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Indicações e

contraindicações
Módulo VII

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MÓDULO VII - Indicações e contraindicações

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar as principais indicações da fisioterapia


• Reconhecer as principais contraindicações da fisioterapia
• Aplicar técnicas de cinesioterapia
• Caracterizar ligaduras

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INTRODUÇÃO
A Fisioterapia é uma área da saúde que alia os benefícios da terapia manual com
a conjugação de outros recursos (e.g., eletroterapia), baseando-se no conhecimento da
fisiopatologia e nas manifestações de cada utente. Por conseguinte, todas as técnicas a
utilizar devem ser devidamente analisadas, isto é, as suas indicações e contraindicações
terão de ser consideradas, de modo a que não ponham em causa a recuperação do
utente.

FISIOLOGIA DO ESFORÇO LOCAL


O músculo:

• Constitui cerca de 40 a 50% do peso corporal;


• Está presente no organismo humano em cerca de 600 unidades;
• É uma barreira protetora para os órgãos internos do corpo humano;
• Constitui grande quantidade de fibras musculares dispostas paralelamente;
• É responsável por todos os movimentos do corpo:
o Locomoção
o Mímica
o Postura

O tecido muscular é dividido em 2 tipos: estriado e liso, sendo que o primeiro


subdivide-se em esquelético e cardíaco.
O tratamento do tecido esquelético é o mais comum na prática diária da
fisioterapia, devendo a nossa intervenção terapêutica forcar-se neste tipo de músculo.
O músculo esquelético é constituído por:

• Água (70-75%)
• Proteínas (15-20%) – actina (miofilamento fino importante na contração
muscular) e miosina (miofilamento grosso);
• Glícidos (0,5-1,5%);
• Sais minerais (5%);
• Enzimas;
• Pigmentos (mioglobina).
As fibras musculares permitem contrações rápidas e vigorosas controladas pelo SNC.
Cada célula muscular esquelética está ligada ao ramo de uma fibra nervosa originária de
uma célula nervosa – motoneurónios. Os motoneurónios e todas as fibras musculares
que o primeiro inerva formam uma unidade motora.

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Existem dois tipos base de fibras musculares:
1. Tipo I – contração lenta ou vermelhas – Aeróbias
2. Tipo II – contração rápida ou brancas – Anaeróbias
a. Tipo lla
b. Tipo llb

Características Tipo 1 Tipo lla Tipo llb


Velocidade Contração Lenta Rápida Rápida
Força Produzida Baixa Elevada Mais elevada
Resistência Fadiga Elevada Média Baixa

Contração muscular
Quando as fibras musculares são contraídas, podem surgir dois tipos de trabalho
muscular:

• Os músculos possuem capacidade para vencer uma resistência sem que este
facto implique movimento, pelo que esta ação é tipicamente estática – Trabalho
Estático.
• Quando existe movimento ou alteração da posição do corpo ou de um segmento,
é necessário que o músculo realize trabalho para gerar força – Trabalho
Dinâmico.
Nota: Independentemente de existir trabalho estático ou dinâmico, há um estado
permanente de ativação, onde não se observa a produção de movimento. Este
fenómeno é independente da vontade e incide mesmo durante o sono – Tónus
muscular. A função do tónus é facilitar o movimento sem o realizar, sendo importante
na manutenção na postura.
Quando existe a aplicação de resistência no trabalho dinâmico, ocorre contração
isocinética.

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Trabalho Contração Descrição Vantagens Desvantagens
Comprimento muscular Quando não é Os ganhos de força
constante; permitido acontecem para valores
Estático Isométrica Não há movimento; movimento para angulares próximos do
Há aumento de tensão interna; contração; angulo de contração;
Encurtamento dos sarcómeros é Usada nos Elevação da pressão
semelhante ao alongamento do músculos posturais arterial.
tendão. e estabilizadores.
Encurtamento muscular;
Concêntrica Movimento da força é maior que a
resistência;
Trabalho positivo. Avaliação com Trabalham unicamente
Alongamento muscular durante a precisão da força, em cadeia cinética
Dinâmico contração; da resistência e de aberta;
Movimento de força resistente é desequilíbrios Não se identifica com a
Excêntrica maior que o momento da entre agonistas e realidade quotidiana.
potência; antagonista
Trabalho negativo;
Permite controlar o movimento.

