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ARTIGO DE REVISÃO

Mal de Pott: uma revisão bibliográfica dos últimos 5


anos
Pott’s Disease: a bibliographic review from the last 5 years

Murilo Cazellato Pacheco de Mello1 RESUMO


Fillipe de Biaggi Borges da Silva1
Karla Mityko da Silva Ehendo1 Na revisão de literatura, o mal de Pott (MP) é um tipo de tuberculose
Renan Isa Botura1 extrapulmonar que afeta a coluna vertebral. É uma doença negli-
Ricardo Alessandro Teixeira Gonsaga1
genciada, subdiagnosticada e muitas vezes abordada tardiamente.
1
Curso de Medicina das Faculdades Integradas Os malefícios desta moléstia podem ser para toda a vida. Sua tríade
Padre Albino, Catanduva-SP. clínica inclui gibosidade, abscesso e paraplegia, sendo-lhe a dor crô-
Correspondência
nica nas costas altamente sugestiva. O padrão-ouro do diagnóstico
Murilo Cazellato Pacheco de Mello é a ressonância nuclear magnética com biopsia guiada por tomo-
Faculdades Integradas Padre Albino. Rua dos grafia computadorizada, seguida de cultura das amostras. Existem
Estudantes, 225, Parque Iracema, Catanduva-
SP. 15809-144, Brasil.
diversos diagnósticos diferenciais, o que corrobora com o seu sub-
murespa@terra.com.br diagnóstico. Há muitas controvérsias quanto à sua terapêutica, em
especial quanto à sua duração e à inclusão de tratamento cirúrgico.
Recebido em 29/outubro/2014 Concluímos que ainda são necessários mais trabalhos sobre o tema,
Aprovado em 14/novembro/2014
pois essa doença continua a ser negligenciada.

Palavras-chave: Mal de Pott; Espondilite tuberculosa; Revisão.

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(2): 173-184 173


Mello MCP et al.

ABSTRACT
Pott’s Disease (PD) is a type of extra-pulmonary tuberculosis that
affects the vertebral spine. It’s a neglected, under-diagnosed and
frequently lately approached disease. The sequels of this illness
may become a lifelong condition. It has three main symptoms that
include gibbosity, abscess and paraplegia. The chronic backache
is highly suggestive of PD. The diagnostic gold-standard exam is
magnetic resonance images (MRI) including a biopsy guided by a
computed tomography (CT) exam, followed by culture. The diffe-
rential diagnosis of PD is vast, which contributes to its under-diag-
nosis. There are many controversies regarding the treatment, spe-
cially about its duration and the addition of surgical debridement.
We concluded that more studies are needed about PD because it is
still a neglected disease.

Key words: Pott’s disease; Spinal Tuberculosis; review.

INTRODUÇÃO
O mal de Pott (MP) é uma manifestação extra- acometimento extrapulmonar do tipo ósseo e a
pulmonar da tuberculose (Tb), no qual o envol- coluna é o principal sítio de Tb óssea, o que per-
vimento da coluna vertebral se faz presente1. faz 1 a 2% dos casos totais de Tb5,6.
Estudos arqueológicos identificaram não só
múmias egípcias datadas de 9000 a.C. com MP O MP ocorre através da reativação de focos he-
como também 2 (dois)% de 483 esqueletos pré- matogênica ou linfaticamente metastizados
-colombianos no Chile com lesões condizentes para a coluna, acometendo preferencialmente
com tuberculose óssea2. Múmias do século III articulações e ossos que sustentam peso (mem-
d.C. na Hungria (império Romano) também
bros inferiores, coluna)7.
foram encontradas com esse padrão12. Subse-
quentemente, através de estudos moleculares, Ainda que o diagnóstico seja um consenso en-
foi possível constatar a real presença do Mico- tre os autores, com a grande maioria deles pre-
bacterium tuberculosis, o agente etiológico da zando pela diagnose precoce (mesmo com um
doença, nesses achados arqueológicos.2 Hipó-
quadro clínico levemente inespecífico)8, a te-
crates foi o primeiro a descrever a infecção na
rapêutica da doença ainda gera muitas contro-
coluna vertebral e Galeno foi o responsável por
vérsias9.
relatar o desenvolvimento na deformidade da
coluna secundária a um processo infeccioso3. A O MP é uma doença negligenciada em âmbitos
doença leva o nome de Percival Pott, cirurgião
de pesquisa e terapêutica, talvez pelo fato de
britânico que a descreveu no século XVIII4.
acometer pessoas de baixo poder aquisitivo10.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Além disso, o subdiagnóstico da doença é res-
(OMS), a tuberculose é uma enfermidade atual- ponsável por sequelas muitas vezes irreversí-
mente endêmica de países em desenvolvimen- veis, devendo ela ser sempre uma suspeita na
to, acometendo pacientes de qualquer idade vigência de dor crônica nas costas6. O último
que costumam viver no meio rural com maior resumo de impacto da doença foi feito em 2011,
prevalência em imunossuprimidos ou imuno- relegando nos últimos 3 anos artigos de relato
deprimidos. Cerca de 10% dos tuberculosos têm de caso que pouco acrescentam à literatura.

