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N° 84 - Fevereiro 2019

Revista Digital de Podologia


Gratuita - Em português
Revistapodologia.com n° 84
Fe ve r e i r o 2 0 1 9

Diretor
Alberto Grillo
revista@revistapodologia.com

ÍNDICE
Pag.

5 - Artrodese Subtalar Artroscópica


Enrique Navarrete Faubel, Jaime Alonso Pérez-Barquero, Vicente Vicent Carsí y
María Sánchez González. Espanha.
11 - Neuropatia Periférica Diabética.
Jaqueline A. DA Silveira Kucarz. Brasil.

Revistapodologia.com
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do material contido nesta revista, somente com autorização escrita da Editorial. Todos os direitos reservados.
www.revistapodologia.com 3
Artrodese Subtalar Artroscópica
Enrique Navarrete Faubel a*, Jaime Alonso Pérez-Barquero b, Vicente Vicent Carsí a y María Sánchez
González a. España.

a Unidad de Cirugía Ortopédica y Traumatología, Hospital Universitario y


Politécnico La Fe, Valencia, España.
b Unidad de Cirugía Ortopédica y Traumatología, Hospital Francisco de Borja,
Gandía, Valencia, España.
* Autor para correspondencia.
Correo electrónico: enavarrete3@yahoo.es (E. Navarrete Faubel).
Recibido el 8 de febrero de 2016; aceptado el 6 de mayo de 2016
Disponible en Internet el 20 de octubre de 2016

Resumo ness of arthroscopic technique in subtalar arth-


rodesis and study the factors that can influence
Introdução: Nosso objetivo é avaliar a eficácia in articular fusion.
da artroscopia na artrodese subtalar e analisar Material and methods: We studied 11 patients
os fatores que podem influenciar a fusão da arti- with a minimum follow up of 3 years. The origin
culação. of the arthrodesis was in 6 patients a previous
Material e métodos: Apresentamos uma série calcaneus fracture, 2 cases of instability, 2 pri-
de 11 pacientes operados com seguimento míni- mary arthrosis and 1 talocalcaneal coalition.
mo de 3 anos. A causa da artrodese foram 6 Results: Patients with previous fracture were
casos de sequelas de fratura do calcâneo, 2 ins- operated and in 3 cases we used 1 screw for
tabilidades subtalares, 2 artrites primárias e um fusion and in the other 3 used 2 screws. Patients
caso de coalizão talus-calcânea. operated with 1 screw did not achieve fusión and
Resultados: Dos pacientes com sequela de fra- were operated again. All patients without pre-
tura do calcâneo, em 3 pacientes foram fixados vious fracture operated with 1 or 2 screws achie-
com parafuso e nos restantes 3 com 2. Nos ved fusion.
casos fixados com parafuso, a fusão não foi Discussion: We recommend using 2 screws for
alcançada, necessitando de uma segunda inter- arthroscopic subtalar fusion in cases of previous
venção. No grupo de pacientes sem fratura pré- calcaneus fracture.
via, a fusão foi alcançada em todos os casos, © 2016 SEMCPT. Published by Elsevier
independentemente do número de parafusos uti- Espa˜na, S.L.U. This is an open access article
lizados. under the CC BY-NC-ND license (http://creative-
Discussão: Recomendamos o uso de 2 parafu- commons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
sos nos casos em que a artrodese é realizada em KEYWORDS: Arthroscopy; Arthrodesis;
consequência de uma sequela de fratura ante- Subtalar
riormente do calcâneo.
© 2016 SEMCPT. Publicado por Elsevier Introdução
España, S.L.U. Este es un artículo Open Access
bajo la licencia CC BY-NC-ND (http://creative- Em 1905, Nieny foi a primeira a realizar uma
commons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). artrodese subtalar (1). Esta cirurgia foi realizada
lateral e posterior, de maneira aberta. Em 1985,
Palavras chave: Artroscopia; Artrodesis; Parisien e Vagness (2) relataram os primeiros
Subastragalina casos de artrodese subartroscópica realizada em
cadáveres.
Arthroscopic subtalar arthrodesis Posteriormente, Tasto (3) popularizou a abor-
Abstract dagem artroscópica lateral e van Dijk et al. (4)
Introduction: We want to evaluate the effective- desenhou a abordagem posterior que permitia
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uma excelente visualização da articulação subta-
lar posterior. Tabela 1 Series bibliográficas

Atualmente, a cirurgia artroscópica tornou-se N.◦ Diagnóstico Artrose Fusão


uma técnica frequentemente utilizada na artro-
dese subtalar, demonstrando um alto índice de
consolidação e menor morbidade em compara-
1 Artrose primaria 2 parafusos Sim
ção com a cirurgia aberta. Atualmente, a maioria 2 Artrosis primaria 1 parafuso Sí
dos autores utiliza a abordagem posterior (5-7). 3 Inestabilidade 1 parafuso Sí
4 Inestabilidade 1 parafuso Sí
Neste trabalho apresentamos uma série de 5 Coalizão tarso 1 parafuso Sí
pacientes submetidos a artrodese subtalar
artroscópica através de portais posteriores.
6 Fratura calcâneo 2 parafusos Sí
Nosso objetivo é avaliar a eficácia dessa técnica 7 Fratura calcâneo 2 parafusos Sí
e analisar os fatores que podem influenciar na 8 Fratura calcâneo 2 parafusos Sí
hora da fusão da articulação. 9 Fratura calcâneo 1 parafuso No
10 Fratura calcâneo 1 parafuso No
Material e métodos
11 Fratura calcâneo 1 parafuso No
Apresentamos um estudo retrospectivo de uma
série de 11 pacientes (7 homens e 4 mulheres),
operados em nosso centro entre fevereiro de Em relação ao método estatístico, utilizou-se
2009 e fevereiro de 2013, com um seguimento um modelo de regressão logística em que a
mínimo de 3 anos. A idade média dos pacientes variável resposta é o fato da fusão ocorrer ou não
no momento da cirurgia era de 51 anos (30-74). e as variáveis explicativas foram o tipo de osteo-
Os fatores de risco refletidos na história clínica artrite e o tipo de fatores cirúrgicos, bem como
foram registrados, com ênfase especial nos hábi- sua interação. Os resultados foram obtidos usan-
tos tóxicos, sobrepeso e patologias sistêmicas, do o software estatístico R (versão 3.1.2), em
como diabetes e hipertensão arterial. particular as livrarías brglm foram usadas para
levar em consideração a redução de viés e boot
A patologia que levou à realização da artrodese para a estimativa de intervalos de confiança
foram 6 casos de sequela de fratura do calcâneo, usando técnicas de Bootstrap.
2 instabilidades subtalares, 2 artrose primária e
um caso de coalizão coalizão talus-calcânea. Técnica cirurgica
Pacientes com patologia reumática ou com alte-
rações morfológicas no membro acometido O paciente é colocado em decúbito prono com
foram excluídos da série. Os fatores que pode- isquemia na coxa. Todos recebem profilaxia anti-
riam influenciar a fusão articular foram avalia- biótica por via intravenosa com cefalosporinas de
dos, dando especial atenção ao tipo de osteos- segunda geração (cefonicida) uma hora antes da
síntese utilizada e à patologia subjacente que cirurgia.
motivou a cirurgia, de modo que foram feitos 2 A cirurgia é realizada por técnica artroscópica
grupos, um que incluiu os 6 pacientes com oste- por via posterior, seguindo os portais descritos
oartrite subtalar como sequela da fratura do cal- por van Dijk et al. (4) e, posteriormente, empre-
câneo e outra que agrupou os 5 pacientes com gada por outros autores (6-8).
osteoartrite não traumática.
Usamos uma óptica de 30◦ e 4,5 mm de diâ-
Estes dois grupos foram subdivididos depen- metro. Identificamos o tendão do flexor largo do
dendo se a artrodese foi feita com um ou dois hálux para evitar lesão neurovascular do feixe
parafusos (tabela 1). Para verificar a consolida- tibial posterior. Para a limpeza do espaço prea-
ção, realizamos radiografias em série na carga. A quíleo usamos sinoviotomo de 4,5 mm de diâme-
satisfação do paciente foi registrada de forma tro e para a curetagem articular utilizamos colhe-
subjetiva com uma escala analógica de avaliação res, legras e cinzéis, evitando as fresas motoriza-
da dor (EVA) de 0 a 10, onde 0 é a ausência de das que podam queimar o osso subcondral. Para
dor e 10 é a dor máxima suportável. A melhora a fusão usamos parafusos canulados de 6,5 ou
clínica foi registrada de maneira objetiva usando 7,2 mm de diâmetro.
a escala de avaliação AOFAS modificada para tor- Usamos fluoroscopia para determinar a posi-
nozelo e retropé (máximo de 94 pontos). Não ção e o comprimento deles.
houve deformidades prévias e todas as artrode-
ses foram realizadas in situ. Os parafusos devem ser de rosca parcial e
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deve-se tomar cuidado para que toda a parte ros-
cada esteja alojada no talo para permitir a ade-
quada compressão articular. Fechamos a pele
com monofilamento e colocamos uma tala poste-
rior de gesso. Nesta série, nenhum enxerto ósseo
ou substitutos ósseos de qualquer tipo foram uti-
lizados. No período pós-operatório, a carga par-
cial inicia-se às 4 semanas e completa-se após 6
semanas, protegida por uma órtese do tipo cam-
walker, que é removida após a consolidação
radiológica.

Resultados
á
Os pacientes pertencentes ao grupo pós-fratura Figura 2 Paciente com sequela de fratura do calcâ-
foram operados por apresentarem incapacidade neo operado com 2 parafusos. A fusão da artrodese
funcional e dor intensa resultante da mesma. foi confirmada com TAC aos 9 meses.
Dos 6 pacientes que compuseram este grupo,
realizou-se curetagem artroscópica da superfície
articular e fixação com um parafuso, enquanto O grupo de pacientes sem fratura prévia foi
nos 3 restantes a fixação foi realizada com 2 operado com a mesma técnica artroscópica.
parafusos. Em 4 deles foi utilizado um parafuso para a
fixação e no quinto paciente foram utilizados 2
A fusão articular não foi alcançada em nenhum parafusos.
dos casos tratados com um parafuso. Neste grupo, a fusão foi alcançada em todos os
Considerou-se que a artrodese não havia sido casos.
alcançada quando a dor persistiu 9 meses após No conjunto, os resultados de nossa série mos-
a cirurgia e as radiografias não mostraram sinais tram que a fusão articular foi alcançada em 8
de fusão, quando foi solicitada tomografia com- dos 11 casos.
putadorizada, o que confirmou a ausência de Nestes, a fusão articular foi demonstrada por
pontes ósseas através da articulação. radiografias em carga e o tempo médio foi de 14
semanas com um intervalo entre 11 e 17. Não
Os 3 pacientes foram reoperados por cirurgia houve complicações derivadas da cirurgia, embo-
aberta, retirando o material de osteossíntese e, ra em 3 casos, uma vez alcançada a fusão articu-
por abordagem lateral da articulação subtalar, foi lar, foi realizada a remoção do material de oste-
realizada nova curetagem e fixação com grampos ossíntese; em 2, por extrusão dos parafusos e no
(Figura 1). O enxerto ósseo foi confeccionado a caso restante por protrusão na articulação do
partir da cresta ilíaca homolateral, obtendo-se tornozelo
fusão em todos os 3 casos. Não houve complica-
ções derivadas desta segunda cirurgia. Nos 3 Nosso estudo mostrou que todos os casos de
pacientes desse grupo em que foram utilizados 2 pseudo-artrose ocorreram em pacientes que
parafusos, a fusão correta foi alcançada (Figura anteriormente tinham uma fratura do calcâneo.
2). Dentro deste grupo, todos os casos de não união

l f d l á d ll l
Figura 1 Paciente com sequela de fratura do calcâneo operado com um parafuso. O TAC aos 9
meses confirmou a ausência de consolidação O resgate foi feito com cirurgia aberta e fixação
com grampos.
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ocorreram naqueles pacientes nos quais apenas seus resultados, eles relatam um percentual de
um parafuso foi utilizado, consolidando os casos fusão de 91%.
em que foram utilizados 2. Todos os pacientes
ficaram satisfeitos com o resultado da cirurgia, Resultados semelhantes foram encontrados
com melhora na escala EVA de dor de 8 pontos por Shazly em seu trabalho em 2009, com uma
antes da intervenção para 3 pontos ao final do série de 10 pacientes com sequelas de fratura do
seguimento. Em relação aos resultados da escala calcâneo tratados de modo conservador (12).
AOFAS modificada, houve melhora de 42 pontos Todos os pacientes consolidaram com um tempo
antes da cirurgia para 85 pontos ao final do estu- médio de fusão de 11,4 semanas. Em 2010,
do. Gómez et al. (5) publicaram uma série de 12
pacientes com história de fratura prévia com
Diante dos resultados, observamos que as índice de fusão articular após artrodese artros-
variáveis independentes estudadas (causa da cópica superior ao 80%, com tempo médio de
osteoartrose e tipo de osteossíntese), bem como união de 15 semanas. Nesta série, houve 2 casos
a interação entre elas, para efeitos de fusão arti- de falta de consolidação em sequelas das fratu-
cular, não são significativas ao nível de significân- ras do calcâneo cominutivas, onde nenhum
cia de 0,05. Por outro lado, em um nível de 0,1, enxerto ósseo foi fornecido (Tabela 2).
podemos dizer que o tipo de osteoartrite sim
seria significativo. Isso significa que, nos casos A técnica cirúrgica é relativamente simples e
em que a patologia inicial é uma artrose não reprodutível em cirurgiões que realizam técnicas
traumática, a artrodese artroscópica pode forne- artroscópicas regularmente. A visualização da
cer boas taxas de fusão, independentemente da articulação subtalar posterior pelos portais pos-
osteossíntese utilizada. teriores é muito boa e o limite anterior é marcado
pelo ligamento interósseo que para melhor deve
Discussão ser visualizado.

