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Microbiologia clínica

Profa. Juçara Noeli

Aula 5
Doenças
microbianas do
trato respiratório
inferior
Trato respiratório inferior

• Ao contrário das infecções das vias


aéreas superiores, as que acometem o
trato respiratório inferior tendem a ser
mais graves, principalmente quando
causadas por microrganismos gram-
negativos em doentes hospitalizados e
debilitados.

• Grande parte dessas infecções é de etiologia bacteriana.

Traqueobronquites Pneumonias
Bronquite

• Condição inflamatória da árvore traqueobrônquica.

• Nas crianças predominam os agentes virais e os


micoplasmas.

• Sintomas: Tosse, febre, graus variados de produção


de escarro e mialgias.

Agentes etiológicos:

Mycoplasma pneumoniae
Chlamydophila pneumoniae
Bordetella pertussis (tosse comprida)
Bronquite
Mycoplasma pneumoniae

• São bactérias desprovidas de parede


celular.

• São pleomórficas.

• O método de Gram não tem valor na


pesquisa desta bactéria, embora seja
originada de bactéria gram-positivas;
Microscopia eletrônica
Mycoplasma pneumoniae

• Crescem em meios hipertônicos, contendo 20%


de soro de cavalo e extrato de levedura.

• Cresce em Caldo PPLO (Pleuropneumonia-Like-


Organisms) que possui peptona enriquecida com
Leveduras e fungos.

• Amostras de escarro.

• Colônias em forma de “ovo frito”.

• Diagnóstico por Imunofluorescência direta.


Chlamydophila pneumoniae

• São classificadas no grupo das gram-negativas.

• Não é possível visualizar pela bacterioscopia.

• São bactérias intracelulares.

• Após fagocitose ocorre a modificação do seu


formato para a forma reticular, torna-se
resistente aos lisossomos onde começa a se
replicarem dentro do endossoma.
Chlamydophila pneumoniae

• Cresce em meio de cultura celular (McCoy) 


células de fibroblastos.

• Amostras de escarro.

• Testes sorológicos imunoenzimáticos: Elisa (IgG


e IgM)

• Diagnóstico por Imunofluorescência direta.


Bordetella pertussis
(Coqueluche)
• Bactéria de fácil propagação e contágio, também conhecida
como tosse comprida ou tosse aguda,

• O contágio da coqueluche acontece por meio do contato com uma


pessoa infectada, seja pela tosse, espirro ou fala.

Sintomas:

• Período prodrômico: inicia de 5 a 10 dias após a aquisição do agente, com sintomas


semelhantes a um resfriado ou gripe. Fase altamente contagiosa e com sintomas
inespecíficos.
• Período paroxístico: quadro de tosse convulsiva, persistente e característica seguida de
inspiração ruidosa. Podem ser acompanhadas de cianose e vômito e várias complicações
como convulsões, insuficiência respiratória e encefalopatia.
Bordetella pertussis
(Coqueluche)
• Prevenção: Vacina pentavalente  Difteria, Tétano, Pertussis
(Coqueluche), Hepatite B e Haemophilus influenzae B.

• A vacina está disponível para crianças a partir de 2 meses até 6


anos.

• São administradas 3 doses, aos 2 meses, 4 meses e 6 meses


de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de
30 dias.

• Vacina para adulto: dTpa – difteria, tétano e coqueluche.


Bordetella pertussis
(Coqueluche)
• Cocobacilo gram-negativo;

• São aeróbio estritos, não fermentadores da lactose;

• Produz a toxina pertussis:

 leva ao aumento da enzima AMPc (adenosina


monofosfato ciclico), levando ao aumento da
produção de muco.
 a toxina também desregula os macrófagos,
resultando em resistência à fagocitose;
Bordetella pertussis
(Coqueluche)

• Casos suspeitos devem ser semeados em


meio ágar Bordet & Gengou (glicerol e sangue
estéril).

• Diagnóstico por Imunofluorescência direta.


Bordetella pertussis
(Coqueluche)
• Amostra colhidas de swab de nasofaringe.

• O swab deve atingir uma profundidade próxima


à distância entre a abertura da narina anterior e
parte anterior da abertura da orelha.

• Esta distância varia entre 8 a 10 cm para


adultos.
Coleta

• Amostra colhidas de Lavado Bronquioalveolar.

• Injeção de 30 a 50 ml de salina fisiológica através de


um broncoscópio de fibra ótica que é introduzido nas
ramificações bronquiolares periféricas.

• A salina é então aspirada e enviada para preparação


de esfregaço e cultura.

• É indicada para pacientes intubados submetidos a


ventilação.
Pneumonia

• Infecção que acomete a região dos alvéolos


pulmonares onde desembocam as ramificações
terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios
(espaço entre um alvéolo e outro)

• Os agentes infecciosos da pneumonia podem ser


adquiridos através do ar, pela saliva ou secreções
de outra pessoa contaminada.

