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AULA 02 – CINESIOTERAPIA

PROFESSORA RIELLE MESQUITA


Alongamento Muscular
Raciocínio Clínico
Exercícios de alongamento: desenvolvimento de
mobilidade
Afastamento de origem e inserção muscular
Os músculos isquiotibiais são extensores do quadril e
flexores do joelho.
Alongamento com o quadril em flexão e o joelho em
extensão, associados a uma anteversão fisiológica da
pelve para afastar a origem e a inserção desse grupo
muscular adequadamente e obter um alongamento
efetivo.
No MMSS, o bíceps braquial, que é flexor do ombro,
flexor do cotovelo e supinador do antebraço.
Alongamento do membro em extensão de ombro
associado à extensão do cotovelo e pronação do
antebraço, sem permitir uma protração do ombro.
Alongamento muscular
• Sendo assim, alongamento é definido como modalidade de exercício
que tem como objetivo proporcionar maior flexibilidade, para
aumentar o comprimento muscular, possibilitando a uma ou a mais
articulações em sequência se moverem em uma determinada ADM.
• Aumenta ou mantém a mobilidade articular.
Flexibilidade
• amplitude máxima fisiológica de um dado movimento articular,
habilidade de mover uma articulação ou uma série de articulações de
modo regular e fácil por toda a ADM normal, sem restrição ou dor.
• “qualidade do que é flexível, maleável; facilidade e ligeireza de
movimento” (ALTER, 2010).
• Quanto mais flexível, maior mobilidade articular.
• Na reabilitação, o alongamento é usado para manter ou recuperar as
amplitudes de movimentos necessárias para a realização de
atividades de vida diária, laborais ou esportivas
Flexibilidade
• Flexibilidade ativa ou dinâmica: é a máxima amplitude de
movimentos efetuados pelos músculos de forma voluntária. Se refere
à habilidade de usar certa ADM no desempenho de uma atividade
física em velocidade normal ou .
• Flexibilidade passiva: é a máxima amplitude articular que se
consegue em um movimento através da ação de uma segunda pessoa,
aparelhos, força da gravidade etc.
Contratura
• Encurtamento adaptativo da unidade musculotendínea e de outros
tecidos moles que cruzam uma articulação.
• Resultando em resistência significativa ao alongamento passivo ou
ativo e limitações da ADM.
Hipomobilidade
• refere-se à mobilidade diminuída. As restrições de mobilidade podem
variar de um leve encurtamento muscular adaptativo até contraturas
irreversíveis.
Características mecânicas do alongamento
• Quando o tecido é submetido a uma força, pode ocorrer alguma
mudança na sua forma ou tamanho.
• Alongamento consiste em força de tensão, que resulta em aumento
do tamanho do tecido.
• Parte fundamental de qualquer programa de treinamento de
flexibilidade ou de reabilitação destinado a incrementar a ADM.
• Propriedades:
• Extensibilidade
• Plasticidade
• Elasticidade
• Viscosidade
PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS
• EXTENSIBILIDADE: capacidade de se distender. Responder às forças de
tração. O quanto permite ser esticado.
• Influenciada por fatores neurais e por fatores mecânicos.
• Quanto maior a rigidez do tecido mole, maior deverá ser a força necessária
para produzir o alongamento.

• PLASTICIDADE: propriedade de deformação permanente do material


quando a carga aplicada ultrapassa o limite elástico.
• Isso pode acontecer em um estiramento muscular, por exemplo, quando o
mecanismo de lesão ultrapassou, portanto, o limite elástico do tecido
PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS
• Procedimentos de alongamento terapêuticos são usados para criar
uma deformação benéfica, que recupera uma posição mais eficiente.
• Os tecidos adaptam-se às forças de alongamento, assumindo um
novo comprimento.
• Para indivíduos que estão em processo de reabilitação com tecidos
em cicatrização, alcançar um limite máximo de alongamento num
ponto doloroso poderá ser o suficiente para romper os tecidos já
enfraquecidos.
PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS
• ELASTICIDADE: propriedade que possibilita ao tecido retornar a sua
forma ou tamanho original quando a força é removida.
• Trata-se de um comportamento semelhante ao de uma mola, que,
após ser esticada, removida a força de tensão, retorna para a sua
forma original.
• O alongamento elástico ocorre no tecido muscular.
• Os tecidos biológicos (contráteis e não contráteis) não são
perfeitamente elásticos nem plásticos, e sim viscoelásticos.
PROPRIEDADES DOS MÚSCULOS
• VISCOSIDADE: propriedade dos materiais de resistir a cargas que produzem
cisalhamento e fluxo; o movimento realizado de forma lenta resulta em
menos viscosidade e rigidez.
• O calor também melhora a viscosidade dos tecidos.
• A deformação de uma substância viscoelástica depende do tempo:
• Força constante no músculo = comprimento aumentado ao longo do
tempo;
• se um músculo for alongado em comprimento mantido constante, a força
necessária diminuirá ao longo do tempo.
• Quando a força é removida, ele retomará vagarosamente o seu
comprimento original, diferente de uma deformação plástica.
• = Estresse viscoelático
OU SEJA,