A cirurgia artroscópica é atualmente mostrada Em nossa série de 11 pacientes, 8 se consoli-


como a técnica de escolha para a artrodese sub- daram com tempo médio de 14 semanas. Os
talar, desde que não seja necessário fazer gran- casos de não união foram 3 com fratura do cal-
des correções de eixos ou que a contribuição dos câneo fixados com um único parafuso, enquanto
enxertos estruturais seja necessária. Esta técnica aqueles que foram fixados com 2 parafusos con-
mostra uma menor morbilidade, evitando as solidaram. Todos os pacientes sem fratura prévia
complicações da cirurgia aberta (necrose da do calcâneo consolidaram independentemente
pele, infecção superficial, lesão do nervo sural do número de parafusos utilizados.
...). Em 2002, Miralles et al. (9) publicaram uma
série de 14 artrodese subtalar abertas por via Do nosso trabalho, concluímos que a artrodese
lateral, com 28,5% de necrose cutânea e 14% de subtalar por cirurgia artroscópica é uma técnica
infecções superficiais. Da mesma forma, com baixa morbidade, que permite altas porcen-
Catanzariti et al.(10) em sua série de 40 artrode- tagens de consolidação, como foi demonstrado
se relatam até 55% de complicações menores nos trabalhos publicados.
(necrose cutâneas e infecções). Em nossa experiência, recomendamos o uso de
2 parafusos nos casos em que a cirurgia é reali-
Por outro lado, os percentuais de consolidação zada em pacientes com sequela de fratura do
com cirurgia artroscópica são ainda maiores do calcâneo.
que aqueles referenciados em série com cirurgia Atualmente, nós fornecemos enxerto esponjoso
aberta. Em 2003, Tasto (3) publicou sua série de que extraímos do lado lateral do calcâneo, usan-
25 pacientes submetidos à
artrodese subtala artroscópica Tabela 2 Series bibliográficas
por via lateral. Não incluiu
pacientes com fratura prévia e Pacientes T. Fusão (sem) União Sem união
alcançou fusão em todos os
pacientes, enfatizando a carga
precoce completa. Amendola et Tasto 25 8,9 25 0
al. (11) publicaram uma série Amendola 11 10 10 1
heterogênea que incluía tanto a Shazly 10 11,4 10 0
pacientes com fratura prévia Gómez 12 15 10 2
como com osteoartrite primária,
Lee 16 11 15 1
coalizões tarsais e pacientes
com patologia reumática. Em Navarrete 11 14 8 3
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do as trefinas de mosaicoplastia, para melhorar Bibliografía
ou assegurar taxas de consolidação.
1. Nieny K.Zur Behandlung der
Hemos observado que los tiempos de consoli- Fubdeformitaten bei ausgeprägten Lähmungen.
dación disminuyen con el uso del injerto, aunque Arch Orthop Unfallchir. 1905;3:60---4.
estos resultados están pendientes de revisar. 2. Parisien JS, Vangness T. Arthroscopy of the
También utilizamos dicho autoinjerto en la artro- subtalar joint: An experimental approach.
desis tibioastragalinas con resultados promete- Arthroscopy. 1985;1:53---7.
dores 13. 3. Tasto JP. Arthroscopy of the subtalar joint
and arthroscopic subtalar arthrodesis. Instr
Observamos que os tempos de consolidação Course Lect. 2006;5:555---64.
diminuem com o uso do enxerto, embora esses 4. Van Dijk CN, Scholten PE, Krips R. A-2-portal
resultados ainda estejam pendentes de revisão. approach for diagnosis and treatment of poste-
Também usamos este autoenxerto na artrodese rior ankle pathology. Arthroscopy.
tíbio-talar com resultados promissores (13). 2000;16:871---6.
5. Gómez JM, Galán M, Loureiro J. Artrodesis
Responsabilidades éticas subastragalina artroscópica. Rev Esp Cir Ostoart.
2010;45:1---4.
Proteção de pessoas e animais. Os autores 6. Lee KB, Saltzman CL, Suh JS, Wasserman L,
declaram que os procedimentos seguidos estão Amendola A. A posterior 3-portal arthroscopic
em conformidade com os padrões éticos do approach for isolated subtalar arthrodesis.
comitê de experimentação humana responsável e Arthroscopy. 2008;24:1306---10.
de acordo com a Associação Médica Mundial e a 7. Lee K, Park Ch, Seon J, Kim M. Arthroscopic
Declaração de Helsinki. subtalar arthrodesis using a posterior 2-portal
approach in the prone position. Arthroscopy.
Confidencialidade dos dados. Os autores decla- 2010;26:230---8.
ram que seguiram os protocolos de seu centro de 8. Perez Carro L, Golanó P, Vega J. Arthoscopic
trabalho sobre a publicação de dados de pacien- subtalar arthrodesis: The posterior approach in
tes e que todos os pacientes incluídos no estudo the prone position. Arthroscopy.
receberam informações suficientes e deram o 2007;23, 445el-4450000el.
consentimento informado por escrito para parti- 9. Miralles Muñoz FA, Sanz Reig J, Lizaur Utrilla
cipar do referido estudo. A. Valoración de la artrodesis subastragalina en
el tratamiento de la artrosis
Direito à privacidade e consentimento informa- tras fractura de calcáneo. Rev Esp Cir Ortop
do. Os autores obtiveram o consentimento infor- Traumatol. 2002;46:221---6.
mado dos pacientes e/ou sujeitos referidos no 10. Catanzariti AR, Mendicino RW, Saltrick KR,
artigo. Este documento está na posse do autor Orsini RC, Dombeck MF, Lamm BM. Subtalar
da correspondência. joint artrhrodesis. J Am Podiatr Med
Assoc. 2005;95:34---41.
Conflito de interesses 11. Amendola A, Lee KB, Saltzman CL, Suh JS.
Technique and early experience with posterior
Os autores declaram não haver conflito de inte- arthroscopic subtalar arthrodesis.
resses. Foot Ankle Int. 2007;28:298---302.
12. El Shazly O, Nassar W, el Badrawy A.
Arthroscopic subtalar fusion for posttraumatic
subtalar arthritis. Arthroscopy. 2009;25:783---7.
13. Vicent V, Sanchez M, Navarrete E.
Artrodesis de tobillo en el paciente joven.
Monografías de actualización de la Sociedad
Española de Medicina y Cirugía del Pie y Tobillo.
2015;7: 71---9.

Matéria extraída da revista:


Revista del Pie y Tobillo - 2016;30(2):71---75.
Revista editada por la Sociedad Española de Medicina y Cirugía del Pie y Tobillo (SEMCPT)
www.semcpt.es

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m
Neuropatia Periférica Diabética

Trabalho apresentado Jaqueline A. DA Silveira Kucarz, como requisito parcial, para a conclusão do Curso
de Educação Profissional de Nível Técnico na área da Saúde com Habilitação de Técnico em Podologia do
INA - Instituto de Naturopatía Aplicada de Blumenau, Brasil.
Orientador: Profesor Marcelo Kertichka.

SUMARIO INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO Todos os dias os podologistas recebem diver-


REVISÃO LITERÁRIA sas pessoas em suas clinicas, que os procuram
2.1 Anatomia pelos mais diversos motivos: desde uma simples
2.1.1 Ossos do pé dor provocada por uma das unhas (onicoalgia)
2.1.1 Músculos do pé até problemas mais sérios, como micoses, diabe-
2.1.1 Articulações do pé tes com complicações em membros inferiores ou
2.2 Sistema circulatório do pé outras afecções dos pés (BEGA, 2014, p. 03,).
2.3 Sistema nervoso do pé
2.4 Sistema tegumentar Existem diversas complicações nos membros
2.5 Anatomia da lâmina ungueal inferiores dos portadores de diabetes, mas pro-
2.6 Diabetes priamente dita nos pés, sendo Pé diabético o
2.7 Pé diabético termo mais utilizado para denominar estas com-
2.8 Neuropatia plicações. Estas podem ser evitadas com o con-
2.9 Tratamento da diabétes tipo 1 e tipo 2 trole da doença e a conscientização da importân-
2.10 Tratamento da neuropatia cia do cuidado com os pés.
2.11 Cuidados com os pés diabéticos e
neuropáticos O pé diabético pode acarretar grandes prejuí-
2.12 Uso dos óleos essenciais na podologia zos ao cliente, sendo restrições em suas ativida-
des diárias e profissionais, baixa autoestima,
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS danos psicológicos, neurológicos, ortopédicos e
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS vasculares. A falta do cuidado com os pés das
pessoas diabéticas pode trazer como conseqüên-
LISTA DE FIGURAS cia as complicações da Neuropatia, a qual aco-
mete em várias situações os pés dos clientes por-
FIGURA 1: Anatomia do tadores de diabetes. A causa mais comum são as
FIGURA 2: Ossos do Pé lesões causadas por traumas nos pés, como o
FIGURA 3: Músculos do Pé corte errado das unhas, calçados apertados,
FIGURA 4: Articulações do Pé calosidades, entre outras. O cuidado que o diabé-
FIGURA 5: Sistema Circulatório do Pé tico precisa ter com seus pés é de grande impor-
FIGURA 6: Sistema Nervoso do Pé tância, sendo que o profissional de podologia
FIGURA 7: Sistema Tegumentar do Pé está habilitado para prevenir e ajudar no trata-
FIGURA 8: Anatomia da Lamina UngueaL mento de possíveis lesões, evitando assim as
FIGURA 9: Sintomas da Diabetes complicações Neuropáticas.
FIGURA 10: Fisiopatologia do Pé Diabético
FIGURA 11: Fisiologia do Pé Diabético Também o aparecimento de lesões permanen-
FIGURA 12: Cuidados com o Pé Diabético tes, causando infecções e o aparecimento de
FIGURA 13: Tratamento do Pé Diabético complicações. Sendo que a prevenção através de
FIGURA 14: Neuropatia Diabética cuidados com os pés, tratamento de lesões ini-
FIGURA 15: Neuropatia Diabética ciais e a educação preventiva fazem com que
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essas complicações deixem de existir. O cuidado ciência da estrutura e de suas relações (TORTO-
com as unhas neste caso são de extrema impor- RA, 2017, p. 01).
tância, um corte correto sem causar lesões faz
com se evite o aparecimento de complicações. Anatomia, em grego, significa cortar as estru-
No caso de um corte errado da lamina que venha turas em partes: Ana em partes e tomein cortar.
causar uma lesão ou o não tratamento de uma E o ramo da biologia que estuda a estrutura e
unha encravada faz com que apareçam lesões organização dos seres vivos, tanto externa quan-
infecciosas levando ao aparecimento de lesões to internamente, macro e microscopicamente, a
permanentes. constituição e o desenvolvimento dos seres orga-
O podólogo deve estar atento e observar o seu nizados (BEGA, LAROSA, 2010, p. 69).
cliente desde o momento que o cumprimenta na Segundo CORRÊA (2016), a anatomia e a fisio-
recepção. É Importante que o cliente seja bem logia são ciências formadoras dos alicerces do
avaliado e observado, de modo com que seja conhecimento na área da saúde. Além de serem
feito uma avaliação desde o modo como se estas bases sólidas, são complementares entre
senta, o calçado e seu jeito de caminhar para que si. A anatomia (do grego ana = em partes;
se possa fazer um diagnostico do seu problema tomein = cortar) estuda a constituição do orga-
para iniciar seu tratamento. O tratamento médi- nismo humano, enquanto a fisiologia (do grego
co do cliente frente a diabetes e a neuropatia physis = natureza; logos = estudo) estuda as
deve ser incentivado, para que este tenha sua suas funções, ou seja, os eventos físicos e quími-
patologia controlada através de medicamentos e cos magistralmente orquestrados para promove-
cuidados com sua alimentação. O trabalho em rem vida.
conjunto vai fazer com que o tratamento do pé
diabético fique completo. Conforme Provenzano (2002), o pé humano
O podólogo tem total conhecimento para escla- possui uma estrutura complexa com ossos, liga-
recer as duvidas do cliente referente a sua pato- mentos, músculos, tendões e nervos, sujeitos aos
logia da qual é portador e incentivar a sua parti- esforços e tensões diárias. As deformidades, des-
cipação no seu tratamento, o que é muito impor- ordens na sustentação do peso corporal em
tante para se agregar o resultado da sua cura. situação estática ou dinâmica e a dor são os prin-
cipais motivos que levam um indivíduo a procu-
2. REVISÃO LITERÁRIA rar auxílio de um profissional da área de saúde.
As deformidades que acometem o pé humano
2.1 Anatomía são congênitas ou adquiridas e podem agravar-se
por fadiga, traumas, idade ou pressão inadequa-
A anatomia é uma palavra grega, que significa da dos calçados. Os sintomas de dor estão geral-
cortar em partes, cortar de permeio, isto é cortar mente relacionados a patologias locais ou gerais
separado, sem destruir os elementos componen- que acometem secundariamente os sistemas
tes, anatomia corresponde em português disse- ósteoarticular, vascular e nervoso.
cação, sendo a parte da biologia que estuda a
forma e a estrutura dos seres vivos (CASTRO, A estrutura dos seres humanos é diferenciada
1985, p. 01). em relação aos demais membros do reino ani-
mal, trata-se de uma singularidade pela qual o
Para Keleman (1992), a Anatomia é a parte da homem sempre será distinguido e reconhecido
biologia responsável pelo estudo da constituição (BEGA, 2014, p. XIII).
dos organismos multicelulares, ou seja, sua
estrutura e organização, tanto internas quanto
externas. Essa ciência está intimamente ligada à
fisiologia, já que esta é responsável pelo estudo
das funções do organismo.

