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Tuberculose na Atenção

Primária à Saúde
Tuberculose – Características Gerais

Século XIX - “Peste branca”


Metade do século XX - acentuada redução da incidência e da mortalidade
década de 1980 - recrudescimento global da TB
emergência da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)

2015:
10,4 milhões de pessoas desenvolveram TB
580 mil na forma de TB multirresistente (TB MDR) ou TB resistente à
rifampicina (TB RR)
1,4 milhão morreram da doença.

região das Américas: cerca de 3,0% da carga mundial de tuberculose


Tuberculose – Características Gerais

- A tuberculose (TB) é uma doença bacteriana infecciosa causada


pelo Mycobacterium tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch
(BK). É denominada como um agravo de notificação compulsória que deve
ser notificada por meio do SINAN (Sistema Informação de Agravos
de Notificação). Essa doença é um grande problema de saúde pública no
Brasil e seu controle é considerado pelo Ministério da Saúde (MS) como área
estratégica da Atenção Básica (AB).
Epidemiologia
Brasil:

queda na incidência de tuberculose 2010 e 2016


aumento na incidência em 2017 e 2018
2019: incidência de 35,0 casos/100.000 habitantes
mortalidade: estável desde 2010, de 2,2 a 2,3 óbitos/100.000 habitantes

OMS: “Estratégia pelo Fim da Tuberculose” (2014): metas para 2035:

reduzir incidência para menos de 10 casos por 100.000 habitantes


reduzir óbitos por tuberculose em 95%.
Etiopatogenia
Complexo Mycobacterium tuberculosis:

M. tuberculosis (bacilo de Koch (BK))


-

M. bovis
-

M. africanum
-

M. canetti
-

M. microti
-

M. pinnipedi
-

M. caprae
-
Epidemiologia

● A TB está diretamente associada às condições socioeconômicas, incluindo


condições de moradia, acesso aos serviços de saúde e alimentação
adequada. Os grupos mais vulneráveis à doença são as pessoas vivendo com
HIV/AIDS, pessoas em situação de rua, povos indígenas, profissionais de
saúde, e a população privada de liberdade.
Transmissão

● O homem é o principal reservatório da doença e a transmissão se dá de um


indivíduo bacilífero (aquele cuja baciloscopia de escarro é positiva) para
um indivíduo susceptível, principalmente por aerossol. A tosse, fala ou
espirro da pessoa com tuberculose pulmonar bacilífera lançam no ar
gotículas de tamanhos variados contendo o bacilo.
Transmissão
Uma pessoa com baciloscopia positiva infecta de 10 a 15 pessoas em
média, em uma comunidade, durante um ano
O risco de transmissão da TB perdura enquanto o paciente eliminar bacilos
no escarro
O adoecimento não confere imunidade e recidivas podem ocorrer
O bacilo é sensível à luz solar, e a circulação de ar possibilita a dispersão de
partículas infectantes. Com isso, ambientes ventilados e com luz natural
direta diminuem o risco de transmissão. -- lógica dos antigos centros em
Campos do Jordão, por ex.
TRANSMISSÃO
Alguns grupos populacionais têm maior vulnerabilidade para a TB:
Transmissão

● O risco de aparecimento de doença entre os indivíduos infectados pelo


bacilo está associado à idade avançada, infecção pelo HIV, diabetes, uso de
corticoide ou outros imunossupressores, condições socioeconômicas
precárias, alcoolismo, desnutrição, doenças pulmonares crônicas (ex.
silicose), neoplasias e uso de drogas ilícitas.
Vigilância e controle da tuberculose

● Busca ativa de sintomáticos respiratórios (SR) e diagnóstico precoce


da TB

● Atenção Básica tem papel fundamental na identificação e busca ativa


de indivíduos sintomáticos respiratórios (tosse há mais de 3
semanas), e associados a um diagnóstico precoce têm mais
possibilidade de cura e uma redução de novos casos por transmissão
horizontal
Vigilância e controle da tuberculose

