Alongamento Muscular Raciocínio Clínico Exercícios de alongamento: desenvolvimento de mobilidade Afastamento de origem e inserção muscular Os músculos isquiotibiais são extensores do quadril e flexores do joelho. Alongamento com o quadril em flexão e o joelho em extensão, associados a uma anteversão fisiológica da pelve para afastar a origem e a inserção desse grupo muscular adequadamente e obter um alongamento efetivo. No MMSS, o bíceps braquial, que é flexor do ombro, flexor do cotovelo e supinador do antebraço. Alongamento do membro em extensão de ombro associado à extensão do cotovelo e pronação do antebraço, sem permitir uma protração do ombro. Alongamento muscular • Sendo assim, alongamento é definido como modalidade de exercício que tem como objetivo proporcionar maior flexibilidade, para aumentar o comprimento muscular, possibilitando a uma ou a mais articulações em sequência se moverem em uma determinada ADM. • Aumenta ou mantém a mobilidade articular. Flexibilidade • amplitude máxima fisiológica de um dado movimento articular, habilidade de mover uma articulação ou uma série de articulações de modo regular e fácil por toda a ADM normal, sem restrição ou dor. • “qualidade do que é flexível, maleável; facilidade e ligeireza de movimento” (ALTER, 2010). • Quanto mais flexível, maior mobilidade articular. • Na reabilitação, o alongamento é usado para manter ou recuperar as amplitudes de movimentos necessárias para a realização de atividades de vida diária, laborais ou esportivas Flexibilidade • Flexibilidade ativa ou dinâmica: é a máxima amplitude de movimentos efetuados pelos músculos de forma voluntária. Se refere à habilidade de usar certa ADM no desempenho de uma atividade física em velocidade normal ou . • Flexibilidade passiva: é a máxima amplitude articular que se consegue em um movimento através da ação de uma segunda pessoa, aparelhos, força da gravidade etc. Contratura • Encurtamento adaptativo da unidade musculotendínea e de outros tecidos moles que cruzam uma articulação. • Resultando em resistência significativa ao alongamento passivo ou ativo e limitações da ADM. Hipomobilidade • refere-se à mobilidade diminuída. As restrições de mobilidade podem variar de um leve encurtamento muscular adaptativo até contraturas irreversíveis. Características mecânicas do alongamento • Quando o tecido é submetido a uma força, pode ocorrer alguma mudança na sua forma ou tamanho. • Alongamento consiste em força de tensão, que resulta em aumento do tamanho do tecido. • Parte fundamental de qualquer programa de treinamento de flexibilidade ou de reabilitação destinado a incrementar a ADM. • Propriedades: • Extensibilidade • Plasticidade • Elasticidade • Viscosidade PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS • EXTENSIBILIDADE: capacidade de se distender. Responder às forças de tração. O quanto permite ser esticado. • Influenciada por fatores neurais e por fatores mecânicos. • Quanto maior a rigidez do tecido mole, maior deverá ser a força necessária para produzir o alongamento.
• PLASTICIDADE: propriedade de deformação permanente do material
quando a carga aplicada ultrapassa o limite elástico. • Isso pode acontecer em um estiramento muscular, por exemplo, quando o mecanismo de lesão ultrapassou, portanto, o limite elástico do tecido PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS • Procedimentos de alongamento terapêuticos são usados para criar uma deformação benéfica, que recupera uma posição mais eficiente. • Os tecidos adaptam-se às forças de alongamento, assumindo um novo comprimento. • Para indivíduos que estão em processo de reabilitação com tecidos em cicatrização, alcançar um limite máximo de alongamento num ponto doloroso poderá ser o suficiente para romper os tecidos já enfraquecidos. PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS • ELASTICIDADE: propriedade que possibilita ao tecido retornar a sua forma ou tamanho original quando a força é removida. • Trata-se de um comportamento semelhante ao de uma mola, que, após ser esticada, removida a força de tensão, retorna para a sua forma original. • O alongamento elástico ocorre no tecido muscular. • Os tecidos biológicos (contráteis e não contráteis) não são perfeitamente elásticos nem plásticos, e sim viscoelásticos. PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS • VISCOSIDADE: propriedade dos materiais de resistir a cargas que produzem cisalhamento e fluxo; o movimento realizado de forma lenta resulta em menos viscosidade e rigidez. • O calor também melhora a viscosidade dos tecidos. • A deformação de uma substância viscoelástica depende do tempo: • Força constante no músculo = comprimento aumentado ao longo do tempo; • se um músculo for alongado em comprimento mantido constante, a força necessária diminuirá ao longo do tempo. • Quando a força é removida, ele retomará vagarosamente o seu comprimento original, diferente de uma deformação plástica. • = Estresse viscoelático OU SEJA,
• O alongamento do tecido que
permanece após a remoção do estresse de tensão é maior com o uso de pouca força e longa duração. A aplicação de tensão com pouca força e longa duração incrementa a deformação plástica permanente.
