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DIAGNÓSTICO, ACOMPANHAMENTO E

TRATAMENTO DA TUBERCULOSE.
TUBERCULOSE
 A TB é uma doença infecciosa cuja a história é tão
antiga quanto a própria civilização.

 Evidências de tuberculose em coluna foram


achadas em esqueletos do período neolítico (7000-
3000 a.C.) encontrados na Alemanha e também em
múmias do Egito Antigo.

 Descrições sobre as manifestações da doença


Fig.1: Múmia de sacerdote egípcio
existem desde a Antigüidade, particularmente entre
(1000 a.C) com parcial destruição os gregos.
da coluna, comumente observada
na Doença de Pott
TUBERCULOSE

 Como ainda não havia antibióticos que pudessem ajudar na cura


dos pacientes, o tratamento era basicamente descansar bastante,
pegar ar fresto, caminhar exposto ao sol, ingerir alimentos ricos
em proteínas, algumas cirurgias no pulmão para diminui-lo e
injetar ar para que pudesse fechar buracos causados pela doença,
ou até mesmo remover 6 ou 7 costelas do tórax do paciente ou
remoção de partes do pulmão para conseguir salva-lo.
TUBERCULOSE
 Em 1882, Robert Koch comunicava a sua
grande descoberta: o bacilo causador da TB
havia sido identificado;

 Em 1936, ocorreu um avanço tecnológico para o


diagnóstico da doença ( abreugrafia – fotografia do
pulmão): começou a ter uma visão interna do
pulmão

 A partir de 1940 começam a surgir os antibióticos e


os quimioterápicos que iriam trazer finalmente a
cura da TB, nos anos seguintes. ( Estreptomicina,
Acido Paraminossalicílico (PAS), Isoniazida)
TUBERCULOSE

Qual o agente infeccioso?

Agente infeccioso- Mycobacterium


tuberculosis.
CARACTERÍSTICAS DO AGENTE
INFECCIOSO

Bacilo imóvel que não esporula


parede lipídica(proteção)
Ácido-álcool resistente
Aeróbio (transmissão aerógena)
Parasita celular facultativo
Crescimento lento
Dormência por longo tempo
Resistente a agentes químicos
Sensível aos físicos
TRANSMISSÃO

Foco Contato

Forma pulmonar
Proximidade
Bacilífera (BAAR+)
Continuidade
Vigor da tosse
Ambiente
TRANSMISSÃO
 Inalação do bacilo.
 Gotículas de Flugge.
A contagiosidade depende:
 Extensão da doença: cavidades
 Fatores que favorecem eliminação do
bacilo: espirro, tosse, fala.
 Condições ambientais favoráveis: luz
e ventilação reduzem a viabilidade do
bacilo.
 Tempo de exposição entre o doente e
o contactante.
INFECÇÃO TUBERCULOSA
Quando as gotículas inaladas, contendo os
Bacilos de Koch atingem os alvéolos,
a infecção pode se iniciar.
O risco de progressão da infecção para doença aumenta na
presença de situações que debilitam o sistema
imunológico da pessoa, como, por exemplo:

• Diabetes Mellitus
• Infecção pelo HIV;
• Tratamento prolongado com corticóides;
• Terapia imunossupressora;
• Doenças renais crônicas, entre outras.
DESENVOLVIMENTO
Existem 4 possibilidades após a transmissão do
bacilo

 Eliminação do bacilo pelas defesas do organismo;


 Primo- infecção tuberculosa ( infecção latente);
 Tuberculose primária;
 Tuberculose pós – primária ( ativação após a vários
anos)
QUADRO CLINICO
 Tosse seca ou produtiva;
 Hemoptise;
 Dor torácica;
 Dispnéia;
 Febre vespertina;
 Emagrecimento;
 Sudorese noturna;
 Adinamia, anorexia, fraqueza;
 A Tuberculose pulmonar ( Mais comum)
 Nas formas extrapulmonares, o quadro clínico varia conforme a localização.
DIAGNÓSTICO

1. Sinais e Sintomas;

2. Baciloscopia/Cultura /Teste

Rápido Molecular (TRM);

3. Exame Radiológico;

4. Teste Tuberculinico.
HISTÓRIA PREGRESSA PESSOAL E
FAMILIAR

Ter tido contato, intradomiciliar ou não, com uma


pessoa com tuberculose. Cerca de 20 a 40% dos
doentes adultos

História de tratamento anterior para tuberculose.