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Mal de Pott: uma revisão bibliográfica dos últimos 5 anos

Epidemiologia crônicos debilitados, imunossuprimidos ou


imunodeprimidos, soropositivos para HIV, ci-
Historicamente, houve três grandes períodos de
rurgia espinhal prévia, uso de corticosteroides e
epidemia de Tb: no século XIX, a “peste cinza”
uso de drogas intravenosas, insuficiência renal
acometeu 25% da população mundial; a segun-
ou hepática)15. Existe uma teoria que encontrou
da epidemia corresponde à síndrome expansi-
uma predisposição maior entre pacientes que
va da coinfecção HIV-Tb; a terceira epidemia,
possuem um polimorfismo da proteína FokI do
por sua vez, trata-se da atual Tb multidroga
receptor de vitamina D em desenvolverem MP6.
resistente11.
O foco metastático pode reativar-se imedia-
A Tb é incomum em países desenvolvidos oci-
tamente ou após anos de infecção latente. Em
dentais. A maioria dos casos nessas localidades
áreas endêmicas, a reativação destes focos ocor-
é advinda de imigrantes de áreas endêmicas.
re em aproximadamente 1 ano após a infecção
O grande cinturão de Tb é na África e Sudeste
pulmonar e em indivíduos mais jovens. Já fora
Asiático, responsáveis por mais de 90% dos cer-
destas áreas, a reativação é mais tardia e em
ca de 1,2 milhões de casos novos de Tb que sur-
adultos mais velhos16.
gem a cada ano, segundo a União Internacional
contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares12. Virtualmente, qualquer osso pode ser infecta-
O risco de se adquirir tuberculose em pacientes do. Entretanto, o diagnóstico pode ser retarda-
soropositivos é de 20 a 37 vezes maior do que do por acometer ossos não-usuais, já que a área
em soronegativos para HIV13. mais comum é o esqueleto toracolombar. As re-
giões cervical e sacral são raramente afetadas.
Em áreas endêmicas (América Latina, África e
O processo infeccioso ocorre na face anterior
Sudeste da Ásia), o MP é a causa mais comum
da vértebra e, através da face posterior do liga-
de osteomielite vertebral, ao contrário das ou-
mento vertebral anterior, a micobactéria atinge
tras regiões, em que o Staphylococcus spp. figu-
a vértebra subjacente, podendo ganhar acesso
ra como maior agente etiológico6. Nas regiões
ao espaço intervertebral. Para tal, a dissemina-
endêmicas, inclusive, o MP costuma acometer
ção subligamentar ao longo dos planos fasciais
mais crianças e adultos jovens, ao passo que nos
contíguos nos respectivos níveis de acometi-
países não-endêmicos costuma acometer adul-
mento é facilitada pela produção de proteases
tos de meia-idade11.
pelo agente etiológico. Com isso, pode-se gerar
um deslocamento ou até afecção do disco inter-
vertebral e a morte do tecido não-vascularizado.
Patogenia
Tal acometimento discal está intrinsecamente
A primoinfecção por Tb ocorre através da ina- ligado à sua vascularização, ou seja, em pacien-
lação de aerossóis contendo M. tuberculosis. tes mais jovens, nos quais o disco é mais vascu-
A micobactéria vai se instalar nos pulmões, larizado, há maior suscetibilidade à sua destrui-
gerando uma doença local com inflamação ção. Se muito avançada, o colapso de vértebras
granulomatosa que pode progredir para necro- pode ocorrer, o que ocasiona cifose6,7,17.
se caseosa14. O granuloma caracteriza-se por
conter macrófagos epitelioides, gigantócitos A formação de abscesso frio paravertebral é
de Langhans e bacilos ácido-álcool resistentes passível de existência. Esse abscesso pode cres-
(BAAR), com centro caseoso10. Durante a pri- cer e penetrar a parede torácica (dependendo
moinfecção a bacilemia leva à implantação de da localização), ou ainda, os ligamentos ingui-
focos metastáticos da micobactéria em diversas nais e até um abscesso de psoas pode ocorrer18.
localidades do organismo. Contudo, na maioria
dos casos, o sistema imune (LTCD8+, LTCD4+,
IF-gama) consegue suprimir tanto o foco da Mal de Pott em Pacientes Soropositivos para o
primoinfecção quanto os focos miliares de rea- HIV
tivação citados anteriormente15. A Tb é a infecção oportunista relacionada ao
HIV mais comum no mundo. Num estudo
Tais focos terão manifestações clínicas mais
realizado num hospital de João Pessoa (PB) de
comumente na população de risco (doentes