Anatomia (anatome = cortar em partes): ciên-


cia que estuda a estrutura e as relações entre as
estruturas. Anatomia humana: estuda a estrutura
humana macroscopicamente, a olho nu.
Anatomia microscópica: são as estruturas que só
podem ser vistas com auxilio de um microscópio
(CRUZ, 2006, p. 233).
As ciências da anatomia e da fisiologia são o Figura 1: Anatomia Humana
fundamento para a compreensão das estruturas Fonte: http://38.media.tumblr.com/jpg
e das funções do corpo humano. Anatomia e a Acessado em: 23. outubro. 2018.
www.revistapodologia.com 12
2.1.1 Ossos do Pé ção do peso e voltam a forma quando o peso é
removido, armazenando energia para o passo
O pé é composto por 26 ossos e outros asses- seguinte e ajudando a absorver choques (TORTO-
sórios que nem sempre estão presentes em RA, 2017, p. 257).
todos os pés, sendo muitos deles causadores de
problemas que impedem a perfeita deambula- As falanges do pé são em numero de quatorze,
ção. Alem dos 26 ossos pé consideramos tam- sendo divididas em proximais, medias e distais,
bém os ossos que se articulam com o pé para com exceção no hálux, que é formado pelas
entendermos melhor a formação da estrutura falanges proximal e distal. As falanges possuem
que conhecemos como tornozelo. Os ossos são uma base articulada com o osso metatarsal
oriundos de células chamadas de osteoblastos, e correspondentes, sendo um corpo e um troclea,
as células denominadas esteoclastos agem loco- a qual se articula com a base da próxima falange
moção do tecido ósseo (BEGA, 2014, p. 21). correspondente, (CASTRO, 1985, p.35).

De acordo com Volpon (1996), o pé é formado


por 26 ossos e dividido em 3 segmentos: retropé,
mediopé, e antepé. O retropé é formado pelo
tálus e calcâneo, articulando- se com a tíbia e
fíbula, ossos da perna, em suas extremidades
inferiores. O mediopé é formado pelo navicular,
escafóide e cuneiformes e o antepé pelos meta-
tarsais e 14 falanges (três para cada um dos
dedos, exceto para o hálux, que possui apenas
duas). Os ossos são mantidos unidos através dos
ligamentos, que totalizam um número de107,
formando as articulações.

O esqueleto do pé é subdividido em tarso,


metatarso e as falanges. Sendo que o tarso é
constituído por sete ossos que são o tálus, calcâ-
neo, navicular, cubóide e três ossos cuneiformes,
sendo o lateral, intermédio e o medial. O tálus e
o calcâneo estão localizados na parte posterior
do pé e na parte anterior estão os ossos cubóide,
o navicular e os três cuneiformes. O metatarso é
composto de cinco ossos metatarsais, os quais Figura 2: Ossos do pé
são numerados I a V, sendo o primeiro mais Fonte: http://2.bp.blogspot.com/ANATOMIADO-
espesso que os outros ossos, devido sustentar PE.jpg
mais peso (WALTER AND KOCH, 2005, p. 76). Acessado em: 11. outubro. 2018.

Assim como nas mãos, os pés possuem cinco 2.1.2 Músculos do Pé


ossos longos, os chamados metatarsos, que con-
sistem em cabeça, corpo e base, cinco dos ossos Músculos são órgãos que gozam da proprieda-
tarsais, cujo nome é dado ao conjunto dos sete de de contrair-se, isto é, diminuir de comprimen-
ossos restantes do pé, formam o mediopé e os to sob a influencia de um estimulo, o qual é pro-
outros dois constituem o retropé. No mediopé veniente do sistema nervoso. Os músculos são
está o cubóide, o navicular e cuneiformes medial, considerados como órgãos porque, além da
intermédio e lateral. No retropé estão os dois parte carnosa que é chamada ventre, constituída
maiores ossos do pé, o calcâneo e o tálus. Ambos por tecido muscular, eles se prendem nas extre-
têm grande importância na sustentação do peso midades por um tecido conjuntivo resistente e
(NORTON; OLDS, 2005, p. 398). esbranquiçado que são os tendões. Todo múscu-
lo ainda, é envolvido por uma lamina conjuntiva
Os ossos do pé são distribuídos em dois arcos chamada fascia muscular e dispõe de artérias,
mantidos em posição por ligamentos e tendões. veias, nervos e vasos linfáticos. O termo músculo
Os arcos possibilitam que o pé suporte o peso do vem do latim e significa ratinho, pois parecem
corpo, distribuem o peso corporal de maneira bichinhos a se movimentarem debaixo da pele
ideal pelos tecidos moles e duros do pé e propor- (WALTER AND KOCH, 2005, p. 110).
cionam uma alavanca na ação de caminhar. Os
arcos não são rígidos, eles cedem com a aplica- Os músculos também podem ser classificados
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Figura 3: Músculos do pé
Fonte: http://saude.culturamix.com/blog/wp/musculos-do-pe-e-tornozelo
Acessado em: 11. outubro. 2018.

como extrínsecos ou intrínsecos. Os intrínsecos zados, em sua maioria, na superfície plantar,


são aqueles que começam e terminam em um onde os encaixes ósseos e ligamentares propor-
mesmo membro, e extrínsecos são aqueles que cionam espaço para acomodar os músculos.
começam em um membro e terminam em outro. Acima de todos os músculos intrínsecos do pé
está a fáscia plantar, originária do calcâneo, que
Os tendões ligam os músculos aos ossos, mais protege os músculos, vasos sangüíneos e nervos
precisamente ao periósteo, que é uma membra- da superfície plantar do pé.
na que reveste os ossos. Tanto nos músculos
quanto nos tendões pode-se encontrar recepto- Conforme Hamilton (1983), após a fáscia plan-
res do sistema nervoso periférico, como o órgão tar encontra-se a primeira camada plantar, sendo
tendinoso de golgi (OTG). Essa estrutura sinaliza ela composta por abdutor do hálux, flexor curto
ao sistema nervoso a tensão que a musculatura dos dedos e abdutor do dedo mínimo. Na segun-
exerce sobre os tendões onde ela se encontra da camada, o quadro plantar e lumbricais aju-
inserida (BEGA, 2014, p. 43). dam na flexão de articulações e no caso dos lum-
bricais, estendem duas delas. A terceira camada
Os músculos intrínsecos do pé são divididos é composta pelo flexor curto do hálux, adutor do
em dois grupos, músculos dorsais do pé e mús- hálux e flexor curto do dedo mínimo, cujos
culos plantares do pé. Há dois músculos dorsais, nomes indicam suas funções. A quarta e última
o extensor curto do halux e o extensor curto dos camada encontra-se entre os interósseos do pé.
dedos. O músculo extensor curto dos dedos tem
quatro partes e esta localizado profundamente O interósseo dorsal se subdivide em quatro
em relação aos tendões do músculo extensor músculos. Já o interósseo plantar divide-se em
longo dos dedos, o qual estende os segundo e o três músculos, sendo que, em ambos, quando
quinto dedos nas articulações metatarsofalangi- ocorre a contração dos músculos, o segundo
cas (TORTORA, 2017, p. 397). dedo não se movimenta, pois nos dois casos exis-
tem músculos interósseos nos dois lados do
De acordo com Bozano (2011), a maior inser- segundo dedo e sua contração não permite que
ção nos ossos plantares, são os três músculos ele se mova.
que constituem o compartimento profundo pos- Os músculos são elementos ativos do movi-
terior, possuem seus nomes semelhantes ao dos mento, atuando sobre os ossos e as articulações,
músculos do compartimento anterior. São eles: dando movimento ao corpo (CRUZ, 2006, p.
tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor 242).
longo do hálux. Já os músculos intrínsecos do pé
possuem quatro camadas distintas e são locali- Cada músculo se liga aos ossos por meios de
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um tendão. O tendão e uma estrutura composta to de partes moles e duras que servem como
por tecido conjuntivo denso fibroso, rico em meio de união entre dois ou mais ossos próxi-
fibras de colágeno e muito resistente a tração mos, a maioria dos ossos se unem por articula-
(BEGA, 2014, p. 37). ções sinoviais, conferindo mobilidade necessária
para se adaptar a forcas longitudinais aplicadas
Mediante Schmidt (2005), o pé tem um total de sobre o pé e se moldar aos diferentes tipos de
20 músculos, distribuídos em quatro regiões: superfície durante a caminhada.
dorsal, plantar, plantar interna. Os músculos
maiores são chamados de extrínsecos; sua base Diferentes das mãos, que servem para movi-
muscular está na perna e a terminação tendinosa mentos amplos e delicados, os pés suportam
encontra-se na planta do pé ou nos dedos. Os todo o peso do corpo e muitas vezes tem que per-
principais músculos longos são: tríceps sural: é o correr terrenos acidentados e adaptar-se a eles,
principal músculo da panturrilha, que se insere atuando também como forca propulsora para
no calcâneo através do tendão de Aquiles, sendo transportar o corpo (LESMES, 1996, p. 199).
o principal flexor plantar do pé; Longo flexor do Há 33 articulações nos pés divididas em dois
hálux e flexor comum dos dedos que são supina- grupos importantes: diartroses (articulações
dores do calcâneo e flexionam os dedos, Tibial moveis, de movimento) e anfiartroses (articula-
anterior é o principal flexor dorsal do pé, exten- ções semimóveis, limitadas por um ligamento
sor longo do hálux e extensor comum dos dedos interósseo), os tipos de articulações são: interfa-
são extensores dos dedos e ajudam na extensão langicas, metatarsofalangicas, tarsometatarsia-
do pé. nas e articulações entre os ossos do tarso e entre
a tíbia, fíbula e talus (BEGA, 2014, p. 24).
Ultrapassando-se a aponeurose plantar, chega-
se aos músculos, que podem ser escalonados em As articulações entre as falanges são denomi-
quatro planos: primeiro plano (abdutor do hálux, nadas de articulações interfalangeanas, a proxi-
flexor curto dos dedos, abdutor do dedo míni- mal e a distal, exceto no hálux (CASTRO, 1985, p.
mo), segundo plano (tendão do flexor longo do 81).
hálux, quadrado da planta, tendão do flexor A articulação sinovial permite um movimento
longo dos dedos, lumbricais), terceiro plano (fle- amplo e é mantida por ligamento e músculos que
xor curto do hálux, adutor do hálux, flexor curto passam através dela, também a articulação
do dedo mínimo), quarto e ultimo plano (tendão fibrocartilaginosa que maximiza a estabilidade
do tibial posterior, tendão do fibular longo e inte- da articulação, mas limita o movimento do
rosseos) (WALTER AND KOCH, 2005, p. 200). esqueleto (CRUZ, 2006, 324).

2.1.3 Articulações do Pé Este tipo de articulação permite movimentos


de deslizamento, flexão, extensão, hiperexten-
Segundo Hamilton (1983), as articulações con- ção, abdução, rotação e circundação, também
sistem nas conexões existentes entre quaisquer permite movimentos especiais como a inversão,
partes rígidas do esqueleto (ossos ou cartila- a eversão, a dorsiflexão, a flexão plantar, a protu-
gens). Têm como função unir os ossos colocan- são, a supinação, a pronação, a retração, a eleva-
do-os em contato e permitindo mobilidade. A ção e a depressão que ocorrem só em algumas
maior ou menor possibilidade de movimento determinadas articulações (WALTER AND KOCH,
varia com o tipo de união. São classificadas em 2005, p. 39).
articulações fibrosas, onde há tecido fibroso
entre as peças ósseas. Também são denomina- De acordo com Hamill and Knutzen (1999), as
das anartrose ou sinartrose, onde não apresen- articulações do pé são diferenciadas sob dois
tam movimento. aspectos, que permite grandes movimentos do
pé, com função de locomoção situada no torno-
As articulações são classificadas estrutural- zelo e nas articulações dos dedos, é muito impor-
mente, com base nas características anatômicas, tante no movimento de marcha.
e funcionalmente de acordo com o tipo de movi-
mento que possibilitam. A classificação estrutu- A articulação é estabilizada por cinco ligamen-
ral das articulações é baseada em dois critérios, tos curtos e potentes os quais devem resistir às
existência ou não de espaço entre os ossos inte- forças elevadas e sobrecargas intensas durante a
grantes da articulação, chamado de cavidade deambulação e a movimentação do membro infe-
articular, e tipo de tecido conjuntivo que une os rior. Os ligamentos que suportam o tálus impe-
ossos (TORTORA, 2017, p. 264). dem a pronação e a supinação excessiva, ou
especificamente a abdução, adução, flexão plan-
Já para Moore (2001), a articulação é o conjun- tar, dorsiflexão, inversão e eversão.
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Figura 4: Articulações do pé
Fonte: https://image.slidesharecdn.com/biomecanicadopetornozelo
Acessado em: 11. outubro. 2018.

2.2 Sistema Circulatório do Pé metatarsais. Das artérias arqueadas ramificam-


se em artérias metatarsais dorsais, que passam
O sistema circulatório pode ser separado em ao longo dos ossos metatarsais. As artérias
duas partes: sistema cardiovascular que e forma- metatarsais dorsais terminam dividindo-se em
do pelo coração e vasos sanguíneos (artérias, artérias digitais dorsais, que passam para os
veias e capilares), que formam um circuito de dedos dos pés (TORTORA, 2017, p. 777).
tubos fechados por onde o sangue e conduzido e
também pelo sistema linfático que são os órgãos Já para Moore (2001), através do arco plantar
linfóides (linfonodos e tonsilas, baço, timo e há uma inter comunicação entre estas três arté-
medula óssea), que estão relacionados a defesa rias, formando as artérias metatársicas e poste-
do organismo e pelos vasos linfáticos (capilares, riormente as digitais, que são responsáveis pela
vasos e troncos linfáticos) que atuam como auxi- irrigação anterior do antepé. O Arco plantar
liar de drenagem conduzindo a linfa (BEGA, situa- se entre a terceira e quarta camadas dos
LAROSA, 2010, p. 98). músculos da planta.

Para Zorzeto (1999), o sistema circulatório O retorno venoso é iniciado superficialmente


agrupa os órgãos destinados à circulação do san- quando as veias profundas surgem como veias
gue e da linfa. É constituído por um conjunto digitais plantares nas faces plantares dos dedos,
fechado de tubos distribuídos por todo o organis- estas veias drenam proximamente e recebem
mo, que são os vasos arteriais, os vasos venosos veias de uma rede venosa plantar, da planta do
e os vasos linfáticos que contêm o sangue e a pé, para formar quatro veias metatársicas plan-
linfa. tares. Estas se comunicam com as veias do dorso
do pé por intermédio de veias que sobem entre
A função da circulação é atender às necessida- as cabeças dos metatársicos (OLIVEIRA; SAN-
des dos tecidos, transportar nutrientes para os TOS, 2013, p. 03).
tecidos, transportar os produtos finais do meta-
bolismo para longe deles, conduzir hormônios de Mediante Sobotta (2000), estas por sua vez,
uma parte do corpo para outra e, em geral, man- confluem formando a veia marginal lateral e
ter um ambiente adequado, nos líquidos teci- medial, estas se unem formando o arco venoso
duais para a sobrevivência e funcionamento das dorsal do pé, que fica sobre os ossos metatársi-
células (GUYTON e HALL, 2002, p. 147). cos, situados na tela subcutânea. De tal arco, já
na planta do pé, veias plantares laterais e
No dorso do pé, as artérias dorsais do pé emi- mediais se dirigem posteriormente e se unem
tem um ramo transverso no primeiro osso cunei- para formar, atrás do maléolo medial, as veias
forme medial chamado artérias arqueadas, que tibiais posteriores. No dorso do pé formam a veia
passam lateralmente sobre as bases dos ossos safena magna e parva, e veias tibiais anteriores.
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Figura 5: Sistema Circulatório do pé
Fonte: http://yamedik.org/content/anatomiya/bil.jpeg
Acessado em: 16. outubro. 2018.

