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Fisiopatologia

dos Movimentos - Cinesiologia


Nadja de Sousa Ferreira, MD. PhD
Especialista em Medicina do Trabalho e Reumatologia, Perita
Médica Judicial, Médica Assistente Técnica, Perita Médica
Previdenciária por 32 anos, Ergonomista, Mestre e Doutora
em Educação, Professora Universitária Titular, Coordenadora
de Iniciação CienLfica, Autora de quatro livros e Presidente
da ABMT federada ANAMT

Fisiologia dos Movimentos
Traz equilíbrio cardiovascular, respiratório,
digestório, tegumentar, aparelho locomotor,
cogniLvo, emocional e do sistema nervoso.
Quando há desuso ou uso em demasia, as
disfunções se iniciam evoluindo para
patologias com incapacidade temporária,
definiLva, invalidez e morte.
Os movimentos humanos traduzem a condição clinica da
pessoa, demonstrando as mudanças químicas e >sicas. As
ações trazem encurtamentos e/ou alongamentos em
diversos senCdos e planos do corpo, com gasto energéCco
diretamente proporcional a solicitação. As variáveis
primárias que compõe os movimentos, são:

E, tem inicio de ação na gestação


Momento de definição do patrimônio e capacidade individual das
habilidades biológicas da pessoa.
Período crí4co de manutenção do patrimônio e capacidade recebido

Fisiologia e patologia podem ter inicio na fecundação, na


neuroevolução durante a fase gestacional até o nascimento.
Fase na qual há:
Formação de padrões de movimentos e habilidades com “matrizes” e
registro por esquema corporal que será ampliada após o nascimento;
Neuroevolução sofre influencia nutricional, experiência ambiental por
múlHplas ações e principalmente por imagem, desenvolvimento de
habilidades e formação de gestos no brincar, escola e esporte.

Bobath,B. Adult Hemiplegia: Evaluation and Tratament 3 edition. Oxford:Buyyerworth Heinennem,1990.;
Pohland, 1989; Lawton, 1988; Abranis, 1995; Margotto, 1991; Ghelman, 2000,

Ciência e técnica para correção de
Desvios da normalidade.

Fisiologia ou patologia na fase neuroevoluCva pós–natal:


Desenvolvimento das habilidades biológicas por influencia


nutricional, experiência ambiental por imagem, desenvolvimento de
habilidades e formação de gestos no brincar, na escola e no esporte.
Preparo para AVD e AVP.

Adolescência – ampliação, amadurecimento neurológico e imunológico
com instabilidade das habilidades provocada pelo crescimento rápido.
Bobath,B. Adult Hemiplegia: EvaluaHon and Treatment. Oxford.: BuSerworth Heinement 1990.
Brown, A.W. The Bobath Concept.2005. Copenhagem, Deumark.

Fisiologia ou patologia na neuroevolução durante a adulMcia:


Desenvolvimento de padrões de movimentos, habilidades e


formação de gestos profissionais; Interferência de hábitos
alimentares e uso de drogas licitas e ilícitas;

Compensação de movimentos e posturas com ginasHca laboral -


suor traz equilíbrio;
•  Neuroinvolução: disfunção nutricional, sobrecarga ambiental
( trabalho, lazer e aHvidade da vida diária), doenças ou apenas
processo de envelhecimento.

AMERICAN ACADEMY OF NEUROLOGY – Guidelines for the caregivers. 2000.
Movimento estriado é a
ponta do iceberg e resulta
de inúmeras reações
orgânicas de cada pessoa.
A parte imersa representa
ações dos músculos lisos
e mistos/cardiovasculares.
Movimentos e ordem de aquisição evoluCva humana
Qualquer desvio do equilíbrio traz alterações funcionais

1.  Sensibilidade; 2. Tônus muscular; 3. ContraClidade;
4. Arco de Movimento; 5. Trofismo; 6. Força Muscular;
7.  ElasCcidade e Flexibilidade; 8. Coordenação motora grossa e
fina; 9. Equilíbrio dinâmico e estáCco;
10. Função totalizadora.....
Semiologia e GinásLca Laboral: Teoria e PraLca - Nadja Ferreira (2016).