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2009, a Tb diminui a sobrevida dos soropositi- se of Systematic Reviews. Tais artigos foram
vos para HIV, sendo as formas mais frequentes selecionados a partir da data de publicação e/
nestes a pulmonar não-cavitária e as extrapul- ou última revisão entre 2009-2014 (presente
monares. O tratamento cirúrgico para estes pa- momento). Os artigos foram lidos na sua ínte-
cientes está indicado para uma descompressão gra e apenas foram inclusos aqueles que pos-
rápida a fim de resolver o déficit neurológico suem informações relevantes sobre o tema.
(a saber, parestesia, deteriorização neurológica Usou-se a pesquisa por descritores em ciências
aguda e paraplegia). Indica-se a operação tam- da Saúde (DeCS) com os nomes Mal de Pott,
bém para a correção de deformidades espinhais Espondilite Tuberculosa e Tuberculose Miliar
instáveis e para casos em que o tratamento me- nas plataformas Scielo e Lilacs-BIREME. Nas
dicamentoso não tenha apresentado resultados. plataformas UptoDate, Cochrane e PubMed,
O prognóstico dos doentes, com essa aborda- usou-se a pesquisa com o termo “Mal de Pott”
gem, melhorou6,19. e “Espondilite tuberculosa”, nas línguas portu-
guesa e inglesa. Os artigos selecionados tinham
Portanto, a coinfecção HIV-Tb aumenta a morbi- como línguas principais: inglês, espanhol e
mortalidade de ambas as doenças, especialmente português. Alguns dados da União Internacio-
se não houver adesão ao tratamento, e pode haver nal contra a Tuberculose e Doenças Pulmona-
limitações permanentes ao paciente13. res e da Organização Mundial de Saúde foram
utilizados por serem clássicos no assunto, mas,
como são anteriores a 2009, encontravam-se
Mal de Pott de Acometimento Multivertebral Não- fora dos critérios metodológicos, servindo de
Contíguo base para a introdução.
Embora uma forma pouco comum de MP, a li-
teratura atual está repleta de relatos de caso de Nem todos os artigos que surgiram na busca fo-
acometimento multivertebral não-contíguo ram utilizados nesta revisão. O principal crité-
por Tb (ou seja, quando são afetadas duas ou rio de exclusão foi o fato de o tema principal do
mais vértebras não-contíguas)6. Relataram- artigo não ser Mal de Pott. Outro critério foi o
-se casos em que até 17 vértebras estavam com fato de o artigo ser anterior a 2009 (como men-
a doença em um único paciente20. Os sítios de cionado anteriormente). E, por fim, excluíram-
acometimento mais comum continuam sendo -se os artigos que tinham temática repetida
o esqueleto toracolombar. Essas lesões possuem (no máximo 3 artigos com o mesmo recorte) e
um diagnóstico radiológico mais fácil e com aqueles que foram subjetivamente caracteri-
menores taxas de falso-negativos. Os principais zados como desatualizados ou prolixos. Tex-
fatores de risco são coinfecção por HIV, Tb mul- tos em livros de clínica médica e de patologia
tidroga resistente e doença de longa evolução21. traduzidos para a língua portuguesa também
foram usados para a confecção desta revisão.
O acometimento de três os mais vértebras au- Todos estes livros foram traduzidos e/ou edita-
menta consideravelmente o risco de paraple- dos após 2009. Na única revisão sobre o tema
gia, assim como a afecção cervical19. que foi publicada no período de 2009-2014, não
há especificações sobre os materiais e métodos
utilizados.
OBJETIVOS
Este estudo tem por objetivo fazer uma revisão
dos artigos mais recentes sobre Mal de Pott. DISCUSSÃO
Manifestações Clínicas