• Significa dizer que alongamento efetivo
deve ser feito em tempo otimizado e força suficiente para manter a deformação plástica. Alongamento • Durante o alongamento, os filamentos de actina e miosina deslizam um sobre o outro e, à medida que a sobreposição entre eles diminui, ocorre uma diminuição da tensão muscular Alongamento • Não é apenas o aspecto mecânico da extensibilidade do tecido. • A execução das técnicas de alongamento e o ganho de amplitude são profundamente influenciados por mecanismos neurais = inibição e relaxamento do músculo. • Aumentam a tolerância do tecido ao alongamento. • O músculo submetido às técnicas de alongamento, portanto, sofrerá adaptações mecânicas e neurofisiológicas, as quais representarão os resultados de ganho de flexibilidade muscular. Mecanismos neurofisiológicos envolvidos • Reflexo de estiramento • Inibição reflexa ou autogênica • Inibição recíproca Reflexo de estiramento • As mudanças do comprimento muscular no sentido do alongamento são identificadas pelos fusos musculares, mecanorreceptores responsáveis por identificar as variações de velocidade e comprimento do alongamento. • Durante a execução de um exercício de alongamento, a primeira resistência que sentimos ao movimento é causada por atividade tônica reflexa. • O fuso muscular faz parte do reflexo de alongamento ou reflexo miotático, no qual ocorre uma resposta reflexa de contração muscular mediante o estiramento do músculo, principalmente quando o estiramento ocorre em velocidades mais altas. Significa dizer que... • ... O alongamento do músculo estimula o fuso, que envia potenciais de ação para o motoneurônio alfa do mesmo músculo, que responde com contração muscular. Essa contração gerada por uma resposta reflexa é a resistência inicial sentida durante o exercício de alongamento. • Quando o alongamento é realizado de forma controlada e progressiva, o objetivo é conter a resposta reflexa, de forma a habituar o fuso muscular a um novo comprimento do músculo. OBJETIVO = habituação do fuso muscular. Alongamento • O alongamento estático gera uma diminuição da excitabilidade do fuso muscular. • A manutenção da posição alongada diminui a frequência de disparos do fuso muscular quando se alcança o novo comprimento. • Essa manutenção deve ser maior que 10 segundos para que isso ocorra. • Na aplicação clínica, deve-se ter em mente que o alongamento deverá ser realizado de forma lenta, gradual e mantida por um tempo para se obter ganho de mobilidade pela adaptação do mecanismo reflexo intermediado pelo fuso muscular. Inibição reflexa ou autogênica • A quantidade de tensão é percebida pelos órgãos tendinosos de Golgi, localizados em série nas inserções tendinosas. • Quando os OTGs detectam contração muscular, a resposta reflexa a uma determinada quantidade de tensão é a inibição do mesmo motononeurônio alfa do músculo que estava em contração, induzindo o músculo ao relaxamento. • Contração e logo após, relaxamento. • Na prática, ao solicitarmos uma contração isométrica prolongada do músculo em posição de alongamento, ocorre um aumento dos disparos dos OTGs. • Estes, por sua vez, enviam potenciais de ação que entrarão em contato com interneurônios inibitórios na medula que inibem a atividade dos motoneurônios correspondentes ao mesmo músculo, resultando em uma resposta reflexa de relaxamento do músculo alongado Inibição reflexa ou autogênica • Dessa forma, com o músculo mais relaxado, é possível avançar na posição de alongamento após a realização de uma contração muscular. • Clinicamente, a contração isométrica do músculo que se deseja alongar pode ser usada para facilitar o relaxamento do músculo, obtendo-se mais flexibilidade. • A inibição reflexa é utilizada na técnica de facilitação neuromuscular denominada contração-relaxamento. • Por exemplo, ao colocar os músculos isquiostibiais em uma posição de alongamento, o fisioterapeuta solicita a contração isométrica destes e, em seguida, prossegue com o ganho de amplitude Inibição recíproca • Esta ocorre quando o músculo recebe um comando