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Biomecânica
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Tiago Pereira da Silva
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Prezado(a) aluno(a), este é o início de uma grande jornada, visto que você se
interessou pelo assunto desta disciplina. Venho propor junto com você construir nosso
conhecimento sobre conceitos fundamentais da Cinesiologia e Biomecânica aplicada a Fi-
sioterapia. Além destes fundamentos, vamos explorar as mais diversas aplicações clínicas
destes nas ações do profissional da área em sua prática clínica.
A Cinesiologia é uma ciência que tem como enfoque a análise do movimento huma-
no, e forma na Fisioterapia base fundamental na sua atuação. Julgamos relevante que esta
disciplina seja amplamente estudada e compreendida, pois forma base de compreensão
sobre a ação humana, ou seja, o movimento. É exatamente por isso que ela se torna
importante para o fisioterapeuta, visto que este é o profissional que maneja o movimento,
avalia, trata, aborda, reeduca, cuida.
Busca-se, através deste material, promover uma perspectiva crítica e elevada so-
bre os conhecimentos, permitindo uso destes em diversas áreas, setores, organizações ou
ações do profissional da Fisioterapia. Use-o de forma sistemática, especialmente como um
instrumento para seu sucesso na carreira escolhida.
Na Unidade I desta apostila, iremos iniciar compreensão da Cinesiologia e Bio-
mecânica e seu uso na prática clínica. Conversaremos sobre as semelhanças entre estas
duas áreas e sua intima relação, além de verificar que o estudo biomecânico forma base
fundamental na ação terapêutica. Logo após, vamos discutir as variáveis mecânicas e
terminologia usada nas ações terapêuticas.
Logo após, na Unidade II iremos abordar o sistema articular e muscular do corpo
humano, tecendo relações entre eles e a prática clínica do fisioterapeuta, além de propor
estudo sobre a Biomecânica do membro superior e inferior, visto que são regiões de grande
incidência de lesões e disfunções tratadas por este profissional. Buscamos desenvolver o
raciocínio clínico fundamental na compreensão destas disfunções.
Já na Unidade III iremos dar continuidade ao estudo da Biomecânica, agora es-
pecificamente da coluna vertebral, buscando tanto conhecer seu embasamento quanto a
relação deste com a ação terapêutica. Ainda nesta unidade buscaremos compreender uma
parte da avaliação fisioterapêutica através dos testes musculares manuais e goniometria,
fundamentos relevantes para a explicação das disfunções existentes nos indivíduos.
E por último, na Unidade IV iremos dar continuidade com a abordagem de mais técnicas
de avaliação do fisioterapeuta, agora falando sobre a postura e a marcha, outros dois importan-
tes critérios a serem verificados em muitos dos pacientes que buscam este profissional. Além
disso, buscaremos discutir análises cinesiológicas de atividades de vida diária.
Desta forma, como já dito, esperamos que este material sirva como base na apli-
cação destes conceitos na sua vida profissional diária. Convido você a entrar nesta jornada
cheia de conhecimento comigo, de temas fundamentais para você.
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Introdução da Cinesiologia e Biomecânica
UNIDADE II.................................................................................................... 29
O Sistema Articular e Muscular do Corpo Humano.
Biomecânica do Membro Superior e Inferior
UNIDADE III................................................................................................... 62
Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação
(Provas Manuais Musculares e Goniometria)
UNIDADE IV................................................................................................... 89
Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha)
e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária
UNIDADE I
Introdução da Cinesiologia
e Biomecânica
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Introdução e histórico da Cinesiologia;
● O estudo cinesiológico/biomecânico;
● O uso de variáveis mecânicas nas ações terapêuticas;
● Terminologia em Biomecânica.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e fundamentar a Cinesiologia e Biomecânica para o fisioterapeuta;
● Compreender termos relevantes para a prática clínica diária deste profissional;
● Estabelecer relações entre a Cinesiologia e o uso de
variáveis mecânicas nas ações terapêuticas.
4
INTRODUÇÃO
A palavra Cinesiologia vem do grego: Kinein, que significa mover e Logos, que
significa estudar. Desta forma, ela tem sido vista como uma área de estudo com objetivo de
compreender os fundamentos do movimento humano a partir da criteriosa análise de suas
estruturas anatômicas, mais ainda dos ossos e articulações. Os cinesiologistas/biomecâni-
cos, aqueles pesquisadores da área, firmam embasamento na anatomia, ciência que estuda
o corpo humano, juntamente com a fisiologia que estuda o funcionamento organizacional
do corpo (LIPPERT, 2018).
Como já vimos, a Cinesiologia é o estudo do movimento humano e tem sido estuda-
da há muitos anos. Hoje, ela utiliza os resultados de séculos combinados com a tecnologia
moderna para criar métodos de análise altamente sofisticados do movimento humano.
Isto permite verificar e compreender inúmeras funções: como uma pessoa caminha, que
músculos e articulações estão envolvidos na aterrisagem de um atleta de voleibol, no chute
de um futebolista, no ato de levantar da cama, levantar um copo, quanto movimento é
necessário em cada uma destas articulações para se executar um movimento eficiente,
entre outras (HOUGLUM e BERTOTI, 2014).
O estudo da Cinesiologia clínica no cuidado em saúde objetiva compreender o
movimento e as forças que agem sobre o corpo humano e aprender como a modificação
destas forças previne lesões, restaura a função e gera um desempenho funcional perfeito
(HOUGLUM e BERTOTI, 2014; NEUMANN, 2018).
Vários outros instrumentos também são usados num estudo biomecânico, como fita
métrica, câmera fotográfica, GPS, acelerômetro, programas de computador, dinamômetros,
plataforma de força, eletromiografia, entre outros. Sua escolha depende do que se quer
avaliar/conhecer.
3.2 Alavancas
Torna-se importante também compreender os sistemas de alavancas e suas rela-
ções com o corpo humano e como consequência compreender que a ação muscular pode
ou não apresentar vantagem mecânica ou não.
As alavancas são máquinas simples que remontam sua invenção a mais tenra
antiguidade e que possuem por finalidades a multiplicação da força e o aumento do con-
forto de quem as utiliza. Essas finalidades são denominadas por vantagem mecânica das
alavancas (HOUGLUM e BERTOTI, 2014).
Num primeiro momento, alavanca é uma peça ou barra rígida que gira em torno
de um ponto de apoio, ou seja, de um eixo de rotação para executar e efetivar o movimen-
to desejado, ela é usada nas atividades de vida diária e profissionais o tempo todo. Um
profissional da construção civil carrega a areia na carriola com o intuito de ter vantagem
mecânica, fazer menos esforço e conseguir o objetivo desejado: a transferência daquele
material para outro local dentro da obra. Ele está usando uma alavanca (Figura 4).
REFLITA
A cada movimento que fazemos, a cada função que executamos, a vantagem mecânica
é usada. Para se levantar da cama pela manhã ao acordar usamos uma forma mais
fácil de fazê-lo. Para abrir a porta do carro usamos uma alavanca com vantagem bio-
mecânica. Imagine como seria se não houvesse esta vantagem mecânica. Como seria
se não tivéssemos inteligência suficiente para criar objetos ou atividades que as usam?
Seriamos mais fortes ou teríamos mais lesão?
Vamos a um exemplo de tratamento de um paciente. Ele sofreu uma fratura de tíbia di-
reita há 2 meses e já se encontra com consolidação óssea completa. Porém, deambula
com dificuldade, claudicando, mas já não faz uso de dispositivos auxiliares da marcha
(muleta ou bengala). Pergunta-se: Como treinar o equilíbrio neste caso pautado no con-
teúdo aprendido? Vamos a resposta. Primeiramente, dependerá do estudo biomecânico
já realizado com ele, ou seja, a avaliação do equilíbrio. Levando em consideração que
ele já tem uma marcha sem dispositivo auxiliar de deambulação, acreditamos que ele
consiga manter um estado de equilíbrio neutro e possivelmente estável. Ou seja, tanto
em decúbito quanto em posição ortostática com apoio bipodal (os dois pés apoiados),
qualquer desequilíbrio provocado, é reconhecido e corrigido com facilidade. Mas no
momento atual da Reabilitação, o estado de equilíbrio instável é difícil ser executado
por este indivíduo. Como já dito, o treinamento de equilíbrio deve partir do mais fácil
para o mais difícil, buscando desafiar o paciente. Assim, entende-se como indicado para
este momento exercícios terapêuticos que, primeiramente, o paciente permanecerá em
apoio bipodal e importantes desequilíbrios serão instituídos, por exemplo, jogar uma
bola para ele segurar e soltar; passando para exercícios ainda com apoio bipodal porém
em superfícies instáveis, como o balancim ou uma cama elástica; passando para outro
com apoio unipodal (só o pé direito apoiado, o que ele fraturou há 2 meses); e por fim,
atividades com apoio unipodal em superfícies instáveis e com grandes instabilidades.
Para aproximar você dos termos e bases relevantes para o estudo da Biomecânica,
é necessário conhecer sobre a posição anatômica, os eixos e planos de movimentos, a
terminologia direcional e a descrição dos movimentos articulares. Vamos a eles.
SAIBA MAIS
Imagine que o eixo que você está estudando é um cabo de vassoura e que este atra-
vessa o centro da articulação de interesse. O movimento que acontece naquele eixo é o
movimento do membro “rolando” no cabo de vassoura.
4.3 Planos
Já os Planos anatômicos são superfícies bidimensionais imaginárias que dividem
o segmento em duas hemipartes, ou seja, correspondem às dimensões espaciais onde se
executa um movimento. São eles:
- O plano sagital, paralelo à sutura sagital do crânio, atravessando o corpo da frente
até atrás, dividindo o corpo em lado esquerdo e direito. Fotograficamente, trata-se de uma vista
lateral e é neste plano que ocorrem os movimentos de flexão, extensão, dorsi e plantiflexão;
- O plano frontal ou coronal, paralelo ao osso frontal ao longo da sutura coronal do
crânio, dividindo o corpo em parte anterior e parte posterior. Os movimentos que ocorrem
neste plano são abdução e adução, desvio ulnar e radial e flexão lateral da coluna vertebral;
- O plano transverso (ou horizontal), é aquele em que o corte acontece na hori-
zontal, atravessando o corpo ao meio dividindo-o em parte superior e parte inferior. Neste
ocorrem os movimentos de rotação medial e lateral, pronação e supinação e inversão e
eversão (Figura 7).
SAIBA MAIS
Imagine que o plano que você está estudando é uma grande página de um caderno. Ao
colocar esta página naquele determinado plano, o movimento do segmento (braço, por
exemplo), ocorre deslizando naquela página de caderno.
RESUMO
A avaliação do movimento é importante e necessária para identificar os riscos de
lesão possibilitando a elaboração de programas de exercícios preventivos e corretivos,
visando a melhora do desempenho das atividades funcionais e o consequente bem-estar.
O objetivo deste estudo foi analisar e comparar a incidência do valgo dinâmico do joelho em
mulheres praticantes de musculação e mulheres sedentárias, e identificar os sintomas álgi-
cos e o potencial de lesão associados a essa alteração biomecânica. Sessenta mulheres
foram divididas em dois grupos: praticantes de musculação e sedentárias, com idade
entre 18 e 30 anos. Os dados foram coletados utilizando-se o sistema Functional Move-
ment Screen e foram submetidos a análises estatísticas descritiva e inferencial. O valgo
dinâmico do joelho é apresentado por 60% das mulheres sedentárias, quando comparadas
às mulheres praticantes de musculação (33,3%), demonstrando associação entre o valgo
dinâmico e o sedentarismo (p<0,03). Não houve associação entre a dor e o valgo dinâmico
do joelho (p>0,06) para ambos os grupos. Das mulheres sedentárias, 50,0% apresentaram
escore FMS abaixo de seis pontos, representando alto risco de lesão. Conclui-se que mu-
lheres sedentárias apresentam maior predisposição ao valgismo dinâmico do joelho, maior
sintomatologia dolorosa e maior risco de lesão nos membros inferiores.
FILME / VÍDEO
Título: Planos, Eixos e Movimentos nas articulações - Cinesiologia
- Anatomia Humana
Ano: 2013.
Sinopse: Neste vídeo aula de cinesiologia, biomecânica e Anato-
mia Humana sobre o Sistema Articular com o Professor Rogério
Gozzi, ele descreve de forma simples e prática a relação entre os
planos, os eixos e os movimentos nas articulações sinoviais.
LIVRO
Título: Fisiologia articular. Volume 1 – Ombro, cotovelo prono-su-
pinação, punho e mão
Autor: Kapandji, A.I.
Editora: Guanabara Koogan, 2007
Sinopse: Esta nova edição, consideravelmente enriquecida e
ainda mais atraente pelo uso de figuras em cores, apresenta um
público-alvo amplo. Este livro interessa não apenas aos cirurgiões
ortopedistas, que são os mais beneficiados, mas também a outros
especialistas, aos fisioterapeutas, aos estudantes de anatomia e a
todos aqueles que consideram intrigantes as maravilhosas engre-
nagens da máquina humana, ou que são sensíveis à harmonia dos
corpos. O leitor encontrará uma sinopse dos nervos do membro
superior, assim como um novo teste que possibilita a detecção de
paralisia ulnar do antebraço. Um clássico universalmente conheci-
do e apreciado, este livro permanece como referência no assunto.
Não há dúvida de que seus usuários, nele encontrarão o conteúdo
que procuram e que mais leitores descobrirão a biomecânica do
ser humano sob um ângulo novo e fascinante.
Plano de Estudo:
● O sistema articular;
● O sistema muscular;
● Biomecânica do membro superior;
● Biomecânica do membro inferior.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar os tipos de articulação do corpo humano e suas características;
● Conhecer o sistema muscular e sua importância para o fisioterapeuta;
● Compreender as funções articulares e musculares, além da sua importância
para o profissional do movimento;
● Aprofundar o estudo biomecânico apendicular.
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INTRODUÇÃO
UNIDADE
UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
Articular e Biomecânica
Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 30
1. O SISTEMA ARTICULAR
O Sistema Articular do adulto contém 206 ossos, sendo dividido em esqueleto axial (80
ossos), composto de crânio, coluna vertebral, esterno e costelas; e esqueleto apendicular (126
ossos), aqueles dos membros superiores e inferiores, cada um com suas características ana-
tômicas. Como já dito, abordaremos especificamente nesta unidade o esqueleto apendicular.
É a junção de dois ou mais ossos que forma uma articulação, além das partes
moles e duras que servem como meio de união entre eles. Segundo Kendall et al. (2007),
articulação é o local de união, usualmente mais ou menos móvel, entre dois ou mais ossos,
ou uma conexão esquelética osso com osso, unida por tecido fibroso, cartilaginoso ou sino-
vial. É através dela que se transfere e dissipa a força produzida pela contração muscular e
pela força da gravidade.
Desta forma, a artrologia estuda a classificação, estrutura e função das articulações
no movimento humano, independente se nas lesões, disfunções ou no processo de enve-
lhecimento. É importante frisar que as articulações são responsáveis por fornecer suporte
estrutural e funcional ao nosso corpo (HOUGLUM e BERTOTI, 2014).
