Você está na página 1de 106

ATLAS DE

MICOLOGIA
MÉDICA
Alexandre Meneghello Fuentefria
Daiane Flores Dalla Lana
Janaína Scarton
Osmar Luiz Magalhães de Oliveira
Viviane Pagnussat
ATLAS DE
MICOLOGIA
MÉDICA
Alexandre Meneghello Fuentefria
Daiane Flores Dalla Lana
Janaína Scarton
Osmar Luiz Magalhães de Oliveira
Viviane Pagnussat
© 2019 Laboratório Mont’Serrat

Alexandre Meneghello Fuentefria


Daiane Flores Dalla Lana
Janaína Scarton
Osmar Luiz Magalhães de Oliveira
Viviane Pagnussat

REVISÃO TÉCNICA
Alexandre Meneghello Fuentefria
Daiane Flores Dalla Lana

PROJETO GRÁFICO
Editora Letra1

DIAGRAMAÇÃO
Editora Letra1

IMPRESSÃO
Gráfica Massoni
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária Regina de Carvalho Pereira CRB 8/91772
A881
Atlas de micologia médica / Alexandre Meneghelo
Fuentefria...[et al.]. – Porto Alegre : Editora Letra1, 2019.
104 p.
ISBN 978-85-63800-40-4
DOI 10.21826/9788563800404
1. Micologia médica. 2. Microbiologia - Fungos. 3. Micose
- Diagnóstico. I. Fuentefria, Alexandre M. II. Título.
CDU – 616.5
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 5

INTRODUÇÃO 7

DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS
Acremonium sp. 10
Aureosasidium pullulans 13
Bipolaris sp. 15
Cladosporium carrionii / Cladophialophora carrionii 17
Curvularia sp. 20
Curvulatia lunata 21
Exserohilum sp. 24
Fusarium solani 26
Hortaea werneckii 30
Scedosporium apiospermum 32
Scopulariopsis sp. 35
Scytalidum dimidiatum 37
Scytalidium dimidiatum 40
Scytalidium hyalinum 41
Sepedonium sp. 45
DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES
Malassezia furfur 50
Trichosporon cutaneum 52
Rhodotorula mucilaginosa 58
Geotrichum candidum 61
Candida albicans 63
Candida krusei 66
Candida tropicalis 69
Candida glabrata 72

DERMATOFITOSES
Epidermophyton floccosum 76
Microsporum canis 78
Microsporum gypseum 80
Trichophyton mentagrophytes 82
Trichophyton rubrum 90
Trichophyton schoenleinii 94
Trichophyton tonsurans 96
Trichophyton verrucosum 98

REFERÊNCIAS 103
APRESENTAÇÃO

Reuniram-se no presente Atlas imagens reais relacionadas


à “Micologia Médica”, apresentando-se os agentes
etiológicos e as micoses mais frequentemente evidenciadas
nas análises micológicas realizadas no cotidiano de um
laboratório de análises clínicas. Trata-se de uma coleção
ilustrativa e educativa que visa enriquecer o aprendizado
dos interessados em micologia.

O diagnóstico de uma infecção fúngica inclui a visualização


do fungo na amostra examinada por microscopia e cultura,
em conjunto à observação do aspecto da lesão e dados
epidemiológicos. A ciência do diagnóstico micológico
é primordialmente visual: a habilidade de reconhecer
características macroscópicas e microscópicas é a marca
da competência na área. Com o intuito de colaborar na
construção desse conhecimento, apresentamos a primeira
edição do Atlas de Micologia Médica, idealizado e concluído
por uma parceria entre o Laboratório Mont’Serrat e o Grupo
de Pesquisa em Micologia Aplicada (GPMA), da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

5
INTRODUÇÃO

Com a experiência adquirida nos últimos anos, sintetizamos


neste pequeno Atlas as noções básicas de interpretação
laboratorial do exame micológico, facilitando a interação
clínico-laboratorial para o diagnóstico das principais
micoses superficiais e cutâneas. O Atlas apresenta
informações objetivas para a interpretação diagnóstica
das dermatomicoses não-dermatofíticas, dermatomicoses
leveduriformes e dermatofitoses, ressaltando os aspectos da
lesão no paciente, as espécies prevalentes e as principais
evidências fornecidas pelo exame direto e cultural.

