Você está na página 1de 10

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMBURY

FISIOTERAPIA

MICHELLE CHRISTINA DE OLIVEIRA

RESUMO DO CONTEÚDO DA DISCIPLINA RECURSOS TERAPEUTICOS


MANUNAIS

GOIÂNIA

2021
Introdução

A Terapia Manual é uma forma antiga de cuidado e tratamento e permeia várias


culturas ao redor do mundo. Existem achados nas paredes do Egito que datam cerca
de 15 mil anos e que serviram de referência para as técnicas utilizadas ainda hoje. A
Terapia Manual, e suas várias técnicas e metodologias, é um dos recursos
terapêuticos mais importantes na Fisioterapia, especialmente para reabilitação e na
intervenção de doenças ortopédicas e neurológicas.

As técnicas de terapia manual são manipulações, mobilizações e exercícios


específicos com objetivo de estimular a propriocepção, produzir elasticidade a fibras
aderidas, estimular o líquido sinovial e promover a redução da dor. Suprimindo todos
os seus bloqueios e pode o livrar das suas algias. O terapeuta manual procura a causa
da sua sintomatologia em seu organismo e, no caso de uma dor reversível, encontrar
uma solução definitiva. (ANDRADE, 2008).

Vamos abordar neste trabalho as técnicas de Maitland, Mulligan, Cyriax,


Ventosa, Mobilização Neural e Pompage.

1- Maitland

É uma técnica de Mobilização articular, criada pelo fisioterapeuta Geofrey


Douglas Maitland, e é utilizada principalmente para tratar dores, disfunções articulares
que diminuem a ADM (Amplitude de Movimento), observando principalmente
alterações da mecânica articular, que pode estar alterada em decorrência de
processos cirúrgicos, inflamatórios, dores, derrame articular, contraturas, aderências
capsulares ou ligamentares, desalinhamento, subluxações e outros.

A técnica de Maitland baseia-se em movimentos passivos ondulatórios, rítmicos


classificados em quatro níveis de mobilização e um quinto nível de manipulação
articular conforme gráfico abaixo:
• Grau I é caracterizado por micromovimentos no começo do arco de
movimento em ritmo lento, livre da resistência de tecidos, tendo como
efeito fisiológico a entrada de informações neurológicas através de
mecanorreceptores, ativando as comportas medulares;
• Grau II, movimento grande no meio do arco em ritmo lento sem
resistência, que, além de ativar as comportas medulares, estimula o
retorno venoso e linfático, causando clearance articular;
• Grau III, movimento por todo arco com oscilação mais rápida que o grau
I e II, com resistência dada pelos tecidos periarticulares, causando os
mesmos efeitos do grau II acrescido de estresses nos tecidos
encurtados por aderências;
• Grau IV, micromovimentos no final do arco que promovem estresses
teciduais capazes de movimentar discretamente tecidos fibróticos.
Maitland também classificou a manipulação articular como grau V
(REZENDE, 2006; BARBOSA, 2008; MAITLAND; 2001).
• Grau V: Uma pequena amplitude de movimento - impulso rápido (thrust)
dado ao final da amplitude de movimento, geralmente acompanhado por
um estalido - é chamada manipulação. Usada quando há mínima
resistência ao final da amplitude. A manipulação é realizada de forma
mais eficaz pela velocidade do impulso do que pela força aplicada.

A direção apropriada para esses deslizamentos oscilatórios é determinada pela


regra côncavo-convexa. Quando uma superfície côncava está parada e a superfície
convexa é mobilizada, um deslizamento do segmento convexo deve ocorrer na
direção oposta à restrição do movimento articular. Se a superfície articular convexa
está parada e a superfície côncava é mobilizada, o deslizamento do segmento
côncavo deve ser na mesma direção que a restrição do movimento articular.

Esta técnica possui algumas contraindicações, que podem ser absolutas ou


relativas: Artrite reumática em fase aguda, espondilose cervical com isquemia vertebro
basilar, luxação, articulações com hipermobilidade espondilolistese, espondilite
anquilosante, sendo contraindicação absoluta quando as mesmas apresentarem
quadros inflamatórios, em casos de fraturas, osteoporose, distúrbios circulatórios
como aneurismas, aterosclerose sendo contraindicações absolutas quando utilizada
Maitland em grau V, em hérnia de disco com envolvimento neurológico grave ,
em doenças infecciosas, em crianças e adolescentes quando for utilizado grau III
a IV devido às placas de crescimento lesionarem, contraindicação relativa em
gravidez.