2.3 Sistema Nervoso do Pé de, na extremidade de cada fibra sensitiva há um


dispositivo captador, que é denominado receptor
Com apenas 2 kg de peso, cerca de 3% do peso (CASTRO, 1985, p. 283).
corporal total, o sistema nervoso é um dos meno-
res, porem mais complexos, dos 11 sistemas cor- O sistema nervoso e dividido anatomicamente
porais. Esta rede intrincada de bilhões de neurô- em duas partes, a central, formado pelo encéfalo
nios e de um numero ainda maior de células da e pela medula espinhal, e a periférica, formada
neuroglia esta organizada em duas subdivisões pelos nervos, terminações nervosas e os gânglios
principais, o sistema nervoso central e o sistema (BEGA, LAROSA, 2010, p. 187).
nervoso periférico (TORTORA, 2017, p.405).
O sistema nervoso é capaz de perceber milha-
De acordo com Hamill and Knutzen (1999), os res de estímulos, transmiti-los a diferentes par-
nervos são cordões que unem o sistema nervoso tes do corpo e efetuar as respostas, agindo sobre
central aos órgãos periféricos. Se esta união se o sistema muscular ou sobre as glândulas, reali-
dá com as regiões do encéfalo, os nervos se zando movimentos e estimulando secreções.
denominam nervos cranianos; se for com a Portanto, ele é responsável pela coordenação e
medula espinhal, eles recebem o nome de nervos integração das funções de células, tecidos,
espinhais. Os nervos cranianos formam doze órgãos e aparelhos, para que funcionem de
pares. Os nervos espinhais formam trinta e um maneia harmoniosa e integrada (CRUZ, 2006, p.
pares. Os nervos são formados por fibras nervo- 266).
sas sensitivas e motoras.
A neurologia (neuro = nervo) é o ramo da ciên-
São as fibras nervosas dos nervos que fazem a cia que lida com o funcionamento normal e dis-
ligação dos diversos tecidos do organismo com o túrbios do sistema nervoso. O sistema nervoso
sistema nervoso central. As fibras sensitivas tra- tem 2 divisões principais: O sistema nervoso cen-
zem o impulso nervoso dos vários setores do tral (SNC) formado pelo encéfalo e a medula
corpo para o neuroeixo, enquanto as fibras moto- espinhal. O sistema nervoso periférico (SNP) for-
ras levam o impulso do sistema nervoso central mado pelos nervos espinhais e cranianos. Ele
para a periferia. Para a percepção da sensibilida- tem células denominadas neurônios sensitivos
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Figura 6: Sistema Nervoso do pé
Fonte: https://accessmedicina.mhmedical.com/data/books.pngl.jpeg
Acessado em: 16. outubro. 2018.

ou aferentes e células denominadas neurônios profundamente a cabeça medial do músculos


motores ou eferentes. A maioria dos neurônios gastrocnêmico e passa acompanhar o trajeto da
são neurônios de associação ou interneurônios – artéria tíbia. Nesse trajeto, inerva todos os mús-
conduzem os impulsos nervosos dos neurônios culos da região posterior da perna e ao penetrar
sensoriais aos neurônios motores (WALTER AND no calcanhar emite ramos cutâneos para o cal-
KOCH, 2005, p. 82). canhar e a planta do pé (BEGA, LAROSA, 2010,
p. 189).
Para Moore (2001), os nervos digitais plantares
estendem sobre o dorso para inervar os leitos 2.4 Sistema Tegumentar
ungueais e as pontas dos dedos. O nervo plantar
medial sendo o maior dos ramos terminais do O sistema tegumentar (tegumentar = cobertu-
nervo tibial se origina sob a cobertura do retiná- ra) e constituído pela pele e seus órgãos acessó-
culo flexor, profundamente ao abdutor do hálux, rios, como pelos, as unhas, as glândulas e os
e vai até o abdutor do hálux e o flexor curto dos vários receptores especializados. A pele constitui
dedos, lateralmente à artéria plantar medial iner- um manto continuo que envolve todo o organis-
va a pele da planta do pé e os músculos adjacen- mo, protegendo-o e adaptando-o ao meio
tes ao hálux. Seus ramos terminais são os quatro ambiente (WALTER AND KOCH, 2005, p. 21).
nervos digitais plantares, que inervam os múscu-
los, a pele e as articulações adjacentes. A pele e o maior órgão do corpo, constituindo
cerca de 10% do peso corporal. Esta constante-
A inervação dos dedos ocorre através de nervos mente exposta a agressões físicas e mecânicas,
que se originam no nervo tibial anterior e poste- que podem ter conseqüências físicas permanen-
rior. A inervação ocorre através do quinto dedo e tes ou não (HESS, 2002, p. 09).
da metade medial do quarto dedo recebe inerva-
ção sensitiva pelo ulnar. O restante se faz por A pele chamada de tegumento comum e com-
meio do mediano derivam de uma invaginação da posto por pele, pelos, glândulas sebáceas e sud-
epiderme, a qual já se encontra perfeitamente oríferas, unhas e receptores sensitivos. O tegu-
formada na metade do período da vida fetal mento comum ajuda a manter uma temperatura
(JUSTINO; JUSTINO; BOMBONATO, 2011, p. 27). corporal constante, protege o corpo e fornece
informações sensitivas a respeito do ambiente ao
O nervo tibial deixa a fossa poplítea passando redor (TORTORA, 2017, p. 145).
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Figura 7: Sistema Tegumentar do pé
Fonte: https://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/pele.jpg
Acessado em: 16. outubro. 2018.

A pele é um complexo formado por reentrân- zar a vitamina D pela ação dos raios ultraviole-
cias e saliências mais evidentes nas regiões das tas, ainda, ela tem a capacidade de absorver
palmas das mãos e das plantas dos pés. Estas substancias, de preferência de natureza gorduro-
reentrâncias e saliências recebem o nome de der- sa, e decorrendo desse fato, tem sido largamente
matoglifos e servem para identificar as pessoas, utilizada para administração de certos tipos de
pois se apresentam de maneira diferente em medicamentos, que são friccionados em sua
cada individuo. T superfície (CASTRO,1985, p. 573).
rês camadas compõem a pele: epiderme,
derme e hipoderme ou tecido subcutâneo (BEGA, A pele na planta do pé é especial. A pele e a
2006, p. 14). derme são muito espessas, na área do calcâneo,
compartimentos fibrosos fechados que vão da
A epiderme é mais superficial da pele e esta derme ao osso formam um colchão hidráulico
apoiada sobre a derme, nas plantas dos pés ela muito resistente e único. Estrutura semelhante é
chega a medir ate 1,6 mm de espessura em encontrada sob a cabeça dos metatarsal. Isso
situações de normalidade, podendo apresentar ajuda a absorver as forças de compressão, mas
maior espessura em casos de hiperqueratose e principalmente as enormes forças de estiramen-
calos (BEGA, 2014, p. 09). to a que o pé está exposto (DUERKSEN, 2003, p.
111).
A derme é uma espessa camada de tecido con-
juntivo que se estende da epiderme até o tecido 2.5 Anatomia da Lamina Ungueal
subcutâneo. Nesta camada situam-se os anexos
da pele, muitos vasos sangüíneos, vasos linfáti- A unha constitui um dos anexos cutâneos mais
cos e nervos. Pode ser dividida em camada papi- importantes para o conhecimento do podologis-
lar, mais externa, e camada reticular, mais inter- ta. Trata-se de um corpo duro, porém flexível,
na. A derme contém muitos tipos diferentes de que serve para revestir e proteger as extremida-
células, incluindo fibroblastos e fibrócitos, des dos dedos dos pés e das mãos. Termo deri-
macrófagos, mastócitos e leucócitos sangüíneos, vado do latim úngula, é um corpo semitranspa-
particularmente neutrófilos, eosinófilos, linfóci- rente que cobre a porção dorsal dos dedos
tos e monócitos (BLANES, 2004, p 03). (BEGA, 2014, p. 15).

A cútis tem a propriedade biológica de sinteti- As unhas dos pés, além de possuir funções pro-

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Figura 8: Anatomia da Lamina Ungueal
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/Unhacortesagital.jpg
Acessado em: 15. outubro. 2018.

tetoras, contribuem para uma correta biomecâni- forma de meia lua, visível através da unha, deno-
ca do pé e, por isso, estão diretamente relaciona- minada lúnula. Na extremidade proximal da
das a todas as patologias que causam uma loco- unha, encontra-se o eponíqueo (cutícula). Abaixo
moção alternada: funções da unha, defesa, esté- da ponta livre da unha, a camada córnea é espes-
tica, preensão/pinça, protetora e tátil (TOSTI; sada e assim denominada de hiponíqueo. As
PIRACCINI; CHIACCHO, 2007, p. 27). unhas geralmente possuem uma colocação rosa-
da em função da extensa rede capilar existente
Destaca que enquanto função as unhas são abaixo dela (SPENCE, 1991, p. 84).
representativas no ato de proteger os dedos de
traumatismos, defesa, adorno, revelados de A dobra ungueal posterior apresenta um pro-
doenças sistêmicas e, principalmente preservar longamento da camada córnea que recobre a
o tato das mãos (MENDONÇA, 2004, p. 228). porção proximal da unha, cutícula, abaixo desta,
o eponíqueo, que adere a lâmina ungueal (SAM-
Para GRAY (1988), as unhas dos pés, além de PAIO; RIVITTI, 1987, p. 11).
possuir funções protetoras, contribuem para
uma correta biomecânica do pé e, por isso, estão A prega supra-ungueal e é constantemente irri-
diretamente relacionadas a todas as patologias gada pelos vasos sanguíneos já a prega supra-
que causam uma locomoção alternada: funções ungueal, localiza-se antes do hiponíquio e reco-
da unha, defesa, estética, preensão/pinça, prote- bre a matriz da unha. Sulco ungueal é a estreita
tora e tátil. faixa de pele localizada lateralmente a lâmina
(VIANA, 2005, p. 09).
Sobre o dorso das falanges distais dos dedos
encontra-se a unha, esta, portanto, correspon- A maior parte do aparelho consiste no corpo da
dente ao espessamento da camada córnea. A unha propriamente dito, as bordas laterais, a
região espessada da camada basal (germinativa) prega proximal, a lunula (correspondente a por-
é denominada matriz ungueal, nesta ocorrem cao mais distal da matriz da unha), o eponiquio
mitoses (divisão celular), portanto, as células (também conhecido como cutícula), o hiponiquio
anteriormente formadas que já se corneificaram (logo abaixo da porção mais distal do corpo,
são empurradas para frente, dando assim, o entre e o vale da unha (BEGA, 2014, p. 17).
crescimento da unha. O leito da unha é composto
pela camada basal (germinativa), esta camada é A extremidade proximal da lâmina é formada
espessada abaixo da extremidade proximal da pelo eponíquio e sua função é de proteção contra
unha, formando uma região esbranquiçada em agentes externos. A lúnula é a meia-lua de cor
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branca que se localiza na base ou na extremida- comuns estão associadas com anormalidades na
de proximal da unha, apresenta-se lisa, achatada concentração e na secreção de insulina, resistên-
e brilhante. A borda livre é a parte da lâmina cia celular a ação da insulina e com anomalias
ungueal que se projeta descolada, fora do leito vasculares, tais como espessamento de membra-
ungueal. Já o hiponíquio é a área localizada abai- na basal. Entretanto, o diagnostico e baseado o
xo da margem livre da borda ungueal, isto é, achado de glicemia persistentemente anormal
onde o leito se desprende da lâmina ungueal. em algum momento da vida (BARKER, BURTON,
Área com grande quantidade de terminações ner- ZIEVE, 1993, p. 833).
vosas, por este motivo bastante sensível (JUSTI-
NO; JUSTINO; BOMBONATO, 2011, p. 30). Diabetes mellitus tipo 1 também chamado de
insulinodependente, surge bruscamente e aco-
O crescimento da unha varia de 2 a 4 mm por mete com mais freqüência os indivíduos menores
mês, podendo ser afetado por distúrbios hormo- de 30 anos. O diagnostico é feito geralmente,
nais, nutricionais e por doenças sistêmicas entre 11 e 13 anos de idade, porém 32% dos
(DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004, p. casos são diagnosticados após 32 anos de idade
1051). (BEGA, 2014, p. 258).

