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CINESIOTERAPIA

CAPÍTULO: 05 – ALONGAMENTO.
Alongamento Para Aumentar a Mobilidade.

 O termo mobilidade pode ser descrito com base em dois parâmetros diferentes,
porém inter-relacionados. Normalmente, é definido como a habilidade as
estruturas ou segmentos do corpo de se moverem ou serem movidos, permitindo
que haja amplitude de movimento para atividades funcionais (ADM funcional).

 Pode também ser definido como a habilidade de uma pessoa de iniciar, controlar
ou manter movimentos ativos do corpo para realizar tarefas motoras simples e
complexas (mobilidade funcional).
Definições dos Termos Relacionados á Mobilidade e ao
Alongamento.

 Flexibilidade: É a capacidade de mover uma única articulação ou uma série de


articulações de modo suave e com facilidade, ao longa de uma ADM sem restrições
e indolor. É determinada pelo comprimento do músculo junto á integridade da
articulação e a extensibilidade dos tecidos moles periarticulares. A flexibilidade
está relacionada com a extensibilidade das unidades musculotendíneas que
atravessam uma articulação, com base em sua habilidade de relaxar ou deformar e
ceder a uma força de alongamentos.
 Flexibilidade Dinâmica: Essa forma de flexibilidade, também conhecida como
mobilidade ativa ou ADM ativa, é o grau até o qual uma contração muscular ativa
move um segmento do corpo na ADM disponível em uma articulação, sendo
dependente do grau até o qual a articulação pode ser movida por uma contração
muscular e a quantidade de resistência tecidual encontrada durante o movimento
ativo.
Definições dos Termos Relacionados á Mobilidade e ao
Alongamento.

 Flexibilidade Passiva: Esse aspecto da flexibilidade, também conhecido como


mobilidade passiva ou ADM passiva, é o grau até o qual uma articulação pode ser
movida passivamente na ADM disponível, sendo dependente da extensibilidade dos
músculos e tecidos conjuntivos que recruzam e cercam uma articulação. A
flexibilidade passiva é pré-requisito para a flexibilidade dinâmica, mas não a garante.
 Hipomobilidade: Refere-se a uma mobilidade diminuída ou restrita. Muitas processos
patológicos podem restringir o movimento e comportamento a mobilidade. Há muitos
fatores que podem contribuir para hipomobilidade e a rigidez dos tecidos moles, a
perda potencial da ADM e o desenvolvimento de contraturas.
 Contratura e Encurtamento: A restrição dos movimentos pode variar de um leve
encurtamento muscular até contraturas irreversíveis. Contratura é definida como o
encurtamento adaptativo da unidade musculotendínea e outros tecidos moles que
cruzam ou cercam uma articulação e resulta em resistência significativa ao
alongamento passivo ou ativo e na limitação da ADM, podendo comprometer as
habilidades funcionais.
Tipos de Contraturas.

 Contratura Miostática: Em uma contratura miostática (miogênica), embora a


unidade musculotendínea esteja adaptativamente encurtada e haja uma perda
significativa de ADM, não há uma patologia muscular específica presente. De uma
perspectiva morfológica, embora possa haver uma redução no número de unidades
de sarcômeros em série, não há diminuição no comprimento individual de cada
sarcômero. As contraturas miostáticas podem ser resolvidas em um período
relativamente curto, por meio de exercícios de alongamento.
 Contratura Pseudomiostática: O comprometimento da mobilidade e a limitação da
ADM podem também ser resultado da hipertonicidade associada a uma lesão do
sistema nervoso central, como acidente vascular encefálico, lesão medular ou
traumatismo craniano.
Tipos de Contraturas.

 Contraturas Artrogênicas ou Pericarticulares: É resultado de patologia intra-


articular. Essas alterações podem incluir aderências, proliferação sinovial, edema
articular, irregularidades na cartilagem articular ou formação de osteófitos.
 Contratura Fibrótica e Contratura Irreversível: Alteração fibrótica no tecido
conjuntivo do músculo e estruturas periarticulares podem causar aderência desses
tecidos e subsequente desenvolvimento de uma contratura fibrótica. Embora seja
possível alongar uma contratura fibrótica, aumentando por consequência a ADM,
em geral é difícil restabelecer o comprimento ideal do tecido.
Intervenção para Aumentar a Mobilidade dos Tecidos Moles.

 Muitas intervenções terapêuticas têm sido elaboradas para melhorar a mobilidade


dos tecidos moles e consequentemente aumenta a ADM e a flexibilidade.
Alongamento e mobilização são termos gerais que descrevem qualquer manobra
terapêutica que aumente a extensibilidade dos tecidos moles restritos.
Indicações Para o Uso de Alongamento.