Como sugestão de atendimento, as condições dolorosas devem ser tratadas


diariamente, enquanto casos de hipomobilidade e rigidez articular devem ser tratados
de 3 a 4 vezes por semana, em dias alterados, e combinados com exercícios de
movimentação ativa.

2- Mulligan

A metodologia foi desenvolvida por Brian Mulligan, fisioterapeuta neozelandês, e


é utilizada para avaliação e tratamento de disfunções neuro-múscuo-esqueléticas.
Traz a definição de “Falha Posicional”, que pode ser causada por lesões, entorses e
tensões, e é a causadora de dor, diminuição da ADM e diminuição de função. Associa
o reposicionamento articular ao movimento ativo, de forma que o paciente realiza o
movimento sintomático enquanto a força da mobilização articular é exercida. Não deve
ser utilizada para tratar queixas de dor em repouso, exceto quando a dor é mínima e
aumenta com a movimentação do paciente. A repetição de um movimento adequado
deverá restaurar a memória do movimento e manter a correção da falha posicional
anterior. As técnicas utilizadas são conhecidas como: NAGS, SNAGS e MWMS.

• Deslizamento Apofisário Natural (Natural Apophyseal Glides) ou NAGS:


trata-se de técnicas oscilatórias passivas, realizadas com o paciente
sentado, indicado para o tratamento da coluna cervical média e torácica
superior nos casos de dores e rigidez articular.
• Deslizamento Apofisário Natural Sustentado (Sustained Natural Apophyseal
Glide) ou SNAGS: Combina o movimento articular vertebral ativo com um
movimento acessório. É aplicado com o paciente sentado e pode ser
utilizado em toda a coluna vertebral, caixa torácica e articulação sacroilíaca.
• Mobilizações com movimento (Mobilisations with movements) ou MWMS: É
indicado para o esqueleto apendicular (membros).

A técnica é indicada para o tratamento de hérnias de disco, protusões discais,


alterações posturais (escolioses, hiperlordose) dores de cabeça e enxaqueca, dor
ciática, torcicolos e dorsalgias, tendinites, bursites, LER e Dorts, stado pós-cirúrgico
com perda residual de mobilidade, entorse do tornozelo (inversão), epicondilalgia
lateral. E contraindicada em casos de hipermobilidade, doença óssea, compressão da
medula espinhal, fraturas recentes não consolidadas, derrame articular e outros.

3- Cyriax

Método criado pelo médico Britânico James Cyriax, e consiste em uma avaliação
de função dos tecidos moles (fáscias, músculos, tendões, ligamentos, bursas cápsulas
articulares, etc) para um diagnóstico consistente, e também em um método de
tratamento adequado e eficiente que engloba a Massagem Transversa Profunda
(MTP), Manipulação de articulações e Infiltrações.

“Movimentos ativos: testam articulações e músculos; movimentos


passivos: testam apenas as articulações; movimentos resistidos:
testam somente os músculos”.

A MTP, que é a forma mais conhecida da técnica Cyrax, tem o objetivo de


restaurar e manter a mobilidade das estruturas de tecidos moles, através da
manutenção da elasticidade, o que impede a formação de tecido cicatricial aderente.
A massagem também favorece uma melhor hidratação e nutrição dos tecidos.

Deve ser aplicada de forma transversal ao tecido lesionado, e não se deve


mobilizar apenas a pele do paciente, mas o tecido subcutâneo. É feita com as pontas
dos dedos, com o tecido a ser tratado estendido (tensionado de forma que a fricção
possa ocorrer), de forma lenta e gradual para diminuir desconforto. A indicação
terapêutica é que seja feita por 20 minutos e com intervalos de 48 horas entre as
sessões e sempre observando os relatos de dor dos pacientes.