voluntário para contrair e, reciprocamente, ocorre uma inibição do motoneurônio alfa do músculo antagonista por meio dos interneurônios inibitórios na medula espinhal . • A contração do músculo agonista relaxa o músculo antagonista. • Na prática clínica, solicitar a contração simultânea do músculo oposto ao que se deseja alongar causa um relaxamento deste, favorecendo também maior ganho de flexibilidade. • A inibição recíproca é utilizada na técnica de facilitação neuromuscular denominada contração do agonista. Por exemplo, se o profissional deseja alongar o músculo tríceps sural, ao solicitar o movimento ativo de dorsiflexão por meio da contração dos dorsiflexores, essa contração induzirá ao relaxamento do tríceps sural, facilitando o seu alongamento. Técnicas de alongamento • Estático • Passivo • Ativo • Mecânico • Cíclico • Técnicas de inibição neuromuscular ou facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) • Técnica contração-relaxamento • Contrair-relaxar com contração do agonista • Alongamento Dinâmico • Alongamento Balístico Técnicas de alongamento • Os exercícios de alongamento muscular são constituídos por técnicas utilizadas para aumentar a extensibilidade musculotendínea, do tecido conjuntivo muscular e periarticular, contribuindo para aumentar a flexibilidade. • Existem vários métodos de alongamento para aumentar a flexibilidade que incluem desde abordagens passivas ou ativas, estáticas ou dinâmicas e também técnicas com facilitação neuromuscular proprioceptiva. Alongamento Estático • No método estático, move-se lentamente o grupo muscular além da resistência do tecido e sustenta-se essa postura em alongamento por 15 a 30 segundos. • Tempos maiores de alongamento (60 segundos) são indicados para a população com mais de 60 anos. • O alongamento estático pode ser passivo (alongamento manual) ou ativo (autoalongamento). Alongamento estático • Passivo: O fisioterapeuta aplica uma força externa (não há contração voluntária do paciente) para mover o segmento envolvido do corpo lentamente além do ponto de resistência do tecido e mantém a posição de alongamento Alongamento estático • Passivo: O fisioterapeuta aplica uma força externa (não há contração voluntária do paciente) para mover o segmento envolvido do corpo lentamente além do ponto de resistência do tecido e mantém a posição de alongamento • Ativo: O indivíduo deverá alcançar a maior ADM pelo maior alcance do movimento voluntário utilizando a força dos músculos agonistas (que realizam o movimento) e o relaxamento dos músculos antagonistas (que limitam o movimento). • Move lentamente o segmento envolvido do corpo além do ponto de resistência do tecido e sustenta-se essa posição. • A realização do alongamento estático antes ou logo após a prática de exercícios não diminui a incidência de lesões e a dor muscular de início tardio. Alongamento Mecânico • Nesse alongamento, são utilizados recursos para alongar uma contratura e aumentar a ADM. • Os recursos incluem: tornozeleiras, sistema de polias com pesos, gessos seriados, órteses ou aparelhos automatizados para alongamento. • Carga constante, com deslocamento variável, ou um deslocamento constante, com uma carga variável. • Fundamentado pelo ganho de amplitude decorrente da deformação plástica do tecido, que se dá ao longo de um período prolongado de tempo. • de 15 a 30 minutos ou até 8 a 10 horas por vez. Alongamento Cíclico • O terapeuta movimenta a articulação até a amplitude máxima, quando sentirá a resistência do tecido à manobra de alongamento e, em seguida, faz movimentos curtos e cíclicos a partir dessa amplitude. • Uma força de alongamento relativamente curta é aplicada, liberada e depois reaplicada várias vezes de forma gradual e oscilatória, além da resistência oferecida pelo tecido. • Podem ser feitas múltiplas repetições em direção à ADM que se quer ganhar, em ciclos de 5 a 10 segundos. Técnicas de inibição neuromuscular ou facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) • Requer um curso de formação • Trata-se de técnicas que são comumente