Segundo Gardner (1998), o leito ungueal é irri- O diabetes mellitus tipo 1 caracteriza-se pela
gado por dois arcos arteriais, os quais são anas- destruição das células beta do pâncreas, este e
tomoses entre as duas artérias laterais dos subdividido em dois tipos, o diabetes imunologi-
dedos das mãos e pés. Vasos sanguíneos de camente mediado do tipo 1A e o diabetes idiopá-
tamanho médio ligam-se da dobra ungueal até a tico do tipo 1B, acredita-se que o diabetes tipo 1
articulação interfalangiana proximal. Outras ter- seja decorrente de uma predisposição genética.
minações nervosas podem ser vistas nas papilas As manifestações clinicas do diabetes inclui poli-
dérmicas e, provavelmente, terminam entre as úria, polidipsia e polifagia. A poliúria e a micção
células epiteliais. aumentada, a polidipsia e a sede aumentada e a
polifagia e o aumento do apetite. Os outros sinto-
2.6 Diabetes mas englobam a fadiga, a fraqueza, alterações
súbitas da visão, pele seca, formigamentos ou
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença endó- dormência nas mãos ou pés, lesões que se
crina caracterizada por um grupo de desordens curam de forma lenta e infecções recorrentes
metabólicas, incluindo elevada glicemia de jejum (BRUNNER E SUDDARTH, 2002, p. 933).
(hiperglicemia) e elevação das concentrações de
glicose sanguínea postprandial, devido a uma O tratamento requer a aplicação de insulina
menor sensibilidade insulínica em seus tecidos externa, pois o pâncreas reduz (ou para) a produ-
alvo e ou por reduzida secreção de insulina. ção de insulina. E possível um período de melho-
Existem quatro classificações de Diabetes ra ser seguido de retorno a produção de insulina,
Mellitus: tipo 1 ou insulino-dependente (DM1); descrito como lua de mel, pois após algum
tipo 2 ou não insulino-dependente (DM2); gesta- tempo desaparece, e o quadro de diminuição de
cional; e secundário a outras patologias. produção de insulina recrudesce (BEGA, 2006, p.
Independente da classificação, a principal carac- 247).
terística do Diabetes Mellitus é a manutenção da
glicemia em níveis acima dos valores considera- O Diabetes Mellitus tipo 2 refere-se a uma con-
dos normais (ARSA, 2009, p. 103). dição heterogênea que descreve a presença de
hiperglicemia em associação a deficiência relati-
De acordo com Silva (2009), o Diabetes va de insulina. Os indivíduos com diabetes tipo 2
Mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, são, em sua maioria de idade mais avançada e
decorrente da falta de insulina e/ou da incapaci- estão acima do peso. Todavia, recentemente o
dade da mesma de exercer adequadamente seus diabetes tipo 2 tornou-se uma condição mais
efeitos, resultando em resistência insulínica. comum em adolescentes e crianças com obesi-
Caracteriza-se pela presença de hiperglicemia dade (PORTH;MATFIN, 2010, p. 1080).
crônica, freqüentemente, acompanhada de disli-
pidemia, hipertensão arterial e disfunção endote- O tratamento atual do DM2 visa manter o con-
lial. trole glicêmico adequado, seja com dieta hipoca-
lórica, aumento da prática de exercícios físicos
Diabetes Melitus é uma condição caracterizada ou uso de medicações. Existem no momento
por anormalidades na utilização de glicose, asso- diversas opções terapêuticas, que podem ser uti-
ciadas com elevação de sua concentração san- lizadas isoladamente ou em associações. A
guínea. As variedades de diabetes melitus mais importância do controle glicêmico na prevenção
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Figura 9: Sintomas da Diabetes
Fonte: https://static.tuasaude.com/media/sintomas-de-diabetes.jpg
Acessado em: 23. outubro. 2018.

Figura 10: Fisiopatologia do pé Diabético


Fonte:http://doctorfeet.com.br/tratamento-pes/imagens/informacoes/tratamento-
pes-diabeticos-01.jpg
Acessado em: 23. outubro. 2018

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Figura 11: Fisiologia do pé Diabético
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images
Acessado em: 23. outubro. 2018.
ou redução das complicações micro e macrovas- 2.7 Pé Diabético
culares. E essencial conscientizar o diabético da
sua participação no controle glicêmico, com Pé Diabético é o termo empregado para nome-
determinação de glicemia capilar, como proceder ar as diversas alterações e complicações ocorri-
em situações de hiper ou hipoglicemia, nas infec- das, isoladamente ou em conjunto, nos pés e nos
ções e na gravidez. Isto melhora o controle do membros inferiores dos diabéticos. Para tanto, é
DM e diminui a freqüência de internações hospi- primordial a disseminação do conceito de que o
talares (ARAUJO, 2000, p. 509). pé diabético é caracterizado pela presença de
pelo menos uma das seguintes alterações: neuro-
Os sintomas, entretanto, aparecem gradual- lógicas, ortopédicas, vasculares e infecciosas,
mente, chegando-se a conclusão de que a doen- que podem ocorrer no pé do paciente portador
ça já existia há muito tempo, talvez entre 9 e 12 de diabetes. Essa visão se contrapõe, de forma
anos antes do diagnostico. A maior parte dos decisiva, à visão corrente do membro em estágio
diabéticos tipo 2 são obesos. terminal, necrosado e infectado (CAIAFA, 2011,
Atualmente, as taxas de incidência em pessoas p. 32).
jovens estão aumentando, ate mesmo em crian-
ças e adolescentes, o que se deve a ma nutrição, Para Vieira (2008), pé diabético, segundo defi-
ao sedentarismo e a obesidade (BEGA, 2014, p. nição do Consenso Internacional sobre Pé
259). Diabético, é infecção, ulceração e ou destruição
dos tecidos profundos associados a anormalida-
Mediante Gross (2002), a grande maioria des neurológicas e vários graus de doença vascu-
(85%) dos casos graves que necessita internação lar periférica nos membros inferiores. Os proble-
hospitalar, origina-se de úlceras superficiais ou mas com os pés representam uma das mais
de lesões pré-ulcerativas nos pés de pacientes importantes complicações crônicas do diabetes
diabéticos com diminuição da sensibilidade por sendo a ulceração a causa mais comum de
neuropatia diabética associada a pequenos trau- amputações não traumáticas.
mas, geralmente causadas por calçados inade-
quados, dermatoses comuns, ou manipulações O pé diabético reúne três fatores que podem
impróprias dos pés pelos pacientes ou por pes- apresentar-se em conjunto ou separadamente:
soas não habilitadas. As úlceras associadas à angiopatia, neuropatia e infecções. Quando
doença vascular periférica constituem uma somadas essas três características, o paciente
menor parcela, porém requerem cuidados ime- deve ser tratado, em especial, pelo medico, e
diatos e especializados. este deve trabalhar em conjunto com outras
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Figura 12: Cuidados com o Pé Diabético
Fonte: https://static.vix.com/pe-diabetico-cuidados-png
Acessado em: 23. outubro. 2018.

Figura 13: Tratamento do Pé Diabético


Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/img/2012.jpg
Acessado em: 23. outubro. 2018.

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áreas da saúde, inclusive com a podologia. incluindo a neuropatia, a neuroartropatia de
Quando apenas uma das características apresen- Charcot, a ulceração do pé, a osteomielite, sendo
tar-se no pé diabético, é importante analisar se potencialmente prevenível a amputação. Os
as demais coexistem em menor grau, podendo doentes com lesões de pé diabético apresentam,
tornar-se criticas no futuro, em especial se o freqüentemente, complicações múltiplas da dia-
paciente não procurar atendimento podológico e betes (DUARTE, 2011, p. 65).
médico (BEGA, 2014, p. 260).
Oferecer atendimento especial ao paciente por-
Para Gross (1999), a detecção precoce do "pé tador de diabetes é uma das principais funções
em risco" pode ser feita facilmente pela inspeção do podologista. É enorme a variedade de podo-
e avaliação da sensibilidade através de testes patias que acompanham o diabetes, unha mal
simples e de baixo custo. O emprego dessas cortada, calo tratado de forma errônea, lesão
medidas e a educação de profissionais, pacien- provocada por um profissional e demora no diag-
tes e familiares podem reduzir em até 50% o nostico e atendimento podem ser cruciais para a
risco de amputações. formação de uma gangrena, necrose de um
Uma das complicações mais freqüentes é o pé membro de um membro e até óbito (BEGA,
diabético, caracterizado pela presença de lesões 2014, p.259).
nos pés em decorrência das alterações vascula-
res e/ou neurológicas peculiares do diabetes 2.8 Neuropatia
mellitus (MILMAN, 2001, p. 447).
A Neuropatia periférica é um distúrbio que
As úlceras diabéticas podem ser neuropáticas, afeta os nervos motores, sensoriais ou autonômi-
vasculares e mistas. As neuropáticas englobam o cos periféricos. Os nervos periféricos, por conec-
mau perfurante plantar resultante dos pontos de tarem a medula espinhal e o cérebro a todos os
pressão, associado à diminuição da sensibilidade outros órgãos, transmitem impulsos motores
protetora, a qual é causada por uma calosidade para fora, revezando os impulsos sensoriais para
plantar que acaba sendo traumática . As úlceras codificar a sensação no cérebro (BRUNNER and
neuropáticas ocorrem em áreas de distribuição SUDDARTH, 2002, p. 1679).
do peso e do atrito, especialmente sob as epífi-
ses distais do metatarso. As úlceras isquêmicas A neuropatia e um distúrbio do sistema nervo-
englobam lesões secundárias, pequenos traumas so, representado por um processo degenerativo
e escoriações (MELO, 2011, p. 44). que pode evoluir, dependendo da sua etiologia,
para a insensibilidade. O cliente portador de dia-
A expressão pé diabético é discutível, porque betes pode apresentar polineuropatia simétrica
pressupõe que o pé seja diabético sem levar em (quando acomete vários órgãos) ou neuropatia
conta o individuo como um todo. É usada para autonômica. Ocorre uma degeneração distal
definir um estado mórbido, ou seja, uma síndro- retrograda, isso significa que a neuropatia no
me, pois agrega diversos problemas sistêmicos, diabético costuma começar pelas extremidades
quais sejam: hiperglicemia, neuropatia, vasculo- (BEGA, LAROSA, 2010, p. 174).
patia, alterações osteoarticulares, musculares e
de pele, podendo se associar a infecções oportu- A neuropatia diabética (ND), no sentido mais
nistas. É que o pé do diabético não necessita for- amplo, abrange um largo espectro de anormali-
cosamente, ser um pé diabético. O pé diabético, dades, afetando componentes do sistema nervo-
em suma, é aquele que agrega no seu conjunto so periférico e autonômico. As anormalidades
alterações anatômicas e funcionais, (BEGA, neurológicas ocorrem tanto no diabetes tipo 1
2006, p. 252). quanto no tipo 2, assim como em formas de dia-
betes adquiridas. A ND não é uma entidade única
De acordo com Bortoletto (2009), entre as simples, mas sim um conjunto de síndromes
complicações do diabetes encontram se as lesõ- com variadas manifestações clínicas ou subclíni-
es crônicas nos vasos sanguíneos (vasculopatia) cas (GAGLIARDI, 2003, p. 67).
e nervos (neuropatia), afetando principalmente
rins, retina, artérias, cérebro e nervos periféricos. A neuropatia apresenta-se pela diminuição da
Estas complicações crônicas são diretamente sensibilidade ao calor, ao toque e a dor, em con-
condicionadas à duração do diabetes, à presença seqüência da morte prematura dos neurônios
de hipertensão arterial, ao mau controle glicêmi- periféricos, deixando os pés mais vulneráveis aos
co, ao tabagismo, entre outros fatores. ferimentos e incômodos não sentidos. A neuropa-
tia quando aliada aos problemas circulatórios, a
A síndrome do pé diabético engloba um núme- cicatrização e ao combate as infecções deficien-
ro considerável de condições patológicas, tes, aumenta a dificuldade de se tratar esse tipo
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de paciente, e o numero de amputações e as traumas despercebidos, por exemplo, de sapatos
taxas de mortalidade sobem (BEGA, 2014, p. apertados que produzem pontos de pressão e
261). determinam abrasões penetrantes. Os ferimen-
Neuropatia diabética (ND), é a complicação tos podem resultar da penetração de materiais
mais comum do diabetes mellitus (DM), compre- estranhos ou de lesões no corte das unhas. Alem
endendo um conjunto de síndromes clinicas que do déficit sensitivo, a fraqueza motora dos mús-
afetam o sistema nervoso periférico sensitivo, culos extensores e flexores contribui para a defor-
motor e autonômico, de forma isolada ou difusa, midade anatômica que produz pontos de pressão
nos seguimentos proximal ou distal, de instala- e conseqüentemente ulcerações (BARKER, BUR-
ção aguda ou crônica, de caráter reversível ou TON, ZIEVE, 1993, p. 857).
irreversível, manifestando-se silenciosamente ou
com quadros sintomáticos dramáticos. A com- A neuropatia diabética apresenta um quadro
plexidade da ND impõe um diagnostico de exclu- variado, com múltiplos sinais e sintomas, depen-
são com varias outras patologias (ex: hipotireoi- dentes de sua localização em fibras nervosas
dismo, anemia perniciosa, alcoolismo, hansenía- sensoriais, motoras e ou autonômicas. A neuro-
se, AIDS, porfiria, deficiências vitamínicas) (BRA- patia pode variar de assintomática ate fisicamen-
SIL, 2001, p. 72). te incapacitante (BRASIL, 2014, p. 78).