Fatores que podem ser controlados:


Temperaturas, vibrações, umidade do ar,
velocidade do vento, perfil nutricional,
Frequência do uso da musculatura estriada
(idenCficada pelo pulso), estado emocional,
fator ergonômico .....
Semiologia e GinásLca Laboral: Teoria e PraLca - Nadja Ferreira (2016).
Critérios de iden4ficação de probabilidade de risco
Movimentos por segundos por Classificação da Consequências
Músculos ou grupos musculares frequência Clinicas
dos movimentos
musculares
Movimentos com repouso Baixa comparada Hipotrofia, redução da
intercalar de 10 minutos ou mais a inatividade Força muscular, da percepção barestesica, háptica,
desconforto e/ou dor
Aumento da glicose, colesterol e triglicerídeos
Movimentos com intervalos de Baixa para a Comportamento igual a inatividade
repouso de 2 minutos atividade
Movimentos com intervalos de Moderada Ação ideal para manutenção da saúde
1minuto e 30 segundos
Movimentos de grupos musculares Alta Sobrecarga muscular com necessidade de rodízio
diferentes a cada 50 segundos de tarefas e pausas de 10 minutos em cada 50
minutos
Movimentos dos mesmos grupos Repetitividade Realização de tarefas com rodízio de após 50
musculares a cada 30 segundos sem minutos com 10 de pausa e ginástica laboram para
mudança angular, troca de grupos equilíbrio das cadeias
musculares, ausência de
micropausas e/ ou pausas.
Semiologia e GinásLca Laboral: Teoria e PraLca - Nadja Ferreira (2016).
1.  Estrutura >sica e química orgânica

Aqui compreendida como todos os tecidos, sistemas e


órgãos com ações próprias de transporte, vascularização,
defesa imunológica nata, registro e memória das ações
corporais focadas em movimentos de origem muscular liso
(aHvidade elétrica espontânea e contração muscular
conHnua – aparelho digestório e respiratório).

Relação direta com a massa muscular estriada


1.  Estrutura >sica e química orgânica (conCnuação)

Ações corporais focadas em movimentos de origem muscular


misto (s. nervoso autônomo, simpáHco e parassimpáHco)
com ação elétrica pelo Nó (nódulo) Sinusal ou de Keith e
Flack, o Nó Atrioventricular (Nó/nódulo AV ou de Aschoff –
Tawara), o Feixe de His e as Fibras de Purkinje e Feixe de
Bachmann. Relacionado diretamente com os músculos
estriados, quanto mais fortes menor a frequência cardíaca.
Vogler J, Breithardt G, Eckardt L. Bradiarritmias y bloqueos de la conducción. Rev Esp Cardiol. 2012;65:656-67. Anderson RH, Yanni J, Boyen
MR, et al. The anatomy of the cardiac conducLon system. Clin Anat 2009; 22:99-113.
Sánchez-Quintana D, Ho SY. Anatomía de los nodos cardíacos y del sistema de conducción específico auriculoventricular. Rev Esp Cardiol.
2003;56:1085-92.




Músculo Estriado

1.  ESTABELECE A CONGRUENCIA ARTICULAR;


2.  FINALIZA A POSTURA DESEJADA
3.  RESPONDE AOS ESTÍMULOS DA GRAVIDADE A NÍVEL ORGANICO
(ÓSSEO, MUSCULAR, TENDINOSO, VISCERAL..)
4.  PROMOVE OS MOVIMENTOS ISOMÉTRICOS, ISOTÔNICOS, E
CONCOMITANTES
5.  RESPONDE AOS COMANDOS VOLUNTARIOS
6.  FORMA CADEIAS MUSCULARES....