• O alongamento do tecido que


permanece após a remoção do estresse
de tensão é maior com o uso de pouca
força e longa duração. A aplicação de
tensão com pouca força e longa duração
incrementa a deformação plástica
permanente.

• Significa dizer que alongamento efetivo


deve ser feito em tempo otimizado e
força suficiente para manter a
deformação plástica.
Alongamento
• Durante o alongamento, os filamentos de actina e miosina deslizam
um sobre o outro e, à medida que a sobreposição entre eles diminui,
ocorre uma diminuição da tensão muscular
Alongamento
• Não é apenas o aspecto mecânico da extensibilidade do tecido.
• A execução das técnicas de alongamento e o ganho de amplitude são
profundamente influenciados por mecanismos neurais = inibição e
relaxamento do músculo.
• Aumentam a tolerância do tecido ao alongamento.
• O músculo submetido às técnicas de alongamento, portanto, sofrerá
adaptações mecânicas e neurofisiológicas, as quais representarão os
resultados de ganho de flexibilidade muscular.
Mecanismos neurofisiológicos envolvidos
• Reflexo de estiramento
• Inibição reflexa ou autogênica
• Inibição recíproca
Reflexo de estiramento
• As mudanças do comprimento muscular no
sentido do alongamento são identificadas pelos
fusos musculares, mecanorreceptores
responsáveis por identificar as variações de
velocidade e comprimento do alongamento.
• Durante a execução de um exercício de
alongamento, a primeira resistência que sentimos
ao movimento é causada por atividade tônica
reflexa.
• O fuso muscular faz parte do reflexo de
alongamento ou reflexo miotático, no qual ocorre
uma resposta reflexa de contração muscular
mediante o estiramento do músculo,
principalmente quando o estiramento ocorre em
velocidades mais altas.
Significa dizer que...
• ... O alongamento do músculo estimula o fuso, que envia potenciais
de ação para o motoneurônio alfa do mesmo músculo, que responde
com contração muscular. Essa contração gerada por uma resposta
reflexa é a resistência inicial sentida durante o exercício de
alongamento.
• Quando o alongamento é realizado de forma controlada e
progressiva, o objetivo é conter a resposta reflexa, de forma a
habituar o fuso muscular a um novo comprimento do músculo.
OBJETIVO = habituação do fuso muscular.
Alongamento
• O alongamento estático gera uma diminuição da excitabilidade do
fuso muscular.
• A manutenção da posição alongada diminui a frequência de disparos
do fuso muscular quando se alcança o novo comprimento.
• Essa manutenção deve ser maior que 10 segundos para que isso
ocorra.
• Na aplicação clínica, deve-se ter em mente que o alongamento deverá
ser realizado de forma lenta, gradual e mantida por um tempo para se
obter ganho de mobilidade pela adaptação do mecanismo reflexo
intermediado pelo fuso muscular.
Inibição reflexa ou autogênica
• A quantidade de tensão é percebida pelos órgãos tendinosos de Golgi, localizados
em série nas inserções tendinosas.
• Quando os OTGs detectam contração muscular, a resposta reflexa a uma
determinada quantidade de tensão é a inibição do mesmo motononeurônio alfa
do músculo que estava em contração, induzindo o músculo ao relaxamento.
• Contração e logo após, relaxamento.
• Na prática, ao solicitarmos uma contração isométrica prolongada do músculo em
posição de alongamento, ocorre um aumento dos disparos dos OTGs.
• Estes, por sua vez, enviam potenciais de ação que entrarão em contato com
interneurônios inibitórios na medula que inibem a atividade dos motoneurônios
correspondentes ao mesmo músculo, resultando em uma resposta reflexa de
relaxamento do músculo alongado
Inibição reflexa ou autogênica
• Dessa forma, com o músculo mais relaxado, é possível avançar na
posição de alongamento após a realização de uma contração
muscular.
• Clinicamente, a contração isométrica do músculo que se deseja
alongar pode ser usada para facilitar o relaxamento do músculo,
obtendo-se mais flexibilidade.
• A inibição reflexa é utilizada na técnica de facilitação neuromuscular
denominada contração-relaxamento.
• Por exemplo, ao colocar os músculos isquiostibiais em uma posição
de alongamento, o fisioterapeuta solicita a contração isométrica
