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11/04/2023

Micobactérias

Profº. Ms. Francisco Sandro Aureliano


E-mail: francisco.aureliano@ulife.com.br

Objetivos da Aprendizagem

1. Descrever as características gerais das


Micobactérias;

2. Sumarizar as principais Micobactérias de


interesse médico;

3. Descrever o Diagnóstico clínico e


laboratorial para as principais Micobactérias.

Características gerais
O gênero Mycobacterium é o único da família Mycobacteriaceae, compreende
aproximadamente 172 espécies e 13 sub-espécies.
 Apresentam-se como bacilos retos ou levemente curvados,
 Morfologia: 1 a 4 μm x 0,3 a 0,6 μm
 Algumas vezes, podem apresentar-se na forma cocobacilar
(Mycobacterium avium) ou filamentosa (Mycobacterium xenopi);
 São, de maneira geral:
• Bacilos imóveis, não esporulados, aeróbios ou microaerófilos;
• Possui crescimento lento.
• Todas as micobactérias produzem catalase (o que varia é a
quantidade produzida);
• Muitas espécies são saprófitas.
• Sua principal característica: a capacidade de resistir à descoloração
quando tratadas com álcool-ácido.
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Integra a sua parede celular, alto teor de lipídios – cerca de 60%, composta basicamente por uma
membrana citoplasmática recoberta por camada de peptidoglicano, o qual se encontra
covalentemente ligado às cadeias de polissacarídeo que, por sua vez, estão ligadas na sua
extremidade com ácidos graxos de cadeia longa, os ácidos micólicos.

O ácido micólico é o principal


responsável:

 resistência à descoloração por


álcool-ácido,
 assim como a resistência à ação de
diversos agentes químicos e
antibióticos
 e a capacidade de formar de
biofilmes

Principais Micobactérias

Tuberculose

História
 A tuberculose (TB) é uma das doença infectocontagiosa mais antigas
do mundo;
 Há evidencias de TB desde 8.000 a.c. na França, Itália e Alemanha;
 Epidemia do HIV;
 O surgimento da TB no Brasil.
• Trazida pelos jesuítas que aqui chegavam com o intuito de
colonizar os índios;
• Escravos africanos que também eram trazidos ao Brasil,
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Micobactérias de interesse médico

• 2020; 9,9 milhões de pessoas acometidas no Mundo;


• Cerca de 1,5 milhão de óbitos.
• É a principal causa de morte em pacientes com HIV;
TUBERCULOSE • Entre as doenças infecciosas é a quarta causa de
morte!
Mycobacterium
• Brasil: 66.819 casos novos
tuberculosis • Cerca de 4,5 mil óbitos pela doença

• Antigamente conhecida como lepra;


• É uma das doenças mais antigas, com registro de casos
há mais de 4000 anos, na China, Egito e Índia.
• Atualmente, os países com maior detecção de casos
são os menos desenvolvidos ou com
HANSENÍASE
superpopulação.
Mycobacterium • Em 2021: 140.594 casos novos da doença no mundo
leprae • Brasil: 2º lugar em casos (74,5% do total global)

Transmissão
 Fala
 Espirro
 Tosse

Fonte: http://blogdatuberculose.blogspot.com.br/p/conhecendo-tuberculose.html

Fisiopatologia

Fonte: https://www.slideshare.net/diogogoncalves391/tuberculose-72514905
11/04/2023

Fisiopatologia

Fonte: https://www.slideshare.net/diogogoncalves391/tuberculose-72514905

Primoinfecção tuberculosa
 Os bacilos estão no corpo, mas os SI está mantendo os sob controle.
 Pode ocorrer que a carga bacilar seja muito alta, ou haja falta de imunidade e a
primoinfecção não é contida.
 Ocorre em 5% dos casos, evoluindo para Tuberculose primária.

Tuberculose primária
A doença se desenvolve logo após a infecção, podendo ser:
 Ganglionar
 Pulmonar
 Miliar (comprometem, além dos pulmões, rins, meninges, ossos)
 Resultado da disseminação linfo-hematogênica.

Tuberculose pós - primária


 Ocorre a partir de um novo contagio, por um agente mais virulento.
 Em adultos é comum ocorre a reativação de um foco já existente no organismo.

Aspectos Clínicos:
• Apresentam variações de acordo com o estado do hospedeiro;
• Início da infecção: sintomas inespecíficos
• Evolução lenta: surge febre vespertina, perca de peso, fadiga mal estar, tosse
com ou sem expectoração.
• Agravações (Bronquiesctasias, Atelectasias e infecções respiratórias);
• Portadores de HIV;
• Forma extrapulmonar (Sintomat. Esofágica, insuficiência renal, abcesso retal,
obstrução da veia cava, conjuntivites entre outras).
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Formas Extrapulmonares
A TB miliar, devido a sua característica de disseminação pode acometer órgãos
como fígado, baço, entre outros.