Nesse sentido, esse Atlas tem como propósito auxiliar


os profissionais envolvidos na execução e interpretação
do exame laboratorial micológico com foco nas espécies
fúngicas mais prevalentes na rotina do diagnóstico das
dermatomicoses no sul do Brasil.

Considerando a evolução das análises micológicas


nos últimos anos, esperamos que as informações aqui
contidas sirvam de base para uma periódica consulta e,
por consequência, contribuam de forma direta e indireta na
elucidação da casuística clínica e na escolha terapêutica
mais apropriada ao paciente com micoses de pele, de
mucosas e de unha.

7
DERMATOMICOSES
NÃO-DERMATOFÍTICAS
Eletromicrografia das hifas de fungo filamentoso
DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Acremonium sp.

Prevalência
Geralmente relacionado com caso de Micetomas.
No entanto, relatos raros de ceratite micótica e mais
frequente de onicomicose vêm ocorrendo nas últimas
duas décadas.

Macromorfologia
As colônias geralmente são de crescimento
lento, compactas e úmidas no início, tornando-se
pulverulentas e aveludadas com o tempo, e podem
ser brancas, creme, cinza, rosa ou laranja.

Micromorfologia
As hifas são finas, septadas, hialinas e produzem
principalmente fiálides (ou conidióforos) eretas e
septadas. No ápice das fiálides aglomeram-se conídios
ligeiramente curvados. Os conídios são geralmente
unicelulares, hialinos ou raramente pigmentados,
globosos a cilíndricos.

10
Acremonium sp.

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 11


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Acremonium sp.

Micromorfologia da cultura

12
Aureobasidium pullulans

Prevalência
Geralmente isolado como um saprófita, ocasionalmente
da pele e unhas. Também foi relatado como um agente
raro de feohifomicose. Pode provocar infecções
generalizadas ou sistêmicas.

Macromorfologia
As colônias são de crescimento rápido, lisas, pastosas,
com abundante esporulação, creme ou rosa, tornando-
se depois marrons ou preta-acinzentadas.

Micromorfologia
As hifas são hialinas e septadas, frequentemente
tornando-se marrom-escuras com o tempo e formando
cadeias de artroconídios escuros de paredes espessas,
com 1 ou 2 células, bem como conídios isolados,
hialinos, de paredes lisas, ovóides, produzidos em
curtos dentículos, demáceos (ameroconídios).

Atlas de Micologia Médica 13


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Aureobasidium pullulans

Micromorfologia da cultura

14
Bipolaris sp.

Prevalência
Gênero relacionado como agente etiológico de feo-
hifomicose. Em imunocompetentes, relacionado
com casos de contaminação ambiental. Valorizar
em amostras de pacientes imunodeprimido.

Macromorfologia
As colônias são moderadamente de rápido cresci-
mento, acinzentadas a marrom-escuro, parecidas
com camurça e com reverso preto.

Micromorfologia
Hifomiceto demáceo produzindo conidióforos
marrons, simples ou raramente ramificados. Conídios
pseudoseptados, marrons, e levemente curvados, que
são arredondados nas duas extremidades.

Atlas de Micologia Médica 15


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Bipolaris sp.

Micromorfologia da cultura

16
Cladosporium carrionii
Cladophialophora carrionii

Prevalência
Típico agente de cromoblastomicose. No entanto,
quando isolado em amostras cutâneas deve ser
considerado o aspecto clínico incomum da lesão
micótica.

