Você está na página 1de 102

Elisabete Louise de Medeiros Viégas - P5

Doenças Infecciosas e
Parasitárias

MEDICINA
UNIPÊ
2021,2
DIP | Elisabete Louise | P5 1

TUBERCULOSE
INTRODUÇÃO • Sem esporos (esporos garantem resistência
em um ambiente hostil)
Doença de caráter sistêmico • Período de incubação longo

Está no topo das doenças infecciosas que mais matam TRANSMISSÃO


no mundo
Via aérea
É transmitida por aerossóis, eliminados na fala, na
tosse, no espirro. Esses aerossóis atingem os alvéolos, • OBS: não existe transmissão por objetos
iniciando um quadro clínico infeccioso. Esse quadro
clínico depende do local de comprometimento do Maior transmissão: TB pulmonar e TB laríngea
Mycobacterium (pulmões, rins, SNC). (cursam com tosse)

Perfil epidemiológico • Há formas de tuberculose que não são


transmissíveis, como a TB meníngea sem
• Populações pobres com pouco acesso ao acometimento pulmonar e a TB ganglionar
sistema de saúde
• Aglomerados populacionais Grande carga de bacilos em escarro = maior
• Pacientes com HIV: fator de risco para o transmissibilidade
desenvolvimento que outras doenças
• A chance de uma pessoa se infectar após
infecciosas
contato com um paciente bacilífero depende
- Exame de HIV é um dos primeiros exames
da concentração de bacilos expelidos, da
que são prescritos ao se diagnosticar a
intensidade e frequência do contato, de
tuberculose
condições ambientais e da resistência natural
- Isso não quer dizer que todo paciente com
do indivíduo exposto
tuberculose terá HIV também
Fatores de risco do indivíduo que favorecem seu
• Acomete mais homens, enquanto as crianças adoecimento:
contaminam-se em menor quantidade
(transmissão se dá em casa) • Extremos de idade: RN e idosos
• Imunodepressão
ETIOLOGIA • Tempo de exposição aumentado
• DM
Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis • Desnutrição
Características: • Etilismo

• Patógeno intracelular PATOGENIA


• Aeróbio estrito: multiplica-se com facilidade
em ambientes ricos em O2, favorecendo a Determinantes de infecção e adoecimento:
transmissibilidade • Número de bacilos e virulência
• Crescimento lento (25 – 32h)
• Hipersensibilidade
• BAAR
• Imunidade inata (macrófagos e células natural
• Não produz toxinas - (toxinas podem ter killer) e adquirida (linfócitos T e B)
relação com a sintomatologia)
• Imóvel OBS: infecção: quando o Mycobacterium invade o
indivíduo
DIP | Elisabete Louise | P5 2

OBS: adoecimento: apenas quando o paciente 1. Mycobacterium entrando na via respiratória e


infectado tem sintomas chegando aos alvéolos
2. Dentro dos alvéolos, as células de defesa chegam
Respostas que podem acontecer: para fagocitar a bactéria. Quando os macrófagos
fagocitam o microrganismo, ele pega alguns
1. Resposta efetiva do hospedeiro e destruição
de todos os bacilos antígenos do patógeno e apresenta às células T
2. Bacilos se multiplicam e crescem após localizadas nos linfonodos, baço e outros órgãos
infecção, causando tuberculose primária hematopoiéticos
- Por esse motivo, pacientes com tuberculose
(sintomas surgem logo após o contato com a
bactéria) têm o comprometimento de linfonodos
3. Bacilos tornam-se latentes (infecção latente), (tuberculose ganglionar) e podem ter
ou seja, não estão se multiplicando, pois, a hepatoesplenomegalia
resposta imune do paciente isolou a bactéria =
não há transmissão 3. Liberação de citocinas para a região infectada;
4. Bacilos latentes voltam a se multiplicar seguida de atração de mais células de defesa para
(reativação ou TB pós primária) = adoece esse local invadido, formando um granuloma ao
redor da bactéria. Com isso, o fibroblasto irá
OBS: após a infecção primária, a depender da liberar colágeno, formando uma cápsula e que
imunidade do indivíduo, ele pode entrar em um isola a invasão
período de latência ou de doença ativa 4. No interior do granuloma será formado uma
necrose caseosa (secreção)
OBS: 10% dos infectados desenvolvem doença após 5. Caso haja um rompimento desse granuloma
infecção (devido ao aumento da pressão pela formação da
necrose), a secreção e as bactérias serão liberadas
OBS: existem medicamentos (ex.: isoniazida) que
para outras áreas do tecido. Assim, o interior do
diminuem a chance de ocorrer reativações, mas são
granuloma ficará vazio, formando uma cavitação
administradas apenas àqueles pacientes que tem risco
de adoecer
6. Quando o granuloma é liquefeito e disseminado,
OBS: não formamos resposta imune de memória para teremos as seguintes características:
tuberculose • Disseminação broncogênica (no parênquima
pulmonar)
OBS: a vacina da BCG não produz uma imunidade que • Disseminação linfática
impede que tenhamos tuberculose, ela impede que • Disseminação hematogênica
tenhamos um quadro grave da doença, como a
meningite
Essas disseminações através dos vasos
permitem o comprometimento de órgãos
mais distantes, tais como: pulmão,
linfonodos, fígado, baço, rins e SNC

OBS: pacientes com HIV que possuem atividade


imunológica comprometida, não apresentará a
DIP | Elisabete Louise | P5 3

formação do granuloma. Com isso, o invasor TUBERCULOSE PULMONAR PÓS-


disseminará mais rapidamente e a infecção não será PRIMÁRIA
contida, ou seja, mais órgãos serão acometidos
Mais comum em adultos de áreas endêmicas
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
• Febre vespertina
Variável: depende dos fatores de risco de cada • Sudorese noturna
indivíduo • Adinamia e anorexia
• Perda de peso
TUBERCULOSE PULMONAR PRIMÁRIA • Tosse (inicia seca e evolui para produtiva)
• Dor torácica
Acomete mais crianças (de áreas endêmicas) e adultos
• Hemoptoicos isto porque o granuloma pode
jovens
• Hemoptise estar localizado perto de vasos

• Geralmente as crianças têm a primaria por ser


OBS: hemoptoico = raios de sangue
a primeira vez que estão entrando em contato
com a bactéria OBS: hemoptise = sangue vivo

Gera um processo inflamatório no alvéolo, causando OBS: investigar tosse por mais de 3 semanas ou 2
sintomas inespecíficos semanas nos casos de imunodeprimidos
• Febre baixa ou moderada ao longo de 2 Exame físico - ausculta pulmonar:
semanas (persistente)
• Irritabilidade • Sibilos
• Inapetência • Roncos
• Ceratoconjutivite • Estertores
hipersensibilidade
• Eritema nodoso
Radiografia de tórax: lesões no segmento posterior dos
• Artropatia poncet
lobos superiores e segmentos apicais dos lobos
• Sintomas respiratórios não são comuns
inferiores
OBS: substâncias (citocinas) são liberadas e atuam a
• Cavitações comumente no lobo superior
longa distância, ex.: artrite
- Cavitações nos lobos inferiores geralmente
Radiografia do tórax: acometem pacientes imunodeprimidos

• Complexo de Ranke: acometimento do


parênquima pulmonar que se dirige para o
centro (hilo)
• Atelectasia: quando o linfonodo cresce muito
e comprime algum brônquio
• Linoadenomegalia mediastinal
(comprometimento de linfonodos)

TUBERCULOSE MILIAR

O parênquima pulmonar do paciente apresenta


bilateralmente um infiltrado centrolobular,
micronodular. Nesse caso, provavelmente o paciente
não tinha uma resposta imune celular efetiva para
produzir um granuloma e, por não conseguir isolar a
OBS: não é comum cavitação pulmonar nessa fase bactéria, ela se disseminou (disseminação
DIP | Elisabete Louise | P5 4

hematogênica) para ambos os parênquimas Disseminação por contiguidade, ou seja, a bactéria


pulmonares causando esse infiltrado acomete o alvéolo e, por proximidade com a pleura,
dissemina-se
• Não há a formação de cavitações
• O processo inflamatório pleural geral
População acometida: idosos, crianças e aumento de líquido pleural = derrame pleural
imunodeprimidos

Primo-infecção ou reativação: disseminação


hematogênica para outros órgãos

• Febre alta
• Calafrios
• Tosse (não é produtiva)
• Taquipneia
• Prostração
• Ausculta com roncos e crepitação Forma mais comum (não HIV)
• Hepatomegalia e esplenomegalia
• Meningoencefalite Início insidioso ou abrupto
• Leucopenia
Dor torácia (escápula, mamilo e base do tórax)
Solicita-se raio-x de tórax e baciloscopia (exame do
Febre (moderada a alta)
escarro), a qual geralmente é negativa, visto que o
paciente não apresenta muitos bacilos no escarro; Tosse: não é o principal sintoma e, geralmente, é uma
exame histopatológico e cultura de tecidos. tosse seca

Posição antálgica: decúbito lateral sobre a área


acometida, para aliviar a dor

Ausculta pulmonar:

• Ausculta abolida
• TFV reduzido
• Percussão submaciça ou maciça

LINFADENITE TUBERCULOSA/
TUBERCULOSE GANGLIONAR
OBS: transmite menos que a tuberculose cavitária

Tuberculose miliar tardia (reinfecção): Forma extrapulmonar mais comum (HIV)

• Idosos ou imunodeprimidos Os linfonodos mais comprometidos são os do


• Reativação mediastino, mesentério e região cervical
• Quadro clínico insidioso: • Cervical (Base do Esternocleido) →
- Apatia geralmente, há o comprometimento de mais
- Febre baixa de um linfonodo, que se tornam confluentes,
- Emagrecimento endurecidos e dolorosos
OBS: as radiografias das duas formas são iguais, o que • Podem fistulizar (sai secreção)
diferencia é a epidemiologia
Diagnóstico: biópsia e aspirado
TUBERCULOSE PLEURAL • Granuloma caseoso

Ocorre quando o Mycobacterium atinge a pleura


DIP | Elisabete Louise | P5 5

MENIGOENCEFALITE TUBERCULOSA Achados inespecíficos no hemograma

Baciloscopia:
Quadro grave, que acomete principalmente crianças
antes dos 2 anos de idade (por isso a importância da • 1ª amostra: no dia da consulta
BCG) • 2ª amostra: no outro dia em jejum (mais fácil
Bacilos no espaço subaracnóide e ventrículos (chegam de positivar)
por meio da via hematogênica) • Utilizado também para comparar a resposta ao
tratamento
• A presença da bactéria no espaço
subaracnoide induz uma inflamação, Cultura: pedido obrigatório para pacientes com risco
causando vasculite e edema cerebral de tuberculose resistente
• Exsudato em base do cérebro e ventrículos Teste rápido para M. tuberculosis: identifica o material
Quadro insidioso: genético da bactéria, logo é um exame com alta
especificidade e sensibilidade
• Fase 1 (2 semanas): febre, cefaleia, vômitos,
OBS: não necessariamente serão realizados todos os
irritabilidade, alteração do humor, alucinações
exames
• Fase 2: comprometimento de pares de nervos
craneanos (estrabismo, ptose palpebral, • Tomografia é feita apenas quando a
fotofobia, paralisia facial), síndrome radiografia não for suficiente
meníngea e HIC
• Fase 3: sonoiência, estupor e coma; HAS,
arritmias cardíacas e respiratórias

Sequelas: em casos de diagnósticos tardios

• Paralisia de pares cranianos


• Motoras (ex.: paraplegia)
• Mentais (ex.: distúrbios pasiquiátricos)
• Movimentos involuntários
• Óptico
• Surdez

DIAGNÓSTICO

Baciloscopia do lavado broncoalveolar

• Como a tosse é seca, não se consegue fazer


baciloscopia do escarro espontâneo
• Faz-se uma broncoscopia e aspira a secreção
da via aérea

OBS: tuberculose pulmonar = pós-primária


DIP | Elisabete Louise | P5 6

• Caso a TC identifique HIC, não se pode


realizar a punção, já que isso pode causar uma
herniação da estrutura cerebral

Punção e coleta de líquor

Proteína elevada pelo aumento da permeabilidade dos


vasos para a passagem de células, consequentemente,
haverá passagem de proteínas

OBS: celularidade linfomononuclear: as principais


células envolvidas na tuberculose são os linfócitos e
monócitos

Não há possibilidade de baciloscopia no escarro, por


isso é realizado uma punção torácica

Nesse caso, a baciloscopia tem sensibilidade baixa,


assim, caso dê negativo, não exclui o diagnóstico
EXAMES ESPECÍFICOS
Biópsia: granuloma caseoso

Radiografia de tórax: opacidade apagando o seio BACILOSCOPIA – TÉCNICA DE ZIEHL-


costofrênico NEELSEN (PESQUISA BAAR)

Exame de baixa sensibilidade que consiste na pesquisa


direta do bacilo através do exame microscópico

• Alguns pacientes têm poucos bacilos na


amostra do escarro, logo o BAAR dá negativo

Indicação: diagnóstico e acompanhamento

Não detecta BK paucibacibacilares


(<5000bacilos/ml): acomete 20-30% de adultos com
TB pulmonar)

Resultado:

• Negativo: 0 BAC/100 campos


- Quando o paciente tem TB, o exame deve
negativar obrigatoriamente após o segundo
mês de tratamento. Caso não negative, indica
que paciente não faz o tratamento
TC de crânio: nos casos em que houve relatos de adequadamente ou que é resistente
alteração neurológica, a TC é feita antes da punção de
LCR • +: 10-99 BAC/100 campos
• ++: 1-10 BAC/50 campos
• +++: 10 BAC/20 campos
DIP | Elisabete Louise | P5 7

A baciloscopia pode ser feita do escarro espontâneo e ▪ Para recidivas: é obrigatório fazer a
induzido, lavado broncoalveolar, líquido pleural, urina baciloscopia e cultura do escarro
(suspeita de tuberculose renal), exsudato de lesões
cutâneas, aspirado de linfonodos

CULTURA

É um exame que demora mais (30 a 60 dias), que


apresenta maior sensibilidade e especificidade ao BK

Indicação:

• Suspeita de TB pulmonar com baciloscopia HISTOPATOLOGIA


negativa
Investigação de TB extrapulmonar
• Suspeita de resistência ao tuberculostáticos
• TB extrapulmonar (LCR, pleural) Identificação do granuloma, com infiltrado
• HIV+ sintomáticos respiratórios e histiocitário e necrose de caseificação
baciloscopia negativa
• Recidiva de TB O granuloma também pode estar presente em micoses
sistêmicas, sarcoidose, colagenoses
OBS: não são utilizadas sorologias como método
diagnóstico de TB Confirmação de Mycobacterium: BAAR

TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DE ÁCIDOS


NUCLEICOS

É o teste rápido molecular (TRM) ou PCR para


detecção do material genético do M. tuberculosis

Alta sensibilidade (90%) e especificidade

Detecta genes de resistência a rifampicina (95%)


PROVA TUBERCULÍNICA (PPD)
Indicações:

• Casos novos TB pulmonar ou laríngea em Indicado para investigação de infecção latente pelo
adultos e adolescentes sem/com maior Mycobacterium
vulnerabilidade
Aplicação intradérmica do derivado proteico de cepas
- Não é realizado para menores de 10 anos
M. tuberculosis

• Diagnóstico de TB extrapulmonar em Após 48 a 96 horas, o paciente retorna, e a área de


materiais validados aplicação pode se tornar uma região nodular, que será
medida com uma régua
• Triagem resistência rifampicina (em casos de
retratamento/suspeita de falência terapêutica) Resultado positivo:
- Esses pacientes podem apresentar resistência
• <5mm: positivo para imunodeprimidos
a outros antimicrobianos
• >5mm
OBS: nos casos de recidivas, não é utilizado para dar • >10mm: nesses casos, os pacientes são
diagnóstico e sim, apenas para identificar resistência a tratados com isoniazida
medicamentos. Isto porque ao tratar e curar um
OBS: nem todo PPD positivo significa que o paciente
paciente com TB, a bactéria foi destruída, mas seu
apresenta infecção latente, pode ser devido a outras
material genético pode continuar na amostra,
representando um falso positivo no PCR
DIP | Elisabete Louise | P5 8

micobatérias ou em pessoas que tomaram a BCG a Não há falsa positividade com BCG
menos de 2 anos
TRATAMENTO
OBS: apenas solicitado para pacientes que são grupos
de risco (ex.: HIV+) Uso de antibioticoterapia combinada: cada
antimicrobiano utilizado tem uma característica que
Falso-negativo:
será útil nas diversas fases do metabolismo do bacilo
• Desnutridos (rápido, lento e intermitente). Além de ser importante
• Imunodeprimidos pela questão de resistência
• Uso de medicação imunodepressora Tempo prolongado (mínimo de 6 meses), visto que a
• DM bactéria possui um crescimento lento
• Insuficiência renal
• Gestantes
• Problemas na técnica de aplicação

Importância:

• Avaliar infecção latente de TB em adultos


• Avaliação de TB em crianças
• Não informa sobre TB ativa

Diagnóstico de TB para crianças:

Há um escore de pontuação, em que se


considera:

▪ Epidemiologia (antecedentes da criança)


▪ Quadro clínico
▪ Solicita-se Raio-X
▪ PPD

OBS: Etambutol: não é administrado para crianças pelo


risco de neuropatia (>10 anos)

ENSAIOS DE LIBERAÇÃO DE Fármacos utilizados: (>10 anos)


INTERFERON-GAMA (IGRA)
• Rifampicina (R)
Detecta o interferon-gama liberado pelos linfócitos T • Isoniazida (H)
após exposição ao Mycobacterium • Pirazinamida (Z)
• Etambutol (E)
Indica se o paciente foi ou não exposto ao
Mycobacterium ETAPAS E DURAÇÃO DO TRATAMENTO
Não é usado para TB ativa
O tratamento se faz em duas etapas:
Necessário associar a informações clínico-
1. Fase intensiva: RHZE (Rifampicina +
epidemiológicas
Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol). Essa
OBS: função do PPD e IGRA: avaliar se o paciente tem fase dura 2 meses e tem o objetivo de reduzir
risco de desenvolver TB ativa e adotar uma medida a população de bacilos e de bactérias mutantes
preventiva
DIP | Elisabete Louise | P5 9

2. Fase de manutenção: RH (Rifampicina +


Isoniazida). Tem objetivo de destruir as
formas mais lentas da bactéria. Em casos de
TB pulmonar ou extrapulmonar, essa fase
dura 4 meses. Nos casos de TB óssea ou
meníngea, essa fase passa a durar 10 meses

OBS: nos casos de meningoencefalite tuberculosa,


além do RH por 10 semanas, usa-se prednisona (1-
2 mg/Kd/dia) por 4 a 8 semanas, a fim de reduzir a
inflamação (não se pode suspender essa medicação
abruptamente, para não causar insuficiência adrenal.
Deve-se fazer o desmame)
OBS: a baciloscopia do 2º mês é importante, pois,
OBS: não prescrever IBP por causa das interações depois dela, o exame deve vir negativo. Se vier
medicamentosas positivo, pode significar falha terapêutica, resistência,
má adesão. Então, caso a baciloscopia seja positiva ao
LOCAIS DE TRATAMENTO E final do 2º mês, faz-se cultura para a micobactéria com
POSOLOGIA teste de sensibilidade e prolonga a fase de ataque ou
intensiva por mais 30 dias

▪ A importância de realizar baciloscopia de


escarro de controle reside não somente na
confirmação da eficácia do esquema
terapêutico, mas também na avaliação de risco
para os contatos

Observar TGO, TGP e bilirrubinas: Rifampicina,


Isoniazida e Pirazinamida são drogas hepatotóxicas

O tratamento é a base do peso, logo é importante que, Estreptomicina (outra opção de tratamento) pode
todo mês, o paciente retorne ao médico, para ser causar alteração na função renal
pesado e alterar a dose, caso necessário
QUIMIOPROFILAXIA
• Quando administrado em doses maiores que o
necessário: mais efeitos adversos. QUIMIOPROFILAXIA PRIMÁRIA
• Quando administrado em doses menores:
falha terapêutica Prevenção contra infecção de TB. Realizada para os
recém-nascidos contactantes de TB (mãe tem
tuberculose, por exemplo)

QUIMIOPROFILAXIA SECUNDÁRIA

Infecção latente de tuberculose (ILTB)

Considerar idade, PPD, risco de adoecimento: é


necessário ter certeza que o paciente não tem a doença
DIP | Elisabete Louise | P5 10

A prevenção é feita com Isoniazida (5-10 mg/Kg/dia,


no máximo 300 mg) por 6 a 9 meses
DIP | Elisabete Louise | P5 1

HIV – AIDS
INTRODUÇÃO e protease: local de atuação dos medicamentos (terapia
de 1ª escolha)
A infecção pelo HIV é causada por um retrovírus, que
se apresenta sob duas populações: HIV tipo 1 e tipo 2 • Protease: atua na ativação de proteínas
produzidas pelo vírus durante sua
• Tipo 1: subtipo mais comum no Brasil multiplicação
• Tipo 2: mais encontrado no continente • P24 – utilizado como marcador no diagnóstico
africano da infecção por HIV

O tempo entre a exposição ao HIV e a evolução para Material genético formado por RNA: para invadir a
AIDS, se o paciente não faz uso da terapia célula humana eles transformam o RNA em DNA a
antirretroviral, varia entre os subtipos. No tipo 1, essa partir da transcriptase reversa
evolução ocorre, em média, de 5 a 8 anos, sendo um
pouco mais longo para o tipo 2 • Posteriormente, o DNA viral é associado ao
DNA humano a partir da integrasse
O HIV causa uma doença crônica, em que há um longo
período de latência clínica, com replicação viral
persistente, e pode envolver o SNC

• Período de latência: paciente infectado, mas


assintomático. Nesse período haverá
multiplicação persistente do vírus e destruição
de células, gerando um futuro estágio de
imunodepressão no hospedeiro. Com isso, em
períodos de baixa imunidade, haverá
manifestação de sintomas
• O envolvimento do SNC ocorre tanto pela ENTRADA DO VÍRUS NA CÉLULA
própria ação viral quando pelo surgimento de
doenças oportunistas

CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS HIV

Retrovírus

Camada externa lipoproteica: tem em sua superfície


proteínas (gp120 e dp41) que são responsáveis pela
interação entre o vírus HIV e a célula humana

• A gp120 interage com CD4 e a gp41 garante


a fusão entre a membrana viral e a da célula
humana

Matriz proteica no seu interior que tem papel na Juntamente ao CD4, há correceptores na membrana da
produção de novas proteínas virais célula humana (contribuem para a invasão do vírus na
célula humana):
Núcleo capsídeo: contém o material genético do vírus
e algumas proteínas (transcriptase reversa, integrasse • CCR5 – monocitotrópicos
• CXCR4 – linfocitotrópicos
DIP | Elisabete Louise | P5 2

OBS: algumas pessoas não possuem esse receptor na ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS


membrana, assim, elas não conseguem ser infectadas
pelo HIV Destruição de Linfócitos TCD4: essas células são
destruídas quando novos vírus são formados e por
▪ Existem terapia que atua inativando o CCR5
apoptose
(terapia secundária: utilizada para pacientes
que não obtiveram resultados com a terapia de ↓ da capacidade de fagocitose dos macrófagos
1ª escolha)
Alteração quanti e qualitativa das células Natural
O gp120 se liga ao CD4, há então uma alteração na Killer (imunidade inata): ↓ citotoxidade
configuração, fazendo com que haja a ligação do vírus
com o CCR5. Em seguida, a gp41 favorece a Proliferação de Linfócito B, produzindo anticorpos em
penetração da membrana viral à membrana celular grande quantidade (ativação policlonal)
humana, com posterior fusão das membranas
EPIDEMIOLOGIA
OBS: células que possuem CD4 na membrana:
linfócitos, macrófagos, células dendríticas e outras, ou O perfil epidemiológico sofreu alterações ao longo do
seja, não são apenas os linfócitos T e que são invadidos tempo. Hoje, houve um aumento do número de casos
em heterossexuais, pessoas do sexo feminino, idosos.
O conteúdo do interior do vírus é lançado no Além disso, houve uma interiorização do HIV e
citoplasma da célula humana = invasão pelo vírus HIV pauperização do paciente (indivíduos de baixo nível
econômico)
O RNA viral será transcrito para DNA, pela ação da
transcriptase reversa, que será transportado para o OBS: não existe mais grupos de risco e sim, situações
interior do núcleo e integrado ao DNA humano, por de risco
meio da integrasse
TRANSMISSÃO
Haverá, então, a produção do RNA mensageiro, para
que haja a síntese de proteínas virais. Essas proteínas Relação sexual desprotegida
serão clivadas, pela enzima protease, e envelopadas

Após isso, o vírus sofrerá um brotamento da célula


humana (é destruída) e será liberado para o sangue

Esse vírus liberado tem, em sua estrutura, fragmentos


da membrana celular humana, o que o auxilia a
escapar dos mecanismos da imunidade humana

Etapas: Hemotransfusão
1. Entrada e fusão na célula Uso de drogas injetáveis
2. Transcrição reversa
3. Integração ao DNA da célula Acidente com material biológico: sangue, LCR,
4. Replicação viral líquido amniótico, líquido sinovial, líquidos serosos,
5. Brotamento: material genético é outros fluidos contendo sangue
reorganizado e novos vírus são
OBS: urina, fezes e saliva não são meios de
formados
transmissão, a não ser que contenham sangue
6. Maturação viral
Transmissão vertical (durante a gravidez)
DIP | Elisabete Louise | P5 3

FORMAS CLÍNICAS Os pacientes que apresentam manifestação mais


prolongada ou intensa dessa fase, tem maior risco de
1ª fase: Síndrome retroviral aguda: teve contato evoluir para AIDS (progressão mais rápida)
com o vírus, podendo aparecer os primeiros sintomas
Surgimento de sintomas de 1-4 semanas
• Fase autolimitada: final marcado pela
• Sintomas muito diversificados, assim, os
produção de anticorpos
diagnósticos diferenciais são variados a
2ª fase: Infecção crônica assintomática ou depender do quadro de cada indivíduo
linfadenopatia crônica • Sintomas surgem antes da soroconversão
(produção de anticorpos entre 2 semanas a 6
• Esse paciente que não fez diagnóstico ou meses)
tratamento, continua evoluindo
Quadros graves:
3ª fase: Síndrome pré-aids: estado de
imunodepressão com presença de pequenas infecções • Meningoencefalite viral
de repetição • Pneumocistose

