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FISIOLOGIA DO

EXERCÍCIO
AULA 1
CONVERSA INICIAL
O termo fisiologia vem do grego phýsis e logos e significa
conhecimento da natureza.

Aproximadamente 2500 anos atrás.

Galeno (129-200 d.C.), médico que tratava de gladiadores,


realizou estudos com animais e seguia uma doutrina conhecida
como quatro humores, a qual indica que o corpo é formado por
quatro tipos de fluidos: sangue, fleuma, bile amarela e bile
negra.
Principais órgãos do corpo são coração, fígado e cérebro

Os grandes avanços nas áreas da biologia, anatomia e fisiologia humana


aconteceram durante o século XIX, principalmente na Alemanha e França.

Fisiologia une o conhecimento de diferentes áreas, como anatomia, biologia,


bioquímica, morfologia,

Fisiologia do exercício, a qual tem por objetivo estudar as adaptações


sistêmicas e fisiológicas agudas e crônicas frente à prática de exercícios
físicos.

O exercício físico é caracterizado como uma atividade física estruturada,


sistemática e com repetições,
Segundo Weineck (1989), a adaptação é uma mudança
estrutural e funcional que ocorre em todo organismo.
Provocam mudanças no organismo, tirando-o de seu
estado estável, a homeostase.
Também proporciona adaptações fisiológicas crônicas
no organismo (Brum et al., 2004).
As adaptações podem ser agudas ou crônicas:
1: Adaptações agudas – são aquelas que ocorrem imediatamente ou em até 72
horas após a prática do exercício;

2: Adaptações crônicas – alterações morfofuncionais do organismo treinado.

esta aula será dividida nos seguintes temas:

1: • Sistema muscular.

2: • Sistema nervoso.

3: • Sistema endócrino.

4: • Sistema cardiovascular.

5: • Sistema respiratório.
TEMA 1 – SISTEMA MUSCULAR
Representam entre 40% e 50% do peso corporal, e sua coloração avermelhada é
decorrente da mioglobina presente nas fibras musculares.

1.1 Tecido muscular

Dividido em três tipos distintos,

liso, cardíaco, esquelético

1; Tecido muscular liso (encontrado nas estruturas ocas e internas do


organismo, vasos, pele, cavidade abdominal e pélvica, Sua ação ocorre de
maneira involuntária,
Regulados por neurônios e hormônios liberados por
glândulas endócrinas;
2: Tecido muscular estriado cardíaco ( contração
involuntária. ritmo cardíaco, é feito de hormônios, nódulo
sinoatrial (SA) ou marcapasso e pelo sistema nervoso
autônomo (simpático e parassimpático).
3: Tecido muscular estriado esquelético: contração
voluntária.
1.2 Função do tecido muscular
1: Produção de movimento

2: Estabilização das posições corporais (que ocorre de maneira voluntária e


contínua)

3: Regulação do volume dos órgãos (esfíncteres, como alimento no estômago,


urina na bexiga e fezes na região anorretal, fechando as saídas desses órgãos;

4: Movimento de substâncias dentro do corpo – (regulação de intensidade do


fluxo)

5: Produção de calor: manutenção da temperatura corporal.


1.3 Propriedade do tecido muscular
Possui algumas propriedades,

1: Excitabilidade elétrica : estímulos elétricos (potenciais de ação) estímulos


elétricos (potenciais de ação)

2: Contratilidade: três tipos de contração muscular, a isotônica (concêntrica


e excêntrica), isométrica e, ainda, a isocinética.

(que é caracterizada pela tensão máxima desenvolvida pelo músculo em


todos os ângulos articulares, em uma velocidade constante, durante toda a
amplitude do movimento).
O tônus muscular é conceituado como “um estado de tensão
constante a que estão submetidos os músculos em repouso” de forma
involuntária.

Um estado de aumento de tônus muscular (hipertônus),

Um estado de diminuição de tônus muscular (hipotônus).

Extensibilidade – é a capacidade do músculo de ser estirado, sem que


haja lesão;

Elasticidade – é a capacidade do músculo retornar a seu comprimento


original, após contração ou extensão.
1.4 Adaptações crônicas do tecido muscular
Decorrentes de estímulos fisiológicos, podem
proporcionar hipertrofia (aumento do tamanho e do
volume das células)
Hiperplasia: (aumento do número de células),
Além de aumento da velocidade de ativação das
unidades motoras, aumentando a força e coordenação
do movimento.
1.5 Sistema muscular em exercício
O tipo de fibra muscular, que podem ser oxidativas, oxidativas-glicolíticas ou
glicolíticas.

