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TUBERCULOSE
1. INTRODUÇÃO
❖ Histórico: conhecida como a “peste branca”
• Doença antiga e variável, com diversas apresentações clínicas; podendo surgir em qualquer momento
• Está relacionado às condições socioeconômicas das populações
• Houve diminuição no nº de casos, mas ainda é uma doença expressiva
• O seu tratamento é realizado com drogas VO, portanto deve ser, na maioria, ambulatorial. Os
internamentos ocorrem a partir de sinais de agravamento
❖ Epidemiologia:
• Doença de notificação compulsória devido às suas complicações no que se refere à saúde pública
• É uma das 10 principais causas de óbito no mundo
▪ Principalmente em países subdesenvolvidos (da África, sudeste asiático e América do Sul)
• 10,4 milhões de novos casos; Gera 1,4 milhões de óbitos no mundo
OBS: demanda tratamento prolongado, cuja adesão é essencial para evitar disseminação
2. ETIOPATOGENIA
A. Etiologia
❖ Agente etiológico:
• Microorganismo que representa transição entre bactéria e fungo – mycobacterium tuberculosis
❖ Características:
• Patógeno intracelular
• Aeróbio estrito – tende à instauração nos pulmões
• Crescimento lento (25-32h em macrófago)
• Bacilo álcool-ácido-resistente – bacilo de Koch
• Não produz toxinas
• Imóvel
• Sem esporos
❖ Transmissão:
• Via aérea: doença pulmonar e laríngea
• Bacilíferos Grande carga de bacilos em escarro; transmissão em aerossol
▪ O bacilo de Koch encontra-se nas vias aéreas, e pode ser expelido pela tosse nas gotículas de
Fugge; as menores partículas secam e permanecem em suspensão no ar, o qual pode ser inspirado
por outro indivíduo
❖ Fatores de risco:
• Individuais: idade, imunidade inata, condições emocionais ou psicológicas
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B. Patogenia
❖ Determinantes de infecção e adoecimento:
• Número de bacilos e virulência
• Hipersensibilidade do sistema imunológico
• Imunidade inata e adquirida
❖ Possibilidades:
A. Resposta efetiva do hospedeiro e destruição de todos os bacilos
B. Bacilos se multiplicam e crescem após a infecção, causando TB
▪ 10% do infectados desenvolvem doença após infecção
C. Bacilos tornam-se latentes – infecção latente
▪ O sistema imune tende a isolar os bacilos por meio de granulomas caseosos
D. Bacilos latentes voltam a se multiplicar – reativação (secundária) ou TB pós-primária
▪ Determinada por duas condições
✓ Redução das defesas imunológicas, o que possibita recrudescimento de alguns focos
tuberculose secundária por reativação endógena
✓ Reexposição a bacilos oriundos do meio externo tuberculose secundária por reinfecção
❖ Sequência de eventos:
• Inalação dos núcleos secos por um indivíduo suscetível, escapando da ação depuradora mucociliar
do trato respiratório, os BK alcançam os bronquíolos e alvéolos, onde são fagocitados por macrófagos
locais
• Os macrófagos liberam IL-1 e expõem o BK aos linfócitos T4 e iniciam a formação do granuloma
tuberculoso
▪ A evolução do granuloma é modulada pela imunidade celular e pela hipersensibilidade tardia
a) Predomínio da imunidade celular micobacterias mantidas quiescentes no interior dos
macrófagos – granuloma pode manter-se inalterado ou liberar substâncias ativadoras de
fibroblasto, provocando fibrose e posterior calcificação
Obs: Por vezes, aumenta muito de volume (tuberculoma) ou pode-se desorganizar, tornar
exsudativo e ser reabsorvido
b) Quando a bacteriostase não corre, os bacilos se multiplicam no interior dos fagócitos e estimulam
hipersensibilidade tardia necrose do granuloma (caseosa liquefação) da porção central até
estruturas adjacentes, formando uma caverna tuberculosa. As paredes dessa caverna espessam-
se devido à infiltração fibroblastica
OBS: essas respostas clássicas da hipersensibilidade tardia irão ocorrer em pacientes com
persistência da atividade de linfócitos e fagócitos
OBS: Na maioria dos pacientes, a doença limita-se ao quadro acima e regride espontaneamente após
semanas ou meses, sobretudo quando é realizado diagnostico e tratamento
B. TUBERCULOSE MILIAR
❖ Geralmente resultado da disseminação hematogênica, pode ocorrer na
