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LIBERAÇÃO MIOFASCIAL MANUAL

Prof. PhD. Mosiah Araújo Silva


MAIS UMA FERRAMENTA
TERAPÊUTICA
SISTEMA FASCIAL
DEFINIÇÃO DE FASCIA
1. O Federative International Committee on Anatomical
Terminology (1998) descreve fáscia como “bainhas, folhas
ou outros agregados de tecido conectivo dissecável”,
incluindo “revestimentos de vísceras e estruturas dissecáveis
relacionadas a elas” (Terminologia Anatômica, 1998).
2. Standring et al. (2008) descrevem fáscia como “massas de
tecido conectivo grandes o suficiente para serem visíveis a
olho nu”, observando que “as fibras na fáscia tendem a ficar
entrelaçadas” e que ela inclui “tecido conectivo areolar
frouxo”, tal como a “fáscia superficial” subcutânea.
3. Schleip et al. (2012) caracterizam a fáscia como “tecidos
colagenosos fibrosos que fazem parte de um sistema de
transmissão de força tensional amplo do corpo”.
Seção transversal do antebraço. Note a continuidade fascial da pele até o
osso. A. Pele; B. fáscia "favo de mel" com os nódulos de gordura; C.
Fáscia superficial; D. fáscia profunda; E. septos intermusculares; F. osso.
FASCIA SUPERFICIAL
INERVAÇÃO DA FASCIA
INERVAÇÃO DA FASCIA
"As diferentes camadas do corpo contêm tecidos
conjuntivos frouxos viscosos que permitem a função de
deslizar, proteger as estruturas neurais sensíveis, bem
como facilitar o movimento eficiente sem dor e a
transmissão de força. A função de deslizamento pode ser
perdida por trauma, inflamação ou envelhecimento,
resultando em fibrose, espessamento e densificação".
Pavan et al 2014
DENSIFICAÇÃO DA FASCIA
A densificação refere-se a uma alteração do tecido
conjuntivo frouxo. A densificação pode envolver
uma alteração na qualidade dos componentes do
tecido conjuntivo frouxo (células adiposas,
glicosaminoglicanos e ácido hialurônico) e uma
alteração na viscosidade fascial. Um aumento na
densidade afeta a função da fáscia profunda,
impedindo o deslizamento das estruturas dos
tecidos moles.
FIBROSE DA FASCIA
A fibrose é definida como uma alteração do tecido
conjuntivo denso, através da produção e
deposição de colágeno excessivo
Fatores que influenciam a rigidez
mecânica do tecido fascial e seu
impacto hipotético.
As setas para cima simbolizam um
efeito positivo (por exemplo,
aumento da contratilidade celular
aumenta a rigidez),
As setas para baixo simbolizam
um efeito negativo (por exemplo,
aumento do uso de
corticosteroides diminui a
rigidez),
As setas duplas simbolizam uma
associação ambígua (por
exemplo, o hialuronano diminui a
rigidez se for mobilizado por
estímulos mecânicos, mas leva ao
aumento da rigidez se nenhum
estímulo for aplicado).
BIOTENSEGRIDADE
O QUE É TENSEGRIDADE?
• A palavra tensegridade ( tensão + integridade, ou seja,
integridade das tensões ) foi criada e utilizada por R.
Buckminster Fuller - arquiteto, engenheiro, cientista e
sonhador - que a descreveu como "uma propriedade
presente em objetos cujos componentes usam a tração
e a compressão de forma combinada, o que
proporciona estabilidade e resistência, assegurando sua
integridade global".
TENSEGRIDADE
• Estruturas biológicas tais como músculos e ossos,
estruturas elásticas ou rígidas se tornam fortes devido ao
uníssono das partes tensionadas e comprimidas.
• O sistema musculoesquelético é uma sinergia de
músculos e ossos. Os músculos e os tecidos conectivos
fornecem tração contínua e os ossos, compressão
descontínua, fortalecendo-se mutuamente.
• Devido a propriedade elástica das
interconecções , quando um elemento da
estrutura "Tensegrity" é deslocado, esta
mudança será transmitida por toda estrutura e
todos os elementos serão deslocados, ou se
adaptarão para uma nova configuração,
cedendo a essas mudanças sem quebrar".
TRILHOS ANATOMICOS MIOFASCIAIS
MECANOTRANSDUÇÃO
• O mecanismo pelo qual as células convertem
um estímulo mecânico em atividade química.
• Forças mecânicas influenciam o crescimento e a
forma de praticamente todos os tecidos e
órgãos do nosso corpo.
• Sinais mecânicos transduzidos em alterações na
bioquímica celular e na expressão gênica.
RECEPTORES DE SUPERFÍCIE
Integrinas e Caderinas
• Permitem a adesão do citoesqueleto à Matriz
Extracelular (ECM)
• A partir dessas proteínas que um estímulo
mecânico aplicado à superfície da membrana
será transmitido para o interior da célula.
ESTIRAMENTO MIOFASCIAL E
INFLAMAÇÃO
NEUROCIÊNCIA DA DOR
DEFINIÇÃO DE DOR