4ª fase: AIDS: estado de imunossupressão grave, com Marcada por:


presença de doenças definidores/ oportunistas
• Carga viral alta (>1000000 cópias/ml)
• Linfócito T abaixo de 350 • CD4 baixo

OBS: etapas de maior carga viral: síndrome retroviral


aguda e AIDS

Na síndrome retroviral aguda, há uma queda nos


linfócitos T CD4 e uma elevação da carga viral. Após
isso, o CD4 sobe e a carga viral diminui,
caracterizando a fase de latência, que pode durar
alguns anos (até 8 anos). Após esse tempo, o paciente OBS: janela imunológica: período em que ainda não há
já apresenta o sistema imune muito comprometido e anticorpos suficientes para positivar o exame
começa a apresentar sintomas constitucionais (febre, sorológico
perda de peso importante) e começam a aparecer as
infecções oportunistas OBS: nessa etapa, ocorre transmissão

SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA Diagnóstico diferencial:

• Dengue
Primeiras semanas de infecção até o surgimento de
anticorpos anti-HIV • Mononucleose por EBV
• Citomegalovírus
Autolimitada: de 3 a 4 semanas • Toxoplasmose
• Sífilis secundária
10-40% assintomáticos
DIP | Elisabete Louise | P5 4

INFECÇÃO CRÔNICA ASSINTOMÁTICA

Latência clínica: não há sintomas, mas o vírus


continua se replicando

Destruição de LT CD4

LINFADENOPATIA GENERALIZADA
PERSISTENTE

Persistente em 50-70% dos pacientes

Gânglios com características de fase aguda:


linfonodos bilaterais superficiais, de cadeias Risco de progressão da doença:
superiores, indolores e elásticos
▪ Síndrome retroviral aguda > 2
Associado a febre, emagrecimento, sudorese e fadiga semanas
▪ Infecção transfusional
Exames: pancitopenia (↓ de hemácias, leucócitos e
▪ Pessoas > 60 anos de idade
plaquetas), inversão CD4-CD8 (↓ CD4 e ↑CD8)
▪ Fatores genéticos e desnutrição
Biópsia do linfonodo: linfoadenopatia reacional ▪ Co-infecção HBV e HCV
inespecífica ▪ Infecção CMV ou herpes

Resposta à TARV com redução dos linfonodos

Diagnósticos diferenciais:
AIDS
• Tuberculose ganglionar: hiperemia, massa
dolorosa e aumento de temperatura local
• Toxoplasmose
• Sífilis secundária Para liberação de laudo de HIV-AIDS:
• Sarcoidose
1. Dois testes positivos para anticorpos
• Linfomas
HIV + CD < 350 cél/mm3
SÍNDROMES PRÉ-AIDS ou

Sinais de baixa imunidade 2. Doença definidora de AIDS

Doenças menos graves:

• Herpes zoster: sempre ofertar teste de HIV Infecções oportunistas mais comuns:
• Manifestações na cavidade oral • Pneumocistose
• Alterações cutâneas: furunculose de repetição • Candidíase esofágica
• Exacerbação de patologias prévias: psoríase/ • Neurotoxoplasmose
dermatite seborreica
• Tuberculose pulmonar atípica (miliar/
• Candidíase vulvovaginal de repetição disseminada
• Candidíase oral: marcador de progressão de • Meningite criptocócica ou disseminada
imunodepressão grave
• Leishmaniose visceral
- A candidíase orofaríngea é um indicativo de
• Retinite por CMV
que a imunidade do paciente está caindo. Já a
• MAC
esofágica, é um indicativo de que a imunidade
já caiu, sendo uma doença definidora de AIDS Neoplasias mais comum:
DIP | Elisabete Louise | P5 5

• Linfoma não Hodgkin TRATAMENTO


• Câncer cervical invasivo
• Linfoma primário de SNC Tratar todos os pacientes com diagnóstico de HIV,
• Sarcoma de Kaposi: lesões infiltradas independente do valor de linfócitos T CD4
violáceas
Terapia combinada (3 drogas):

• Inibidor de transcriptase reversa análogo


de nucleosídeo
- Zidovudina (AZT)
- Tenofovir (TDF)
- Lamivudina (3TC)
- Abacavir (ABC)

• Inibidor de transcriptase reserva não


DIAGNÓSTICO análogo de nuclesídeo
- Efavirenz (EFZ)
Etapa 1: testes imunoenzimáticos: detecção de - Nevirapina (NVP)
anticorpos e antígenos do HIV através dos exames
sorológicos • Inibidor de protease
- Darunavir (DRV)
OBS: cuidado com a janela imunológica, ex.: se o
- Atazanavir (ATV)
paciente disser que teve uma exposição há menos de 5
- Ritonavir (RTV)
dias e o teste negativar, ele deverá repetir o teste após
30 dias
• Inibidor de integrase:
Etapa 2: confirmatório - Dolutegravir (DTG)
- Raltegravir (RAL)
• Teste molecular: PCR para HIV, ou seja, dosa
a quantidade de DNA viral (carga viral) na • Inibidor de fusão Tratamento de 2ª
amostra de sangue • Inibidor de correceptor CCR5
linha: casos de
- Sensibilidade e especificidade alta (99%) resistência

- Usado para diagnóstico e acompanhamento


1ª opção terapêutica:
• Western Blot: exame que avalia anticorpos
específicos contra antígenos do HIV • ITRN + ITCI: TDF+ 3TC+ DTG
- Pede-se apenas para casos de urgência ou • OBS: DTG não pode ser utilizado em gestantes
quando o teste de carga viral não vem que estão no primeiro trimestre
detectado
Síndrome inflamatória da reconstituição imune
- Exame confirmatório
• Piora clínica e radiológica após início de
Diagnóstico de HIV a partir do teste rápido:
TARV (2 meses - 2 anos)
• Gestantes • Febre, tosse, emagrecimento
• Parturientes • Reconhecimento dos antígenos associados à
• Abortamento espontâneo infecção
• Acidente com material biológico • Fatores de rico:
• PSF - CD4<100cel/mm3
• Violência sexual - Carga viral elevada
- Uso de IP
• Diagnóstico de tuberculose
• Pronto-atendimento
DIP | Elisabete Louise | P5 6

INFECÇÕES OPORTUNISTAS - O parênquima comprometido faz com que a


difusão de O2 seja diminuída, causando a
Infecções que ocorrem em indivíduos dispneia
imunodeprimidos e que são mais graves nesse grupo
de pacientes • Exame para identificar 1,3-beta-glucana
(componente da parede celular externa de
Uso de TARV: redução de IO e mortalidade fungos liberado na corrente sanguínea durante
uma infecção fúngica invasiva). Não é um
PNEUMOCISTOSE exame de rotina na investigação de
pneumocistose, pois é uma partícula presente
Agente etiológico: Pneumocystis jirovecci
em outros fungos (não é específico da
• Fungo ubiquitário presente no ambiente - pneumocistose)
normalmente as pessoas se expõem a ele • Radiografia de tórax: infiltrado intersticial
• Infecção ocorre na infância (2-4 anos de bilateral. Pode haver infiltrado perihilar,
idade) presença de cistos e bolhas. Se houver o
• Transmissão aérea (inalação do fungo) rompimento dessas bolhas, o paciente pode
apresentar pneumotórax
Doença ocorre por nova aquisição ou reativação
mediante à baixa imunidade

90% dos casos – LT CD4<200 cél/mm3

Fatores de risco:

• LT CD4 < 14% ou 200 células/mm3


• Episódio prévio PCP
• Candidíase oral
• Pneumonia bacteriana recorrente
• Perda de peso não intencional Opacidade na base importante que impossibilidade a visão
• Alta carga viral do seio costofrênico, da delimitação do diafragma e da
borda da sombra cardíaca
Manifestações clínicas:
• Tomografia computadorizada de tórax:
• Dispneia progressiva de início subagudo áreas de vidro fosco (borramento) e áreas com
• Febre (pode ser intermitente) textura normal
• Tosse não produtiva - Solicitado apenas quando necessário
• Desconforto torácico
• Casos leves: exame pulmonar normal em
repouso; quando o paciente é posto em
esforço, pode haver alterações na ausculta
• Associação com candidíase oral
• Se não tratado, evolui para uma insuficiência
respiratória

Diagnóstico:
• Lavadobronquialveolar não viabiliza a
• Desidrogenase láctica (DHL) > 500 mg/dL.
detecção do agente etiológico da
É uma enzima liberada por vários tecidos que
pneumocistose. O histopatológico do tecido e
sofrem lesão, inclusive pelo tecido pulmonar
o PCR também não são exames de rotina
• Gasometria arterial (avaliar a pressão dos
gases no sangue): se a pressão de O2 < 70 Diagnósticos diferenciais:
mmHg, há uma situação de hipoxemia
DIP | Elisabete Louise | P5 7

• Tuberculose miliar (incidência de Protozoário adquirido por alimentos contaminados e


pneumocistose é mais alta) carnes malpassadas → infecção primária
• PAC
Infecção por reativação de cistos latentes no tecido
• Histoplasmose
quando nos pacientes imunodeprimidos
• COVID: pedir exame para descartar
Manifestação clínica:
Tratamento:
• Cefaleia, confusão mental, convulsão, febre e
• 1ª opção: Sulfametoxazol-trimetroprim,
coma (evolução)
durante 21 dias
• Alterações focais: paresia, disfasia, alteração
• 2ª opção (alérgicos) clindaminica+primaquina
motora
OBS: Se hipoxemia moderada-grave: associa o
Diagnóstico:
antimicrobiano a um corticoide: prednisona/
metilprednisolona • A sorologia para toxoplasmose irá auxiliar no
diagnóstico
▪ Reduz a inflamação da membrana alveolar do
- Se o anticorpo IgG for positivo significa que
paciente, melhorando as trocas gasosas =
o paciente já entrou em contato com o agente
melhora a perfusão de O2
no passado
OBS: Início TAV: 2 semanas após o tratamento da - Caso a sorologia for IgM ou IgG negativo,
pneumocistose não exclui a possibilidade de toxoplasmose,
pois o paciente pode estar muito
▪ Esses medicamentos melhoram a imunidade imunodeprimido a ponto de reduzir a
do paciente, gerando uma resposta produção de anticorpos
inflamatória mais intensa. Isso pode piorar a
inflamação da membrana alveolar e reduzir • Tomografia de crânio ou ressonância de
ainda mais a área de troca gasosa encéfalo:
- É mandatório fazer uma TC
OBS: quando os 21 dias de tratamento se encerram,
- Múltiplas lesões com realce anelar, em
pode parar com o antibiótico e manter apenas a
substância cinza dos gânglios da base ou
TARV?
cortes, com edema perilesionar
▪ Não! Enquanto os linfócitos T CD4 estiverem
menores que 200 células, o paciente ainda terá
o risco de ter uma nova pneumocistose. Logo,
ainda iremos manter o Bactrim até os
linfócitos T CD4 ficarem acima de 200 após 3
meses da TARV (profilaxia secundária)

OBS: profilaxia primária: prevenção para pacientes


que nunca tiveram pneumocistose

▪ Esse tratamento será adotado para pacientes


que diagnosticam HIV avançado com CD4
menor que 200 • Exame do LCR, por meio do qual pode-se
▪ Consiste no uso de sulfametoxazol- realizar o PCR para toxoplasmose
trimetoprim 3 vezes na semana (segunda, (especificidade acima de 96%)
quarta e sexta), até os linfócitos T CD4 - Não é exame de rotina
ficarem acima de 200 após 3 meses da TARV
• Biópsia: realizada apenas para casos que não
ENCEFALITE POR TOXOPLASMOSE obtiveram resposta com tratamento (em até 14
dias), podendo ser outro diagnóstico
Agente etiológico: Toxoplasma gondii
DIP | Elisabete Louise | P5 8

Diagnóstico diferencial: através de exames de imagem neurotoxoplasmose, mas apresentam os


LTCD4 abaixo de 100
• linfoma primário de SNC ▪ 1ª opção: sulfametoxazol-trimetoprim
• Leucoencefalopatia múltipla progressiva (Bactrim – 1 vez ao dia, por, no mínimo 3
(LEMP – massa em substância branca, sem meses, até os LTCD4 estarem maior que 200)
realce e sem edema) ▪ 2ª opção: dapsona+pirimetamina+ác folínico,
• Tuberculose até CD4>200, no mínimo 3 meses
• Criptococose
• Abcesso em SNC piogênico Começar a TAV em média de 2 semanas após o início
do tratamento da toxoplasmose

CITOMEGALOVÍRUS
Como prevenir a toxoplasmose em um
paciente que acabou de descobrir o HIV, sem Família herpes vírus (material genético DNA),
uso de TARV, se a sorologia for IgG e IgM caracterizado por ficar em latência após a infecção
negativo? (reativado em períodos de imunodepressão)

Por meio de medidas de orientação, como Os pacientes que apresentam maior risco são aqueles
manipulação segura da caixa de areia do gato, com LTCD4 menor que 50
evitar ingestão de alimentos em locais em que não
Transmissão: saliva, secreções, contato com crianças
se tem certeza da higienização, evitar beber água
em locais desconhecidos, evitar comer carne Manifestação clínica:
malpassada
• Retinite (mais comum): alteração na acuidade
TCD4 < 100: risco de toxoplasmose visual que, se não tratada, pode vir a causar
cegueira
• Colite: diarreia, perda de peso, dor abdominal,
anorexia, febre (pode aparecer úlcera e a
Tratamento:
perfuração do intestino)
• 1ª opção: Sulfadiazina+pirimetamina+ác. • Esofagite: dor retroesternal, odinofagia,
Folínico náusea, febre (pode aparecer úlcera)
• 2ª opção (casos de alergia): • Pulmonar (raro)
Clindaminina+pirimetamina+ác. Folínico • Encefalite: demência, ventriculoencefalite,
• Uso de corticosteroides nos casos de edema polirradiculomielopatia (perda bilateral da
cerebral difuso e/ou intenso efeito de massa força dos membros inferiores, alteração de
esfíncter)
OBS: o ácido folínico é administrado para reverter
possíveis efeitos hematológicos colaterais Diagnóstico: depende da apresentação clínica que o
paciente possui
90% dos pacientes têm melhora clínica após 14 dias
• Esofagite ou colite: solicita-se endoscopia ou
OBS: profilaxia secundária: colonoscopia, podendo-se identificar úlceras
esofágicas ou no cólon
▪ Após as seis semanas de tratamento, o
- Caso essas úlceras estejam presentes, faz-se
paciente ainda permanece em uso dos uma biópsia, em que podem ser identificados
antimicrobianos, em dose menor (dose para achados de inclusões intranuclear (“olhos de
profilaxia secundária), por seis meses, até os coruja”)
linfócitos T CD4 ficarem acima de 200

OBS: profilaxia primária:

▪ Pacientes diagnosticados com HIV, que não


apresentam sinais e sintomas de
DIP | Elisabete Louise | P5 9

• Retinite: diagnóstico oftalmológico protozoários que acometem o intestino delgado,


• Encefalite: PCR no LCR causando uma diarreia de má absorção)

Tratamento: Pacientes com AIDS e LTCD4 menores que 100

• Ganciclovir (5mg/kg/12/12h) de 14-21 dias Criptosporidiose


• Ao encerrar o tratamento, prescreve-se a
Causada pelo Criptosporidium
profilaxia secundária (ganciclovir – 5
mg/Kg/dia), até os LTCD4 estarem acima de A transmissão se dá por meio de oocistos presentes nas
100, por 3 a 6 meses após o início da TARV fezes humanas e animais, águas contaminadas de
piscinas e lagos, via sexual
CANDIDÍASE MUCOCUTÂNEA
Manifestações clínicas:
Candida albicans – fungo comensal do TGI, mas pode
haver um desequilíbrio quando a imunidade do • Diarreia aguda ou subaguda (10 a 20
paciente está baixa episódios) aquosa, náuseas, vômitos, febre
(1/3 dos pacientes), dor em cólica em baixo
• Indicador de imunodepressão ventre, má absorção
• Casos mais graves: colangite e pancreatite
Geralmente, a candidíase aparece quando a contagem
de LTCD4 do paciente está entre 100 e 200 Diagnóstico:

Pode existir o comprometimento orofaríngeo e • Pesquisa em fezes


esofágico (doença definidora de AIDS) • Pesquisa de antígenos
• Biópsia de tecido (vilos encurtados, criptas
Manifestações clínicas:
alongadas, parasita no vacúolo)
• Placas indolores e brancas em língua, palato
OBS: em diarreia abundante, profusa, geralmente 1
duro ou mole (removíveis)
amostra é suficiente para detecção. Nos casos leves,
• Queilite angular
necessária repetição
• Odinofagia, dor retroesternal e pirose
Tratamento:
Diagnóstico: clínica+ exame físico / EDA
• Dieta sem lactose
Tratamento:
• Hidratação
• 1ª opção: Fluconazol VO/IV por 7-14-21 dias • Avaliar eletrólitos
- Orofarínfgea: 7-14 dias • Agentes anti-motilidade (Imosec)
- Esofágica: 14-21 dias • Iniciar TARV + Nitazoxanide (Annita)
- Normalmente, observa-se uma melhora
OBS: o tratamento básico é igual para os 3 parasitas, o
clínica de 48-72h. Caso o paciente não
apresente melhora após 72 horas, é importante que muda é o antiparasitário
solicitar a EDA para realizar o diagnóstico
diferencial de outras infecções
(citomegalovírus e herpes simples). Microsporidiose

OBS: as úlceras podem ser causadas por O paciente se contamina pela ingestão de esporos
citomegalovírus ou herpes: associar a aciclovir
(herpes) ou danciclovir (citomegalovírus) Manifestações clínicas:

• Diarreia, síndrome de má absorção, hepatite,


DIARREIA CRÔNICA
encefalite, miosite, ceratoconjuntivite
No paciente com AIDS, a diarreia crônica pode Diagnóstico:
ocorrer devido à criptosporidíase, microsporidíase e
isosporíase (todas essas doenças são causadas por • Microscopia de luz
DIP | Elisabete Louise | P5 10

• Pesquisa de fezes: 3 amostras de fezes


• Biópsia de tecido

Tratamento:

• Iniciar TARV
• Albendazol (ação intestinal ou disseminada)
• Hidratação
• Agentes anti-motilidade

Isosporíase

O protozoário causador tem o ciclo de vida completo


no homem

Transmissão se dá por meio de ingestão de água e


alimentos contaminados

Manifestações clínicas:

• Diarreia aquosa, cólica, febre baixa, náuseas e


vômitos, esteatorreia e hipoalbuminemia,
colecistite alitiásica, artrite reativa

Diagnóstico:

• Pesquisa de oocistos de Isospora em amostra


de fezes
• Biópsia intestinal (detecção de oocistos à
atrofia das vilosidades)

Tratamento:

• Hidratação
• Correção de distúrbios hidroeletrolíticos
• Suporte nutricional
• Sulfametoxazol-trimetoprim durante 10
dias
- 2ª opção: pirimetamina + ácido folínico
DIP | Elisabete Louise | P5 1

MICOSES SISTÊMICAS
INTRODUÇÃO Superficiais:

Fungos leveduriformes-unicelulares • Cutâneas-micoses de implantação


• Otomicose
Fungos filamentosos: produzem propágulos dispersos • Onicomicose
no ar

Os fungos patogênicos penetram no hospedeiro por


via inalatória ou transtegumentar

As micoses sistêmicas são basicamente pulmonares

Dimórficos térmicos:

• Na natureza são filamentosos


• No hospedeiro, a 37º, são leveduriformes Aspergilose pulmonar crônica cavitaria

Infecções associadas a injúria tecidual ou corpo


ASPERGILOSE
estranho:
Aspergillus sp • Ceratite e endoftalmite (+ grave)
• A. fumigatus • Infecções em queimaduras
• A. flavus Espécies causadoras da • Osteomielite
• A. niger aspergilose pulmonar • Endocardite de válvula protética
• Infecção de enxerto vascular
É um fungo filamentoso, ubíquo (encontrado em todas • Aspergiloma
as estacoes do ano, dispersos no solo, em vegetais ou • Peritonite
qualquer matéria em decomposição)

• Muito presente em regiões úmidas (inalação


no ambiente contaminado pelo fungo) Infecções em pacientes imunocomprometidos

Podem causar infecções superficiais ou localizadas em Sinusite


indivíduos imunocompetente, mas, em situações de
Traqueobronquite
imunossupressão, podem causar uma ampla variedade
de infecções (oportunistas), frequentemente fatais Aspergilose pulmonar

• A apresentação clínica da aspergilose depende Aspergilose pulmonar necrotizante crônica


da porta de entrada e do estado imune do
hospedeiro Aspergilose pulmonar invasiva aguda (AI)

Aspergilose do SNC: por contiguidade ou fungemia


CLASSIFICAÇÃO DAS INFECÇÕES
secundária a foco pulmonar
Infecções em imunocompetentes
Aspergilose disseminada
Alérgicas:
RINOSSINUSITE
• Sinusite
• Aspergilose Broncopulmonar Alérgica Manifestações clínicas:
(ABPA)
DIP | Elisabete Louise | P5 2

• Febre Tipos de aspergilose pulmonar crônica:


• Epistaxe
• Aspergilose pulmonar cavitaria crônica
• Secreção nasal
(CCPA)
• Cefaleia
• Aspergilose pulmonar fibrosante crônica
• Dor de dente
(CFPA)
• Dor em seios nasais
• Aspergilose invasiva subaguda ou APNC
Complicações:
Essas 3 formas podem evoluir para:
• Necrose do palato
• Aspergiloma
• Celulite periorbitária
• ABPA (broncopneumonia aguda)
• Abcesso cerebral
• Aspergilose pulmonar invasiva (atinge outros
ASPERGILOSE PULMONAR órgãos

Pensa-se nessa etiologia quando tratamos de uma ASPERGILOSE PULMONAR CRÔNICA


possível pneumonia não responsiva ao uso de NECROTIZANTE
antibióticos
Processo crônico de destruição do parênquima
Características: pulmonar sem invasão dos vasos sanguíneos, ou seja,
mantém-se restrita aos pulmões
• Febre não responsiva a antibióticos
• Neutropênicos: Acomete:
- Sinais precoces: tosse seca e dor pleurítica +
• Idosos com DPOC
TC com sinal do halo
• Tuberculose inativa
- Tosse
• Ressecção pulmonar prévia
- Escarro
- Infiltrado pulmonar mais tardio • Pneumoconiose
• Fibrose cística
Manifestações: • Sarcoidose
• DM
• Nódulos
• Desnutridos
• Cavitações
• Uso de corticoides
• Padrão alveolar
• Sinal do halo: característico de Aspergilose Manifestações indolentes e de duração prolongada
invasiva pulmonar
- Lesão nodular periférica circundada por halo • Febre baixa
acinzentado que corresponde a edema e • Tosse crônica produtiva
hemorragia • Fadiga
• Perda de peso
• Sinal de crescente de ar
- Secundária a instalação de necrose tecidual,
sendo formada a cavidade

TRAQUEOBRONQUITE

Pode ocorrer em pacientes que fizeram transplante de


pulmão
DIP | Elisabete Louise | P5 3

• Colonização a traqueobronquite
pseudomembranosa ou ulcerativa na
anastomose do pulmão transplantado

Sintomas:

• Tosse
• Febre
• Hemoptoicos
• Obstrução da luz brônquica levando ao
aparecimento de estridores e sibilos
unilaterais (apenas no lado comprometido)

ASPERGILOSE DO SNC
DIAGNÓSTICO
Alteração do nível de consciência
Pesquisa direta
Convulsões
Cultura
Déficit motor
Exame anátoo-patológico
Invasão de vasos sanguíneos: leva a trombose, infartos
e sangramentos Galactomanana sérica: antígeno produzido pelo fungo

ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR Antígeno específico do aspergillus


ALÉRGICA
TRATAMENTO
Asmáticos crônicos e fibrose cística
Objetivos:
Alteração de gravidade da asma
• Controle da infecção
Reação cutânea imediata • Conter a progressão da fibrose
• Prevenir hemoptise
Aumento de IgE e IgA para A. fulmigatus
• Melhorar a qualidade de vida
Eosinofilia periférica
Anfotericina B (inicialmente): formas invasivas:
Infiltrado pulmonar migratório
Itraconazol: benefícios nos casos de APCC
Processo autolimitado: não necessariamente precisa sintomática e progressiva
de medicamentos, mas pode fazer uso de corticoides
para controle dos sintomas • Considerado tratamento padrão para APCC

Voriconazol:
BOLA FÚNGICA
• Efetivo na APCC como terapia de 1ª escolha
Presença de cavitações decorrentes de outras doenças, ou substituição
tais como: TB, sarcoidose, bronquiectasia, neoplasia • Droga menos invasiva
ou infartos pulmonares
Equinocandinas
Tratamento ineficaz com antifúngicos
OBS: formas alérgicas não são tratadas com
Cirurgia em hemoptise: evita-se pelas complicações antifúngicos
de fístula, empiema, sangramentos
CRIPTOCOCOSE
Monitoramento clínico
Micose profundo
DIP | Elisabete Louise | P5 4

Cosmopolita

Doença oportunista – mais comum em


imunossuprimidos:

• Linfoma
• Leucemia
• DM
• LES
• Sarcoidose
• Uso de corticoide em altas doses Formas cutâneas:
• Uso de anticorpos monoclonais • Pápulas
• Transplantados • Pústulas
• HIV • Abscessos
Espécies: neoformans e gatti • Ulcerações de pele

Reprodução:

• Sexuada -hifas longas septadas


• Assexuada – brotamento -leveduriformes

Fatores de risco:

• Imunossupressão Criptococose no SNC:


• Corticoide
• Transplante • Cefaleia muito intensa
• Neoplasias • Febre
• Vômitos
Transmissão: inalação dos esporos • Alterações de pares de nervos cranianos
• Aves (pombos) - Alterações visuais (diplopia)
• Eucalipto • Alteração de nível de consciência
• Rigidez de nuca
Patogenia: • Confusão meníngea
• Agitação
• Inalação de formas leveduriformes não
• Convulsão
encapsuladas ou com cápsula muito tênue
• Coma
• Pode permanecer no pulmão com resolução
espontânea ou disseminar-se Diagnóstico (SNC)
• Neurotropismo: depende de:
- Virulência do fungo: a depender da cápsula • Pesquisa do criptococos:
do vírus - LCR: pode-se fazer uma coloração e
- Resposta do hospedeiro (imunidade)s visualizar os microrganismos
- Lavado broncoalveolar
Quadro clínico:

• Pulmonar: assintomático
• Disseminação: febre; expectoração; dor
pleurítica; emagrecimento; dispneia;
raramente provoca hemoptise
DIP | Elisabete Louise | P5 5

• Exames de imagem: RNM ou TC predileção pelo sistema reticuloendotelial


- Dilatação ventricular (baço, fígado e medula óssea)
- Pseudocisto gelatinoso
- Criptococoma Patogênese: depende de:

• Magnitude da exposição
• Estado imune do paciente (linfócitos TCD4
abaixo de 100 aumenta o risco de exposição
• Virulência da cepa

Formas clínicas: pulmonar ou disseminada

• Histoplasmose pulmonar aguda:


- Paciente imunocompetente
- Quadro semelhante ao gripal: febre, cefaleia,
Tratamento: tosse seca, anorexia, mialgia
- Remissão espontânea em 6 semanas
• Fase de indução (período com drogas em altas - Radiografia: acometimento das bases
doses) pulmonares bilateralmente com formação de
- Anfotericina B + fluconazol (doses bem micronodulos com adenomegalia mediastinal
altas)
- Anfotericina B

• Fase de consolidação/ manutenção: realizada


quando o paciente não apresenta gemulação
no LCR
- Fluconazol

• Punção lombar (redução PIC)


• Derivação lombo-peritoneal (manter PIC e
reduzir a cefaleia)

HISTOPLASMOSE • Histoplasmose pulmonar crônica:


- Doença progressiva que reslta em necrose e
Doença sistêmica causada pelo histoplasma fibrose
capsulatum - Diagnóstico diferencial com tuberculose
- Acomete mais homens idosos
Climas temperos e tropiacais - Sintomas: febre baixa vespertina, perda de
peso, sudorese noturna, dor no peito,
Presente no solo e fezes de aves e morcegos
hemoptise
Cosmopolita
• Forma disseminada:
Dimórfico: filamentoso e leveduriforme - Doença progressiva em pacientes com
deficiência de imunidade celular (HIV,
Infecção por inalação
transplantados, cirróticos, linfoma)
Transmissão: - Quadro clínico: febre de origem obscura,
anemia, hepato-esplenomegalia, leucopenia,
• Inalatória idspneia e dor torácica, ulcerações em tubo
• Não ocorre transmissão inter-humana digestivo, perda de peso
• Inicialmente pode se instalar nos pulmões e
depois se disseminar em outros órgãos, tendo
DIP | Elisabete Louise | P5 6

Exames laboratoriais:

• Fosfatase alcalina elevada


• Provas inflamatórias: VHS, ferritina, PCR e
DHL elevados
• Pancitopenia
• Hipercalcemia

Diagnóstico:

• Isolamento do histoplasma – amostra de:


- Sangue, medula óssea, aspirado ganglionar,
lLCR, secreção pulmonar (LBA), pus, crostas
de lesões
• Exame direto
• Cultura – até 6 semanas
• Provas imunológicas e moleculares
• Intradermorreação com histoplasma
• Pesquisa de anticorpos
• Rt-pcr

Tratamento:

• Anfotericina B – complexo lipídico (menor


toxicidade)
- 3-5 mg/kg/dia por 1-4 semanas

• Itraconazol para seguir o tratamento (200mg


de 12/12h por meses)
DIP | Elisabete Louise | P5 1

SEPSE
INTRODUÇÃO Epidemiologia

19,5 milhões de casos de sepse, onde 3,5 milhões


Sepse era definida como uma infecção associada à
ocasionaram mortes
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS –
termo em desuso, inespecífico e insuficiente. Somente Brasil - 1/3 dos leitos de Terapia Intensiva
essa síndrome não é indicativa de sepse. O paciente
pode ter SIRS e não ter sepse) Taxa de mortalidade de 55,7%

Resistência bacteriana aos antimicrobianos

• 2050 – 10 milhões de pessoas morrerão de


sepse por IRAS

Fatores relacionados à maior incidência

• Maior sobrevida de pacientes com neoplasia e


AIDS
• Uso exagerado de antimicrobianos
• Uso de dispositivos médicos invasivos
• Elevação da média de idade da população

Sepse: disfunção orgânica ameaçadora à vida


secundária à resposta desregulada do hospedeiro a Fatores predisponentes
uma infecção
• Extremos de idade
• Disfunção orgânica: aumento em 2 pontos no • Imunodeficiência por câncer, quimioterapia,
escore Sequential Organ Failure Assessment doenças crônicas ou AIDS
(SOFA) como consequência da infecção • Vítimas de traumatismos: acidentes
automobilísticos, ferimentos por arma de fogo
Choque séptico: anormalidade circulatória e e queimaduras
celular/metabólica secundária a sepse o suficiente para • Neoplasias
aumentar significativamente a mortalidade • Uso crônico de corticóides e
imunossupressores
• Requer a presença de hipotensão com
• Uso de drogas injetáveis
necessidade de vasopressores para manter
• Neutropenia
pressão arterial média ≥ 65mmHg e lactato ≥
2mmol/L após adequada ressuscitação • Uso anterior de antimicrobianos
volêmica • Presença de sondas e cateteres
• Hospitalização prolongada

Etiologia

Qualquer microrganismo patogênico

Principais bactérias G- e G+

• Enterobacterias (muito resistente) e o


Estafilococos
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Crescente percentual por fungos

• Principal: Cândida aureus (resistente até a


anfotericina)
- Pacientes imunocomprometidos
- Uso exagerado de antibióticos
- Procedimentos invasivos

OBS: síndrome de Waterhouse-Friderichsen: definida


como necrose hemorrágica maciça e aguda das
glândulas supra-renais no decurso da sepse
OBS: não é indicado para pacientes que chegam no PA

O qSOFA (Quick Sepsis-related Organ Failure


Assessment) identifica entre os pacientes com suspeita
de infecção, aqueles com alto risco de óbito ou de
internação em UTI
ESCORES PROGNÓSTICOS
• A presença de duas dessas três variáveis é
(IMAGEM 1) preditiva de maior mortalidade entre pacientes
com suspeita de sepse
• Não define diagnóstico!

FISIOPATOLOGIA DA SEPSE

Os escores auxiliam na transmissão de informações de A resposta normal do hospedeiro à infecção é um


pacientes e discriminam a potencialidade de gravidade processo complexo que localiza e controla a invasão
dos casos do agente infectante, enquanto inicia o reparo do
tecido lesionado
O escore SOFA (Sequential Organ Failure
Assessment) foi desenvolvido para pacientes sépticos Ocorre ativação de células fagocitárias circulantes e
e avalia as disfunções orgânicas fixas e a geração de mediadores pró-inflamatórios e
anti-inflamatórios. Na sepse, caracteristicamente a
• Para cada sistema avaliado pelo SOFA, o resposta à infecção se torna desregulada e
paciente receberá uma pontuação que varia generalizada, envolvendo tecidos normais afastados
entre 0 e 4, de modo que, no final das contas, do local da lesão ou infecção, com um desequilíbrio na
ele pode ficar com um escore de 0 a 24 pontos. homeostase inflamatória, assumindo padrões variados
• A disfunção é definita quando o paciente tiver de ativação sistêmica
um aumento de 2 pontos no SOFA
O equilíbrio de mediadores pró-inflamatórios e anti-
OBS: os valores de referência não precisam ser inflamatórios regula os processos inflamatórios,
decorados. O mais importante é saber os parâmetros incluindo a aderência, quimiotaxia, fagocitose de
que são avaliados para definir os exames que serão bactérias invasoras, morte bacteriana e a fagocitose de
solicitados detritos do tecido lesionado. Se os mediadores se
DIP | Elisabete Louise | P5 3

equilibrarem e o insulto infeccioso inicial for • Trombocitopenia e/ou CIVD


superado, a homeostase será restaurada • ITU
• Lesões de pele associadas a bacteremia
A sepse ocorre quando há desregulação dos
• A febre pode estar ausente em idosos,
mediadores pró e anti-inflamatórios em resposta a uma
urêmicos, alcoólatras e lactentes jovens
infecção, ultrapassando os limites do ambiente local e
• Em idosos o estado confusional, ou mudança
levando a uma resposta mais generalizada
do estado mental

Sinais de alarme – SEPSE

▪ Rebaixamento do nível de consciência


▪ Sonolência
▪ Confusão mental
▪ Agitação
▪ Respiração ofegante
▪ Falta de ar
▪ Fraqueza
▪ Pressão arterial baixa
▪ Tontura
SÍNDROME DA RESPOSTA ▪ Diminuição da diurese
INFLAMATÓRIA SISTÊMICA

SIRS é o termo utilizado para descrever uma reação


inflamatória sistêmica, ou seja, que afeta o organismo QUADRO CLÍNICO DA SEPSE
como um todo, e se desenvolve frente a diferentes
tipos de agentes agressores (trauma, queimadura, Manifestações clínicas variadas, a depender:
isquemia ou mesmo uma infecção)
• Sítio da infecção
Quando ocorre em paciente cujos sistemas de defesa • Doença de base
do organismo encontram-se comprometidos, torna-se • Idade do paciente
uma condição de elevada gravidade • Resposta inflamatória sistêmica

OBS: os pacientes costumam se apresentar com


taquicardia, taquipneia, alteração da temperatura (para
mais ou para menos) e com a evolução do quadro
podem começar a apresentar sinais de choque e
disfunção orgânica

Bacteremia: febre, calafrios e hipotensão

Suspeitar de sepse quando:

• Taquipnéia e alcalose respiratória


• Oligúria e anúria
• Acidose metabólica
• Presença apenas de febre
• Hipotensão e/ou hipotermia
DIP | Elisabete Louise | P5 4

TRATAMENTO • Lactato
• Volume: na presença de sinais de hipotensão
Uma vez tendo levantado a suspeita de Sepse, a gente e/ou lactato 2x maior que o normal
deve manejar o paciente o mais rápido possível e isso • Drogas vasoativas
envolve, logo de cara, monitorizá-lo e garantir acesso
vascular, sendo que por esse nós já devemos colher os LACTATO
exames necessários para definir o SOFA
Marcador de Hipoperfusão tecidual

Marcador prognóstico

Alvo terapêutico

Pacote de Primeira Hora Nos pacientes com lactato alterado acima de duas
vezes o valor de referência, a meta terapêutica é o
No tratamento de sepse, algumas medidas devem ser clareamento do mesmo
feitas imediatamente, na 1ª hora de atendimento
• Assim, como um complemento ao pacote de 1
• Lactato hora, dentro de 2 a 4 horas após o início da
• Hemocultura: deve ser realizada antes do ressuscitação volêmica, novas dosagens
início da terapia medicamentosa, contudo, não devem ser solicitadas
se pode esperar o resultado para iniciar a
antibióticoterapia Referência: <2mmol/L ou queda de 20% em 2-6
• Antibiótico horas
DIP | Elisabete Louise | P5 5

ANTIBIÓTICO Pacientes com sinais de hipoperfusão e com níveis de


hemoglobina abaixo de 7 mg/dL devem receber
Amplo espectro (ex.: ceftriaxona ou claritromicina) transfusão o mais rapidamente possível

Utilizar dose máxima para o foco suspeito ou Idealmente, os pacientes com choque séptico devem
confirmado, com dose de ataque nos casos pertinentes, ser monitorados com pressão arterial invasiva,
sem ajustes para a função renal ou hepática enquanto estiverem em uso de vasopressor

Remover foco infeccioso • A aferição por manguito não é fidedigna nessa


situação, mas pode ser utilizada nos locais
Descalonar antibioticoteraia (estreitar o espectro), a onde a monitorização invasiva não está
partir do resultado da hemocultura disponível

VOLUME Pacientes sépticos podem se apresentar hipertensos,


principalmente se já portadores de hipertensão arterial
Para pacientes hipotensos (PAS< 90mmHg, sistêmica. Nesses casos, a redução da pós carga pode
PAM<65mmHg ou, eventualmente, redução da PAS ser necessária para o restabelecimento da adequada
em 40mmHg da pressão habitual) ou com sinais de oferta de oxigênio
hipoperfusão, entre eles níveis de lactato acima de 2x
o valor de referência (hiperlactatemia inical), deve ser OUTRAS RECOMENDAÇÕES
iniciada ressuscitação volêmica com infusão imediata
de 30ml/kg de cristaloides (SRL) Corticóide: a droga recomendada é a hidrocortisona
na dose de 50 mg a cada 6 horas
DROGAS VASOATIVAS
Ventilação mecânica:
Pressão arterial média (PAM) abaixo de 65 (após a
• A estratégia protetora (6 mL/kg de peso ideal)
infusão de volume inicial), sendo a noradrenalina a
e a limitação da pressão de platô abaixo de 30
droga de primeira escolha
cmH2O
Não se deve tolerar pressões abaixo de 65 mmHg por • Manter uma PaO2 entre 70 - 90 mmHg
períodos superiores a 30-40 minutos. Por isso, o • Para pacientes com diagnóstico de SDRA há
vasopressor deve ser iniciado dentro da primeira hora menos de 48 horas, com relação PaO2/ FiO2
nos pacientes em que ele está indicado menor que 150 e FiO2 de 60% ou mais, a
utilização de posição de prona é recomendada,
REAVALIAÇÃO DAS 6HRS para unidades que tenham equipe com
treinamento na técnica.
Reavaliação da continuidade da ressuscitação • Controle glicêmico
volêmica, por meio de marcadores do estado volêmico
ou de parâmetros perfusionais Terapia renal substituta

• Mensuração de pressão venosa central PREVENÇÃO DE SEPSE


• Variação de pressão de pulso
• Variação de distensibilidade de veia cava Na comunidade
• Elevação passiva de membros inferiores
• Vacinação
• Qualquer outra forma de avaliação de
• Controle das doenças de base: HIV e Diabetes
responsividade a fluídos (melhora da pressão
arterial após infusão de fluidos, por exemplo) • Higiene
• Mensuração de saturação venosa central Na IRAS
• Tempo de enchimento capilar
• Presença de livedo • Lavagem das mãos
• Sinais indiretos (por exemplo, melhora do • Utilização de barreiras
nível de consciência ou presença de diurese) • Regras de controle de IH
• Pacientes graves – uso de cateteres
DIP | Elisabete Louise | P5 6
DIP | Elisabete Louise | P5 7
DIP | Elisabete Louise | P5 1

SÍFILIS

INTRODUÇÃO Mesmo estando frente a lesões típicas, não deve ser


esquecida a possibilidade de estar ocorrendo um caso
A sífilis é uma infecção causada pelo Treponema atípico de outra DST ulcerativa ou mesmo de
Pallidum (espiroqueta, Gram negativa), transmitida associações entre elas
principalmente por contato sexual, podendo também
ser transmitida através da placenta (vertical), contato • Quando o paciente tem HIV, a sífilis pode se
de recém-nascido no canal do parto, beijando, tocando manifestar com características diferentes
em lesão ativa primária, transfusão sanguínea (lesões mais extensas, ulceradas e em maior
número, o estabelecimento de quadro de
Grupo mais vulnerável: HSH neurossífilis e sífilis tardia antes de 1 ano)
Enfermidade sistêmica: disseminação hematogênica
FASES
Interação com HIV: maior infectividade e Período de incubação: de 10 a 90 dias – média de 21
disseminação para SNC dias – a partir do contato sexual infectante
• Aumenta significativamente o risco de se 35% das pessoas irão progredir para cura espontânea
contrair a infecção pelo HIV, uma vez que a
entrada do vírus é facilitada pela presença das 35% permanecerão em estado de latência por toda vida
lesões sifilíticas
Restante progride para sífilis terciária
Doença de notificação compulsória (desde 2010):
tanto a congênita quanto a sexual RECENTE/ PRIMÁRIA

Abordagem global: Lesão ulcerada na região genital que aparece entre 4-


6 semanas após a exposição sexual
• Investigação: contato sexual, incluindo oral;
estágios iniciais (maior contágio); reinfecção A 1ª manifestação é uma erosão ou úlcera no local de
comum entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino,
• Notificação ânus, boca, outros locais do tegumento)
• Avaliação: • Homens: úlcera em pênis
- Testar anti-HIV, HBV, HCV, HAV • Mulheres: sobretudo na vulva
- Outras ISTs
- Convocar parceiros (comunicar e testar, no O cancro duro geralmente é único, indolor, com base
intuito de barrar a cadeia de transmissão) endurecida e fundo limpo, rico em treponemas.
- Avaliar vacinações e orientações pós-teste Acompanhado de linfadenopatia inguinal (pode ser
(como não adquirimos imunidade contra a dolorosa)
bactéria, o indivíduo pode adquirir sempre
que se expuser) Fase de maior transmissibilidade

A sífilis pode se manifestar de inúmeras formas em


vários locais: lesões na vagina, reto, orofaringe
frequentemente não são percebidas.

• Aproximadamente 6 semanas após a


exposição, há cura do cancro e os sinais e
sintomas da sífilis secundária podem
aparecem
SECUNDÁRIA
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Iniciada quando a bactéria se dissemina de forma TERCIÁRIA


hematogênica
Quando o paciente não é tratado, a doença adquire
A característica principal da lesão é a roséola sifilítica caráter de maior gravidade, podendo causar
(erupção macular eritematosa – principalmente na complicações cardiovasculares, neurológicas e outras
região palmo-plantar). Depois, podem ser
identificados condilomas planos nas dobras mucosas 2 a 40 anos após exposição
(lesões úmidas e vegetantes), além de alopecia (Sinal
Os sintomas são principalmente cardiovasculares e
de Fournier), madarose e paroníquia.
neurológicos
Micropoliadenopatia, febre baixa, mal-estar, cefaleia
podem estar presentes • Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter
destrutivo
• Principal manifestação: pele (palmo-plantar,
• Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou
tórax)
esclerosante, artrites, sinovites e nódulos
OBS: toda erupção cutânea sem causa determinada, justa-articulares
deve fazer teste e investigação para sífilis • Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma
e estenose de coronárias
Surge entre 6 semanas a 6 meses após a exposição • Neurológicas: meningite aguda, goma do
sexual cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico,
lesão do 7º par craniano, paralisia geral, tabes
Evolui com surtos de 4 a 12 semanas e latência
dorsalis e demência
Pode ser: precoce (menos de anos da exposição) ou
tardia

DIAGNÓSTICO

EXAMES DIRETOS

No início, não houve tempo para produção de


anticorpos, assim, faz-se uma pesquisa ou detecção do
T. pallidum em amostras coletadas diretamente das
OBS: as lesões desaparecem independente de lesões
tratamento
São eles:
OBS: faringite: manifestação rara de sífilis secundária
• Microscopia de campo escuro: pouco
utilizado
Fase latente
• Pesquisa direta com material corado
Alguns autores a consideram como fase secundária, • Biópsia
outros a consideram uma fase a parte
TESTES IMUNOLÓGICOS
Período em que não se observam sinais e sintomas.
Assim, o diagnóstico é dado apenas através dos Realização de pesquisa de anticorpos em amostras de
testes sorológicos sangue total, soro ou plasma

▪ Recente: até 1 ano após a exposição Na maioria dos casos, os anticorpos poderão ser
▪ Tardia: mais de 1 ano de evolução detectados a partir de 10 dias do aparecimento da lesão
primária da sífilis
DIP | Elisabete Louise | P5 3

Teste rápido ou
Diagnóstico de em rede
Testes treponêmicos Sífilis laboratorial (na
ausência do TR)

Detectam anticorpos específicos contra os antígenos


do T. pallidum Teste não
TR reagente
treponêmico
Podem ser usados para diagnóstico, porém, em 85%
dos casos, permanecem reagentes por toda vida,
mesmo após o tratamento, logo não são indicados para Monitoramento Anticorpos não
o monitoramento da resposta ao tratamento do tratamento treponêmicos

Há os testes rápidos (TR), teste de hemaglutinação e


de aglutinação das partículas, teste de
imunofluorescência direta (1º a se tornar reagente),
ELISA/ VDRL/ Interpretação
ensaios imunoenzimáticos (ELISA – elevada TPHA- RPR
sensibilidade), teste imunológico com revelação FTA-
quimioluminescente, testes específicos para detecção Abs

de anticorpos IgM (apresentam pouca sensibilidade, - - Ausência de infecção ou


sendo indicados em amostras de LCR e investigação período de incubação
de sífilis congênita em recém-nascidos) + + Sífilis recente

FTA-Abs: indica a exposição (sempre positivo) + - Sífilis primária ou latente.


Previamente tratada ou não
- + Falso positivo

Testes não treponêmicos É importante considerar que

São usados para diagnóstico e monitoramento da ▪ Quanto mais precocemente a sífilis for
resposta ao tratamento e controle da cura (quando o diagnosticada, maior será a possibilidade de o
tratamento é bem-sucedido, os títulos dos exames organismo ainda não ter produzido anticorpos
quantitativos deverão diminuir) para serem detectados por testes
imunológicos, ou seja, os resultados não serão
VLDR, RPR e USR são os mais usados. Há também o reagentes, embora se trate de sífilis
TRUST ▪ Após o tratamento, pode ocorrer a negativação
dos testes não treponêmicos, mas a
Resultados falso-reagentes podem ocorrer, já que as
anticardiolipinas podem estar presentes em outras negativação dos testes treponêmicos é rara
doenças. Logo, somente o teste não treponêmico não ▪ A possibilidade da completa negativação dos
confirma a infecção e não define o diagnóstico de testes imunológicos é diretamente
proporcional à precocidade do diagnóstico e
sífilis
do tratamento
• Falso positivo: doenças reumatológicas, ▪ Quanto mais tardio for o tratamento, maior
colagenoses, hepatites virais e crônicas, será a possibilidade de o resultado do teste
vacinas recentes, gravidez, hanseníase permanecer reagente para sempre
DIP | Elisabete Louise | P5 4

• Paciente que não responde ao tratamento


Sífilis precoce (primária, secundária,
início da latente) é mais infecciosa • Quadros de sífilis de duração desconhecida
do que a sífilis latente tardia • Títulos sorológicos altos
• Imunossupressão não controlada
Sífilis latente: período em que não se
observa sinal ou sintoma clínico, SÍFILIS CONGÊNITA
verificando-se reatividade nos testes
imunológicos que detectam anticorpos.
A sífilis congênita ocorre por meio da disseminação
A maioria dos diagnósticos ocorrem nesses
estágio hematogênica do T. pallidum para o feto,
predominantemente, por via transplacentária ou por
Sífilis secundária: presença significativa de contato direto com a lesão no momento no parto
resposta imune, com intensa produção de
anticorpos contra treponema. É prevenível quando se identificam e se tratam
Os anticorpos circulantes resultam em adequada e oportunamente a gestante infectada e suas
maiores títulos nos testes não treponêmicos
e também implicam resultado reagente nos parcerias sexuais
testes treponêmicos
Notificação compulsória regular (7 dias) –
maternidades e ambulatórios pediátricos
NEUROSÍFILIS
Pode ser:
Acomete SNC

Simula qualquer transtorno mental, funcional ou • Precoce: se manifesta antes dos 2 anos
lesional (Alzheimer, esclerose múltipla, tumores, - Lesões cutaneomucosas (pênfigo sifilítico,
Parkinson, AVC por arteriosclerose, esquizofrenia, placas mucosas, lesões ungueais), ósseas
depressão, etc.) (osteocondrite epifisária, periostite), viscerais
(hepatite, esplenomegalia), anemia, meningite
Pode ser observada já nas fases iniciais da infecção
• Tardia: se manifesta após os 2 anos
O acometimento precoce é por reação inflamatória da - Tríade de Hutchinson (ceratite
bainha de mielina, não há destruição anatômica das parenquimatosa, surdez labiríntica e dentes de
estruturas neurais Hutchinson), lesões oculares e auditivas,
Exterioriza-se clinicamente em 1- 2% como meningite osteoarticulares, meningite, cirrose difusa
asséptica

Ocorre em 10 a 40% dos pacientes não tratados

Assintomática, só diagnosticada pela sorologia do


líquor, na maioria dos casos

OBS: em pacientes com infecção pelo HIV, a


neurosífilis deve ser descartada antes da terapia: LCR

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é baseado em uma combinação de


achados clínicos, alterações do LCR e ao resultado do
VDRL no LCR

Indicações para coleta de LCR:

• Pacientes infectados pelo HIV e com


diagnóstico de sífilis, que tenham sintomas
neurológicos, oculares (uveíte) ou de sífilis
em outros órgãos
DIP | Elisabete Louise | P5 5

DIAGNÓSTICO RN de mães com sífilis, mesmo os não infectados,


podem apresentar anticorpos maternos transferidos
Associação de critérios epidemiológicos, clínicos e passivamente através da placenta
laboratoriais deve ser a base para o diagnóstico na
criança Resultado reagente em < 18 meses só tem significado
clínico quando o título for 2 vezes maior que na
• Não existe uma avaliação complementar para amostra da mãe
determinar com precisão o diagnóstico da
infecção na criança • Deve confirmar com uma segunda amostra
coletada na criança
Todo RN de mães com diagnóstico de sífilis na
gestação ou no parto, ou na suspeita clínica de sífilis RN não reagente, se persistir a suspeita
congênita, devem realizar a investigação, mesmo nos epidemiológica repetir teste com 1 mês, 3, 6, 12 e 18
casos de mães adequadamente tratadas, devido à meses, devido à possibilidade de soroconversão
possibilidade de falha terapêutica durante a gestação,
Interromper o seguimento após 2 exames não
que pode ocorrer em cerca de 14% dos casos
treponêmicos consecutivos e negativos
Exame direto

Pesquisa do T. pallidum em campo escuro em material


Exames complementares
coletado de lesão cutâneo-mucosa e de mucosa nasal.
Em biópsia ou necrópsia, embora o treponema esteja Hemograma, perfil hepático e eletrólitos
morto, se usadas colorações especiais ou técnicas de
imuno-histoquímica, permitem a visualização do Avaliação neurológica, incluindo punção liquórica:
treponema células, proteínas, testes treponêmicos e não
treponêmicos

Raio-X de ossos longos


Testes treponêmicos (TPHA, FTA-Abs, EQL,
ELISA ou testes rápidos) Avaliação oftalmológica e audiológica

São qualitativos para detecção de anticorpos OBS: RN de mães com sífilis não tratada ou
antitreponêmicos específicos, de uso limitado em RN, inadequadamente tratada: independente do resultado
pois os anticorpos IgG maternos ultrapassam a do teste não treponêmico (VDRL do RN) realiza
barreira placentária exames complementares

