ESPOROTRICOSE DO GATO DOMÉSTICO: RELATO DE CASO
COM TRANSMISSÃO HUMANA
Autores: Natália Fernanda Ferreira Brum¹; Katherine M. Costa Silvestre¹; Lorena Tilli Mendes¹; Adriana²; Ana Cristina²; Helena²
¹Hospital Infantil Candido Fontoura- Residentes
²Hospital Infantil Candido Fontoura - Orientadoras
nffbrum@gmail.com
OBJETIVO
 Esporitricose consiste em uma micose de evolução subaguda ou crônica, com o
agente etiológico Spothrix schenckii, encontrado no solo e em matéria
orgânica em decomposição1
 Este trabalho é um relato de caso que visa a discutir importância de
diagnóstico precoce e qual subespecialidade deve realizar acompanhamento.
HISTÓRIA CLÍNICA
 MGS, 17 anos, sexo masculino, sofreu arranhadura de gato doméstico em 3º
pocdátilo esquerdo (PDE), no dia 23/04/19, evoluindo, após 5 dias com
hiperemia local. Foi levado ao PS, foi prescrito cefalexina por 7 dias. Fez o uso
de antibioticoterapia, sem melhora. Procurou PSF em que foi prescrito
amoxicilina com clavulanato, por 7 dias, após 4 dias, no dia 09/05, evoluiu com
edema em PDE, hiperemia mais acentuada e nódulos, cerca de 2cm, dolorosos
e hiperemiados em dorso do pé esquerdo, tornozelo homolateral e em ambos
antebraços. Procurou novamente PSF de sua referência, foi orientado a
continuar o antibiótico e recebeu uma dose de benzetacil. No dia 15/05,
procurou o Hospital Infantil Candido Fontoura devido à necrose em PDE e
aumento de nódulos.
FIG 1- Imagens de nódulos hiperemiados em ambas pernas e antebraço esquerdo
 Animal de estimação: Acompanhante relata que o gato doméstico estava com
inapetência alimentar, emagrecimento e irritabilidade, no início de abril.
Evoluiu com lesões no corpo semelhantes aos nódulos do paciente. No dia
20/04, levou o bichano ao veterinário com a hipótese diagnostica de
esporotricose. Foi encaminhado para o centro de zoonoses para a realização
do exame específico e iniciou tratamento com itraconazol. Gato veio a óbito,
após uma semana de arranhadura.
 Evolução: No dia da admissão em HICF, foi solicitado hemocultura, exames
laboratoriais e feito interconsulta com a CIPE indicando debridamento da
lesão com anestesia local, iniciado itraconazol e oxacilina. No dia 18/05, lesão
evoluiu com saída de secreção purulenta, solicitado coleta de secreção para
cultura e exame direito para esporotricose. Evoluiu com melhora do aspecto
da lesão, com presença de tecido de granulação, melhora do edema em PDE.
Melhora de dor e regressão progressiva de hiperemia dos nódulos
generalizados. Recebe alta no dia 21/05, com prescrição de cefalexina por
mais 7 dias, e com itraconazol para uso contínuo (programação de 6 meses),
com retorno ambulatorial com infectologista para acompanhamento de lesão,
medicação e função hepática.
 Exames laboratoriais: 15/05: Hb 14,9// Ht 42,5%// VCM 83// HCM 29// Leuco
11,5 mil (2/63/1/0/21/0/13)// plaq: 241 mil// TGP: 27// TGO 19// FA 325//
GGT 24//Cr 1// Ur 30// Na 138// K: 2,1// PTT 35/ TAP 15,7s// INR 1,25// PCR
2,9//VHS 78
 Hemocultura: negativo
 Pesquisa de esporotricose: ainda sem resultado
FIG2- lesão após debridamento e lesão no momento da alta
DISCUSSÃO
 Micose subcutânea mais comum na América do Sul, sendo o Brasil considerado
como área endêmica2 .
 Tramissão clássica ocorre pela inoculação traumátca na pele, sendo classificada
como doença de cunho ocupacional3 . Todavia, esse caso foi transmistido por
animal doméstico
 As formas clínicas mais comuns são a cutânea localizada e cutânea linfática, mas
em pacientes imunossuprimidos, podem desenvolver extracutâneas
(esporotricose pulmonar, osteoarticular, ocular e meningite) 4. O relato
corrobora com a literatura, pois paciente era previamente hígido, com
manifestação cutânea
 Diagnóstico não é difícil, pois baseia-se em história clinica que são altamente
sugestivas5 , no isolamento do fungo através de cultura que é o padrão ouro e
tem o método mais sensível, o crescimento aparece em 5 dias4 . Entretanto,
observa-se falta de manejo clinico advindo do PSF, que mesmo com história
clinica clássica, não aventou a hipótese diagnóstico de esporotricose
 Normalmente, a especialidade de acompanhamento é feito com a infectologia 6
Mas clínicos, devem estar aptos a diagnosticar e tratar por se tratar de zoonose
prevalente.
CONCLUSÃO
É importante discutir casos de Esporotricose, pois se trata de uma zoonose
endêmica no Brasil. O atraso no diagnóstico e no início do tratamento pode
acarretar em complicações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Ramos M et al. Sporotrichoses. Clin Dermatol. 2007;25:181-7
2- Barros MB, et al. Cat-transmitted sporotrichoses epidemic in Rio de Janeiro, Brasil, descriptions of a serie of cases. Clin Infect Dis, 2004;
38: 529-35
3-Cordeiro FN, et al. Ocorrência familiar de esporotricose zoonótica. An. Bras. Dermatl., 2011, 86: 4
4-Lopes- Bezerra LM, Schubach A, Costa RO. Sporothrix schenckii and Sporotrichoses. Na.Acad Bras Cienc. 2006, 78:293-308
5-Da Rosa ACM, et al. Epidemiology of sporotrichosis: a studay of 304 cases in Brasil. J Am Acad Dermatol. 2005; 52:451-9
6-Lupi O, Tyring SK, McGinnis MR. Tropical dermatology; Fungal tropical diases. J Am Acad Dermatol. 2005; 53:931-51