 *A ADM está limitada porque os tecidos moles perderam sua extensibilidade em


decorrência de aderências, contraturas e formação de tecido cicatricial, causando
limitações funcionais ou incapacidades.
 *A restrição na mobilidade pode levar a deformidades estruturais que, de outro
modo, poderiam ser evitadas.
 *Há fraqueza muscular e encurtamento dos tecidos opostos.
 *Pode ser usado como parte de um programa de preparo físico total elaborado
para prevenir lesões musculoesqueléticas.
 *Pode ser usado antes e depois de exercício vigorosos, com a possibilidade de
minimizar a dor muscular pós-exercício.
Contra – Indicações Para o Alongamento.
 *Um bloqueio ósseo limita o movimento articular.
 *Houve uma fratura recente, e a consolidação óssea está incompleta.
 *Há evidências de um processo inflamatório agudo ou infeccioso (calor e edema) ou a
cicatrização dos tecidos moles pode ser prejudicada nos tecidos encurtados e regiões
adjacentes.
 *Ocorre uma dor aguda imediata com o movimento articular ou alongamento muscular.
 *Observa-se hematoma ou outra indicação de trauma dos tecidos.
 *Já existe hipermobilidade.
 *Os tecidos moles encurtados proporcionam a estabilidade articular necessária no lugar
da estabilidade estrutural ou controle neuromuscular.
 *Os tecidos encurtados possibilitam a um paciente com paralisia ou fraqueza muscular
grave realizar habilidades funcionais específicas que, de outro modo, seriam impossíveis.
Fatores que Contribuem Para as Restrições de Mobilidade.

 Fatores Contribuintes.
 Imobilização prolongada.
 Extrínsecos: Gesso, tala, tração esquelética.
 Intrínsecos: Dor, inflamação, derrame articular, distúrbios de músculos, tendão,
fáscia, distúrbios da pele, bloqueio ósseo, distúrbios vasculares, estilo de vida
sedentário e posturas habituais falhas ou assimétricas paralisia, anormalidades de
tônus e desequilíbrio muscular.
 Desalinhamento postural: congênito ou adquirido.
Tipos de Alongamento.

 Alongamento Manual ou Mecânico/Passivo ou Assistido: Uma força de


alongamento externa no final da amplitude de movimento, mantida ou intermitente,
aplicada com pressão adicional e por meio de contato manual ou um dispositivo
mecânico, alonga uma unidade musculotendìnea encurtada e os tecidos
conjuntivos periarticulares, movendo a articulação limitada um pouco além da ADM
disponível.
 Se o paciente estiver o mais relaxo possível, é chamado de alongamento passivo.
 Se o paciente auxiliar o movimento da articulação para uma ADM maior, é
chamada de alongamento assistido.
Tipos de Alongamento.

 Alongamento Balístico: Um alongamento intermitente rápido e forçado – ou seja,


um alongamento com alta velocidade e alta intensidade. É caracterizado por
movimentos rápidos e bruscos que criam um impulso para conduzir o segmento do
corpo pela ADM até alongar as estruturas encurtadas.
 Alongamento Manual: Durante o alongamento manual, um fisioterapeuta, outro
profissional ou um cuidador treinado aplica uma força externa para mover o
segmento envolvido levemente além do ponto de resistência do tecido e da ADM
disponível. O fisioterapeuta controla manualmente o local de estabilização, assim
como a direção, a velocidade, a intensidade e a duração do alongamento.
 Alongamento Mecânico: Há muitos modos de usar equipamentos para alongar
tecidos encurtados e aumentar a ADM. O equipamento pode ser tão simples
quanto uma munhequeira com peso ou um sistema de polias, ou sofisticado, como
algumas órteses ajustáveis ou aparelhos de alongamento automatizados.
Tipos de Alongamento.

 Alongamento Estático: É um método comumente usado no qual os tecidos moles


são alongados apenas um pouco além do ponto de resistência do tecido e, então,
mantidos na posição alongada com uma força constante durante certo período.
 Alongamento Estático Progressivo: É aplicado para conseguir máxima efetividade.
Os tecidos moles encurtados são mantidos em uma posição confortavelmente
alongada até que um grau de relaxamento seja sentido pelo paciente ou pelo
fisioterapeuta. Então, os tecidos encurtados são alongados um pouco mais e
mantidos na nova posição máxima por um tempo adicional.
 Alongamento Cíclico (Intermitente): Uma força de alongamento com duração
relativamente curta que é aplicada de modo repetido, porém gradual, então
liberada e depois reaplicada.
Tipos de Alongamento.

 Auto–Alongamento: Qual quer exercício de alongamento feito independentemente


por um paciente após instrução e supervisão de um fisioterapeuta é chamado de
auto alongamento.
 Técnicas de Facilitação e Inibição Neuromuscular: Procedimento de facilitação e
inibição neuromuscular têm o propósito de relaxar, de forma reflexa, a tensão nos
músculos encurtados, antes ou durante um alongamento muscular. Como o uso de
técnicas de inibição para assistir o alongamento muscular está associado com uma
abordagem de exercício conhecida como facilitação neuromuscular proprioceptiva
(FNP).
 Técnicas de Energia Muscular: As técnicas de energia muscular são procedimentos
de manipulação que surgiram da medicina osteopática e visam alongar músculos
e fáscias e mobilizar articulações. Os procedimentos empregam contrações
musculares voluntárias dos pacientes com direção e intensidade precisamente
controladas, contra uma forma de oposição aplicada pelo profissional.
Tipos de Alongamento.