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UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
Articular e Biomecânica
Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 31
Algumas das articulações do nosso corpo são mais móveis do que outras, pois as
nossas atividades de vida diária solicitam especificamente mais de algumas do que de ou-
tras, ou seja, precisamos de mais movimentos em algumas do que eu outras. É por isso que
são articulações imóveis, as anfiartroses são levemente móveis e as diartroses são móveis.
por uma fina camada de periósteo. São as suturas (do crânio), as gonfoses (dente com
A maioria destas que não provêm movimento são aquelas que mantêm os dois lados do
corpo juntos. A sutura sagital do crânio é considerada uma articulação não móvel, unida por
ticulação cartilaginosa, por exemplo entre costelas e esterno) e as sínfises (sua conexão
A maioria das nossas articulações pertence à categoria das que se movem livre-
mente, chamadas de diartroses (Figura 1). Elas permitem diferentes movimentos, apresen-
tam cavidade articular, membrana sinovial, líquido sinovial, discos cartilaginosos, meniscos,
ligamentos e grandes movimentos. Podem ser planas (que permitem discretos movimentos
seu próprio eixo, como exemplo temos a atlantoaxial e a radioulnar), sela (ambos os ossos
têm uma face em forma de sela que se encaixam entre si), condilar ou elipsóide (com su-
perfícies articulares elípticas, ou seja, uma superfície oval se articula com uma depressão
no outro osso) e esferoide (ou bola e soquete, sendo que suas superfícies são esféricas e
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UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 32
FIGURA 1 - TIPOS DE ARTICULAÇÕES EM DIARTROSE
UNIDADE
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Ainda nas articulações, especificamente na cápsula articular adentram os vasos
sanguíneos, entre a camada fibrosa e a membrana sinovial. Esta é uma característica
fundamental pois ela permite que essas estruturam cicatrizem, por exemplo, após uma
lesão parcial. Em detrimento disso, nervos sensoriais também invadem a camada externa
da cápsula e dos ligamentos, o que nos confere a possibilidade de sentir dor (algia). Ainda
bem que não há somente a parte ruim, pois são estas estruturas que nos conferem a
propriocepção articular.
SAIBA MAIS
Outras estruturas também fazem parte das articulações, como o labrum (ou lábio)
(Figura 2), disco articular e menisco, sendo formados por coxins fibrocartilaginosos, o que
promove aumento da área de contato entre as superfícies ósseas e dissipação de forças.
Além disso, há coxins adiposos que aumentam a espessura da cápsula e preenchem os es-
paços não articulares. Por último, as bursas (ou bolsas sinoviais) são extensões da membrana
sinovial e são preenchidas por fluido sinovial, servindo para absorção de força e proteção de
tecidos conjuntivos periarticulares, especialmente em situações de atrito (Figura 3).
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UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 34
FIGURA 2 - ARTICULAÇÃO DO QUADRIL MOSTRANDO O LABRUM
UNIDADE
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Articular e Biomecânica
Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 36
2. O SISTEMA MUSCULAR
Para mover as articulações o nosso corpo é formado por músculos, que compõem
quase a metade da massa corporal, fixando-se ao esqueleto por meio de aponeuroses,
fáscias ou tendões (KENDALL et al., 2007).
Variadas estruturas se relacionam com os músculos para que estes possam exe-
cutar suas funções, como as aponeuroses, os tendões, fáscias, etc. As aponeuroses são
bainhas de tecido conjuntivo denso e tem de cor branca cintilante; fornecem as origens
largas para o músculo grande dorsal, por exemplo. Exemplos são os músculos oblíquo ex-
terno e interno se fixam à linha alba (média anterior) por meio de aponeuroses e o músculo
palmar longo insere-se na aponeurose palmar e a tensiona (KENDALL et al., 2007).
Por sua vez, as fáscias são de dois tipos: superficial, já que se localizam abaixo
da pele e permitem o livre movimento desta; e profunda, a qual envolve, recobre e separa
músculos. Algumas fáscias profundas ainda proporcionam a fixação de músculos, como por
exemplo o trato iliotibial, que é uma faixa resistente de fáscias profundas que provê fixação
para o músculo tensor da fáscia lata na tíbia e para o músculo glúteo máximo no fêmur e na
tíbia (Figura 4). A fáscia toracolombar provê fixação para o músculo transverso do abdome
(KENDALL et al., 2007).
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 37
FIGURA 4 - FÁSCIA LATA
Já os tendões são faixas fibrosas brancas que fixam músculos aos ossos; possuem
uma grande força tênsil, porém são praticamente inelásticos e pouco resistentes à disten-
são. Ou seja, são eles que transferem a força gerada pelos músculos ao osso, levando ao
movimento. Possuem poucos vasos sanguíneos, entretanto apresentam fibras nervosas
sensoriais que terminam nos órgãos tendinosos de Golgi, localizados próximos da junção
musculotendíneas . Em lesões que envolvem uma distensão intensa, é mais provável que
o músculo seja afetado em algumas vezes, a fixação tendinosa ao osso. Por exemplo, a
fixação do músculo fibular curto na base do 5º osso metatarso pode ser rompida em uma
lesão por entorse em inversão do tornozelo/pé.
As tendinopatias (disfunções ou algias localizadas nos tendões) são extremamente
frequentes na prática clínica do fisioterapeuta, visto que eles são tensionados praticamente
o tempo todo, nas Atividades da Vida Diária (AVD’s), nos momentos de contração que gera
movimento ou quando esta promove estabilização das posições dos segmentos ou tronco.
Quando esta tensão ou tracionamento se torna excessivo, gera estímulos nocivos e ativa-
ção da sensação e dor. Além disso, os tendões podem se romper. Por exemplo, quando
o tendão do calcâneo se rompe, ocorre retração dos músculos gastrocnêmio e sóleo com
presença de espasmo e dor aguda (KENDALL et al., 2007). A Figura 5 mostra tendões
íntegros, inclusive o tendão do calcâneo e a Figura 6 uma ruptura deste com retração.
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FIGURA 5 - TENDÕES ÍNTEGROS DO TORNOZELO E PÉ
Voltando a falar dos músculos, suas funções são: produzir movimentos, estabili-
zação das posições corporais, regular volume dos órgãos, o movimento de substâncias
dentro do corpo e produção de calor.
Os músculos são compostos por células musculares e tecido conjuntivo circundan-
te, cruzam uma ou mais articulações e por este motivo e através de sua contração trans-
mitem movimento. Suas células denominadas fibras musculares efetuam suas funções,
apresentam energia latente e são controladas pelo sistema nervoso (LIMA e PINTO, 2007).
Os tipos de músculos ou fibra muscular são: o liso, nos vasos sanguíneos, vias aé-
reas e maioria dos órgãos da cavidade abdominopélvica (controlados pelo Sistema Nervoso
Autônomo); o estriado cardíaco, no coração (é involuntário); e o estriado esquelético, aquele
que voluntariamente é capaz de produzir movimento ou estabilização da posição segmentar.
A partir de agora falaremos especificamente dos músculos estriados esqueléticos.
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 39
As propriedades do tecido muscular são:
- Irritabilidade ou excitabilidade: pois o músculo é sensível ou responsivo à estímu-
los químicos, elétricos e mecânicos;
- Contratilidade: que é a capacidade do músculo quando estimulado de contrair-se
e desenvolver tensão (força);
- Extensibilidade: que é a capacidade do músculo ser estendido de forma passiva
além do seu comprimento de repouso;
- Elasticidade: que é a capacidade do músculo de retornar ao seu comprimento de
repouso original após ter sido estirado.
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 40
gravidade, além do que sua origem e inserção estão se aproximando, ou seja, este músculo
está em contração isotônica concêntrica. Logo após o peso chegar lá no alto, ou seja, na
máxima flexão do cotovelo, o movimento de descida do braço vai ocorrer e neste momento
o mesmo bíceps braquial estará contraindo, porém agora freando o movimento de descida,
visto que está a favor da gravidade, além do próprio peso do braço e da resistência imposta,
ou seja, o peso de três quilos. Além disso, neste movimento a origem e a inserção do bíceps
braquial estão se distanciando, portanto, ele está em contração isotônica excêntrica.
O terceiro e último tipo de contração muscular é a isocinética, quando um movimen-
to é produzido por uma resistência variável e uma velocidade angular constante, o que é
conseguido especialmente numa máquina, chamada dinamômetro isocinético. Este serve
para avaliação e tratamento de diversos quadros clínicos.
REFLITA
Um indivíduo está descendo um lance de escadas. Sabendo que o pé direito dele tocou
imediatamente o degrau de baixo, responda: Que tipo de contração muscular está ocor-
rendo no tríceps sural (plantiflexores)?
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3. BIOMECÂNICA DO MEMBRO SUPERIOR
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3.1 O ombro
Não é possível estudar o ombro abordando apenas a articulação glenoumeral. O
ombro está conectado ao tronco (esqueleto axial) através da escápula e clavícula (como já
dito). Desta forma, além da articulação glenoumeral, que ocorre entre a escápula (cavidade
glenóide) e o úmero (cabeça umeral), há a articulação escápulo-torácica (que liga a escápula
ao gradil costal), uma articulação falsa, pois não é composta por cápsula nem ligamentos,
mas um deslizamento entre as estruturas; a articulação esterno-clavicular (como o próprio
nome já diz, que liga o esterno a clavícula); e a articulação acromioclavicular (sendo que
o acrômio é também uma estrutura da escápula, que se liga a extremidade acromial da
clavícula) (Figura 7). Vamos falar rapidamente de cada uma delas.
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Já a articulação esterno clavicular, apesar de também verdadeira, é artrodial (plana)
e multiaxial. A clavícula e o esterno são separados por um disco que ajusta a articulação e
amortece impactos. Seus movimentos são de elevação (45º), depressão (5º), prostração
(15º), retração (15º) e rotação posterior. Seus ligamentos são o esternoclavicular anterior
(estabiliza o deslocamento anterior) / esternoclavicular posterior (estabiliza o deslocamento
posterior); costoclavicular (estabiliza o deslocamento superior) e interclavicular (estabiliza
o deslocamento superior).
A articulação acromioclavicular também é verdadeira, do tipo sindesmose (permea-
da por tecido fibroso) e multiaxial. Seus movimentos são elevação/depressão, protração/
retração e rotação. Seus ligamentos são o coracoclaviculares (trapezoide e conoide); acro-
mioclavicular superior e inferior (HALL, 2021).
Já a articulação escapulotorácica é falsa, já que não há cápsula nem ligamentos
específicos dela. Seu movimento ocorre sobre o gradil costal, entre a fáscia do músculo
subescapular e serrátil anterior. Seus movimentos (da escápula) são elevação/depressão,
prostração (ou abdução) /retração (ou adução) e rotação interna e externa.
SAIBA MAIS
A escápula tem sido vista nos últimos anos como parte fundamental para a função do
ombro. Uma disfunção desta, tanto se ela estiver mais rígida do que o normal quanto se
estiver mais móvel do que o normal, pode provocar disfunção nesta e em todo o ombro,
inclusive nas outras articulações de forma compensatória.
UNIDADE
UNIDADE II I Sistema
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Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 44
Possivelmente até agora você acreditava que quando você observava alguém le-
vantando o braço para alcançar algum objeto no alto, por exemplo, que era apenas o úmero
que se movimentava (o braço), mas isto não é verdadeiro. Agora sabemos que outros
ossos além do úmero (escápula e clavícula) e articulações também têm sua contribuição.
Biomecanicamente, esta relação entre as articulações do ombro é estudada pelo ritmo
escápulo-umeral, que é a coordenação sincronizada dos movimentos de todas as articulações
do ombro, sendo que o estudo ocorre no movimento de abdução. Vamos a este estudo.
No total, o movimento de abdução do ombro é de 180º, e é estudado em três
fases ou momentos, sendo de 0 a 30º, de 30 a 90º e de 90 a 180º. Biomecanicamente, na
primeira fase praticamente todo o movimento é feito na glenoumeral, ou seja, a escápula
e a clavícula quase não se movem (a clavícula pode fazer de 0 a 15º de elevação). Já
na 2ª fase, ou seja, de 30 a 90º de abdução, a articulação glenoumeral é responsável
por realizar dois terços da amplitude (ou seja, 40º) e a escápulo-torácica faz um terço
(20º). Além disso a clavícula se eleva de 30 a 36º para auxiliar o movimento. É importante
ressaltar que estes movimentos ocorrem de forma concomitante. Já a terceira fase (entre
90 e 180º de abdução), a glenoumeral continua fazendo dois terços do movimento (60º) e a
escápulo-torácica, um terço (30º), sendo que é acrescido o movimento de rotação externa
da glenoumeral de 90º, o que é fundamental para a saúde biomecânica do ombro, já que
com esta rotação o tubérculo maior desvia do arco coracoacromial permitindo continuação
do movimento até sua amplitude máxima, a de 180º. Nesta terceira fase também ocorre de
30 a 50º de rotação posterior da clavícula e até 30º de elevação da mesma (MAGEE, 2010).
Assim, a partir de agora, sabemos que não é apenas o úmero que se movimenta ao
realizarmos os movimentos do braço, mas a escápula (e sua articulação escápulotorácica)
e a clavícula (e suas articulações acromioclavicular e esternoclavicular) contribuem signifi-
cativamente para a função do ombro.
Além dos ligamentos, cápsula, meniscos ou discos, os músculos também auxiliam
na estabilização (neste caso dinâmica) de uma articulação. No caso do ombro, todos são
importantes, mas há um grupo deles que têm maior relevância, pois estabiliza a glenoumeral
e potencializa as rotações. Estamos falando do manguito rotador, formado pelos músculos
do supraespinhal (ou supraespinhoso), infraespinhal (ou infraespinhoso), redondo menor e
subescapular. Seus tendões comprimem a cabeça do úmero na cavidade glenóide, ou seja,
promovendo uma coaptação articular, permitindo inclusive que outros músculos atuem de
forma mais biomecânica e eficiente. Funciona como um capuz, fazendo a convergência na
direção da cabeça do úmero (Figura 8) (ALBURQUERQUE, 2020). Vamos falar de cada um
deste músculos pois isto se revela como importante na compreensão da função do ombro,
e inclusive devido ao fato de que a incidência de disfunções neste é enorme.
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FIGURA 8 - MANGUITO ROTADOR
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3.2 O cotovelo
Funcionalmente, tanto o cotovelo quanto o ombro têm a principal função de
posicionar a mão no espaço para a realização de suas atividades. Especificamente, o
cotovelo é bastante estável, visto que apresenta uma cápsula forte, que congrega três
articulações, porém apenas duas são do cotovelo propriamente ditas (úmero ulnar e
umerorradial) (MAGEE, 2010).
A articulação úmero ulnar é uniaxial do tipo dobradiça (gínglimo), pois possui apenas
um grau de liberdade (a flexão e a extensão), e está no plano sagital. Não é uma articulação
completamente alinhada, ou seja, reta, pois o eixo látero-lateral não está perpendicular
ao úmero, gerando assim no que chamamos de ângulo de carregamento (ou transporte),
sendo normal entre 5 a 19 graus com pequena variação para mais nas mulheres. A arti-
culação umerorradial ocupa uma posição imediatamente lateral à articulação úmero ulnar,
sendo formada entre o epicôndilo (capítulo do úmero), de formato esférico e a extremidade
proximal do rádio. É classificada como uma articulação deslizante (HALL, 2021).