É indicada em casos de lacerações, lesões tendíneas, tendinites e rupturas


tendinosas parciais, tenossinovites, torções ligamentares, endurecimento de áreas
subcutâneas e tecido cicatricial. As contraindicações são: lacerações musculares
agudas (especialmente as que apresentem hematomas), inflamações agudas nas
articulações, doenças de pele na área a ser tratada, vasos sanguíneos lesionados,
TVP, neoplasia, infecções bacterianas na área a ser tratada.
A partir do método Cyriax foram desenvolvidas novas técnicas que incluíram a
utilização de ferramentas que podem auxiliar e facilitar o trabalho do terapeuta e
também proporcioná-lo um menor desgaste corporal durante os atendimentos. Dentre
eles, podemos citar a a crochetagem.

4- Ventosa

A ventosaterapia é uma técnica milenar utilizada há mais de 4 mil anos. Existem


registros de seu uso no Egito, Grécia e na China, que é a aplicação mais conhecida,
dentro da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Os instrumentos utilizados para sua
aplicação inicialmente eram cabaças, bambu, e chifres de animais, e atualmente
utiliza-se também os copos de vidro ou de acrílico.

Com a utilização do fogo, consome-se o ar contido dentro das ventosas (cabaça,


bambu, chifre ou vidro), e gera-se um vácuo, o que faz com que o instrumento “sugue”
e fique aderido à pele do paciente. No caso da ventosa de acrílico, ela possui uma
válvula de controle de entrada /saída de ar, e é vendida com uma “pistola”, que
acoplada ao copo e ativada, gera a sucção da pele e prende a ventosa.
O uso da ventosa é indicado para diversos fins, tanto dentro da chamada Medicina
Ocidental (Ciências da Saúde) quanto na MTC, como dores musculares, articulares,
drenagem, insônia, tensões, problemas respiratórios, gastrites, febre, indigestão,
paralisias, entre outros, além de tratamentos emocionais e energéticos.

São contraindicações: febre alta, convulsões, hemofílicos ou facilidade de


sangramento, enfisema pulmonar severo, insuficiência cardíaca ou fraqueza
generalizada, fraturas não consolidadas, entorse ligamentar agudo, úlceras e
ferimentos locais, furúnculos faciais, aplicação sobre massas ou tecidos de etiologia
desconhecida, sobre veias varicosas de grosso calibre e gestantes – sobre região
lombo sacra e abdominal.
Seu uso pode ser combinado com outras técnicas como a sangria e a acupuntura,
além de poderem ser aplicadas de forma estática ou em deslizamento. Evitar
exposição ao sol quando após o tratamento se originarem hematomas (até que
desapareçam). É importante que o terapeuta oriente sobre a possibilidade do
aparecimento de marcas.
5- Mobilização Neural

A técnica de Mobilização Neural pode ser utilizada tanto como método


diagnóstico quanto terapêutico. Enquanto método diagnóstico, a avaliação é feita
através de testes do tecido nervoso, baseados em testes de força muscular da
musculatura associada com os níveis dos miótomos, teste dos reflexos dos
tendões, exame de sensibilidade (dermátomos), além dos testes de tensão neural.
Já como elemento terapêutico, pode ser realizada através das técnicas de
mobilizações oscilatórias, manutenção da posição estática e a mobilização
indireta, com a finalidade de tratar disfunções do tecido neural e do sistema
musculoesquelético.

O seu preceito básico é de que qualquer comprometimento do sistema nervoso,


seja em sua condução elétrica, elasticidade, fluxo celular nos axônios, ou
movimento, podem gerar consequentes disfunções no sistema
musculoesquelético. E objetivo desta técnica é melhorar a neurodinâmica
(interligação da função mecânica e fisiológica do sistema nervoso), restabelecendo
a homeostasia dos tecidos afetados nas síndromes compressivas.