Macromorfologia
As colônias são de crescimento lento, com uma
superfície compacta semelhante a uma camurça e
são acinzentadas a cor escura.

Micromorfologia
Microscopia mostra conidióforos alongados que
produzem cadeias acropetais ramificadas de conídios
ascendentes. Os conídios são oliváceos pálidos,
blásticos, ovais ou em forma de limão.

Atlas de Micologia Médica 17


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Cladosporium carrionii

Micromorfologia da cultura

18
Cladosporium carrionii

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 19


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Curvularia sp.

Prevalência
Agente fúngico tipicamente relacionado com infecções
subcutâneas. No entanto, emerge na última década
como um agente de onicomicose.

Macromorfologia
Colônias são de rápido crescimento, aspectos de
camurça, de coloração escura, acinzentadas ou
marrom enegrecido com um reverso preto.

Micromorfologia
Os conidióforos são eretos, flexionados e septados.
Os conídios são elipsoidais, muitas vezes curvados,
arredondados nas extremidades ou às vezes afilados
levemente em direção à base, marrom claro, marrom
avermelhado a marrom escuro, geralmente 3-5 septos.
Hilo protuberante em algumas espécies.

20
Curvularia lunata

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 21


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Curvularia lunata

Micromorfologia da cultura

22
Curvularia lunata

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 23


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Exserohilum sp.

Prevalência
Típico agente de feohifomicose. Quando isolado
em amostras superficiais deve ser diferenciado da
condição de saprófita.

Macromorfologia
As colônias são cinzas a castanho escuro, parecidas
com camurça a flocosas em textura e têm um reverso
oliváceo-preto.

Micromorfologia
Os conídios são retos, curvos ou levemente flexionados,
elipsoidais a fusiformes e são formados apicalmente por
um poro (poroconídia) em um conidióforo geniculado.
Os conídios têm um hilo truncado e fortemente saliente
e o septo acima do hilo é geralmente espesso e escuro,
com as células terminais frequentemente mais pálidas
do que as outras.

24
Exserohilum sp.

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 25


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Fusarium solani

Prevalência
Agente patogênico oportunista em humanos, causa
hialo-hifomicose (especialmente em pacientes vítimas
de queimaduras e neoplasias). Destaca-se sua grande
importância como agente emergente e multirresistente
em ceratitese e onicomicoses.

Macromorfologia
Colônias de crescimento rápido, coloração variando
de branca a vermelha e de amarela a lilás.

Micromorfologia
Produção de micro e macroconídios a partir de fiálides
em forma de fusos, extremidades afiladas, piriformes
a falciformes, curvos ou retos.

26
Fusarium solani

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 27


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Fusarium solani

Micromorfologia da cultura

28
Fusarium solani

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 29


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Hortaea werneckii

Prevalência
Agente causador de Tinea nigra (palmas das mão e
pés).

Macromorfologia
As colônias são de crescimento lento, inicialmente
mucoides e úmidas, leveduriformes e preto brilhante.
Contudo, com o tempo desenvolvem o micélio aéreo
abundante e ficam na cor oliváceo escura.

Micromorfologia
Elementos de hifas septadas e pigmentadas, numerosas
células de levedura uni ou bicelulares, de cor marrom
claro, cilíndricas a elípticas, que se afilam em direção
às extremidades para formar um anel.

30
Hortaea werneckii

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 31


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scedosporium apiospermum

Prevalência
Agente etiológico de eumicetomas. Infecções de olho,
ouvido, sistema nervoso central, órgãos internos e
mais comumente os pulmões.

Macromorfologia
As colônias são de rápido crescimento, flocosas,
branco-acinzentadas, parecidas com camurça e um
reverso preto-acinzentado.

Micromorfologia
Encontram-se numerosos conídios unicelulares,
castanho-pálido, clavados ou ovoides, com bases
truncadas. Os conídios são carregados isoladamente
ou em pequenos grupos em conidióforos alongados,
simples ou ramificados ou lateralmente na hifa.