“Experiência SENSITIVA e “A dor é uma experiência angustiante


EMOCIONAL desagradável, associada a dano tecidual REAL ou
associada a uma lesão tecidual REAL POTENCIAL com componentes
ou POTÊNCIAL, ou DESCRITA EM SENSORIAIS, EMOCIONAIS,
TERMOS DE TAIS LESÕES.”(IASP,
1979) COGNITIVOS e SOCIAIS.” (2016)

“Uma experiência somática que reflete a


apreensão de uma pessoa de ameaça à
sua integridade corporal ou
existencial. (2018)
SENSIBILIZAÇÃO PERIFÉRICA
Um dia no campus na Universidade, o
especialista da visão provoca o colega
pesquisador em dor:
- Ainda não sabe como a dor funciona?
- Você pode saber alguma coisa sobre o
funcionamento da visão - responde o
especialista em dor - Como os
bastonetes da retina recebem estímulos
luminosos, como as células nervosas os
transmitem pelo nervo óptico até o
cérebro etc.. Mas me diga: em que parte
do cérebro fica a beleza?
O especialista da visão atônito se cala.
- avise quando descobrir - diz o homem
da dor - porque a dor esta logo ao lado!
Neuroimagem da dor
Evidência Humana e Relevância
Clínica do Processamento e
Modulação do Sistema Nervoso
Central
CRONIFICAÇÃO DA DOR

“A cronificação da dor descreve o processo de


dor transitória que progride para dor persistente;
O processamento da dor muda como resultado
de um desequilíbrio entre a amplificação da dor
e a inibição da dor; fatores genéticos,
ambientais e biopsicossociais determinam o
risco, o grau e o tempo de cronificação.”
Na cronificação da dor a
ativação/representação
cerebral migra do circuito
nociceptivo/sensorial para
os circuitos neuronais
cognitivo-emocional
DOR CRÔNICA

NOCICEPTIVA

NEUROPÁTICA

SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL
NOCICEPTIVA

• História de lesão tecidual < 6-8 semanas


• Geralmente intermitente
• Resposta clara e proporcionada por fatores
agravantes (ex: provocação mecânica)
• Dor proporcional a lesão
• Identifica fatores de melhora e piora de
maneira clara
NEUROPÁTICA

• Dor causada por uma lesão ou doença do


sistema nervoso somatossensorial
• História de lesão do nervo, doença ou
comprometimento mecânico
• Dor referida no dermátomo (?)
• Testes de Tensão Neural (?)
SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL

Caracteriza-se como
sendo a
hiperexcitabilidade
do Sistema Nervoso
SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL

Potenciação de Longa Duração: Surgimento de novos


receptores facilitando as sinapses
POTENCIAÇÃO DE LONGA DURAÇÃO NAS
ÁREAS DO PROCESSAMENTO DA DOR
NEUROINFLAMAÇÃO

Astrócitos

Microglia

Oligodentrócitos

Células Glia
Satélite (SGCS)
SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL
HIPERALGESIA E ALODINIA
AVALIAÇÃO DA DOR NO MODELO
BIOPSICOSSOCIAL
AVALIAÇÃO DA DOR NO MODELO
BIOPSICOSSOCIAL

DIMENSÃO SOMÁTICA
DIMENSÃO PSICOLÓGICA:
COGNIÇÃO
DIMENSÃO PSICOLÓGICA:
EMOÇÃO
DIMENSÃO PSICOLÓGICA:
COMPORTAMENTO
DIMENSÃO SOCIAL
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS NA
REGULAÇÃO COGNITIVO-EMOCIONAL
• Educação em dor
• Deslocamento de atenção
• Técnicas de Respiração
• Meditação
• Exposição Gradual
• Realidade Virtual
• Psicologia Positiva
• Terapia cognitivo comportamental
DOR MIOFASCIAL
HISTÓRICO
• 1900 – Aldler – Reumatismo
Muscular;
• 1904 – Gowers – Fibrosite;
• 1938 - Kellgren – Injeção de
solução salina
• 1950 – Travell – Dor Miofascial e
ponto gatilho miofascial;
• 1983 –Travell e Simons – 1ª Edição
do Livro (Myofascial Pain and
Dysfuntion: The Trigger Point
Manual)
• 2018 – 3ª Edição do Livro
(Myofascial Pain and Dysfuntion:
The Trigger Point Manual)
DEFINIÇÃO
• A dor miofascial é uma desordem
muscular regional caracterizada pela
presença de pontos hipersensíveis
(trigger points), localizados em
bandas rígidas de músculos
esqueléticos, doloridos à palpação e
que podem produzir dor referida.
BANDA TENSA
EPIDEMIOLOGIA
• Não existem grandes achados epidemiológicos,
mas há evidências que a dor miofascial seja uma
condição bastante comum.
• Dor Orofacial;
• Dor de cabeça e pescoço;
• Dor lombar.
FISIOPATOLOGIA
• Teorias
• Neuropática
• Fuso muscular anormal
• Botões Sinápticos disfuncionais
• Crise energética
• Hipótese integrada
IDENTIFICOU AS SUBSTÂNCIA LOCALIZADAS
DENTRO DOS PONTOS GATILHOS.
ETIOLOGIA
• Microtraumatismos
• Movimentos repetitivos
• Posições de tensão
• Macrotraumatismos
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DOS PONTOS GATILHOS
ACHADOS COMUNS DOS PONTOS GATILHOS