A terceira articulação que está dentro da cápsula do cotovelo é a radioulnar proxi-
mal (do tipo trocoide e apresenta o ligamento anular que sai da ulna e envolve a cabeça
do rádio, permitindo seu giro sem que ocorram outros movimentos), que juntamente com
a intermédia e a distal (que não estão no cotovelo) realizam os movimentos de pronação e
supinação do antebraço (palma da mão para baixo e parra cima, respectivamente, quando
o cotovelo se encontra fletido). Estes movimentos são indispensáveis para o controle da
atitude da mão, permitindo com que ela seja colocada em qualquer ponto no espaço, al-
cance objetos esféricos, entre outros. Partindo da posição anatômica, ou seja, aquela que
o antebraço está supinado, ou seja, o rádio e a ulna “paralelos”, é o rádio que gira sobre a
ulna e realiza o movimento de pronação, ficando a região palmar para trás (ou para baixo).
O retorno deste é o movimento de supinação.
Desta forma, dizemos que o cotovelo realiza apenas o movimento no plano sagital,
ou seja, a flexão e extensão; e uma terceira articulação que consta dentro de sua cápsula,
apesar de não participar do cotovelo, é responsável por parte dos movimentos de rotação
do rádio sobre a ulna, ou seja, pronação e supinação.
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3.3 O punho e a mão
Órgão mais importante da função do ser humano, inclusive foco de várias das
atividades, treinamentos e condutas do Fisioterapeuta, a mão, se revela com as funções
(MAGEE, 2010):
- É um órgão preênsil (pegada), tanto de objetos pesados até fios delicados;
- Empurrar;
- Golpear;
- Locomoção com muletas, bengalas, cadeiras de rodas e outros;
- Órgão de sentido tátil (ou seja, com o toque das mãos temos percepções/sensações
advindas do tato, pois há um número elevado de receptores da sensibilidade nesta região);
- Comunicação não verbal.
O punho, ou seja, a articulação radiocárpica é formado pela extremidade distal do
rádio e alguns ossos da primeira fileira do carpo (especificamente escafoide e semilunar).
É importante relatar que a extremidade distal da ulna não participa desta articulação, pois
há um disco/ligamento triangular que não permite que ela interfira na articulação entre o
rádio e o carpo. É uma articulação biaxial que permite os movimentos de flexão/extensão
e desvio ulnar/desvio radial.
Os ossos do carpo são divididos didaticamente em duas fileiras, sendo quatro em
cada uma delas. Na fileira mais proximal e do lado radial para o lado ulnar estão o esca-
foide, semilunar, piramidal e pisiforme. Já a fileira distal é formada pelos ossos: trapézio,
trapezoide, capitato e hamato.
Os ossos do carpo se articulam entre si com movimentos de deslizamentos. Quan-
do um osso do carpo se articula com outro osso da mesma fileira, a articulação é chamada
de intercárpica. Porém, quando um osso da primeira fileira se articula com um osso da
segunda fileira a articulação é dita como uma mediocárpica (NEUMANN, 2018).
Os ossos da segunda fileira (distal) se articulam com o metacarpos (no total de
cinco), que são ossos ligeiramente mais longos e achatados (articulações carpometacar-
pais); que se articulam com as falanges proximais (articulações metacarpofalangeanas,
condilóides, com dois graus de liberdade, sendo flexão/extensão e abdução/adução), que
se articulam com as falanges médias (articulações interfalangeanas proximais, do tipo
dobradiça, uniaxiais), eu por sua vez se articulam com as falanges distais (articulações
interfalangeanas distais, do tipo dobradiça, uniaxiais). Há articulações interfalangeanas
proximais e distais apenas nos 4 dedos da mão a seguir: polegar, indicador, médio, anular
e mínimo, não ocorrendo no polegar, pois este apresenta apenas duas falanges em vez de
três, o que determina que nele só haja uma articulação interfalangeana.
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O caso do polegar vale ser ressaltado. A articulação carpometacárpica do polegar
é essencial para a função da mão, pois além dos movimentos de flexão/extensão e ab-
dução/adução, apresenta um terceiro grau de liberdade que permite que o polegar faça
o movimento de oponência, também chamado de pinça. Esta característica do polegar é
que permite que executemos várias atividades de garra, pinça, tanto de preensão de força
quanto de preensão de precisão. Sem o polegar a função da mão fica comprometida em
cerca de 40 a 50% (MAGEE, 2010).
A mão, exatamente por ser o órgão mais importante da função dos humanos
também é sede de várias patologias e quadros clínicos que podem impactar fortemente
a qualidade do movimento, uma disfunção e como consequência a qualidade de vida
do indivíduo. O profissional Fisioterapeuta apresenta ferramentas eficazes para intervir
adequadamente nestes casos.
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4. BIOMECÂNICA DO MEMBRO INFERIOR
4.1 O quadril
A coluna vertebral se liga ao membro inferior através da pelve, uma junção de três
ossos largos e fortes (especialmente o íleo), que congregam os órgãos do assoalho pélvico
e fazem esta transição para o membro inferior. Trata-se do íleo (ou ilíaco), do ísquio e do
púbis. Estes três se juntam para formar o teto da articulação coxofemoral ou o quadril, o
chamado acetábulo.
É o acetábulo que se articula com a cabeça do fêmur, sendo uma articulação do
tipo esferóide (bola e soquete) que apresenta três graus de liberdade (triaxial), que realiza
os movimentos de flexão/extensão, abdução/adução e rotação lateral/medial, além do
movimento complexo de junção entre eles chamado de circundução. É a articulação mais
difícil de sofrer luxação, já que é bastante profunda, além de apresentar os ligamentos
mais fortes do corpo humano e músculos que também contribuem para a sua estabilidade
(MOREIRA e RUSSO, 2005).
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O fato de a coxofemoral estar ligada com a coluna vertebral determina que os
seus movimentos e sua posição modificam a da coluna. Quando ocorre flexão bilateral
dos quadris, a lombar fica retificada. Já quando os quadris tendem a estender, a lombar é
levada na direção da lordose.
A posição de maior estabilidade do quadril é a com leve flexão, rotação externa e
abdução, pois nesta há uma congruência de toda a área da superfície da cabeça femoral
com o acetábulo.
SAIBA MAIS
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A articulação coxofemoral é frequentemente afetada por uma patologia ortopédica
chamada de Coxartrose, doença em que ocorre o desgaste das superfícies articulares,
visto que é uma articulação que recebe carga por um longo período de tempo, muitas vezes
desalinhada e desajustada.
4.2 O joelho
Ficando entre dois braços de alavanca longos (o fêmur e a tíbia/fíbula), esta é
uma estrutura frequentemente lesada. É sede de algias (dores) em muitos pacientes que
procuram tratamento fisioterapêutico. Ela sofre alterações consequentes a outras regiões
(quadril e tornozelo, por exemplo) e ainda tem uma mobilidade restrita: Apenas flete e es-
tende. De forma acessória apresenta um segundo grau de liberdade, a rotação, porém é
pequena e ocorre somente quando o joelho está fletido (KAPANDJI, 2013).
Como no cotovelo, o joelho não apresenta extensão além da linha média, porém
se isto ocorrer é chamado de hiperextensão (ou geno recurvatum), o que pode gerar ou
provocar disfunções articulares que necessitem de tratamento específico. Vale ressaltar
que é necessário uma boa mobilidade desta articulação para uma marcha eficiente e
suas demais necessidades funcionais, ou seja, que o joelho faça uma flexão de 135º
aproximadamente e uma extensão de 0º. Desta forma, se um paciente busca o fisiotera-
peuta após um procedimento cirúrgico no joelho e durante a avaliação deste profissional
for percebido que o joelho não estende completamente, ou seja, falta, por exemplo, 15º
para a extensão completa, será muito importante a busca do ganho de mobilidade da
extensão normal (KAPANDJI, 2013).
As funções do joelho são: suportar o peso corporal na posição ereta sem contração
muscular (pois ocorre neste momento um bloqueio ósseo mecânico), abaixar e elevar o
peso corporal bem como acocorar ou subir, resiste a grandes forças (de quatro a seis vezes
o peso corporal do indivíduo) e propicia amplitude e estabilidade (KAPANDJI, 2013).
O joelho é composto por duas articulações: a femorotibial e a femoropatelar, ambas
do tipo troclear. A primeira ainda é frequentemente subdividida em compartimento femo-
rotibial medial e lateral. Portanto, se articulam o fêmur (sua extremidade distal), a tíbia e
a patela. É importante relatar que a fíbula, apesar de se articular com a tíbia próximo ao
joelho, não faz parte deste. Apresenta também uma cápsula articular, pois é uma articu-
lação sinovial, dois meniscos, que compensa a não concordância exata das superfícies
articulares do fêmur e da tíbia, apresentando funções de estabilidade, proteção e absorção
de impactos; e ligamentos, sendo vários (KAPANDJI, 2013).
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Os mais importantes ligamentos da articulação femorotibial são quatro, sendo dois
cruzados, anterior e posterior e dois colaterais, medial e lateral. Como qualquer ligamento,
estes buscam estabilizar a articulação (KAPANDJI, 2013).
O ligamento mais frequentemente lesado no joelho é o ligamento cruzado anterior
(ou anteroexterno, LCA). Origina-se na superfície pré-espinhal anterior da tíbia e insere-se
no côndilo lateral do fêmur, tendo assim uma direção oblíqua para cima, para trás e para
fora. Assegura a estabilidade anteroposterior do joelho e a rotação externa, mecanismo que
frequentemente ocorre nos esportes, especialmente aqueles que, em sua característica
dinâmica, apresentem mudanças de direção: o futebol é um deles. No mecanismo lesional,
quando um jogador freia o movimento de corrida, deixa o pé fixo no chão/gramado/quadra,
e roda o corpo, leva um “tranco” de outro jogador, salta em direção diferente daquela inicial
(ou seja, rodando sobre o joelho), especialmente para o lado de dentro, ou seja, rodando o
joelho. A lesão do LCA é bastante frequente (MAGEE, 2010).
Já o ligamento cruzado posterior (ou póstero-interno) lesa menos frequentemente,
pois ele assegura a estabilidade póstero-anterior do joelho e rotação interna, movimento
que pouco ocorre nas atividades esportivas. Ele tem origem na parte mais posterior da su-
perfície retroespinhal da tíbia e inserção no fundo da incisura intercondiliana, com direção
oblíqua para diante, para dentro e cima.
Os ligamentos colaterais têm função de estabilizar o joelho no plano frontal, ou
seja, asseguram que o joelho não entre em colapso lateral ou medial. O colateral medial
(LCM) assegura a estabilidade lateral do joelho em extensão, segurando a abertura medial
do joelho, ou seja, a abdução. Tem origem no côndilo medial do fêmur, inserção na face
interna da tíbia e direção oblíqua ara baixo e para diante.
Já o ligamento colateral lateral (LCL) assegura a estabilidade medial do joelho em
extensão especificamente a abertura lateral deste, ou seja, a adução. Origina-se no côndilo
lateral do fêmur; insere-se na face lateral da fíbula e apresenta direção oblíqua para baixo
e para trás (KAPANDJI, 2013).
Além dos ligamentos, a articulação femorotibial contém os meniscos, que são car-
tilagens semilunares (em formato de meio lua), ou seja, discos de fibrocartilagem aderidos
firmemente aos platôs superiores da tíbia pelos ligamentos coronários e pela cápsula arti-
cular. Também se encontram unidos um ao outro pelo ligamento transverso. Os meniscos
apresentam como função o auxílio na transmissão de cargas e na absorção dos choques
no joelho, especialmente axiais (KAPANDJI, 2013).
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Os meniscos são mais espessos em suas bordas periféricas, em que fibras
provenientes da cápsula articular os ancoram firmemente à tíbia. Eles recebem um rico
suprimento tanto de vasos quanto de nervos, sendo que o sanguíneo alcança os 10 a 33%
externos de cada menisco, o que torna possível a inflamação, o reparo e a remodelagem.
É esta informação que delimita a escolha do médico ortopedista quando uma lesão no
menisco será abordada cirurgicamente. Se esta for periférica, pode ser possível um reparo,
uma sutura no menisco. Já se ela for central, o mais comum é a meniscectomia parcial, ou
seja, a retirada da porção lesada/rompida (KAPANDJI, 2013).
Já quanto a inervação, os 66% externos de cada menisco são inervados, o que
lhes proporciona informação proprioceptiva acerca da posição do joelho, assim como da
velocidade e aceleração dos movimentos do joelho (KAPANDJI, 2013).
O eixo mecânico do fêmur é ligeiramente mais angulado do que o da tíbia por causa
da angulação do colo femoral, sendo que quanto mais larga a pelve, maior é este ângulo
(por exemplo nas mulheres), que forma o que é chamado de valgo fisiológico, sendo normal
em torno de 170-175º. Porém, se este for maior, é chamado de valgo patológico e se for
invertido é o varo patológico (KENDALL et al., 2007) (Figura 9).
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Das duas articulações do joelho, já falamos da primeira delas, a femorotibial, porém
o fêmur também se articula com um osso com formato triangular que se encontra na região
anterior do joelho chamado patela (HALL, 2021), o que forma a articulação femoropatelar (ou
patelofemoral). A patela está embutida no tendão patelar e apoia-se no sulco troclear entre os
côndilos femorais. Sua superfície posterior, ou seja, a que se articula com o fêmur é coberta
por cartilagem articular, que tem como objetivo reduzir o atrito entre estas superfícies.
A patela desempenha várias funções biomecânicas. Particularmente, faz aumentar
o ângulo de tração do tendão do quadríceps sobre a tíbia, elevando dessa forma em até
50% a vantagem mecânica dos músculos do quadríceps no sentido de produzir a extensão
do joelho. Além disso, ela centraliza a tensão divergente exercida por este músculo, que é
transmitida ao tendão patelar, e ajuda a proteger o tendão quadricipital do atrito contra os
ossos subjacentes e a própria região anterior da estrutura articular do joelho, contra, por
exemplo, um trauma mais grave.
Como não poderia ser diferente, a articulação femoropatelar também pode ser
lesada, o que causa dor e desconforto para indivíduos em geral. Justamente por conter
uma cartilagem, quando a mesma se degenera, surge a condromalácia patelar, uma das
disfunções fêmoropatelares, sendo que a cartilagem fica amolecida e degenerada, o que
provoca dor, crepitação no joelho e limitação funcional ao paciente (HALL, 2021).
Pelo motivo do joelho ser uma articulação com uma mobilidade restrita, ou seja,
apresenta apenas flexão e extensão, além de uma pequena rotação fisiológica, e ter como
função a sustentação de peso e transmissão de cargas, um número menor de músculos
atuam neles quando comparados ao quadril. O grupo muscular extensor é aquele mais
importante estabilizador, o quadríceps. Já o grupo muscular posterior, formado pelos isquio-
tibiais (semitendíneo, semimembranoso e bíceps femoral) realiza a flexão do joelho.