32
Scedosporium apiospermum

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 33


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scedosporium apiospermum

Micromorfologia da cultura

34
Scopulariopsis sp.

Prevalência
Agente fúngico emergente relacionado com
onicomicose oportunista.

Macromorfologia
As colônias são de rápido crescimento, pulverulentas,
variando de cor de branco, creme, cinza, amarelo
a marrom e preto, mas são predominantemente
castanho claro.

Micromorfologia
Cadeias de conídios unicelulares produzidos em
sucessão basipetal (cadeias de conídios onde
o conídio mais jovem está na extremidade basal
da cadeia) a partir de células conidiogênicas, em
anelídios. Os conídios são globosos a piriformes,
geralmente truncados, lisos e rugosos e hialinos ou
acinzentados.

Atlas de Micologia Médica 35


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scopulariopsis sp.

Micromorfologia da cultura

36
Scytalidium dimidiatum

Prevalência
Agente da onicomicose e infecções cutâneas superfi-
ciais, especialmente em regiões tropicais.

Macromorfologia
Com um crescimento rápido, a colônia apresenta uma
textura flocosa, a cor varia de cinzento-escura a preto-
acastanhado (o reverso é creme ou amarelo-ocre).
O S. dimidiatum é sensível à cicloheximida.

Micromorfologia
Dois tipos de hifas: lisas, estreitas, incolores e outras
largas, marrons, septadas. As hifas fragmentam-se
em artroconídios.
São também observadas cadeias de artroconídios lisos
e não-septados, ocre. Os artroconídios são cilíndricos
ou oblongos, sendo truncados em cada extremidade.

Atlas de Micologia Médica 37


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scytalidium dimidiatum

Micromorfologia da cultura

38
Scytalidium dimidiatum

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 39


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scytalidium dimidiatum

Micromorfologia da cultura

40
Scytalidium hyalinum

Prevalência
Espécie emergente relacionada com onicomicose.

Macromorfologia
Colônias branco-acinzentadas de reverso amarelo-
ocre, o crescimento é rápido e de textura cotonosa.
O micélio cresce superficialmente e imerso no meio
de cultura.

Micromorfologia
A análise microscópica do micélio revela a presença
de cadeias de artroconídios hialinos e ocasionalmente
a presença de picnídios escuros em colônias velhas.
As hifas são hialinas, septadas, de parede celular lisa.

Atlas de Micologia Médica 41


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scytalidium hyalinum

Micromorfologia da cultura Direto

42
Scytalidium hyalinum

Micromorfologia da cultura

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 43


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Scytalidium hyalinum

Direto

Micromorfologia da cultura

44
Sepedonium sp.

Prevalência
Gênero fúngico tipicamente isolado do solo. Agente
raro de infecções de pele e de onicomicoses.

Macromorfologia
As colônias são de crescimento moderadamente rápido,
geralmente branco a amarelo-dourado, semelhante a
camurça, tornando- se macias com o tempo.

Micromorfologia
Os conidióforos são hialinos e não especializados,
lembrando ramos curtos das hifas vegetativas. Os
conídios são terminais, solitários ou em aglomerados,
unicelulares, globosos a ovoides, hialinos a laranja,
lisos a verrucosos e geralmente com uma parede
espessa.

Atlas de Micologia Médica 45


DERMATOMICOSES NÃO-DERMATOFÍTICAS

Sepedonium sp.

Micromorfologia da cultura

46
DERMATOMICOSES
LEVEDURIFORMES
Eletromicrografia dos blastoconídios e pseudo-hifas de Candida albicans

Atlas de Micologia Médica


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Malassezia furfur

Prevalência
Agente comum da micose de praia, dermatite
seborreica e eczema atópico.

Macromorfologia
As colônias são creme a amareladas, lisas ou
ligeiramente enrugadas, brilhantes ou sem
brilho, e com a margem inteira ou lobada.
É uma levedura lipofílica, cresce bem em
meios contendo óleo de oliva.