● O Agente Comunitário de Saúde(ACS) tem papel importante na


identificação e captação do sintomático respiratório (SR) na comunidade.
Assim, dentro da Unidade de Saúde, os profissionais da Equipe de Saúde da
Família (ESF) devem sempre indagar dos pacientes sobre a presença de
tosse e sua duração, independentemente do motivo da procura.
● Cabe ao ACS realizar a busca ativa dos pacientes que não comparecerem
ao serviço de saúde quando agendados. orientar que tome a medicação
para TB com o café da manhã, ou duas horas depois, e marcar consulta no
serviço de saúde de acordo com o Programa Nacional de Controle
da Tuberculose (CGPNCT/SVS/MS).
Diagnóstico clínico
Febre
Adinamia
Anorexia
Emagrecimento
Sudorese noturna
Sintomas específicos do local acometido:
85% forma pulmonar x 15% forma extrapulmonar
Tosse

O tempo da tosse deve ser considerado dependendo da população:


Tosse por duas semanas ou mais, deve-se investigar tuberculose na população
geral
Investigar tuberculose, com qualquer tempo de tosse, em:
pessoas em contato com pacientes com tuberculose
pessoas vivendo com o HIV (PVHIV)
população privada de liberdade
população em situação de rua
indivíduos que vivem em albergues ou instituições de longa
permanência
indígenas
profissionais de saúde
imigrantes e refugiados
Tuberculose extrapulmonar
É uma forma paucibacilar:
o diagnóstico é frequentemente presuntivo
o diagnóstico clínico não é suficiente e requer exames complementares

A tuberculose pleural é a forma mais comum de tuberculose extrapulmonar,


exceto em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHIV) tuberculose ganglionar é
mais frequente):
tosse seca
dor torácica ventilatório-dependente (dor pleurítica)
dispneia dependendo do volume de líquido pleural.
DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
Baciloscopia do escarro: detecta os pacientes bacilíferos, que alimentam a
cadeia de transmissão da doença

Sensibilidade chega a 80% na presença de lesões cavitadas e extensas


positiva em apenas 20% dos pacientes com lesão mínima e em pacientes
com a coinfecção por HIV
Caso persista a suspeita de tuberculose pulmonar, pode-se proceder com
broncoscopia e coleta de LBA para baciloscopia e cultura
Tuberculose extrapulmonar

Em casos suspeitos de tuberculose extrapulmonar, a baciloscopia do


material obtido também é indicada, apesar de a sensibilidade ser menor.
Tuberculose pleural, o líquido pleural apresenta-se como um exsudato, com
predomínio de linfócitos, mas com baixo rendimento para a pesquisa de
BAAR (< 5%).
Obs: no empiema tuberculoso, o rendimento da baciloscopia é alto.
Níveis elevados de adenosina desaminase (ADA)(> 40 U/L) no líquido
pleural são considerados como fortemente sugestivos do diagnóstico de
tuberculose pleural.
Cultura

Cultura em meios sólidos e/ou líquidos: padrão ouro para o diagnóstico


sensibilidade ~ 80%
especificidade 98%
Contudo, os meios sólidos demandam de duas até oito semanas para a
detecção do crescimento micobacteriano
se for acessível, meio líquido com sistemas automatizados: 10-42 dias
Testes moleculares

Xpert MTB/RIF - baseado na amplificação de ácidos nucleicos para a


detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de
cepas resistentes à rifampicina pela técnica de reação em cadeia da
polimerase (RCP) em tempo real
resultados em aproximadamente 2 h, sendo necessária somente uma
amostra de escarro
sensibilidade em amostras de escarro de adultos: 90%
Para resistência à rifampicina, a sensibilidade é de 95%.
No Brasil, o Xpert MTB/RIF recebeu a denominação de teste rápido
molecular para tuberculose (TRM-TB) - indicado para o diagnóstico de casos
novos de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes
Testes moleculares

Xpert MTB/RIF Ultra: maior sensibilidade na detecção da tuberculose,


principalmente em amostras paucibacilares.
Sensibilidade é comparável à da cultura líquida
Já está disponível no Brasil
Diagnóstico radiológico
Rx:

Incidências posteroanterior e perfil esquerdo


Radiografia apicolordótica (incidência de Fleischner) poderá complementar a
rotina nos casos em que há dúvidas na interpretação dos ápices pulmonares
Na suspeita de derrame pleural infrapulmonar, a incidência em decúbito lateral
com raios horizontais (Hjelm Laurell) vem sendo substituída pela ultrassonografia
de tórax
Radiografia apicolordótica (incidência de
Fleischner)
Incidência em decúbito lateral com raios
horizontais (Hjelm Laurell)
Alterações radiográficas
- Tuberculose primária (mais frequente em crianças, mas pode também
ocorrer em adultos):