MÉTODOS O sintoma mais comum é dor crônica nas cos-


tas, com taxas variando entre 61 e 92% dos pa-
Esta é uma revisão bibliográfica sobre Mal de cientes22. Tal dor é bem localizada, com rigidez
Pott. Para sua elaboração, foram pesquisadas e espasmos musculares, variando desde fraca
publicações nas plataformas Lilacs-BIREME, intensidade a incapacitante, com posição an-
Scielo, PubMed, UptoDate e Cochrane Databa- tálgica e deambulação comprometida.

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Mal de Pott: uma revisão bibliográfica dos últimos 5 anos

Pode ocorrer formação de uma giba no local, -estar, fraqueza, suores noturnos e dores pelo
além de outras deformações na espinha, como corpo25.
cifose (de 20% a 29%). A severidade da cifose
varia conforme o número de vértebras doentes. Alguns autores dividem a doença em 4 padrões
A dor que pode existir nessa doença tem varia- diferentes: padrão paradiscal (mais de 50% dos
das causas: fraturas patológicas, compressão casos), granuloma anterior (onde se forma abs-
nervosa (osteófitos), instabilidade da coluna e cessos frios), lesões apendicais (maiores taxas
hérnia de disco são as mais comuns6. Alguns fa- de lesões contíguas e discais) e lesões centrais
tores de piora são: movimentação, tosse, levan- (acometimento neurológico mais frequente)2.
tamento de peso e percussão no local (56%)23.
Hiperestesia na área acometida é um sintoma
comum (75%). A tuberculose atlantoaxial se Diagnóstico
manifesta através de torcicolo6.
Quanto mais precoce o diagnóstico, menores as
chances de ocorrer complicações como cifose,
No paciente pediátrico, os sintomas podem in-
estenose do canal vertebral e déficit neurológi-
cluir déficit ponderoestatural, anormalidades
co permanente. O atraso diagnóstico, contudo,
de marcha, distensão abdominal, febre baixa,
é comum, visto que a doença tem muitas vezes
edema e lombalgia24. Em alguns casos, pode in-
um quadro clínico inespecífico e também pela
clusive ocorrer rotação renal, cifose e deformi-
ausência de uma moléstia pulmonar em curso.
dades permanentes na coluna, além de psoíte e
A média de atraso é de 5 meses26. As pistas clíni-
colapsos vertebrais (mais comuns na criança)18.
cas na anamnese que sugerem MP devem con-
Quanto ao acometimento neurológico, pode ha- templar o contato prévio com locais ou pessoas
ver desde perda de força muscular e hipoestesia em áreas endêmicas de Tb e dor toracolombar
progressiva dos membros, até paraplegia ou crônica (especialmente em crianças)18.
tetraplegia espástica, com hiper-reflexia simé-
O padrão-ouro para diagnose é a Ressonân-
trica dos mesmos. Retenção vesical e alterações
cia Nuclear Magnética (RNM), juntamente de
esfincterianas em níveis sensitivos compatí-
biopsia guiada por Tomografia Computadori-
veis com compressão medular podem ocorrer6.
zada (TC)8.
Um estudo teve 21,8% dos pacientes com sinto-
mas neurológicos. A dor radicular, dormência
(13,7%) e fraqueza também ocorrem. Uma vez
Diagnóstico Clínico-laboratorial
não tratados, esses sintomas costumam ser pro-
gressivos. Em alguns casos, o acometimento por Deve-se sempre suspeitar de MP na vigência
paraplegia ou parestesia súbita pode ocorrer16. de dor nas costas crônica. A anamnese deve ser
rica no tópico de antecedentes pessoais, em es-
O abscesso frio, por sua vez, pode se manifestar pecial quanto à história prévia de primoinfec-
através de uma massa palpável, de acometi- ção por Tb27.
mento do músculo psoas e/ou nervoso. Ele pode
ocorrer em qualquer local: desde o plexo coroide Alguns exames microbiológicos podem ser
até as vísceras pélvicas. Seu crescimento é lento feitos, tais como biopsia com cultura de teci-
e insidioso e sua principal característica é a au- do, fluido ou drenagem do local de infecção. A
sência de dor. O abscesso frio varia suas mani- biopsia desempenha um papel valioso no diag-
festações conforme sua localidade18. Na cervical, nóstico de infecção por Tb na coluna. A utiliza-
pode ocorrer um abscesso retrofaríngeo, com ção de técnicas de amplificação de DNA (reação
sintomas típicos de malignidades de cabeça e em cadeia da polimerase, ou PCR) pode facilitar
pescoço (massa, rouquidão crônica, insuficiên- o diagnóstico rápido e preciso da doença16. Con-
cia respiratória e focos mediastinais). O abscesso tudo, o FDA (“Food and Drugs Administration”)
pode também acompanhar os vasos sanguíneos não aprova ainda essa técnica no diagnóstico,
e formar abscessos glúteos e crurais6. tendo em vista ser pouco específica e sensível,
já que apresentou falso-negativos em 30,2% dos
Os principais sintomas constitucionais in- pacientes. O teste tuberculínico, por sua vez,
cluem febre (27%), perda de peso (16,2%), mal- teve reação positiva em 21,2%, positiva fraca