Micromorfologia
A Malassezia é caracterizada por células de
levedura globosas, elipsoidais a cilíndricas,
produzindo conídios unipolares.

50
Malassezia furfur

Direto Direto

Direto

Atlas de Micologia Médica 51


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Trichosporon cutaneum

Prevalência
Espécie da microbiota normal da pele, no entanto é
emergente em infecções superficiais, principalmente
onicopatias.

Macromorfologia
As colônias são de cor creme, cerebriformes, com
sulcos radiais e dobras irregulares.

Micromorfologia
Presença de células de brotação abundantes em
culturas primárias, hifas em desenvolvimento em
culturas mais antigas.
Os artroconídios são cilíndricos a elipsoidais.

52
Trichosporon cutaneum

Direto Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 53


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Trichosporon cutaneum

Micromorfologia da cultura

54
Trichosporon cutaneum

Atlas de Micologia Médica 55


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Trichosporon cutaneum

Micromorfologia da cultura

56
Trichosporon cutaneum

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 57


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Rhodotorula mucilaginosa

Prevalência
É um contaminante comum da pele, pulmões, urina e
fezes. Quando isolada, considerar imunocompetência
do indivíduo para determiná-la como patogênica.

Macromorfologia
As colônias são rosa-coral, geralmente lisas, às vezes
reticuladas, rugosas ou onduladas, úmidas, mucoides,
colônias semelhantes a leveduras.

Micromorfologia
Blastoconídios unicelulares ovoides ou alongados,
brotamento de células semelhantes a leveduras ou
blastoconídios (reprodução por brotamento multilateral).

58
Rhodotorula mucilaginosa

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 59


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Rhodotorula mucilaginosa

Micromorfologia da cultura

60
Geotrichum candidum

Prevalência
Agente epidemiologicamente relacionado com
infecções invasivas oportunistas. Raramente isolado
em infecções superficiais e cutâneas.

Macromorfologia
As colônias são de rápido crescimento, lisas ou
rugosas, brancas a creme, secas e finamente
semelhantes a camurça, sem pigmento reverso.

Micromorfologia
As hifas são hialinas, septadas, ramificadas e se
dividem em cadeias de artroconídios elípticos ou
cilíndricos, hialinos, lisos, unicelulares. Artroconídios
são separados por um duplo septo.

Atlas de Micologia Médica 61


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Geotrichum candidum

Micromorfologia da cultura

62
Candida albicans

Prevalência
Candida albicans é um comensal das membranas
mucosas e do trato gastrintestinal. Espécie mais
comum de candidíase mucocutânea (mucosa oral e
vaginal), cutânea (unhas, pele das mãos, virilhas e
axilas) ou sistêmica.

Macromorfologia
Colônias brancas a cor creme, lisas, semelhante a
levedura.

Micromorfologia
Blastoconídios de brotamento esférico e ovais, com
tamanho de 2-7 x 3-8 µm. Pode haver presença de
hifas e pseudo-hifas.

Atlas de Micologia Médica 63


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Candida albicans

Cultura em Chromagar

Micromorfologia da cultura

64
Candida albicans

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 65


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Candida krusei

Prevalência
Espécie comumente relacionada com infecções
recidivantes ao tratamento com derivados azólicos.
Pode ser isolada da pele, unhas e escarro.

Macromorfologia
Colônias brancas a creme, lisas, opacas, com aspecto
vítreo. Após 7 dias, as colônias são elevadas.

Micromorfologia
Blastoconídios predominantemente pequenos,
alongados a ovoides, 2-5 x 4-5 µm. Presença de
cadeias de células alongadas (pseudo-hifas).

Cultura em Chromagar

66
Candida krusei

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 67


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Candida tropicalis

Prevalência
Levedura oportunista epidemiologicamente relacionada
como uma das principais causas de septicemia e candidíase
disseminada. Agente comum de onicopatias oportunistas.