- opacidades parenquimatosas
- linfonodomegalias hilares e/ou mediastinais
- redução volumétrica do pulmão por compressão (síndrome do lobo médio)
- eventualmente, imagens cavitárias (padrão de disseminação brônquica)
- padrão difuso/ miliar
- comprometimento de outros locais, como a pleura.
Alterações radiológicas

- Tuberculose secundária ou de reinfecção (forma mais comum entre


adolescentes e adultos)

- o comprometimento dos pulmões ocorre em 85-90% dos casos


- Muitas manifestações radiográficas possíveis: pequenos nódulos
agrupados, opacidades heterogêneas segmentares ou lobares, nódulos de
1-3 cm de diâmetro, cavidades de paredes espessas com disseminação
broncogênica e áreas de fibrose, entre outras
- incidem mais frequentemente nos lobos superiores em seus segmentos
apicais e posteriores e nos lobos inferiores nos segmentos apicais
- Habitualmente comprometem mais de um lobo e são bilaterais
Alterações tomográficas
TC - mais sensível e específica do que a radiografia do tórax:

Demonstram alterações iniciais ainda imperceptíveis pelo método radiográfico


indicação: pacientes sintomáticos respiratórios com alterações mal definidas ou
duvidosas nos quais o contexto clínico-epidemiológico aponta para a
possibilidade de tuberculose
Há um padrão tomográfico compatível com tuberculose ativa, caracterizado
por consolidação (com ou sem broncograma aéreo), nódulos, cavidades,
nódulos de espaço aéreo (árvore em brotamento) e alterações brônquicas,
como espessamento das paredes e dilatação
A - nódulos do espaço
aéreo, difusos, alguns
dicotômicos (padrão de
árvore em brotamento)
e opacidades de
aspecto retrátil no lobo
médio.
B - cavidade de paredes
espessadas associada a
nódulos satélites e
espessamento
acentuado das paredes
brônquicas no segmento
apical do lobo inferior
direito
C - reformatação
coronal exibindo
cavidades de paredes
espessadas e nódulos
satélites, bilateralmente
D - padrão miliar com
micronódulos de
distribuição difusa
Diagnóstico histopatológico
importante método para o diagnóstico da tuberculose pulmonar e
extrapulmonar a partir de fragmentos dos tecidos acometidos pelo M.
tuberculosis
lesão histopatológica usual: granuloma com necrose caseosa, composto por
histiócitos epitelioides em torno de um centro necrótico, geralmente
acompanhado de um número variável de células gigantes multinucleadas e
linfócitos, encontrados em até 80% dos casos
Nos pacientes não imunossuprimidos, a baciloscopia do tecido pulmonar
usualmente é negativa, enquanto é mais frequentemente positiva nos
pacientes imunossuprimidos.
Tuberculose extrapulmonar (HISTOPATOLÓGICO)
Na tuberculose pleural, recomenda-se a coleta de fragmentos para a
realização de exame histopatológico, pesquisa de BAAR, cultura para
micobactérias e Reação em Cadeia de Polimerase (RCP).
A biópsia pleural demonstra granulomas em 50-97% dos casos, e as culturas
são positivas em 40-80% dos casos
A presença de granulomas caseosos, mesmo na ausência de BAAR ou
cultura negativa, é considerada altamente sugestiva de tuberculose
O diagnóstico etiológico de certeza requer a demonstração do M.
tuberculosis por cultura ou RCP
Outros Métodos Diagnósticos

Adenosina deaminase (ADA):

Em amostras de fluidos
ADA: enzima intracelular presente particularmente no linfócito ativado
pode auxiliar no diagnóstico da TB ativa
sensibilidade e a especificidade da ADA são de 88,7% e 91,5%,
respectivamente(ADA>40)
Análise do líquido pleural

● A amostra do líquido pleural para análise pode ser obtida por punção com
agulha da cavidade pleural (Toracocentese).
. Análise de elementos não protéicos: Coloração, pH e Glicose Análise de
elementos protéicos: DHL, Proteínas, Amilase, Citograma, Adenosina
deaminase (ADA) e Cultura para BAAR= positiva em menos de 30 % dos
pacientes e pode demorar 2 meses ou mais. Reação em Cadeia da Polimerase
(PCR) para Mycobacterium tuberculosis = a sensibilidade pode chegar à 78 %,
com uma especificidade próximo de 100 %. Interferon gama = semelhante à
ADA, quando aumentado sugere tuberculose pleural. Entretanto, em muito
locais, este exame não existe de rotina.
Tuberculose e HIV