Em crianças maiores de 18 meses, um resultado OBS: RN de mães adequadamente tratadas: realizar


reagente confirma a infecção (os anticorpos maternos VDRL em sangue periférico do RN
transferidos passivamente terão desaparecido da
circulação) ▪ Se reagente e com titulação maior do que a
materna, e/ou na presença de alterações
OBS: considerar que um resultado negativo não clínicas, realizar hemograma, radiografia de
exclui diagnóstico de sífilis congênita ossos longos e análise do LCR

TRATAMENTO
Testes não treponêmicos (VDRL, RPR ou TRUST) Benzilpenicilina cristalina EV: crianças com sífilis
congênita e neurossífilis
Diagnóstico e seguimento, por serem qualitativos e
quantitativos Benzilpenicilina procaína IM/ benzatina: crianças
cujas mães não foram tratadas, com exame físico
Devem ser realizados no neonato, evitando-se o
normal e teste não treponêmico não reagente ao
sangue do cordão umbilical
nascimento
DIP | Elisabete Louise | P5 6

TRATAMENTO Tratamento mais precoce maior probabilidade de


negativação dos testes não treponêmicos
O tratamento de escolha em todas as etapas é a
penicilina Diagnóstico dado após fase secundária, pode-se
permanecer com testes positivos em baixos títulos (até
Sífilis precoce (primária e latente recente: até 1 ano - 1:4) pelo resto da vida
única injeção IM de 2,4 milhões UI/de penicilina G
benzatina Elevação de títulos em testes não treponêmicos em
duas diluições (por exemplo, de 1:16 para 1:64) indica
Doença latente tardia (mais de um ano de duração): 3 reinfecção ou falha terapêutica - deve ser iniciado
injeções IM de 2,4 milhões/UI de penicilina G um novo tratamento
benzatina, 1 vez por semana durante 3 semanas
OBS: gestantes: tratamentos não penicilínicos só
Sífilis latente com duração ignorada e sífilis terciária: devem ser considerados nas contraindicações
Penicilina G benzatina, 2,4 milhões UI, IM, (1,2 absolutas ao uso da penicilina
milhão UI/cada glúteo) semanal, por 3 semanas -
Dose total de 7,2 milhões UI ▪ Para as alérgicas à penicilina, recomenda-se a
dessensibilização, em serviço terciário
Neurossífilis: Penicilina cristalina IV (24 milhões
UI/dia, 4 milhões de 4/4 horas, durante 21 dias) INVESTIGAÇÃO DOS CONTATOS
OBS: Doxiciclina e a ceftriaxona podem substituir Parcerias sexuais de pessoas com sífilis deverão:
em alérgicos a penicilina
• Realizar testes imunológicos
• Ser tratadas com esquema de sífilis latente
tardia, na ausência de sinais e sintomas e,
quando impossível estabelecer-se a data da
Avaliar a eficácia do tratamento
infecção
Na população geral tratada com penicilina, os • Ser tratadas na mesma oportunidade, em caso
testes não treponêmicos - VDRL, devem ser de dúvida quanto ao seguimento
solicitados:

▪ A cada 3 meses, no 1º ano


▪ A cada 6 meses, no 2º ano pós tratamento,
ou até apresentar 2 exames negativos
consecutivos

Na sífilis primária e secundária, os títulos devem


declinar em torno de 2 diluições (ex: 1:32 para
1:8) a partir de 3 meses, e de 3 diluições a partir
de 6 meses

▪ Negativação após 6 a 9 meses do


tratamento demonstra cura da infecção

Em gestantes, os testes não treponêmicos devem


ser solicitados mensalmente

Pacientes tratados com drogas alternativas, como


doxiciclina e ceftriaxona, devem ser seguidos em
intervalos mais curtos (60 dias), em função da
possibilidade de falha terapêutica
DIP | Elisabete Louise | P5 1

ENDOCARDITE BACTERIANA / INFECCIOSA


INTRODUÇÃO • Traumatismo de pele ou mucosas
• Uso de Drogas injetáveis
Envolvimento infeccioso das superfícies endocárdicas
• Foco séptico
• Pode ocorrer no endocárdio que reveste uma • Bacteremia
comunicação interatrial (CIA) ou • Aderência e colonização
intraventricular (CIV), em uma anormalidade • Bacteremia Persistente
cardíaca, corda tendínea ou ainda no
endocárdio mural ACHADOS CLÍNICOS

Fatores de riscos cardíacos ou uso de drogas


As superfícies valvulares são afetadas em conjunto
endovenosas
com as áreas adjacentes sujeitas ao trauma ou forças
de tosquiamento a partir do fluxo de sangue turbulento Febre, mal estar e sudorese noturna
Evolução clínica: aguda (2 semanas), subaguda (2 ou Sopro regurgitante novo ou insuficiência cardíaca
mais)
Lesões de Janeway (embolização na palma da mão ou
Origem do paciente: comunitária, hospitalar planta do pé), nódulos de Osler, manchas de Roth
(fenômeno imunológico)
Doença valvar: válvulas naturais (nativas), prostéticas
• Nódulos de Osler: acometem pequenas
FISIOPAGENIA
articulações, são olorosos, eritematosos e
Há a formação de vegetação, formada por plaquetas, quentes
fibrina, microrganismos, células inflamatórias. Isso - Representam fenômeno imune
pode provocar uma lesão endotelial com formação de
Hemocultura persistentemente positiva por germes
trombos, aderência de microrganismos
típicos
Podem resultar em destruição valvar até fenômenos
Presença de vegetação pelo ECO
embólicos decorrentes da fragmentação da vegetação
Anemia e VHS elevados

Leucograma normal ou discretamente elevados

Manifestações cardíacas:

• Lesão Endotelial por fatores hemodinâmicos


ou traumáticos
• Presença de imunocomplexos
• Depósito de Fibrina
• Endocardite trombótica não bacteriana
(ETNB)
• Destruição Valvular

Manifestações extracardíacas
DIP | Elisabete Louise | P5 2

- Única hemocultura positiva para Coxiella


burnetii ou sorologia positiva com IgG> 1:800

Ecocardiograma positivo: mostra evidência de


envolvimento de endocárdio

• Massa intracardíaca oscilante em válvula,


estruturas de suporte, próteses, fluxo
regurgitante na ausência de explicação
DIAGNÓSTICO
anatômica alternativa
CRITÉRIOS MAIORES • Abscesso
• Nova deiscência parcial de prótese valvular
• Nova regurgitação valvular

CRITÉRIOS MENORES

Lesão predisponente cardíaca ou usuário de droga


intravenosa

Febre > 380C

Fenômenos vasculares: embolia arterial, infartos


pulmonares sépticos, aneurisma micótico, hemorragia
intracraniana, hemorragia conjuntival e lesões de
Janeway

Fenômenos imunes: glomerulonefrite, nódulos de


Osler, manchas de Roth e fator reumatóide

Evidência microbiológica: hemocultura positiva, mas


não preenche critérios maiores ou evidência de
infecção ativa com microrganismos consistentes com
EI

Critérios Clínicos de Duke Modificados para


Diagnóstico definitivo de EI
Diagnóstico de EI
Critérios patológicos:
Hemocultura positiva para EI:
▪ Microrganismos demonstrados por
• Típico microrganismo consistente com EI cultura ou histologia em vegetação ou em
oriundo de 2 amostras separadas:
tecido de embolização, ou abscessos
- S. viridans, S. bovis, ou grupo HACEK
cardíacos
- S. aureus, Enterococcus adquiridos na ▪ Lesões patológicas: vegetação ou
comunidade sem foco primário abscessos intracardíacos presentes
confirmados por histologia que mostra
• Hemoculturas persistentemente positivas para endocardite ativa
qualquer microrganismo. Definida como:
- Mais de 2 amostras positivas coletadas >12h Critérios clínicos:
de intervalo
- Todas as 3 amostras positivas para o mesmo ▪ 2 critérios maiores
patógeno das 4 amostras separadas (mais de ▪ 1 critério maior e 3 menores
1h entre a primeira e a última) ▪ 5 critérios menores
DIP | Elisabete Louise | P5 3

COMPLICAÇÕES TRATAMENTO

INTRACARDÍACAS 1. Identificação e os testes de sensibilidade do


microrganismo responsável
Insuficiência cardíaca 2. Terapia antimicrobiana bactericida sustentada
3. Identificação das complicações
Disfunção valvular:
4. Erradicação da fonte original da infecção
• Perfuração de folheto valvar 5. Futura profilaxia antimicrobiana: para qualquer
• Destruição de aparato de suporte paciente com mínimo de risco e para qualquer tipo
- Cordoalha de procedimento
- Deiscência De Valva Protética
- Obstrução De Fluxo Valvar Por Vegetação ESTREPTOCOCOS VIRIDANS
SUSCETÍVEIS À PENICILINA E S. BOVI S
OUTRAS COMPLICAÇÕES

Êmbolos:

• Sistema nervoso central


• Visceras abdominais: baço, rins
• Artérias periféricas
• Artérias coronárias
• Artérias pulmonoares (endocardite do lado
direito)

Aneurisma micótico

Abscessos: baço, fígado, cérebro e espaços discais

Insuficiência renal

CLASSIFICAÇÃO

ENTEROCOCOS
DIP | Elisabete Louise | P5 4

ESTAFILOCOCOS

Sem material protético

Com valva protética ou outro material protético

MICRORGANISMOS HACEK

BGN ENTÉRICOS
DIP | Elisabete Louise | P5 1

ESTAFILOCOCCIAS E ESTREPTOCOCCIAS

INFECÇÕES ESTAFILOCÓCICAS

Cocos G+

Isolados, aos pares, formam cachos de uva

Classificação:

• Coagulase positiva: Staphylococcus Aureus


• Coagulase negativa: 48 microrganismos,
cerca de 1 terço pode fazer parte da microbiota
normal ou produzir infecções

Estafilococos são importantes agentes etiológicos de


infecções comunitárias e hospitalares

Apresentam um espectro variado de manifestações Foliculite


clínicas, podendo ser localizado ou invasivo
Infecção simples dos folículos pilosos
Infecções cutâneas:
Locais mais acometidos: coxas, tórax, braços, região
• Foliculite da barba (sicose)
• Furúnculo
• Antraz
• Hidradenite supurativa
• Hordéolo
• Paroníquia
• Impetigo
• Celulite

Infecções sistêmicas: Furúnculo


• Sepse Infecção folicular mais extensa que acomete também
• Endocardite infecciosa a glândula sebácea
• Infecções pulmonares
• Infecções osteoarticulares Nódulo pustuloso quente e doloroso, evolui para
• Infecções do SNC necrose, flutuação e fistulização

Doenças estafilocócicas toxigênicas: Ocorrem na face, pescoço, axilas, coxas e nádegas

• Intoxicação alimentar Furunculose: recidiva ou concomitância de vários


fúrunculos
• Síndrome da Pele Escaldada Estafilocócica
• Síndrome do Choque Tóxico

INFECÇÕES CUTÂNEAS
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Antraz

Infecção de pele espessa e inelástica do dorso, face


posterior do pescoço e da nuca

Lesão grande, endurecida, dolorosa, com área úlcero-


necrótica no centro, formando área cicatricial dura e
hipertrófica de coloração violácea
Paroníquea
Ocorre mais em idosos e diabéticos
Infecção que ocorre ao redor da unha, a partir de uma
laceração tecidual

É comum em pessoas que manipulam água, sabão e


detergentes

Hidradenite Supurativa

Infecção progressiva, recorrente das glândulas Panarício


sudoríparas apócrinas
Infecção purulenta ou abscesso que acomete a porção
Localizam-se nas axilas, genitais, períneo e região da distal do bulbo do dedo
areóla mamária
A porta de entrada é uma lesão traumática ou extensão
Nódulos inflamatórios, dolorosos, que drenam de uma paroníquia aguda
espontaneamente

Impetigo Bolhoso

Infecção superficial da pele com formação


vesicopustulosa logo abaixo da camada córnea
Hordéolo
Formação de bolhas causadas pela toxina
Infecção nas pálpebras, que acomete os cílios e seus epidermolítica estafilocócica
anexos
Acomete crianças com lesões múltiplas na face e
Lesão semelhante ao furúnculo, com edema pernas, podendo se estender a outras áreas
inflamatório que se estende à pálpebra
DIP | Elisabete Louise | P5 3

Podem ocorrer por aspiração ou por disseminação


hematogênica de outras partes do corpo (infecção do
cateter IV, endocardite, infecção de tecidos moles)

S. aureus é uma causa comum de pneumonia intra-


hospitalar, inclusive na pneumonia associada à
ventilação mecânica

Sintomas: febre, tosse, dispnéia, calafrios, dor


torácica, hemoptóicos
Celulite
O comprometimento pode ser uni ou bilateral
Processo inflamatório agudo da pele, particularmente
dos tecidos subcutâneos mais profundos

Dor local, eritema e edema de limites mal definidos

Febre e sintomas gerais são expressivos

Celulite periorbitária: protusão e paralisias oculares

Infecções Osteoarticulares
INFECÇÕES SISTÊMICAS
Disseminação:
Sepse estafilocócica
• Hematogênica
Sinais e sintomas: febre, taquidispnéia, taquicardia, • Por contiguidade (abscessos ou processo
leucocitose ou leucopenia infeccioso tecidual)
• Por trauma e/ou procedimentos cirúrgicos
S. aureus de origem comunitária → crianças e
adolescentes com infecção cutânea Osteomielite hematogênica:
Via intravenosa → Cateteres intravenosos (infecção • Febre alta
hospitalar) e usuários de drogas
• Dor intensa em região metafisária de osso
Formação de focos metastáticos: complicações longo
pleuropulmonares, osteoarticulares, cardiovasculares, • Sinais flogísticos
SNC e abscessos

CIVD, SARA, IRA

Pneumonia estafilocócica

A pneumonia comunitária não é comum, mas pode


ocorrer nos pacientes que têm Influenza, usam
corticoides ou imunossupressores, têm doenças Osteomielite por trauma e/ou procedimento cirúrgico:
broncopulmonares crônicas ou outras doenças de alto
risco • Dor local
• Reação inflamatória com fistulização
DIP | Elisabete Louise | P5 4

Artrite séptica: Sintomas: febre, eritema (escarlatiniforme) se espalha


e formam-se bolhas epidérmicas que rompem e
• Dor articular intensa expõem áreas de exulcerações
• Dificuldade de mobilização do local afetado
• Febre alta Sinal de Nikolsky é positivo
• Acomete articulações do quadril, joelhos,
Forma generalizada → “Doença de Ritter”
cotovelos e ombro

Infecções do SNC

Meningite:

• Complicações de procedimentos cirúrgicos ou


diagnósticos no SNC
• TCE
• Infecções nas regiões periorbitárias e face

Abscesso cerebral: Síndrome do choque tóxico

• Ocorre por via hematogênica ou por Diversas toxinas envolvidas: TSST-1 (Toxina 1 da
propagação a partir de focos contíguos SCT) e Enterotoxinas B e A
• Podem ser múltiplos ou isolados Relaciona-se ao uso de tampões vaginais em mulheres
jovens no período menstrual
DOENÇAS TOXIGÊNICAS
Em crianças e homens, devido a infecções de feridas
Toxinfecção alimentar estafilocócica
cirúrgicas e traumáticas, abscessos, osteomielites,
Ação da enterotoxina B pneumonias

Intoxicação alimentar mais comum Sintomas: febre, vômitos, dor abdominal, diarréia,
mialgia, toxemia
Alimentos com altos teores de carboidratos,
adocicados • Exantema escarlatiniforme, congestão
conjuntival, língua “em framboesa”
Instalação rápida da doença (1 a 6 horas) • • Hipotensão arterial ou choque hipovolêmico
Sintomas: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, • Descamação lamelar da pele: após 1 a 2
diarréia, prostração semanas (regiões palmoplantares)

Autolimitada (24 a 48 horas)

Antibióticos não são necessários

Síndrome da Pele Escaldada

Disseminação hematogênica da toxina


epidermolítica, a partir de um foco de infecção
distante, que pode ser superficial

Ocorre em crianças menores de 5 anos de idade


DIP | Elisabete Louise | P5 5

Infecções causadas por estafilococos meticilina-


resistentes
Critérios para diagnóstico de SCT: • Vancomicina (glicopeptídeo)
▪ Febre (Temp > 38,9oC) • Linezolida (oxazolidinona)
▪ Hipotensão (PAS < 90 mmHg) • Teicoplanina (glicopeptídeo)
▪ “Rash” (eritrodermia macular difusa) • Tigeciclina
▪ Descamação (1 a 2 semanas após início da • Ceftarolina (cefalosporina de 5ª)
doença, envolvendo plantas dos pés e palmas
Associação de antibióticos:
das mãos)
▪ Envolvimento multissistêmico (3 ou mais dos • Aminoglicosídeos: gentamicina e amicacina
seguintes órgãos) • Rifampicina
- GI (vômitos ou diarréia)
- Muscular (mialgia grave ou elevação da CPK OBS: osteomielite, infecções de próteses articulares
> 2x o limite superior ou endocardite de prótese valvar: vancomicina +
- Mucosa (hiperemia vaginal, de orofaringe ou rifampicina + aminoglicosídeo
de conjuntiva)
- Renal (uréia ou creatinina > 2x o limite OBS: sepse: vanco + aminoglicosídeo
superior
Medidas terapêuticas complementares:
▪ Resultados negativos para os seguintes testes, • Drenagem cirúrgica de abscessos
se solicitados:
• Desbridamento de lesões necróticas
- Culturas de vias respiratórias, hemoculturas
• Remoção de corpos estranhos
e líquor (podem ser positivas para S. aureus)
• Retirada de cateteres, próteses infectadas
- Sorologia para leptospirose e febre das
montanhas rochosas Medidas de controle:

OBS: confirmatório: presença dos achados • Diminuir a transmissão do S. aureus


• Tratamento do portador: Mupirocina tópica e
OBS: caso provável: achados
Clorexidina
• Lavagem das mãos
• Precaucões de barreiras (quarto privativo, uso
de luvas, máscaras, avental)
TRATAMENTO

Uso de drogas antimicrobianas:

• Padrão de sensibilidade bacteriana


• Sítio da infecção
• Gravidade da infecção

Drenagem de coleções purulentas

Medidas gerais e de higiene para os casos com


infecções cutâneas

Infecções causadas por estafilococos resistentes à


penicilina:

• Oxacilina
• Cefalosporinas de 1ª geração
• Betalactâmicos + inibidor de beta-lactamase
DIP | Elisabete Louise | P5 6

INFECÇÕES POR ESTREPTOCOCOS IMPETIGO

Características do Estreptococo: microorganismos Lesões vesiculares efêmeras, pequenas bolhas de no


Gram+, esféricos ou ovóides, dispostos aos pares ou máximo 2 cm
que formam cadeias de tamanhos variado
Com o rompimento das bolhas ocorre disseminação e
Classificação: formação de crostas espessas, facilmente removíveis

• Alfa-hemolíticos: hemólise parcial, aspecto Relacionado a traumas e picadas de inseto


esverdeado (grupo viridans)
- Streptococcus viridans e S. pneumoniae
- Principais responsáveis pela infecção de
válvulas cardíacas e pneumonia

• Gama-hemolítico: não causam hemólise -


Enterococcus

• Beta-hemolíticos: hemólise completa ao ECTIMA


redor das colônias e lise total das hemácias - Acomete planos mais profundos da pele (derme)
Streptococcos pyogenes
A crosta, em geral, é mais aderente, com borda
eritematosa de consistência dura
Classificação de Lancefield:
Com a remoção da crosta fica exposta uma úlcera
• Grupo A: S. pyogenes superficia
- Faringite, tonsilites, otite média, sinusite,
escarlatina, erisipela, celulite, impetigo,
pneumonia, sepse
- Sequelas não-supurativas: Febre reumática e
Glomerulonefrite aguda

• Grupo B: S. agalactiae
- Corioamnionite, sepse puerperal, sepse e
meningite neonatais, ITU e Endocardite ERISIPELA

Celulite superficial que se alastra rapidamente e


caracteriza-se por sinais e sintomas sistêmicos
DIP | Elisabete Louise | P5 7

proeminentes (início agudo com calafrios, febre alta, FARINGITE ESTREPTOCÓCICA


mal-estar geral, irritabilidade e vômitos)
Faixa etária predominante entre 5 e 15 anos
Placa vermelho brilhante, com bordas distintas
Transmissão: gotículas de saliva ou secreção nasal
Eritema, edema, calor, dor, prurido, vesículas e bolhas
O Streptococcus do grupo A (pyogenes) geralmente
Envolvimento progressivo dos linfáticos coloniza a orofaringe de assintomáticos

MMII e face Período de Incubação: 1 a 4 dias

Sinais e sintomas:

• Dor de garganta
• Febre
• Calafrios
• Mal-estar geral
• Queixas abdominais e vômitos (crianças)
• Eritema e edema da mucosa faríngea e
exsudato purulento na parede posterior da
faringe e pilares amigdalianos
• Gânglios cervicais anteriores aumentados e
dolorosos

Resolução em 2 a 5 dias

Erisipela Celulite
Profundidade Derme Derme profunda e
superficial e hipoderme
vasos Diagnóstico
linfáticos
superficiais Cultura de orofaringe (“padrão ouro”)

Quadro clínico Eritema, Eritema, edema, Teste de detecção rápida do Ag estreptocócico


edema, bordas mal (sensibilidade de 55 a 90%)
bordas delimitadas,
nítidas, lesão sintomas locais,
elevada, evolução
sintomas subaguda/crônica Tratamento
sistêmicos
são comuns, Objetivo: Impedir complicações supurativas e FR
evolução
aguda Drogas de escolha:

• Penicilina G benzatina – dose única


Agentes Streptococcus Streptococcus
etiológicos pyogenes do pyogenes do grupo • Alérgicos: Eritromicina, Cefalexina;
grupo A S. A S. aureus Claritromicina, Azitromicina
aureus é raro
DIP | Elisabete Louise | P5 8

Complicações

Supurativas:

• Linfadenite cervical
• Abscesso periamidaliano ou retrofaríngeo
• Sinusite
• Otite média
• Meningite Sinal de Filatov
• Bacteremia
• Endocardite
• Pneumonia

Não-supurativas

• FR
• GNDA

ESCARLATINA

Faringite acompanhada por erupção cutânea


característica decorrentes dos efeitos de uma das 3
exotoxinas (A, B ou C)
Diagnóstico diferencial
Rash cutâneo:
• Exantemas virais
• Pápulas diminutas, com aspecto “em lixa” • Kawasaki
• Localizado na porção superior do tronco • Erupção por drogas
• Dissemina-se posteriormente e poupa regiões • Síndrome do choque tóxico estafilocócico
palmares e plantares
SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO
• Palidez perioral, língua em framboesa,
ESTREPTOCÓCICO
acentuação do exantema em pregas cutâneas
(linhas de Pastia) Infecção associada a sinais de choque e falência
orgânica

Maioria em adultos

Condições predisponentes: alcoolismo, diabetes,


procedimentos cirúrgicos e traumas

• Procedimentos cirúrgicos: histerectomia,


hernioplastia, mastectomia e vasectomia

Porta de entrada: faringe, pele e vagina

Patogênese

O streptococcus do grupo A pode penetrar nos tecidos


profundos e corrente sanguínea a partir de soluções de
continuidade da pele ou através de membranas
mucosas íntegras (faringe)
DIP | Elisabete Louise | P5 9

Na corrente sanguínea e tecidos ocorre a síntese das


exotoxinas pirogênicas A, B e C, que induzem a
produção de citocinas

Diagnóstico laboratorial

Tratamento

Infecções pelo S. pyogenes: permanecem


sensíveis à penicilina (droga de escolha)
Tratamento
▪ Macrolídeos e cefalosporinas são alternativas
Exploração cirúrgica em casos de alergia

Hidratação Estreptococos galactiae: permanecem sensíveis às


penicilinas (em menor grau do que os pyogenes)
Altas doses de Penicilina e Clindamicina
Nas infecções graves (sepse), associar
Imunoglobulina EV – neutraliza as exotoxinas aminoglicosídeos para sinergismo

Oxigenioterapia hiperbárica Rastreamento de mulheres grávidas não é


confiável, podendo ser realizado antibioticoterapia
FASCEÍTE NECROZANTE profilática em recém-nascidos de mães portadoras
Infecção acometendo o TCSC e a fáscia, caracterizada
por uma necrose extensa e rapidamente progressiva,
associada à gangrena de pele

Trauma ou cirurgia

Sinais e sintomas: toxemia, febre e prostração

Área eritematosa, edematosa e dolorosa, localizada em


parede abdominal, períneo e ferida cirúrgica

Celulite e necrose

Ocorrem mais em pacientes diabéticos, hepatopatias


crônicas, neoplasias, úlcera por pressão, usuários de
droga injetável (inoculação de microrganismos através
de agulhas)
DIP | Elisabete Louise | P5 1

MONONUCLEOSE INFECCIOSA
INTRODUÇÃO (desenvolvimento de rush cutâneo, quando se
inicia penicilinas)
Vírus de Epstein-Barr (EBv) - A amoxicilina é administrada quando pensa-
se que o quadro é referente a uma
• Família: Herpesviridae
faringoamigdalite
• Subfamília: Gammaherpesvirinae
• Gênero: Lymphocryptovirus

EBV-1 e EBV-2 (promovem infecção latente em


linfócitos e proliferação celular) – responsável por
80% dos casos de mononucleose infecciosa

• Não há diferença de sintomatologia entre o


EBV1 e 2 (distinção apenas regional)