Pode se adaptar quanto:

Ativação muscular;

• Atrofia;

• Resistência muscular localizada;

• Hipertrofia;

• Lesão (contusão, distensão e laceração).


TEMA 2 – SISTEMA NERVOSO
Tem por objetivo manter as condições de vida, respondendo imediatamente aos
estímulos provindos do ambiente e do próprio organismo,

Possibilitar a percepção, movimento, comportamento psicossocial e moral,


aprendizagem e memória.

Esse sistema “é uma malha complexa, muito organizada de neurônios e


neuróglia” (Tortora; Grabowski, 2002, p. 347).

Produz potencial de ação, e a neuróglia (glia) é uma estrutura celular mais


numerosa que os neurônios, se multiplicam, mas não tem a capacidade de
produzir potencial de ação.
2.1 Estruturas e funções do
sistema nervoso
Os neurônios são formados por
corpo celular, axônio e
dendritos.
Dependendo do tipo de função desempenhada pelo neurônio, ele pode ser
classificado como sensitivas ou aferentes e motores ou eferentes.

funções do sistema nervoso são:

• Função sensorial;

• Função integrativa;

• Função motora.

2.2 Organização do sistema nervoso

Responsável por captar, processar e gerar respostas aos estímulos recebidos, e é


dividido em:
Sistema nervoso central: formado pelo encéfalo
(tronco encefálico, cerebelo, diencéfalo e cérebro) e
medula espinhal;
Sistema nervoso periférico: formado pelos nervos,
gânglios e terminações nervosas.
Representação do sistema nervoso periférico
(simpático e parassimpático)
Organização do Sistema Nervoso
2.3 Ação do sistema nervoso e as adaptações agudas ao exercício

responsável por manter as condições vitais do organismo,

Durante o exercício, ele é responsável por auxiliar o organismo nas


adaptações agudas, ocasionando:

• Aumento da frequência cardíaca;

• Aumento da intensidade da respiração;

• Aumento da pressão arterial;

• Aumento da temperatura corporal.


2.4 Sistema nervoso e coordenação motora

O sistema nervoso pode agir de forma que a ação motora ocorra de maneira
involuntária (arco reflexo),

Neurônio sensitivo envie a informação até a medula, local onde a resposta é


enviada ao músculo pelo neurônio motor,

Também podem ser recebidas pelo córtex cerebral, onde são processadas as
respostas adequadas aos estímulos e enviadas ao sistema efetor (músculos
e articulações).

Nesse segundo caso, o movimento realizado é voluntário, intencional.


2.5 Sistema nervoso e aprendizagem motora

A aprendizagem motora é conceituada como sendo alterações


relativamente permanentes no comportamento motor,
decorrente de experiências prévias ao longo da vida (Magill,
2000).

Dessa forma, a capacidade de aprender novas habilidades


motora passa por três estágios (cognitivo, associativo e
autônomo), que exigem a atuação do sistema nervoso em
conjunto com o sistema motor e articular.
TEMA 3 – SISTEMA ENDÓCRINO
Junto com o sistema nervoso, é responsável por coordenar todo o
funcionamento de todos os sistemas orgânicos do corpo.

Os hormônios, principais componentes do sistema endócrino, alteram


o metabolismo, regulam o crescimento e o desenvolvimento humano

3.1 Glândulas

Formadas por tecido epitelial glandular, as quais são especializadas


para sintetizar e liberar substâncias.
Temos dois tipos principais de glândulas, as exócrinas (secretam seus produtos
para ductos que levam as secreções para as cavidades corporais) e as glândulas
endócrinas (secretam seus produtos, os hormônios, para o líquido intersticial, em
torno das células secretoras e não para os ductos).

Principais glândulas do corpo são:

• Hipófise;

• Tireoide;

• Paratireóide;

• Adrenal;

• Pineal.
3.2 Receptores hormonais

têm diferentes funções:

• Células-alvo – células específicas para receber os hormônios;

• Receptor – pode ser proteico ou glicoproteico;

• Regulação para baixo (down-regulation) – diminuição de células-alvo quando há


quantidades excessivas de hormônio;

• Regulação para cima (up-regulation) – aumento do número de receptores


quando há quantidades pequenas de hormônio.
3.3 Hormônio do crescimento (GH)

É um polipeptídeo formado por 191 aminoácidos de cadeia única e grande


agente anabólico (Zanuto; Lima, 2010).