Segundo Lacerda (2005), a neuropatia, cujo As alterações de sensibilidade plantar no


mecanismo patogênico pode apresentar-se sob paciente com diabetes mellitus são responsáveis
três formas: motora, caracterizada por alteração diretas pela considerável morbidade relacionada
da arquitetura do pé que desloca os sítios de com as úlceras plantares e suas conseqüências,
pressão plantar e por alterações do colágeno, na maioria dos pacientes diabéticos (60-70%)
queratina e tecido adiposo, autonômica, em que com úlceras plantares tem neuropatia e 15-20%
há disfunção simpática, resultando em redução deles apresentam neuropatia associada a proble-
da sudorese e alteração da microcirculação; sen- mas vasculares (SOUZA, 2008, p. 87).
sorial, a mais comum, na qual se observa perda
da sensação protetora de pressão, calor e pro- A neuropatia, no inicio, pode apresentar qua-
priocepção, de modo que traumas menores repe- dros dolorosos, em que é comum o cliente referir
titivos e, até mesmo, danos maiores, não são per- algia (dor) durante a noite e que melhora durante
cebidos pelos pacientes. o dia, com o movimento. Importante dizer que a
dor neuropática faz parte da historia natural da
Os sintomas iniciais incluem as parestesias doença (diabetes) e que tende a desaparecer
(pontadas, formigamentos ou sensação de eleva- com o tempo, não por ter melhorado ou curado,
ção) e sensações de queimação (especialmente a mas porque a dor é um alerta de que há um pro-
noite). A medida que a neuropatia progride, os cesso inflamatório nos nervos evoluindo co o pas-
pés se tornam dormentes. Além disso, uma dimi- sar dos anos para a total insensibilidade dos
nuição na propriocepcao (consciência da postura membros inferiores, devido a lesão crônica des-
e movimento do corpo e da posição e peso dos ses nervos (BEGA, LAROSA, 2010, p. 173).
objetos em relação ao corpo) e uma sensação
diminuída do tato leve podem levar a uma mar- Os sinais achados anormais no exame físico
cha inconstante. neurológico sensitivo em um paciente com dor
As sensações diminuídas de dor e temperatura sugerem o diagnóstico de dor neuropática. Outro
colocam os pacientes com neuropatia em risco aspecto importante é a avaliação do tônus mus-
aumentado de lesão e de não detecção de infec- cular e dos reflexos miotáticos profundos e
ções nos pés. As deformidades do pé também superficiais que vão auxiliar no diagnóstico topo-
podem acontecer com as alterações articulares gráfico da dor (dor neuropática periférica vs. cen-
ligadas s neuropatia produzindo as articulações tral). Com o intuito de dar sentido aos sinais e
de Charcot (BRUNNER and SUDDARTH, 2002, p. sintomas neuropáticos, é útil dividir as manifes-
974). tações da dor neuropática em fenômenos negati-
vos, positivos e autonômicos (SCHESTATSKY,
Úlceras no pé são manifestações comuns da 2008, p. 177).
neuropatia diabética. Embora o diabético seja
propenso a insuficiência vascular (arterial) e a A neuropatia periférica (NP) crônica associada
presença de doença em grandes e pequenos ao diabetes melito consiste em um processo
vasos contribua, a origem do problema é prima- patológico insidioso e progressivo, na qual a
riamente o déficit sensitivo. A neuropatia em severidade não está diretamente representada
geral é assintomática ate essa complicação tar- nos sinais e sintomas desenvolvidos pelos
dia. Como o paciente não percebe a dor, ocorrem pacientes. A NP é o agente causal, ou seja, que
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Figura 14: Neuropatia Diabética
Fonte: http://novo.pessemdor.com.br/2015;img_diabetes.png
Acessado em: 16. outubro. 2018.

Figura 15: Neuropatia Diabética


Fonte: http://fisioterapia.com/2017/diabetes-sem-medo-neuropatia-diabetica.jpg
Acessado em: 23. outubro. 2018

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inicia o processo fisiopatológico, levando à ulce- gos de insulina de curta ou longa duração parece
ração e à amputação. Além disso, a NP por si só ser promissora em controlar o metabolismo e a
é suficiente para causar parestesia dolorosa, ata- qualidade de vida do paciente. O tratamento do
xia sensorial e deformidade de Charcot. A detec- diabetes mellitus tipo 2 inclui as seguintes estra-
ção e identificação precoce do processo neuropá- tégias: educação, modificação do estilo de vida,
tico oferece uma oportunidade crucial para o incluindo a suspensão do fumo (se for o caso),
paciente diabético no sentido de ativamente pro- aumento da atividade física e reorganização de
curar o controle glicêmico ótimo e implementar hábitos alimentares, e, se necessário, o uso de
cuidados com o seu pé antes de a morbidade se medicamentos (CARVALHO, 2010, p. 66).
tornar significante (GAGLIARDI, 2003, p. 67).
O tratamento atual do DM2 visa manter o con-
2.9 Tratamento da Diabetes Tipo 1 e 2 trole glicêmico adequado, seja com dieta hipoca-
lórica, aumento da prática de exercícios físicos
Das condições que são comuns na pratica ou uso de medicações. Existem no momento
ambulatorial, o diabete se destaca pelo seu largo diversas opções terapêuticas, que podem ser uti-
espectro clinico, pela importância da educação lizadas isoladamente ou em associações: sensi-
do paciente e pelo manejo a longo prazo. Para bilizadores da ação de insulina (metformina, tia-
todos os diabéticos os seguintes fatores são zolidinedionas), anti-hiperglicemiantes (acarbo-
importantes: impacto da dieta sobre o diabetes; se), secretagogos (sulfoniluréias, repaglinida,
a implicação do diabetes nas atividades rotinei- nateglinida), drogas anti-obesidade e/ou insulina
ras; o reconhecimento de sinais de piora do dia- (ARAÚJO, 2000, p. 509).
betes; a importância do autocuidado com os pés;
e o esclarecimento de conceitos errados acerca O tratamento do DM tipo 1, alem da terapia
do diabetes. Para o paciente recebendo insulina, não farmacológica, exige sempre a administra-
os seguintes fatores adicionais são importantes: ção de insulina, na qual deve ser prescrita em
administração correta da insulina; as restrições esquema intensivo, de três a quatro doses de
características que a terapia com insulina provo- insulina dia, divididas em insulina basal e insuli-
ca o manejo dietético e nas mudanças de ativida- na prandial, cujas doses são ajustadas de acordo
des; o reconhecimento dos sintomas de hipogli- com as glicemias capilares, realizadas ao menos
cemia; e o ajuste da dose de insulina durante três vezes ao dia. Esse esquema reduz a incidên-
doenças intercorrentes (BARKER, BURTON, cia de complicações microvasculares e macro-
ZIEVE, 1993, p. 838). vasculares em comparação com o tratamento
convencional de duas doses de insulina dia (BRA-
O tratamento básico e o controle da doença SIL, 2014, p. 50).
consistem, primordialmente, na utilização de
uma dieta específica baseada na restrição de ali- A insulina e um hormônio produzido pelas beta
mentos ricos em carboidratos, gorduras e prote- das ilhotas de Langerhans do pâncreas. A molé-
ínas, atividade física regular e no uso adequado cula de insulina é uma proteína formada por
de medicação (6). Entretanto, a adesão a esse duas cadeias interligadas de aminoácidos, não
tratamento exige comportamentos de alguma tendo ação quando administradas por via oral.
complexidade que devem ser integrados na roti- Os efeitos da insulina consistem em reduzir os
na diária do portador de diabetes (ASSUNÇÃO, níveis sanguineos de glicose, ácidos graxos e
2008, p. 2190). aminoácidos e estimular a conversão destes para
compostos de armazenamento que são o glico-
Diante da gênese de complicações crônicas, a gênio, os triglicerídeos e as proteínas (BRASIL,
questão mais importante e desafiadora para os 2001, p. 57).
profissionais de saúde que cuidam de diabéticos
é o controle da glicemia (ARAÚJO, 2010, p. 363). 2.10 Tratamento da Neuropatia

Recomendação de tratamento para o diabetes A detecção e identificação precoce do processo


mellitus. O principal objetivo no tratamento do neuropático oferece uma oportunidade crucial
diabetes tipo 1 é a manutenção da glicemia o para o paciente diabético no sentido de ativa-
mais próximo dos valores considerados normais, mente procurar o controle glicêmico ótimo e
a fim de prevenir as complicações tardias, além implementar cuidados com o seu pé antes de a
de evitar a hipoglicemia, relacionada ao trata- morbidade se tornar significante. O Diabetes
mento. Apesar do avanço no uso de insulinas dis- Control and Complications Trial (DCCT) demons-
poníveis com o regime de injeções múltiplas, o trou que tratamento intensificado com insulina
controle metabólico ainda está longe de ser con- no diabetes tipo 1 reduziu em 61% o risco de
siderado ótimo. A recente introdução de análo- desenvolvimento de alterações clínicas e eletrofi-
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siológicas da neuropatia diabética (ND) é, sem dúvida, a melhor opção na prevenção e
(GAGLIARDI, 2003, p. 67). tratamento da neuropatia diabética (ND) doloro-
sa (GAGLIARDI, 2003, p. 71).
Todos os indivíduos com diabetes devem ser
submetidos a um exame complexo dos pés pelo A dor, principalmente dos membros inferiores,
menos uma vez no ano. Esse exame deve incluir é um sintoma conturbador em algumas pessoas
a avaliação da sensação protetora, estrutura e com neuropatia secundária ao diabetes. Para
biomecânica do pé, estado vascular e integridade outros pacientes, a dor persiste por muitos anos.
da pele. A avaliação da função neurológica deve Varias condutas para o tratamento da dor podem
incluir um teste somatossensorial utilizando o ser tentadas. Estas incluem analgésicos (preferi-
monofilamento de Semmes-Weinstein ou a sen- velmente não-opioides); antidepressivos tricícli-
sação vibratória. O monofilamento de Semmes- cos; fenitoina ou carbamazepina (anticonvulsio-
Weinstein é um dispositivo simples e barato para nantes); mexitelina (um antiarrítmico); ou esti-
testar o estado sensorial (PORTH, MATFIN, 2010, mulação nervosa elétrica transcutânea (BRUN-
p. 1098). NER and SUDDARTH, 2002, p. 974).