 TB pleural – É a mais comum forma de TB


extrapulmonar em indivíduos HIV soronegativos.
 TB ganglionar periférica – É a forma mais frequente
de TB extrapulmonar em pacientes HIV soropositivos e
crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos.
 TB meningoencefálica – É responsável por 3% dos
casos de TB em pacientes HIV soronegativos e por até
10% dos casos em pacientes HIV soropositivos.
 TB óssea – É mais comum em crianças (10% a 20% das
lesões extrapulmonares na infância) ou em pessoas
entre as quarta e quinta décadas.
 Além disso, a TB pode afetar no mesmo paciente o
pulmão e sítios extrapulmonares.

DIAGNÓSTICO

Prova Tuberculínica - PPD


 A tuberculina é um produto obtido de um filtrado de cultivo A inoculação do antígeno
de sete cepas selecionadas do M. tuberculosis esterilizado e desencadeia uma reação do tipo
concentrado. antígeno-anticorpo
 Trata-se de um líquido injetável límpido, incolor ou
levemente amarelado.
 Se baseia em uma reação de hipersensibilidade cutânea após
a aplicação do PPD por via intradérmica, em que a leitura é
realizada 48 a 72 horas após a aplicação, podendo ser
estendido até 96 horas

Resultado positivo:
nódulo endurecido >= 5mm em 48-72h

Injeção intradérmica de tuberculina 0,1 mL


- face anterior do antebraço
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Baciloscopia
 Coleta de escarro por expectoração
Obtido após esforço de tosse, volume ideal é de 5
a 10 mL.
 Recipiente: Estéril, identificado com todos os
dados do paciente. Identificação SEMPRE no
corpo do frasco e nunca somente na tampa.

 Coleta: Deve ser realizada pelo próprio paciente,


de preferência em local aberto ou sala bastante
arejada. Coletar de preferência pela manhã, ao
despertar.
 2 amostras em dias consecutivos.

Vantagens

• Exame de execução rápida, fácil e de baixo


custo.
• Identifica os indivíduos que estão eliminando
os bacilos e são portanto fontes de infecção.
• Serve para acompanhamento da eficácia do
tratamento.

Coloração de Ziehl –Neelsen


• Quando tratadas pela fucsina a quente,
RESISTEM ao descoloramento subsequente
por uma solução de ácido e assim,
PERMANECEM CORADAS em VERMELHO
(ou ROSA);

A existência de lipídeos fortemente


ligados na parede celular das
Dificulta a remoção
micobactérias está RELACIONADA A
dos corantes, mesmo
ÁCIDO-RESISTÊNCIA evidenciada
com o uso de agentes
pela coloração de ZIEHL NEELSEN.
descolorantes.
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Diagnóstico Laboratorial
• Baciloscopia

Fonte: http://www.funed.mg.gov.br/wp-content/uploads/2014/06/Apresenta%C3%A7%C3%A3o4_TMR-
TB_Nova_Tecnologia_3Jun14_Dr-Josu%C3%A9.pdf

Diagnóstico Laboratorial

• Exame radiológico
• Radiografia de Tórax;
• Método Auxiliar;
• Exclui outras suspeitas.
Raio-X do tórax, com Nódulo tuberculínico.
Fonte: http://medicosnamidia.com.br/?m=201008

Imagem A: Pulmão aparentemente normal.


Imagem B: O raio X mostra a tuberculose pulmonar em estágio avançado, com muitas áreas opacas
de tamanhos variados. As setas indicam as cavidades formadas com o avanço da doença.

Diagnóstico Laboratorial
• Cultura
• Padrão ouro;
• Confirmatório;
• Tempo de crescimento: 4-8 semanas.

 As colônias, após 8 semanas de incubação.


 Crescem lentamente (2 a 3 meses).
 São de cor creme, rugosas, desenvolvem-
se na superfície do meio e não alteram a
cor do meio LJ.
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Diagnóstico Laboratorial

TRM-TB: Método molecular para diagnóstico da TB (Reação em


Cadeia da Polimerase ± PCR em tempo real)
 Detecta: DNA do Mycobacterium tuberculosis Resistência à
Rifampicina (RIF)
 Material: Amostras respiratórias (escarro, escarro induzido) 01
amostra
 Tempo: 2 horas
 Realização em ambiente laboratorial

Tratamento

Básico:
1ª fase: 2 meses (Rifampicina, Isoniazida, pirazinamida)
2ª fase: 4 meses (Rifampicina, Isoniazida)

Reforçado:
1ª fase: 2 meses (Rifampicina, Isoniazida, pirazinamida,
etambutol)
2ª fase: 4 meses (Rifampicina, Isoniazida, etambutol)
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Mecanismos de Resistências

Resistência: É consequência do uso indevido dos antibacilares.