usadas em ambientes esportivos e clínicos para melhorar tanto a ADM passiva como a ativa. • O alongamento FNP está posicionado na literatura como a técnica de alongamento mais eficaz e rápida quando o objetivo é aumentar a ADM, principalmente em relação a mudanças de curto prazo na amplitude. • gerar uma inibição muscular, o que favorece o relaxamento do músculo e, assim, facilita o ganho de alongamento (ADM). FNP • As técnicas de inibição neuromuscular exigem inervação normal e controle voluntário do músculo encurtado ou de seu antagonista. • Entre as técnicas de inibição neuromuscular encontram-se: a contração-relaxamento a contração do agonista e a contração- relaxamento-contração. Técnica contração-relaxamento • Para a execução da técnica, coloca-se primeiro o músculo-alvo passivamente na posição de alongamento máximo. • Em seguida, solicita-se a contração isométrica desse mesmo músculo (3 a 10 segundos) e, após o término da contração, aproveita-se o relaxamento do músculo e movimenta-se a articulação passivamente até a nova amplitude disponível. Aplicação prática • Suponha que você deseja alongar o tríceps sural. • Inicialmente, posicione o paciente de forma que o joelho fique em extensão e o tornozelo em dorsiflexão para deixá-lo no alongamento máximo; • Mantendo essa posição, solicite ao paciente para empurrar de forma isométrica a sua mão que está apoiada na sola do pé do paciente e sustente por 10 segundos. • Após a contração isométrica, ganhe mais amplitude no sentido da dorsiflexão. • Você perceberá um ganho de amplitude imediato. Depois de aplicar essa técnica, você poderá manter o músculo em alongamento estático e, em seguida, repetir o procedimento de contração-relaxamento a partir da nova amplitude atingida. Técnica Contração do Agonista • O mecanismo neurofisiológico que sustenta a realização dessa técnica e seus respectivos resultados é a inibição recíproca, conforme descrito anteriormente. • Para a execução dessa técnica, deve-se alongar passivamente o músculo até uma ADM confortável. • Então, solicite ao paciente uma contração concêntrica do músculo oposto ao músculo limitador da amplitude durante o alongamento e auxilie o ganho de amplitude de alongamento mobilizando o membro enquanto o paciente realiza a contração concêntrica do músculo agonista. Contrair-relaxar com contração do agonista • Essa técnica combina os dois mecanismos neurofisiológicos de inibição: inibição reflexa e inibição recíproca. • Para a execução, deve-se colocar o músculo que será alongado na amplitude máxima de alongamento e solicitar a contração isométrica (até 10 segundos) desse mesmo músculo. • Em seguida, pede-se o relaxamento desse músculo e move-se a articulação passivamente até a nova amplitude disponível enquanto o paciente realiza simultaneamente a contração concêntrica do músculo oposto ao que está sendo alongado, ganhando o movimento junto com o fisioterapeuta. Aplicação prática • Para tal objetivo, você deverá alongar o tríceps sural. Inicialmente, posicione o paciente da mesma forma, com o joelho em extensão e o tornozelo em dorsiflexão até o alongamento máximo. • Mantendo essa posição, aplique primeiro a técnica contrair-relaxar, solicitando ao paciente para empurrar de forma isométrica a sua mão (flecha preta menor da figura) que está apoiada na sola do pé dele e sustente essa posição por 10 segundos. • Após a contração isométrica, você deverá pedir a contração do tibial anterior (agonista da dorsiflexão: flecha preta maior) e irá ganhar mais amplitude junto com o paciente no sentido da dorsiflexão. • Haverá um ganho de amplitude imediato. Após a aplicação dessa sequência, você poderá manter o músculo em alongamento estático. Alongamento dinâmico • É o movimento ativo do membro da posição neutra até a amplitude final, na qual o músculo atinge o seu comprimento máximo e, em seguida, retorna o membro à posição original. • Nesse alongamento, a posição não é mantida, ocorrerá um movimento contínuo dentro da amplitude disponível. Trata-se de movimentos ativos livres. Bons estudos!