Fortalecimento Muscular
Força
A máxima tensão que um músculo ou grupo muscular pode gerar durante uma
contração muscular voluntária a uma velocidade determinada é designada de força. Esta
manifesta-se de diferentes formas:
- Máxima
- Explosiva
- Resistência
1.Força Máxima
Trata-se da tensão que um músculo ou grupo muscular consegue realizar
durante uma contração voluntária. Esta depende das características
anatomofisiológicas do músculo e da coordenação intramuscular e intermuscular.
A foça máxima pode ser:
✓ Estática: É a maior força que o sistema neuromuscular pode realizar por
contração voluntária contra uma resistência insuportável;
✓ Dinâmica: É a maior força que o sistema neuromuscular pode realizar por
contração voluntária no decurso do movimento.
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2.Força Explosiva
É a capacidade que o sistema neuromuscular tem para vencer uma resistência
com maior velocidade de contração possível. A força máxima explosiva está associada à
potência.

Potência muscular = Força x velocidade

A potência depende:
✓ Da velocidade de contração das unidades motoras;
✓ Do número de unidades contraídas;
✓ Da força de contração das fibras comprometidas.

3.Força de Resistência
É a capacidade de gerar força durante longos períodos de tempo, atrasando o
aparecimento da fadiga.
Esta depende:
✓ Da capacidade de recuperação dos músculos envolvidos;
✓ Da resistência local e geral, aeróbia e anaeróbia.

Os objetivos gerais de todos programas de reabilitação incluem:


✓ Redução da dor;
✓ Redução da resposta inflamatória;
✓ Retorno da amplitude de movimento ativa completa e sem dor;
✓ Redução do edema;
✓ Recuperação da força, potência e resistência muscular
✓ Retorno às atividades funcionais assintomáticas (ao nível pré-lesão)
Além de todos os objetivos anteriormente descritos, a fisioterapia ajuda no
fortalecimento muscular, especialmente quando existe alguma debilidade, como nos
casos de imobilizações ou depois de um procedimento cirúrgico. Pode ainda ser
importante para reequilibrar grupos musculares de diferentes articulações. Em apenas
dois dias de imobilização, há uma perda de 50% a 70% de força muscular e,
consequentemente, atrofia. Desta forma, deve ser feito não só o fortalecimento como
também, em etapas prévias, o “despertar” do músculo. No pós-operatório, a
musculatura também passa por um processo de atrofia significativa devido à própria
cirurgia, repouso e dor. Nestes casos, a fisioterapia inicia com um trabalho de

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fortalecimento por meio da cinesioterapia, em que há a aplicação de várias técnicas
específicas para ganhar força muscular, mas sempre com um cuidado excecional, pois
cada cirurgia tem as suas particularidades. Para o reequilíbrio muscular, o músculo débil
deve ser fortalecido para, assim, trabalhar em sinergia com outros, evitando um
desequilíbrio articular e, consequentemente, uma lesão futura.

Os exercícios de fortalecimento muscular podem ser feitos em cadeia cinética1


aberta (CCA) e/ou em cadeia cinética1 fechada (CCF).