A mononucleose é considerada uma síndrome, pois


não está presente só nos quadros clínicos causados por OBS: exantema: depende da presença de anticorpos
Epstein-barr vírus, existem outros agentes etiológicos heterofilos com afinidade pelo antibiótico, aparece
que causam uma síndrome semelhante, como HIV, como resultado da resposta imune
CMV, hepatite B, linfomas
▪ Surge em 90% dos pacientes que fazem uso
• A síndrome de mononucleose engloba todas das penicilinas, sobretudo amoxicilina e
as doenças que podem cursar com dor de ampicilina
garganta, aumento de linfonodos, febre e ▪ O mecanismo que leva ao aparecimento desse
aumento do baço e fígado rash ainda não está muito bem explicado
A resposta do hospedeiro à infecção pelo EBV é de
natureza humoral e celular
Hipóteses sindrômicas
Alguns casos podem evoluir para doenças malignas
(período de latência → ↓imunidade → retorno da ▪ Síndrome febril
doença em sua forma crônica) ▪ Síndrome linfonodomegalia
▪ Síndrome álgica
O EBV, durante a progressão da mononucleose
infecciosa causa faringite, que pode ser indistinguível
da faringite estreptocócica, inclusive pelas petéquias
Hipóteses etiológicas
em palato e exsudato
▪ Faringite por estrepcococo
• 5% das crianças que apresentam
▪ Amigdalite viral
mononucleose infecciosa tem cultura de
▪ Infecção por enterovírus Coxbackie
secreção da faringe positiva para
▪ Faringite primária por herpes
Estreptococos B hemolítico do grupo A, o que
▪ Mononucleose infecciosa
reforça a ideia de que pode existir uma
associação da doença pelo vírus Epstein-Barr
com a infecção bacteriana
- Superinfecção = mononucleose viral +
faringoamigdalite por estreptococos EPIDEMIOLOGIA
• Frente a uma criança com faringite tratada Doença do beijo, febre glandular
com amoxicilina, que não melhora em 3 dias
e apresenta rush cutâneo, sempre pensar em 80 a 95% da população com mononucleose infecciosa
mononucleose pelo vírus Epstein-barr por EBV é portador assintomático e excretam o vírus
na saliva
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Comum na adolescência (20 a 25% infectados) e idade se incorpora ao DNA do hospedeiro, originando o
adulta epissoma no núcleo, que garante a produção de
proteínas virais e a imortalização dos linfócitos. O
Crianças pequenas têm doença febril inespecífica leve, ciclo replicativo viral continua durante a fase aguda
faringite ou não têm sintomas
Os LB infectados nas criptas tonsilares dirigem-se à
Relação com grau de instrução e higiene: maior corrente sanguínea, ativam LT citotóxicos, que
prevalência em crianças pequenas na população de desencadeiam uma hiperplasia linfoide (tonsilite,
baixo nível linfoadenopatia, hepatoesplenomegalia)
• Países desenvolvidos: ↑ da prevalência entre Além disso, nas amígdalas, há diferenciação do LB
adolescentes e adultos em plasmócito, determinando a produção de
• Países pobres/ em desenvolvimento: ↑ da anticorpos heterófilos (IgG e IgM) – gamopatia
prevalência em crianças policlonal

TRANSMISSÃO O vírus estabelece 2 tipos de interações:

Saliva: contato muito próximo • Infecção lítica dos LB e células do epitélio da


orofaringe: a célula infectada é destruída
Secreções genitais.
(apoptose), havendo a produção de novos
Transfusão de hemoderivados vírus e disseminação a outros indivíduos pela
saliva
OBS: período de incubação é de 4 a 6 semanas. • Infecção latente/ lisogênica (imortalização),
com persistência da virose e potencial
OBS: período de eliminação viral (transmissão): 6
oncogênico: o vírus existe como um DNA
meses a 1 ano
circular (epissomo) que se duplica sempre que
▪ Poucas pessoas vão excretar para o resto da o LB ou célula epitelial o faz
vida - A infecção persiste toda a vida, a taxa de
linfócitos imortalizados é mantida baixa pela
Imunossupressão: reativação do vírus latente – imunidade
excreção viral em 60 a 90% dos imunossuprimidos
OBS: a imunidade celular é importante no controle da
Imunocompetente: excreção viral intermitente (20 a infecção pelo EBV
30% dos indivíduos)
▪ Resposta celular adequada: resolução (cura)
FISIOPATOLOGIA ▪ Resposta celular insatisfatória: doença
linfoproliferativa
O contato com EBv faz com que o vírus – presente na ▪ Resposta celular ausente: mononucleose
saliva – penetre nas células epiteliais da orofaringe, no fulminante, síndrome hemofagocítica
tecido linfoide do anel de Waldever (tonsilas),
causando viremia, acometimento do sistema
linforreticular (fígado, baço, medula óssea e pulmões) Resumo
• Glândulas parótidas são locais de persistência Saliva → EBV invade as células epiteliais
permanente do EBv e de produção viral que glandulares → dissemina-se para alguns órgãos
pode ser a fonte dos vírus encontrados em → invade o linfócito B→ transcreve e transfere
orofaringe seu material genético → imortalização dos
• Em manifestações neurológicas encontram-se linfócitos B) → latência (a depender da
infiltrados mononucleares ao redor de nervos, imunidade)
medula, pequenos vasos e difusamente no
parênquima

O vírus infecta somente linfócitos B (têm receptores CONTROLE DA INFECÇÃO


para o vírus), onde há a transcrição do DNA viral, que
DIP | Elisabete Louise | P5 3

Os LB infectados, abundantes na fase aguda, são Exantema macular, urticariforme, escarlatiniforme


eliminados pelos LT killer, os quais vão declinando na
ausência de estimulação antigênica maciça Petéquias no palato

Células T supressoras se tornam ativadas e inibem a


ativação de células B

LT killer (CD4) e supressores (CD8) são ativados e


proliferam, numa tentativa de neutralizar a expansão
dos LB infectados

A linfadenopatia e a hepatoesplenomegalia tendem a COMPLICAÇÕES


se reduzir, a dor de garganta vai se atenuando e os
Anemia hemolítica (2º a 3ª semana da doença)
linfócitos atípicos vão sumindo da circulação
Obstrução de vias aéreas (salivação, estridor, dispneia)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Pancitopenia (plaquetas < 140 mil, neutropenia)
A manifestação clínica depende da idade do paciente
Ruptura esplênica
Crianças: são frequentemente assintomáticas ou
oligossintomáticas Encefalites, paralisia facial, mielite
Adultos: Meningite asséptica, paralisa de Bell, síndrome de
Guillain-Barré podem aparecer antes dos sinais e
• Cefaleia
sintomas da mononucleose
• Mialgia Nos primeiros 3-5
• Fadiga dias Miocardite, pericardite, pneumonia atípica,
• Mal-estar pancreatite, parotite, orquite
• Febre
Infecção crônica ativa por EBv: causada por
• Lindoadenopatia 10º-14º dia
replicação viral contínua, por mais de 6 meses
• Faringite
Febre persistente com neutropenia ou pancitopenia e
Fadiga e mal-estar por meses: o cansaço prolongado
agamaglobulinemia sugerem distúrbio
após a mononucleose habitualmente ocorre por
linfoproliferativo
reativações mais fracas do vírus
OBS: alta carga viral do EBV aumenta o risco de ter
O aumento das tonsilas e dos gânglios da região
uma doença mais prolongada e o risco de neoplasias.
cervical podem fazer com que o paciente evolua com
Possivelmente, também, de esclerose múltipla
insuficiência respiratória

Sinal de Hoagland: pálpebras superiores ficam


inchadas, fenda palpebral diminui. Dá aparência Complicações neurológicas incomuns:
semelhante à de um oriental
• Cefaleia com manifestação neurológica grave
Hepatomegalia dolorosa à palpação (convulsões, ataxia em 1-5% dos casos)
Esplenomegalia por semanas • Síndrome de Alice no País das Maravilhas
(metamorfopsia – é uma distorção da
Pode haver icterícia percepção de tamanhos, formas e relações
espaciais)
Leve aumento das transaminases
• Meningite com rigidez de nuca e células
• Por isso é possível diferenciar de hepatites, mononucleares no líquido cefalorraquidiano
visto que, nesses casos, as transaminases • Síndrome de Reye: quadro de encefalopatia
aumentam em torno de 10x hepática
DIP | Elisabete Louise | P5 4

Complicações hematológicas: Anticorpos heterófilos:

• Anemia hemolítica, com teste de Coombs • São imunoglobulinas (IgM) produzidas em


positivo e presença de aglutininas frias em 3% resposta a antígenos pouco definidos
dos casos • Surgem na 1ª- 2ª semana e podem durar de 6-
- Ocorre nas 2 primeiras semanas da doença e 12 meses
perdura por menos de 1 mês • Não utilizar em crianças menores de 10 anos
de idade
• Anemia aplásica, que se apresenta de 3 a 4 • Apresentam 96% de sensibilidade nos adultos,
semanas após o início da doença, geralmente mas podem dar 40% de falso negativo nas
com recuperação em 4 a 8 dias, alguns chegam crianças pequenas, principalmente nos
a necessitar de transplante de medula óssea menores de 4 anos de idade
• Trombocitopenia leve é comum • Os testes baseados nesses anticorpos são
• Trombocitopenia grave (< 20.000 plaquetas) é Monospot/monoteste
rara - 40% de positividade na primeira semana
• Neutropenia leve é comum e a grave (<1000 - 80-90% de positividade na 3ª semana
neutrófilos) é rara - Falso-positivo: malária, HIV, hanseníase,
hepatites colagenoses e linfoma
EXAMES LABORATORIAIS

• Linfocitose relativa e absoluta (2ª a 3ª semana) Anticorpos específicos:


• Linfócitos atípicos (> 10% dos leucócitos)
- Células de Downey: maduros, núcleos • São solicitados quando os anticorpos
maiores, pregueados, não malignos, heterófilos (inespecíficos) são negativos,
antigenicamente ativados principalmente nas crianças abaixo de 10 anos
• Permitem a distinção entre infecção presente
e passada
• Os anticorpos que podem ser pesquisados são:
- Anticorpo contra o antígeno do capsídeo
viral (anti-VCA)
- Anticorpo contra o antígeno precoce (anti-
EA)
• Neutropenia - Anticorpo contra o antígeno nuclear do EBV
• Anemia (anti-EBNA)
• Trombocitopenia
• TGO/TGP (aumento leve)
• DHL aumentado
DIP | Elisabete Louise | P5 5

Teste de avidez de anticorpos: • Os prejuízos da imunossupressão são


desconhecidos
• Indicação: impossibilidade de dosar IgM anti- • A infecção viral pode ter complicações
VCA oncogênicas
• Percentuais altos de avidez configuram
contato antigo com o vírus, enquanto índices Aciclovir e Valaciclovir
inferiores a 60% indicam infecção recente,
contraída há menos de 60 dias • Altas doses de aciclovir diminuem replicação
viral e eliminação orofaríngea durante
PROFILAXIA administração, mas não reduz gravidade ou
duração dos sintomas nem altera resultado
Para a Síndrome de mononucleose final
Não há medidas individuais de controle como Obstrução das vias respiratórias por edema das
isolamento tonsilas e tecido linfóide orofaríngeo, angústia
respiratória com oclusão das vias aéreas:
Não há investigação dos contatos
Tonsiloadenoidectomia e intubação endotraqueal por
A disseminação exige contato íntimo 12 a 24 hs em UTI

Não doar sangue por 6 meses Comprometimento das vias respiratórias com
sintomas progressivos:
EBV não causa anomalias fetais
• Elevação da cabeceira, hidratação intravenosa
Os macrolídeos são preferidos para tratar • Ar umidificado
superinfecção da orofaringe por Streptococcus
• Corticosteroides sistêmicos
TRATAMENTO
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Antitérmicos
• CMV: aumento de febre e esplenomegalia,
Analgésicos pouca faringite e adenopatia e poucos
linfócitos atípicos
Nutrição (a impossibilidade de ingesta alimentar • Toxoplasmose: menos linfócitos atípicos,
aumenta o risco de internação) e hidratação faringite e exatema)
• HIV
Limitação de atividades por 3 semanas (risco de
• Faringite estreptocócica
ruptura esplênica)
• Hepatites virais
• Aconselhar não participação em esportes de • Rubéolas
contato e atividades atléticas extenuantes nas
2 a 3 primeiras semanas - predispõe a ruptura
esplênica por traumatismo abdominal fechado

Corticosteroides: uso controverso. Mais utilizado em


obstrução de vias aéreas, anemia e trombocitopenia
autoimunes

• Prednisona (1 mg/Kd/dia – máximo 60


mg/dia – por 7 dias e descontinuada por outros
7 dias – desmame): trombocitopenia com
hemorragia, obstrução respiratória incipiente,
anemia hemolítica autoimune, convulsões,
meningite
• Não usar nos casos não complicados
DIP | Elisabete Louise | P5 6
DIP | Elisabete Louise | P5 1

LEISHMANIOSE VISCERAL
6ª doença infecciosa mais importante pela alta
INTRODUÇÃO
incidência e alta mortalidade, principalmente quando
A leishmaniose visceral é causada por um protozoário não há diagnóstico e tratamento
da família Trypanossomatidae, do gênero Leishmania
Doença de notificação compulsória (realizada por
e espécie Donovani. Há subsespécies:
qualquer profissional de saúde)
• L. L. donovani: mais comum na Índia
Endêmica do Brasil: mais frequente no Nordeste,
• L. L. infantum: semelhante à chagasi; mais
ocorrendo também no Sudeste e Sul
comum no Brasil
• L. L. chagasi Frequente em crianças, com predileção pelo sexo
masculino
É uma doença causada por um mosquito (“mosquito
palha” fêmea) que realiza voos à pequena distância, Tornou-se mais frequente após a urbanização
sua população aumenta no período chuvoso durante/após a Era Vargas, deixando de ser rural e
passando a ser urbana
• Na América, a espécie mais importante é
Lutzomyia longipalpis e, na Europa, o Expansão coincide com a do HIV no Brasil, havendo
Phlebotomus um cruzamento de regiões geográficas, podendo
• Esses vetores alimentam-se no período do caracterizar a leishmaniose uma infecção oportunista
crepúsculo até às 23h (fêmea hematófoga) e de um paciente com AIDS
encontram-se na região peridomiciliar
• Ou seja, sempre que diagnosticado a
É um parasita intracelular obrigatório, que apresenta leishmaniose, o paciente deve ser testado para
dimorfismo: HIV

• Promastigota: flagelado – vetor TRANSMISSÃO


• Amastigota: interior dos macrófagos
Os mosquitos palha picam as raposas – consideradas
reservatórios silvestres da leishmaniose visceral.
Logo, esses mosquitos se contaminam, podendo picar
os cachorros (reservatórios na zona urbana. Podem
apresentar emagrecimento, rarefação dos pelos,
úlceras na pele, alteração motora das patas traseiras) e
humanos

Outras formas de transmissão:

• Uso de drogas injetáveis (seringas


contaminadas)
• Transfusão de hemoderivados
• Via transplacentária
• Acidente laboratorial

EPIDEMIOLOGIA OBS: não há transmissão pessoa-pessoa

Doença presente em todos os continentes, com PATOGÊNESE


exceção da Oceania. 90% dos casos estão na Índia,
Bangladesh, Brasil, Nepal e Sudão A Leishmania é um parasita digenético com duas
formas básicas. No homem e em outros animais, é
Alterações climáticas auxiliam para a propagação da encontrada no interior de fagócitos mononucleares
doença (macrófagos) sob a forma de amastigotas
intracelulares
DIP | Elisabete Louise | P5 2

As fêmeas dos mosquitos servem como vetores. Elas A Leishmania escapa dos mecanismos oxidativos nos
ingerem macrófagos contendo amastigotas quando se fagolisossomos dos macrófagos, por meio das
alimentam do sangue de um reservatório contaminado estruturas contidas na própria Leishmania como LPG
(ex.: raposas, cachorros e homens). e GP63

No intestino da fêmea do mosquito, a Leishmania MANIFESTAÇÃO CLÍNICA


sofre uma transformação, tomando a forma de
promastigotas, que são flagelados e extracelulares; até Depende do parasita e de sua virulência e da
que, após várias etapas de diferenciação se imunidade do hospedeiro!
transformam em metacíclicos infecciosos, que irão
Forma clássica da leishmaniose:
migrar para o aparelho bucal do mosquito e são
inoculados quando o flebótomo tenta se alimentar • Redução dos linfócitos T e macrófagos
novamente • Ativação policlonal de linfócitos B: estimula
a produção de anticorpos
- ↑ globulinas: ferramenta diagnóstica
Leishmania fagocitada pelo macrófago inicia uma
liberação de citocinas. Dependendo do padrão de • Comprometimento dos órgãos do sistema
citocinas, haverá a diferenciação dos linfócitos T em reticuloendotelial (SRE), como fígado baço e
Th1 ou Th2 medula óssea, causando hipertrofia e
hiperplasia
• Polo hiperégico (TH1) = poucos sintomas e
resolução da infecção Período de incubação: 2 a 8 meses, sendo o mínimo de
10 dias e máximo de 2 anos
• Polo anérgico (TH2) = produção de
Nas áreas endêmicas, é comum haver pacientes
anticorpos, por meio da ativação policlonal do
assintomáticos ou subclínicos
linfócito B, que são incapazes de debelar um
parasita intracelular, causando a doença • Subclínico: poucos sintomas, como febre
- Geralmente ocorre em pacientes baixa, alteração do crescimento, adinamia,
imunocomprometidos hepatomegalia discreta, tosse, diarreia
DIP | Elisabete Louise | P5 3

• 5% dos pacientes que fazem esse quadro Hemograma: anemia, leucopenia (principalmente à
subclínico têm uma resolução espontânea custa de segmentados), plaquetopenia = pancitopenia

Forma clássica: Albumina e globulina: mais globulina que albumina


tanto pela patogênese, quanto pela desnutrição
• Febre insidiosa: pode desaparecer e
reaparecer de modo irregular, com duração > TGO/TGP (2 a 3 vezes aumentados)
15 dias
Sumário de urina: presença de leucócitos, hemácias,
• Anorexia, adinamia e prostração
proteína, pois a leishmania se liga aos anticorpos,
• Palidez progressiva: anemia por
formando complexos que podem se aglutinar nos rins,
acometimento medular
causando uma glomerulonefrite
• Doença gastrointestinal: diarreia ou
constipação
• Tosse
• Hepatoesplenomegalia (não dolorosa, Suspeita clínica
elástica) ▪ Febre prolongada (> 15 dias)
• Hemorragias: plaquetopenia - podendo ▪ Hepatoesplenomegalia
aparecer petéquias, equimoses, gengivorragia, ▪ Pancitopenia
epistaxe ▪ Inversão albumina/globulina
• Edema de MMII (baixa de albumina) ▪ Epidemiologia (área endêmica)
• Hipergamaglobulinemia: advém da ativação
policlonal e resulta em hipoalbuminemia
• Pancitopenia (ataque à medula)
• Cabelos secos e quebradiços (devido à Teste de HIV: mandatório em suspeita de
desnutrição) leishmaniose visceral
• Ou seja, geralmente serão observados
pacientes emagrecidos com abdome globoso Teste de Montenegro: teste intradérmico que mede a
hipersensibilidade tardia, semelhante ao PPD, não
OBS: paciente HIV apresenta manifestações clínicas sendo bom no momento da doença (se o paciente está
semelhantes à forma clássica: tendo um quadro clássico, ele não está tendo uma
resposta imune celular adequada, não positivando)
▪ Hepatoesplenomegalia, pancitopenia,
hipergamaglobulinemia, febre prolongada, • O nódulo aparece após a cura da doença, ou
sem causa identificada, diarreia crônica seja, permanece positivo por anos
▪ Mais comum se CD4 < 200 cél/mm3 • Não utilizado na prática
▪ A interação HIV/Leishmania causa piora do • Não serve para a área endêmica, pois muitas
quadro clínico de um ou ambas doenças pessoas já tiveram contato e não
necessariamente estão doentes

Métodos sorológicos: apesar de muito sensíveis, são


Complicações da LV clássica
pouco específicos, ou seja, sempre deve-se confirmar
• Retardo no crescimento pôndero-estrutural o resultado positivo com a pesquisa direta do parasita
• Sangramento • rK39: simples e prático, com alta
• Infecção bacteriana (leucopenia) sensibilidade e especificidade
• Letalidade de 10% e, se não tratado, pode - Detecta anticorpo específico contra antígeno
evoluir para óbito em 1 a 2 anos (L.L infantum/ L.L. donovani)
- Não utilizado em casos de recaídas,
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL imunodeprimidos e áreas endêmicas
- Quando negativo, não exclui a hipótese
EXAMES INESPECÍFICOS
diagnóstica
DIP | Elisabete Louise | P5 4

• Imunofluorescência indireta (RIFI) ou • Doença de Chagas


Aglutinação (DAT): não eficazes para • Doença linfoproliferativa
pacientes imunodeprimidos • Mononucleose
- Pode ter reação cruzada com hanseníase, TB,
Chagas e malária TRATAMENTO

1. Antimonial pentavalente (glucantime)


• kDNA (DNA do cinetoplasto): PCR
- Avaliar: ECG, transaminases, função renal,
- Indisponível, utilizado para pesquisas
amilase (5x) e lipase (15x)
OBS: os métodos sorológicos são comprometidos nos
pacientes imunodeprimidos. Como esses pacientes 2. Anfotericina B lipossomal
não produzem os anticorpos adequadamente, o teste - Avaliar: função renal (2x/sem), K+ e Mg+
dará negativo
3. Anfotericina B convencional
▪ Também pode ser falseado quando há outras - Avaliar: função renal (2x/sem), K+ e Mg+
infecções envolvidas

EXAMES ESPECÍFICOS

Mielograma: padrão-ouro

• Pode ser feito tanto na crista ilíaca, quanto no


esterno, onde haverá punção óssea, sendo
aspirado material e, sendo corada
posteriormente
• Leitura direta do aspirado da medula óssea
(microscopia: avalia a presença ou não do
cinetoplasto)

Biópsia: ideal seria o baço, mas é feito no fígado,


linfonodo. Pode ser feito em outros órgãos, mas tem
alto risco, especialmente devido ao problema de
coagulação

Cultura (NNN): aspirado fica em incubação em meio


específico

• Resultado em 5 a 15 dias OBS: paciente que preenche qualquer desses critérios,


deve fazer uso de Anfotericina B Lipossomal
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
▪ Extremos etários (50)
• Febre tifoide ▪ Insuficiência real, hepática e/ou cardíaca
• Malária ▪ Intervalo QT alargado
• Histoplasmose ▪ Uso de medicamentos aumentam QT
• Esquistossomose ▪ Co-infecção com HIV
DIP | Elisabete Louise | P5 5

▪ Imunossupressão por comorbidades ou • O critério de cura é clínico e com exames


medicamentos inespecíficos, como o hemograma
▪ Gestantes (anfotericina B = única opção)
▪ Falha terapêutica ou hipersensibilidade ao CONTROLE DA DOENÇA
antimonial
Diagnóstico dos doentes
▪ Gravidade clínica e laboratorial
Controle do vetor
Além do tratamento antimicrobiano, deve-se fornecer Detecção de reservatórios (coleira com piretroides nos
suporte nutricional ao paciente, controlar ou tratar cachorros, reduzindo o risco de picadas e
infecções bacterianas e a anemia contaminação)

MILTEFOSINA

Atua na síntese da membrana celular

Mecanismo citotóxico desconhecido

Ação leishmanicida

28 dias de tratamento VO

Eficácia limitada, não sendo 1ª linha

Contraindicada na gestação

PACIENTES COM HIV

Profilaxia secundária até CD4 > 200 cél/mm3 por 6


meses, com anfotericina B quinzenal ou mensal

Quando há risco de recaída: falha parasitológica ou


terapêutica no 1º evento; paciente não inicia TARV;
não há elevação dos linfócitos T CD4

CRITÉRIOS DE CURA

• Febre cessa
• Retomada do apetite
• Ganho de peso
• Redução da visceromegalia nas primeiras
semanas
• Após a 2ª semana do tratamento, há melhoras
no âmbito hematológico

O paciente faz acompanhamento ambulatorial,


geralmente com 3, 6 e 12 meses

Se um novo quadro clínico é identificado, investiga-se


uma recaída, com possibilidade de retratamento por 40
dias

Não há indicação de controle parasitológico ou


sorológico, ou seja, não precisa realizar exames como
mielograma, para saber se o paciente está curado
DIP | Elisabete Louise | P5 1

MALÁRIA
INTRODUÇÃO para o fígado, onde forma o critptozoíto, ocorrendo o
processo de esquizogonia tecidual hepática (ciclo
A malária é transmitida em áreas tropicais e pré eritrocítico, que dura cerca de 14 dias – período
subtropicais. Essa transmissão depende da umidade, de incubação)
temperatura e chuvas
No fígado, há a multiplicação desses microrganismos,
Em países onde há casos de transmissão da malária, com formação e organização de núcleos de
pode não ocorrer em algumas regiões nacionais protozoários dentro da célula
(altitude, desérticas, frias, controle do mosquito)
O rompimento da célula hepática promove a liberação
Ocorre na África, Ásia, América, Oceania, e alguns de protozoários, na forma de merozoítos, para o
casos na Europa sangue
Alta transmissão na África do Sul (Saara) e parte da • Nos casos do P. vivax e P. ovale, há a
Oceania formação dos hipnozoítos, que permanecem
latentes nas células hepáticas
Acomete cerca de 200 milhões de pessoas por ano
Os merozoítos irão invadir as hemácias, com
75% dos casos de malária da América latina
multiplicação dos protozoários em seu interior
acontecem no Brasil, na Venezuela e na Colômbia
(transformam-se em trofozoítos imaturos, trofozoítos
Redução do número de casos e da mortalidade desde maduros e esquizonte), originando a fase eritrocítica
2008, no Brasil (esquizogonia)

Agente etiológico: O rompimento dessas hemácias provoca a liberação de


substâncias tóxicas, que desencadeiam o aparecimento
• Plasmodium: protozoário intracelular da febre, e de novos merozoítos, que vão invadir novas
obrigatório hemácias
• Há 4 espécies:
- P. malariae Os trofozoítos também podem se diferenciar em
- P. vivax (predomina no Brasil) gametócito. Quando o mosquito pica o indivíduo
- P. falciparum (presente na região infectado, ele adquire esse sangue contaminado,
amazônica – malária com maior gravidade. originando o ciclo sexuado do protozoário no interior
Consegue se multiplicar em temperaturas do mosquito
acima de 20ºC)
- P. ovale

• Esse protozoário é transmitido por um vetor –


mosquito fêmea do gênero Anopheles
(mosquito prego). Esse mosquito apresenta
hábitos noturnos (pôr do sol ao amanhecer) e
está presente em ambiente intra ou
peridomiciliar

CICLO DE TRANSMISSÃO

Ocorre ciclo assexuado no homem e sexuado no


mosquito (hospedeiro definitivo)

O mosquito pica o homem e há a transmissão do


esporozoíto (presente na glândula salivar do
mosquito), que cai na corrente sanguínea e se desloca
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Exame físico: apresenta-se hipocorado,


hepatomegalia, esplenomegalia, dor à palpação do
OBS: fatores que dificultam o controle P. vivax: abdome
▪ Produz gametócitos desde o início da infecção
MALÁRIA GRAVE
▪ Persiste no vetor em temperaturas mais baixas
▪ Hipnozoítos no fígado (latentes) Maior chance de ocorrer em gestantes, crianças,
▪ Produz hospedeiros assintomáticos primoinfectados e HIV/AIDS

PATOLOGIA Identificar sinais de complicação tanto na P.


falciparum quanto na P. vivax
Fatores importantes na virulência:
Hiperparasitemia não é indicador de gravidade
• Multiplicação: P. falciparum produz 40 mil
merozoítos, enquanto P. vivax produz 10 mil Investigar comorbidades na malária P. vivax
• Células que infectam: P. vivax infecta complicada
reticulócitos – representam 1% das hemácias.
Apresenta mais sintomas: prostração, alteração da
Já o P. falciparum infecta todos os tipos de
consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões,
hemácias
hipotensão arterial ou choque, edema pulmonar,
• Citoaderência: mecanismo do P. falciparum
hemorragias, icterícia, hemoglobinúria, hiperpirexia
– as hemácias invadidas expressam, em sua
(>41oc) e oligúria
membrana, partículas que aumentam a
aderência do eritrócito ao endotélio Exames laboratoriais podem detectar uma anemia
microvascular de alguns tecidos, como grave, hipoglicemia, acidose metabólica, insuficiência
cérebro, pulmão, fígado e rins. Isso promove renal, hiperlactatemia e hiperparasitemia
a obstrução de capilares e anóxia
• Produção de citocinas (> no P. falciparum)
• Imugenicidade do hospedeiro
A presença do diagnóstico parasitológico + pelo
Na mesma picada do vetor, podem existir espécies menos 1 critério determina a forma grave e indica
distintas de Plasmodium internação hospitalar

QUADRO CLÍNICO

Pode ser leve, moderado ou grave: ex.: P. falciparum


pode resultar em forma grave e complicada,
caracterizada pelo acometimento e disfunção de vários
órgãos ou sistemas

Histórico de viagem ou residência em área endêmica

Período de incubação:

• P. falciparum: 7 a 12 dias
• P. vivax: 12 a 17 dias
Outras complicações da malária que não entram no
MALÁRIA NÃO COMPLICADA critério de malária grave:

Síndrome febril, aguda e indiferenciada, calafrios, • Plaquetopenia (relação com parasitemia) –


mialgia, artralgia, cefaleia, astenia, tontura, náuseas, 70% pacientes
vômitos, diarreia, dor abdominal • Hematoma subcapsular esplênico ou infarto
esplênico – dor abdominal intensa (P. Vivax)
Febre, calafrio e diaforese (sudorese profusa) =
• Colelitíase alitiásica: dor abdominal e vômitos
tríade clássica
(adultos)
• Anemia (dura de semanas a meses) – crianças
DIP | Elisabete Louise | P5 3

• Gestantes: prematuridade, óbito, retardo do OBS: na malária por P. vivax, se a parasitemia é alta,
crescimento intrauterino deve-se avaliar a possibilidade de malária mista (P.
• Em pacientes com HIV, pode haver falciparum + P. vivax)
diminuição de LT CD4, aumento de carga
viral, com reativação de doenças oportunistas ESFREGAÇO
• Risco de falcização grave em pacientes com Exame de baixa sensibilidade
anemia falciforme
Melhor detecção das espécies
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
TESTES RÁPIDOS
GOTA ESPESSA
Detecção de antígenos a partir de teste fitas com
Baseia-se no encontro de parasitos no sangue anticorpos
Exame preferido em áreas endêmicas Detecta infecção pelo P. falciparum e não falciparum
(vivax, malariae, ovale)
P. falciparum:
Importante em áreas não endêmicas
• Identificação de trofozoítos na 1ª semana
• Gametócitos após 1ª semana OBS: no Brasil, define-se como caso de malária,
• Identificação de esquizontes nas formas de pacientes com gota espessa positiva ou testes rápidos
grande parasitemia reagentes

EXAMES INESPECÍFICOS

Apenas para os casos de malária grave!