Como já vimos, o joelho é sede de várias disfunções e patologias, visto que está
localizado entre dois braços longos. Além de lesões ligamentares, meniscais, frequências,
também é afetada por Osteoartrite (tanto quanto a Coxofemoral), visto que recebe carga
axial durante boa parte das atividades funcionais.
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SAIBA MAIS
4.3 O tornozelo e o pé
A extremidade distal do membro inferior apresenta-se com importantes funções,
como a de absorver os impactos com o solo, propiciar a liberação de energia propulsora na
caminhada e corrida e servir como base de suporte, o que são resultados da interação de
articulações, tecidos conectivos e músculos.
O tornozelo se refere a articulação talocrural, dividida em tibiotalar (ou talotibial, que
ocorre entra tíbia e tálus) e talofibular (entre fíbula e tálus), e isto ocorre pois é o osso do tálus
que recebe a pinça tibiofibular inferior, além da tibiofibular distal (que é do tipo sindesmose
na qual um denso tecido fibroso anterior e posterior reforça sua estabilidade) (HALL, 2021).
Esta articulação talocrural, também chamada de tíbio-társica, é do tipo dobradiça
e os ossos são ligados por uma cápsula articular e ligamentos, sendo eles do lado interno
o tibiotalar anterior, tibiotalar posterior, tíbiocalcâneo e tibionavicular (sendo que estes
quatro em conjunto são chamados de ligamento deltoide); e do lado externo os ligamen-
tos talofibular anterior, posterior e calcâneo fibular (HALL, 2021). Estes se revelam como
mais relevantes para a prática clínica pois são eles que lesam nas entorses em inversão
(quando o pé vira para dentro, ou seja, a região plantar do pé se volta para dentro), o que
distende os ligamentos laterais.
O tornozelo apresenta o movimento de dorsiflexão, em que a ponta do pé (antepé)
é trazido mais para perto da região anterior da tíbia; e o movimento de plantiflexão (ao
contrário, ou seja, quando ficamos na ponta dos pés). Além disso, os movimentos de inver-
são e eversão são feitos parcialmente no tornozelo. É importante relatar que este não faz
abdução/adução nem rotações.
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Já o pé se refere a toda estrutura distal à tíbia e fíbula. Seu complexo articular
compreende 3 eixos de movimento sendo que no eixo látero-lateral ocorrem os movimentos
de flexão e extensão; no eixo longitudinal os movimentos de inversão e eversão; e no eixo
ântero-posterior os movimentos de abdução e adução.
O pé tem como funções receber o peso do corpo, promover o equilíbrio, o mo-
vimento e se ajustar a qualquer superfície. De forma didática, é dividido em três partes,
sendo: antepé (falanges, metatarsos, articulações tarsometatarsais, metatarsofalangeanas
e interfalangeanas; médiopé, que contém ossos do tarso (navicular, cuneiforme medial
intermédio, lateral e cuboide, articulação tarso transversa e articulações intertarsais distais;
e o retropé (tálus, calcâneo e articulação subtalar). O pé é formado por 33 articulações e
26 ossos, além de um complexo sistema muscular, que está localizado tanto no segmento
perna (abaixo do joelho) quanto no próprio pé.
Visto que uma das mais importantes funções do corpo humano é a marcha, ou seja,
a promoção da deambulação, e que sua eficiência é um dos fatores buscados na Reabi-
litação de várias disfunções, tanto ortopédicas quanto neurológicas, é o pé que entra em
contato com o solo. É por isso que ele é um órgão que é capaz de se adaptar aos terrenos
de diferentes inclinações e superfícies. É também um órgão sensorial importante, já que
suas estruturas são capazes de perceber estas alterações e informar ao Sistema Nervoso
Central o seu status, o que permite a correção. Em contrapartida, é uma região que pode
ser lesada, estar em disfunção e ser necessária uma intervenção fisioterapêutica, sempre
pautada nestes conhecimentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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LEITURA COMPLEMENTAR
RESUMO
Dor no joelho é uma condição comum na clínica diária e a patologia anserina,
também conhecida como pata de ganso, tem sido considerada uma das principais causas.
O diagnóstico tem sido realizado de maneira eminentemente clínica, o que tem gerado
equívocos. Os pacientes queixam-se tipicamente de dor na parte medial do joelho, com
sensibilidade na porção ínferomedial. Estudos de imagem têm sido realizados para esclare-
cer se tais pacientes possuem bursite, tendinite ou ambos os distúrbios na região conhecida
como pata de ganso. Entretanto, o defeito estrutural responsável pelos sintomas permanece
desconhecido, motivo pelo qual preferimos intitular como “Síndrome Anserina”. O diabetes
mellitus é um fator predisponente bem reconhecido. O sobrepeso e a osteoartrite de joelho
parecem ser fatores adicionais de risco, contudo, seus papéis na gênese da moléstia ainda
não são bem entendidos. O tratamento atual inclui anti-inflamatório, fisioterapia e infiltração
de corticoide, com evolução muito variável, que oscila entre 10 dias e 36 meses. A falta
de conhecimento sobre a etiofisiopatologia e dados epidemiológicos exige futuros estudos
para esse frequente e intrigante distúrbio.
Fonte: HELFENSTEIN JR, M.; KUROMOTO, J. A síndrome anserina. Revista Brasileira de Reu-
matologia. V. 50 n. 03, p. 313-327, 2010.
RESUMO
A reabilitação da bursite subacromial associada à instabilidade multidirecional dá-
-se através de um programa de fortalecimento progressivo de todo o complexo do ombro.
Sendo o nado crawl um aliado para promoção do fortalecimento do complexo do ombro
objetivou-se investigar o potencial efeito que a natação exerce sobre a bursite subacromial.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada em cinesiologia aplicada, biomecânica
da natação, conceitos de bursite subacromial, estabilidade e instabilidade do ombro e na-
tação. A partir da base teórica de causas, conceitos e fases da bursite foram analisados os
possíveis efeitos da natação sobre a patologia, apontando vantagem do meio aquático no
processo de reabilitação, bem como pontuais benefícios do nado crawl para a restauração
e estabilização da mobilidade articular, juntamente com a reestruturação do engrama pro-
prioceptivo do sujeito patológico.
Fonte: CAMPOS, R.P.; GODTSFRIEDT, J.; MENEZES, F.S.; ARAÚJO, L.G. Contribuição da natação
para a reabilitação da bursite de ombro pós-fase aguda. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 20 n.
02, p.119-126, 2012.
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Artigo 3: Bursite iliopectínea: relato de caso
RESUMO
A bursite iliopectínea, embora não tenha muitos relatos na literatura, apresenta-se
clinicamente com sinais e sintomas frequentemente encontrados nos ambulatórios e con-
sultórios. Sua clínica é de dor na parte anterior do quadril que piora à extensão, abdução
e rotação interna do mesmo. O diagnóstico é confirmado pelo ultrassom ou ressonância
nuclear magnética do quadril. A bursite iliopectínea responde bem ao tratamento conserva-
dor com anti-inflamatório não hormonal e repouso. Devido a esta boa evolução, não raro,
pode-se tratar uma bursite iliopectínea com sucesso sem se saber o que está tratando.
Fonte: GOMES, E.A.; CERQUEIRA, L.M. Bursite iliopectínea: relato de caso. Revista Brasileira de
Reumatologia. v. 50 n. 05, p. 590-595, 2010.
RESUMO
Introdução: Exercícios em cadeia cinética fechada são comumente empregados
na reabilitação da Síndrome do Impacto do Ombro (SIO), condição dolorosa comum em
atletas que pode estar relacionada ao desequilíbrio muscular entre os estabilizadores da
escápula. Objetivo: Comparar a atividade eletromiográfica dos músculos estabilizadores da
escápula durante a realização dos exercícios push up e bench press em atletas com e sem
SIO. Material e métodos: 10 atletas divididos em dois grupos (com e sem SIO) realizaram
o movimento de push up e bench press. Foram adquiridos dados EMG do trapézio superior
(TS), trapézio médio AS, trapézio inferior (TI) e serrátil anterior (AS). O sinal foi normalizado
pela contração isométrica voluntária máxima e apresentado em percentual da CIVM. As
comparações foram realizadas por meio da ANOVA One Way. Resultados: Não houve
diferença entre os grupos no bench press. No push up foi possível observar uma maior
atividade eletromiográfica dos músculos TI e AS nos atletas sem SIO. Em ambos os gru-
pos o músculo AS obteve maior atividade eletromiográfica no bench press. Conclusão: Os
resultados evidenciaram uma maior atividade eletromiográfica do TI e AS no push up nos
atletas sem SIO. Já no bench press não houve diferença na atividade EMG entre grupos.
Fonte: BOROTO, L. DHEIN, W.; LA TORRE, M. Análise eletromiográfica dos músculos estabilizado-
res da escápula durante os exercícios push up e bench press em atletas universitários com e sem síndrome
do impacto do ombro. Fisioterapia Brasil. v. 19 n. 05 p. 597-606, 2018.
Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/1401/pdf
Acesso em: 28 ago. 2021.
UNIDADE
UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
Articular e Biomecânica
Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 60
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Músculos: Uma abordagem concisa.
Autor: Chris Jarmey
Editora: Manole, 2008
Sinopse: Músculos – uma abordagem concisa foi escrita para estu-
dantes e profissionais de medicina, massoterapia, terapia corporal,
quiropraxia, fisioterapia e outras áreas relacionadas à saúde. Com
ilustrações em cores, este livro é um guia de referência prático
que identifica com clareza os principais músculos do corpo, mos-
trando sua origem, inserção, ação e inervação. Os capítulos que
integram esta obra foram organizados de acordo com os seguintes
grupos musculares: músculos da cabeça e do pescoço; músculos
do tronco e da coluna vertebral; músculos do ombro e do braço;
músculos do antebraço e da mão; músculos da coxa e do quadril
e músculos da perna e do pé. Visando a uma rápida consulta, este
livro apresenta em cada página ilustrações de fácil entendimento
que representam a anatomia de um músculo estriado esquelético
em particular. Na respectiva página ímpar, são abordados a descri-
ção do músculo em questão, os esportes que mais o utilizam e os
problemas que o afetam com maior frequência. O livro traz ainda
exemplos ilustrados de exercícios de alongamento e de fortale-
cimento para cada músculo, possibilitando ao leitor desenvolver
uma compreensão da mecânica do movimento. Músculos uma
abordagem concisa expõe de forma resumida, sem deixar de ser
abrangente, os principais tópicos de anatomia necessários para
compreender o sistema muscular e a aplicar esse conhecimento na
prática, sendo, portanto, indispensável para todos os estudantes e
profissionais que atuam na área de saúde e em campos correlatos
e que desejam progredir em sua carreira.
FILME / VÍDEO
Título: Avaliação da discinese escapular
Ano: 2017
Sinopse: Animater video created using Animaker – https://www.
animaker.com Fisioterapia.
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=bMTckhWQrZA
UNIDADE
UNIDADE II I Sistema
Introdução dae Cinesiologia
Articular e Biomecânica
Muscular do Corpo Humano. Biomecânica do Membro Superior e Inferior 61
UNIDADE III
Biomecânica da Coluna Vertebral
e Técnicas de Avaliação
(Provas Manuais Musculares e
Goniometria)
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● Biomecânica da coluna vertebral;
● A avaliação do Fisioterapeuta como ferramenta fundamental;
● Goniometria;
● Provas musculares manuais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Aprofundar o estudo biomecânico da coluna vertebral;
● Inserir a avaliação fisioterapêutica como momento primordial para a execução de um
tratamento eficaz e pautado nas características funcionais e disfuncionais dos pacientes;
● Compreender o embasamento da avaliação da amplitude de
movimento articular (goniometria);
● Compreender o embasamento da avaliação
da função muscular (força).
62
INTRODUÇÃO
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 63
1. BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL
A partir de agora passaremos a discutir as características biomecânicas da coluna
vertebral, o nosso pilar central, um mastro com seus estabilizadores, suportados na cintura
pélvica e cintura escapular. Na posição simétrica, as tensões estão equilibradas em ambos
os lados e o mastro é vertical e retilíneo.
Concilia dois estados mecânicos contraditórios: flexibilidade e rigidez, isso porque
em várias situações precisamos de estabilidade da coluna para podermos realizar os mo-
vimentos dos membros, mas também precisamos que a coluna permaneça protegendo o
sistema nervoso. Sua disposição é importante para manter o centro de gravidade alinhado.
No apoio unipodal (uma perna só), a pelve báscula (se desloca) para o lado oposto, o que
gera um trajeto sinuoso na coluna, seu equilíbrio é regulado pelos tensores musculares de
forma automática (HALL, 2021).
A flexibilidade do eixo vertebral é devido à sua configuração por múltiplas peças
superpostas, unidas entre si por elementos ligamentares, discais e musculares. Assim, sua
estrutura pode deformar-se apesar de permanecer rígida sobre a influência dos tensores
musculares. Suas funções são de suporte do tronco e proteção do eixo nervoso: o canal
vertebral que começa no nível do forame occipital, aloja o bulbo e a medula espinhal, cons-
tituindo-se assim um protetor flexível e eficaz deste tecido (KAPANDJI, 2013).
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 64
A coluna é formada por vinte e quatro peças ósseas móveis, as vértebras, além de
elementos fibrosos e ligamentares, sendo estes os ligamentos vertebrais comum anterior,
comum posterior, amarelo, interespinhoso, supraespinhoso, intertransverso e interapo-
fisário, o que assegura uma união extremamente sólida entre as vértebras, dando uma
resistência mecânica e ela. Além disso, o disco intervertebral participa de sua mecânica,
sendo uma anfiartrose.
O disco é constituído de duas partes, o núcleo pulposo (porção central) e o anel
fibroso (porção periférica), o núcleo é formado por uma substância gelatinosa, transparente,
composta por 88% de água. Além disso, apresenta fibras de colágeno, células de aspectos
condocítico, conjuntivas, raras aglomerações de células cartilaginosas e em que não se en-
contram vasos nem nervos no interior do núcleo. Já o anel fibroso apresenta anéis fibrosos
concêntricos com obliquidade cruzada, que se apresenta como um verdadeiro tecido de
fibras, que no indivíduo jovem e saudável impede qualquer exteriorização da substância do
núcleo pulposo (Figura 1).
No plano frontal a coluna necessita ser retilínea, ou seja, quando olhamos de frente
ou de costas para o paciente, ela deve ser reta. Esta é a base da postura corporal e também
a base da avaliação postural. Já lateralmente, ou seja, no plano sagital, ela necessita ter
curvaturas, que chamamos de fisiológicas, visto que são normais. Por termos estas curva-
turas a nossa coluna suportam mais peso (compressão axial) e tem mais movimentos, o
que ocorre no desenvolvimento postural desde quando nascemos (recém nato) até quando
nosso esqueleto se forma por completo no final da adolescência.
