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CURSO DE FISIOTERAPIA MANIPULATIVA

1. Definição de Fisioterapia Manipulativa

Segundo a IFOMPT (Federação Internacional de Fisioterapeutas Manipulativos


Ortopédicos). Define-se como Fisioterapia Manipulativa ou Terapia Manual Ortopédica, a
área da Fisioterapia especializada no manejo de condições neuro-músculo-esqueléticas,
baseadas no raciocínio clínico, que utiliza abordagens de tratamento específicas, dentre
elas técnicas manuais e exercícios terapêuticos.

2. História da Fisioterapia Manipulativa

O primeiro registro de manipulação relacionada à coluna vertebral foi encontrado


num antigo texto egípcio que descrevia essa manipulação como terapia no ano
aproximado de 2650 AC. Inscrições rupestres contendo desenhos que simbolizam manuais
foram encontrados em todos os continentes. Em 1500 AC, os gregos relataram seu
sucesso no tratamento de dores lombares, Hipócrates escreveu em um de seus livros
"conheça uma coluna, ela é a causa de muitas doenças". Um famoso médico grego,
Galeno, escreveu no início do séc. Il "Olhe para o sistema nervoso como a chave da saúde
máxima".

Conta-se que Quirón, um médico da antiga Grécia, teve contato pela primeira vez
com esta "arte de cura" no Tibete, onde no início da Era Cristã já havia um modelo do que
viria a ser chamada de Universidade de Medicinas Naturais. Desde então estas técnicas se
espalharam por muitos povos da Ásia, África e América Central. Ciganos da Europa
utilizam estas técnicas há quase um milênio. Estes povos deixaram anotações sobre o uso
das mãos como instrumento de cura.

No século XIII, por exemplo, esse tipo de terapia manual era utilizado na Inglaterra
pelos chamados bone-setters, causando controvérsias sobre os reais benefícios da
técnica. Contudo, no século seguinte, a medicina ortodoxa se distanciou da terapia
manual, contribuindo para o aparecimento – e maior aceitação – de tratamentos
alternativos, como a Quiropraxia e a Osteopatia.

No século XX, a manipulação vertebral já era praticada por inúmeros fisioterapeutas


ingleses, e, em 1974, os fisioterapeutas pioneiros dessa técnica (Maitland, Katenborn,
Lamb, McKenzie, etc) fundaram a IFOMPT. Isso fez com que a especialidade ganhasse
espaço e passasse a se desenvolver dentro da Fisioterapia.

Desde então, sob a filosofia de aliar a arte e a ciência em seu tratamento, a


Fisioterapia Manipulativa vem contribuindo na prevenção e no tratamento de disfunções
musculoesqueléticas.
3. Princípios da Fisioterapia Manipulativa

O código genético representa o projeto individual de cada ser vivo, a matriz surge a
partir do espermatozoide e óvulo, e todo o restante das estruturas se formam a partir desta
mesma matriz, um dos primeiros tecidos a se diferenciar é o tecido nervoso, através do
tubo neural. Possui também, todas as informações necessárias para o manter a plenitude
de manifestação durante um determinado espaço de tempo, significando, portanto, que
cada organismo tem um potencial de recuperação extraordinário que se expressa através
de um pleno fluxo de informações; no ser humano transitam preferencialmente pelo
Sistema Nervoso a cada célula do corpo.

O Sistema nervoso é um só órgão executando uma só função.

O Sistema Nervoso não possui nenhuma descontinuidade, ou seja, é todo


interligado, sem nenhuma interrupção, por isso tratando outras partes do corpo
conseguimos melhorar seu fluxo e beneficiar as regiões que estão debilitadas.

Quando uma articulação não está trabalhando bem, possui uma hipomobilidade ou
hipermobilidade, mesmo que assintomático, o fluxo nervoso e vascular não estar
trabalhando 100%, por isso a Fisioterapia Manipulativa trabalha o corpo como um todo,
para facilitar o fluxo nervoso e promover saúde.

4. Hipomobilidade x Hipermobilidade
Hipomobilidade é a restrição de movimento de uma articulação em um ou mais
sentidos. Geralmente ocorre em casos crônicos devendo manipular essa região.

Hipermobilidade é o aumento dos movimentos de uma articulação em um ou mais


sentidos. Geralmente ocorre em casos agudos, não devendo realizar as manipulações
nessa região.

Uma região com hipomobilidade faz com que outra região (geralmente ascendente)
tenha que trabalhar a mais para fornecer o movimento que aquela deveria ajudar a fazer,
porém ao trabalhar a mais sobrecarrega sua estrutura e acaba inflamando gerando uma
crise aguda.

5. Causas de Alterações Vertebrais

Físicas - Acidentes, mal jeitos, impactos, movimentos bruscos, quedas, posturas


incorretas, trabalhos em períodos prolongados, sedentarismo, LER / DORT, estão entre as
principais causas alterando a função fisiológica das articulações

Químicas - através da alimentação, devido a conservantes e agrotóxicos,


medicamentos, drogas e outras substâncias químicas prejudicam a nutrição das estruturas
encontradas na coluna vertebral. O cigarro tem efeito destrutivo da coluna comprovado.
Emocional - Alterações no emocional sadio e equilibrado, inclusive por sua ligação
direta ao sistema nervoso, afetam de forma negativa uma coluna. A musculatura em
determinadas áreas ligadas à coluna sofre tensões excessiva, permanecendo contraída
involuntariamente e prejudicando a oxigenação muscular e comprimindo vértebras e
discos.

6. Subluxações Espinhais

O complexo de subluxação vertebral (CID M99.1) se refere a um pequeno


desalinhamento das vértebras da coluna vertebral responsável por desencadear um
conjunto de alterações fisiológicas (miopatia, cinesiopatia, neurofisiopatia, histopatia e
artropatia).