Hemograma: anemia normocítica e normocrômica,


plaquetopenia, leucopenia ou leucocitose)

Transaminases: podem estar elevadas até 5 vezes

Bilirrubinas elevadas
P. vivax:
Ureia e creatinina
• Identificação de trofozoítos, esquizontes e
Lactato
gametócitos no 1º dia de parasitemia
• Baixa sensibilidade. Nos primeiros dias de Glicose, cálcio e fosfato reduzidos
doença, quando parasitemia é baixa, o exame
deve ser repetido se for negativo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Síndrome febril: dengue, influenza, infecção urinária


(piúria)

Síndrome febril ictérica ou icterohemorrágica:


leptospirose, febre tifoide, abcesso hepático, hepatites
virais, febre amarela, colecistite

Síndrome febril hemorrágica: dengue,


meningococcemia e riquetsiose

OBS: todo paciente em área endêmica ou procedente


OBS: na malária por P. falciparum, há mudança de
de área endêmica deve ser investigado para malária
tratamento quando parasitemia é alta (>+++)
DIP | Elisabete Louise | P5 4

TRATAMENTO Recomendação de internação: ocorre quando:

Objetivos: cura clínica e interrupção do ciclo • Extremos etários (< 6 meses ou > 70 anos)
biológico do protozoário, reduzindo a transmissão e • Gestantes (contração uterina, sangramento
evitando as complicações para o paciente, obtidos vaginal, perda de líquido)
principalmente quando o tratamento é precoce • HIV/AIDS e imunossuprimidos
• Malária grave (hiperpirexia, convulsões,
Resistência aos antimaláricos: bem definida para o P.
alteração consciência, vômitos permanentes,
falciparum (resistência à cloroquina); resistência à
dispneia, oligúria, hipotensão arterial, anemia
cloroquina do P. vivax no Brasil é de 10%
intensa, hemorragias, icterícia,
Recaída: reaparecimento de sintomas após 28 dias. hiperparasitemia)
Ocorre devido à sobrevivência de hipnozoítos
OBS: a alta hospitalar é apenas com gota espessa
(latentes do P. vivax)
negativa e compensação clínica e laboratorial
Recrudescência: reaparecimento de sintomas antes de
28 dias. Ocorre devido à sobrevivência de formas MALÁRIA VIVAX OU OVALE
eritrocíticas (esquizontes) Tratamento com Cloroquina em 3 dias e Primaquina
em 14 dias (esquema longo)
Reinfecção: após tratamento eficaz, paciente apresenta
nova infecção Todos administrados em dose única diária

A falha do tratamento na malária vivax pode ocorrer


por má adesão ou subdose nos pacientes obesos
Alguns antimicrobianos podem ter ação
esquizonticida e justificar gota espessa falso negativa,
como macrolídeos, quinolonas, sulfonamidas,
clindamicina Cloroquina:

O tratamento tem como objetivo interromper a • Pode ser usada em crianças e gestantes
esquizogonia sanguínea, eliminar as formas latentes • Ativa contra 4 espécies de Plasmódios, mas
(hipnozoítos) e impedir a formação de gametócitos não é usada no tratamento de P. falciparum
• Rápida ação esquizonticida
Para a escolha do fármaco, deve-se considerar: espécie
• Apenas apresentação oral
do plasmódio, gravidade, idade, gestação, o ambiente
de tratamento (ambulatorial, hospitalar, UTI)
DIP | Elisabete Louise | P5 5

Primaquina: OBS: não administrar em crianças menores que 6


meses e em gestantes durante o primeiro trimestre de
• Ação contra os gametócitos de todos os gravidez
plasmódios e contra os hipnozoítos do P.
vivax e P. ovale ▪ O tratamento de gestantes (1º trimestre) e
• Ação anti-malárica e oxidante crianças menores de 6 meses é realizado com
• Única droga para evitar recaídas quinino e clindamicina
• Absorção oral rápida e metabolização
hepática
Artemisina e derivados:
• Em paciente com deficiência de G6PD, pode
acarretar metemoglobina ou hemólise • Reduzem rapidamente febre e parasitemia
• Reduz o desenvolvimento dos gametócitos
OBS: não usar Primaquina para gestantes ou menores
• Incapacidade de permanecer com parasitemia
de 6 meses e suspender seu uso nos casos de
negativa na monoterapia, sendo necessária a
surgimento de icterícia
associação com outros antimaláricos, como
MALÁRIA FALCIPARUM artemeter + lumefantrina

Combinação fixa de Artemeter + Lumefantrina em 3


dias
DIP | Elisabete Louise | P5 6

Quinino: • Quimioprofilaxia para viajantes de áreas não


endêmicas
• Um dos primeiros fármacos no tratamento da
malária QUIMIOPROFILAXIA

• Apresentação oral ou parenteral O Ministério da Saúde não recomenda a prescrição de


• Metabolização hepática antimaláricos para viajantes que vão para a área da
Amazonia legal (Acre, Amapá, Amazonas, Roraima,
• Síndrome do cinchonismo: zumbido, perda
Rondônia, Maranhão, Mato Grosso e Pará)
auditiva e visão borrada
• Inúmeros efeitos colaterais (alterações A profilaxia para exposição ao P. falciparum é feita
cardíacas, vômitos) com mefloquina, doxiciclina ou atovaquona-
• Uso por menor tempo e associado a outros proguanil
antibióticos: clindamicina ou tetraciclina

Clindamicina:
Mefloquina:
• Esquizonticida de ação lenta
• Não usar em monoterapia • Ação esquizonticida
• Deixou de ser usada no tratamento para
MALÁRIA MISTA malária falciparum devido à resistência e
efeitos adversos
Infecções mistas por Plasmodium falciparum e vivax
ou olave

PREVENÇÃO • Eventos adversos: tontura, náuseas, vômitos,


diarreia, dor abdominal, anorexia. O paciente
• Diagnóstico e tratamento precoce dos casos ainda pode apresentar convulsões ou distúrbio
• Manejo ambiental (limpeza das margens de psiquiátrico
criadouros do vetor) • Contraindicação: distúrbio psiquiátrico e
• Uso de inseticidas (mosquiteiros epilepsia
impregnados) • Não utilizada no 1º trimestre gestacional
• Uso de biolarvicidas nos criadouros dos
anofelinos
• Educação em saúde
• Gota espessa no pré-natal de gestantes de
áreas endêmicas
DIP | Elisabete Louise | P5 1

MENINGITES
ANATOMIA E FISIOLOGIA

Folhetos:

• Dura-máter: a meninge mais externa, sendo


a mais próxima ao osso e a mais resistente
• Aracnóide: formada por 2 folhetos, parietal
(mais próximo da DM – paquimeninge) e
visceral (mais próximo da PM –
leptomeninge)
• Pia-máter: mais interna; está em contato com
o parênquima encefálico e contém vasos
sanguíneos

Entres esses folhetos, há o espaço subaracnóideo, por


onde o LCE percorre

O LCE é produzido a partir da filtração do sangue do


plexo coroide dos ventrículos (lateral, 3º e 4º) e atinge Principais agentes: Neisseria meningitides
o espaço subaracnóideo através da abertura medial e (meningococo), Streptococcus pneumoniae e
lateral do 4º ventrículo. Em seguida, ele vai para o seio Haemophilus influenzae
sagital superior, onde é reabsorvido
• Meningite viral aguda: causada
Funções do líquor: proteção contra traumas, regulação principalmente pelo enterovírus (Coxsackie
da PIC, além de apresentar células de defesa vírus e ecovírus) – transmitidos por via fecal-
oral e respiratória
Na presença de inflamação, a BHE é quebrada e há
passagem de substâncias do sangue (proteínas, células EPIDEMIOLOGIA
de defesa) para o líquor
Reservatório natural: homem
Características normais do LCE:
Transmissão: vias respiratórias ou contato com
• Cor: translúcido (água de rocha), sem secreções
hemácias
• Os únicos agentes transmissíveis (de pessoa
• Citologia: 3 - 5/mm3, linfócitos
para pessoa) são Neisseria meningitides e
• Proteínas: 10 - 40 mg/100 mL
Haemophilus influenzae
• Glicose: 40 - 80 mg (2/3 da glicose sérica)
• Quantidade normal no adulto: 125 - 200 mL PATOGENIA
• Pressão do LCE a nível de lombar: 5 - 18 cm
H2O (decúbito); 18 - 25 cm H2O (sentado) As bactérias colonizam a mucosa nasal, caem na
corrente sanguínea e atingem a leptomeninge por via
INTRODUÇÃO direta (a partir de um trauma), por contiguidade
(infecção próxima ao SNC) ou sanguínea (infecção em
Meningite é o processo inflamatório na leptomeninge algum outro sítio não tratada provoca uma bacteremia
(folheto visceral da aracnoide + PM) do encéfalo e e a bactéria cai na corrente sanguínea e atinge o SNC)
medula espinal
Depois, a bactéria chega no espaço subaracnóideo
Meningoencefalite: quando há comprometimento do (pouca celularidade – poucas células de defesa) e há
parênquima encefálico multiplicação do agente etiológico
Causas: bacterianas, virais, parasitárias, fúngicas, Com isso, há o estabelecimento de um processo
medicamentosa, hemorrágica inflamatório nas meninges e edema do parênquima
DIP | Elisabete Louise | P5 2

encefálico, ocasionado um exsudato purulento, que MENINGOENCEFALITE BACTERIANA


pode ser polimorfonuclear (quadro bacteriano,
exsudato localizado na convexidade do cérebro) ou É uma urgência médica, que exige diagnóstico e
mononuclear (meningite fúngica ou por tuberculose, tratamento precoce
exsudato localizado na base do cérebro)
Pode ser causada por bactérias gram negativas ou
Essa inflamação provoca o aumento da positivas
permeabilidade capilar, com aumento de proteínas no
Geralmente o aparecimento dos sintomas tem início
LCE
súbito
Além disso, há vasodilatação, acarretando a formação
Fatores de risco que predispõem essa infecção:
de transudatos e exsudatos, que podem culminar em
edema cerebral, com aumento da PIC. Outrossim, • Traumatismo cranioencefálico ou
pode haver comprometimento vascular, como arterite, raquimedular
flebite e trombose dos vasos • Fístulas liquóricas não tratadas
• Otites, mastoidites ou sinusites complicadas
CLASSIFICAÇÃO DAS
ou sem tratamento
MENINGOENCEFALITES
• Desnutrição grave
Etiologia: bacteriana, viral, fúngica ou protozoária • Imunodeficiência

Evolução: curta (1-5 dias) / insidiosa (10-15 dias) A partir da história clínica do paciente, pode-se fazer
uma presunção da etiologia, para iniciar um
Gravidade: a depender da precocidade no tratamento antibiótico empírico
• Bacteriana, fúngica, TB, herpética → graves
DIP | Elisabete Louise | P5 3

O paciente pode apresentar, associado ao quadro da


SINAIS E SINTOMAS:
meningite, uma evolução com a síndrome de
• Cefaleia hipertensão intracraniana, que se manifesta com
• Febre PIC > 40 cm H2O. Sinais e sintomas:
• Meningismo
• Cefaleia intensa, não responsiva a analgésicos
• Alteração do nível de consciência
• Irritabilidade
• Vômitos
• Vômitos (sem náuseas)
• Convulsão
• Abaulamento de fontanelas em lactentes
• Sinais focais
• Hiperemia e edema papilar no exame de fundo
• Papiledema (inchaço do disco óptico causado
de olho
por PIC elevada)
• Alteração de consciência
DIAGNÓSTICO • Convulsão
• Pupila fixa
Diagnóstico clínico • Midríase unilateral
• Paresia contralateral à midríase
Início abrupto até 5 dias
• Descerebração ou decorticação
Febre elevada e persistente, cefaleia, vômitos, mal- • Fenômeno de Cushing (hipertensão arterial e
estar generalizado, astenia, anorexia e palidez bradicardia

Sinais meníngeos (rigidez de nuca, Lasegue, Além disso, o paciente pode apresentar uma síndrome
Brudzinski, Kernig), hipertonia abdominal, encefálica no quadro de meningite, caracterizada por:
opistótono, contratura da musculatura paravertebral,
postura antálgica • Sonolência
• Estupor
• OBS: o sinal de Lasegue pode ser positivo • Obnubilação
quando o paciente tem uma radiculopatia, • Coma
então é importante saber executar mais de um • Estado convulsional
sinal meníngeo durante o exame físico • Paresias
• Distúrbios visuais, auditivos, afasia

Diagnóstico diferencial

Meningoencefalites de outras etiologias

Hemorragia subaracnóidea (cefaleia de alta


intensidade, abaixamento do nível de consciência,
febre)

Abcessos cerebrais

Trombose de seio venoso

Diagnóstico laboratorial

Coleta do líquor por meio da punção lombar: com o


paciente em decúbito lateral direito ou sentado, palpa-
se a crista ilíaca posterior e desenha uma linha
imaginária entre L3 e L4. Marca a região, faz a
antissepsia da pele e é realizado o procedimento

Contraindicações:
DIP | Elisabete Louise | P5 4

• Infecção no sítio de punção Apagamento de sulcos; desvio da linha média e diminuição de


ventrículos laterais
• Discrasia sanguínea
• Rebaixamento o nível de consciência COMPLICAÇÕES
• Convulsão (menos de 1 semana)
• Sinais focais Complicações sistêmicas: sepse, choque séptico,
• Paralisia de pares cranianos choque cardiogênico, coagulação intravascular
disseminada
OBS: nesses últimos 4 casos, é importante solicitar
uma TC de crânio primeiro, para avaliar se há Complicações neurológicas: lesões dos pares
hipertensão intracraniana, que contraindicaria a cranianos (3º, 4º, 6º, 7º), abcessos, tromboflebites de
punção seios da dura-máter

PROGNÓSTICO
Avaliação do líquor Influenciado por:
▪ Gram (diplococo gram negativo é sugestivo de
• Idade
meningococo e coco gram positivo de
• Alteração imunitária (DM, cirrose)
pneumococo)
• Virulência de microrganismos
▪ Cultura
• Sensibilidade do microrganismo ao
▪ Celularidade (na meningite bacteriana aguda,
antibiótico
geralmente há pleocitose – > 500 cel/mL com
PMN) • Uso adequado de ATB
▪ Proteína (100 a 500 mg – aumentada) • Meningococcemia – infecção disseminada
▪ Glicorraquia (glicose < 40 mg – reduzida) (letalidade: 50 a 60%)
▪ Pesquisa de antígenos bacterianos (métodos
TRATAMENTO
látex, contraimunoeletroforese, ELISA)
1. Suporte

• Administração de antibiótico
Outros exames: (preferencialmente via EV)
• Hidratação
• Hemograma
• Checar os sinais vitais + diurese
• Hemocultura
• Antitérmicos: caso a temperatura esteja >
• Glicemia
37,8ºC
• Raio-X de tórax
• Na suspeita de MB por pneumococos ou
• TC de crânio
hemófilos, inicia-se corticoide
- Evidência clínica de HIC
(dexametasona 0,15 mg/Kg, 6 em 6 horas, por
- Rebaixamento do nível de consciência
2 a 4 dias) antes ou simultaneamente ao
- Anisocoria, midríase, edema de papila
antibiótico
- Sinais neurológicos focais
- Convulsão
- Suspeita de coleções no SNC
- Imunodeprimidos 2. Crises convulsivas

• Diazepam
• Fenitoína
• Carbamazepina

3. Tratar choque séptico, quando presente


DIP | Elisabete Louise | P5 5

4. Início da terapia antimicrobiana sem


retardo Duração do tratamento

Depende da etiologia:
• Ceftriaxona (ação contra hemófilos,
pneumococo e meningococos): 2 g, IV, 12/12 ▪ Meningococos: 7 dias
horas ▪ Pneumococo/ hemófilos: 10 dias
• OBS: o paciente deve apresenta melhora em ▪ Listeria, estafilococos, Pseudomonas,
48 horas. Casos contrário, deve-se realizar enterobactérias: 21 dias
punção lombar novamente, reavaliando o ▪ Estreptococos grupo B: 14 a 21 dias
líquor

Critérios de cura

Critério é clínico laboratorial!

▪ Desaparecimento de febre e sintomas (1 a


3 dias de ATB)
▪ Punção lombar se dúvida (paciente sem
resposta ao tratamento): realizar entre 7 a
10 dias de tratamento
▪ LCR no paciente com resposta clínica:
redução de neutrófilos e redução de
proteínas, glicose aumentada
▪ Se houver febre após 4 dias de ATB:
complicações
DIP | Elisabete Louise | P5 6

PROFILAXIA • Para HSV, administra-se aciclovir

É instituída se a meningite do paciente foi causada por MENINGITES CRÔNICAS


Neisseria meningitides ou Haemophillus influenzae.
Os contactantes mais próximos do paciente são Infecções das meninges com síndrome meníngea
moradores da mesma casa, creche, mesma sala de aula arrastada (> 15 dias)
e professores, profissionais de saúde que atenderam o
Agentes etiológicos: Mycobacterium tuberculosis,
paciente sem EPI
Cryptococcus neoformans
Rifampicina 600 mg, 12/12h, por 2 dias
• A meningite criptocócica tem caráter
(meningococos) ou 4 dias (hemófilos)
predominantemente oportunista, acometendo
principalmente indivíduos com estado
MENINGOENCEFALITE VIRAL
imunológico comprometido (aids ou outras
O agente etiológico é variável: vírus da caxumba, condições de imunossupressão)
herpes simples, HIV, CMV. Os mais comuns são os
enterovírus, como coxsackievirus e echovirus, que Sintomatologia: febre, cefaleia intensa, adinamia,
são transmitidos por meio de gotículas ou transmissão sonolência, vômitos, confusão mental e fotofobia
fecal oral
DIAGNÓSTICO
O quadro clínico é geralmente agudo, marcado por
Análise do líquor:
febre alta, cefaleia, vômitos não alimentares,
sonolência, sinais meníngeos. A maioria das • Celularidade < 500 cel/mm3
meningites virais evolui espontaneamente para cura, • Linfomononuclear
de 5 a 10 dias • Proteína aumentada
A meningite causada pelo herpes simples tipo 1 • Glicose baixa
(HSV1) é de alta gravidade e letalidade e causa febre
Na meningite por M. tuberculosis, é importante a
elevada, rebaixamento do nível de consciência e sinais
solicitação da baciloscopia do líquor, da cultura e do
focais
teste rápido molecular
• Pode causar também encefalite necrotizante Na suspeita de meningite fúngica pelo C. neoformans,
difusa é importante solicitar a tinta da China (identifica a
levedura do fungo), e cultura específica para o fungo
DIAGNÓSTICO

LCR:

• Claro
• Pressão de abertura normal ou elevada
• Pleocitose moderada (< 200 cel/mm3),
• Linfomononuclear
• Proteína elevada
• Glicose normal
• Investigação etiológica: PCR e sorologia
(CMV, HSV)

TRATAMENTO

• Repouso SEQUELAS
• Hidratação
O tipo de agente etiológico mais associado às sequelas
• Alimentação
são pneumococo e o M. tuberculosis
• Antitérmicos e analgésicos (não: AINES)
• Anticonvulsivantes
DIP | Elisabete Louise | P5 7

As sequelas são menos comuns nas infecções virais, • Também é possível identificar antígenos da
exceto se a meningite for por herpes simples cápsula da bactéria por meio da prova do látex
tanto no líquor quanto no sangue
O paciente pode apresentar: hidrocefalia, paralisias,
epilepsia, surdez, cegueira, ptose palpebral, demência, TRATAMENTO
alteração da personalidade,
descerebração/decorticação Manejo da sepse e choque séptico

Antibiótico precoce:
MENINGOCOCCEMIA

Forma septicêmica da doença causada pela Neisseria • Cefalosporina de 3ª geração


meningitides (diplococo gram negativo, aeróbio, (ceftriaxona/cefotaxima)
imóvel, tem 13 sorogrupos) • Penicilina cristalina
• Ampicilina
A transmissão é por gotículas interpessoal (pode haver • Cloranfenicol
portadores assintomáticos)

O período de incubação é de 1 a 4 dias (máximo de 10


dias)

Os principais sorogrupos no Brasil são B, C, W e Y e


o número de casos é inversamente proporcional à
idade

É mais frequente no inverno

A letalidade é maior nos casos de meningococcemia


sem meningite

O grupo de risco é composto por comunicantes


íntimos de casos, viajantes para áreas hiperendêmicas,
asplenia funcional ou anatômica, deficiência de
complemento

DIAGNÓSTICO

Diagnóstico clínico:

• Febre súbita e alta, toxemia, mal-estar,


hipotensão, fraqueza, lesões cutâneas
(principalmente nas extremidades
• O exantema pode ser purpúrico ou petequial e
as lesões podem confluir, formando sulfusões
hemorrágicas maiores), choque séptico
• A forma fulminante (choque e necrose da
adrenal) é a forma mais grave da
meningococcemia

O diagnóstico é feito a partir do quadro clínico e da


solicitação de cultura para isolar a bactéria

• A cultura pode ser solicitada do sangue, do


líquor; aspirado das lesões cutâneas, líquido
pleural
DIP | Elisabete Louise | P5 1

PROFILAXIA DE TÉTANO E RAIVA


TÉTANO

Doença infecciosa aguda, não contagiosa

Causada pela ação de neurotoxinas produzidas pelo


Clostridium tetani (bacilo Gram positivo, anaeróbio,
produtor de esporos)

• Essa bactéria é encontrada no solo, na terra,


poeira, vegetais e fezes de animais QUADRO CLÍNICO
• Quando essa bactéria passa a viver em
ambientes pobres em oxigênio, ela encontra Hipetonia muscular, hiperexcitabilidade nervosa,
uma condição favorável à sua sobrevivência, hiperreflexia, espasmos musculares, trismo, disfagia,
deixa a sua forma de esporo e passa a adotar fechamento de glote
uma forma vegetante. Logo, ela passa a se
Não afeta o estado de consciência
multiplicar e a liberar neurotoxinas –
causadoras do quadro clínico do tétano Não costuma ser marcada por febre, mas sua presença
indica infecção secundária ou mau prognóstico
Há um maior número de casos entre homens adultos,
com letalidade aumentada (19 a 22%) Pode ocorrer disautonomia / comprometimento
circulatório (hipertensão arterial sistêmica,
A letalidade depende de alguns fatores:
taquicardia, sudorese)
• Idade: é maior nos extremos de idade
• Forma clínica: tétano neonatal é grave, cuja
incidência foi reduzida devido à vacinação das Período de incubação: tempo entre o ferimento e
gestantes e aos maiores cuidados no parto o surgimento dos primeiros sintomas
• Politraumatizados ▪ Tempo: 5-15 dias
• Abortos provocados ▪ Se PI for inferior a 7 dias, já é indicativo
• Focos profundos ou desconhecidos de pior prognóstico, ou seja, quanto
• Queimados menor o PI, mais grave será a
manifestação da doença
FISIOPATOLOGIA
Período de progressão: tempo entre o primeiro
As feridas tetanígenas apresentam corpo estranho, sintoma e o surgimento de contratura ou espasmo
esporo de C. tetani e tecido desvitalizado generalizado
Esse ambiente de baixa oxigenação favorece o ▪ Se PP< 48h → pior prognóstico
desenvolvimento da forma vegetante da bactéria, que
se reproduz e produz toxinas

