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M.T.

P Cyriax e Liberação Miofascial

Prof. Felipe Bernardo


Fisioterapeuta
Esp. Osteopatia
• James Henry Cyriax (1904-1985), médico ortopedista, nasceu em
Londres, na Inglaterra. Em 1928 Cyriax formou-se depois de
frequentar a Universidade de Cambridge e o St. Thomas Medical
College em Londres.
• No início de sua prática no St. Thomas Hospital, em 1929, Cyriax
verificou que a maior parte dos pacientes com lesões no sistema
músculoesquelético não podiam ser propriamente diagnosticados. E
devido a isso eram direcionados para o centro fisioterápico. Onde
recebiam o tratamento padrão (e sem comprovação científica) de
aplicação de calor, massagem e exercícios.
• Não existia, portanto, um método satisfatório para que as funções
dos tecidos moles (como os ligamentos, músculos, fáscias, tendões,
bursas, cápsula articular, discos, raízes nervosas etc.) fossem
verificadas. Em face disso, o inglês não hesitou em desenvolver um
novo método que possibilitasse um diagnóstico
consistente para que decisões efetivas fossem tomadas no que dizia
respeito aos transtornos nesses tecidos. A Medicina Ortopédica foi
então criada.
Massagem transversa profunda de
Cyriax
• Técnica de massagem aplicada
transversalmente, com a
intenção de manter ou
restabelecer a mobilidade
normal em uma estrutura
atingida, ou ainda, retomar sua
função.
• As fricções profundas são
movimentos breves,
precisamente localizados e
profundamente penetrantes,
realizados numa direção
transversal.
Indicações
• Lesões musculares:
• Traumatismos recentes;
• Cicatrizes antigas;
• Lesões tendinosas com ou sem bainha;
• Lesões ligamentares;
• Entorses recentes;
• Entorses crônicas ;
• Forma lenta, intensa e profunda
• Pode ser doloroso, mas não exagerado
• 5 a 10min
• Intervalo de alguns dias
Contraindicações
• Inflamação por ação bacteriana;
• Artrite traumática;
• Artrite reumática;
• Bursite;
• Ossificação ou calcificação de estruturas moles;
• Gota, Espondilite;
• Psoríase e outras dermatites;
• Neoplasias.
Efeitos da Fricção
• A pressão nos tecidos –> lesão local –>
liberação de substância similar a
histamina (substância H) e outros
metabólitos –> agir nos capilares e
arteríolas locais –> vasodilatação.

• A vasodilatação –> aumento do líquido


tecidual da área –> distensão local; com
isso –> o movimento –> inflamação
controlada da área alvo, e ao mesmo
tempo, mobiliza as estruturas que
estavam sem mobilidade
• A MTPC, cujo movimento realizado sobre
o tecido danificado mimetiza o seu
comportamento normal, impondo carga e
stress rítmico sobre as estruturas.
• Desta forma, estimula a reorganização do
colágeno em uma forma longitudinal que
limita a formação de aderência.
• O processo inflamatório causa irritação no
tecido de forma contínua e, assim, a
MTPC possibilita um aumento da
mobilidade e a extensibilidade dos tecidos
musculoesqueléticos específicos, como
tendões, fáscias, músculos e ligamentos.
• Podemos considerar que o somatório dos
efeitos fisiológicos nos tecidos moles
promovem a redução do quadro álgico
devido ao seu poder analgésico imediato.
Ponto de aplicação
• O ponto correto é o ponto de origem da dor.

• DURAÇÃO DO TRATAMENTO
• 5 a 20min;
• 2 a 3x/semana;
• Intervalo entre sessões;
Efetividade
• Identificação correta;
• Dedos do terapeuta e pele = unidade
• Deve-se massagear estruturas estiradas transversalmente;
• Movimento de vai e vem;
• Posicionamento do paciente;
• Músculo relaxado;
• A pele do paciente e os dedos do fisioterapeuta devem se
movimentar como uma unidade para que a fricção atue em
toda a estrutura acometida
Posição das mãos
• Indicador sobre o médio ou o contrário;
• Pequenas extremidades:
• Face ventral das falanges distais – tendões longitudinais;
• Polegar + dedos – tendões e músculos;
Posição do terapeuta
• Terapeuta sentado ao lado da maca;
• Braços e mãos em posição horizontal;
• Inclinação para frente a fim de distribuir o peso;
• Dedo para realizar fricção posicionado paralelamente;
• No final da década de 1920, a fisioterapeuta alemã Elizabeth Dicke,
sofria de uma infecção generalizada dos vasos sanguíneos (flebite), que
afetava a circulação para a perna direita, chegando a desenvolver
gangrena a ponto de seus médicos cogitarem uma amputação alta. Além
disso, ela também tinha desenvolvido angina, distúrbios gástricos, renais,
hepáticos e septicemia.
• Como se encontrava muito debilitada para a cirurgia, ela foi efetivamente
deixada em uma enfermaria lateral como paciente terminal para morrer.
Sentia dores agonizantes nas costas, e por ser fisioterapeuta, começou a
promover intuitivamente uma massagem em suas costas. Com isso, notou
uma sensação aguda incomum, e ocasionalmente seguida de um calor na
perna. Estava tão debilitada que precisou pedir ajuda a uma colega para
que continuasse com a prática a fim de produzir essas sensações
estranhas. Com essa ajuda, em quatro meses Elizabeth deixou o hospital,
e em doze, estava recuperada e voltou a trabalhar.
• Ela literalmente reverteu os problemas de circulação da perna, dores nas
costas, angina, rins, e fígado. O quadro degenerativo havia se resolvido.
Elizabeth e seus colegas passaram os dez anos seguintes pesquisando a
nova técnica que descobriram, concluindo como ela funcionava e o que era
eficaz no tratamento. Desse estudo, criaram um protocolo de ensino para
todos os estudantes de fisioterapia na Alemanha. Havia nascido a
Manipulação do Tecido Conjuntivo.
A Fáscia faz parte de todos os tecidos moles do corpo:
• Une, comprime, protege, envolve e separa os tecidos;
• Reveste e conecta estruturas, fornecendo o sistema de andaimes que permite e aumenta a
transmissão de forças;
• Tem funções sensoriais, a partir do nível microscópico (exemplo: comunicação célula-a-
célula individual) até o envolvimento de grandes lâminas fasciais, tal como a fáscia
toracolombar (FTL);
• Facilita o deslizamento dos tecidos uns sobre os outros;
• Oferece um meio de armazenamento de energia – agindo como uma espiral via estruturas
fasciais pré-estressadas, tais como os grandes tendões e as aponeuroses da perna, durante
o ciclo da marcha, por exemplo. Pense em cangurus ou gatos!
• As múltiplas junções da matriz de tecido conectivo, com suas qualidades combinadas de
força e elasticidade – de Biotensegridade – podem ser descritas pela única palavra:
resiliência. Isso pode ser definido como a capacidade de se adaptar às forças distorcidas
e, onde apropriado, a capacidade de retornar à forma e posição originais, que é a
qualidade da rede fascial.
• A Fáscia tem um conjunto notavelmente diverso de propriedades – e elas têm
implicações para os terapeutas manuais. Deve-se ter em mente dois princípios
essenciais ao considerar as características fasciais:

• Lei de Hooke: estresse imposto sobre os tecidos (grau de força que está sendo
aplicado) é diretamente proporcional à tensão produzida (exemplo: mudança no
comprimento) dentro dos limites elásticos dos tecidos.
• Lei de Wolffe: Tecidos (exemplo: osso, fáscia) se remodelam em resposta às forças
ou demandas colocadas sobre eles.
• A Fáscia é um coloide, que compreende partículas de material sólido, suspenso em
líquido.
• A quantidade de resistência que os coloides oferecem à carga aplicada aumenta
proporcionalmente à velocidade de aplicação de força.
• Para um exemplo simples de comportamento coloidal, considere uma mistura espessa
de farinha e água. Se o coloide resultante for lentamente agitado com um palito ou
uma colher, o movimento será suave, mas qualquer tentativa de movê-lo rapidamente
encontrará uma resistência semirrígida (conhecida como “arrasto [drag], [creep]”).
Essa qualidade dos coloides é conhecida como tixotropia.
Comportamento coloidal
• A propriedade tixotrópica dos coloides significa que, quanto mais rapidamente a força
é aplicada (carga), mais rigidamente o tecido responderá – por isso a probabilidade de
fratura quando a força rápida encontra a resistência de osso. Se a força for aplicada
gradualmente, a “energia” é absorvida pelos tecidos e armazenada neles, com implicações
terapêuticas potenciais (Binkley & Peat, 1986).

• Se a carga for repetida de maneira excessiva ou


frequente, ela pode superar o potencial elástico
dos tecidos, levando à deformação plástica.

• Uma mudança permanente, ou uma distorção


plástica semipermanente, da matriz de tecido
conectivo pode ocorrer, e o retorno ao normal
apenas será possível com a introdução de
energia suficiente para permitir uma reversão
do processo de deformação, idealmente por meio
de terapias manuais aplicadas lentamente.
Mecanotransdução
• A Mecanotransdução descreve as inúmeras maneiras pelas quais as células
respondem aos diferentes graus de carga: torsão, tensão, cisalhamento, alívio,
compressão, elastificação, inclinação e fricção – resultando em modificação rápida
do comportamento celular e adaptações fisiológicas.
• Até que ponto os efeitos de Mecanotransdução (devido às diferentes formas e graus
de carga sobre as células) podem ser influenciados por terapia manual ainda é
objeto de estudo. Contudo, há evidências de que a alteração de tensão de tecido
local pode influenciar a cura pós-traumática, via Mecanotransdução, como, por
exemplo, por meio de mudanças na colagenase e/ou produção de TGF-β1.
LIBERAÇÃO MIOFASCIAL
• Técnica que combina tração fascial não deslizante com
quantidades variadas de alongamento muscular, tendo como
objetivo desprender a estrutura e ganhar elasticidade nos tecidos
moles adjacentes.
Objetivos da LMF
• Alongamento e restauração da mobilidade das camadas fasciais;
• Minimizar aderências dos tecidos moles, acarretando aumento da ADM;
• Alinhamento estrutural;
• Equilíbrio da função muscular (agonista/antagonista);
• Incremento da qualidade do movimento;
• Desativação de pontos-gatilho;
• Alívio de estresse prolongado;
• Melhora do desempenho desportivo;
• Alívio da dor.
Indicações clínicas
• Alterações posturais;
• Trauma crônico;
• Síndromes compartimentais crônicas;
• Síndromes compressivas;
• Drenagem de edema;
• Relaxamento muscular;
• Alívio do desgaste articular.
Precauções e contra-indicações
• Celulite;
• Febre;
• Infecção sistêmica ou local;
• Patologias circulatórias agudas;
• Aneurisma;
• Artrite reumatóide aguda;
• Hipersensibilidade cutânea;
• Feridas abertas;
• Terapia anticoagulante;
• Hematomas;
• Suturas.
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@fisio.felipebernardo

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