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em 36,5% e reação negativa em 42,3% dos casos. A taxa da velocidade de hemossedimentação


A cultura dos organismos é lenta (6 a 8 sema- (VHS) pode vir alterada, em especial quando
nas) e pode ser imprecisa. No entanto, ela ainda não houver leucocitose6.
é um método de diagnóstico precioso para re-
conhecer os germes causadores da doença2. Em
um pequeno número de casos, com imagem e Diagnóstico Imagenológico
achados clínicos sugestivos de infecção na co-
Nos países em desenvolvimento, a radiografia
luna, nenhum organismo pôde ser cultivado,
de coluna anteroposterior e em perfil ainda
apesar de várias tentativas. Assim, nesses casos,
continua sendo o principal método radiológico,
a infecção por micobactérias (leia-se MP), bem
já que é capaz de não só auxiliar o diagnóstico,
como o envolvimento fúngico deve ser consi-
como também a terapêutica. Este exame é ca-
derado, conforme recomendação da OMS28.
paz de captar alterações em até 99% dos casos,
O granuloma encontrado no MP contém ma- tais quais: achatamento do espaço interverte-
crófagos epitelioides, gigantócitos de Langhans bral (80%, o mais comum), rarefação do corpo
e infiltrado de linfócitos. Normalmente, em seu vertebral, opacidade das vértebras (vértebra
centro, encontra-se necrose caseosa, com ou em marfim), osteófitos, abscesso de partes mo-
sem BAAR. O achado do granuloma de centro les, sombra traqueal, aumento mediastinal e fu-
caseoso sugere fortemente Tb, embora não seja são entre os discos (10%)6,18.
patognomônico, já que a cultura se faz necessá-
Em um estudo indiano, Masavkar et al., 100%
ria para o diagnóstico laboratorial definitivo10.
dos pacientes foram submetidos ao exame ra-
Os achados hematológicos podem apontar para
diográfico, porém a TC foi a modalidade image-
uma anemia normocítica e normocrômica em
nológica mais frequentemente usada na avalia-
cerca de 50% dos casos29. A série branca, a gros-
ção das lesões espinhais (84,5% dos pacientes),
so modo, pode apresentar uma leucocitose com
ou seja, embora a radiografia mostre as lesões,
desvio à esquerda e deve-se sempre suspeitar
não as detalha tão bem quanto a TC. Além dis-
de Tb quando não se consegue encontrar uma
so, 70,1% dos pacientes foram submetidos à
etiologia bacteriana bem definida30. A monoci-
RNM. Vale lembrar que a TC fornece detalhes
tose é um achado usual, assim como plaqueto-
ósseos, enquanto a RNM avalia o envolvimento
penia ou plaquetose6. Tais sintomas podem ser
de partes moles e a formação de abscessos18.
sugestivos de uma mieloftise secundária à Tb
ou ainda serem sintomas de uma doença hema-
Outros achados imagenológicos incluem: pre-
tológica pré-existente14.
sença de abscessos pré e paravertebrais intraós-
seos (que podem estar associados à extensão
A hiponatremia é comum de se encontrar na
subligamentar da doença e rompimento do
Tb miliar, assim como a hipercalcemia (pela
espaço epidural), colapso central das vértebras,
destruição óssea). Uma piúria estéril foi encon-
arco neural de Tb, envolvimento vertebral
trada em 32% dos pacientes, sem a presença de
circunferencial (envolvimento em “panela”),
M. tuberculosis no trato geniturinário23.
tuberculoma extradural ou intramedular e
O ensaio com GeneXpert faz a amplificação granuloma subdural. Todavia, tecido granu-
do DNA do M. tuberculosis e simultaneamente lomatoso epidural ou tuberculoma da medula
identifica sua provável resistência à rifampici- espinhal não podem ser detectados por esses
na16. métodos29,32.