Agentes etiológicos:

Streptococcus pneumoniae
Haemophilus influenzae
Mycoplasma pneumoniae
Mycobacterium tuberculosis
Streptococcus pneumoniae

• Cocos Gram-positivos em forma de lanceta.

• São geralmente encontradas em pares e, às


vezes, em cadeias curtas.
Streptococcus pneumoniae

• São alfa-hemolítico em ágar-sangue.

• Hemólise parcial com perda parcial de


hemoglobina pelas hemácias, formando zona
cinzenta ou esverdeada ao redor da colônia em
ágar sangue
Streptococcus pneumoniae

• Teste da Catalase-negativo.
catalase
Streptococcus pneumoniae

• Sensibilidade ao antibiótico optoquina


Streptococcus pneumoniae

• Lise de sais biliares.

• Teste de solubilidade em caldo bile.

• Caldo límpido.
Mycobacterium tuberculosis

• É um bacilo reto ou ligeiramente curvo, imóvel, não


esporulado, não encapsulado.

• Bacilo de Koch  descoberto pela primeira vez em 1882


por Robert Koch.

• É um patógeno aeróbico estrito que necessita de oxigênio


para crescer e se multiplicar.

• Por ser capaz de sobreviver e de se multiplicar no interior


de células fagocitárias, é considerado um patógeno
intracelular facultativo.
Mycobacterium tuberculosis

• A infeção é adquirida pela inalação do agente


etiológico sob a forma de aerossóis e/ou poeiras.

• A transmissão aérea da TB dá-se de forma eficiente


visto que os indivíduos infetados expectoram
grandes quantidades de micobactérias, projetando
estes microrganismos no ambiente.

• A parede celular das micobactérias resistem contra o ressecamento, sobrevivendo por longos
períodos de tempo no ar e na poeira (8 horas).
Mycobacterium tuberculosis

• A parede celular assemelha-se a uma


parede celular gram-positiva modificada;

• Contém a típica camada polipeptídica, a


camada de peptideoglicano e lipídeos
livres;

• O alto teor lipídico destas bactérias


fazem delas álcool-ácido resistentes,

• São chamados de Bacilos Álcool Ácido


Resistentes (BAAR).
Mycobacterium tuberculosis

• Crescimento em ágar Lowenstein Jensen;

• A base do meio é constituída por ovos integrais,


glicerol, fécula de batata e alguns sais.

• Sua cor normal é verde claro e o crescimento de


colônias amareladas é indicativo de
positividade.
Amostra de escarro

• Orientar o paciente da importância da coleta do escarro e não


da saliva.

• Colher somente uma amostra por dia, se possível o primeiro


escarro da manhã, antes da ingestão de alimentos.

• Orientar o paciente para escovar os dentes, somente com água


(não utilizar pasta dental) e enxaguar a boca várias vezes,
inclusive com gargarejos.
Amostra de escarro

• Respirar fundo várias vezes e


tossir profundamente
Amostra de escarro

• Recolhendo a amostra em um frasco de


boca larga.

• Tentar escarrar por até 3 vezes.

• Se o material obtido for escasso, coletar a


amostra depois de nebulização.

• Encaminhar imediatamente ao laboratório.

• Na suspeita de infecção por micobactérias


ou fungos, coletar pelo menos três
amostras, em dias consecutivos (somente
uma amostra por dia).
Amostra de escarro

• As amostras de saliva são impróprias para


análise bacteriológica, pois não representam o
processo infeccioso.
Amostra de escarro

• Preparar a lâmina por distensão do escarro

• Quebre ao meio um palito de madeira;

• Retire, com as duas pontas farpadas do palito,


a partícula maior e mais purulenta da amostra e
deposite-a na lâmina próximo à borda fosca.
Amostra de escarro

• Distenda a amostra na lâmina, com uma das


partes do palito em posição horizontal.

• Faça movimentos de vai-e-vem em cima da


amostra, até obter um esfregaço homogêneo
que cubra 2/3 da lâmina, sem deixar espaços
vazios.
Amostra de escarro

• Método de coloração de Ziehl-Neelsen.


• Utiliza-se Fucsina, Álcool-ácido e
Azul de Metileno.

Etapas de coloração:

• Etapa 1: adiciona-se a fucsina sobre o esfregaço previamente fixado;


• Etapa 2: faz-se o aquecimento até a emissão de vapores, por 3 vezes, para facilitar a
penetração da fucsina;
• Etapa 3: derrama-se o corante na pia e lava-se o esfregaço com água;
• Etapa 4: faz-se a descoloração com álcool-ácido e lava-se o esfregaço com água. Apenas
os BAAR presentes no esfregaço reterão a fucsina;
• Etapa 5: adiciona-se azul de metileno;
• Etapa 6: lava-se o esfregaço com água e faz-se a leitura.

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