O GH está indiretamente ligado ao processo de crescimento humano (Zanuto;


Lima, 2010).

Exercícios físicos de curta duração e alta intensidade têm grande influência na


quantidade de GH secretado,

estimulando principalmente o crescimento de tecido muscular e a regulação do


uso de substratos energéticos durante a realização da atividade (Zanuto; Lima,
2010).
Característica leva a crer que é esse um dos motivos pelo qual crianças e
adolescentes demoram mais para fadigar durante a prática de atividade
física, seja de curto ou longo prazo.

Com a prática regular de exercícios físicos, há estimulação da liberação


de GH, auxiliando na hipertrofia muscular, pelo aumento da síntese
proteica (Zanuto; Lima, 2010).

Esse processo é anabólico e fica interrompido durante o exercício.

A resposta do GH ao exercício pode ser influenciada pela intensidade,


duração e condicionamento do indivíduo (Zanuto; Lima, 2010).
3.4 Hormônios tireoidianos

Responsáveis pelo crescimento, diferenciação e funcionamento de diversos


tecidos e órgãos (Zanuto; Lima, 2010)

Exercício resistido e exercícios aeróbios com intensidade e volumes elevados, é


observada a elevação da taxa de hormônios tireoidianos na corrente sanguínea,

Não é apresentado na prática de exercícios de resistência aeróbia de baixo


volume e intensidade (Zanuto; Lima, 2010).

Presentes em maior quantidade em indivíduos treinados, devido a uma resposta


entre hipófise e tireóide (Zanuto; Lima, 2010).
3.5 Cortisol

Um hormônio esteroide, que tem como função acionar os processos de adaptação do


organismo em situação de estresse físico e psicológico (Zanuto; Lima, 2010).

McArdle et. al. (2003, citados por Zanuto e Lima, 2010) salientam que há aumento da
concentração de cortisol durante o exercício físico, e que essa concentração
plasmática aumenta de acordo com a intensidade e volume

Outra ação do cortisol é a resposta imune e anti-inflamatória no organismo, presente


após exercícios intensos ou de longa duração (Zanuto; Lima, 2010).

A adaptação do organismo à prática regular de exercícios físicos está associada aos


processos catabólicos e das ações anti anabólicas, causados pela liberação de cortisol
(Zanuto; Lima, 2010).
3.6 Testosterona

Um hormônio esteroide e tem como função regular a síntese de


glicogênio muscular e proteica, além de estimular o desenvolvimento das
características sexuais secundárias masculinas (Zanuto; Lima, 2010).

Principais fatores de diferenciação de massa muscular e força entre


meninos e meninas.

Durante a realização de exercícios físicos, a concentração da


testosterona aumenta de acordo com sua intensidade e volume,
apresentando picos de concentração ao final da atividade (Zanuto; Lima,
2010).
TEMA 4 – SISTEMA CARDIOVASCULAR

Tem como função transportar o sangue


para o corpo todo, para que as células
recebam nutrientes e oxigênio.
Formado pelo coração e vasos
sanguíneos (artérias, veias e capilares).
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40
Regulação da Pressão Arterial
Sons

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PRESSÃO ARTERIAL

PRESSÃO EXERCIDA
PELO SANGUE NA
PAREDE DOS VASOS
SANGUÍNEOS

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Os vasos sanguíneos são divididos em:

Artérias: levam sangue para órgãos e tecidos e realizar a vasodilatação


e a vasoconstrição.

As ramificações das artérias são chamadas de arteríolas;

Veias – são vasos sanguíneos que garantem o retorno do sangue ao


coração, esses vasos sanguíneos são dotados de válvulas;

Capilares – os capilares são responsáveis pela microcirculação,


possibilitando as trocas de substâncias entre o sangue e os tecidos
corporais.
Durante a prática de exercício físico, o sistema cardiovascular se
adapta para suprir as necessidades de oxigenação e gasto de
substratos energéticos.