Quando recém nato, a coluna toda é curvada, ou seja, apresenta uma cifose. Com
alguns meses de vida (no desenvolvimento neuropsicomotor normal) iniciamos segurar
a cabeça e observar o mundo ao redor, o que provoca a formação da curvatura cervical
ao contrário da primeira, a lordose cervical. Já quando iniciamos as atividades de sentar
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 65
e especialmente ficar em ortostatismo (em pé), forma-se a lordose lombar. Portanto, as
curvaturas primárias da coluna são as cifóticas, pois permaneceram da mesma forma des-
de o nascimento: a cifose torácica e a sacral. Já a cervical e a lombar são as curvaturas
secundárias, pois se formaram depois, sendo estas lordóticas.
Se a coluna fosse composta apenas de ossos e articulações, não seríamos ca-
pazes de ficarmos na posição ortostática (em pé). Assim, ela é diretamente dependente
de músculos e como consequência do sistema nervoso. São vários os músculos que são
responsáveis por esta estabilização.
A coluna vertebral realiza os movimentos de flexão/extensão, inclinação lateral
esquerda/direita (também chamada de flexão lateral) e rotação esquerda e direita. É im-
portante ressaltar que a espessura e o formato do disco não são iguais em todos os níveis,
mas o mais relevante é a proporção disco/corpo vertebral que determina sua flexibilidade.
Estes movimentos ocorrem nas articulações intervertebrais, compostas por, no
mínimo duas (Figura 2), sendo:
- As articulações facetarias (ou interapofisárias ou zigoapofisárias), que acontecem
entre as facetas inferiores de uma vértebra e as superiores da infrajacente;
- As articulações intersomáticas, que ocorrem entre os corpos vertebrais, cujo há a
presença do disco e vários ligamentos.
Apenas na região cervical da coluna vertebral que há uma terceira articulação, que
falaremos mais pra frente. Atente-se a isto.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 66
Quanto aos movimentos por região da coluna, caracteristicamente aquelas que mais
se movem são as cervicais e as lombares. A região torácica apresenta mais articulações, as
com as costelas que tem como principal função proteger grandes órgãos e vasos da cavidade
torácica, por isso, sua mobilidade é menor em detrimento da cervical e lombar. Exatamente por
este motivo, a frequência de lesões e algias (dores) é maior nas regiões de maior mobilidade.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 67
Conforme já vimos, em cada nível vertebral, independente de que nível ele seja,
há no mínimo dois tipos de articulações entre as vértebras, as articulações facetarias e as
intersomáticas. Apenas na região cervical há a presença, em cada segmento, de uma pe-
quena articulação suplementar: a uncovertebral. Em um corte frontal, é possível observar,
entre os dois platôs vertebrais que o disco não chega até a margem da vértebra, pois no
platô superior se sobressaem dois processos situados no plano sagital, os processos unci-
formes (ou de Luschka), cuja face interna, orientada para cima e para dentro, é recoberta de
cartilagem e corresponde na margem ínfero-lateral do corpo vertebral suprajacente a uma
face articular semilunar, orientada para baixo e para fora recoberta de cartilagem. Nesta
articulação há um pequeno movimento de deslizamento concomitante aos movimentos de
flexão-extensão, o que permite que estes processos conduzam o corpo neste movimento.
Já durante os movimentos de flexão lateral (ou inclinação lateral), ocorrem pequenos movi-
mentos de abertura nestas articulações (KAPANDJI, 2013).
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 68
FIGURA 4 - VISTAS ANTERIOR E POSTERIOR
Vários músculos atuam na caixa torácica e têm como principal função a respiração.
O diafragma (Figura 5), o mais importante deles, é formado por uma cúpula músculo apo-
neurótica que fecha o orifício inferior do tórax e separa o tórax do abdômen. Esta cúpula vai
para baixo mais por trás do que pela frente e seu ponto mais elevado está constituído pelo
centro frênico, onde se originam os feixes de fibras musculares que se dirigem radialmente
em direção ao contorno do orifício inferior do tórax e se inserem na face medial das cartila-
gens costais, nas extremidades da décima primeira e décima segunda costelas, nos arcos
que unem as extremidades das três últimas costelas e, por último, na coluna vertebral, por
uns pilares, nos arcos do psoas e nos arcos do quadrado lombar. Quando ele se contrai, o
centro frênico desce, o que aumenta o diâmetro vertical do tórax, além de elevar as costelas
inferiores, o que alarga o diâmetro transversal do tórax, tanto inferior (diretamente) quanto
superior (como consequência da elevação das costelas superiores devido ao esterno). Isto
o torna o músculo mais importante da respiração (KAPANDJI, 2013).
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 69
Os principais músculos inspiratórios são: o diafragma (já discutido), os intercostais
externos e os supracostais, além dos acessórios. Já os expiratórios são os intercostais
internos e os abdominais.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 70
As vértebras lombares apresentam ligamentos e músculos que auxiliam na sua
estabilização. Os músculos são divididos em plano anterior e plano posterior (e ainda mús-
culos látero-vertebrais). Vamos a uma rápida discussão sobre eles.
O plano anterior é composto pelos músculos do abdômen, tão essenciais na es-
tabilização da lombar, são eles: reto abdominal, transverso abdominal, oblíquo interno e
oblíquo externo (estes últimos três também podem ser chamados em conjunto de músculos
largos do abdômen); e são responsáveis mais especificamente pela flexão da coluna lom-
bar, iniciando de sua retificação, isto porque já que esta região da coluna é fisiologicamente
lordótica, quando a flexão se inicia, a curva lordótica vai inicialmente diminuindo, ou seja,
ficando reta (retificando) e posteriormente fletindo. Esta flexão é essencialmente realizada
pelo reto abdominal, sendo os oblíquos responsáveis por auxiliar a rotação e o transverso
por uma estabilização (KAPANDJI, 2013).
O plano posterior é bastante complexo, formado por um grande grupo de múscu-
los, em sua maioria paravertebrais, ou seja, que estão ao lado das vértebras, e realizam
mais especificamente a extensão da coluna. Formam uma massa comum paravertebral
(KAPANDJI, 2013). Também são chamados de eretores da espinha, visto que é sua
contração isométrica que permite que o tronco fique ereto e estável para a execução de
variadas atividades do dia a dia.
Assim, estes músculos permanecem o tempo todo em contração enquanto estamos
em posição ortostática (em pé) e em sedestação (sentado, sem apoio das costas). São mús-
culos do plano posterior: o grande dorsal (numa camada mais superficial), o serrátil menor
póstero-inferior (numa camada intermediária), o transverso vertebral, os interespinhosos,
os epiespinhosos, os supraespinhosos, o sacrolombar (ou iliocostal) (numa camada mais
profunda, também chamados de multífidos).
SAIBA MAIS
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 71
Também há alguns músculos que não se adequam ao plano anterior nem posterior.
São aqueles chamados de látero-vertebrais, mas não são menos importantes (KAPANDJI,
2013), são o quadrado lombar e o psoas. O primeiro se estende entre a última costela, a
crista ilíaca e o vértice dos processos espinhosos, realiza flexão lateral e rotação da lombar.
Já os psoas, que se origina do ângulo formado pelas faces laterais dos corpos vertebrais
e os processos transversos, se junta na região pélvica com o músculo ilíaco, o que forma
o músculo Iliopsoas. Na articulação coxofemoral ele é um flexor e na coluna lombar um
lordosante, ou seja, aumenta a lordose, ou seja, a extensão da lombar.
Não é possível compreender a coluna lombar sozinha no espaço, visto que ela
apresenta relações diretas com outras estruturas, principalmente com o sacro e a pelve
(articulações sacroilíacas especialmente). A mecânica é interdependente, por isso, vamos
falar agora do sacro e das articulações sacroilíacas.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 72
A pelve, ou cintura pélvica é uma importante região a ser considerada nos indivíduos
que buscam reabilitação física, além de ser a base da coluna e transmitir as forças para os
membros inferiores. Segundo Kapandji (2013), o peso que a quinta vértebra lombar suporta
se reparte em duas partes iguais em direção às asas do sacro para depois, através das
espinhas ciáticas, dirigir-se até a cavidade cotiloide. Neste ponto, a resistência do chão é
recebida ao peso do corpo transmitido pelo colo do fêmur e pela cabeça femoral; sendo que
um parte desta resistência fica anulada pela resistência oposta, no nível da sínfise púbica
após ter atravessado o ramo horizontal do púbis.
O sacro está encaixado entre as duas asas ilíacas no plano transversal, sendo que
cada uma destas asas pode ser considerada um braço de alavanca cujo ponto de apoio
estaria localizado nas articulações sacroilíacas e cuja resistência e potência estariam situa-
das nas extremidades superiores e inferiores. Por trás, os potentes ligamentos sacroilíacos
representariam a resistência e, pela frente, a potência de cada um dos braços de alavanca
estaria representada pela sínfise púbica desenvolvendo uma força de aproximação.
Numa forma mais prática, é nestas articulações, tanto sacroilíacas (posteriores)
quanto sínfise púbica (anterior) que ocorrem movimentos na marcha, alternando entre o
momento de descarga de peso e o momento de balanço. Apesar destes movimentos serem
pequenos, são relevantes para esta função e quando estão em disfunção, impactam forte-
mente nas algias (HOUGLUM e BERTOTI, 2014).
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 73
2. A AVALIAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 74
3. GONIOMETRIA
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 75
A goniometria é uma parte importante da avaliação, das articulações e dos tecidos
moles que as envolvem, uma avaliação completa começa por uma entrevista do indivíduo,
a fim de obter informações relevantes sobre história clínica anterior, sintomas, habilidades
funcionais, atividades ocupacionais e recreacionais.
Os valores obtidos com a goniometria podem fornecer informações para:
- Determinar a presença ou não de disfunção;
- Estabelecer um diagnóstico;
- Estabelecer os objetivos do tratamento;
- Avaliar o procedimento de melhora ou recuperação funcional;
- Modificar o tratamento;
- Realizar pesquisas que envolvam a recuperação de limitações articulares;
- Direcionar a fabricação de órteses.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 76
Já o plano frontal ou coronal vai de um lado ao outro do corpo, dividindo-se em
duas metades, a da frente e a de trás (anterior e posterior). Os movimentos que ocorrem
neste plano são abdução e adução, desvio ulnar e radial e flexão lateral da coluna vertebral.
E por último, o plano transverso é horizontal, dividindo o corpo em partes superior
e inferior, neste ocorrem os movimentos de rotação medial e lateral, pronação e supinação
e inversão e eversão.
REFLITA
Imagine que o plano que você está estudando é uma grande página de um caderno. Ao
colocar esta página naquele determinado plano, o movimento do segmento (braço, por
exemplo), ocorre deslizando naquela página de caderno.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 77
A definição e o perfeito conhecimento dos valores normais da amplitude de movi-
mento oferecem algumas vantagens, especialmente a base para comparação durante as
diferentes fases do tratamento.
Ao fazer a goniometria de uma articulação, esta pode ter movimentos normais,
diminuídos ou aumentados. Se estiverem diminuídos chamamos de hipomóveis e se es-
tiverem aumentados chamamos de hipermóveis. Na prática clínica, o que é mais comum
é a restrição dos movimentos, normalmente causada por dor, encurtamento, fraqueza,
incapacidade de realização daquele movimento.
Alguns princípios devem ser respeitados para que a confiabilidade das medidas
seja alta (MARQUES, 2014). Vamos a eles:
- Se as roupas do indivíduo interferirem no acesso à palpação dos pontos anatô-
micos utilizados para direcionar a colocação dos braços fixo e móvel do goniômetro, elas
devem ser removidas. O ideal é permanecer com a região a ser avaliada descoberta;
- A utilização da verificação ativa ou passiva é de escolha do examinador e pautada
no paciente, porém, neste deve ser usada sempre a mesma metodologia para fins de com-
paração, por exemplo, pré e pós tratamento;
- Antes de iniciar a avaliação, devemos explicar ao paciente de forma clara o movi-
mento que deve realizar e, se necessário, fazer demonstração do mesmo;
- Colocar o paciente num bom alinhamento corporal, o mais próximo possível da
postura anatômica. O cuidado com o alinhamento deve ser grande, uma vez que qualquer
compensação pode falsear sensivelmente os resultados obtidos;
- Quando o corpo estiver alinhado, ensina-se o paciente a movimentar a articulação
em toda a sua amplitude, a fim de localizar, por inspeção (observação), o plano aproximado
do movimento;
- Se o indivíduo tem um lado comprometido e um considerado são, este também
deve ser medido para efeito de comparação. Caso os dois lados estejam comprometidos,
utilizar para fins de comparação a tabela de ângulos normais (Figuras 10, 11 e 12).
- As mudanças de posição devem ser programadas para não manipular o pacien-
te excessivamente. Assim, em vez de medir primeiro os membros superiores, depois os
membros inferiores e por último a coluna, melhor seria media tudo o que fosse possível
sucessivamente em decúbito dorsal, depois sentado, em posição ortostática, etc;
- Os dados devem ser registrados de forma cuidadosa e correta, preferencialmente
em um protocolo construído para esta finalidade. O registro deve incluir o nome do avalia-
dor, data e se foi utilizado movimento passivo ou ativo;
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 78
- De preferência o mesmo examinador deve realizar toda a sequência de medidas,
o que aumenta a confiabilidade destas.
Conhecer os ângulos normais das articulações também se torna fundamental neste
processo, o que está disposto nas Figuras 10, 11 e 12.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 79
FIGURA 11 - GRAUS DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ADM)
COLUNA COLUNA
MOVIMENTO
CERVICAL LOMBAR
Flexão 0-65º 0-95º
Extensão 0-50º 0-35º
Flexão lateral 0-40º 0-40º
Rotação 0-55º 0-35º
Fonte: Marques, 2014.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 80
4. PROVAS MUSCULARES MANUAIS
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 81
O desequilíbrio muscular também pode ser decorrente de atividades ocupacionais
ou recreacionais nas quais há uso persistente de determinados músculos sem exercício
adequado dos seus oponentes. O desequilíbrio que afeta o alinhamento corporal é um fator
considerável em muitas condições posturais dolorosas e a fraqueza muscular deve ser
tratada segundo sua causa básica. Quando é devida a falta de uso, indica-se o exercício;
quando é devida ao trabalho excessivo e à fadiga, indica-se o repouso ou a compensação;
quando devido ao alongamento e à tensão, é realizado o alívio de ambos no músculo fraco
antes do estresse do exercício adicional (KENDALL et al., 2007).
Todo músculo é um movedor principal em alguma ação específica, não existem dois
músculos no corpo que possuem exatamente a mesma função. Quando qualquer músculo
é paralisado, a estabilidade do segmento é comprometida ou algum movimento preciso é
perdido (KENDALL et al., 2007).
O teste de força do músculo é utilizado para determinar a capacidade de músculos
ou de grupos musculares de atuarem no movimento e sua capacidade de prover estabili-
dade e suporte. Vale ressaltar que este teste não é a única forma de verificar a quantidade
de força que um músculo possui na execução daquele movimento. Há formas mais quan-
tificáveis ou fidedignas (confiáveis), como por exemplo um dinamômetro isocinético, uma
eletromiografia, porém, seu alto custo e tempo de abordagem são um empecilho.
