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INFECÇÕES PULMONARES

Profª. MSc. Nathália Toledo Piatti


TUBERCULOSE
OBJETIVO DA AULA
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
• Estabelecer novas relações com a promoção de saúde e
prevenção relacionada à Tuberculose, assim como o
tratamento;
• Identificar as necessidades individuais e coletivas de
saúde da população quanto aos condicionantes da
tuberculose;
• Desenvolver embasamento teórico-prático para
atividades de prevenção e intervenção fisioterapêutica.
• Desenvolver a capacidade de se construir e resolucionar
casos clínicos acerca de um paciente com tuberculose.
1) Definição:

 Doença infecto-contagiosa, causada pelo bacilo


Mycobacterium Tuberculosis, também denominado
bacilo de Koch (BK).
 Consiste numa bactéria aeróbica do tipo Gram + de
crescimento lento (se divide a cada 16 ou 20 horas).
 Espécie estritamente aeróbica, necessitando de O2
para desenvolvimento (pulmão é o principal órgão
atingido).
2) Epidemiologia:

 1/3 população mundial já está infectada com o


bacilo!!
 5 a 10% dos infectados contraem a doença tornando-
se fonte de infecção;
 Brasil: 14° lugar mundialmente
50 milhões infectados
6.000 óbitos/ano
Sudeste e Nordeste (regiões renda)

 1 indivíduo bacilífero infecta 10-15 pessoas


3) Propagação:

1º passo 2º passo 3º passo

Apesar de também A disseminação Os bacilos da


atingir vários órgãos do acontece pelo ar. O tuberculose jogados no
corpo, a doença só é espirro de uma pessoa ar permanecem em
transmitida por quem infectada joga no ar suspensão durante
estiver infectado com o cerca de dois milhões de horas. Quem respira em
bacilo nos pulmões. bacilos. Pela tosse, um ambiente por onde
cerca de 3,5 mil passou um tuberculoso
partículas são liberadas. pode se infectar.

Fonte: Hospital Santa Lúcia - DF


TRASMISSÃO E INFECTIVIDADE

 Depende da quantidade de bacilos expelidos pelo


paciente tuberculoso
 A maioria dos infectados não são bacilíferos
 Apenas os que ADOECEM de TB podem eliminar
bacilos e transmitir a doença
4) Patogênese:

A tuberculose pulmonar é dividida em:


# Primária ou primoinfecção (indivíduos que
ainda não tiveram contato com o bacilo, sendo,
portanto, mais comum em crianças);
# Secundária: desenvolve-se a partir de uma
nova infecção (reinfecção exógena) ou da
reativação de bacilos latentes (reinfecção
endógena).
4.1)Tuberculose primária ou Primoinfecção:

Indivíduo sem vacinação (BCG) exposto pela


primeira vez ao bacilo → atinge alvéolos e
multiplicam-se;
Processo inflamatório inicial (mediado por
neutrófilos e macrófagos alveolares) → formação
de nódulo exsudativo;
Se mecanismo de defesa não for suficiente para
conter avanço do bacilo → macrófagos ativados
secretam citocinas → reação de hipersensibilidade
e fagocitose (englobam bacilo), formando
granuloma;
 Função granuloma: barreira à disseminação do bacilo a
outros locais;
• Dependendo do n° e virulência do bacilo e grau de
resistência do hospedeiro: pode evoluir para cura ou
para tuberculose secundária.
• 3º semana: desenvolve imunidade adquirida e torna-se
reator ao PPD.
• Lesão pulmonar:
nódulo de Ghon
e
• Complexo de
Ranke (consiste
em um nódulo
pulmonar
calcificado
associado ao
linfonodo hilar
do mesmo lado
também
calcificado)
PPD (Derivado Protéico Purificado da Fração
Antígena do Bacilo)
 Teste realizado por injeção, via intradérmica, na
parte anterior do antebraço esquerdo ( 0,1 ml de
PPD- RT23 = 2 unidades tuberculínicas );
 Leitura: 72 h após, conforme maior diâmetro da
pápula:
*0-4 mm: não reator, não infectado
*5-9mm: reator fraco, infectado BK ou vacinado
*10mm ou mais: reator forte,
vacinado, infectado BK.
 Quadro clínico:
• Assintomático, só sabendo que ocorreu a
primoinfecção pela positivação do PPD;
• Algumas vezes pode ocorrer: anorexia, febre baixa,
emagrecimento e irritabilidade;
• RX: normal (as lesões existentes não são visíveis).
 Tratamento:
• A cura ocorre por fibrose e calcificação;
• Baixa imunidade (desnutrição): evolui para Tb
progressiva.
4.2) Tuberculose de Reinfecção ou Pós-Primária:

• Ocorre em pessoas que tem imunidade desenvolvida


tanto por infecção natural quanto pela vacinação
(existe um grau de defesa do organismo);
• Defesa adquirida: pode se alterar por stress,
alcoolismo, desnutrição e AIDS;
• Doença primária: evolui à partir de foco
parenquimatoso pulmonar ou ganglionar → expansão
de lesões destrutivas → bacilos atingem vasos
sanguíneos e disseminam para pulmão e outros
órgãos;
Tuberculose Miliar:

• Crianças menores de 2 anos e não vacinadas pelo BCG


• Paciente com imunodepressão moderada a
grave
• Focos hematogênicos não são contidos e evoluem
com progressão da lesão e há grande proliferação
bacilar
• Acomete Interstício pulmonar e meninges
• Tratamento precoce
• A tuberculose miliar é caracterizada por opacidades retículo-
micronodulares difusas decorrentes da disseminação da
bactéria pelo parênquima pulmonar
• Lesão inicial parenquimatosa ou nova infecção:
originam necrose central e eliminação de material
por brônquio, com formação de cavitações;

• Cavitações: mais de 1 milhão de bacilos por mL


• À partir das cavitações: bacilos disseminam para
pulmão por via brônquica (disseminação brônquica)
ou como na forma progressiva da infância, por via
hematogênica (tuberculose miliar).
 Quadro Clínico:

• Transmitida por contágio;


• Comum no adulto jovem;
• Tosse seca – produtiva;
• Escarro com sangue;
• Febre baixa e vespertina;
• Sudorese noturna;
• Anorexia;
• Evolução lenta e progressiva.
 Fase inicial da Tuberculose:
• Assintomático;
• Rx solicitado por outro motivo;
• Busca de sintomas respiratórios: tosse com ou sem
expectoração por mais de um mês.

 Diagnóstico:
• Rx: condensações tipo alveolar heterogêneo, com
cavidades arredondadas (lesões + antigas: fibrose
com repuxamento da traquéia e perda de volume
pulmonar).
• Linfonodomegalia mediastinal (forma primária)
• Escarro: presença do bacilo.
• A linfonodomegalia mediastinal é a manifestação radiológica
mais freqüente na forma primária da tuberculose.
• Acomete entre 83% e 96% das crianças e sua incidência
diminui entre os adultos.
• A atelectasia obstrutiva decorrente da compressão
extrínseca por linfonodomegalias ocorre em 9% a 30% das
crianças com a forma primária da doença.
 Período de Incubação:

• Após infecção pelo M. tuberculosis: em média, de 4 a 12


semanas para detecção das lesões primárias;

• A maioria dos novos casos de doença pulmonar


ocorrem em torno de 12 meses após a infecção inicial;

• A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado e de


que essa infecção evolua para a doença depende de
múltiplas causas (condições sócio-econômicas;
indivíduo estar sendo infectado pela primeira vez ou
reinfectado);
 Período de Incubação:

• Probabilidade de adoecer na primo-infecção: depende


da virulência do bacilo, da fonte infectante e das
características genéticas dos indivíduos infectados;

• Em novo contato, após uma infecção natural ou


induzida pela BCG, a resistência depende da resposta
imunológica.
 Período de Transmissibilidade:

• A transmissão é plena quando o doente estiver


eliminando bacilos e não tiver iniciado o tratamento;

• Com o esquema terapêutico recomendado, a


transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis
insignificantes ao fim de poucos dias ou semanas.

• Isolamento até 2 semanas de tto., pois ainda pode


contaminar. Após isso, não contamina mais.
Tratamento:

 Medicamentoso – esquema RIPE (cerca de 6 meses)


 Dose fixa dos 4 medicamentos – melhor adesão

- Rifampicina
- Isoniazida
- Pirazinamida
- Etambutol
Tratamento:
• Rifampicina

- Antibiótico macrocíclico complexo que inibe a síntese


do ácido ribonucleico de largo espectro de patógenos
microbiológicos.
- Possui ação bactericida e potente efeito esterilizante
contra o Mycobacterium tuberculosis em meio celular
ou extracelular.
- Deve ser administrada em combinação com outros
medicamentos usados na tuberculose
Tratamento:
• Isoniazida

- Potente bactericida com atividade contra a


replicação de bacilos.