• CCA: o segmento distal termina livremente no espaço. Estes exercícios são


importes nas fases iniciais do tratamento.
• CCF: o segmento distal da articulação encontra-se fixo e suporta uma
considerável resistência externa. Estes exercícios são mais vantajosos pois
diminuem as forças de cisalhamento presentes na articulação, estimulam
propriocetores, aprimoram a estabilidade articular, toleram padrões de
movimentos mais funcionais e possuem uma maior especificidade para
atividades desportivas.
1Cadeia Cinética é definida como um conjunto de elos e articulações interconectadas de
maneira a que promovam um movimento controlado, em resposta a um movimento
fornecido como estímulo.
As CCF são, normalmente, consideradas mais seguras e mais funcionais do que
os CCA. Não obstante, as duas famílias de exercícios podem coexistir no período de
recuperação após lesões. As CCF mobilizam mais do que um grupo muscular, o que é
característico nos CCA e, por essa razão, consideram-se os mais adequados para serem
executados por desportistas e atletas. Já os CCA, por terem o poder de se focar num
determinado músculo, são mais adequados a praticantes de musculação.
Existem vários tipos de exercício que podem ser utilizados em programa de
reabilitação, entre eles:
✓ Exercício Estático: contrações isométricas, nas quais a força é gerada sem
restringir o movimento e sem modificar o ângulo articular. O exercício isométrico
é o método menos eficaz para se aumentar a força, pois estes são limitados ao
ângulo articular no qual ocorreu a contração. Porém, nas fases iniciais do
tratamento, esse poderá ser o único tipo de exercício permitido.
✓ Exercício Passivo: ajudam a restaurar os movimentos articulares fisiológicos e
acessórios. Este tipo de exercício é realizado pela aplicação de alguma força
externa e com a mínima contração. Os movimentos fisiológicos podem ser
realizados pelo terapeuta ou por algum dispositivo mecânico e os movimentos
acessórios podem ser restaurados por meio de mobilizações ou manipulações

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articulares. É importante ressaltar que para que haja um movimento fisiológico
é necessário que ocorra o movimento acessório, tais como rotações,
deslizamento e rolamentos (e.g., para que se consiga realizar a flexão completa
do joelho, é necessário que exista rotação interna da tíbia)
✓ Exercício Ativo: trata-se de movimento voluntário intencional realizado pelo
utente, com ou sem resistência. Pode ser assistido (com ajuda do terapeuta ou
de algum objeto ou aparelho) ou resistido. Este tipo de exercício é realizado
mediante contrações concêntricas e excêntricas. Os exercícios excêntricos são
considerados mais funcionais que os concêntricos; porém, estão associados à
produção de dor muscular de início tardio. Perante isto, é importante que sejam
realizados com progressão gradual.

Mecanoterapia
A mecanoterapia é uma área da fisioterapia que faz uso de aparelhos mecânicos
(halteres, molas, elásticos, polias, bolas, cama elástica) no tratamento e prevenção de
diferentes patologias. Os exercícios são executados de forma ativo-resistida pela
aplicação de forças externas mecânicas. Os exercícios resistidos são os mais eficientes
para aumentar a capacidade contrátil e o volume muscular, sendo realizadas contra
resistências graduáveis e através de séries e repetições. A carga e amplitudes podem ser
facilmente adaptadas às condições físicas de cada paciente para níveis sem dor e
confortáveis, pois é possível aumentar a quantidade de fibras motoras a serem
recrutadas num determinado movimento, bem como a potência destas fibras em
sustentar uma carga maior e, com isso, viabilizar algum tipo de função ainda não
adequadamente explorada pelo utente. A ausência de dor durante a atividade permite
o ganho de força muscular e, consequentemente, o aumento da estabilidade articular.
Podem ser utilizadas as contrações musculares isométrica, concêntrica e excêntrica.
✓ Objetivos:
o Promover, desenvolver e restaurar a manutenção da força muscular
o Melhorar a mobilidade articular
o Aumentar a flexibilidade
o Melhorar a coordenação
o Auxiliar no ganho de massa e potência muscular

✓ Indicações:
o Lesões neuro-músculos-esqueléticas
o Alterações do equilíbrio e da postura
o Reeducação da massa muscular
o Aumento de massa e força muscular

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✓ Contraindicações:
o Processo inflamatório: os exercícios contra resistidos aumentam o
edema e o calor, agravando a lesão
o Dor: é importante que o paciente não refira dor no momento do
exercício nem nas 24h seguintes
o Pós-operatório imediato
o Pacientes muito debilitados e/ou intolerantes à atividade física ativa
(e.g., doença cardiopulmonar grave)
o Fraturas recentes