• Foi detectada na década de 50;

Mecanismo de resistência: As bactérias desenvolvem estratégias


de resistências aos fármacos.
• Mecanismo de Barreira (redução da permeabilidade)
• Degradação ou Inativação de Enzimas;
• Modificação do alvo do fármaco (mutação gênica).
• Aquisição de plasmídeo da bactéria.

Hanseníase
A hanseníase, conhecida antigamente como Lepra, é uma
doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e
investigação obrigatória em todo território nacional.

Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae,


bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de
indivíduos, e atinge principalmente a pele e os nervos
periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais,
conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal
responsável pelo estigma e discriminação às pessoas
acometidas pela doença.

A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos


os sexos e de qualquer idade.

Clínica
Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou
amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda
ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio),
tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente
nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas
orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.

Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e


agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas.

Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos


avermelhados e dolorosos.

Febre, edemas e dor nas juntas.


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Classificação
 Hanseníase indeterminada: Estágio inicial da doença (crianças), apenas 25% dos
casos evoluem para outras formas.

 Hanseníase tuberculoide: Forma mais leve da doença. A pessoa tem apenas uma
ou poucas manchas pálidas na pele, é paucibacilar, não contagiosa. Alterações
nos nervos próximos à lesão, podem causar dor, fraqueza e atrofia muscular.

 Hanseníase dimorfa: manchas vermelhas pelo corpo, BK +.

 Hanseníase virchowiana: Forma grave da doença, multibacilar, e contagiosa. Os


inchaços são generalizados e há erupções cutâneas, dormência e fraqueza
muscular. Nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos também podem ser
afetados

Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológico,
realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico
para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de
sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos,
com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.

A hanseníse é diagnosticada quando pelo menos um dos sinais cardinais se manifesta:

 Evidente perda de sensibilidade numa lesão cutânea esbranquiçada (hipocrômica) ou


avermelhada.
 Um nervo periférico espessado, com perda de sensibilidade e/ou fraqueza da musculatura
inervada por ele.
 Presença de bacilos álcool-ácido-resistentes em um raspado intradérmico.
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Diagnóstico
Coleta

Diagnóstico Laboratorial
Coloração do Esfregaço pelo Método de Ziehl-Neelsen a Frio
O método de coloração a frio é o recomendado por preservar as condições morfotintoriais do
bacilo. Além disso, evita que os vapores tóxicos de fenol, presentes na fucsina e que são
eliminados durante o aquecimento, sejam inalados pelo profissional, acarretando risco para sua
saúde.

a) Colocar as lâminas em suporte apropriado, separadamente


uma da outra.
b) Cobrir todo o esfregaço com a solução de fucsina de Ziehl-
Neelsen, previamente filtrada, durante 20 minutos.
c) Retirar a lâmina do suporte e lavar em água corrente sob
baixa pressão.
d) Descorar os esfregaços com solução de álcool-ácido a 1%,
até que os mesmos tomem uma coloração rosada.
e) Lavar novamente a lâmina em água corrente sob baixa
pressão.
f) Cobrir todo o esfregaço com solução de azul de metileno a
0,3% por 1 minuto.
g) Lavá-la em água corrente sob baixa pressão e deixar secar a
temperatura ambiente.

Índice Dactiloscópico
 O Índice Baciloscópico (IB), proposto por Ridley em 1962, baseia-se em uma
escala logarítmica com variação entre 0 a 6.
 É o método de avaliação quantitativo mais correto e utilizado na leitura da
baciloscopia em hanseníase.

Escala Logarítmica de Ridley


 (0) – Ausência de bacilos em 100 campos examinados.
 (1+) – Presença de 1 a 10 bacilos, em 100 campos examinados.
 (2+) – Presença de 1 a 10 bacilos, em cada 10 campos examinados.
 (3+) – Presença de 1 a 10 bacilos, em média, em cada campo examinado.
 (4+) – Presença de 10 a 100 bacilos, em média, em cada campo examinado.
 (5+) – Presença de 100 a 1.000 bacilos, em média, em cada campo examinado.
 (6+) – Presença de mais de 1.000 bacilos, em média, em cada campo examinado
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Tratamento

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