Apenas um trabalho indiano, D’souza et al. A RNM demonstra prontamente a afecção dos
(2014), contudo, contrariou a literatura ao corpos vertebrais, assim como a destruição dos
afirmar que o diagnóstico histopatológico, as- discos, abscessos frios, colapso de vértebras e
sociado ao PCR seria uma ferramenta rápida e deformidades espinhais. Nos estágios iniciais
eficiente ao diagnóstico, mais até do que a RNM da doença, apenas se observa uma degenera-
seguida de TC guiando biopsia, uma vez que ele ção da vértebra e alterações da medula óssea.
excluiria alguns diagnósticos diferenciais com A RNM é bastante eficaz em detectar abscessos
maior facilidade, segundo os autores31. intramedulares e extramedulares, assim como

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Mal de Pott: uma revisão bibliográfica dos últimos 5 anos

tuberculomas, cavitação espinhal, edema de e malformações arteriovenosas da coluna, que


notocorda e lesões não-contíguas. Os envolvi- podem apresentar-se como paraplegia aguda6,37.
mentos subligamentar e paravertebral também
podem ser verificados de forma satisfatória. Entre as doenças degenerativas, deve-se pen-
sar em osteoporose, espondilite anquilosante e
Existe também o “Gallium-scan”, uma cintilo- artrite reumatoide. Quanto à última, existe um
grafia capaz de mostrar captação difusa pul- caso recente na literatura de uma mulher com
monar e extrapulmonar na Tb miliar. Contudo, esta doença que apresentou mal de Pott comór-
sua sensibilidade e especificidade são limita- bido devido ao uso de um imunossupressor
das. Não existem padrões patognomônicos cin- (metotrexato)21.
tilográficos na Tb óssea. Em ossos altamente
vascularizados, costuma se apresentar como A doença genética com o mais importante diag-
um ponto hipercaptante; já nos ossos menos nóstico diferencial é a osteogênese imperfeita.
vascularizados, o ponto é hipocaptante. Sua im- Esta doença afeta recém-nascidos exclusiva-
portância se justifica a fim de diferenciar me- mente, grupo raro de apresentar Mal de Pott11.
tástases ósseas de infecção óssea2,33.
As causas traumáticas devem ser sempre co-
gitadas. Deve-se ter cautela em excluir MP no
Diagnóstico Diferencial evento dum trauma, pois as doenças podem ser
comórbidas6.
Existem vários diagnósticos diferenciais, mo-
tivo o qual pode atrasar o diagnóstico precoce As causas infecciosas são muito importantes
correto2. As principais etiologias são: neoplási- também. Em especial, a espondilite por Staphy-
ca, alterações vasculares, doença degenerativa lococcus spp.,., que é mais frequente. Existem ou-
