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BIOFEEDBACK

O termo é formado pelo radical 'bio' (vida) e 'feedback' (retorno de informação), e


também é descrito como método de treinamento psicofisiológico por meio de
equipamentos eletrônicos.
Os primeiros relatos desse métodos na uroginecologia são de 1951, sob influência
de Kegel, porém alguns autores relatam que o biofeedback surgiu na década de 60
nos Estados Unidos, criado pelo psicólogo Neal Miller, um estudioso das funções
biológicas inconscientes e involuntárias do sistema nervoso.  
Na eletroestimulação, as repetidas contrações dos músculos do períneo são
realizadas através de correntes elétricas, cuja intensidade é ajustada de acordo com
cada pessoa e os estímulos são suaves e totalmente tolerados pelas pacientes.
Considerado um método pouco invasivo, com efeitos colaterais não consideráveis e
aceita pela maioria das mulheres, a eletroestimulação tem se tornado uma ótima
terapia quando associada a motivação e disciplina, fatores indispensáveis para que
sejam atingidos e mantidos os resultados.
O aparelho de biofeedback possibilita ao paciente e/ou ao terapeuta receber as
informações sobre a contração muscular do assoalho pélvico na sua forma normal,
fisiológica e inconsciente. São técnicas com as quais é possível melhorar a
capacidade de um indivíduo de autorregular as funções do seu próprio corpo.
As modalidades clássicas do biofeedback são a eletrodérmica (GSR, EDR OU EDA),
a térmica (TEMP), a eletromiográfica (EMG) e a eletroencefalográfica (EEG) ou
neurofeedback.
O eletrodermofeedback (GRS, EDR ou EDA) se faz através da passagem de uma
microcorrente elétrica pela superfície da pele, medindo-se a resistência a esta
passagem. Quando as glândulas sudoríparas estão ativas, a resistência à passagem
da corrente diminui, quando estão inativas a resistência aumenta.
A análise do padrão de resposta elétrica da pele permite estabelecer a correlação
entre o estado emocional e a atividade do sistema simpático e deste modo encontrar
a melhor condição para cada indivíduo em particular.
O termofeedback (TEMP) consiste em se alterar a temperatura nos dedos das mãos
ou dos pés, variação está em íntima correlação com as condições de
vasodilatação/vasoconstrição nestes locais. A vasodilatação é acompanhada de
aumento na temperatura, ao contrário da vasoconstrição que implica queda na
temperatura.
Desta forma, o controle vasomotor pode ser treinado e condicionado (em ambos os
sentidos), o que irá permitir, por exemplo, o alívio da enxaqueca.
O feedback eletromiográfico (EMG) consiste em se medir a atividade elétrica dos
músculos a qual expressa o grau de contração/relaxamento dos mesmos. Desta
maneira é possível treinar o indivíduo a fortalecer a musculatura quando for indicado
ou então a produzir um relaxamento físico quando for o caso.
O neurofeedback consiste em se medir as ondas elétricas do cérebro, pode-se
então, treinar o indivíduo a produzir ou diminuir a produção (amplitude e/ou
freqüência) de qualquer uma das faixas de ondas cerebrais, em qualquer um dos
hemisférios cerebrais ou em ambos, conforme o estado físico e subjetivo que se
almeja alcançar.

BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO
O Guide to Physical Therapist Practice define Biofeedback como “uma técnica de
treinamento que permite a um indivíduo conseguir algum controle voluntário sobre
as funções do sistema muscular ou nervoso autonômico usando-se dispositivo que
forneça estímulos visuais ou auditivos.”
De acordo com a Sociedade Internacional de Continência (Internacional Continence
Society – ICS), biofeedback é a técnica pela qual a informação sobre um processo
fisiológico normal inconsciente é apresentado ao paciente por meio de um sinal
visual, auditivo ou tátil.
O Objetivo é transformar a atividade elétrica de um músculo em um sinal visual ou
auditivo, para que o paciente possa aprender a aumentar ou diminuir a ativação
fisiológica de um musculo esquelético ou grupo muscular.
A eletroestimulação trabalha com a contração da musculatura do assoalho pélvico a
partir da estimulação das fibras musculares e também do nervo pudendo (nervo
misto que tem funções sensitivas e motoras, responsável pela sensibilidade do
períneo por meio do ramo perineal).
O mecanismo da eletroestimulação para o tratamento de incontinência urinária
utiliza reflexos inibitórios eferentes e a estimulação aferente na região sacral da
micção.
Vários tipos de correntes são utilizadas, destacando-se as alternadas, bipolares e as
interferênciais, a intensidade é de caráter individual e deve ser a máxima tolerada
pela paciente.
Estudos foram realizados para verificar o benefício da eletroestimulação em
mulheres com incontinência urinária.
Castro realizou a eletroestimulação intravaginal em 34 mulheres com incontinência
urinária por esforço, durante 3 meses, em 2 sessões semanais de 20 minutos cada,
utilizou corrente bipolar alternada com frequência de 50Hz e intensidade de acordo
com a sensibilidade de cada paciente. O resultado foi um índice de 82,3% de
melhora.
Herrmann et al.(2003), utilizou eletroestimulação transvaginal em 22 mulheres com
incontinência urinária por esforço durante 8 semanas, em 2 sessões semanais com
20 minutos cada, em um frequência de 50 Hz, largura de pulso de 700 ms, com
intensidade variada entre 12 a 53 mA, de acordo com cada paciente. Após a terapia,
observou-se um índice de melhora de 81,7%.
Barroso et al. (2003), utilizou a eletroestimulação em 24 pacientes com incontinência
urinária de esforço, urgência e mista, a terapia foi realizada durante 3 meses, 2
vezes ao dia, por 20 minutos cada sessão, com frequência 20 Hz para urgência e
mista e de 50Hz para incontinência por esforço e uma largura de pulso de 300 ms.
Após a terapia, obteve-se um resultado de 88% da melhora dos sintomas dos
pacientes.
De acordo com os estudos observa-se que na incontinência urinaria há uma
diversidade de parâmetros e frequências, isso ocorre devido aos critérios diferentes
utilizados na aplicação da eletroestimulação, ao tempo de tratamento, e a
necessidade de cada paciente.
O biofeedback é uma das áreas de maior desenvolvimento no campo da medicina
de comportamento, suas áreas de aplicações são amplas, na saúde da mulher e
uroginecologia tem sido aplicada nas seguintes condições visando o trabalho
muscular e o reflexo:
 Incontinência fecal e urinária;
 Conscientização da musculatura perineal;
 Hipertrofia muscular;
 Instabilidade vesical;
 Relaxamento esfincteriano estriado;
 Eliminar hipertonias e hiperreflexias;
 Aprendizado da evacuação.
A eletroestimulação do assoalho pélvico é contra indicada nas seguintes situações:
 Gravidez;
 Lesões ou infecções urinárias ou vaginais;
 Prolapso uterino;
 Diminuição da função cognitiva;
 Câncer de colo do útero, reto ou geniturinário;
 Período menstrual;
 Marca passo ou implantes metálicos.
Os efeitos colaterais com a utilização da eletroestimulação do assoalho pélvico são
raros, destacando-se: dor, irritação vaginal, ardência e infecção urinária.
Os benefícios proporcionado as mulheres que realizam esse tipo de tratamento é de
grande valia e dentre eles destacam-se: a melhora da força muscular, diminuição no
número de perdas urinárias, melhora durante a relação sexual e consequentemente
uma melhora na qualidade de vida e convívio social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORENO, Adriana L. Fisioterapia em uroginecologia. 2. ed. São paulo: Manole,


2009.

NELSON, Roger M.; HAYES, Karen W.; CURRIER, Dean P.; Eletroterapia Clínica.
3. ed. São Paulo: Manole, 2003.

SOUZA; Drielly Fernanda et al. Eletroestimulação no tratamento da incontinência


urinária de esforço feminina: revisão de literatura. Pós em Revista do Centro
Universitário Newton Paiva, n.1, ed. 5, p. 240-245, 2012.

HERRMANN, Viviane et al. Eletroestimulação transvaginal do assoalho pélvico


no tratamento da incontinência urinária de esforço: avaliações clínicas e ultra-
sonográfica. Revista da Associação de Medicina Brasileira, n.4, v. 49, São Paulo,
2003.

ALVES, Maria da Conceição Silva; DIAS, Sávia Francisca Lopes. Aplicação de


recursos fisioterapêuticos no tratamento da incôntinencia urinária decorrente
do puerpério. Revista NovaFisio, 2015. Disponível em:
http://www.novafisio.com.br/aplicacao-de-recursos-fisioterapeuticos-no-tratamento-
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CHAVES, José. Biofeedback: A terapia do século 21. Revista cérebro e mente.


Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n04/tecnologia/biofeed.htm#significa.
Acesso em: 01/05/2018.

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