Todo paciente com diagnóstico de tuberculose deve ser testado para HIV
O diagnóstico precoce de infecção pelo HIV em pessoas com tuberculose
tem importante impacto no curso clínico das duas doenças.
adultos e adolescentes infectados pelo HIV devem ser questionados em
todas as visitas aos serviços de saúde sobre a presença dos sintomas abaixo:
tosse independentemente da duração
febre
perda de peso
sudorese noturna.
em pacientes com linfócitos T CD4+ > 350 cel/mm3, a apresentação clínica é
semelhante a pacientes não infectados
Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune (SIR)

Entre 10 e 25% dos doentes, a restauração do sistema imune provoca intensa


reação contra as infecções co-existentes, causando manifestações atípicas por
agentes oportunistas, com acentuada inflamação tecidual.. O conjunto dos
parâmetros clínicos e laboratoriais resultantes dessa resposta inflamatória
exacerbada tem sido denominado como síndrome inflamatória da
reconstituição imunológica (SIRI) com agravamento de lesões preexistentes
ou aparecimento de novos sinais e sintomas:
febre, perda de peso e sinais de intensa reação inflamatória local, tais como
linfadenite, consolidação pulmonar, infiltrados e nódulos
Tratamento - princípios

A tuberculose é uma doença curável em praticamente todos os casos, em


pessoas com bacilos sensíveis aos medicamentos antituberculose, desde
que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e que haja
a adequada operacionalização do tratamento

Se o esquema terapêutico é equivocado, realizado de maneira irregular,


com doses inadequadas ou interrompido precocemente, cepas resistentes
aos medicamentos podem ser selecionadas
Tratamento - princípios

● O monitoramento do tratamento é fundamental e a comunidade precisa ser


envolvida e participar na atenção e no controle da TB.
O tratamento deve ser feito, preferencialmente, com o esquema básico, que
se inicia com quatro medicamentos (rifampicina (R), isoniazida (H),
pirazinamida (Z) e etambutol (E) – RHZE), nos primeiros dois meses,
seguido de quatro meses de rifampicina e isoniazida (RH). A observação da
tomada desses medicamentos deve ser diária, podendo ser feita na Unidade
de Saúde ou no domicílio do paciente.
Tratamento - princípios

Os medicamentos antiTB, em geral, interferem no sistema enzimático do


bacilo ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para o seu
crescimento

Os fármacos só atuam quando há atividade metabólica, ou seja, bacilos


em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos, mas são
destruídos pelo sistema imunológico
Tratamento - princípios

- Fármacos que melhor se difundem no meio intracelular e em pH ácido:


rifampicina, pirazinamida e etambutol
- Fármacos com melhor ação na lesão cavitária: a rifampicina, isoniazida e
estreptomicina

- Maior atividade bactericida precoce: isoniazida, estreptomicina e


rifampicina
- etambutol: bacteriostático e estrategicamente associado aos
medicamentos mais potentes para prevenir a emergência de bacilos
resistentes.
Tratamento - princípios
- Após duas a três semanas de tratamento com esquema antiTB que contenha
fármacos com atividade bactericida precoce, ocorre significativa diminuição
da capacidade de transmissão de bacilos pelos indivíduos doentes: fim do
isolamento
Tratamento - princípios
Em todos os esquemas de tratamento, os medicamentos devem ser ingeridos
diariamente e de uma única vez
O tratamento das formas extrapulmonares também tem a duração de seis
meses, exceto as formas meningoencefálica e osteoarticular
Em casos individualizados, quando a TB apresentar evolução clínica não
satisfatória, o tratamento pode ser prolongado na sua segunda fase, de quatro
para sete meses (total de 9)
Uma vez iniciado o tratamento, ele não deve ser interrompido, salvo após uma
rigorosa revisão clínica e laboratorial que determine mudança de diagnóstico
Tratamento - princípios

● Além disso, para aumentar a adesão, entra, mais uma vez, a importância da
equipe de saúde em demonstrar cuidado, responsabilidade e solidariedade,
que compreenda as necessidades individuais e familiares do paciente e
respeite sua autonomia.
Esquemas de Tratamento para a Tuberculose
Duas fases: intensiva (ou de ataque), e de manutenção