São elencados algumas alterações que ocorrem no sistema


cardiovascular frente à prática de exercício físico:

• Menor frequência cardíaca em repouso e durante o exercício;

• Maior volume sistólico em repouso e durante exercícios progressivo;

• Elevação do débito cardíaco máxima;


• Aumento do consumo máximo de
oxigênio;
• Aumento da extração de oxigênio pelos
músculos esqueléticos periféricos;
• Dilatação e hipertrofia cardíacas.
TEMA 5 – SISTEMA RESPIRATÓRIO
É um conjunto de estruturas que têm por função
garantir a captação de oxigênio do ambiente e
expelir gás carbônico do organismo,
Está diretamente ligado ao sistema olfativo e fala,
devido às pregas vocais, estrutura que faz parte
desse sistema.
Fazem parte do sistema respiratório:

• Fossas nasais;

• Faringe;

• Laringe;

• Traqueia;

• Brônquios;

• Bronquíolos;

• Alvéolos pulmonares;

• Pulmões.
5.1 Etapas da respiração

Controlada pelo sistema nervoso, mais especificamente


pelos neurônios localizados na região do bulbo,

Identifica as alterações no pH do líquido do tecido


circundante e desencadeia respostas para que haja alteração
do ritmo da respiração.

O processo respiratório passa por diferentes etapas, sendo


elas:
Ventilação pulmonar – também denominada de respiração, é o fluxo
mecânico de ar para dentro dos pulmões (inspiração) e para fora deles.

Respiração externa – é a troca de gases entre os espaços de ar dos


pulmões e o sangue nos capilares pulmonares, ganhando oxigênio e
perdendo gás carbônico.

Respiração interna – é a troca de gases que ocorre entre o sangue nos


capilares sistêmicos e as células teciduais, para que haja reações
metabólicas.

5.2 Respiração e exercício


Os sistemas respiratórios e circulatórios fazem adaptações
para de acordo com o tipo, intensidade e duração do
exercício.

Durante o exercício, o fluxo de sangue para os pulmões


aumenta (perfusão pulmonar).

Há aumento também da capacidade de difusão de oxigênio,


e aumenta a velocidade com que o oxigênio se espalha a
partir do ar alveolar.
O movimento do tórax auxilia na respiração, que, nesse caso, é
denominada de torácica.

Com o início do exercício, o trabalho respiratório, caracterizado pelo


aumentado o volume respiratório, é auxiliado pelos músculos
auxiliares da respiração.

Volume respiratório que ocorre durante o exercício é indicada a


seguir:

Respiração em repouso:

O 1% metabolismo basal; o 1% absorção de oxigênio.


Respiração durante o exercício:
De 25% a 30% do metabolismo
basal.
E até 12% da absorção total de
oxigênio.
NA PRÁTICA
Diante dos conceitos expostos e exemplos oferecidos sobre a influência
do exercício físico em relação aos sistemas orgânicos, indique os dois
tipos de adaptação fisiológica frente à exposição do corpo ao exercício.

R: Adaptações agudas – ocorrem imediatamente ou em até 72 horas


após o exercício.

R: Adaptações crônicas – alterações morfofuncionais do organismo


treinado.
FINALIZANDO

Nesta aula, foram abordados os principais


sistemas e suas alterações em relação ao
exercício. Foram descritos, também, alguns
tipos de adaptações agudas e crônicas do
organismo frente à prática de exercício.
REFERÊNCIAS
BRUM, P. C. et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no
sistema cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.
18, p. 21- 31, ago. 2004.

DUARTE, R. C. B. Hipotonia na infância. Residência Pediátrica, v. 8, suplem.


1, p. 40-44, 2018.

KURA, G. G.; TOURINHO FILHO, H. Adaptações agudas e crônicas dos


exercícios resistidos no sistema cardiovascular. EF Deportes.com, Revista
Digital. Buenos Aires, ano 15, n,. 153, fev., 2011. Disponível em:
<https://www.efdeportes.com/efd153/adaptacoes-agudas-e-cronicas-dos-
exercicios-resistidos.htm> Acesso em: 22 abr. 2020.
MAGILL. R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São
Paulo: Edgard Blucher, 2000.

SANTOS, V. Fisiologia. Brasil Escola, S.d. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/biologia/fisiologia.htm> Acesso em:
22 abr 2020.

TORTORA, G. J.; S. R. GRABOWSKI. Princípios de anatomia e


fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

WEINECK, J. Manual de treinamento esportivo. 2. ed. Barueri/SP:


Manole, 1989.
Muito Obrigado.

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