História pregressa de fatores de risco para


desenvolvimento de tuberculose doença:
 Infecção pelo HIV;
 Diabetes;
 Câncer;
 Doenças auto imunes;
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A BACILOSCOPIA é um exame simples, rápido,
econômico; é o mais utilizado no diagnóstico da TB pulmonar.
TESTE RAPIDO MOLECULAR PARA
TUBERCULOSE (TRM-TB)

 (TRM-TB) é um teste automatizado, simples, rápido e de fácil


execução
 Detecta simultaneamente o Mycobacterium tuberculosis e a
resistência à rifampicina (RIF), técnica de reação em cadeia
de polimerase (PCR) em tempo real
 Escarro( espontâneo ou induzido)
 O tempo de execução: duas horas
 Risco mínimo de contaminação
 A sensibilidade do TRM-TB é maior do que a da baciloscopia
(cerca de 90%, comparada a 65%).
 Detecta resistência à rifampicina :95% de sensibilidade.
 Especificidades para a detecção do M. tuberculosis (99%) e
para a resistência à rifampicina (98%).
IMPORTANTE CONSIDERAR...
Para o Laboratório dar um resultado confiável, precisa receber
uma amostra adequada:
 que provém do local da lesão;
 duas amostras consecutivas;
 obtida em quantidade suficiente de
5 a 10 ml;
 em recipiente adequado;
 bem identificada;
 conservada e transportada
corretamente;
A CULTURA COM IDENTIFICAÇÃO E TESTE DE
SENSIBILIDADE, INDEPENDENTE DO RESULTADO DA
BACILOSCOPIA:

Contatos de casos de tuberculose resistente;


Pacientes com antecedente de tratamento prévio,
independentemente do tempo de decorrido;
Pacientes imunodeprimidos, principalmente
portadores de HIV;
Pacientes com baciloscopia positiva no final do 2º
mês de tratamento;
Falência ao tratamento anti-TB;
Em investigação de populações com maior risco de
albergarem cepa de M. tuberculosis resistente.
EXAME RADIOLÓGICO
 Diferentes achados radiologicos apontam para a
suspeita de doença em atividade ou doença no passado,
além do tipo e extensão do comprometimento pulmonar.
TODO CASO DE TUBERCULOSE DEVE
REALIZAR O TESTE ANTI-HIV.
PROVA TUBERCULINICA
O teste tuberculínico – “PPD”, consiste na inoculação intradérmica
de um derivado protéico do M. tuberculosis para medir a resposta
imune celular a estes antígenos.

 É utilizada, em adultos e crianças, para o diagnóstico de infecção


latente pelo M.tuberculosis.

 A tuberculina utilizada é o PPD- RT 23.


PROVA TUBERCULINICA
 Aplicação por via intradermica no
terço médio da face anterior do
antebraço esquedo, na dose de 0,1ml.

 Aplicação e leitura devem ser


realizados por profissional treinado;

 A leitura deve ser realizada de 48 a


72 horas após aplicação.

O resultado da Prova Tuberculínica deve ser


dado em milímetros: ≥ 5 mm ou < 5 mm
LEITURA PT

Os resultados do exame são lidos da seguinte forma:

Diâmetro < 5mm


 Não-reator. Indica que paciente não teve
 contato prévio com o bacilo;

Diâmetro > 5mm e < 10 mm


 Fraco reator. Indica contato prévio e possível
 infecção latente. Importante iniciar
 quimioprofilaxia.

Diâmetro > 10 mm
 Forte reator
TRATAMENTO
 A TB é uma doença curável em praticamente 100%
dos casos novos, sensíveis aos medicamentos, desde
que obedecidos os princípios básicos da terapia
medicamentosa e a adequada operacionalização do
tratamento.

ESQUEMA BÁSICO (EB):

Rifampicina (R)150 mg; Isoniazida (H) R 150 mg; H 75mg


75mg; Pirazinamida (Z) 400mg;
Cloridrato de Etambutol (E) 275mg
ESQUEMA BÁSICO (EB) PARA O TRATAMENTO DA TB
(ADULTOS E ADOLESCENTES)

Regime Fármacos Faixa de peso Unidades/dose Meses


RHZE 20 a 35 kg 2 comprimidos
150/75/400/27
2RHZE 36 a 50 kg 3 comprimidos
5 mg
2
Fase
comprimido
Intensiva > 50 kg 4 comprimidos
em dose fixa
combinada

4RH 20 a 35 kg 2 comp. de 150/75


RH
Fase de 36 a 50 kg 3 comp. de 150/75 4
comprimidos de
Manutençã
150/75
o > 50 kg 4 comp. de 150/75
ESQUEMA BÁSICO (EB) PARA O TRATAMENTO DA TB EM
CRIANÇA (< 10 ANOS)
OBSERVAÇÃO
Medicamento devem ser ingeridos com água, em jejum, em
uma única dose diária;

Caso ocorra irritação gastrointestinal, os comprimidos podem


ser tomados com alimentos ou 1 h antes ou 2 h após a refeição,
uma vez ao dia.