Em indivíduos não imunes, essa toxina –


tetanospasmina – se dirige através dos nervos ao SNC COMPLICAÇÕES

• Insuficiência respiratória aguda (paciente não


A tetanospasmina se liga a interneurônio inibidores na
consegue ventilar, quando ele faz um espasmo
medula e nos gânglios dos pares cranianos motores,
muscular – caixa torácica não expande)
fazendo com que os neurônios se tornem
hiperexcitáveis • Fratura de vértebras ou costelas, causando
deformidades torácica
• Infecção do trato urinário, pneumonia
associada à ventilação mecânica, infecção de
corrente sanguínea associada à cateter
DIP | Elisabete Louise | P5 2

PROFILAXIA Ao receber um paciente vítima de acidente, devemos


classificar a lesão quanto ao risco de tétano:
A diminuição da ocorrência do tétano ocorreu devido
à vacinação. É de extrema importância vacinar • Risco mínimo: superficial, limpo, sem corpo
crianças, gestantes, idosos, acidentados estranho ou tecido desvitalizado
• Risco alto: tecido desvitalizado e corpo
Há pacientes com maior risco de infecção: aborto estranho, sujos com terra, puntiforme e
provocado, focos dentários, acidentes com fogos de contuso (vidro, lata, espinho), mordeduras,
artifício, lesão por Tunga penetrans (bicho de pé), fraturas expostas, politraumatizados,
mordedura de cão, acidente ofídico, úlceras crônicas mordedura de animais, arma de fogo ou
branca, queimaduras

Profilaxia de tétano neonatal Durante a anamnese, devemos perguntar acerca da


vacinação do paciente
O tétano neonatal é indicador de má assistência

Cuidado adequado do coto umbilical

Cuidados higiênicos no parto

Vacinação da gestante (imunidade passa da mãe para


o bebê, podendo protege-lo por até 2 meses de vida)

OBS: dTpa deve ser feita a partir da 20ª semana de


gestação

▪ dT = difteria e tétano
▪ dTpa = difteria, tétano e coqueluche

Profilaxia de tétano acidental


DIP | Elisabete Louise | P5 3

RAIVA • A morte ocorre geralmente de 1 a 11 dias


A transmissão ocorre pela mordida ou arranhadura de
PATOGENIA
animal raivoso ou no pródromo, pelo contato da saliva
do animal em feridas ou mucosas No homem, o vírus atinge o músculo após a
mordedura, onde irá se replicar (esse momento é o que
O principal transmissor no ciclo urbano é o cão e o a vacina é mais eficaz), e é liberado no espaço
gato extracelular, atingindo a placa mioneural e
• Esses animais eliminam o vírus 2 a 5 dias neurotendinal
antes da doença se manifestar e morrem 5 dias Depois, há a migração através dos axônios dos nervos
depois periféricos e o vírus atinge os gânglios das raízes
Existe o ciclo silvestre de transmissão da raiva, em que dorsais em 60 a 72 horas
se destaca o morcego hematófago (Desmodus Há invasão do SNC por meio das conexões sinápticas
rotundus) e não hematófago e disseminação do vírus para tecidos glandulares,
miocárdio, músculo, retina
• O morcego hematófago se alimenta do sangue
de outros animais (domésticos e silvestres), e,
QUADRO CLÍNICO
caso tenha o vírus, transmite-o para esses
animais Período de incubação: em média, 45 dias (mínimo de
• Não se sabe por quanto tempo o morcego 8 dias)
transmite o vírus até morrer
O homem pode apresentar parestesias, ansiedade,
• A mordida do morcego hematófago é indolor
hiperatividade, alteração dos sentidos (tátil, auditiva,
(há substância anestésica na saliva do
olfativa, térmica e visual), respostas intempestivas,
morcego), elíptica, 0,5 cm no maior eixo,
insônia, pesadelos, miofasciculação facial, fácies de
sangramento ativo (há anticoagulante na
pânico, olhar brilhante, aerofobia, hidrofobia,
saliva do morcego), áreas expostas
convulsão, paralisia flácida, arritmia respiratória e
Raiva canina: cardíaca, morte

• O cachorro com raiva se torna arredio, PROFILAXIA


taciturno, caminha sem cessar, não atende
Cuidados com a ferida
solicitações, excitabilidade, anorexia,
agressividade, autoflagelação, perda de • Lavar com água e sabão as lesões localizadas
seletividade alimentar, sialorreia, paralisia na pele
motora, mudança de timbre do latido,
aerofobia, hidrofobia
DIP | Elisabete Louise | P5 4

-Não é indicado lavar mucosas com sabão, Gravidade do acidente


pois pode irritá-las

• Clorexidina/álcool iodado
• Não suturar lesão ou debridar
• Aproximar bordas, se houver laceração

Após cuidar da lesão do paciente, deve-se avaliar se o


paciente tem indicação de vacina antirrábica,
imunoglobulina ou soro antirrábico

• Vacina de cultivo celular: tem menos


eventos adversos e maior efetividade
Houve, em 2017, uma atualização, com relação ao
- Deve ser administrada via IM, no deltoide no
número de doses da vacina antirrábica. Antes dessa
adulto
resolução, eram administradas 5 doses da vacina, e,
agora, são administradas 4 doses via IM
• Imuglobulina Humana Hiperimune
Antirrábica: fornece anticorpo pronto para o • Dias de aplicação: 0, 3, 7, 14
paciente de origem humana • Via de administração IM profunda usando
- Usado em pacientes que têm histórico de dose completa, no músculo deltoide ou vasto
alergia a soros: 20 UI/Kg/IM lateral da coxa → não aplicar no glúteo

• Soro heterólogo: fornece anticorpo pronto O soro antirrábico deve ser administrado uma única
para o paciente de origem equina vez e o quanto antes
- 40 UI/Kg/IM
• A infiltração deve ser executada ao redor da
lesão ou lesões
• Quando não for possível infiltrar toda a dose,
Classificar o acidente aplicar o máximo possível. A quantidade
restante, a menor possível, aplicar pela via IM,
• Local da lesão
podendo ser usada a região glútea
• Profundidade da lesão
• Sempre aplicar em local anatômico diferente
• Extensão da lesão
de onde foi aplicada a vacina
• Número de lesões
• Quando as lesões forem muito extensas ou
• Animal doméstico (domiciliado?), silvestre
múltiplas, a dose pode ser diluída em soro
• Estado aparente de saúde do animal
fisiológico, em quantidade suficiente, para
• Atitude durante o evento (animal se sentiu que todas as lesões sejam infiltradas
ameaçado e por isso atacou ou o animal atacou
do nada) Nos casos em que se conhece tardiamente a
necessidade do uso do SAR, ou quando não há soro
OBS: não é necessário vacinar-se contra a raiva se: disponível no momento, aplicar a dose recomendada
rato de esgoto, rato de telhado, porquinho-da-índia, de soro no máximo em até 7 dias após a aplicação da
coelho, hamster 1ª dose de vacina de cultivo celular, ou seja, antes da
aplicação da 3ª dose da vacina

• Após esse prazo, o soro não é mais necessário


• Não realizar a administração do SAR por via
EV
DIP | Elisabete Louise | P5 5
DIP | Elisabete Louise | P5 1

SÍNDROME GRIPAL E SRAG – VÍRUS INFLUENZA

INTRODUÇÃO VÍRUS INFLUENZA

Apesar de ser difícil diferenciar a síndrome gripal do Variações:


resfriado comum, a febre de início súbito associada à
tosse ou dor de garganta deve levantar a suspeita de • Influenza tipo A: alta circulação no Brasil
influenza ou outras etiologias de síndrome gripal nos últimos anos
- Entre eles estão H5N3 (comum em idosos) e
• Manifestações sistêmicas estão presentes o H1N1 (uma das variações de gripe A, é mais
• Raramente encontraremos manifestações difícil de ser combatido pelo organismo e
sistêmicas em um resfriado e, quando pode levar a morte, se não tratado, ou seja, é
presentes, são de baixa intensidade considerado o vírus mais letal entre as
• Ou seja, a diferença entre gripe e resfriado está variações de Influenza)
na intensidade dos sintomas
• Influenza tipo B: circulação variável no
Síndrome gripal x sinusite: Brasil, menos letal que vírus A
• Influenza tipo C: variação de vírus
• Sinusite: quadro alérgico e recorrente
combatida com mais facilidade pelo
• Gripe: sintomatologia autolimitada
organismo, não tem relevância
• Apesar de apresentar diversas características
epidemiológica
comuns, a ausência de dor orofacial,
congestão nasal e a presença de coriza clara, Subtipos: os vírus Influenza A são divididos em
além do início de sintomas há menos de 48 subtipos, de acordo suas glicoproteínas de superfície
horas, reduzem a probabilidade do caso se
tratar de sinusite bacteriana • Hemaglutinina (HA): o vírus se liga na
célula, abre passagem para se replicar no
Para esses quadros inespecíficos, fazer núcleo; ajuda na exteriorização do vírus
acompanhamento médico
DIP | Elisabete Louise | P5 2

• Neuraminidase (NA): quebra ligação do acompanhamento, principalmente com


vírus com a célula, liberando-o para infectar agravamento do quadro clínico
nova célula, ou seja, facilita a saída do vírus
para infectar outras células Indivíduo apresenta febre de início súbito (>38º),
mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de
• A combinação dá nome ao subtipo (H1N1,
garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas:
H3N2)
cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro
- São conhecidos 18 subtipos de HA -
diagnóstico específico
hemaglutinina e 11 subtipos de NA –
neuraminidase Idosos e crianças com menos de 2 anos de idade,
considera-se como caso de síndrome gripal: febre de
Mutações antigênicas maiores (shift): trocas de
início súbito (mesmo que referida) e sintomas
moléculas na (HA) e na (NA), levam ao surgimento de
respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na
um novo subtipo da Influenza A, que pode resultar em
ausência de outro diagnóstico específico
pandemia, devido à população não estar imune

Mutações antigênicas menores (drift): são pontuais, no SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA


mesmo subtipo da Influenza A e podem resultar em GRAVE (SRAG)
epidemia por novas cepas Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal
A vacinação ocorre em ciclos anuais, e os anticorpos (conforme definição) e que apresente dispneia ou os
formados contra as cepas anteriores podem não seguintes sinais de gravidade:
responder adequadamente contra as novas; faz-se, por • Saturação de SpO² < 95% em ar ambiente
isso, necessária uma nova composição da vacinação
• Sinais de desconforto respiratório ou aumento
anual
da frequência respiratória avaliada de acordo
Epidemiologia: com a idade
• Piora nas condições clínicas de doença de base
• Os vírus influenza predominantes nas • Hipotensão em relação à pressão arterial
primeiras semanas epidemiológicas (SE) de habitual do paciente
2020 foram o A(H1N1) pdm09 e o influenza • Indivíduo de qualquer idade com quadro de
B Insuficiência Respiratória Aguda, durante
• Com a pandemia da covid-19 foi observada período sazonal (ex.: paciente asmático que
uma redução na circulação dos vírus influenza apresenta sintomas durante período de
a partir da Semana epidemiológica - SE 13 sazonalidade)
• Praticamente não houve identificação de vírus
influenza em outras SE → consequência do Em crianças: além dos itens anteriores, observar os
uso de EPIs batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem
intercostal, desidratação e inapetência (sinais de
DEFINIÇÕES DE CASO gravidade)

Para o correto manejo clínico da influenza: considerar DIAGNÓSTICO LABORATORIAL


e diferenciar casos de síndrome gripal (SG) e síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) Teste rápido: RT-PCR para Influenza A(H1N1),
Influenza A(H3N2) e Influenza B
SÍNDROME GRIPAL
• Coleta de secreção de nasofaringe até 3º dia
40% das síndromes gripais são decorrentes de vírus após início dos sintomas, no máximo até 7º dia
Influenza e 60% estão relacionadas a outros vírus - Preferencialmente, antes do início do
respiratórios tratamento
- Deve ser realizada mesmo se tratamento
• Influenza é sazonal, então nesses períodos é tenha iniciado ou terminado
importante não subestimar e indicar - Para casos graves (paciente entubado) pode-
corretamente os pacientes para retornar para se proceder à coleta de aspirado da secreção
traqueal
DIP | Elisabete Louise | P5 3

- Manter o paciente preferencialmente em


• A amostra deverá ser mantida em refrigeração quarto privativo
(4-8ºC) e encaminhada ao LACEN, se - Para minimizar a produção de aerossóis
possível no mesmo dia, no máximo até 72 h recomenda-se substituição de nebulização por
após a coleta medicação em spray com espaçador
• Para todas as amostras negativas, será
realizada a técnica da IFI para pesquisa de • Uso de dispositivos de sucção fechados
outros vírus respiratórios • Manter em quarto privativo
• Em enfermaria, respeitar distância mínima de
ACHADOS LABORATORIAIS E 1m entre leitos
RADIOLÓGICOS
Além disso, orientar cobrir a boca ao tossir ou espirrar,
Quadro clínico acompanhado ou não de alterações utilizar lenço de papel, descartar de maneira
laboratoriais e radiológicas: apropriada e lavar frequentemente as mãos com água
e sabão ou álcool gel
• Hemograma (leucocitose, leucopenia ou
neutrofilia)
MANEJO DO PACIENTE
• Bioquímica do sangue (alterações
enzimáticas, musculares e hepáticas) Conduta inicial para pacientes jovens, sem
• Creatinofosfoquinase – CPK ≥ 2 a 3 vezes comorbidades, com quadros leves e sem fatores de
(miosite) risco para complicações:
• Radiografia de tórax: infiltrado intersticial
• Não realiza exames
localizado ou difuso ou área de condensação
- PCR: realizado apenas para casos graves ou
- No início da doença pode não ser
para estudo epidemiológico
identificada nenhuma alteração
- Áreas de condensação: indica infecção
bacteriana = o paciente pode estar com uma • Não há necessidade de antiviral (Oseltamivir):
co-infecção (viral e bacteriana) pode gerar resistência em casos de uso
indiscriminado
MEDIDAS PREVENTIVAS E CONTROLE • Paciente é orientado em relação a repouso,
DE INFECÇÃO hidratação e a permanecer atento aos sinais de
agravamento (falta de ar, febre por mais de 3
A Influenza não transmite por aerossóis, ou seja, são dias ou piora do seu estado de saúde)
necessárias apenas medidas de precauções padrão, por • Recebe orientações também em relação às
contato e por gotículas durante a consulta medidas que evitam a transmissão da
Influenza
• As gotículas respiratórias > 5 µm (tosse,
• Torna-se necessário o afastamento do trabalho
espirro ou fala) se propagam cerca de 1m.
ou escola em casos de febre nas últimas 24h
Relacionam-se à transmissão de contato da
- Retorno às atividades: após o término da
gotícula com mucosa ou conjuntiva da boca
febre
ou nariz de indivíduo susceptível
• Uso de máscara cirúrgica ao entrar no quarto, OBS: febre: corresponde ao período de maior
a menos de 1 m do paciente – substituí-la a transmissão viral
cada contato
• Higienizar mãos antes e depois do contato
com paciente (água e sabão ou álcool gel)
Conduta para pacientes idosos, com fatores de risco
• Máscara cirúrgica no paciente durante
para complicações e/ou outras comorbidades:
transporte
• Limitar procedimentos indutores de aerossóis • Solicitação de exames: RT-PCR e raio x de
(intubação, sucção, nebulização) tórax (utilizado também para
- Nessas situações, torna-se necessário o uso acompanhamento do quadro)
de N95, avental, luvas e óculos • Tratamento com oseltamivir
DIP | Elisabete Louise | P5 4

Tempo de atestado médico: Alguns casos podem evoluir para:

• Afastamento por 5 dias: tempo médio entre o • Pneumonia bacteriana e por outros vírus
início dos sintomas e o momento em que se • Sinusite, otite e desidratação
torna afebril por mais de 24h • Piora de doenças crônicas como insuficiência
• O afastamento deverá ser maior para cardíaca, asma ou diabetes
profissionais de saúde e aqueles que têm • Pneumonia primária por influenza, em
contato com indivíduos com fatores de risco pessoas com doenças cardiovasculares ou em
para complicações por influenza (ex: mulheres grávidas
trabalhador de creche)
- Nessas situações afastar por pelo menos 7 GRUPOS E FATORES DE RISCO PARA
dias após o início do quadro ou até a resolução COMPLICAÇÕES
dos sintomas
• Grávidas em qualquer idade gestacional,
puérperas até duas semanas após o parto
• Para imunossuprimidos: 10 dias de
(incluindo as que tiveram aborto ou perda
afastamento, visto que transmitem por um
fetal)
período de tempo maior
• Adultos ≥ 60 anos
ASPECTOS CLÍNICOS • Crianças < 2 anos, especialmente < 6 meses
(alta mortalidade)
Período de incubação: 1-4 dias • < 19 anos em uso prolongado de ácido
acetilsalicílico (risco: Síndrome de Reye)
Transmissibilidade em adultos: 24h antes do início dos
sintomas até 3 dias após o fim da febre • População indígena aldeada
• Pneumopatas (incluindo asma)
• Nas crianças pode durar em média 10 dias e se • Tuberculose: todas as formas (maior
prolongar mais tempo em imunossuprimidos complicação e possibilidade de reativação)
• Cardiovasculopatas (excluindo hipertensão
Sinais e sintomas: infecção aguda das vias aéreas, arterial sistêmica)
T>37,8ºC, curva térmica usualmente declina após 2-3
• Nefropatas
dias e normaliza em torno do 6º dia. Febre mais
• Hepatopatas
acentuada em crianças
• Doenças hematológicas (incluindo anemia
Demais sinais e sintomas de aparecimento súbito: falciforme)
calafrios, mal-estar, cefaleia, mialgia, dor de garganta, • Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes
artralgia, tosse seca, prostração e rinorreia mellitus)
• Transtornos neurológicos e do
Ainda presentes: diarreia, vômito, fadiga, hiperemia desenvolvimento que podem comprometer a
conjuntival e rouquidão função respiratória ou aumentar o risco de
aspiração (disfunção cognitiva, lesão medular,
As queixas respiratórias, exceto a tosse, tornam-se
epilepsia, paralisia cerebral, S. Down, AVC,
mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-
doenças neuromusculares)
se 3-4 dias após o desaparecimento da febre
• Imunossupressão associada a medicamentos,
A rouquidão e a lifadenopatia cervical são mais neoplasias, HIV/Aids
comuns em crianças • Obesidade (Índice de Massa Corporal - IMC
≥ 40 em adultos)
A tosse, fadiga e o mal-estar persistem por 1-2
semanas e raramente por mais de 6 semanas SINAIS DE AGRAVAMENTO
A evolução da gripe geralmente tem resolução Dispneia, taquipneia ou hipoxemia
espontânea em 7 dias
Persistência ou aumento da febre por mais de 3 dias:
COMPLICAÇÕES pode indicar pneumonite primária pelo vírus influenza
ou secundária a infecção bacteriana
DIP | Elisabete Louise | P5 5

Exacerbações de doença preexistente (DPOC, Tratamento adjunto de antibiótico com antiviral:


cardiopatias ou outras doenças com repercussão
sistêmica) • Ceftriaxona e Claritromicina
• Para casos de evolução clínica irresponsiva
Disfunções orgânicas graves: ex.: IRA apenas ao antiviral, geralmente para pacientes
que necessitam de internação
Miosite comprovada por CPK
• UTI: colher duas amostras de sangue para
Alteração de sensório hemocultura antes de iniciar a administração
dos antimicrobianos
Exacerbação dos sintomas gastrintestinais em crianças • Em situações especiais (paciente com doença
grave ou prolongada) o julgamento clínico e
Desidratação
testes laboratoriais de amostras respiratórias
do trato inferior devem guiar a decisão para
TRATAMENTO
prolongar o tratamento por período > 5 dias
Oseltamivir: • Tratamentos mais longos podem ser
necessários em imunossuprimidos: podem
• Inibidor da neuroaminidase apresentar replicação viral prolongada e risco
• Utilizado, preferencialmente, até 48h (até 3-4 de desenvolver resistência
dias) a partir da data de início dos sintomas - Alguns sugerem doses dobradas nestes
(após 48h a infecção já estará disseminada) pacientes
• VO, podendo diluir e usar através de sonda
(ex.: para pacientes em ventilação mecânica) • Pacientes que vomitam até 1h após o
• Atentar para as interações medicamentosas, as medicamento deve ser administrada uma dose
contraindicações formais e os efeitos adicional
colaterais
VACINAÇÃO E QUIMIOPROFILAXIA
OBS: está disponível para tratamento de casos
suspeitos de Síndrome Gripal e SRAG pelo vírus Vacinação: tem por objetivo prevenir a doença, antes
influenza, não havendo necessidade de aguardar o da exposição ao vírus, capaz de promover imunidade
diagnóstico laboratorial para iniciar o uso durante o período de circulação sazonal do vírus
influenza

• 0,5 ml IM / 6-24 meses: 0,25 ml


• Profissionais de saúde: são mais expostos à
influenza e estão incluídos nos grupos
prioritários para proteção individual, também
para evitar a transmissão dos vírus aos
pacientes de alto risco
• Crianças de 6 m até menores de 9 anos = 2
doses na primeira vez em que forem
vacinadas, com intervalo de um mês, revacina
anual
Zanamivir: • Gestantes, Puérperas
• 2ª opção terapêutica para casos de intolerância • Trabalhadores da Saúde, professores, policial,
gastrointestinal grave, alergia e resistência ao bombeiro
oseltamivir • Povos indígenas
• Inalatório • Indivíduos a partir de 55 anos, indivíduos com
• Contraindicado em pacientes em ventilação comorbidade
mecânica pelo risco de obstrução de circuitos • Jovens: 12-21 anos sob medidas
do ventilador socioeducativas
• Privados de liberdade e funcionários do
sistema prisional
DIP | Elisabete Louise | P5 6

Quimioprofilaxia: Oseltamivir 75mg, VO, por 10 dias - Resultado positivo em pelo menos 1 das 3
ou Zanamivir 2 inalações de 5mg, 1x/dia por 10 dias coletas
- Todos os demais casos da mesma cadeia de
• Pessoas com condições ou fatores de risco, transmissão deverão ser confirmados por
não vacinadas ou vacinadas há menos de 15 vínculo (critério clínico-epidemiológico)
dias, e que tenham sido expostas há menos de
48h a casos suspeitos ou confirmados de
influenza
• Se o período após a última exposição a uma
pessoa com infecção pelo vírus for maior que
48 horas a quimioprofilaxia com antiviral não
é recomendada
• O antiviral deve ser administrado durante a
potencial exposição à pessoa com influenza e
continuar por mais sete dias após a última
exposição conhecida, ou seja, em casos de re-
exposição (mesmo que já tenha sido iniciado
o tratamento), deve-se recalcular

NOTIFICAÇÃO

Uma rede de 239 unidades sentinelas de vigilância da


influenza, distribuída em serviços de saúde no País,
monitoram a circulação do vírus influenza através da
coleta de 5 amostras clínicas semanais de casos de SG
e encaminham aos laboratórios para pesquisa de vírus
respiratórios

A notificação de casos isoladas (com ou sem fatores


de risco) não é obrigatória. Notifica-se apenas em
suspeita de surtos de influenza

• Surto: pelo menos 2 casos suspeitos ou


confirmados, com vínculo epidemiológico,
em ambientes de longa permanência (asilo,
creche, presídio, dormitório, indústria,
hospital, base militar)
• Os casos de surto de SG que evoluírem para
forma grave, de acordo com a definição de
caso de SRAG, deverão ser notificados
individualmente

Surto hospitalar de síndrome gripal:

• Considerar ocorrência de 3 casos de SG, no


mesmo setor, que ocorreram, no mínimo, 71h
após admissão
• A coleta de secreção de nasofaringe está
indicada para investigação de surtos por SR
- Recomenda-se no máximo coleta de 3
amostras até o 7º dia de início dos sintomas,
preferencialmente até o 3º dia
• Critério de confirmação:
DIP | Elisabete Louise | P5 1

ARBOVIROSES
INTRODUÇÃO É uma doença infecciosa febril aguda que tem se
tornado endêmica no Brasil com surgimento de formas
As arboviroses são doenças causadas pelos arbovírus mais graves em crianças
– podem ser transmitidos ao homem por vetores
artrópodes Apresenta 3 fases: febril, crítica e de recuperação

• Vetor Aedes aegypti: transmissor de febre REPLICAÇÃO E TRANSMISSÃO


amarela, dengue, Chikungunya e zika
- Circula durante o início do dia e final da 1. O vírus é transmitido ao homem na saliva do
tarde mosquito
- A fêmea é hematófaga e não deixa sinais de 2. O vírus se replica em linfonodos locais,
picada na pele músculos e fibroblastos
- Vive em habitações humanas e nos 3. O vírus infecta as células brancas do sangue e
acompanha; não emite som durante o voo e tecidos linfáticos
escapa rápido 4. Viremia – livre ou no interior de macrófagos
- Se reproduz em água limpa e a fêmea faz e monócitos (período de maior sintomatologia
várias posturas em locais diversos → primeiros 5 dias da doença)
- Os ovos resistem até 1 ano e meio em - É nesse momento que o vírus irá se
ambientes secos disseminar por todo o corpo do paciente
estimulando a produção de citocinas pró-
As pessoas infectadas são os principais reservatórios e inflamatórias (TNF-a e IL-6) e iniciando a
multiplicadores do vírus, servindo como fonte de fase sintomática da doença, sendo que uma
infecção para o mosquito das estruturas mais afetadas pela inflamação é
a parede vascular, o que acaba aumentando a
O mesmo mosquito pode transmitir mais de 1 vírus ou permeabilidade dela e, com isso, pode
mais de 1 sorotipo do mesmo vírus desencadear hemorragias ou a perda de
plasma para terceiro espaço
Todas as arboviroses são doenças de notificação
compulsória
TEORIA DE HALSTEAD
DENGUE Explica o motivo de algumas pessoas adquirirem a
forma grave (hemorrágica) da doença na segunda
Mais importante arbovirose que afeta o homem, em
exposição ao vírus
termos de morbidade e mortalidade