O trabalho muscular com carga (mecanoterapia), independentemente do tipo de


trabalho a ser estipulado, bem como o tipo de carga e a quantidade de repetições, pode
ser pertinente, pois é possível aumentar a quantidade de fibras motoras a serem
recrutadas num determinado movimento, bem como a potência das mesmas.
✓ Dispositivos
o Quanto à disposição
▪ Móveis – podem ser colocados em qualquer lugar
▪ Semimóveis – alguns componentes mudam de local
▪ Fixos – não mudam de local nem muda a sua configuração

o Quanto à função
▪ Facilitadores – ajudam no movimento, não apresentado qualquer tipo
de resistência
▪ Resistência ao máximo – além de auxiliarem no movimento, também
proporcionam resistência
▪ Treino de marcha
▪ Tração – tracionam um segmento corporal segundo determinados
princípios, podendo ser mecânicos, pneumáticos, manuais ou
elétricos
▪ Treino de equilíbrio e propriocepção

Alongamentos
Flexibilidade – trata-se da capacidade que permite às estruturas que compõem
os tecidos moles, como o ventre muscular, tendão e tecido conjuntivo, alongarem-se,
através da amplitude disponível de movimento articular.
Existem 3 tipos de flexibilidade:
1. Quanto à existência ou não de movimentos e suas características:

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- Estática: favorece aparecimento de novos sarcómeros
- Dinâmica: estimula a relação agonista/antagonista

2.Quanto à origem do movimento:


- Ativa
- Passiva

3.Quanto à localização
- Geral
- Específica
O tecido muscular, se relaxado, pode alongar até ao dobro do seu comprimento; no
entanto, para se alterar a configuração do tecido conjuntivo, foi demonstrado que o
alongamento deve durar no mínimo 6 segundos. A velocidade da carga é importante
para a fibras de colagénio, pois a flexibilidade e elasticidade diminuem com o aumento
da velocidade.

✓ Benefícios do alongamento:
- Evita/elimina o encurtamento do músculo
- Diminui o risco de lesões músculo-articular (roturas, por exemplo)
- Aumenta e/ou mantém a flexibilidade
- Aumenta o relaxamento muscular
- Melhora a circulação sanguínea
- Melhora a coordenação
- Evita a utilização de esforços adicionais no trabalho e no desporto
- Reduz a resistência muscular antagonista e aproveita mais economicamente a força
dos músculos agonistas
- Promove a simetria muscular
- Evita/elimina problemas posturais que alteram o centro de gravidade.

Uma das consequências de falta de alongamento é o encurtamento muscular, que tem


como repercussões:

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- Gasto energético
- Destabilização postural
- Utilização de fibras compensatórias
- Prejuízo na técnica do gesto desportivo
- Diminuição da capacidade de trabalho e lazer
- Desenvolvimento de nódulos (contraturas)
- Fadiga local
- Restrição da circulação

✓ Contraindicações do alongamento:
- Processo inflamatório agudo nas articulações
- Bloqueio ósseo a limitar a amplitude articular
- Fratura recente
- Dor intensa e aguda com alongamento muscular
- Hematomas ou traumatismos agudos

Alongamento Passivo

Alongamento executado por agente externo. A ser realizado com leveza e


suavidade. Para obter resultados, o alongamento deverá ser mantido por um período
igual ou superior a 30 segundos.

Vantagens Desvantagens
Ajuste do membro à postura de trabalho Necessidade de agente externo
Em encurtamentos acentuados, o AP traz Necessidade de confiança no agente
mais benefícios para relaxar

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Alongamento Passivo – Ativo

Alongamento inicialmente executado por um agente externo e posteriormente,


o individuo mantém a posição por ação de uma contração isométrica, durante alguns
segundos.

Vantagens Desvantagens
Fortalecimento do músculo agonista (fraco) Necessidade de agente externo
Pode existir dificuldade em manter
a contração isométrica

Alongamento Ativo - Assistido

Inicialmente, há contração ativa dos agonistas, quando a capacidade individual é


atingida, a AM restante é completa pelo auxílio de outra pessoa.