O tratamento é baseado em:

• manobras tensionantes: que são realizadas de forma passiva (não


ultrapassando o limite da estrutura), aumentando e diminuindo o a
tensão no trato neural;
• manobras deslizantes: deslizamento sem aumento de tensão por meio
de movimentos passivos de uma ou duas articulações de modo que o
tecido conjuntivo do nervo seja alongado;
• Mobilização direta: os nervos periféricos e/ou medula são colocados em
tensão e movimentos oscilatórios e/ou brevemente mantidos são
aplicados a eles através das articulações que compõem o trajeto do
trato neural.
• Mobilização indireta: os nervos periféricos e/ou medula são colocados
em tensão e movimentos oscilatórios são aplicados às estruturas
adjacentes ao tecido neural comprometido.
A tensão aplicada é aquela suficiente para permitir o deslizamento sobre as
outras estruturas proporcionando alívio da dor.
Está indicada em casos de: neuropatias compressivas dos membros superiores
e inferiores (túnel do carpo, radiculopatias, síndrome da saída torácica,
compressões do nervo ciático, entre outras), distrofia simpaticorreflexa,
neuropraxias pós-cirúrgicas; dores crônicas, disfunções motoras, espasticidade de
pacientes neurológicos (estudos recentes).

Segundo Butler, a Mobilização Neural tem como contraindicação os seguintes


casos: disfunções agudas com recente agravamento dos sinais neurológicos,
hérnias de disco, lesões da cauda equina, lesões do sistema nervoso central ou
medulares, tumores malignos, quadros inflamatórios e/ou infecciosos, síndrome
da dor regional periférica. São contraindicações relativas: situações de
irritabilidade nervosa importante, presença de patologias associadas, vertigens,
problemas circulatórios.

6- Pompage
A Pompage é uma técnica de terapia manual que foi pensada pelo
osteopata norte americano Cathie e desenvolvida e publicada por Marcel
Bienfait, na França. Pode ser utilizada com o objetivo de:
• melhorar a circulação de fluidos, liberando bloqueios e estases fasciais,
chamada Pompage Fascial;
• relaxamento muscular quando feita no sentido das fibras musculares,
chamada Pompage Muscular;
• combater o desgaste cartilaginoso, promovendo equilíbrio hídrico ou
limitando a desidratação articular. Realizada no sentido da
descompressão da articulação envolvida. Chamada Pompage Articular.

A técnica ocorre em três tempos:


1) Tensionamento: o terapeuta alonga, lenta e progressivamente o
segmento, até o limite da elasticidade fisiológica, o que a fáscia
cede. À medida que a fáscia se solta, o alongamento amplifica-se.
2) Manutenção da tensão: tem formas variadas, de acordo com o
objetivo a ser alcançado. Na pompage fascial, o terapeuta retém a
fáscia durante alguns segundos, o tempo de sentir sua mão sendo
puxada ao retorno devido à elasticidade. Na pompage muscular, a
tensão deve ser mantida, visto que o alongamento conjuntivo e dos
sarcômeros é possível por tensionamento. Na pompage articular, a
descompressão causada pelo tensionamento deve ser mantida de
15 a 20 segundos.
3) Retorno: Na pompage circulatória é o tempo principal e deve ser feito
o mais devagar possível. Como dito anteriormente, a fáscia tende a
puxar a mão do terapeuta, mas este deve controlar, e não impedir,
a tração para solicitar todas as suas possibilidades. No atendimento
visando relaxamento muscular, este retorno deve ser lento, de modo
a não provocar um reflexo contrátil muscular. Nas pompage
articulares, este tempo é acessório.
Referências:

1-https://guiadofisio.com.br/conceito-mulligan-nags-snags-e-mwms/

2- ARAÚJO, Francilene Guedes; Técnicas de terapia manual: definições,


conceitos e princípios básicos; 2012

3- Michael L. Voight Barbara J. Hoogenboom William E. Prentice; TECNICAS DE;


A EXERCICIOS TERAPEUTICOS Estratégias de intervenção musculoesquelética

4- Pereira Júnior, Newton da Silva; Almeida, Rogério Moreira de; Manual de


Recursos Terapêuticos Manuais; Editora UFPB

5- Cunha, Antônio Augusto; Ventosaterapia, Tratamento e Prática, 2 Edição, Ícone


Editora

6- Marinzeck S. Mobilização neural – Aspectos gerais. Terapia Manual; 2007.

7- SANTOS, Odileia Silva dos; MEJIA, Dayana Priscila Maia; A importância da


mobilização neural na diminuição do quadro álgico na hérnia de disco lombar.

8- Bienfait, Marcel, Bases Elementares Técnicas de Terapia Manual e Osteopatia,


4 Edição, Summus Editorial.

Você também pode gostar