 O tratamento das formas extrapulmonares (exceto a


meningoencefálica) terá a duração de 6 meses, assim como dos
pacientes coinfectados com HIV.
SEGUIMENTO DO TRATAMENTO DA ILTB

 O paciente deve consultar MENSALMENTE:


Estimular adesão ao tratamento.
Monitorar clinicamente a presença de efeitos
adversos.
 Após término do tratamento da ILTB o paciente deve
ser orientado a procurar a unidade de saúde em caso
de aparecimento de sintomas sugestivos de TB.
DEFINIÇÕES
Caso Novo ou • Paciente que nunca usou
Virgem de medicamentos anti-Tb ou usou por
Tratamento menos de 30 dias.
• paciente que se tratou e voltou a ter
diagnostico de tuberculose
Recidiva independente do tempo decorrido do
1º episódio.
• Doente que após ter iniciado o
Abandono de tratamento deixa de tomar a
tratamento medicação por um período superior a
30 dias.
OBSERVAÇÃO
FALÊNCIA DE TRATAMENTO:
EM CASOS DE FALÊNCIA AO
TRATAMENTO DEVEMOS...

 Avaliar o histórico
terapêutico;

 Adesão aos tratamentos


anteriores;

 Comprovação de
resistência aos
medicamentos;
Todos os casos de falência devem ser solicitado Cultura, Identificação e Teste de
Sensibilidade
ESQUEMA PRECONIZADO SEGUNDO SITUAÇÃO DE
TRATAMENTO DO PACIENTE E UNIDADE DE
ATENDIMENTO
INVESTIGAÇÃO DE CONTATO E
TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE
(ILTB)
CONTATO
Residência

Toda pessoa que convive no Trabalho


mesmo ambiente com o caso
Instituição
índice.
Escola, Creche...

Prioridades:
Crianças
Pessoas com HIV/Aids
Outras condições de alto risco
VACINAÇÃO -BCG
 É prioritariamente indicada para crianças de 0 a 4 anos,
com obrigatoriedade para menores de 1 ano.

Quando administrada, a vacina não


protege os indivíduos já infectados pelo
M.tuberculosis nem evita o adoecimento
por infecção endógena ou exógena, mas
oferece proteção a não infectados contra
as formas mais graves, tais como a
meningoencefalite tuberculosa e a
tuberculose miliar, na população menor de
5 anos.
AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO TUBERCULOSA
EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE
 Os profissionais de saúde (PS) e os estudantes da área de saúde
tem maior risco de infecção e adoecimento por TB.

 O PS portador de alguma condição que afete sua resposta


imunológica tem risco mais elevado de desenvolver TB. (Ex:
infecção pelo HIV, insuficiência renal crônica etc).

Obser vação: As medidas de biossegurança são muitas vezes


negligenciadas pelo PS, o que aumenta a possibilidade de
transmissão da TB entre essa categoria.
Proteger o PS e o paciente de se infectarem em unidades de
saúde, deve ser considerado como ferramenta importante para
controle da TB.
AVALIAÇÃO DA INFECÇÃO TUBERCULOSA
EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A investigação da infecção latente por TB (ILTB) em PS deve ser
realizada nos exames admissionais por meio da PT.
PREVENÇÃO DA TB EM PROFISSIONAIS
DE SAÚDE
 Prevenção Primária: adesão a medidas de
biossegurança em unidades de saúde.

 Prevenção Secundaria ( Tratamento ILTB): está


indicada para PS recém-infectados, diagnosticados
por meio da viragem tuberculínica.
MEDIDAS PARA CONTROLE DA INFECÇÃO
DA TUBERCULOSE NA ATENÇÃO BÁSICA
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS

 Diminuir a demora no atendimento e na identificação dos SR


na sala de espera ( Triagem deve ser feita na chegada do
paciente a unidade de saúde e oferecer mascara cirúrgica
precedido de orientação).
 Estabelecer um fluxo especial de atendimento dos SR e
realização de exames ( coleta de baciloscopia, exames
radiológicos e outros) em todas as unidades de saúde que
admitam pacientes potencialmente portadores de TB
pulmonar ativa.

 Nos serviços ambulatórias reduzir o número de pacientes nas


salas de espera ( consultas com hora marcada ou
escalonadas). Evitar atendimento de portador de TB em salas
contiguas com outros pacientes portadores de
imunossupressão, crianças, idosos ou estabelecer horários
diferentes de atendimento.
MEDIDAS DE CONTROLE AMBIENTAL

 Adaptação de mobiliários e dos espaços de atendimento.