Vantagens Desvantagens
Fortalecimento do músculo agonista Necessidade de agente externo
(fraco)
Padrão de movimento controlado Compensações podem surgir

Alongamento Ativo

É determinado pelo maior alcance de movimento voluntário, usando a força dos


agonistas e o relaxamento dos antagonistas.

Vantagens Desvantagens
Aumento da performance desportiva Menor efetividade no ganho de AM
Potencia a força dos agonistas comparativamente ao método passivo

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Mobilização articular
A mobilização articular consiste num conjunto de técnicas passivas de baixa
energia, que está indicada para tratar disfunções articulares, hipomobilidade e dor.
É executada de acordo com:
▪ Movimentos fisiológicos, ou seja, correspondendo aos movimentos clássicos de
uma articulação, de controlo voluntário, com um plano e eixo definidos (e.g.,
flexão e extensão)

▪ Movimentos acessórios, que são aquelas que ocorrem dentro da articulação e


sobre os quais não há controlo voluntário e são necessários para a amplitude de
normal dos movimentos fisiológicos da articulação.

o Integrantes: são movimentos que ocorrem em estruturas vizinhas à


articulação para permitir a amplitude de movimento normal dos
movimentos fisiológicos da articulação.
▪ Rotação da escápula na abdução do ombro
▪ Rotação da escápula na extensão do ombro

o Intra-articulares: são movimentos que ocorrem dentro da articulação.


Estes são necessários para a amplitude de movimento normal dos
movimentos fisiológicos da articulação; porém, não são controláveis.
▪ Compressão
▪ Deslizamento
▪ Rolamento

Tipos de mobilização articular:


o Passiva
o Ativa
o Ativo-assistida
o Ativa-resistida

Vantagens da mobilização:
o Dosagem da força
o Força aplicada próxima da articulação
o Força seletiva no tecido desejado
o Direção da mobilização acompanha mecânica articular

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Efeitos fisiológicos:
o Nutrição da cartilagem
o Manutenção da extensibilidade dos tecidos articulares
o Analgesia e diminuição do espasmo muscular
o Estímulo propriocetivo
o Aumento ou manutenção da amplitude de movimento
o Aumento da velocidade de execução do movimento
o Recuperação e melhoria da função estabilizadora

Indicações:
o Hipomobilidade articular reversível
o Disfunções músculo-esqueléticas
o Traumas
o Limitação progressiva
o Imobilidade funcional

Contraindicações:
o Espondilolistese, hipermobilidade e lesões vertebrais com compressão
nervosa
o Fraturas não consolidadas
o Luxação
o Lesões ligamentares agudas
o Tumores e infeções
o Osteoporose
o Doenças inflamatórias (e.g., artrite reumatoide)
o Problemas psicológicos – espasmos intensos
o Malformação congénita

Ligaturas funcionais
As ligaturas funcionais (LF) surgem para dar função a uma estrutura lesada, ao
mesmo tempo que previnem e curam essa mesma lesão. Outrora, as ligaduras eram
utilizadas de forma rígida, com intuito de imobilizar, sem que houvesse movimento do
segmento. No entanto, hoje em dia, sabe-se que a movimentação precoce das
estruturas é benéfica, desde que a aplicação de contenção seja realizada de forma
adequada.
As LF têm 3 principais efeitos:

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1. Mecânico
- Corrige o alinhamento articular e muscular
- Alivia tensão das estruturas
- Controla os mecanismos da lesão
2. Exterocetivo e Propriocetivo
- Respeita a função normal do segmento
- Facilita o controlo do movimento e dos mecanismos fisiológicos de proteção
- Reforça a informação de origem cutânea e subcutânea, através dos recetores
presentes na pele
3. Psicológico

Existem diferentes tipos de ligaduras:


✓ Ligaduras de Gaze – têm como principal função o auxílio a outra estrutura já
presente. O seu uso individual como ligadura é comum, no entanto não satisfaz
a necessidade funcional, devido ao facto de esta deslizar e não aderir à pele. São
elásticas, compostas de algodão e têm diversas larguras (5, 7, 10 e 15cm).