destes e, em seguida, prossegue com o ganho de amplitude
Inibição recíproca
• Esta ocorre quando o músculo recebe um comando voluntário para
contrair e, reciprocamente, ocorre uma inibição do motoneurônio alfa do
músculo antagonista por meio dos interneurônios inibitórios na medula
espinhal .
• A contração do músculo agonista relaxa o músculo antagonista.
• Na prática clínica, solicitar a contração simultânea do músculo oposto ao
que se deseja alongar causa um relaxamento deste, favorecendo também
maior ganho de flexibilidade.
• A inibição recíproca é utilizada na técnica de facilitação neuromuscular
denominada contração do agonista. Por exemplo, se o profissional deseja
alongar o músculo tríceps sural, ao solicitar o movimento ativo de
dorsiflexão por meio da contração dos dorsiflexores, essa contração
induzirá ao relaxamento do tríceps sural, facilitando o seu alongamento.
Técnicas de alongamento
• Estático
• Passivo
• Ativo
• Mecânico
• Cíclico
• Técnicas de inibição neuromuscular ou facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP)
• Técnica contração-relaxamento
• Contrair-relaxar com contração do agonista
• Alongamento Dinâmico
• Alongamento Balístico
Técnicas de alongamento
• Os exercícios de alongamento muscular são constituídos por técnicas
utilizadas para aumentar a extensibilidade musculotendínea, do
tecido conjuntivo muscular e periarticular, contribuindo para
aumentar a flexibilidade.
• Existem vários métodos de alongamento para aumentar a
flexibilidade que incluem desde abordagens passivas ou ativas,
estáticas ou dinâmicas e também técnicas com facilitação
neuromuscular proprioceptiva.
Alongamento Estático
• No método estático, move-se lentamente o grupo muscular além da
resistência do tecido e sustenta-se essa postura em alongamento por
15 a 30 segundos.
• Tempos maiores de alongamento (60 segundos) são indicados para a
população com mais de 60 anos.
• O alongamento estático pode ser passivo (alongamento manual) ou
ativo (autoalongamento).
Alongamento estático
• Passivo: O fisioterapeuta aplica uma força externa (não há contração
voluntária do paciente) para mover o segmento envolvido do corpo
lentamente além do ponto de resistência do tecido e mantém a
posição de alongamento
Alongamento estático
• Passivo: O fisioterapeuta aplica uma força externa (não há contração
voluntária do paciente) para mover o segmento envolvido do corpo
lentamente além do ponto de resistência do tecido e mantém a posição de
alongamento
• Ativo: O indivíduo deverá alcançar a maior ADM pelo maior alcance do
movimento voluntário utilizando a força dos músculos agonistas (que
realizam o movimento) e o relaxamento dos músculos antagonistas (que
limitam o movimento).
• Move lentamente o segmento envolvido do corpo além do ponto de resistência do
tecido e sustenta-se essa posição.
• A realização do alongamento estático antes ou logo após a prática de
exercícios não diminui a incidência de lesões e a dor muscular de início
tardio.
Alongamento Mecânico
• Nesse alongamento, são utilizados recursos para alongar uma contratura e
aumentar a ADM.
• Os recursos incluem: tornozeleiras, sistema de polias com pesos, gessos
seriados, órteses ou aparelhos automatizados para alongamento.
• Carga constante, com deslocamento variável, ou um deslocamento
constante, com uma carga variável.
• Fundamentado pelo ganho de amplitude decorrente da deformação
plástica do tecido, que se dá ao longo de um período prolongado de
tempo.
• de 15 a 30 minutos ou até 8 a 10 horas por vez.
Alongamento Cíclico
• O terapeuta movimenta a articulação até a amplitude máxima,
quando sentirá a resistência do tecido à manobra de alongamento e,
em seguida, faz movimentos curtos e cíclicos a partir dessa
amplitude.
• Uma força de alongamento relativamente curta é aplicada, liberada e
depois reaplicada várias vezes de forma gradual e oscilatória, além da
resistência oferecida pelo tecido.
• Podem ser feitas múltiplas repetições em direção à ADM que se quer
ganhar, em ciclos de 5 a 10 segundos.
Técnicas de inibição neuromuscular ou
facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)
• Requer um curso de formação