A terapia médica provavelmente é inútil, exceto 2.11 Cuidados Podológicos com o


os analgésicos. Freqüentemente, é necessária a Pé Diabético e Neuropático
codeína ou um agente similar para alivio da dor
e pode ser necessário a codeína e seu uso crôni- Podologia: palavra originada do grego (podos =
co. Varias drogas (fenitoina, amitriptrilina, carba- pés, e logia = estudo). E o nome da ciência que
mazepina e difenidramina) tem sido recomenda- trata do estudo dos pés (MADELLA, 2015, p.
da para o tratamento da dor na neuropatia peri- 246).
férica, mas nenhum estudo controlado provou
sua eficácia. A estimulação nervosa transcutanea A atenção especial e o bom atendimento, alia-
tem sido descrita como útil. Terapia com vitami- dos ao devido preparo do podólogo para casos de
nas em geral é reconhecida, mas é certamente diabetes fazem muita diferença. E possível, por
inútil para esta condição. Os inibidores da aldo- exemplo, aumentar a sobrevida do paciente dia-
se-redutase são drogas promissoras, entretanto, bético, otimizar a qualidade de vida, prevenir
experimentais ainda (BARKER, BURTON, ZIEVE, possíveis patologias, tratar as existentes, enca-
1993, p. 857). minhar para tratamento multidisciplinar e rece-
ber o paciente encaminhado por médicos, que vê
O tratamento da neuropatia é na maioria das no podólogo um importante aliado no combate
vezes sintomático, ótimo controle glicêmico é as podopatias diabetogênicas e na prevenção
importante para a prevenção da neuropatia bem delas (BEGA, LAROSA, 2010, p.249).
como evitar sua progressão. Casos que apresen-
tam muita dor e que não respondem ao controle O objetivo do podologista no tratamento do pé
metabólico podem inicialmente ser manejados diabético é reduzir as incidências de problemas
com analgésicos não opioides. Os antidepressi- graves de infecção, ulcerações, gangrena e perda
vos tricíclicos também são efetivos no tratamen- dos membros inferiores, dando ao paciente dia-
to da dor na neuropatia diabética. bético informações e condições de conviver paci-
Antidepressivos tricíclicos devem ser usados ficamente com o diabetes. Investigar os sintomas
com cautela na presença de neuropatia autonô- e os aspectos clínicos que sugerem diabetes é de
mica ou distúrbios de condução cardíaca (BRA- suma importância para o tratamento podologico.
SIL, 2014, p. 80). Devem ser investigados casos de dor, ardor, for-
migamento, parestesias, câimbras, pé frio ou
O bom controle metabólico é sem dúvida o quente, pele seca, deformidades, dedos em
principal fator preventivo da neuropatia, quer garra, dedos em martelo, calosidades na região
prevenindo o aparecimento da lesão, quer a sua plantar anterior, ausência de reflexos e perda da
intensidade e extensão. Alguns estudos também sensibilidade (BEGA, 2014, p. 262).
sugerem que o bom controle metabólico pode
melhorar a neuropatia já estabelecida (ALMEIDA, As seguintes medidas são maneiras simples de
CRUZ, 2007, p. 608). se proteger um pé depletado de fibras C para evi-
tar o aparecimento de úlceras e evolução para
Nos últimos anos do estudo, houve um conside- gangrena e amputação:
rável progresso no desenvolvimento de novas
opções terapêuticas, principalmente dirigidas à – A proteção do pé é a medida mais importan-
sintomatologia da ND dolorosa. Porém, deve-se te. O simples uso de meias macias, grossas, evi-
salientar que o controle metabólico estrito ainda tando material sintético e sem costuras no nível
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dos pododáctilos, pode evitar lesões sérias. seus pés diariamente, com água morna e sabão
neutro. Evite água quente. Seque bem os pés,
– Uso de sapatos apropriados, com suporte especialmente entre os dedos. Após lavar os pés,
adequado. Exame regular dos pés: os pacientes use hidratante a base de lanolina, mas não o apli-
devem ter um espelho pequeno com o qual pos- que entre os dedos. Corte as unhas de forma
sam examinar a região plantar diariamente. reta, horizontalmente. Não remova os calos nem
procure corrigir unhas encravadas. Procure um
– Cuidado extremo com exposição ao calor: a tratamento profissional (BRASIL, 2001, p. 75).
temperatura da água deve sempre ser testada
com uma parte do corpo que tenha sensibilidade Cuidados com o pé neuropático: do ponto de
preservada. vista, o pé neuropático, que é considerado pé de
risco, deve ser manipulado pelo profissional com
– Uso de cremes hidratantes para evitar o res- muita cautela. Pé de risco é aquele que alia a
secamento e a formação de fissuras na pele perda da sensibilidade protetora com alterações
(GAGLIARDI, 2003, p. 70). próprias do pé intrínseco (com afetação dos
músculos interósseos e lumbricais), alem de
As unhas devem ser cortadas em ângulo reto e déficit do sistema nervoso autônomo (diminuição
os cantos nunca devem ser removidos, pois sua da sudorese e hidratação natural da pele). As
remoção deixa, com freqüência, uma porção pro- unhas devem ser cortadas corretamente, sem
funda de unha intacta no sulco ungueal distal adentrar os cantos seguindo a anatomia dos
que acaba crescendo dentro da pele, provocando dedos.
lesões, infecção e dor. Os cantos podem ser ligei-
ramente aparados com uma lixa fina de unha. Se O paciente deve orientado para usar, sempre,
as unhas espessas e deformadas, é recomendá- calcado fechado, sem costura interna, com
vel um tratamento podologico com o intuito de câmara interna (a parte da frente) solado resis-
mante-las finas, evitando a formação de fissuras tente e grosso, porem, flexível, com 2 cm de altu-
sob o leito ungueal (GROSSI, 1998, p. 382). ra no salto em relação a sola, material que não
seja sintético na cobertura, fechamento em vel-
Não existe um corte padrão para unhas dos cro, sem cadarço e nunca do tipo mocassim. As
pés. Antes de cortar uma unha, devemos levar meias devem ser de algodão, com elástico fraco
em conta o formato da lâmina nas bordas livres. ou sem elástico no cano, sem costura na frente
Se ela for de formato arredondado, deveremos ou com a costura pelo lado de fora (nesse caso,
cortá-la rente no seu formato. Se for quadrada, colocar a meia pelo avesso). Orientar para uma
deverá ser cortada quadrada evitando sempre de boa secagem dos dedos, verificar a presença de
deixar pontas nas suas laterais, ou seja, um qua- fissuras entre os espaços interdigitais.
dridondo, respeitando sempre para não invadir Inspecionar diariamente a presença de lesões
as pregas ungueais. nas unhas, no dorço e na planta dos pés, alem
Em alguns casos devemos levar em conta dos interdigitos. Manter a pele sempre hidratada,
alguns fatores antes de efetuar o corte da lâmina porem não deixar que o hidratante penetre nos
ungueal, ex.: mulheres grávidas, obesos, pessoas espaços interdigitais (BEGA, LAROSA, 2010,
que vão passar longas horas sentadas ou tenham p.180).
disfunção circulatória. Esses indivíduos deverão
ter as unhas aparadas não muito rentes para evi- A prevenção é o que o podologista melhor pode
tar que as lâminas lesem as dobras ungueais fazer, investigando o histórico, o exame físico, a
caso ocorram edemas (JUSTINO; JUSTINO; onicotomia, a remoção de calos e hiperquerato-
BOMBONATO, 2011, p. 35). ses, a hidratação, o uso de orteses plantares,
podais e ungueais e a educação do paciente e da
Examine seus pés diariamente: se necessário sua família. Contudo, em muitos casos, é preciso
peca ajuda a um familiar ou use um espelho. tratar afecções já instaladas, como uma ulcera
Avise seu medico se tiver calos, rachaduras, alte- por pressão (BEGA, 2014, p. 263).
rações de cor ou ulceras. Vista sempre meias lim-
pas, preferencialmente de La ou algodão. Calce Cabe ao esteticista podólogo ou podólogo reali-
apenas sapatos que não lhe apertem, preferen- zar os seguintes procedimentos: cortar adequa-
cialmente de couro macio. damente as unhas; limpar cuidadosamente todas
Não use sapatos sem meias. Sapatos novos as pregas ungueais e interdígitos de cada artel-
devem ser usados aos poucos. Use-os nos pri- ho; examinar as plantas dos pés, dedos e unhas,
meiros dias apenas em casa por, no máximo, identificando as patologias; higienizar cuidado-
duas horas. samente todo o pé, para combater fungos e
Nunca ande descalço, mesmo em casa. Lave micoses; cuidar de encravamentos causados por
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calçados inadequados, cortes incorretos de ração de células, principalmente fibroblastos.
unhas ou por traumas; remover e cuidar de verru- Entretanto, a proliferação de fibroblastos não é o
gas plantares; remover e cuidar de calos e calosi- único meio pelo qual a laserterapia pode acelerar
dades; proporcionar hidratação adequada à o processo cicatricial, verifica-se também que o
idade, à estação do ano, ao tipo físico e ao tipo laser promove diferenciação de fibroblastos. Tais
de trabalho exercido; estimular a circulação atra- efeitos melhoram a circulação sanguínea;
vés de massagens, relaxando de modo simultâ- aumentam a oxigenação dos tecidos, o aporte de
neo a estrutura muscular; elaborar suportes e nutrientes e a retirada de catabólicos e promo-
dispositivos de alívio para pés com desvios nos vem modificações na pressão hidrostática, favo-
artelhos; definir modelos e tipos de calçados recendo a reabsorção de edemas.
adequados para o uso;
Além disso, inibem a síntese de prostaglandi-
Porém, esse profissional não cuida somente nas, elevam o limiar da dor, estimulam a produ-
dos casos descritos acima, seu trabalho vai ção de endorfinas e atuam positivamente sob a
muito além disso. Ele atua principalmente como regeneração tecidual pela elevação do metabolis-
agente preventivo de patologias, indicando e mo. O aparelho gerador de alta frequência tem
recomendando hábitos específicos de higiene, sido utilizado como forma de tratamento para
tipo de calçado adequado ao tipo do pé, praticas afecções de pele e, principalmente, para acelerar
de hidratação, limites a respeitar em relação ao o processo de cicatrização de feridas cutâneas
corpo, à atividade profissional exercida e ao (PEREIRA, 2010, p.361).
esporte praticado. As unhas bem cuidadas e sau-
dáveis são tão importantes quanto a uma pele ou Alta-frequência: equipamento que utiliza eletro-
cabelo bem tratados (SANTOS, 2015, p. 02). dos de vidro. É gerador de ozônio, que desinfeta
e cauteriza ferimentos externos. Corrente elétrica
A cicatrização de feridas é um processo com- alternada (MADELLA, 2015, p. 31).
plexo que envolve respostas sistêmicas e locais,
e seu sucesso depende da etiologia da lesão, tipo O gerador de alta freqüência é produto de uma
de tecido acometido, condição sistêmica do corrente alternada de elevada freqüência e baixa
paciente, entre outras. Há milênios, os benefícios intensidade, utilizada na estética com tensão
da terapia luminosa são usados para o tratamen- aproximada de 30 mil a 40 mil volts e uma fre-
to de diversas patologias da pele, sendo conside- qüência de 150 a 200Khz. Seus efeitos fisiológi-
rada uma das mais antigas modalidades terapêu- cos variam em condições térmicas, aumentando
ticas. Todavia, há uma tendência, nos dias de o metabolismo e, com isso, a oxigenação celular
hoje, em usar agentes terapêuticos que atuem e a eliminação de gás carbônico, atuando como
positivamente na reparação de feridas, e uma vasodilatador que estimula a circulação periféri-
das terapias recomendadas é o uso de fonte ca, como bactericida e antisséptico pela forma-
luminosa, como tem sido usado desde os tempos ção do ozônio. Ao contato com o eletrodo, a pele
antigos. Sendo assim, a utilização de diferentes promove um faiscamento que converte o oxigênio
fontes luminosas e protocolos têm indicado a em ozônio o qual, por sua instabilidade, tem pro-
necessidade de avaliação da eficácia (VIEIRA, priedades germicidas. O método de aplicação se
2011, p. 232). dá de forma direta ou indireta, não se devendo
fazer uso da técnica em pele umedecida em
Os resultados obtidos corroboram as evidên- material inflamável. O aparelho de alta freqüên-
cias de que a fototerapia por meio de LEDs a cia consiste em um gerador, um porta-eletrodo e
600-1000nm promove o reparo tecidual, particu- diversos eletrodos de vidro, que são geralmente
larmente nos casos de úlceras crônicas. Observa- tubos ocos de vidro com ar rarefeito ou gás como
se o efeito positivo da S2 para o tratamento de neon no seu interior (OLIVEIRA, 2012, p. 42).
úlceras crônicas em pacientes diabéticos, os
quais constataram que 50 a 90% das úlceras dia- 2.12 Uso dos Óleos Essenciais na Podologia
béticas responderam positivamente à lasertera-
pia com 785nm, assim como sua combinação O ressurgimento do interesse nas terapias
com 632.8nm, obtiveram resultados positivos do naturais e o crescimento da demanda de consu-
laser em vários tipos de feridas e úlceras, espe- mo por produtos naturais efetivos e seguros
cialmente em casos crônicos e intratáveis (MINA- requerem mais dados sobre os óleos e extratos
TEL, 2009, p. 282). de plantas. Vários estudos têm apontado algu-
mas propriedades terapêuticas dos óleos, desta-
Na laserterapia, podem ocorrer estímulos de cando as seguintes: antiviral, antiespasmódica,
mecanismos biológicos e regenerativos, e a maio- analgésica, antimicrobiana, cicatrizante, expec-
ria dos efeitos registrados diz respeito à prolife- torante, relaxante, anti-séptica das vias respirató-
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rias, larvicida, vermífuga e antiinflamatória (NAS- lor como a água e o seu aroma é um repelente de
CIMENTO, 2007, p. 109). insetos eficaz (PRINCE, 1999, p. 82).

Óleos essenciais de plantas apresentam uma O óleo de melaleuca (melaleuca alternifólia)