✓ Ligaduras de Baixa Elasticidade – têm como principal função a ativação da


circulação sanguínea devido à sua alta resistência e baixa elasticidade. Têm
diversas larguras (6, 8,10,12cm).

✓ Ligaduras Elásticas não Adesivas – são semelhantes às de gaze; no entanto, além


de algodão, possuem poliamida. De diversos tamanhos (5, 7, 10, 15, 20cm), estas
ligaduras têm uma elasticidade muito grande (cerca de 12%), o que lhes confere
suporte e compressão.

✓ Ligadura de Crepe – têm uma elasticidade muito grande (cerca de 180%), o que
lhes confere suporte e compressão, sendo mais resistente que as anteriores; no
entanto o segmento fica mais volumoso, pois são ligeiramente mais altas. De
diversos tamanhos (5, 7, 10, 15, 20cm).

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✓ Ligadura Elástica Adesiva - são compostas normalmente por 100% de algodão e
esticam cerca de 50% acima do seu comprimento normal. São indicadas para
contusões, luxações e entorses, pois aderem facilmente à pele, conseguindo dar
função ao segmento. De diversos tamanhos (2, 5, 6, 8, 10cm).

✓ Ligadura Coesiva – tem a particularidade de se auto aderir sobre si mesma. Não


possui componente elástico e é facilmente rasgável. É muito útil como ligadura
de fixação e é importante na redução desportiva, na fase de reintegração.

✓ Tape – muito usado como medida profilática no desporto. Possui 3 tamanhos,


de 2,5, 3,75 e 5cm. Esta ligadura tem 0% de elasticidade, sendo facilmente
rasgável. Serve para imobilizar um segmento de forma funcional.

Antes de se realizar uma ligadura é necessário:

• Verificar o estado cutâneo


• Identificar condições circulatórias e sensitivas
• Observar o tipo de paciente a que aplica
• Saber o fim a que se aplica
• Ter o compromisso do utente para se realizar a ligadura

As ligaduras funcionais possuem 3 objetivos funcionais:


1.Contenção
- Limita o movimento que provoca a dor;
- Ligaduras elásticas/adesivas/coesivas.
2.Imobilização
- Anula o movimento que causa dor;
- Tape
3.Mista Combinada

Existem diferentes tipos de técnicas para realização de ligaduras:


1. Ligadura circular
É a técnica mais fácil e comum, pois quase todas as aplicações iniciam e terminam
com esta técnica. Realizam-se 2 voltas, onde a última banda cobre sempre a anterior.
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2. Ligadura em Espiral
Utiliza-se em pequenos segmentos para a contenção, imobilização ou
sustentação da região a tratar. Inicialmente, é realizada uma volta circular à parte inicial
das ligaduras, seguindo-se a espiral, sobrepondo 2/3 da precedente, terminando da
mesma forma que começou.

3. Ligadura em Espiga
Utiliza-se em regiões onde é necessário aumentar a sustentabilidade, sendo muito
usada em articulações. Inicia-se de forma circular e a sua orientação é em “8”, sendo
que a banda seguinte sobrepõe 2/3 da anterior.

Estas 3 técnicas são comumente usadas, podendo variar um pouco mediante o


objetivo pretendido. Este tipo de ligaduras não se realiza com tape, pois este não se
adapta à estrutura, visto ser um material rígido.
As lesões onde a aplicação do tape é mais comum são:
- Luxação ombro
- Entorse do cotovelo
- Entorse do joelho
- Entorse da tibiotársica
- Roturas

❖ Kinesio Taping
O Kinesio Taping, além de ser uma marca, é uma técnica de reabilitação desenvolvida
para facilitar o processo de regeneração do organismo, dando apoio e estabilidade aos
músculos e articulações sem restringir o seu movimento, promovendo um
funcionamento normal. As bandas coloridas são denominadas de Bandas
Neuromusculares. Este método prolonga os efeitos de terapias manuais convencionais
permitindo que os benefícios terapêuticos se mantenham ao longo de todo o dia, sendo
usado para tratar um conjunto alargado de problemas a nível ortopédico,
neuromuscular, neurológico, linfático, entre outros. A aplicação do Kinesio Taping reduz
edemas e a dor de lesões musculares e tendinosas. Este tipo de tape permite uma
utilização durante 3 a 5 dias, uma vez que é resistente e à prova de água, garantindo um