Macromorfologia
Colônias brancas a creme, lisas e opacas.

Micromorfologia
Blastoconídios ovais ou globosos, de parede celular
fina, isolados, em curtas cadeias e em aglomerados nas
constrições das pseudo-hifas.

Cultura em Chromagar

68
Candida tropicalis

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 69


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Candida tropicalis

Micromorfologia da cultura

70
Candida tropicalis

Micromorfologia da cultura

Cultura em Chromagar

Atlas de Micologia Médica 71


DERMATOMICOSES LEVEDURIFORMES

Candida glabrata

Prevalência
Fungo leveduriforme agressivo, extremamente
oportunista e com fenótipo multirresistente,
principalmente os indivíduos imunodeprimidos,
como portadores do HIV na fase da AIDS e indivíduos
oncológicos sob tratamento.

Macromorfologia
Colônias de aspecto cremoso e de tonalidade branca a
creme, com superfície lisa e pouco brilhosa. No meio
cromogênico, como CHROMagar Candida® as colônias
são de cor malva (violeta claro). Difere-se da C. krusei
neste meio por este expressar colônias cor-de-rosa
claro com rebordo esbranquiçado.

Micromorfologia
Blasconídios com brotamentos elipsoidais. Assim como
a emergente Candida auris, não produz pseudohifas
nem clamidoconídios.

72
Candida glabrata

Cultura em Chromagar

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 73


DERMATOFITOSES
Eletromicrografia das hifas de Trichophyton rubrum
invadindo a lâmina ungueal humana

Atlas de Micologia Médica


DERMATOFITOSES

Epidermophyton floccosum

Prevalência
Espécie relacionada com tinea pedis e onicomicose.
Prevalência muito baixa nos últimos anos.

Macromorfologia
As colônias geralmente são de crescimento lento, de
cor castanho-esverdeada ou cáqui, com uma superfície
semelhante a uma camurça. Culturas mais antigas
podem desenvolver tufos pleomórficos brancos de
micélio. Um pigmento reverso castanho amarelado
profundo geralmente está presente.

Micromorfologia
Macroconídios característicos de paredes finas e lisas
que são produzidos em aglomerados que crescem
diretamente das hifas. Numerosos clamidosporos são
formados em culturas mais antigas. Microconídios
não são formados.

76
Epidermophyton floccosum

Direto

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 77


DERMATOFITOSES

Microsporum canis

Prevalência
Agente etiológico da Tinea capitis e Tinea corporis. É a
espécie mais comum na Tinea capitis. Invade o cabelo,
a pele e raramente as unhas. Gatos e cachorros são
as principais fontes de infecção.
Pelos invadidos mostram uma infecção por ectotrix
e fluorescem um amarelo esverdeado brilhante sob
a luz de Wood.

Macromorfologia
As colônias são planas, espalhando-se, de cor branca a
creme, com uma superfície aveludada ou cotonosa, que
pode mostrar algumas ranhuras radiais. As colônias
geralmente têm um pigmento reverso amarelo dourado
ou marrom claro.

Micromorfologia
Os macroconídeos são tipicamente fusiformes de
parede espessa, verrucosa, contendo 5-15 células,
e extremidades afiladas assimetricamente. Alguns
microconídios piriformes também estão presentes.

78
Microsporum canis

Direto

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 79


DERMATOFITOSES

Microsporum gypseum

Prevalência
Agente etiológico da Tinea capitis, Tinea corporis e
Tinea cruris. Geralmente produz uma única lesão
inflamatória na pele ou no couro cabeludo. Pelos
invadidos mostram uma infecção por ectotrix, mas
não fluorescem sob a luz ultravioleta de Wood.