Quando nossa coluna está em perfeito estado, os forames têm o tamanho suficiente
para a passagem dos nervos, mas quando ocorre um desvio de uma ou mais vértebras
ocorre um pinçamento de nervos que por lá passem, ocasionando, dependendo do grau,
dor, parestesia ou mal funcionamento de alguma vértebra.

A subluxação é uma síndrome que possui sinais e sintomas particulares como:


I. Desalinhamento (primário no mesmo local; secundário em níveis ascendentes
ou descendentes)
II. Movimentação alterada
III. Mudança palpatória nos tecidos moles
IV. Dor localizada e/ou referida
V. Espasmos musculares
VI. Função fisiológica alterada (desidratação das cartilagens e discos)
VII. Apresenta resistência local (aumentando o stress ligamentar)
VIII. Reversível por manipulação
O nosso corpo é todo interligado, formando cadeias articulares, musculares,
nervosas e miofasciais, por isso a origem de uma alteração pode ter iniciado em outra
região e tratando determinado local, estamos interferindo em outros, às vezes a distância. 
As mudanças orgânicas que uma subluxação pode ocasionar são:
Dermátomo - na pele (tecido cutâneo). 
Esclerótomo - no periósteo (principalmente da própria vértebra afetada). 
Miótomo - sem potencial de ação muscular. 
Angiótomo - no sistema circulatório. 
Viscerótomo - nos órgãos.
A função da Fisioterapia Manipulativa é fazer o ajuste, ou seja, reposição das
vértebras a sua localização ideal.  Estes ajustes são realizados manualmente, com o uso
de muito tato, técnica e conhecimento da anatomia humana. 
As terapias manuais são a principal forma de tratamento utilizada.  Entre elas,
destaca-se o ajustamento ou manipulação articular.  Após um detalhado exame da
mobilidade de cada articulação, a fisioterapeuta diagnóstica qual é o segmento articular
que requer deste tratamento. A manipulação é então realizada. Trata-se de um movimento
rápido e preciso, normalmente acompanhado por um estalido da articulação manipulada. O
objetivo da manipulação é restituir uma mobilidade normal da articulação afetada. Após um
ajustamento bem realizado, observa-se a redução normalmente da dor e sensibilidade
local, melhora do movimento e redução da tensão muscular. 
A prescrição de exercícios e orientação postural são parte integrante do
tratamento. Neste sentido, a fisioterapia manipulativa segue aos preceitos mais
contemporâneos de reabilitação, onde a uma terapia passiva, uma manipulação, segue-se
sempre uma terapia ativa, como exercícios, permitindo ao paciente um restabelecimento
pleno de suas funções e impedindo a ocorrência de recidivas. 

7. Contraindicações

Desta forma, a manipulação está contraindicada nos casos onde houver:

 Tumores
 Osteoporose
 Fraturas
 Luxações
 Lesões Infecciosas
 Osteomielite
 Pânico à manipulação

Cuidados Especiais

 Lesões Inflamatórias Agudas


 Hérnias discais principalmente como centrais
 Espondilolistese
 Acidentes recentes
 Grandes Osteófitos
 Escolioses acentuadas
 Manipulação cervical em mudanças vasculares locais
8. Fases das Lesões (AGUDA, SUB-AGUDA E CRÔNICA)

Deve-se respeitar rigorosamente a fase da lesão para o sucesso do tratamento!!! 


Quanto mais precoce o início do tratamento, mais rápido será o resultado, desde
que respeite as fases da lesão. O inverso é verdadeiro, quanto mais demorar para iniciar o
tratamento, mais demorado este será. 
Lembre-se que uma lesão crônica pode voltar a ser aguda (re-agudizar).

Fase inicial ou aguda


Nesta fase os principais objetivos são de aliviar as principais dores e melhorar a
mobilidade, caso o paciente apresente alguma nevralgia esta será a prioridade. As sessões
são mais frequentes, assim como as manipulações. Na primeira sessão deve-se ter o
cuidado para não irritar mais a região de queixa de dor do paciente. 
Após as disfunções começarem a ser corrigidas, o sistema nervoso vai ficando livre
de interferências, as posturas antálgicas vão desaparecendo e o potencial nato de auto-
cura começa a manifestar-se mais rápido e melhor. Curar-se pode demorar um pouco,
mesmo após as dores cederem, pois, as correções somente darão início ao processo. 
Podem ser administradas diárias, o número destas dependerá da melhora do
paciente.

Fase reconstrutiva ou sub-aguda


Diminui a frequência de ajustamentos, os principais objetivos são o término das
dores residuais e a normalização da função da coluna. É uma fase intermediária entre uma
fase aguda e crônica. Investiga-se e trata de lesões mais especificas e focalizadas. Fase
onde as maiores mudanças na coluna e sistema nervoso são sentidas, pois as
subluxações mais antigas são corrigidas. 
Podem ser aplicadas sessões em dias alternados e ir aumentados o intervalo entre
as sessões, até uma vez por semana. Para se ter uma base, a sessão a seguinte deve ser
marcada quando os sintomas derem sinal de querer reaparecer.  Pois as atividades
cotidianas vão causando influência sobre o organismo.

Fase de manutenção e prevenção


As sessões começam a ser aplicadas com um intervalo maior. Pois o corpo vai
apresentando novas alterações e a performance mecânica pode ser melhorada, inclusive
evitando que novas lesões apareçam, o bem-estar físico e a disposição do paciente devem
aumentar.
É aconselhável realizar ajustes a cada 3 ou no máximo 6 meses.

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