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efeito terapêutico de 24h/dia, constituindo-se, assim, num tratamento extremamente
económico e com excelentes resultados.
Os principais benefícios do Kinesio Taping são:
- Corrigir a função do músculo
- Melhorar a circulação sanguínea e linfática
- Alívio da dor
- Reposição da subluxação da articulação

A aplicação das bandas neuromuscular depende, sobretudo, do efeito


pretendido. Após identificação do objetivo, é realizado um corte específico para
colocação do mesmo. Por ser necessário cumprir os princípios fundamentais desta
técnica, é necessária formação extra para a colocação das bandas neuromusculares.

CINESIOTERAPIA RESPIRATÓRIA
A fisioterapia respiratória é composta por um grupo de técnicas de exercícios
manuais específicos que visam a prevenção, com o intuito de evitar a complicação de
uma patologia respiratória. Visam também o condicionamento físico e respiratório, bem
como a educação de um indivíduo sadio normal. Saber respirar corretamente é uma
forma de evitar que uma disfunção respiratória ou uma disfunção se instale. O
tratamento apropriado do paciente com patologias pulmonares requer o conhecimento
do distúrbio fisiológico presente e da eficácia de um dado tratamento dentro do
contexto daquele problema. A fisioterapia tem um importante papel na manutenção
das vias aéreas e pulmões desobstruídos, principalmente, quando patologias de génese
hipersecretora estão envolvidas, ou quando disfunções neuromusculares tornam a
tosse ineficaz. As técnicas desobstrutivas fazem também parte dos programas pré e pós-
operatório de cirurgias cardíacas, torácicas e abdominais, com objetivo profilático
contra pneumonias e atelectasias.

Técnicas de Desobstrução Brônquica

• Tapotement
Percutir durante a expiração, de forma a deslocar as secreções das zonas periféricas
para as centrais. Como contraindicações desta técnica consideram-se:
- Ruídos sibilares exacerbados
- Crise asmática

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- Edema do pulmão
- Cardiopatias graves
- Fratura das costelas

• Drenagem Postural
A drenagem postural pode ser considerada uma técnica respiratória que tem como
objetivo drenar secreção pulmonar da árvore brônquica. Sendo uma tendência natural
o acumular de secreções nas áreas mais distais da mesma, pelo próprio efeito
gravitacional, a drenagem emprega o posicionamento invertido, com o intuito de
favorecer o acesso da secreção pulmonar a um trajeto mais superior na árvore e,
consequentemente, a sua eliminação. Embora existam áreas localizadas na região
superior dos pulmões, há maior tendência de acumulação de secreção nas vias aéreas
inferiores. É por isso que, nos procedimentos de drenagem, o utente é posicionado de
forma a que o seu tronco fique mais inferior do que a anca.

• Drenagem Autogénica
A drenagem autogénica tem como objetivo a melhoria da ventilação e deslocação
do muco.
1. Utente encontra-se sentado de forma ereta;
2. Respirar profundamente a um ritmo normal/lento;
3. As secreções nas vias aéreas deslocam-se para proximal, como consequência do
padrão ventilatório;
4. À medida que as secreções se deslocam para a traqueia, são expelidas sob a
forma de tosse suave ou expiração levemente forçada.

• Técnica expiratória forçada ou “Huff”


A técnica de expiração forçada consiste em um ou dois huffs (expirações forçadas).
As secreções brônquicas mobilizadas para as vias aéreas superiores são, então,
expetoradas e o processo é repetido até que se obtenha limpeza brônquica máxima. O
paciente pode reforçar a expiração forçada pela autocompressão da parede torácica,
através de um rápido movimento de adução dos braços.

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