Macromorfología
As colônias são geralmente planas, espalhando-se,
semelhantes a camurças, com uma superfície cor
de canela pálida.
Muitas culturas desenvolvem um umbigo branco
central (domo) ou um tufo branco fofo de micélio.
Um pigmento reverso marrom avermelhado pode
estar presente em algumas linhagens.

Micromorfologia
As culturas produzem macroconídios abundantes,
simétricos, elipsoidais, de paredes finas, verrucosas,
com 4-6 células. As extremidades distais ou terminais
da maioria dos macroconídios são ligeiramente
arredondadas. Numerosos microconídios também
estão presentes.

80
Microsporum gypseum

Direto

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 81


DERMATOFITOSES

Trichophyton mentagrophytes

Prevalência
Agente etiológico da Tinea pedis, Tinea corporis e
onicomicose, apresentando pontos brancos nas unhas.
É a espécie mais comumente isolada em tinea corporis.

Macromorfologia
As colônias são geralmente planas, de cor branca a
creme, com uma superfície pulverulenta a granular.
Algumas culturas mostram dobragem central ou
desenvolvem tufos centrais elevados. Pigmentação
reversa é geralmente uma cor marrom-amarelada.

Micromorfologia
Numerosos microconídios unicelulares são formados,
frequentemente em aglomerados densos. Hifas em
espiral e macroconídios multicelulares de formato
clavado, de paredes finas e lisas, podem estar
presentes.

82
Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura Direto

Atlas de Micologia Médica 83


DERMATOFITOSES

Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura Direto

84
Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura

Direto

Atlas de Micologia Médica 85


DERMATOFITOSES

Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura

Direto

86
Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura

Direto

Atlas de Micologia Médica 87


DERMATOFITOSES

Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura Direto

88
Trichophyton mentagrophytes

Micromorfologia da cultura

Direto

Atlas de Micologia Médica 89


DERMATOFITOSES

Trichophyton rubrum

Prevalência
Agente etiológico da Tinea corporis, Tinea barbae,
Tinea cruris, pedis e onicomicoses. Espécie mais
comum de onicomicoses.

Macromorfologia
As colônias são na maioria das vezes planas mas
ocasionalmente podem ser levemente eleva­das,
a textura da superfície da cultura é cotonosa. A
pigmentação da superfície da cultura pode variar de
branco a creme com um reverso que pode variar de
amarelo-marrom a vermelho-vinho.

Micromorfologia
A maioria das culturas mostra um número escasso
a moderado de microconídios em forma de gota.
Macroconídeos geralmente estão ausentes, mas
quando presentes são cilíndricos, multisseptados,
com parede lisa e fina.

90
Trichophyton rubrum

Direto

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 91


DERMATOFITOSES

Trichophyton rubrum

Micromorfologia da cultura Micromorfologia da cultura

Micromorfologia da cultura
92
Trichophyton rubrum

Micromorfologia da cultura Direto

Atlas de Micologia Médica 93


DERMATOFITOSES

Trichophyton schoenleinii

Prevalência
Agente etiológico de uma forma crônica e cicatricial
de tinea capitis (a tinea favosa), caracterizada por
lesões em crosta e perda permanente de cabelo
(alopecia definitiva). Causa também tinea corporis e
onicomicose.

Macromorfologia
As colônias são de crescimento lento, superfície
glabrosa, tornando-se aveludadas e elevadas, de cor
creme a marrom alaranjado.

Micromorfologia
Não produz macroconídios ou microconídios. As
hifas possuem como característica a dilatação das
extremidades, dando aspecto de galho de árvore, chifre
de veado ou candelabro, sendo portanto denominado
“candelabro fávico”.

94
Trichophyton schoenleinii

Micromorfologia da cultura Direto

Atlas de Micologia Médica 95


DERMATOFITOSES

Trichophyton tonsurans

Prevalência
É agente etiológico da tinea capitis, tinea corporis,
tinea pedis e onicomicose. É a espécie mais isolada
em tinea corporis na região nordeste do Brasil.