- É o principal medicamento usado no tratamento da


tuberculose, mesmo em diferentes subgrupos
(infectados pelo HIV, doença não-pulmonar, etc.)
Tratamento:
• Pirazinamida

- Agente bactericida de baixa potência contra


Mycobacterium tuberculosis, porém, tem potente
atividade esterilizante, particularmente em áreas de
grande inflamação.
- É muito efetivo durante os primeiros dois meses de
tratamento quando alterações inflamatórias agudas
persistem.
- Seu uso permitiu reduzir o tempo de tratamento e o
risco de falha terapêutica
Tratamento:
• Etambutol

- É ativo contra M. tuberculosis e demais


micobactérias não específicas.
- É usado em associação com outros medicamentos na
TB para prevenir ou prorrogar o surgimento de cepas
resistentes.
- Como fármaco isolado é utilizado em combinação
com outros medicamentos na TB multirresistente
Tratamento:

 Interrupção imediata do Tabagismo (caso seja


tabagista)

 Oxigenoterapia (Se SpO2<90%)

 Fisioterapia
FISIOTERAPIA NA TUBERCULOSE:

 Restabelecimento das funções respiratórias


 Prevenção de complicações pulmonares
 Evitar progressão da doença
 Controle dos sinais e sintomas
 Auxiliar na remoção de secreções (terapia
desobstritutiva de VAS)
 Reverter atelectasia (terapia reexpansiva)
 Melhorar desconforto respiratório
 Reabilitação pulmonar (condicionamento físico e
treino da musculatura respiratória)
 Recomendações
 ( II Consenso Brasileiro de Tuberculose – 2004 ):
• A literatura revisada aponta para altos níveis de efeito
protetor (acima de 80%) da 1ª dose da vacina BCG, ao nascer,
na prevenção de formas graves de tuberculose. Esta proteção
perdura durante, pelo menos, um período de 10 a 15 anos.
• A proteção conferida pela 1ª dose da vacina BCG para formas
de tuberculose pulmonar apresentou enorme variação nas
diversas regiões do mundo, estimada através de ensaios
clínicos controlados, randomizados e estudos caso-controle,
não havendo Diretrizes sobre a proteção conferida para
formas pulmonares.
• Em relação à proteção conferida pela segunda dose
da vacina BCG para formas pulmonares, um estudo
apontou ausência de proteção.
• No Brasil, apesar da incidência de tuberculose, em
nosso meio, elevar-se principalmente na
adolescência e em adultos jovens, a literatura
consultada não permite orientar, até o momento, o
uso da segunda dose de BCG na prevenção de
formas pulmonares da doença.

(Fonte: II Consenso Brasileiro de Tuberculose – 2004)


• A revacinação está indicada apenas em lactentes que
foram vacinados ao nascer que não apresentem
cicatriz vacinal após seis meses de idade.
• Do mesmo modo, não se encontra justificativa
científica para se recomendar vacinação BCG em
adultos profissionais de saúde reatores ou não
reatores à prova tuberculínica.
• O efeito protetor da 1ª e 2ª doses da vacina BCG
contra hanseníase tem sido demonstrado na
literatura. Nesse contexto, a utilização de doses
repetidas de BCG visando o controle deste agravo
devem ser avaliadas.

(Fonte: II Consenso Brasileiro de Tuberculose – 2004)


CONDUTA NOS CONTACTANTES:

• Rx tórax alterado e/ou baciloscopia +:


• investigar ou tratar
• Rx tórax s/ alteração e baciloscopia -:
• -RN: quimioprofilaxia
• -Crianças ou < 15 anos
• vacinado BCG + PPD <15 – nada
• vacinado BCG + PPD >15 – quimioprofilaxia
• não vacinado + PPD não reator – BCG
• não vacinado + PPD reator - quimioprofilaxia
CONDUTA NOS CONTACTANTES:

• Adultos > 15 anos


• - Trabalhador de saúde ou albergado ou
• asilado, não vacinado, PPD não reator -
• aplicar BCG
• - HIV + ou DM 1, nefropata crônico,
• alcoólatras, imunossupressão
• medicamentosa + PPD reator - quimioprofilaxia
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

• PRYOR, J.A.;WEBBER,B.A. Fisioterapia para


problemas respiratórios e cardíacos.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002. ROCCO, P. R.M; ZIN, W.
Fisioterapia: teoria e prática clínica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009. SCANLAN, C.L.
Fundamentos da terapia respiratória de Egan. São
Paulo: Mosby, 2009. TARANTINO, A.B. Doenças
Pulmonares. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.

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