• Banda tensa palpável com palpação em pinça ou


plana transversal a fibra muscular;
• Ponto hipersensível na banda tensa;
• Resposta contrátil local quando estimulada
adequadamente;
• Pode produzir fenômeno autonômico e motor;
• Pode restringir a ADM;
• Pode causar fraqueza inibitória no músculo.

SIMONS, PONTOS GATILHOS ATIVOS PONTOS GATILHOS LATENTES


SIMONS e • Refere ou reproduz a dor que é reconhecível • Dor local ou referida que não
TRAVEL, 1999. pelo paciente; é reconhecível pelo paciente;
• Dor espontânea local ou referida. • Dolorido somente quando
palpado ou agulhado.

OPINIÃO DE • Reproduz qualquer sintoma(s), não apenas a dor • Não reproduz sintomas
EXPERTS NO experimentada pelo paciente; experimentados pelo
ESTUDO • O paciente reconhece o sintoma como familiar; paciente;
• O(s) sintoma(s) pode estar ausente no momento • O paciente não reconhece os
DELPHI, 2018.
da avaliação, mas irá aparecer durante a sintomas por meio da
palpação; palpação em pinça ou plana
transversal a fibra muscular
FASCIA/TRIGGER POINTS
FASCIA/TRIGGER POINTS
No tecido muscular com trigger
points, os endomísios são sempre
mais estreitos do que nos
controles sem trigger points.
Imagem do microscópio eletrônico,
ampliada 300 vezes.

(A) Tecido muscular com trigger


points: endomísio encolhido.
(B) (B) Controle sem trigger
points: endomísio normal.
Feigl-Reitinger et al., 1998
TRATAMENTO
• Eletrofototermoterapia;
• Terapia Manual;
• Agulhamento “Molhado” (Injeções);
– Anestésico local;
– Salina
– Costisona;
– Botox;
*A natureza da substância injetada não faz diferença no
resultado e que o agulhamento molhado não é
terapêuticamente superior ao agulhamento seco.
(Cummins & White, 2001)
• Agulhamento Seco (Dry Needling);
• Alongamento e Fortalecimento;
MÉTODO STECCO
INDICAÇÕES
DOR e DISFUNÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA
ESPORTE (OVERUSE)
OUTRAS PATOLOGIAS
CONTRA-INDICAÇÕES
CONTRA-INDICAÇÕES
• Febre
• Doença de pele
• Distúrbios hemorrágicos ou TVP
• Alergias
• Abdômen de grávida
TÉCNICAS e MÉTODOS DE LIBERAÇÃO
MIOFASCIAL MANUAL
• Rolfing – Ida Rolf
• Cyriax – James Cyriax
• Terapia de Indução Miofascial - Andrzej Pilat
• Trilhos Anatômicos – Thomas Myers
• Método Stecco – Luigi Stecco
• Massagem do tecido conjuntivo – Elizabeth Dicke
• Modelo de Distorção Fascial - Stephen Typaldos
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE FORÇA
UTILIZADAS NA LIBERAÇÃO
MIOFASCIAL MANUAL
COMPRESSÃO
TRAÇÃO
TORÇÃO
CISALHAMENTO
O PUNHO
OS DEDOS
PALMA DA MÃO
O COTOVELO E ANTEBRAÇO
AS JUNTAS
O POLEGAR
PINÇAR, PUXAR E MOVER
PRINCÍPIOS PARA A PRÁTICA
• Limitar o uso de cremes e óleos
• Quanto mais profunda a técnica mais lento o
procedimento
• Trabalhe as camadas de superficial para profundo
• Respeite sempre a sensibilidade do paciente
PRÁTICA
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS
INFERIORES
MEMBROS INFERIORES COM
MOVIMENTO
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
QUADRIL/PELVE
QUADRIL/PELVE
ABDÔMEN
ABDÔMEN
DIAFRAGMA
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
TRONCO
TRONCO
TRONCO
TRONCO COM MOVIMENTO
CABEÇA E PESCOÇO
CABEÇA E PESCOÇO
CABEÇA E PESCOÇO
CABEÇA E PESCOÇO
LIBERAÇÃO DE CICATRIZES
LIBERAÇÃO DE CICATRIZES
LIBERAÇÃO DE CICATRIZES
LIBERAÇÃO DE CICATRIZES
LIBERAÇÃO DE CICATRIZES
OBRIGADO!!!

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