• Trata-se de técnicas que são comumente usadas em ambientes
esportivos e clínicos para melhorar tanto a ADM passiva como a ativa.
• O alongamento FNP está posicionado na literatura como a técnica de
alongamento mais eficaz e rápida quando o objetivo é aumentar a
ADM, principalmente em relação a mudanças de curto prazo na
amplitude.
• gerar uma inibição muscular, o que favorece o relaxamento do
músculo e, assim, facilita o ganho de alongamento (ADM).
FNP
• As técnicas de inibição neuromuscular exigem inervação normal e
controle voluntário do músculo encurtado ou de seu antagonista.
• Entre as técnicas de inibição neuromuscular encontram-se: a
contração-relaxamento a contração do agonista e a contração-
relaxamento-contração.
Técnica contração-relaxamento
• Para a execução da técnica, coloca-se primeiro o músculo-alvo
passivamente na posição de alongamento máximo.
• Em seguida, solicita-se a contração isométrica desse mesmo músculo
(3 a 10 segundos) e, após o término da contração, aproveita-se o
relaxamento do músculo e movimenta-se a articulação passivamente
até a nova amplitude disponível.
Aplicação prática
• Suponha que você deseja alongar o tríceps sural.
• Inicialmente, posicione o paciente de forma que o joelho fique em extensão
e o tornozelo em dorsiflexão para deixá-lo no alongamento máximo;
• Mantendo essa posição, solicite ao paciente para empurrar de forma
isométrica a sua mão que está apoiada na sola do pé do paciente e sustente
por 10 segundos.
• Após a contração isométrica, ganhe mais amplitude no sentido da
dorsiflexão.
• Você perceberá um ganho de amplitude imediato. Depois de aplicar essa
técnica, você poderá manter o músculo em alongamento estático e, em
seguida, repetir o procedimento de contração-relaxamento a partir da nova
amplitude atingida.
Técnica Contração do Agonista
• O mecanismo neurofisiológico que sustenta a realização dessa técnica
e seus respectivos resultados é a inibição recíproca, conforme
descrito anteriormente.
• Para a execução dessa técnica, deve-se alongar passivamente o
músculo até uma ADM confortável.
• Então, solicite ao paciente uma contração concêntrica do músculo
oposto ao músculo limitador da amplitude durante o alongamento e
auxilie o ganho de amplitude de alongamento mobilizando o membro
enquanto o paciente realiza a contração concêntrica do músculo
agonista.
Contrair-relaxar com contração do agonista
• Essa técnica combina os dois mecanismos neurofisiológicos de
inibição: inibição reflexa e inibição recíproca.
• Para a execução, deve-se colocar o músculo que será alongado na
amplitude máxima de alongamento e solicitar a contração isométrica
(até 10 segundos) desse mesmo músculo.
• Em seguida, pede-se o relaxamento desse músculo e move-se a
articulação passivamente até a nova amplitude disponível enquanto o
paciente realiza simultaneamente a contração concêntrica do
músculo oposto ao que está sendo alongado, ganhando o movimento
junto com o fisioterapeuta.
Aplicação prática
• Para tal objetivo, você deverá alongar o tríceps sural. Inicialmente,
posicione o paciente da mesma forma, com o joelho em extensão e o
tornozelo em dorsiflexão até o alongamento máximo.
• Mantendo essa posição, aplique primeiro a técnica contrair-relaxar,
solicitando ao paciente para empurrar de forma isométrica a sua mão
(flecha preta menor da figura) que está apoiada na sola do pé dele e
sustente essa posição por 10 segundos.
• Após a contração isométrica, você deverá pedir a contração do tibial
anterior (agonista da dorsiflexão: flecha preta maior) e irá ganhar mais
amplitude junto com o paciente no sentido da dorsiflexão.
• Haverá um ganho de amplitude imediato. Após a aplicação dessa
sequência, você poderá manter o músculo em alongamento estático.
Alongamento dinâmico
• É o movimento ativo do membro da posição neutra até a amplitude
final, na qual o músculo atinge o seu comprimento máximo e, em
seguida, retorna o membro à posição original.
• Nesse alongamento, a posição não é mantida, ocorrerá um
movimento contínuo dentro da amplitude disponível. Trata-se de
movimentos ativos livres.
Bons estudos!

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