 Mobilização/Manipulação Articular: Os métodos de imobilização/manipulação


articular são técnicas de fisioterapia manual aplicadas especificamente ás
estruturas articulares e são usadas para alongar restrições capsulares ou
reposicionar uma articulação subluxada ou luxada.
 Mobilização e Manipulação de Tecidos Moles: São elaboradas para melhorar a
extensibilidade muscular e envolvem a aplicação de forças manuais específicas e
progressivas. (Por exemplo, por meio de pressão manual mantida ou fricção lenta
e profunda para efetuar a mudança nas estruturas miofasciais que podem se ligar
aos tecidos moles e comprometer a mobilidade). As técnicas, incluindo massagem
transversa, liberação miofascial, acupressão e terapia em pontos-gatilhos, são
elaborados para melhorar a mobilidade dos tecidos por meio da mobilização e da
manipulação dos tecidos conjuntivos que se ligam aos tecidos moles.
Alongamento Seletivo

 É um processo em que a função geral de um paciente pode ser melhorada com


aplicação de técnicas de alongamento seletivo de alguns músculos e articulações,
permitindo que se desenvolva uma limitação na mobilidade de outros músculos ou
articulações. Para determina quais músculos deve alongar e quais deve permitir que
se tornem levemente encurtados, o fisioterapeuta precisa sempre ter em mente
necessidades funcionais do paciente e a importância de manter um equilíbrio entre
mobilidade e estabilidade para o máximo desempenho funcional.
Alongamento Excessivo e Hipermobilidade.

 Alongamento excessivo é um alongamento muito além do comprimento normal dos


músculos e da ADM de uma articulação e tecido moles ao redor, resultando em
hipermobilidade (mobilidade excessiva).
 Pode ser necessária criar a hipermobilidade seletiva por meio do alongamento
excessivo para certas pessoas saudáveis, com força e estabilidade normais, que
participam de esportes que requerem um flexibilidade extensa.
 O alongamento excessivo torna-se prejudicial e criar instabilidade articular quando
as estruturas que suportam uma articulação e a força dos músculos em torno dela
são insuficientes e não conseguem manter a articulação em uma posição funcional
estável durante as atividades. A instabilidade de uma articulação normalmente
causa dor e pode predispor a pessoa a lesões musculoesqueléticas.
Propriedades dos Tecidos Moles – Resposta á Imobilização e ao
Alongamento.

 Habilidade do corpo se mover-se livremente, ou seja, sem restrições e com controle


durante atividades funcionais, depende de mobilidade passiva dos tecidos moles e
do controle neuromuscular ativo. Os tecidos moles que podem se tornar restritos e
comprometer a mobilidade são os músculos, com seus elementos contráteis e
não-contrateis, e vários tipos de tecidos conjuntivos (tendões, ligamentos, cápsulas
articulares, fáscias, pele).
 Cada tipo de tecido mole tem propriedades únicas que afetam sua resposta á
imobilização e sua habilidade de recuperar a extensibilidade após a imobilização.
Quando são aplicados procedimentos de alongamento a esses tecidos moles, sua
resposta é afetada pela direção, velocidade, intensidade (magnitude), duração e
frequências da força de alongamento, bem como pela temperatura do tecido.
Propriedades Mecânicas do Tecido Contrátil.

 O músculo é composto de tecidos conjuntivos contráteis e não-contráteis.


 Tecido Contráteis: Seus elementos como, fibra única, sarcômero , miofibrila e
miofilamentos dão a ele características de contratilidade e resistência.
 Tecido Não-Contráteis: Ao redor do músculo tem as mesmas propriedades de
todos os tecidos conjuntivos, incluindo a habilidade de resistir ás forças de
deformação.
Determinantes, Tipos e Efeitos das Intervenções Por
Meio de Alongamento.
 Alinhamento: Posicionamento do membro ou do corpo, de modo que a força de
alongamento seja direcionada para o grupo muscular apropriado.
 Estabilização: Fixação de um local de inserção do músculo á medida que a força é
aplicada á outra inserção óssea.
 Intensidade do Alongamento: Magnitude da força de alongamento aplicada.
 Duração do Alongamento: Período no qual a força do alongamento é aplicada durante
um ciclo de alongamento.
 Velocidade do Alongamento: Velocidade de aplicação inicial da força de alongamento.
 Frequência do Alongamento: Números de sessões de alongamentos por dia ou por
semanas.
 Modo de Alongamento: Forma ou maneira com que a força de alongamento é aplicada
(estática, balística, cíclica), grau de participação do paciente (passivo, assistido, ativo);
ou a fonte de força de alongamento (manual, mecânica, o próprio paciente).

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