Músculos Estriados
Estrutura >sica e química orgânica – patologias
a.  MiopaCas
b.  NeuromiopaCas
c.  OsteopaCas
d.  ArtropaCas reumatologicas, desta a principal e mais
numerosa é a Osteoartrose primaria
e.  Artrites
f.  Alterações decorrentes de traumas
g.  ArtropaCas e miopaCas metabólicas
h.  ...
Estrutura >sica e química orgânica – patologias
A dor no ombro é a segunda causa de queixa de
dor no aparelho locomotor, precedida apenas pela
dor referida na coluna vertebral. Turtelli (2011)

Exemplos:
1.  Acrômio ganchoso Tipo II e III de Bigliani
2.  Artrose de ombro
Coluna Vertebral
Coluna Vertebral
Fazer diagnósLco diferencial na presença de dor
referida

Condrite Costoesternal ou Síndrome de


Tiètze
Clin Exp Rheumatol. 1990 Jul-Aug;8(4):407-Tietze’s syndrome: a
criLcal review.
Am Fam Physician. 2009 Sep CostochondriLs: diagnosis and treatment.
Pinçamento de C6,C7,C8,T2. Espondilartrose Pseudovisceral Alta
por compressão de T1,T2,T3 e T4.
Artrose + Condrite Esternal = Síndrome de Tiètze
Fazer diagnósLco diferencial na presença de dor
referida
Fígado,
vesícula biliar,
duodeno,
irritação do
diafragma,
coração
DiagnósLcos de exclusão

•  Dupuytren – Fáscia palmar


•  Ledderhouse – Fáscia plantar
•  Artrite reumatóide
•  Lúpus Eritematoso Sistêmico
•  Dedo em gatilho
•  De Quervain
•  Bursites da gota, condrocalcinose, ocronose....
Síndrome de Costen (artrose de ATM)
Coxofemorais, joelhos, tornozelos
Alterações químicas com repercussão em músculos
Miopa4as : estriados
1.  Hereditárias
2.  Congênitas
3.  Adquiridas
a.  Diabetes;
b.  Alcoólicas
c.  Drogas ilícitas
d.  Hipo ou hiper4reoidismo
e.  Hipo ou hiperpara4roidismo
f.  Tóxicos ambientais
g.  Agrotóxicos
h.  Doenças reumatológicas
i.  Doenças imunológicas American College of Sport Medicine, 2001.
Anatomia orientada para clínica – Moore 2011
j.  outras Tratado Brasileiro de Reumatologia – Cecin,2015

Estrutura >sica e química orgânica – senescência e
envelhecimento com patologia
2. Função
Todas as funções orgânicas interagem com os movimentos e
saem da linha média

3. Habilidades biológicas
Resultam do patrimônio biológico (herança, alimentação e
desenvolvimento das mesmas)

4. Fadiga necessária (normal) esMmulo a reparação
orgânica com manutenção da homeostasia


5. Sono reparador
5 as 17 h – produção de adenosina
17 as 21h – cérebro aguarda a redução da luz ambiental
para a indução do sono
21 as 3h – transformação da adenosina em melatonina
2h as 3 h – maior nível plasmáCco da melatonina
3h as 5 h – grande produção de corCsol e inibição
progressiva da melatonina, preparo para o acordar.
Reparo RaCficado ou reCficado pelos músculos estriados.