Fase intensiva: reduzir rapidamente a população bacilar e a eliminação dos


bacilos com resistência natural a algum medicamento - diminuição da
contagiosidade
Fase de manutenção: eliminar os bacilos latentes ou persistentes e
redução da possibilidade de recidiva da doença
Esquemas de Tratamento para a Tuberculose
No Brasil:
quatro fármacos na fase intensiva (RHZE) - 2 meses
dois na fase de manutenção (RH) - 4 meses

R – Rifampicina; H – isoniazida; Z – Pirazinamina; E – Etambutol


Condições especiais

O Esquema Básico pode ser administrado nas doses habituais para


gestantes e, dado risco de toxicidade neurológica ao feto atribuído à
isoniazida, recomenda-se o uso adicional de piridoxina
Não há contraindicações à amamentação, desde que a mãe não seja
portadora de mastite tuberculosa.

Como o diabetes retarda a resposta microbiológica, pode ocorrer


diminuição das taxas de cura, aumento das recaídas, além de maior
evolução para tuberculose resistente.
controle do tratamento por meio de baciloscopias mensais
devido à complexidade das interações medicamentosas, pode ser
necessária insulinoterapia.
Condições especiais
O tratamento da TB em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) segue as mesmas
recomendações para os não infectados, tanto na utilização dos fármacos
quanto na duração total do tratamento
PVHIV apresentam maior ocorrência de falha terapêutica, recidiva e de
resistência aos fármacos
reações adversas aos medicamentos antiTB são mais frequentes entre
PVHIV

Todas as PVHIV com TB ativa devem receber TARV, independente da


contagem de LT-CD4+
porém, o início concomitante do tratamento da tuberculose e da
infecção pelo HIV é contraindicado, uma vez que pode haver aumento
do risco de intolerância e de reações adversas, piorando a adesão
Acompanhamento do tratamento
Acompanhamento clínico para todos os casos

Mensalmente.
Sinais e sintomas que indicam a evolução e/ou regressão da doença.
Monitoramento do peso para eventuais ajustes posológicos das medicações
Ocorrência de reações adversas.
monitoramento da adesão ao tratamento.
Acompanhamento do tratamento
Controle bacteriológico para os casos pulmonares:

Baciloscopia mensal.
-

Espera-se a negativação da baciloscopia a partir do final da segunda semana de


-

tratamento.

Controle radiológico:

Após o segundo mês de tratamento.


-

Evolução clínica favorável, outro exame radiológico pode ser realizado somente ao
-

final do tratamento.
Investigação de contatos e tratamento da
infecção latente de tuberculose (ILTB)

● O controle de contatos de um caso índice é fundamental para interrupção


da cadeia de transmissão e deve-se identificar precocemente as pessoas que
serão consideradas contatos, além de estabelecer o tipo de convívio (casa,
ambiente de trabalho, escola, etc.).
● Esta avaliação consiste na realização inicial de anamnese e exame físico
visando a identificação de sinais ou sintomas compatíveis com tuberculose.
O resultado da avaliação do contato deve ser registrado em prontuário para
definir a estratégia a ser usada em cada indivíduo.
Investigação de contatos e tratamento
da infecção latente de tuberculose (ILTB)

Os contatos sintomáticos deverão ter sua investigação diagnóstica ampliada


com radiografia de tórax, baciloscopia de escarro e outros exames.
Os contatos assintomáticos deverão realizar prova tuberculínica (PT). Se a PT for
negativa, deve-se repeti-la oito semanas mais tarde, pois o indivíduo pode estar
ainda na fase de janela imunológica.
Em todo caso, se os contatos não comparecerem à Unidade de Saúde,
procede-se à busca ativa dos contatos por meio de visita domiciliar. Diante desse
contexto, percebe-se o significado da Atenção Básica de Saúde na promoção,
prevenção e reabilitação em saúde no Brasil.
Tratamento da Tuberculose Drogarresistente