primo-infecção quando o indivíduo é muito imunocomprometido (RN,
pacientes m tratamento com imunossupressor) ou após recrudescendia de
focos antigos que se abrem em vasos sanguíneos, sobretudo nos adultos
❖ Apresentação mais grave e comprometida: febre alta, dispneico, mal-estar,
ausculta respiratória bem alterada (roncos difusos e crepitação);
taquipneia; aumento de órgãos como baço e fígado; meningoencefalite
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C. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR
❖ TUBERCULOSE PLEURAL
• Via mais comum é por contiguidade, mas pode ser hematogênica
• Início insidioso ou, mais frequentemente, abrupto, confundindo com
pneumonia aguda
• Sinais e sintomas: Dor torácica ventilatório dependente, tosse geralmente
seca, febre moderada a alta
❖ LINFADENITE TUBERCULOSA
• Forma extrapulmonar mais comum
• Acomete principalmente mediastino, mesentéricos, cervical (móveis, confluentes, endurecidos,
doloroso, fistulização)
• Diagnóstico: biópsia e aspirado
4. DIAGNÓSTICO
TB PULMONAR TB MILIAR MENINGOENCEFALITE TB PLEURAL
-hemograma: anemia - Hemograma: - TC de crânio •Punção torácica:
normocrômica, leucocitose ou - LCR: límpido- turvo; celularidade
leucocitose moderada leucopenia, com ou sem celularidade (100-500 (linfomononuclear)
10000-15000/mm³ neutrofilia e presença cél); linfomononuclear; - ADA >40u/ml
monocitose ou de formas jovens glicose baixa - BAAR
linfocitose - elevação de fosfatase - Proteína elevada - cultura para BK
- Rx e TC de tórax alcalina (>500MG) - biópsia pleural -
- Baciloscopia (2 - rx e TCde tórax - (ADA)>8 radiografia de tórax
amostras) - baciloscopia do LBA
- cultura - biópsia
- Teste rápido M. transbronquica
tuberculosis - cultura
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❖ EXAMES INESPECÍFICOS
I. Hemograma
• TB pulmonar avançadaa costuma ocorrer anemia normocítica normocrômica e leucocitose moderada
• TB miliar pode cursar com leucocitose e leucopenia, com ou em neutrofilia e presença de formas
jovens
II. Perfil eletrolítico: pode ocorrer hiponatremia na meningoencefalite
III. Enzimas: aumento da fosfatase alcalina quando há envolvimento hepático na TB miliar
IV. Urina: EAS, leucocitúria, sem bacteriúria e hematúria; pH alcalino – TB renal e genital
V. Glicemia: hiperglicemia discreta transitória na fase aguda da doença
VI. LCR: aspecto límpido a turvo, concentração de proteínas aumentada e de glicose diminuída, contagem
de células a mais – meningoencefalite TB
VII. Líquidos pleural, pericárdico, peritoneal e sinovial
VIII. Dosagem da enzima adenosina deaminase (ADA) em líquidos: aciam de 8 no LCR e 40U/mL no
liquido pleural
OBS: pode estar elevada em sarcoidose, linfoma e empiema pleural
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5. TRATAMENTO
❖ Generalidades
• Dura cerca de 6 meses e envolve 4 drogas minimizar as chances de recidiva e resistência
• Quantidade de bacilos viáveis decresce ao longo do tempo
▪ Acompanhamento do paciente com PCR não é viável, pois essa metodologia não segrega o
resultado dos bacilos viáveis e os que já foram atingidos pela medicação
▪ Na baciloscopia, a avaliação semiquantitativa é útil para a progressão do tratamento
❖ Drogas utilizadas (esquema inicial) rifampicina (R), piracinamida (Z), etambutol (E), isoniazida (H)
• 2 primeiros meses – fase intensiva – RHZE
• Após 2 meses – fase manutenção – RH
• 7 meses – fase de manutenção em meningo TB + prednisona (1-2mg/kg/dia) 6-8 sem
▪ Visa evitar a hipertensão craniana
▪ Também utilizada em tuberculose pericárdica
OBS: para crianças o etambutol não é recomendado
Dificuldade na avaliação da toxicidade necessário suspender o tratamento e retornar cada droga por vez
❖ Riscos de recidiva incluem: cavitação, doença extensa, imunossupressão, positividade do escarro após 8
semanas de tratamento terapia deve ser estendida por mais de 9 meses
Referências:
1. TAVARES, W., MARINHO, L.A.C. Rotinas de diagnóstico e tratamento das doenças
infecciosas e parasitárias. São Paulo: Editora Atheneu; 4ª ed, 2015
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