Avaliação Clinica das habilidades
Sensibilidade – Monofilamento ou Estesiômetro e Disk Discriminator
Avaliação Clinica das habilidades
1.  Sensibilidade
Escala de Sensibilidade – OMS (1977)
Escala de cor e diâmetro do Descrição da resposta ao teste
filamento
Verde 0,05g 1. Sensibilidade normal na mão e pé
Azul 0,2g 2. Sensibilidade diminuída na mão e normal no pé
3. Dificuldade para discriminar texturas (tato leve)
Violeta 2,0g 4. Sensibilidade protetora diminuída na mão
5. Incapacidade de discriminar texturas
6. Dificuldade para discriminar formas e temperaturas
Vermelho forte 4,0g 7. Incapacidade protetora de mãos e algumas vezes nos pés. Incapaz de
discriminar texturas, formas e temperaturas.
Vermelho com X 10g 8. Incapacidade protetora dos pés, texturas, formas e temperaturas.
Vermelho circular 300g 9. Identifica apenas sensação de pressão profunda em mãos e pés.
Preto 10. SEM RESPOSTA – PERDA DA SENSIBILIDADE SUPERFICIAL
E PROFUNDA
Fonte: Ministério da Saúde (2000); Semiologia e Ginástica Laboral: teoria e prática,2016
Avaliação Clinica das habilidades
1.  Sensibilidade
Avaliação Clinica das habilidades
1.  Sensibilidade
2. Tônus
O tônus foi denominado por Berne et al. (2003) como o “andaime para
as proteínas contráteis”. Apresenta o padrão individual de distâncias
entre essas proteínas, com a construção do patrimônio pessoal. Esse
arranjo proteico é traduzido pela consistência e elasLcidade que
permite às arLculações, órgãos e sistemas um ajustamento mais
próximo ou mais distante. Essa diferença de distâncias impõe grau
maior ou menor de liberdade arLcular, movimentos mais amplos ou
restritos, ainda dentro do que é considerado “normalidade”.

Semiologia e GinásLca Laboral: Teoria e PráLca .Nadja Ferreira, Ed. Atheneu 2016
2. Tônus
3. ContraClidade
Escala de Kendall ( 2007)

KENDALL. Florence Peterson – Músculos Provas e Funções, com postura e dor , 5ª


ed.Baruiri , Manole 2007.
4. Arco de Movimento – ACvo, Passivo e ResisCdo
Iniciar com a avalição passiva das arLculações, que informa o Lpo de
Congruência ar4cular existente.

A4vo – informa a condição muscular

Resis4do – classifica a probabilidade de fadiga muscular
5. Trofismo
Quando a massa muscular apresenta as medidas similares, em
intervalos de tempo subsequentes, há registro orgânico de que a
pessoa realizou as mesmas ações, com a mesma frequência, nesses
grupos musculares, de maneira habitual e permanente.

Perimetria contraída e relaxada – informa a condição funcional
Atrofia – ausência de ação elétrica ou neurotmese
Hipotrofia; Pseudo-hipertrofia, hipertrofia.
6. ElasCcidade e Flexibilidade
6. ElasCcidade
ElásLco = músculos,
vísceras, pele, tecido celular
subcutâneo, fáscias, ..

Flexível = tendão, carLlagem
e osso.
7. Força Muscular
FORÇA MUSCULAR por Esfigmomanômetro (com erros
previsíveis menores que o aperto de mãos).
8. Equilíbrio dinâmico e estáCco
Uso predominante das três camadas de músculos da coluna
vertebral e da camada profunda dos MMSS e MMII. Essa
ação estabiliza o eixo do corpo para permiHr movimentos dos
segmentos corporais. Inicia pelo dinâmico e evolui para o
estáHco , de deitado para de pé e deambulação.
9. Coordenação Motora Fina
9. Coordenação Motora Grossa
Medicina do Trabalho ± 70% das ações
encontram-se na ATENÇÃO PRIMARIA
em varias modalidades.
Prevenção Cinesioterapia a nível de
Atenção Primária- Autocuidado
Ao acordar: “pedalar” ainda posição deitada e alongar em várias
Direções. Ficar de pé – “espreguiçar” e andar no mesmo lugar...

Durante o dia: “espreguiçar”, “espreguiçar” , “espreguiçar”
“ endurecer a musculatura” “espreguiçar” “ endurecer a musculatura”

Antes de dormir: “espreguiçar” , “espreguiçar” , “espreguiçar”


OBRIGADA

abmt@abmt.org.br

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