Da mesma forma, como ferramentas, nossas mãos são os instrumentos mais
sensíveis, uma mão do examinador posiciona e estabiliza a parte adjacente à parte que
está sendo testada. A outra mão determina a ADM indolor, guia do segmento avaliado até
a posição de teste precisa e fornece a quantidade adequada de pressão para determinar
a força. Este instrumento que chamamos de mão é conectado ao mais maravilhoso com-
putador jamais criado, a mente humana, que armazena informações valiosas e úteis a
partir das quais podem ser realizados julgamentos sobre a avaliação e o tratamento. Essas
informações contêm dados objetivos, sem sacrificar a arte e a ciência do teste manual à
demanda de objetividade (KENDALL et al., 2007).
Alguns princípios segundo Kendal et. al. (2007) devem ser respeitados para que a
confiabilidade das medidas no teste muscular manual seja alta. Vamos a eles:
- Colocar o indivíduo em uma posição que ofereça a melhor fixação do corpo;
- Estabilizar a porção proximal da parte testada ou, no caso da mão, a porção
adjacente à parte testada. A estabilização é necessária para a especificidade do teste;
- Sempre que for adequado, colocar a parte a ser testada na posição de teste
antigravitacional exata, para ajudar a desencadear a ação muscular desejada e auxiliar
na graduação;
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 82
- Utilizar movimentos de teste no plano horizontal ao testar músculos que são muito
fracos para funcionar contra a força da gravidade. Empregar movimentos de teste em po-
sições antigravitacionais para a maior parte dos testes de músculos do tronco, nos quais o
peso corporal oferece resistência suficiente;
- Aplicar pressão diretamente oposta à linha de tração do músculo ou de segmento
muscular que estiver sendo testado. Como na posição antigravitacional, a direção da pres-
são ajuda a desencadear a ação muscular desejada;
- Aplicar pressão de forma gradual, mas não muito lentamente, permitindo ao indiví-
duo preparar-se e manter a posição. Aplicar pressão uniforme. Evitara a pressão localizada
que possa causar desconforto;
- Utilizar uma alavanca longa sempre que possível, exceto quando houver contraindica-
ção. Seu comprimento é determinado pela localização da pressão ao longo do braço de alavanca.
Para discriminar melhor a força com objetivos de graduação, usar uma alavanca longa;
- Utilizar uma alavanca curta quando os músculos intervenientes não provêm fixa-
ção suficiente para o uso de uma alavanca longa.
A ordem de execução de um teste muscular manual deve ser respeitada insis-
tentemente, sendo iniciada com a orientação e explicação do teste ao paciente, seguida
do posicionamento deste de forma que fique estável e que permita um movimento com o
mínimo de compensações possível. Alguma fixação, na maioria das vezes, é necessária e
usualmente, aplica-se uma mão do examinador em região do corpo com este fim.
A seguir, solicita-se o movimento, seguido de uma contração mantida de forma iso-
métrica e por fim o examinador aplica uma pressão no sentido contrário a força isométrica
a qual o paciente executa com o intuito de verificar se aquele músculo tem a capacidade
de contrair-se ao ponto de manter aquela posição, mesmo com uma resistência aplicada
externamente. Há exceções, como por exemplo nos testes de força do tronco (reto abdo-
minal fibras superiores, por exemplo), sendo necessário que o movimento ocorra durante a
resistência externa, no caso o próprio peso do tronco, cabeça e membros superiores.
A partir deste teste o examinador consegue verificar e quantificar a força daquele
músculo, ou seja, graduá-lo. Frequentemente usamos aquela que considera 6 possibilida-
des, de 0 a 5 (KENDALL et al., 2007):
- O grau normal (ou 5) significa que o musculo consegue manter a posição de teste
contra uma pressão forte do examinador. Esse grau não pretende indicar a força máxima do
indivíduo, mas, ao contrário, a pressão máxima que o examinador aplica para obter o que
poderia ser denominado força total do músculo. Em ternos de julgamento, ela poderia ser
definida como a força adequada para atividades funcionais comuns;
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 83
- Já o grau bom (ou 4) significa que o músculo consegue manter a posição do teste
contra uma pressão moderada;
- O grau regular (ou 3) indica que um músculo consegue manter a parte na posição
de teste contra a resistência da gravidade, mas não consegue mantê-la quando uma pres-
são, mesmo que mínima, é adicionada;
- O grau ruim (ou 2) indica a capacidade de mover por um arco parcial de movimento
no plano horizontal. Ou seja, aquele músculo não é capaz de vencer a resistência da gravi-
dade, por isso é necessário modificar a posição original do teste a fim de verificar se aquele
músculo realiza o movimento quando a resistência da gravidade não mais incide dificultando;
- O grau vestigial (ou 1) significa que uma contração fraca pode ser sentida em um mús-
culo que pode ser palpado ou que o tendão se torne discretamente proeminente, No entanto,
nenhum movimento da parte é visível, nem mesmo quando não incide resistência da gravidade;
- Já o grau zero ocorre quando não há evidências visíveis ou palpáveis de qualquer
contração muscular, ou seja, há uma paralisia daquele músculo.
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 85
LEITURA COMPLEMENTAR
A hérnia de disco lombar (HDL) acomete cerca de 5% dos pacientes com dor lombar
e o tratamento cirúrgico nestes casos é cada vez menos indicado, optando-se, na maior parte
dos casos, pelo conservador. Embora o método estabilização lombar (EL) e a estimulação
elétrica nervosa transcutânea (TENS) tenham mostrado bons resultados em indivíduos porta-
dores de dor lombar inespecífica, há escassa literatura que tenha verificado a eficácia destes
tratamentos isoladamente em sujeitos acometidos por hérnia de disco lombar.
O objetivo desse trabalho é: Comparar a eficácia dos exercícios de estabilização
lombar e da TENS na dor, incapacidade funcional, e capacidade de ativação do músculo
transverso do abdome (TrA) de indivíduos com hérnia de disco lombar.
A metodologia: Participaram da pesquisa 4º indivíduos com idade variando de 25 a
58 anos com dor lombar e hérnia de disco, e foram randomizados em dois grupos: Grupo
estabilização lombar (EL) (exercícios específicos para os músculos TrA e multífido lombar
(ML)) (n=20) e Grupo TENS (GT) (n=20) que receberam atendimento com corrente de
estimulação elétrica nervosa transcutânea. Foram avaliados quanto à dor (Escala Visual
Analógica e Questionário de McGill de Dor), incapacidade funcional (Índice de Biofeedback
Pressórico-UBP). Os grupos foram tratados em duas sessões semanais com duração de 60
minutos por oito semanas. Cada indivíduo foi avaliado antes e após o tratamento. O nível
de significância estabelecido foi de a=0,05.
Resultados apresentados: Após oito semanas, o grupo estabilização lombar mos-
trou melhora significativa na dor (p<0,001), incapacidade funcional (p<0,001), e capacidade
de ativação do TrA (p<0,001). O Grupo TENS apresentou diferença estatisticamente sig-
nificante apenas na dor (p<0,012). A estabilização foi superior à TENS na melhora na dor
(p<0,001), incapacidade funcional (p<0,001), e capacidade de ativação do TrA (p<0,001).
Conclusão: Os resultados indicam que a estabilização é efetiva na melhora da dor,
incapacidade funcional, e capacidade de ativação do TrA, e a TENS apenas na dor. A
estabilização foi superior à TENS em todas as variáveis.
ensaio clínico randomizado [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 2013. 52
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 86
● DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Avaliação da fadiga do músculo
multífido lombar e ativação do transverso do abdome em indivíduos
com hérnia discal lombar
transverso do abdome em indivíduos com hérnia discal lombar. [dissertação]. São Paulo: Faculdade
Fonte: SILVA, M. A. C.; DIAS, J. M.; SILVA, M. F.; MAZUQUIN, B. F.; ABRÃO, T.; CARDOSO J. R.
Análise comparativa da atividade elétrica do músculo multífido durante exercícios do Pilates, série de Williams
e Spine Stabilization. Fisioterapia em Movimento. v. 26 n. 1, p.87-94, jan/mar. 2013. Disponível em: https://
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 87
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Fisiologia articular. Volume 3 – Coluna vertebral, cíngulo
dos membros inferiores, coluna lombar, coluna torácica, coluna
cervical, cabeça
Autor: A.I. Kapandji.
Editora: Guanabara Koogan, 2009.
Sinopse: Esta nova edição do Volume 3 de Fisiologia articular
segue a mesma linha do Volume 1: não somente todos os esque-
mas foram refeitos em cores, como também foram acrescentadas
novas páginas, levando assim a uma reforma total do texto. Os ter-
mos anatômicos seguem a Terminologia Anatômica Internacional.
Os capítulos já existentes foram enriquecidos e foram incluídos
capítulo como o que trata da pelve, uma descrição funcional do
períneo nas atividades fisiológicas de micção, defecação, ereção
e parto. Um capítulo novo sobre a cabeça permitiu descrever a
fisiologia da articulação temporomandibular, indispensável à ali-
mentação e ausente nas outras edições. Esse conteúdo merece,
por conseguinte, uma renovada atenção dos leitores interessados
na biomecânica do corpo humano.
FILME / VÍDEO
Título: Interpretação do goniômetro
Ano: 2021
Sinopse: Este vídeo relata sobre o uso correto do goniômetro.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=a65cDf8bAho
UNIDADE III Biomecânica da Coluna Vertebral e Técnicas de Avaliação (Provas Manuais Musculares e Goniometria) 88
UNIDADE IV
Técnicas de Avaliação (da Postura e
da Marcha) e Análise Cinesiológica de
Atividades Básicas da Vida Diária
Professor Dr. Andrey Rogério Campos Golias
Plano de Estudo:
● A avaliação postural;
● A avaliação da marcha humana;
● Análise cinesiológica de atividades básicas de vida diária.
Objetivos da Aprendizagem:
● Fundamentar a postura e a macha como importantes para o fisioterapeuta;
● Compreender a avaliação da postura e da marcha;
● Apresentar a fundamentação da análise cinesiológica
de atividades básicas de vida diária.
89
INTRODUÇÃO
Vamos ao conteúdo.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 90
1. A AVALIAÇÃO POSTURAL
A boa postura é um bom hábito que contribui para o bem estar do indivíduo, a
estrutura e a função do corpo provêm o potencial para se atingir e se manter uma boa
postura. Entretanto, uma má postura é um mau hábito e, infelizmente, é muito comum, e
efeitos ou alterações posturais têm sua origem no uso incorreto das capacidades providas
pelo corpo, não na estrutura e função do corpo normal (MAGEE, 2010).
Se a postura defeituosa for um problema meramente estético, as preocupações po-
dem ser limitadas àquelas relacionadas à aparência. Entretanto, defeitos posturais persis-
tentes podem dar origem ao desconforto, à dor ou à incapacidade, estando frequentemente
relacionados à gravidade e à persistência dos defeitos.
Há uma alta incidência de defeitos posturais em crianças, adolescentes e adul-
tos, sendo que isto se relaciona a variados fatores. Nos adultos congrega relação com a
tendência de uma atividade laborativa altamente especializada ou de padrão repetitivo.
Nas crianças e adolescentes, os maus hábitos posturais podem se iniciar na fase de cres-
cimento (estirão de crescimento), idade escolar (em que o mobiliário pode não se adequar
exatamente ao crescimento musculoesquelético individual), sendo esse a idade em que a
maturação sexual se apresenta e com esta alterações hormonais, volumes diferentes no
corpo que podem provocar alterações compensatórias, entre outras.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 91
Vale ressaltar a importância de uma boa postura se desenvolver na criança e no
adolescente, visto que se vícios e erros posturais se mantiverem até a idade adulta, a
probabilidade de aparecimento de várias apresentações e patologias clínicas é maior.
Inerentes ao conceito da boa mecânica corporal encontram-se as qualidades
inseparáveis de alinhamento e equilíbrio muscular. O exame e os procedimentos terapêu-
ticos são direcionados para a restauração e a preservação de uma boa mecânica corporal
na postura e no movimento. Exercícios terapêuticos para fortalecer músculos fracos e
alongar músculos contraídos são os principais meios pelos quais o equilíbrio muscular é
restaurado (MAGEE, 2010).
Várias definições de postura têm sido instituídas ao longo dos anos, o Comitê de
Postura da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos definiu: A postura é o arranjo
relativo das partes do corpo, então, considera-se que boa postura é aquele estado de equi-
líbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão
ou deformidade progressiva, independentemente da posição (ereta, decúbito, agachada ou
flexão anterior) no qual essas estruturas estão trabalhando ou repousando. Sob tais con-
dições, os músculos funcionarão mais eficazmente e serão permitidas as posições ideais
para os órgãos abdominais e torácicos. E a má postura é uma relação defeituosa das várias
partes do corpo que produz aumento da tensão sobre as estruturas de suporte e na qual
existe um desequilíbrio menos eficaz do corpo sobre sua base de suporte (MAGEE, 2010).
A relação entre dor e alteração postural é constantemente estudada por pesqui-
sas científicas, para compreender a dor em relação à postura defeituosa é fundamental
o conceito de que os efeitos cumulativos de pequenos estresses constantes ou repetidos
durante um longo período podem dar origem ao mesmo tipo de dificuldades que surge
com o estresse súbito e intenso. Casos de dor postural são extremamente variáveis no
que concerne ao seu início e à gravidade dos sintomas, em algumas situações, apenas
se manifestam sintomas agudos, geralmente como consequência de estresse ou de lesão
não usual. Em outras, o início é agudo e há sintomas dolorosos crônicos. Outros ainda
apresentam sintomas crônicos que se tornam agudos posteriormente (MAGEE, 2010).
Alguns princípios do alinhamento das articulações e dos músculos merecem des-
taque (MAGEE, 2010):
- O alinhamento defeituoso é resultante do estresse e da tensão indevidos sobre
ossos, articulações, ligamentos e músculos;
- Posições da articulação indicam quais músculos parecem estar alongados exces-
sivamente e quais parecem estar encurtados;
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 92
- Existe uma relação entre o alinhamento muscular e os resultados de testes mus-
culares, se a postura for habitual;
- O encurtamento muscular mantém a origem e a inserção do músculo muito próximas;
- O encurtamento adaptativo pode desenvolver-se em músculos que permanecem
em uma posição encurtada;
- A fraqueza muscular permite a separação da origem e da inserção do músculo;
- A fraqueza muscular com alongamento pode ocorrer em músculos monoarticula-
res (que atravessam uma articulação) que permanecem numa condição alongada.
A avaliação da postura propriamente dita baseia-se em todo este contexto e também
é pautada numa posição base, nos planos anatômicos, como a goniometria e a avaliação
da força muscular. Isto porque a postura normal é reconhecida através de uma posição que
adotamos como padrão. Esta posição inicial, muito parecida com a anatômica, é chamada de
posição zero e se difere da anatômica apenas pelo fato de que as mãos ficarem direcionadas
para o corpo e os antebraços ficarem a meio caminho entre a supinação e a pronação.
O alinhamento esquelético ideal ou padrão envolve uma quantidade mínima de
estresse e de tensão e é favorável à eficiência máxima do corpo. É essencial que o padrão
satisfaça esses requisitos para que todo o sistema de treinamento postural elaborado em
torno dele seja eficiente (MAGEE, 2010).