atividade antimicrobiana contra um grande aplique o óleo de melaleuca líquido diretamente
número de bactérias incluindo espécies resisten- sobre o local da infecção fúngica. No caso de
tes a antibióticos e antifúngicos. infecção nas unhas, corte-as, lave o pé com
sabão (sabão de óleo de melaleuca é uma boa
A composição química de óleos essenciais opção) e aplique-o sobre as unhas o mais profun-
depende do clima, da estação do ano, condições damente possível (BALCH; STENGLER, 2005, p.
geográficas, período de colheita e a técnica de 347).
destilação. Eles podem apresentar ação tanto
contra bactérias Gram-positivas quanto Gram- Plantas com ação antifúngicas (combatem os
negativas e ainda leveduras e fungos filamento- fungos em geral) melaleuca alternifólia cheel, o
sos (BERTINI, 2005, p. 80). óleo essencial para o uso externo, antifúngica
nas micoses cutâneas e de mucosas (FERRO,
Os óleos essenciais para aplicação em aroma- 2008, p. 372).
terapia devem, então, ser: isentos de substâncias
sintéticas. Sem adições, mesmo de outros óleos Cravo (Eugenia Caryophyllata), uma árvore
essenciais. Sem a retirada de constituintes quí- sempre verde em forma de coluna que pode che-
micos naturais. (WOLFFENBUTTEL, 2010, p. 40). gar a nove metros de altura. Ela se desenvolve
melhor em lugares claros que de a sombra de
Para que a prática seja efetiva, é necessário outras arvores. Os brotos de flor em forma de
conjugar a dosagem de diluição do óleo essencial malmequer tem uma tonalidade marrom aver-
indicado com a aplicação correta. Para todas as melhada, e as folhas são pequenas e de tom
combinações é fundamental que o preparo seja acinzentado. É natural das Ilhas Molucas e da
realizado apenas para uma aplicação, levando-se Indonésia, mas também é cultivado em Zanzibar,
em consideração as datas de vencimento dos Madagascar e Java. Boa parte do óleo provém de
óleos essenciais e carreadores. Também é impor- Siri Lanka. Propriedades: analgésico, anestésico,
tante efetuar a prova de toque, aplicando-se um antiodontálgico, antiemético, antinevrágico, anti-
teste sobre a pele e aguardando o resultado 24 séptico, antiespasmódico, estimulante do apeti-
horas antes do tratamento (CORAZZA, 2002, p. te, afrodisíaco, carminativo, cáustico, cicatrizan-
260). te, desinfetante, inseticida, facilitador do parto,
esplenético, tônico estomacal, tônico para o
Os óleos essências são em geral claros, trans- útero e vermífugo (SELLAR, 2002, p. 202).
parentes e não oleosos, embora alguns sejam vis-
cosos e coloridos. Todos são solúveis nos óleos Por muito tempo, o nome científico da planta
graxos e em álcool, mas não na água. Cada óleo foi Eugenia caryopphyllata, mas atualmente é
essencial encerra uma série de propriedades e Syzygium aromaticum. O óleo de cravo, com
uso medicinais (HOARE; WILSON, 2010, p. 59). baixo conteúdo de fénois, é usado principalmen-
te em aplicações farmacêuticas, enquanto os que
Melaleuca (Melaleuca alternifólia), esta árvore, têm alto conteúdo de eugenol e isoeugenol são
nativa da Austrália, tem sido utilizada há muito usados na síntese da fragrância vanilina, mas
tempo por sua característica antisséptica. Os 65% da produção mundial é moída e misturada
aborígines usavam emplastos feitos com as fol- ao tabaco para ser fumada. Graças á ação antis-
has de tea tree em feridas e cortes, e queimavam séptica do eugenol, é usado com o óxido de zinco
as folhas para aliviar a congestão. O óleo de tea nas obturações temporárias e preparações como
tree é uma das ferramentas mais poderosas da enxágue bucal (SILVA, 2004, p. 230).
aromaterapia na luta contra bactérias, fungos e
vírus (MAXWELL, 2000, p. 29). Tomilho (Thymus vulgaris), o tomilho é uma
plantinha que se desenvolve com muita rapidez.
O óleo essencial de tea tree melaleuca é um Embora sejam muitas as suas variedades, diver-
antisséptico especialmente poderoso, sendo 12 sas delas são bem familiares aos jardineiros.
vezes mais forte que o ácido carbólico ou o fenol, Para a feitura do óleo essencial, utiliza-se apenas
desinfetante químico amplamente usado. Possui uma única espécie que possui pequeninas folhas
a vantagem de ser tanto hipoalergênico como em tom verde-profundo, que forma um gracioso
atóxico e pode também ser eficaz contra uma arbusto inteiramente ramado. Seu desenvolvi-
série de condições bacterianas, viróticas e fúngi- mento é mais abundante no sul da França
cas. O óleo pode variar de verde-pálido até inco- (PRICE, 2014, p. 270).
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O tomilho é um arbusto perene que atinge ha milhares de anos e usado como erva e óleo
cerca de 45 cm de altura. Tem folhas cinza-ver- essencial. O melhor óleo essencial de lavanda e
des aromáticas e flores roxo-claras ou brancas. produzido na França. Era um óleo para banho
Existem dois óleos essenciais: o óleo de tomilho popular entre os romanos, que o espalharam
vermelho, que é marrom ou laranja e tem uma pela Europa.
forte fragrância herbácea, e o óleo de tomilho É reconfortante e relaxante, útil no tratamento
branco, que é um líquido amarelo-claro com um de um vasto leque de problemas de saúde.
aroma adocicado natural e refrescante, mais Problemas de pele acne, furúnculos, herpes
suave. O tomilho é conhecido como sendo revigo- labial, dermatite, eczema, piolho, erupções cutâ-
rante, energizante e estimulante (HOARE; WIL- neas, tinha e queimaduras do sol. Ação; estimula
SON, 2010, p. 104). o processo de cura e promove o crescimento das
células, acelerado a formação de pele nova e sau-
Aplicação do óleo essencial: estimulante do dável (HOARE; WILSON, 2010, p. 85).
metabolismo, do sistema nervoso, dos centros
vitais e do corpo astral, calmante nas palpitações Citronela (Cymbopogon nardus), é uma planta
e na insônia, antidepressivo, animador, anti-sép- de clima tropical ou subtropical. Não suporta o
tico e citofilático, é indicado nas artrites, gripes, frio, e as geadas causam a morte das plantas. No
resfriados, asma, bronquite, catarro, laringite, seu período de crescimento, é exigente em chu-
dor de garganta, dores musculares, má circula- vas, mas próximo á colheita o excesso de preci-
ção, cortes, abscessos, dermatites, acne, ecze- pitação afeta o teor e a qualidade do óleo. É cul-
ma, pele oleosa, queimaduras, lesões, picadas tura exigente de luz (intensidade luminosa e
de insetos, parasitas e escabiose (CORAZZA, horas de luz) e em calor (SILVA, 2004 p. 200).
2002, p. 245).
Aplicação do óleo essencial: desodorante, des-
Óleo essencial de eucalipto: Seu uso medicinal odorizador e purificador, perspiração excessiva,
é embasado pelo conhecimento popular, que fadiga, dor de cabeça, pele e cabelos oleosos.
relata expressiva ação anti-séptica, desinfetante Estimulante para o sistema digestivo, dor de
e expectorante. Dentre os constituintes das plan- estômago, sofrimento gastrointestinal, colite,
tas medicinais, os seus componentes essenciais antiespasmódico, antidepressivo, tônico, antiin-
bioativos ou óleos voláteis, também conhecidos flamatório, antisséptico nas doenças infecciosas.
como óleos essenciais, apresentam-se promisso- Circulação, músculos, juntas. Emenagogo, neuro-
res na terapêutica de doenças infecciosas. tônico, cardiotônico, febrífugo, repelente de inse-
Tais substâncias, geralmente, são agentes que tos, fungicida e repelente (CORAZZA, 2002, p.
apresentam atividade antimicrobiana para um 175).
grande número de microrganismos incluindo
espécies resistentes a antibióticos e antifúngicos Patchuli (Pogostemon patchouli), uma planta
(Castro, 2010, p. 180). frondosa com folhas peludas que medem 10 cen-
tímetros de comprimento por 13 centímetros de
O uso de plantas medicinais em diferentes épo- largura. As flores brancas possuem matizes pur-
cas da história, servindo como instrumento de púreos, e a planta pode chegar a ter cerca de
cura para as enfermidades humanas (LEITE, noventa centímetros de altura. O óleo é obtido
2009, p. 1). das folhas tenras, que são desidratadas e fer-
mentadas antes da destilação.
Lavanda (Lavandula Angustifolia), ao contrário O óleo, assim como um bom vinho, fica melhor
de que muitas pessoas pensam, as maravilhosas com o passar do tempo e tem o aroma mais apu-
flores roxas que dominam as partes mais baixas rado. É produzido na Índia, na Malásia, na
dessa região não são da lavanda propriamente Birmânia e no Paraguai (SELLAR, 2002, p. 187).
dita. Na verdade, essas flores são de lavandinha
(lavandula x intermedia), que resulta de um cru- Propriedades: antidepressivo, antisséptico, afo-
zamento entre lavanda verdadeira e a lavandula disíaco, adstringente, cicatrizante, citofilático,
spica; além de essa última possuir aroma mais diurético, antitérmico, fungicida, inseticida,
próximo da cânfora, ela é bem maior e produz sedativo e tonificante. Indicações terapêuticas
uma quantidade também maior de óleo essencial mais comuns problemas de pele: pele madura ou
(PRICE, 2014, p. 241). oleosa, cicatrizes e ulcerações. Ação citado como
estimulante do crescimento e da regeneração
O óleo essencial de lavanda é versátil conside- das células da pela, de modo que pode ajudar a
rado eficaz no tratamento de mais de setenta reparar o tecido cicatricial e curar as feridas.
problemas de saúde. Arbusto perene fechado Sendo adstringente, é benéfico para a pele oleo-
com folhas pontiagudas e flores roxo-azuladas, sa (HOARE; WILSON, 2010, p. 97).
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Os óleos essenciais apresentam diferentes pro- radas nas universidades e hospitais de todo
priedades biológicas, como a ação larvicida, ati- mundo. Os resultados têm nos proporcionado
vidade antioxidante, ação analgésica e anti-infla- um conhecimento muito mais profundo a respei-
matória, fungicida e atividade antitumoral. A to dos óleos essenciais, assim como uma cons-
ação antibacteriana de óleos essenciais tem sido cientização ainda maior do seu poder excepcio-
demonstrada através da susceptibilidade de bac- nal (PRINCE, 1999, p. 9).
térias Gram positivas e negativas (MACHADO,
2011, p. 110). O processo de extração é fundamental para
garantir suas propriedades e características;
A canela é cultivada no Sri-lanka (antigo Ceilão) muitos óleos comercializados no varejo não são
desde 1200d.c. há 23 variedades de canelas e a prensados a frio, perdendo seu efeito terapêuti-
zeylanicum, de acordo com Kostermans, deveria co. Os óleos minerais não são usados em aroma-
ser chamada de Cinamomum verum prest., das terapia, pois não são produtos naturais e evitam
quais há duas subespécies sendo uma C.var. sub- a absorção do óleo essencial para o interior da
ordata nees com folhas ovaladas e sub-codiforme pele. Diferentemente dos óleos essenciais, os
e a outra C.var. vulgare nees, com folhas olonga- carreadores apresentam alto potencial de ranci-
das e elípticas. Além da variedade Zeylanicum, dificação; a combinação com vitamina e ajuda
duas outras variedades são usadas medicinal- evitar sua oxidação (CORAZZA, 2002, p. 89).
mente: a canela-de-saigon (Cinnamomum lourei-
riinees) e a cássi (C. Cassia ness). As folhas de O óleo de girassol, substância extremamente
caneleira-do-ceilão são o principal alimento do rica em ácido linoléico (AL) que exerce importan-
bicho da seda (SILVA, 2004, p. 217). te papel como mediador pró-inflamatório a fim
de ocasionar um aumento considerável da migra-
Canela (Cinnamomum zeylanicum), considera- ção de leucócitos e macrófagos. Além disso, essa
da pelos antigos como uma das mais importan- substância regula processos que precedem a
tes fragrâncias aromáticas, a canela já era mitogênese de células fibroblásticas. O óleo de
comercializada entre a Índia, China e Egito há girassol apresenta como constituintes majoritá-
mais de 4 mil anos. Composição: eugenol, ácido rios da sua fração tocoferólica a forma alfa-toco-
cinâmico, aldeído benzênico, aldeído cinâmico, ferol (1,49 IU/mg) e a forma gama-tocoferol
benzoato de benzila, furfurol, safrol, cimeno, (0,14 IU/mg). Portanto, o óleo de girassol é uma
dipenteno, felandrenos, pineno (CORAZZA, 2002, importante fonte do ácido graxo essencial (AGE)
p. 169). ácido linoléico e vitamina E (MORAIS, 2013, pg.
85).
O óleo de madeira cedro foi possivelmente o
primeiro óleo essencial a ser extraído de uma Produtos à base de AGE para tratamento de
planta, tendo sido usado pelos egípcios no pro- feridas podem conter um ou os dois AGE, acres-
cesso de mumificação. Há dois óleos comerciais cidos de outras substâncias, tais como a vitami-
conhecidos pelo nome de cedro. O óleo do na A, E e lecitina de soja, ou integrar formulações
Cedrus Atlantica, que é um cedro verdadeiro, é de triglicérides de cadeia média (TCM).
conhecido como óleo de cedro de Atlas e vem do Este último contém em sua estrutura predomi-
Marrocos. nantemente ácidos graxos com oito carbonos
O outro óleo vem da Juniperus Virgínia, uma (caprílico), dez carbonos (cáprico), seis carbonos
árvore conífera que cresce na América do Norte. (capróico) e doze carbonos (ácido láurico). O
É conhecida como cedro vermelho e tem relação triacilglicerol dos ácidos cáprico e caprílico
com o amarelo (Thuja occidentalis), de cujas fol- merece atenção especial como ésteres.
has o óleo de tuía é obtido (TISSERAND, 1993, p.
259). E sendo classificado como triglicérides de
cadeia média, eles são úteis como fonte nutricio-
Cedro (Cedrus atlantica), o óleo essencial tem nal, solvente, veículos e estabilizador de produ-
uma profunda coloração âmbar e um aroma can- tos a ser administrado por via oral, tópica ou
forado e lenhoso. É usado em ungüentos antis- parenteral. Eles podem ter usos no tratamento e
sépticos e perfumes, possuindo qualidades for- prevenção da dermatite amoniacal e úlceras por
necedoras, calmantes e receptivas. pressão, formando uma barreira protetora para a
Propriedades: antisséptico, adstringente, diuréti- pele, impedindo maceração, além de ser de
co, expectorante, fungicida, inseticida, sedativo importância nos processos de inflamação celu-
(nervoso) e tonificante (HOARE; WILSON, 2010, lar, proporcionando alívio após a primeira aplica-
p. 65). ção e nutrição celular local, além de ter uma
grande capacidade de regeneração dos tecidos.
Nos últimos anos, as pesquisas têm sido acele- Todos estes componentes agem de forma a
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aumentar a resposta imune, acelerando o proces- trole de sua patologia, também a importância de
so inflamatório, e consequentemente estimulan- seu retorno para observar possíveis complicaçõ-
do o processo de cicatrização por meio da angio- es e também o retorno para a manutenção do
gênese e da epitelização, facilitando a entrada de seu cuidado podológico com seus pés.
fatores de crescimento na célula (FERREIRA,
2012, p. 753). Os dados obtidos através desta pesquisa foram
importantes para comprovar que a neuropatia
5 CONSIDERACOES FINAIS periférica traz conseqüências para os clientes
portadores de diabetes acometendo os pés de
Nesta pesquisa evidenciou-se que a diabetes forma a trazer sérias conseqüências como a
mellitus é uma doença endócrina de ordem perda da sensibilidade progressivamente poden-
metabólica, que acomete muitas pessoas de dife- do ser total com o passar do tempo e por conse-
rentes idades, trazendo privações e grandes qüências podendo chegar até as amputações.
complicações a estes clientes.
O podólogo tem conhecimento suficiente para
Constatou-se que o paciente portador de diabe- identificar o cliente de risco, analisando este
tes mellitus tanto tipo 1 quanto tipo 2, deve ter desde a sua entrada até sua saída, de forma a
todo cuidado com sua alimentação, medicamen- fazer um diagnóstico do seu comprometimento
tos, exercícios físicos e controle de sua glicemia, para realizar um tratamento adequado e efetivo.
deve ser regular para que os níveis de glicose se
mantenham normais, dessa forma consegue se Conclui-se com esta pesquisa que o podólogo
evitar com que as complicações em seus pés não tem um importante papel para todos os tipos de
o acometam. Essas complicações nos pés são clientes, incluindo os de risco, como os portado-
chamadas de pés diabéticos, estes merecem um res de diabetes, tanto para realizar a prevenção e
cuidado especial desde o uso de sapatos confor- também a manutenção dos cuidados com os
táveis e seguros, uma hidratação diária e fre- mesmos, importante ressaltar a orientação que
qüente, retirada de calos e calosidades e princi- estes podem realizar com toda a segurança para
palmente o corte correto de suas unhas, evitando estes clientes.
lesioná-los para que não ocorra o surgimento de
ferimentos e suas complicações com a neuropa- Estes cuidados podológicos efetivos podem evi-
tia diabética, a qual foi descrita. tar com que sérias complicações apareçam, de
forma que o cliente será bem cuidados e tratado
Esta pesquisa demonstra a importância dos através do podólogo, sendo um cuidado diferen-
cuidados podológicos com as unhas e com os ciado e embasado em conhecimentos estudados
pés dos clientes portadores de diabetes sendo por este profissional, o qual tem competência
importante para evitar o acometimento das com- suficiente para acompanhar e tratar este cliente.
plicações neuropáticas diabética. Esta por sua
vez acomete os pés de clientes portadores de
diabetes fazendo com que percam a sensibilida-
de de suas extremidades por conseqüência da 6. REFERÊNCIAS
circulação que fica totalmente comprometida.
corte errado das laminas pode fazer com que ALMEIDA, T., CRUZ S. C., Complicações do diabe-
ocorra uma onicocriptose fazendo com que apa- tes, Centro de Saúde da Póvoa de Santa
reçam lesões nos dedos e por sua vez abrindo Iria,extensão de Vialonga, Centro de Saúde São
uma porta de entrada para possíveis microorga- João da Talha Rev Port Clin Geral 2007.
nismos patogênicos, causadores de infecções.
ARAÚJO, L. M. Batista et al.; Tratamento do dia-
Estes cuidados com os pés diabéticos englo- betes mellitus do tipo 2: novas opções. Arquivos
bam toda a atenção para com este cliente, o qual Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v.
deve participar efetivamente em seu cuidado. Os 44, n. 6, 2000.
cuidados que o podólogo precisa ter vão além de
um corte correto das unhas, retiradas de onico- ARAÚJO, M. F. M. et al. Aderência de diabéticos
fose em excesso, remoção de calos e calosidades ao tratamento medicamentoso com hipoglice-
miantes orais. Escola Anna Nery Revista de
sem que ocorram lesões ou que sejam as meno-
Enfermagem, v. 14, n. 2, 2010.
res possíveis e uma hidratação efetiva da pele
dos pés e das laminas.
ARSA, G. et al.; Diabetes Mellitus tipo 2: Aspectos
fisiológicos, genéticos e formas de exercício físico
O cliente deve ser orientado pelo podólogo a para seu controle. Rev Bras Cineantropom
respeito de cuidados com seus pés e com o con- Desempenho Hum, v. 11, n. 1, 2009.
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