O tratamento da tuberculose drogarresistente (TB DR) é um dos maiores


desafios para o controle da doença no mundo, especialmente a que envolve
resistência à rifampicina
Fármacos de segunda linha resultam em tratamento com duração mais
prolongada, com maior potencial de toxicidade e de pior prognóstico
O esquema terapêutico deve incluir três a quatro medicamentos efetivos, de
acordo com os critérios listados a seguir:
nunca ter sido usado anteriormente pelo paciente;
sensibilidade demonstrada, considerando a possibilidade de resistências
cruzadas
pelo menos dois fármacos essenciais (com capacidade bactericida e
esterilizante)
um ou dois fármacos acompanhantes para proteger os essenciais
Adesão
A adesão aos tratamentos prescritos por equipes de saúde é um desafio
constante
A não adesão ao tratamento pode ter consequências importantes,
diminuindo a possibilidade de cura, mantendo a cadeia de transmissão e
aumentando o risco de resistência
Abandono do tratamento: quando o paciente deixa de comparecer à
unidade de saúde por mais de 30 dias consecutivos, após a data prevista
para o seu retorno
Quando as estratégias falham, deve-se começar tudo de novo
Tratamento Diretamente Observado
(TDO)
Observação direta da ingestão dos medicamentos, que deve ser realizada,
idealmente, em todos os dias úteis da semana
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO LATENTE

Infecção latente por tuberculose (ILTB): estado do indivíduo infectado pelo


M. tuberculosis no período entre o primeiro contato com o bacilo e o
desenvolvimento da tuberculose ativa
o indivíduo se encontra infectado pelo bacilo da tuberculose, mas sem
manifestação da doença ativa.
esses indivíduos são reservatórios do bacilo, os quais podem ser
reativados sob condições que alterem a competência do sistema
imunológico, tais como a infecção pelo HIV, tratamentos
imunossupressores, idade (menor do que 2 anos ou maior do que 60
anos), diabetes mellitus e desnutrição
estima-se que 1/4 da população global esteja infectada pelo M. tuberculosis
e que 10% das pessoas que foram infectadas pelo M. tuberculosis adoeçam
maior risco de adoecimento: primeiros 2 anos após a primoinfecção
Investigação da ILTB
Dois métodos atualmente validados:

prova tuberculínica (PT ou PPD)


Interferon gamma release assay (IGRA) [ensaio de liberação de IFN-γ]

Ambos são métodos imperfeitos e indiretos:

avaliam a resposta do indivíduo à exposição a antígenos micobacterianos, e não


a identificação desse antígeno de forma latente no organismo
Prova tuberculínica -PPD (Purified Protein
Derivative)

Teste mais antigo e classicamente utilizado


reação de hipersensibilidade do tipo tardia ao antígeno micobacteriano
ponto de corte padronizado o valor de 5 mm no Brasil.
Atualmente, é o único método disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde
IGRA (Interferon gamma release assay)
Avalia a resposta imune mediada por células in vitro a partir da mensuração
de IFN-γ liberado por linfócitos T estimulados por antígenos específicos de
M. tuberculosis
supera as principais limitações da prova tuberculínica (reação cruzada com a
vacinação com BCG e infecção por micobactérias não tuberculosas) MNT
Não disponível no SUS
Tratamento da ILTB
importante estratégia para prevenção do adoecimento em populações com
risco de desenvolver a doença:
reduz em 60% a 90% esse risco
a prevenção da tuberculose ativa com o tratamento da ILTB é uma das
principais estratégias para a redução da taxa de incidência da doença
antes de se efetuar o tratamento da ILTB deve-se sempre investigar sinais e
sintomas clínicos sugestivos de tuberculose ativa
Indicações de tratamento da infecção
latente
Crianças (< 10 anos de idade) contatos de casos pulmonares:

PPD ≥ 5mm ou IGRA positivo

Adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade):

PPD ≥ 5mm ou IGRA positivo:


imunodeprimidos
PPD ≥ 10mm ou IGRA positivo
insuficiência renal em diálise, neoplasias, diabetes mellitus, baixo peso,
tabagistas (> 20 cigarros/dia)
Conversão (2ª PPD com incremento de 10mm em relação ao 1º)
Contatos de TB confirmada por critério laboratorial, profissional de saúde,
profissional de laboratório de micobactéria, trabalhadores do sistema prisional
e de instituições de longa permanência.
Vacinação

A vacina previne especialmente as formas graves da doença, como TB miliar


e meníngea na criança

A BCG não protege indivíduos já infectados pelo M. tuberculosis e nem evita


o adoecimento por reativação endógena ou reinfecção exógena
Controle de Contatos
Busca ativa de casos de TB:

3,5% a 5,5% dos membros da família ou dos contatos próximos a uma pessoa
com TB tinham a doença prévia não diagnosticada

Tendo em vista que crianças com TB em geral desenvolvem a doença após


contato com um adulto bacilífero, preconiza-se a investigação de todos os seus
contatos, independentemente da forma clínica da criança
Bibliografia

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