Na posição padrão, a coluna vertebral apresenta as curvas normais, e os ossos
dos membros inferiores estão em alinhamento ideal para a sustentação de peso. A posição
neutra da pelve é favorável ao bom alinhamento do abdome e do tronco e das extremidades
abaixo. O tórax e o dorso estão numa posição que favorece a função ideal dos órgãos
respiratórios, a cabeça permanece ereta e numa posição bem equilibrada que minimiza o
estresse sobre a musculatura do pescoço (KAPANDJI, 2013).
A interseção entre o plano sagital e o coronal do corpo forma uma linha análoga à linha
de gravidade. É em torno desta linha que o corpo está hipoteticamente numa posição equilibra-
da, já que ela implica em distribuição balanceada do peso e estável de cada articulação.
Quanto a verificação da postura do indivíduo, felizmente, exames posturais precisos
podem ser realizados com equipamentos simples e de custo mínimo. Por exemplo, na posi-
ção ortostática uma linha ou fio de prumo é utilizada como linha de referência, pois representa
a linha de gravidade, o centro da ação da lei da gravidade da natureza (Figura 1).
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 93
FIGURA 1 - AVALIAÇÃO POSTURAL
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 94
(ou devem ser) essencialmente simétricas e, hipoteticamente, as duas metades do corpo
contrabalançam-se exatamente. O que se espera é uma simetria entre os lados, tanto de
tronco, de membros superiores e inferiores. Portanto, qualquer estrutura que estiver de-
salinhada, assimétrica, ou seja, diferente de um lado para outro, deverá ser anotada, pois
possivelmente apresenta-se com alteração na postura.
Assim, na vista anterior (Figura 2), devemos verificar a posição dos pés, joelhos, e
membros inferiores. Observem as posições dos dedos dos pés, a aparência do arco longi-
tudinal medial, o alinhamento em relação à pronação e à supinação, a rotação do fêmur, a
posição da patela, o desvio em valgo ou varo dos joelhos ou o arqueamento dos membros
inferiores. Qualquer rotação da cabeça ou aparência anormal das costelas também deve
ser observada, os achados são anotados.
Na vista posterior não é diferente, porém é nesta vista que alguns dos critérios mais
relevantes são pesquisados. A coluna vertebral, por exemplo é sede de várias patologias
posturais e torna-se necessário verificar se ela se apresenta ereta, que é o que se espera
como normal ou se há algum desvio (escoliose, por exemplo) (Figura 3).
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 95
FIGURA 3 - VISTA POSTERIOR MOSTRANDO UMA COLUNA
Nesta vista posterior, com a linha de prumo alinhada com um ponto a meio caminho
entre os calcanhares, a relação entre o corpo ou partes dele e a linha de prumo é expressa
como boa ou como desvio para a direita ou para a esquerda. Do ponto de vista do alinhamen-
to segmentar, deve-se observar o alinhamento do tendão do calcâneo, a adução ou abdução
postural dos quadris, a altura relativa das espinhas ilíacas póstero superiores, a inclinação
pélvica lateral, desvios laterais da coluna vertebral e posições dos ombros e das escápulas.
Já nas vistas laterais, a linha de referência padrão representa uma projeção da linha
da gravidade no plano coronal e hipoteticamente, esse plano divide o corpo nas regiões
anterior e posterior, de peso igual. Diferentemente do que acontece nas vistas anterior
e posterior, estas seções não são simétricas e não existe uma linha de divisão evidente
baseada em estruturas anatômicas.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 96
É nesta vista que é possível verificar as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral,
por exemplo. Sabemos que ela apresenta curvaturas primárias (cifose torácica e sacral)
e curvaturas secundárias, ou seja, ao contrário das primeiras (lordose cervical e lombar).
Desta forma, ela não deve ser retilínea neste plano/vista, as alterações surgem quando se
visualiza aumento das curvaturas (chamadas de hiper) e diminuição (chamadas de retifica-
ção, no sentido de estar mais reto do que o normal mesmo). Por isso é que na literatura há
tanto estudo sobre as hipercifoses, hiperlordoses e retificação dorsal.
Desta forma, nas vistas laterais (Figura 4), com a linha de prumo em conformidade
com um ponto logo à frente do maléolo lateral a relação entre o corpo e a linha de prumo
é observada e anotada. A observação necessita ser realizada em ambos os lados, com o
intuito de verificar possíveis alterações rotacionais. Defeitos de alinhamento segmentares
podem ser observados com ou sem linha de prumo. Veja se os joelhos estão em um bom ali-
nhamento, hiperestendidos (recurvatum) ou flexionados (antecurvatum). Observe a posição
da pelve vista de lado e se as curvas ânteroposteriores da coluna vertebral são normais ou
exageradas. Além disso, verifique as posições da cabeça (para frente ou inclinada, para cima
ou para baixo) e do tórax (normal, deprimido ou elevado), e o contorno da parede abdominal.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 97
Com o desenvolvimento tecnológico, cada vez surgem mais programas capazes de
analisar biomecanicamente uma postura, ou seja, avaliar a postura de forma quantificada, com
resultados numéricos. Isto permite uma verificação mais fidedigna, e mais do que isto, uma rea-
valiação pautada nos mesmos critérios que pode ser comparada facilmente com a avaliação.
Podemos listar algumas alterações mais comuns da postura conforme define Ma-
gge, 2010, sendo:
- Cabeça anteriorizada ou hiperlordose cervical: Quando é visualizada a cabeça
mais para frente do que o normal na vista lateral, estando o pavilhão auricular a frente do
fio de prumo;
- Retificação cervical, que também pode ser vista na vista lateral, sendo o contrário
da hiperlordose cervical;
- Ombros anteriorizados: Podem ser vistos na vista lateral, quando eles se encon-
tram mais para a frente do que o fio de prumo, normalmente devido a retração do músculo
peitoral menor. Esta alteração é relevante para muitos casos clínicos que o fisioterapeuta
atende, inclusive de disfunções de ombro;
- Hipercifose torácica, também pode ser verificada na vista lateral, quando há au-
mento da curvatura da cifose na coluna torácica;
- Retificação torácica, também verificado na vista lateral, sendo o contrário da
hipercifose. É quando não há a cifose, ou seja, as vértebras da coluna torácica estão mais
retas do que o normal, daí o nome retificação;
- Alteração no formato do tórax anterior, sendo pectus excavatum (quando o osso
esterno é afundado) ou pectus carinatum (quando ele é aumentado para frente, também
chamado peito de pombo). É melhor visto em vista anterior;
- Hiperlordose lombar: Alteração que pode ser visualizada na vista lateral, sendo
um aumento da curvatura lordótica da lombar. Normalmente associa-se a anterioridade da
pelve (também chamada de inclinação pélvica anterior e antigamente chamada de antero-
versão pélvica);
- Inclinação pélvica anterior, quando a sínfise púbica fica localizada num plano
abaixo das espinhas ilíacas anterossuperiores;
- Inclinação pélvica posterior, quando as espinhas ilíacas anterossuperiores ficam
localizadas abaixo da sínfise púbica;
- Retificação lombar, possível visualização em vista lateral, sendo esta região mais
reta do que o normal;
- Joelho recurvatum (ou hiperestendido), quando em vista lateral visualiza-se uma
curvatura para trás, ou seja, quando ele fica mais esticado do que o normal;
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 98
- Joelho antecurvatum (ou em flexo residual), quando em vista lateral é possível
observar que o joelho não fica completamente estendido. É mais comum ser unilateral
devido a diferença de comprimento de membro inferior;
- Nos tornozelos e pés, alteração seria visualizar uma postura antero ou póstero
projetada, ou seja, quando na vista lateral vislumbra-se que a descarga de peso é mais
anterior ou posterior, respectivamente;
- Um desabamento do arco longitudinal medial do pé, quando não se visualiza o
arco, ou seja, o pé plano;
- Um aumento do arco longitudinal medial do pé, quando se visualiza o arco maior
do que o normal, o pé cavo;
- Escápulas assimétricas, ou seja, na vista posterior, estando uma mais alta do que
a outra, ou mais lateral (abduzida) ou rodada externamente do que a outra;
- Joelho valgo (ou geno valgo), quando se visualiza numa vista anterior e posterior
que os joelhos se juntam antes dos pés;
- Joelho varo (ou geno varo), quando na vista anterior e posterior os pés se juntam
antes dos joelhos;
- Escoliose (Figura 5): Patologia ortopédica muito comum que é possível ser obser-
vada principalmente em vista posterior, ocorre quando houver um desvio do eixo vertebral.
Inicialmente, a escoliose era pensada como um desvio apenas lateral do eixo vertebral.
Sabe-se hoje que ela pode ser tridimensional, ou seja, ocorrer nos três planos, sendo que
o eixo ou a vértebra se desvia para a lateral (no plano frontal ou coronal), para a frente
ou trás (no plano sagital) e em rotação (no plano transverso). No caso de observar uma
escoliose na pessoa, é necessário a continuidade da avaliação postural solicitando a flexão
anterior do tronco. Pede-se, desta forma, para que estando em posição ortostática o indi-
víduo dobre a coluna e tente ao máximo chegar suas mãos próximas ao chão, enquanto o
Fisioterapeuta observa-a estando atrás do paciente. Quando a curvatura se retifica, ou seja,
volta a estar no eixo vertebral normal, esta escoliose é chamada de funcional, enquanto a
curvatura que não se retifica, permanece escoliótica, é denominada estrutural. A escoliose
funcional é causada por desequilíbrios musculares secundários a uma postura defeituosa
ou a uma doença (exemplo, uma paralisia cerebral), não sendo progressiva. Já a estrutural
é progressiva por causa das deformidades ósseas (PALMER e EPLER, 2013).
Além disso, quando há uma escoliose rotacional ou estrutural, há a presença no
movimento de flexão anterior do tronco da giba ou gibosidade, um aumento de volume
na região torácica unilateral devido a alteração de posição das costelas, consequente a
rotação vertebral (Figura 6). A escoliose é a patologia postural (ou deformidade postural)
mais grave, acometendo frequentemente crianças e adultos.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 99
FIGURA 5 - EXAME RADIOGRÁFICO MOSTRANDO UMA ESCOLIOSE COM DUPLA CURVA
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 100
2. A AVALIAÇÃO DA MARCHA HUMANA
Andar é o simples ato de se movimentar para frente com o corpo ereto usando os
membros inferiores para propulsão, a marcha é uma atividade complexa que envolve o
sistema nervoso central e periférico e todo o sistema musculoesquelético. Pode parecer
simples, mas para muitas pessoas e suas incapacidades e disfunções, tornam-se objetivo
de vida (KAPANDJI, 2013).
Avaliar a marcha é outro ponto importante da avaliação do Fisioterapeuta. Desta
forma, é possível determinar a necessidade de prótese ou dispositivos auxiliares e avaliar
a necessidade de tratamento, tanto específico da marcha (treino da marcha) quanto ines-
pecífico, por exemplo tratando alguma outra valência com o intuito de melhorar a marcha
como consequência.
Visto a marcha ser um objetivo do ser humano, que é alcançar algo a frente,
uma marcha dita como normal apresenta dois critérios muito bem definidos: a eficiência,
ou seja, se o indivíduo quiser chegar do outro lado da sala que ele está, que ele consi-
ga; e com o menor gasto energético possível, ou seja, executa isto cansando o menos
possível (MAGEE, 2010).
A avaliação da marcha deve conter uma acurada descrição do padrão de marcha
do indivíduo e das suas variáveis, uma análise dos desvios e a identificação dos mecanis-
mos responsáveis pela produção das anormalidades da marcha; e uma determinação da
necessidade de dispositivos auxiliares (muleta, bengala, entre outros).
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 101
Para a realização de uma boa análise da marcha é necessário conhecer o que
é normal, que é o que chamamos de ciclo da marcha, em velocidade média, sem estar
correndo, o ciclo completo da marcha consiste no intervalo de tempo ou na sequência de
movimentos que ocorrem entre dois contatos iniciais consecutivos do mesmo pé (chamado
também de uma passada). O ciclo da marcha descreve o que acontece com um membro
inferior, mas o outro repete a mesma sequência com uma defasagem de 180º. Apresenta
duas importantes fases: a de apoio (em que o tempo dispendido nela é de cerca de 60%) e
de balanço (outros 40%) (HALL, 2021).
A primeira fase, a de apoio acontece quando o pé está em contato com o solo.
Nesta fase, há momentos de sustentação do peso, o que permite que o membro inferior
suporte o peso do corpo e, ao mesmo tempo, possibilita o avanço do corpo sobre o membro
que o está sustentando. Olhando para o pé que está em apoio, verificamos que há cinco
momentos diferentes, que chamamos de subfases da fase de apoio, sendo elas: contato
inicial ou apoio do calcâneo (momento que o calcâneo toca o solo, vindo da fase de ba-
lanço); resposta à carga ou aplanamento do pé (momento em que o pé aplana, ou seja,
o contato com o solo é de todo o pé); apoio médio (momento importante, pois é nele que
ocorre a descarga de peso neste membro inferior, o que permite que o outro pé entre em
balanço); apoio terminal ou levantamento do calcanhar (quando o calcâneo se eleva do
solo); e por último pré-balanço ou levantamento dos dedos (último momento em que o pé
ainda fica tocando o solo antes de entrar na fase de balanço) (MAGEE, 2010).
A segunda fase da marcha, a de balanço (ou oscilação) ocorre quando o pé de
referência não toca o solo, ou seja, ele faz um movimento de trás para frente (flexão do
quadril) com o intuito de levá-la a frente para posterior toque no solo (entrar na fase de
apoio). Desta forma, esta fase é dividida em três subfases, sendo elas: balanço inicial (ou
aceleração, quando o membro inicia o movimento de flexão do quadril); balanço médio
(quando o membro está no meio do caminho); e balanço final (o membro inferior já está
mais à frente do tronco e freando o movimento, imediatamente antes de tocar o solo). Na
Figura 7 é possível visualizar a Fase de Apoio (de 1 a 5) e suas Subfases e a Fase de
Balanço (de 6 a 8) e suas subfases.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 102
A avaliação da marcha, apesar de poder ser feita com complexos programas, tem
base na verificação qualitativa dos movimentos durante uma caminhada do indivíduo, é
aquela mais barata, rápida e eficiente. Toda avaliação da marcha propriamente dita também
apresenta um protocolo e seus cuidados, que devem ser seguidos à risca para que nada
passe despercebido. Vamos a este:
- Devemos selecionar a área em que o paciente andará;
- Posteriormente nos posicionamos de modo que tenhamos uma visão desobstruí-
da do paciente, inclusive se usarmos algum equipamento eletrônico, como filmagens, isto
será de grande valia;
- Seguido da orientação e explicação ao paciente sobre o que será executado;
- Passando para a escolha do plano que se iniciará a observação;
- Solicita-se ao paciente que deambule;
- Verificamos cada momento da marcha as regiões de todo o corpo humano, como
elas se comportam no movimento da caminhada;
- Próximas etapas são aquelas em que se muda o plano/vista de observação e
volta-se a avaliar as regiões do corpo.
Desta forma, o examinador deve solicitar ao paciente que ande do modo habitual,
utilizando qualquer auxilio necessário (por exemplo, marcha nas barras paralelas, muletas,
andador, bengalas, etc). Enquanto o paciente anda o examinador deve observar a presença
de qualquer claudicação ou deformidade evidente.