 Permanência dos SR em
ambiente ventilado.

 Posicionar ventilador de forma


que o ar dos ambientes
potencialmente contaminado se
dirija ao exterior.

 Designar local adequado para


coleta de escarro (não utilizar
cômodos fechados, como
banheiros).
MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

O uso de máscaras no atendimento de SR ou


pacientes com TB deve ser feito de forma criteriosa.
Muitos profissionais dedicam a esse procedimento de
biossegurança valor prioritário, negligenciando
medidas administrativas e de controle ambiental que
certamente teriam maior impacto na sua proteção.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Profissionais de saúde e
 Máscaras tipo PFF2 ou N95 acompanhantes/visitantes ao
entrarem em área de alto risco de
transmissão.

O uso de máscaras pelos profissionais de saúde


somente durante o atendimento seria de pouca
utilidade, ainda mais que, quando o paciente deixa o
local de atendimento, os bacilos permanecem no
ambiente por até 9 hs, dependendo de sua ventilação
e iluminação.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Pacientes com TB pulmonar ou SR em


 Máscara cirúrgicas situação de potencial risco de transmissão.
Ex: sala de espera sem ventilação
adequada.
MEDIDAS DE CONTROLE NO DOMICILIO E
OUTROS AMBIENTES

 Na visita domiciliar realizada por agente


comunitário de saúde ou outro profissional de saúde,
algumas recomendações devem ser observadas:
 Sempre questionar sobre presença de SR no domicilio;
 Orientar coleta de escarro em local ventilado;
 Orientar sobre medidas gerais – o SR ou paciente com TB deve cobrir
a boca com o braço ou lenço ao tossir, também deve manter o
ambiente arejado, com luz solar;
 Fazer observação da tomada da medicação “ TDO” em local bem
ventilado, principalmente no primeiro mês de tratamento.
POPULAÇÕES MAIS VULNERÁVEIS
PARA TUBERCULOSE
Populações mais vulneráveis
(em relação à população geral)

INDÍGENA: 3 VEZES*
POVOS INDIGENAS

 Os Programas de Controle da Tuberculose municipais e


estaduais, devem integrar-se ao DSEI no sentido de viabilizar
todas as ações de prevenção, diagnostico e tratamento dessa
população, assim com as ações de vigilancia da tuberculose.

Fatores que dificultam o controle da TB nessa população:


 Geográficas;
 Culturais;
 Rotinas e fluxos;
 Integração entre os diferentes níveis de gestão.
Populações mais vulneráveis
(em relação à população geral)

POPULAÇÃO PRIVADA
DE LIBERDADE “PPL” :
28 VEZES*
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A
ALTA ENDEMICIDADE DA TB NA PPL
Fatores relacionados aos indivíduos e suas condições de vida
antes do encarceramento
 População jovem, predominantemente masculina, de baixa
escolaridade, oriunda de comunidades desfavoráveis com
maior ocorrência de TB;
 Uso de drogas ilícitas, maior prevalência de infecção pelo
HIV;
 Antecedentes freqüentes de encarceramento;
 Dificuldades de acesso aos serviços de saúde e menor
oportunidade de diagnostico e tratamento para tuberculose.
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A
ALTA ENDEMICIDADE DA TB NA PPL
Fatores relacionados a encarceramento

 Celas superpopulosas, mal ventiladas e com pouca


iluminação solar;
 Exposição frequente ao M.tuberculosis em ambiente
confinado;
 Falta de informação sobre o problema;
 Dificuldade de acesso aos serviços de saúde na prisão.
FATORES QUE DIFICULTAM O CONTROLE
DA TB NAS PRISÕES

Subvalorização dos Risco de estigma


Sintomas e segregação

Prioridade é a Acesso a
segurança e nem informação sobre
sempre a saúde TB

Restrição da autonomia
da PPL com baixa
participação no
tratamento e prevenção
Populações mais vulneráveis
(em relação à população geral)

PESSOAS VIVENDO COM


HIV/AIDS : 35 VEZES*
TB E HIV
 A Tuberculose é a maior causa de morte entre pessoas que
vivem com HIV, sendo a taxa de óbito na coinfecção de 20%.

O controle da coinfecção TB/HIV exige a implantação de


um programa que permita reduzir a carga de ambas as
doenças e que seja baseado em uma rede de atenção
integral, ágil e resolutiva.
AMPLIAR A TESTAGEM PARA HIV
Obrigada.

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