Macromorfologia
As colônias mostram uma variação considerável na
textura e cor. Eles podem ser semelhantes a camurça
ou a pó, pregueadas ou planas com um centro
levantado ou dobrado. A cor pode variar de amarelo
pálido a castanho-escuro. A cor do reverso varia de
amarelo-marrom a marrom-avermelhado.

Micromorfologia
As hifas são relativamente largas, irregulares, muito
ramificadas com numerosos septos. Numerosos
microconídios característicos, variando em tamanho
e forma, dispostos nas laterais das hifas. Muito
ocasionalmente macroconídios cilíndricos, de parede
fina, irregulares, podem estar presentes em algumas
culturas.

96
Trichophyton tonsurans

Micromorfologia da cultura

Direto

Atlas de Micologia Médica 97


DERMATOFITOSES

Trichophyton verrucosum

Prevalência
Causa micose em bovinos. As infecções em humanos
resultam do contato direto com animais infectados e
geralmente são altamente inflamatórias envolvendo
o couro cabeludo, barba ou áreas expostas do corpo.

Macromorfologia
As colônias são de crescimento lento, glabrosa,
acuminada, com pregas profundas ou cerebriforme
e de coloração branca a creme. O pigmento reverso
pode variar de não pigmentado a amarelo.

Micromorfologia
Hifas largas e irregulares com muitos clamidósporos
terminais e intercalares. Os clamidósporos estão
frequentemente em cadeias. As pontas de algumas
hifas são largas e em forma de taco, e ocasionalmente
divididas, dando o chamado efeito de “chifre”.

98
Trichophyton verrucosum

Micromorfologia da cultura Direto

Atlas de Micologia Médica 99


DERMATOFITOSES

Trichophyton verrucosum

Micromorfologia da cultura

100
Trichophyton verrucosum

Direto

Micromorfologia da cultura

Atlas de Micologia Médica 101


Referências

Lacaz, C S.; Porto, E.; Martins, J. E. C.; Heins-Vaccari,


E. M.; Melo, N. T. Tratado de micologia médica Lacaz.
São Paulo(BR): Sarvier; 2002.

Kidd, S.; Halliday, C. L.; Alexiou, H.; Ellis, D. D.


Descriptions of medical fungi. Adelaid (AU): Newstyle
Printing; 2017.

Larone, D H. Medically lmportant Fungi. Washington,


DC (US): ASM PRESS; 2011.

Mezzari, A.; Fuentefria, A. M. Micologia no Laboratório


Clínico. São Paulo (BR): Manole; 2012.

Sidrim, J. J. C., Rocha, M.F.G. Micologia médica à


luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro (BR):
Guanabara Koogan; 2004.

Zaitz, C., Ruiz, L. R. B, Souza, V. M. Atlas de Micologia


Médica. Rio de Janeiro (BR): Medsi; 2004.

103
DERMATOFITOSES
Reuniu-se no presente Atlas imagens reais relacionadas à
“Micologia Médica”, apresentando-se os agentes etiológicos
e as micoses mais frequentemente evidenciadas nas análises
micológicas realizadas no cotidiano de um laboratório de
análises clínicas. Trata-se de uma coleção ilustrativa e
educativa que visa enriquecer o aprendizado dos interessados
em micologia.

O diagnóstico de uma infecção fúngica inclui a visualização


do fungo na amostra examinada por microscopia e cultura,
em conjunto à observação do aspecto da lesão e dados
epidemiológicos. A ciência do diagnóstico micológico
é primordialmente visual: a habilidade de reconhecer
características macroscópicas e microscópicas é a marca
da competência na área. Com o intuito de colaborar na
construção desse conhecimento, apresentamos a primeira
edição do Atlas de Micologia Médica, idealizado e concluído
por uma parceria entre o Laboratório Mont’Serrat e o Grupo
de Pesquisa em Micologia Aplicada (GPMA), da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

9 788563 800404

Você também pode gostar