O examinador deve observar a marcha pela frente, por trás e lateralmente. Em
cada situação ele deve observar da região proximal à distal, da coluna lombar e pelve até
o tornozelo e o pé e também a partir do pé na direção proximal. Deve também observar
os movimentos do tronco e dos membros superiores, os quais normalmente ocorrem na
direção oposta à dos membros inferiores.
SAIBA MAIS
Nesta Unidade já vimos a postura e sua avaliação e neste momento discutimos a mar-
cha e sua avaliação. Há importantes similaridades entre elas. Em ambas há uma neces-
sidade de uma metodologia cuidadosa, sequenciada. Também nas duas necessitamos
observar (a postura ou a marcha) por plano, ou seja, primeiro na vista anterior, depois
posterior e laterais; verificando desalinhamentos e simetria, entre outros. O que é ra-
dicalmente diferente é que na avaliação postural o indivíduo permanece estático e na
marcha, dinâmico.
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 103
Voltando a falar da avaliação da marcha, consideramos alguns critérios como
normais, sendo que alguns são considerados subjetivos (qualitativos) e outros objetivos
(quantificáveis). Vamos aos subjetivos:
- O próprio alinhamento e movimento alinhado de todas as estruturas corporais.
Ou seja, quando você visualiza uma marcha observando os membros inferiores, eles
devem se deslocar de forma alinhada, sem desvios, simétricos, tanto quanto o tronco e
os membros superiores;
- Desvio pélvico vertical, que quando excessivo, durante a visualização da marcha
a pelve cai na direção do solo. Variadas causas podem estar associadas, porém a mais
comum é a fraqueza do músculo glúteo médio que é um importante estabilizador e abdutor
do quadril (Figura 8);
UNIDADE IV Técnicas de Avaliação (da Postura e da Marcha) e Análise Cinesiológica de Atividades Básicas da Vida Diária 104
- Rotações diminuídas ou excessivas do fêmur ou do membro inferior como um todo;
- Hiperextensão dos joelhos (também chamado de recurvatum) ou flexo residual
dos joelhos (antecurvatum);
- Joelho varo e valgo durante a marcha;
- Falta da primeira subfase de apoio da marcha: a batida do calcanhar, ou seja, o
indivíduo já toca o solo com toda a região plantar, o que pode ser devido a encurtamento/
retração dos músculos do tríceps sural;
- Alteração no apoio entre as regiões laterais e mediais do pé, normalmente quando
a pessoa descarrega mais peso medialmente (é mais provável um pé plano, ou seja, um
arco longitudinal medial do pé desabado) ou lateralmente (é mais provável um pé cavo,
quando há aumento do arco longitudinal medial do pé);
- Sem claudicação, ou seja, sem mancar. Quando há esta claudicação, possivel-
mente se deve a alguma disfunção que leve a um apoio abreviado, que ocorre quando o
indivíduo não apresenta condições em um membro inferior de suportar a carga que seria
imposta a ele. Assim, ele leva o outro membro de forma mais rápida.
Já para avaliar os critérios objetivos da marcha é necessário mais do que apenas
observar a marcha do indivíduo, alguns podem ser verificados, por exemplo, pintando ou
marcando a região plantar do indivíduo com alguma substância que irá marcar papel. Soli-
cita-se a marcha e as análises ocorrem na impressão destes pés no papel. Neste caso, os
critérios objetivos (numérico, ou seja, quantitativos) da marcha são:
- Largura da base, que é a distância entre os dois calcâneos, sendo normal de 5 a
10 centímetros;
- Comprimento do passo (metade do ciclo completo da marcha), ou seja, a distân-
cia entre a parte mais posterior de um calcâneo e a do outro calcâneo no mesmo ciclo da
marcha, sendo normal de 35 a 41 centímetros;
- Comprimento da passada (ciclo completo da marcha), ou seja, a distância entre a
parte mais posterior de um calcanhar e o mesmo calcanhar no próximo ciclo, sendo normal
de 70 a 82 centímetros;
- Cadência da marcha, em que não é necessário marcar a região plantar, mas
sim contar quantos passos o indivíduo realiza em um minuto, sendo necessário um local
amplo para que este não necessite parar o movimento e mudar de direção. É normal numa
velocidade média a pessoa realizar de 90 a 120 passos por minuto.
Outros critérios objetivos não podem ser avaliados apenas através da observação,
mas sim por sistemas tecnológicos diversos, podendo ser composto por câmeras avança-
das posicionadas em locais estratégicos, por plataforma de força que verifica a pressão que
o pé impõe no solo (ou seja, a força de reação do solo ao pé), entre outros (Figura 9). Estes
são necessários em análises mais aprofundadas, em estudos científicos inclusive.
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FIGURA 9 - EXEMPLO DE LABORATÓRIO DE MARCHA
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3. ANÁLISE CINESIOLÓGICA DE ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA
O termo análise nos leva a pensar em algo minucioso que, após concluído, nos
permitirá́ mudanças de atitudes em nosso comportamento. Buscamos, através da análise
cinesiologia, observar um movimento executado e sugerir alterações no mesmo, a fim de
aperfeiçoá-lo, buscando eficiência dentro das necessidades existentes, não deixa de ser
uma avaliação, mas especificamente daquele movimento.
A análise e a avaliação do desempenho humano é aspecto fundamental para o
fisioterapeuta, o que permite selecionar ou desenhar movimentos efetivos e condições
ambientais afins, com o objetivo de estabelecer critérios específicos de desempenho.
Não há uma forma universal que seja mais apropriada e analítica de análise cine-
siológica. Alguns pesquisadores utilizam programas e instrumentos avançados, e outros
utilizam métodos mais simples, qualitativos, subjetivos, mais baratos, práticos e simples, o
que já pode auxiliar fortemente na determinação de muitos objetivos.
A análise cinesiológica tem sido dividida em três etapas, sendo elas: 1. O movimen-
to que será analisado é descrito e dividido em partes ou fases; 2. Cada fase do movimento
deve ser submetida à análise da ação da articulação e músculo envolvido; 3. O movimento
deve ser avaliado, submetendo os fatos analíticos a critérios pré-selecionados. Vamos
abordar cada uma destas etapas a seguir.
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A primeira etapa é a descrição e subdivisão do movimento, neste momento o
movimento recebe um nome ou descrição, é delineado (por exemplo, por uma sequência
de fotos ou desenhos esquemáticos), registra-se com equipamentos que permitirão uma
descrição precisa de ações articulares, registros eletromiográficos ou qualquer outro meio
de avaliação muscular, subdivisão da sequência do movimento em partes, definindo o ponto
de partida de cada uma delas.
Já a segunda etapa é a análise da ação articular e muscular, sendo a etapa mais
relevante, uma vez que para cada fase do movimento, é identificada a ação de cada ar-
ticulação, acrescido com a maior quantidade possível de dados que venham subsidiar a
análise. E a terceira e última etapa é a sumarização e avaliação do movimento, momento
em que se compreende o significado e as implicações da análise.
Algumas considerações valem o estudo, a avaliação cinesiológica é um julgamento
profissional específico e suas conclusões dependem de um ponto de vista pessoal, mesmo
um exercício ou atividade aparentemente simples compreende movimentos musculares
complexos, e por isso, convém considerar problemas de influência de forças externas
(gravidade), de contração concêntrica, excêntrica e estática, a metodologia da análise cine-
siológica é deliberada e precisa, embora possa estar constantemente presente na mente do
profissional durante o seu trabalho diário (HOUGLUM e BERTOTI, 2014).
Alguns exemplos de métodos de análises cinesiológicas são:
- A antropometria, sendo definida como a medida de determinadas características
do corpo humano, como a estatura, massa, volume, densidade, centro de gravidade e
movimento de inércia de massa. Isto se torna relevante pois estas características podem
alterar a mecânica dos movimentos normais do corpo humano. Um exemplo clássico na
área da Fisioterapia é a medida do perímetro de um membro, por exemplo, na coxa, com
o intuito de observar se aquela encontra-se mais trófica (volumosa de músculo) ou menos
trófica do que a homóloga;
- A cinemetria, método de medição cinemática que visa, a partir da aquisição de
imagens de execução do movimento, verificar o comportamento de variáveis relevantes
para aquela situação, sendo aceleração, velocidade, deslocamento, posição e orientação
do corpo e de seus segmentos no espaço. O instrumento base para sua verificação é a
câmera de vídeo, que registra o movimento, e posteriormente analisa-o em um programa
específico para tal;
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- A dinamometria, método de verificação cinética que engloba todos os tipos de
medida de força, com o objetivo de possibilitar a interpretação das respostas de compor-
tamentos dinâmicos do movimento humano. O instrumento mais usado é o dinamômetro
isocinético, podendo servir para tratamento, porém mais especificamente é direcionado
a avaliação específica de força, potência e torque de determinado músculo ou grupo
muscular (KAPANDJI, 2013);
- A eletromiografia, sendo um termo amplo que congrega o método de registro da
atividade elétrica de um músculo durante uma contração, o que permite inúmeras aplicações.
O sinal eletromiográfico representa a atividade elétrica associada a contração do músculo.
A inervação muscular transmite os potenciais cuja atividade elétrica média é captada pelos
eletrodos da eletromiografia colocados na superfície da pele no local do músculo-alvo, ou
seja, aquele que se quer avaliar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Desta forma, esperamos que o conteúdo discutido tenha sido proveitoso para você
e que tenhamos trazido informações relevantes e de essência clínica para que você conti-
nue evoluindo na direção do seu objetivo.
SAIBA MAIS
REFLITA
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LEITURA COMPLEMENTAR
Fonte: BOSSO, L.R.; GOLIAS, A.R.C. A postura de atletas de Ginástica Rítmica: Análise
através da Fotometria. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.18 n.5 Set/out 2012. Dis-
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Análise de Marcha. Volume 3 – Sistemas de Análise de
Marcha
Autor: J. Perry.
Editora: Manole, 2004.
Sinopse: A análise da marcha humana normal ou patológica tem
sido aplicada no diagnóstico de alterações neuromusculares, mus-
culoesqueléticas e como forma de avaliação pré e pós-tratamento
cirúrgico, ortótico, medicamentoso e/ou fisioterapêutico. Esta
análise é realizada em diversos laboratórios de marcha do mun-
do, contudo, ainda é pouco difundida no Brasil, entre os fatores
que limitam a sua difusão pode-se citar, como um dos principais,
a insuficiência de recursos humanos capacitados a realizar uma
análise de marcha e interpretar seus resultados. A necessidade
da tradução de Análise de Marcha vem de encontro a esta limi-
tação, visando aumentar o interesse e a capacitação de novos
pesquisadores, além de estimular o estudo do assunto dentro das
universidades brasileiras, visto que um dos problemas no ensino é
a escassez de literatura nacional sobre o tema. Esta obra merece
destaque por estar dividida em três volumes, abordando a marcha
humana de forma ampla e didática e permitindo ao profissional
estudar o assunto que lhe for de maior interesse. Sendo a mar-
cha uma atividade funcional do ser humano e objetivo final de
tratamento na reabilitação da maioria das patologias ortopédicas e
neurológicas, é fundamental que se amplie o entendimento sobre
a mesma buscando uma melhor conduta terapêutica. Por isso, a
leitura de Análise de Marcha em seus três volumes, é de grande
relevância, pois será capaz de auxiliar a pesquisa e principalmente
a prática clínica ambulatorial da avaliação e reabilitação da mar-
cha. O terceiro volume, Sistemas de Análise de Marcha, refere-se
aos diferentes sistemas de análise de marcha disponíveis. É im-
portante salientar que sendo a edição original de 1992, muito se
modificou no âmbito dos sistemas de análise de marcha ao longo
destes anos, em razão do avanço tecnológico. Contudo, as infor-
mações apresentadas, concernentes a este tema, não perdem sua
importância, mantendo um caráter introdutório com respeito aos
principais métodos de análise de marcha então aplicados. A leitura
desta obra será capaz de auxiliar a pesquisa e principalmente a
prática clínica ambulatorial da avaliação e reabilitação da marcha.
Jacquelin Perry Especializada em educação física (1935-1940),
introduz-se na fisioterapia em 1941, expandindo seus conhe-
cimentos de anatomia, cinesiologia e deficiência física. Nessa
mesma década adquire ampla experiência clínica em hospitais do
exército norte-americano. Posteriormente (1951-1955), especiali-
za-se em cirurgia ortopédica, empregando a análise observacional
e reunindo grande conhecimento na correção de incapacidades da
marcha. Em 1955, une-se ao Centro Médico Rancho Los Amigos,
onde atua no tratamento e análise de pacientes hemiplégicos, com
poliomiete e amputados. Em 1968, desenvolve o laboratório de
marcha. Atualmente Jacquelin Perry é chefe do departamento de
Patocinesiologia do Centro Médico Rancho Los Amigos.
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VIDEO / FILME
Título: BIOMECÂNICA DA MARCHA: Análise da Marcha Normal
(Aula completa) - Rogério Souza
Ano: S/A
Sinopse: Vamos estudar um pouco de Biomecânica e Cinesiologia
hoje? Uma das aulas de maior sucesso aqui no canal é de “Mar-
chas Patológicas”, porém, para entender os distúrbios da marcha
é necessário entender como é a marcha normal. E vamos estudar
isso nesse em que traz as Fases da Marcha, passo, passada,
movimentos que acontecem em cada articulação e muito mais.
Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=4BiRCzCKrd0
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REFERÊNCIAS
BOROTO, L.; DHEIN, W.; LA TORRE, M. Análise eletromiográfica dos músculos estabiliza-
dores da escápula durante os exercícios push up e bench press em atletas universitários
com e sem síndrome do impacto do ombro. Fisioterapia Brasil. v. 19, n. 5, p.597-606, 2018.
HOUGLUM, P. A.; BERTOTI, D. B., Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 6. ed. RJ: Manole,
2014.
JARMEY, C.; Músculos: Uma abordagem concisa. Barueri, SP: Manole, 2008.
115
KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular. v. 2 – Membro inferior. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2001.
LIPPERT, L.S. Cinesiologia Clínica e Anatomia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018.
MOREIRA, D.; RUSSO, A. F. Cinesiologia Clínica e Funcional. SP: Atheneu, 190 p., 2005.
O’SULLIVAN, S. B.; SCHIMITZ, T.J., FULK, G.D. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 6. ed.
Barueri, SP: Manole, 2018.
116
PERRY, J. Análise de Marcha. Volume 3 – Sistemas de Análise de Marcha. Barueri, SP:
Manole, 2004.
SILVA, M. A. C.; DIAS, J. M.; SILVA, M. F.; MAZUQUIN, B. F.; ABRÃO, T.; CARDOSO J.
R. Análise comparativa da atividade elétrica do músculo multifido durante exercícios do
Pilates, série de Williams e Spine Stabilization. Fisioterapia em Movimento. v. 26 n. 1, p.
87-94, jan/mar. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fm/a/Zxm6fRVbCGYpzTKmv-
qdVrPm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 28 ago. 2021.
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CONCLUSÃO GERAL
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