(autoimune ou não), doenças genéticas, trau- tros agentes etiológicos, como: Torulopsis spp.,
mática, infecciosa, tóxico-metabólico-caren- Candida spp., Aspergillus spp., Caccidioides spp.,
cial e lesão raquimedular. Actinomyces spp., Blastomyces spp., Nocardia spp.,
micobactérias atípicas, Treponema spp. e Echino-
Alguns tumores que foram publicados na lite- coccus spp. A brucelose é outro diagnóstico dife-
ratura são: o cordoma (tumor maligno primá- rencial6.
rio mais comum a nível sacral, com a maioria
dos indivíduos acometidos entre 40-70 anos), As principais causas tóxico-metabólico-caren-
que normalmente se manifesta através duma ciais, além da osteoporese por deficiência de
massa sacral grande, destrutiva, com extensão cálcio, devem incluir osteomalácia e raquitis-
a tecidos moles secundários e radiografias que mo (ambas deficiências de vitamina D). O uso
de corticoides pode gerar osteopenia e apresen-
podem mostrar osteólise sacral junto de massa
tar quadro clínico parecido. A intoxicação por
pós-sacral amolecida associada a calcificações;
cádmio, que gera lesões ósseas destrutivas do-
tumor de células gigantes (segunda neopla-
lorosas e é conhecida no Extremo Oriente por
sia sacral mais comum), que ocasionalmente “itai-itai” (traduzido do japonês como “ai-ai!”)
apresenta níveis liquefeitos; mieloma múltiplo também é um diagnóstico diferencial10,14.
(neoplasma dos plasmócitos, com lesões os-
teolíticas, insuficiência renal, hipercalcemia e A lesão raquimedular de qualquer etiologia
anemia); linfoma extranodal de células T; neo- sem comprometimento ósseo pode mimetizar
plasia do canal espinhal (massa dorsal no canal quadros Pott-símiles em relação aos sintomas
medular, poupando os discos intervertebrais neurológicos6. Um caso interessante documen-
da destruição); metástases (câncer de prósta- tado foi de um grupo de médicos indianos que
ta é uma causa comum, em especial pelo plexo considerou uma mielite transversa por dengue
venoso de Batson); osteossarcomas, osteoclas- ao invés de MP num paciente que teve coinfec-
tomas e osteomas. No caso da presença de uma ção dengue-Tb. Outro quadro neurológico que
massa mediastinal, o diagnóstico diferencial pode fazer diagnóstico diferencial é a síndrome
com timoma deve ser feito23,33-36. de Guillain-Barré38.

As alterações vasculares devem incluir no diag- No caso de sinal de psoas positivo, deve-se sus-
nóstico diferencial, em especial, infartos ósseos peitar de psoíte18.

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Mello MCP et al.

