressão com a articulação dos dedos indicador e médio

Crédito: Elaine Cristina Pinto da Silva.

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Além das técnicas de dedos utilizadas, também devemos atentar para a
necessidade específica de cada ponto. Em alguns, precisamos realizar o
aumento das funções da região reflexa, realizando manobra de tonificação.
Outras vezes é necessário diminuir o metabolismo da região, então é realizada
a manobra de sedação.
Podemos realizar a tonificação e a sedação de duas formas, com o
estímulo pontual ou em rotação. Para a tonificação, devemos executar uma
pressão intermitente (pressionar e soltar) ou rotação em sentido horário de 7 a
10 vezes. Já para realizar a sedação, a pressão deverá ser contínua (com
duração mínima 30 segundos e máxima de 3 minutos) ou então rotação em
sentido anti-horário por 7 a 10 vezes. Quando o objetivo da aplicação da
reflexologia é apenas a prevenção, o estímulo deverá ser realizado em
tonificação com a intensidade fraca ou moderada.

NA PRÁTICA

Uma paciente do sexo feminino, com 46 anos, chegou para uma sessão
de reflexologia com a queixa principal de prisão de ventre. Na anamnese, foi
verificado que ela tem uma dieta alimentar rica em carboidratos e proteína
animal, faz atividade física entre 1 a 2 vezes na semana, trabalha oito horas por
dia sentada em frente ao computador e se sente muito estressada. Em relação
à sua queixa, a paciente reclama da presença de gazes, informa que evacua a
cada três dias com dificuldade e sente cólicas abdominais ocasionalmente.
Ao analisar a avaliação dessa paciente, o reflexologista opta por realizar
pressão intermitente com a articulação do dedo médio nos pontos reflexos do
intestino delgado e do intestino grosso. Ou seja, para aumentar o estímulo
peristáltico desses órgãos, é necessário um estímulo forte que cause tonificação
da região reflexa.
Além disso, pensando no estresse referido pela paciente, para reequilibrar
o organismo como um todo e induzir ao relaxamento, o profissional escolhe
estimular todas as demais regiões dos pés com pressão em sentido horário com
a polpa digital do polegar. Como estudamos nesta aula, esse tipo de estímulo
(fraco) é utilizado para harmonizar a energia geral do corpo, ativando seu
metabolismo. Dessa forma, ocorre melhora no fluxo sanguíneo e linfático geral,
regulação do metabolismo corporal pelo estímulo do sistema nervoso e
endócrino e aumento das funções imunológicas, culminando na redução de
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tensões musculares e do estresse, gerando sensação de bem-estar geral e
relaxamento.
Essa sensação está atrelada fisiologicamente à redução do
funcionamento do sistema nervoso simpático e ativação do sistema nervoso
parassimpático. A ativação desse segundo sistema também potencializa o
metabolismo intestinal, facilitando a evacuação.
Vale ressaltar que essa paciente também precisa ser orientada a ingerir
pelo menos dois litros de água durante o dia e procurar profissionais habilitados
na área da nutrição e da atividade física. O cuidado integral e multiprofissional
com o paciente visa conduzi-lo à melhora de sua saúde física, mental e
emocional sem que haja compensações em algum sistema.

FINALIZANDO

Nesta aula, aprendemos em detalhes cada um dos efeitos fisiológicos da


reflexologia e seus benefícios para o organismo. Vimos que esses efeitos estão
correlacionados entre si e basicamente a ativação da circulação sanguínea e
linfática são os principais fatores responsáveis pelo desencadeamento dos
demais efeitos.
A manipulação nos pontos reflexos dos pés também colabora para a
ativação do sistema nervoso e, partir daí, ocorre a ativação dos demais efeitos
fisiológicos, como a ativação do sistema imunológico, o reequilíbrio na produção
e distribuição hormonal pela corrente sanguínea e o relaxamento geral do corpo,
pela diminuição dos níveis de estresse e tensão muscular.
Entretanto, existem alguns dados importantes que precisamos levar em
consideração antes da aplicação da reflexologia – as contraindicações da
aplicação dessa técnica. Dentre estas, podemos citar quadros infecciosos e de
intoxicação, alterações circulatórias importantes, lesões de pele, quadro de
paralisia geral ou parcial e restrição de estímulos específicos em algumas
condições especiais, como estimular os pontos do útero e ovário em gestantes
e aplicar a técnica durante o período menstrual em mulheres com fluxo
hemorrágico.
Para que possamos realizar uma prática de reflexologia que atenda às
necessidades dos nossos pacientes, vimos também a importância de realizar
uma anamnese detalhada. Nela, é necessário fazer o levantamento do histórico
clínico do paciente e associá-lo à inspeção das zonas reflexas dos pés.
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Durante a inspeção, o profissional procura por pontos dolorosos à pressão
ou que apresentem alguma alteração à palpação, como a sensação de grânulos
sob a pele. Esses achados informam ao profissional que na região reflexa
correspondente àquele ponto específico há algum tipo de alteração energética
ou funcional. Essas informações nortearão a forma como a reflexologia será
aplicada, levando em consideração os diferentes tipos de manipulação.
Essa manipulação pode estimular o metabolismo da região reflexa
correspondente (manobra de tonificação), bem como diminuir seu
funcionamento (manobra de sedação). Para realizar essas manobras, existem
técnicas específicas de posicionamento dos dedos e das mãos, com diferentes
intensidades de pressão.
A técnica de tonificação pode ser realizada com pressão intermitente
sobre o ponto ou em rotação no sentido horário sobre uma área maior. Já na
técnica de sedação, é realizado pressão contínua sobre o ponto ou rotação no
sentido anti-horário sobre a área reflexa.
Esse estímulo pode ser feito com a polpa do polegar, com a articulação
dos dedos indicador ou médio, com a região tenar da mão ou então em
deslizamento, utilizando-se mais dedos.

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REFERÊNCIAS

GILLANDERS, A. Guia completo de reflexologia: todo o conhecimento


necessário para adquirir competência profissional. São Paulo: Pensamento, 2008.

HALL, J. E. Guyton & Hall: Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.

MUMFORD, S. A bíblia da massagem: o guia definitivo da massagem. São


Paulo: Pensamento, 2010.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2010.

WEN, H. X.; KUABARA, M. Reflexologia podal. São Paulo: Ícone, 2010.

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