Quatro sorotipos (DEN 1, 2, 3 e 4): não existe


imunidade cruzada entre os sorotipos, ou seja, ao
pegar o sorotipo 1, ficará imune apenas a ele

• Ordem de virulência: 2>3>4>1

100 milhões de indivíduos são infectados anualmente,


habitantes de 61 países de clima tropical

No Brasil, epidemias vêm surgindo desde 1986, com


casos de dengue grave

As mudanças climáticas favorecem a expansão do


Aedes aegypti para regiões mais frias (norte e sul)

OBS: o Aedes aegypti é apenas o vetor da doença, ou


seja, ele não é o causador da doença
DIP | Elisabete Louise | P5 2

Na primeira exposição, o organismo consegue dar Manifestações hemorrágicas associadas à


conta do problema produzindo uma série de anticorpos trombocitopenia (alterações quantitativas e
que são específicos para aquele sorotipo invasor qualitativas)

Na segunda exposição, esses anticorpos já produzidos • Os sangramentos ocorrem depois do 4º-5º dia
não conseguem neutralizar o antígeno, liberando de doença
citocinas que estimulam um processo inflamatório no
endotélio vascular (aumenta a permeabilidade OBS: não é necessário sangrar para ser considerada
vascular, extravasa líquido para o terceiro espaço, uma dengue grave, visto que o paciente pode chocar -
gerando as complicações da doença) pelo extravasamento de líquido – sem sangrar

TEORIA INTEGRAL DA DEFINIÇÃO DE CASO E SUSPEITA DE


MULTICAUSALIDADE DENGUE

Explica o motivo de algumas pessoas adquirirem a 1. Pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14
dengue grave logo na primeira exposição ao vírus, e dias para área onde esteja ocorrendo transmissão
outras não de dengue ou tenha a presença de Ae. Aegypti

2. Curse com febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e


apresente duas ou mais das seguintes
manifestações:
• Náusea, vômitos
• Exantema
• Mialgias
• Artralgia
• Cefaleia
• Dor retro orbital
• Petéquias ou prova do laço positiva
• Leucopenia
FISIOPATOGENIA

Ocorre uma apoptose das células infectadas pelo vírus


→ posteriormente pode levar a uma insuficiência
hepática, encefalite

Transitória desregulação da resposta imunológica:

• Superprodução de citocinas
• Mudança da resposta Th1 para Th2: o
aumento da resposta Th2 faz com que o
organismo tolere mais a presença do vírus
(visto que a resposta celular está diminuída),
deixando-o mais susceptível ao
desenvolvimento das formas mais graves da
doença
• Inversão na relação CD4/CD8
Caso suspeito de dengue com sinal de alarme
Deposição de imunocomplexos – geram seratites
• Defervescência
(pericardites, ascites e outras)
• Dor abdominal intensa e contínua ou dor a
Aumento da permeabilidade capilar palpação do abdome
• Vômitos persistentes
Diminuição da pressão arterial • Acúmulo de líquidos (ascites, derrame pleural
ou pericárdico)
DIP | Elisabete Louise | P5 3

• Sangramento de mucosas • Monitorar sinais de alerta, sangramentos e


• Letargia ou irritabilidade leucopenia
• Hipotensão postural (lipotímia) • Cuidado com desidratação
• Hepatomegalia maior do que 2 cm • Após a fase febril, grande parte dos pacientes
• Aumento progressivo do hematócrito recupera-se gradativamente com melhora do
estado geral e retorno do apetite

Caso suspeito de dengue grave Crítica:

Choque devido ao extravasamento grave de plasma • Pode surgir em alguns pacientes


evidenciado: • Tem início com a defervescência da febre,
entre o 3º e 7º dia do início da doença,
• Taquicardia acompanhada do surgimento de sinais de
• Extremidades frias e tempo de enchimento alarme
capilar igual ou maior a três segundos • Aumento da permeabilidade capilar, Ht,
• Pulso débil ou indetectável plaquetopenia (24-48h) → choque,
• Pressão diferencial convergente ≤ 20 mm Hg hemorragias graves e disfunção orgânica
• Hipotensão arterial em fase tardia
• Acúmulo de líquidos com insuficiência Recuperação:
respiratória
• Clínica, hemodinâmica, da diurese e do
Sangramento grave: hematêmese, melena, metrorragia hemograma
volumosa, sangramento do sistema nervoso central • Nos pacientes que passaram pela fase crítica,
haverá reabsorção gradual do conteúdo
Comprometimento grave de órgãos: extravasado com progressiva melhora clínica
- cuidado com fluidoterapia (48-72h) → pode
• Hepático (AST e ALT>1000)
causar hipervolemia
• Sistema nervoso central
• Coração (miocardite)
• Outros órgãos

FASES

Febril: período sintomático clássico da doença DIAGNÓSTICO


• Febre alta (39-40º) com duração de 2-7 dias, Isolamento viral
de início abrupto
• Diagnóstico difícil → prova do laço Teste molecular RT-PCR
DIP | Elisabete Louise | P5 4

Testes sorológicos (Mac-Elisa e AgNS1): deve ser Exames laboratoriais: para os pacientes com sinais de
solicitada a partir do 6º dia do início dos sintomas alarme ou graves

• Hemograma, Plaquetas
• Albumina
• Provas de função hepática
• Ureia e creatinina
• Ionograma
• Urina - hematúria microscópica

Exames de imagem: para os pacientes com sinais de


alarme ou graves

• Radiografia do tórax
• Ultrassonografia do abdome
• Eletrocardiograma (arritmias)
• Ecocardiograma (derrame pericárdico)
DIP | Elisabete Louise | P5 5

TRATAMENTO Grupo C:

Grupo A: • Internação e reposição volêmica imediata


• Exames laboratoriais e de imagem
• Controle dos sintomas: dipirona ou
paracetamol Grupo D:
• Acompanhamento ambulatorial
• Manejo na sala de urgência
• Repouso e hidratação
• Controle dos sintomas
Grupo B: • Reposição volêmica imediata
• Devem ser reavaliados a cada 15-30min
• Controle dos sintomas
• Acompanhamento em leitos de observação
• Repouso e hidratação

TRATAMENTO DE COMPLICAÇÕES - Edema de pulmão (tosse produtiva,


crepitações, cianose)
Sobrecarga de Volume - Choque irreversível (falência cardíaca,
hipovolemia)
Evidências clínicas:

• Precoces:
Conduta:
- Desconforto respiratório, taquipneia
- Tiragem intercostal • Solicitar:
- Roncos - RX de tórax
- Derrame pleural extenso - ECG
- Ascite tensa - Gasometria arterial
- Pressão venosa jugular aumentada - Ecocardiograma
- Enzimas cardíacas
• Tardias:
DIP | Elisabete Louise | P5 6

• Oxigenioterapia CHIKUNGUNYA
• Suspender fluidos intravenosos
É uma arboviroses causada pelo vírus chikungunya
• Furosemida IV 0,1-0,5 mg/kg/dose uma ou
(CHIKV), da família Togaviridae e do gênero
duas vezes ao dia
Alphavirus
- Paciente ainda na fase crítica: reduzir infusão
de líquidos gradativamente, evitar diuréticos A viremia persiste por até 10 dias após o surgimento
das manifestações clínicas
Terapia adjuvante É uma doença aguda, febril associada a debilitante
poliartralgia, cuja transmissão se dá através da picada
Terapia de substituição renal (hemodiálise)
de fêmea dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
Drogas vasoativas albopictus infectados pelo CHIKV

Imunoglobulinas: Definição de caso: paciente com febre de início súbito


maior de 38,5ºC e artralgia ou artrite intensa com
• Tratamento de disfunções orgânicas: início agudo, não explicada por outras condições,
- Encefalopatia sendo residente ou visitado áreas endêmicas ou
- Encefalite epidêmicas até duas semanas antes do início dos
- Miocardite sintomas

• Grandes extravasamentos em crianças: Muito presente no norte e nordeste do país


- Formação de Ac contra células endoteliais
- Púrpura trombocitopênica Imunoglobulina APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Período de incubação: 2-4 dias (1-12 dias)


Transfusões Início abrupto de febre (≥ 38ºC), rash macular e
artralgia
Plaquetas:
Formas atípicas e graves podendo ser fatais: vão além
• Plaquetas abaixo de 20.000 com
do comprometimento articular característico da
sangramentos
doença
• Plaquetas abaixo de 10.000 sem sangramentos
• Em crianças considerar transfusão de • Miocardite
plaquetas na dengue grave com nível abaixo • Extensas lesões bolhosas na pele (indica alta
de 50.000 viremia)
• 1 unidade de concentrado de plaquetas para • Encefalopatia
cada 10 kg de 8/8h ou 12/12h, até controle do • Encefalopatia neonatal
quadro hemorrágico
Artralgia crônica: pode ser devido à liberação
Concentrado de hemácias: defeituosa e subsequente persistência do antígeno
CHIKV em macrófagos em articulações, estimulando
• Nos sangramentos graves com
a inflamação contínua
descompensação hemodinâmica
• 10ml/kg

Plasma fresco:

• Alterações do TAP e TTPA


• Atividade < 40% e INR> 1,25
• 10ml/kg
• Vit K
DIP | Elisabete Louise | P5 7

FASES DA DOENÇA • Exacerbação das dores articulares


• Tenossinovite hipertrófica subaguda em
A doença pode evoluir em 3 fases: aguda, subaguda e punhos e tornozelos
crônica
• Depressão e cansaço
Após o período de incubação, inicia-se a fase aguda ou
febril, que dura até o 14º dia. Alguns pacientes
evoluem com persistência das dores articulares após a
fase aguda, caracterizando o início da fase subaguda,
com duração de até 3 meses

Quando a duração dos sintomas persiste além dos 3


meses atinge a fase crônica. Nessas fases, algumas
manifestações clínicas podem variar de acordo com o
Tratamento:
sexo e a idade
• Anti-inflamatórios
• Exantema, vômitos, sangramentos e úlceras
• Corticoide
orais parecem estar mais associados ao sexo
feminino
• Dor articular, edema e maior duração da febre Fase crônica
são mais prevalentes quanto maior a idade do
paciente Características da fase subaguda, com persistência dos
sinais e sintomas por > 3 meses e que pode se estender,
com menor frequência, por anos
Fase aguda
Dois a três meses após o início do quadro
O paciente apresenta um quadro de febre alta de até
40ºC e que dura no máximo 10 dias e poliartralgia • Poliartrite distal (nas mesmas articulações
simétrica acometidas)
• Artropatias graves deformantes
Edemas articulares associados a tenossinovite
• Exacerbação das dores articulares
Incapacidade para tarefas cotidianas (dor, • Depressão e cansaço
sensibilidade, inflamação e rigidez)
Tratamento

• Corticoide
• Metotrexate ou Hidroxicloroquina
• Imunobiológicos

OBS: apesar do aspecto inflamatório da doença, não


se pode prescrever anti-inflamatórios ou corticoide
na fase aguda

Fase subaguda OBS: principais fatores de risco para cronificação:


idade acima de 45 anos, principalmente sexo
Após a fase aguda, geralmente a febre desaparece e,
feminino, desordem articular preexistente e maior
em um grupo de pacientes, há exacerbação dos
intensidade das lesões articulares na fase aguda
sintomas, que podem durar de 2 a 3 meses:

• Poliartrite distal
DIP | Elisabete Louise | P5 8

DESFECHOS CLÍNICOS - Dipirona – 1g de 6/6h


- Paracetamol – 500 a 750mg de 6/6 ou 4/4h
1. Os sintomas agudos tendem a regredir em 7 a não ultrapassar 3g/dia
10 dias - Doses fixas e não se necessário
2. Persistência de sintomas articulares
3. Evolução atípica • EVA 4 a 6 - Dor Moderada
4. Mortalidade - Intercalar Dipirona e Paracetamol a cada 3
horas
FORMAS ATÍPICAS GRAVES

Todo paciente que apresentar sinais clínicos ou • EVA ≥ 6 - Dor Moderada a Intensa
laboratoriais com necessidade de internação em - Dipirona injetável
terapia intensiva ou risco de morte - Tramadol 100mg injetável

Pacientes de risco: • EVA de 7-10


- Associar opioide → Tramadol 50 a 100mg
• Idade acima de 65 anos
de 6/6h, Codeína 30mg de 6/6h
• Uso de AINH
- Dor neuropática associada à dor articular:
• Alcoolismo
Amitriptilina 50mg/ dia
• Menores de 2 anos - Para idosos e portadores de arritmias -
• Doença respiratória Gabapentina
• HAS e alterações cardíacas

Taxa de mortalidade geral de 10,6%

DIAGNÓSTICO

RT-PCR: até 8 dia do início dos sintomas

Sorologia: permitem a detecção de anticorpos


específicos IgM a partir do 2º dia após o aparecimento
dos sintomas (período mais indicado é a partir do 5º
TRATAMENTO DA FASE AGUDA
dia) e IgG a partir do 6º dia
O tratamento é de suporte sintomático (paracetamol,
Exames inespecíficos: dipirona, codeína ou tramadol), hidratação e repouso.
Além disso, se o paciente estiver com queixa de dor
• Hemograma: leucopenia e trombocitopenia
neuropática, a gente também deve associar drogas
(raro)
específicas como Amitriptilina ou Gabapentina.
• PCR
• CPK, função hepática e função renal: Na fase aguda, não se deve usar corticoides e anti-
elevação discreta inflamatório não hormonal
• Ionograma
TRATAMENTO DA ARTRITE
Exames de imagem
Hidroxicloroquina:
ORIENTAÇÕES GERAIS
• 6mg/kg/dia (dose máxima de 600mg) por 6
Compressas frias nas articulações de 4/4h semanas
• Reavaliar através da escala de dor
Hidratação
- Sem dor: suspender tratamento
Repouso - EVA < 4: manter por mais 6 semanas
- EVA > 4: associar sulfasalazina (500mg),
Controle da dor: 2cp VO de 12/12h

• EVA 1 a 3 - Dor leve


• EVA > 4
DIP | Elisabete Louise | P5 9

- Metotrexato 2,5mg na dose inicial de 10mg O vírus tem tropismo pelo SNC
semanal, podendo progredir para
25mg/semana
- Associar ácido fólico 5mg/ semana

TRATAMENTO DA FASE SUBAGUDA

Uso de corticoide é indicado nessas fases, com dor


moderada a intensa. A medicação padrão é a
prednisona

Fazer exames laboratoriais, monitorando função renal Definição de caso suspeito de Zika
e hepática
Exantema maculopapular pruriginoso
Prednisona: acompanhado de 2 ou mais dos seguintes
sintomas:
• 0,5 mg/kg, dose única pela manhã
• Melhora para deambular e controle da dor ▪ Febre
• Manter a dose até remissão completa da dor ▪ Hiperemia conjuntival sem secreção e
(por até 21 dias) prurido
• Se remissão completa, manter por mais 3-5 ▪ Poliartralgia
dias ▪ Edema periarticular
• Desmame de 5mg a cada 7 dias

ZIKA
Complicações neurológicas
O vírus zika é um arbovírus do gênero Flavivírus, da
família Flaviviridae Guillain-Barré: neuropatia axonal motora aguda

A transmissão ocorre por meio da picada do inseto. Meningoencefalite


Também pode haver transmissão sexual do homem
para a mulher, por transfusão sanguínea e transmissão Mielite aguda
vertical

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Alterações fetais


O período de incubação é, em média, de 2 a 14 dias As alterações fetais podem ocorrer em qualquer fase
após a picada do mosquito vetor da gestação
O quadro clínico da zika é muito semelhante ao das Microcefalia
doenças citadas anteriormente, porém com sintomas
bem mais brandos, até mesmo imperceptíveis (muitos • Maior risco com a infecção no primeiro
são assintomáticos) trimestre
• Vírus presente no líquido amniótico
• Rash macular ou papular pruriginosa (90%)
• 29% das gestantes que apresentaram sintomas
• Febre baixa (65%) ou ausente
de Zika até 18 semanas mostravam alterações
• Artrite ou artralgia (65%) na ultrassonografia obstétrica
• Conjuntivite não-purulenta (55%)
• Mialgia (48%) Anormalidades oculares (35%)
• Cefaleia (45%)
Anormalidades auditivas
• Dor retrorbitária (39%)
• Edema (19%) DIAGNÓSTICO
• Vômitos (10%)
RT-PCR:
DIP | Elisabete Louise | P5 10

• Feito no soro ou na urina TRATAMENTO


- O vírus persiste por mais tempo na urina,
mas recomenda-se associar à dosagem do IgM Sintomáticos: Analgésicos e Anti-histamínicos
e ao PRNT
Imunoglobulina → Guillain- Barré

• Até 1 semana (50 dias após o quadro agudo) PREVENÇÃO


• RNA detectado até 10 semanas após a
infecção aguda em gestante • Controle de focos
• Eliminar insetos adultos
MAC-ELISA IgM • Uso de repelentes
• Roupas longas
• Surge após a primeira semana
• Preservativo
• Persiste por meses
• Aguardar um tempo para engravidar após
• Falso-positivo com outros flavivírus - Dengue
quadro agudo
PRNT: teste de neutralização de redução de placa
DIP | Elisabete Louise | P5 1

LEPTOSPIROSE
INTRODUÇÃO TRANSMISSÃO

Doença infecciosa aguda e generalizada que cursa com Contato direto: urina de animais infectados ou com
intensa vasculite e febre de início abrupto, cujo produtos de abortos, com leptospira patogênica
espectro pode variar desde um processo inaparente até (através de abrasoes na pele ou mucosas intactas –
formas graves conjuntiva ocular e boca)

É a principal zoonose bacteriana no mundo causada Indireto (mais frequente): água contaminada com a
pela Leptospira spp. Encontrada em diversos países. urina de ratos infectados – possuem cepas mais
Sua ocorrência está relacionada às precárias condições virulentas
de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores
infectados É possível a penetração de espiroquetas pela pele
íntegra em contato prolongado com águas poluídas
O homem é ocasionalmente infectado, sobretudo com a urina de roedores rurais ou urbanos
através de enchentes, contato direto ou indireto com
urina de animais infectados, em atividades PATOGÊNESE
ocupacionais ou atividades recreacionais
1. Invasão das barreiras naturais (pele, oral,
O microrganismo é do gênero Leptospira (principais: nasal, conjuntiva – possibilidades: contato ou
Leptospira interrogans e Leptospira borgpetersenii) – ingestão)
bactéria espiralada, altamente móvel, sobrevivem em 2. Leptospira cai na corrente sanguínea
ambientes quentes (28 a 30ºC), com pH neutro ou 3. Disseminação para órgãos e tecidos do
discretamente alcalino (7,2 a 7,6), sensíveis à organismo (fígado, rins, coração e músculo
dessecação, desinfetantes e pH fora do neutro esquelético)

Principais reservatórios: ratos urbanos (ratazana, Tecidos acometidos Sintomatologia


camundongo, rato de telhado), nos quais podem
infectar outros animais → há mais de 160 espécies de Pulmão Aumento da
mamíferos (bovinos, equinos, porcos, cães, capivaras permeabilidade capilar
e algumas aves e répteis que podem pegar e transmitir
Músculos Mialgia intensa, sobretudo
a doença) na panturrilha
• Os animais infectados permanecem Dor lombar, no abdome e
no tórax
assintomáticos, mantêm a leptospira nos rins,
eliminando-a viva na urina, contaminando Fígado Colestase
água, solo e alimentos Vias biliares extra
hepáticas permeáveis
A leptospirose é uma doença endêmica, epidêmica em
períodos chuvosos (enchentes), emergente após as Vesícula biliar hidrópica
mudanças climáticas Rins Nefrite intersticial

• Letalidade: 9% Necrose tubular


• Prevalência: sexo masculino entre 20 e 49 Lesão vascular
anos Coração Miocardite
• Incidência: 10 a 100 a cada 100 mil habitantes
Fenômenos isquêmicos
Período de incubação da doença: 1-30 dias (média
LCR Meningite asséptica
entre 5-14 dias)
Olhos Uveíte
DIP | Elisabete Louise | P5 2

O resultado da infecção está relacionado à virulência desidratação) e insuficiência renal aguda (não
da cepa e à resistência inata do hospedeiro oligúria e hipocalêmica)

Há uma síndrome de resposta inflamatória Comprometimento pulmonar: tosse e expectoração


sistêmica, que causa danos nos tecidos alvos, discreta e infiltrado intersticial no raio X
ocasionando uma vasculite difusa, que pode provocar
hemorragia nos órgãos acometidos Alterações cardíacas: arritmias e distúrbios de
repolarização
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Hepatomegalia
A evolução pode ser aguda/ autolimitada ou grave
com a tríade clínica (icterícia + sinais e sintomas de
insuficiência renal aguda + hemorragias = síndrome de
Weil)

Início súbito e abrupto: calafrios, febre (39 a 40ºC),


mialgias intensas, principalmente nas panturrilhas e
vasodilatação cutânea e mucosa (hiperemia
Sufusão conjuntival é um achado característico da
conjuntival), taquipneia, vômitos, sudorese, diarreia
leptospirose, observado no final da fase precoce
A leptospirose pode evoluir para forma anictérica,
ictérica ou apresentar manifestações hemorrágicas MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS

Quando associada à icterícia e à insuficiência renal


caracteriza a síndrome de Weil

Normalmente se iniciar após a 1ª semana da doença

Manifestações mais graves

• Petéquias, sangramentos cutâneos no local das


injeções
• Hemorragias peritoneais, digestivas (alta e
baixa), pulmonar, cerebral

Forma pulmonar da leptospirose

A hemorragia pulmonar é uma complicação


importante na fase tardia, decorrente de lesão
FORMA ANICTÉRICA pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço,
caracterizada por insuficiência respiratória de rápida
Comprometimento hepático, renal e pulmonar evolução, tosse seca, hemoptise, dispneia
limitado expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor
torácica e cianose
Comprometimento do SNC – cefaleia constante e
intensa, sinais de irritação meníngea Letalidade 30-60%
Uveíte e outras manifestações oculares

FORMA ICTÉRICA

Icterícia entre o 3º e 7º dia de doença – aspecto


amarelo avermelhado ou rubínico

Comprometimento renal – leucocitúria, hematúria,


proteinúria, cilindrúria, oligúria (devido à
DIP | Elisabete Louise | P5 3

• Inoculação intraperitonial em hamsters

Testes sorológicos: utilizados nas fases tardias (a


partir do 7º dia de sintoma)

• Microaglutinação - utiliza antígeno vivo


- Determinação de títulos de anticorpos e
identificação de sorotipos
Capilarização
• Elisa e Imunoblot
DIAGNÓSTICO
- Detecção de anticorpos e IgM
O diagnóstico é clínico-epidemiológico, sendo um - As aglutininas surgem do 6º ao 20º dia da
caso suspeito o indivíduo com antecedentes doença
epidemiológicos sugestivos que apresenta febre de - Títulos mais elevados entre 3ª e 4ª semanas
início súbito, mialgias e cefaleia, associados a um e
mais dos seguintes sinais e sintomas: sufusão COMPLICAÇÕES
conjuntival ou conjuntivite, alterações do volume • Sangramentos
urinário (IRA), icterícia e fenômenos hemorrágicos
• Insuficiência renal
• Miocardite
EXAMES INESPECÍFICOS
• Infecções secundárias
Hemograma:
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Anemia
• Leucocitose com Neutrofilia Síndromes Ictéricas febris
• Plaquetopenia
• Hepatites
Transaminases: AST e ALT pouco elevadas • Colecistite
• Pancreatite
CPK: elevada – lesão muscular grave • Febre amarela
• Malária
Amilase: elevada
Síndromes Hemorrágicas febris
Bilirrubinas: elevadas com predomínio da fração
direta • Hantavirose
Ureia e Creatinina: elevadas (icterícia e síndrome de • Dengue
Weil – comprometimento renal) Doenças Exantemáticas febris
Ionograma –Potássio normal ou baixo
• Sarampo
• Rubéola
EXAMES ESPECÍFICOS

Isolamento de leptospiras: PCR TRATAMENTO

• Utilizado nas fases precoces Como a leptospirose é uma doença infecciosa


• Sangue ou líquor nos primeiros 10 dias autolimitada, o tratamento antibiótico tem como
• Urina na segunda semana principais objetivos: (1) reduzir a intensidade e
duração dos sintomas; (2) reduzir a morbimortalidade
Cultura: na forma grave – a síndrome de Weil

• Utilizado nas fases precoces A terapia antibiótica deve ser iniciada o quanto antes,
• Meio de Korthoff, Fletcher ou Stuart (soro de de preferência nos primeiros cinco dias do início dos
coelho) sintomas
• EMJH (albumina e ácidos graxos)
DIP | Elisabete Louise | P5 4

A conduta terapêutica não deve aguardar exames TRATAMENTO ESPECÍFICO


específicos
Formas leves – anictéricas:
• Casos brandos: ambulatório
• Casos graves: UTI • Amoxicilina: 500 mg, VO, 8/8h, por 5 a 7 dias
- Reposição volêmica (evitar choque • Doxiciclina: 100 mg, VO, 12/12h, por 5 a 7
hipovolêmico) dias
- Diuréticos
Formas graves:
- Protetor gástrico
- Vitamina K • Penicilina G cristalina: 1,5 milhões UI, IV,
- Reposição de potássio 6/6h, por 7 dias
- Hemodiálise (IRA) • Ceftriaxona: 1 a 2 g, IV, 1x/dia, por 7 dias

PREVENÇÃO • Natação em lagos, pescarias e caçadas


Imunização de animais
Medidas gerais:
Medicação profilática:
• Campanhas educacionais:
- Uso de EPI • Quimioprofilaxia pré-exposição: doxiciclina
- Lavagem e desinfecção de ferimentos (200 mg, 1 vez por semana, durante o período
- Evitar atividades recreacionais em locais de de exposição) – militares ou trabalhadores que
risco irão se expor a situações de risco por período
curto
• Programa de controle de roedores • A profilaxia pós-exposição não tem benefício
• Medidas de saneamento comprovado
• Prevenção contra enchentes e alagamentos
No Brasil, não há vacinas disponíveis

Você também pode gostar