Tratamento não-contíguo foi a laminectomia com inserção


de parafusos pediculares e margens superiores
Ainda há controvérsias quanto à duração da
e inferiores estendidas à lesão e quimioterapia
terapia. Para a maioria dos pacientes que re-
adjuvante.
cebem a primeira linha de agentes, 6 meses de
tratamento parecem ser eficientes. A terapia de A principal razão para a troca do tratamento
mais longa duração (de 9 a 12 meses) foi usada medicamentoso exclusivo pelo associado à ci-
nas seguintes circunstâncias: tentar garantir rurgia é o aparecimento de sintomas neurológi-
para a maioria dos pacientes um regime livre cos. Alguns cirurgiões optam por operar cifoses
de rifampicina para os que não podem usá-la e com mais de 30º 9.
para imunodeprimidos; tratamento de crianças
e pacientes com grande carga de bacilo; e ainda As indicações para a cirurgia em espondilite
para pacientes com respostas microbiológica tuberculosa aguda são: déficit neurológico pro-
e/ou clínica lentas6. gressivo; aumento progressivo da deformidade
da coluna vertebral ( coronal ou sagital); falha
A eficácia da quimioterapia ultracurta (menos no tratamento conservador; dor devido a abs-
de 6 meses) é semelhante ao padrão e encurta cesso ou instabilidade vertebral; e diagnósti-
significativa o ciclo de tratamento. Contudo, co incerto (incapacidade de obter diagnóstico
este tipo de tratamento não é adequado para pa- microbiológico de microscopia, cultura ou até
cientes com desbridamento incompleto do foco
mesmo através da detecção de DNA do M. tu-
concomitante, ou com Tb extraespinhal ativa,
berculosis por PCR)7,22.
ou com doença hepática grave e/ou disfunção
renal, ou com outras comorbidades clínicas Os estudos não comprovaram melhoras estatis-
graves39. ticamente significantes ao se comparar a práti-
ca da cirurgia rotineira com o método exclusi-
Existe um artigo que cita quimioterapia de du-
vamente farmacológico. Quanto aos sintomas
ração de 15 meses18.
neurológicos, a maioria dos estudos encontra-
O tratamento com rifampicina, isoniazida, pi- dos não são randomizados, o que faz a literatura
razinamida, piridoxina e colete de fixação tora- carecer de dados estatisticamente fiéis sobre a
colombossacral pareceu efetivo num caso3. melhora deste quadro9.

Combinação de rifampicina , isoniazida , etam-


butol e pirazinamida durante dois meses, segui- Prognóstico
da por combinação de rifampicina e isoniazida
por um período total de 6, 9, 12 ou 18 meses, é o Num estudo de Garg et al. com 43 pacientes na
protocolo mais utilizado para o tratamento de Índia, os fatores prognósticos mais importante
tuberculose espinal29,40. no decorrer de seus 6 meses incluem força mus-
cular, escore de paraplegia, potenciais de evoca-
As técnicas cirúrgicas seguintes são atual- ção sensorial e motora6.
mente utilizadas para o tratamento do MP:
descompressão e posterior fusão dos enxertos Pacientes com perda de força leve têm maiores
ósseos; desbridamento anterior juntamente de de chance de reabilitação completa, sem seque-
descompressão e fusão dos enxertos; desbrida- las2.
mento anterior com descompressão e fusão dos
enxertos simultâneas ou sequenciais aliadas à As principais sequelas incluem deformidade
instrumentação; e fusão posterior com instru- permanente da coluna, paraplegia ou tetraple-
mentação, seguida por desbridamento anterior gia, déficit neurológico e dissociação atlantoa-
simultâneo ou sequencial à descompressão e à xial nos casos que afetam estas vértebras41.
fusão. Tal fusão se faz através de parafusos pe-
diculares entre os enxertos ósseos16,30. A presença de pancitopenia ou leucopenia in-
duzem prognose reservada, tal qual doenças
Uma modalidade terapêutica que se mostrou prévias graves e teste tuberculínico não-rea-
eficaz nos pacientes com MP multivertebral gente22.

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Mal de Pott: uma revisão bibliográfica dos últimos 5 anos

CONCLUSÃO a duração do tratamento clínico e da melhor


técnica cirúrgica empregada na doença. Pelo
O MP ainda é uma doença subdiagnosticada
contrário, trazem apenas mais possibilidades de
na maioria dos serviços. Talvez pelo fato de ser
tratamento e nenhuma inovação nestes proto-
uma doença com poucas pesquisas de impacto
colos, o que gera apenas mais controvérsia.
recentes. Alguns autores esbarraram no fato de
a maioria dos trabalhos de relevância sobre o Assim, o MP deve ser objeto de mais estudos,
tema ser antiga, com grande parte inclusive do afinal não é uma doença tão incomum quanto
século XX, havendo apenas dois trabalhos de parece à maioria das pessoas.
renome nos últimos anos.

A última revisão literária de MP foi feita há três


AGRADECIMENTO
anos, relegando à maior parte da literatura atual
relatos de caso. Embora estes acrescentem na Agradecemos à Profª. Drª. Silvia Ibiraci de Sou-
confecção da diagnose diferencial pouco con- za Leite pela revisão do artigo e pelas dicas na
tribuem para solucionar o conluio que há sobre sua confecção.

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