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UNIVERSIDADE MUSSA BIN BIQUE

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE PSICOLOGIA CLINICA

Transtorno de Ansiedade

Natacha Fátima João Alexandre


Nelson Domingos Alfredo
Niniana Fátima João Alexandre
Pedro Jairosse Sabão
Rosa Virgílio Carlos
Saquia Bonifácio

Nampula Março 2023


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Natacha Fátima João Alexandre
Nelson Domingos Alfredo
Niniana Fátima João Alexandre
Pedro Jairosse Sabão
Rosa Virgílio Carlos
Saquia Bonifácio

Transtorno de Ansiedade

Trabalho de carácter avaliativo referente a cadeira de


Pratica de casos, curso de psicologia Clinica, 4º ano,
leccionado pelo docente Arsénio Bambo

1
i
Nampula, Março 2023

Índice
Introdução...........................................................................................................................................3
1.Conceitos básicos............................................................................................................................4
1.1.Transtorno.....................................................................................................................................4
1.1.2Ansiedade...................................................................................................................................4
1.1.3.Transtorno de Ansiedade...........................................................................................................4
1.2.Historial dos transtorno de ansiedade...........................................................................................4
1.3.Epidemiologia de transtorno de ansiedade...................................................................................6
1.4.Etiologia e Factores de Risco.......................................................................................................6
1.5.Classificação segundo a CID-10...................................................................................................6
1.6.Manifestações Clínicas.................................................................................................................7
1.7.Diagnóstico Diferencial................................................................................................................8
1.7.1.Transtorno de Pânico.................................................................................................................8
1.7.2.Transtorno de ansiedade social (fobia social)............................................................................8
1.7.3.Transtorno obsessivo-compulsivo1,2(D)...................................................................................8
1.7.4.Transtorno deansiedadegeneralizada1,2(D)..............................................................................9
1.8.Tratamento....................................................................................................................................9
1.8.1.Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRSs)......................................................................10
1.8.2.Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSNs).........................................10
1.8.3.Transtorno de ansiedade social (fobia social)..........................................................................11
1.8.4.Transtorno Obsessivo-Compulsivo.........................................................................................12
1.8.5.Transtorno de Ansiedade Generalizada (Tag).........................................................................12
Conclusão.........................................................................................................................................13
Referências Bibliográficas................................................................................................................14

ii
Introdução

Todas as pessoas sentem ansiedade e esta faz-se essencial para o desenvolvimento humano, porém
quando esta traz complicações psicossociais e/ou sofrimento importante para o indivíduo, é
considerada patológica. O presente trabalho tem como tema: Transtornos de ansiedade. O
objectivo geral de trabalho é de compreender sobre os transtornos de ansiedade e tem como
objectivos específicos:

 Definir conceito transtornos de ansiedade


 Descrever o diagnóstico de transtornos de ansiedade
 Explicar os factores de risco

Importa salientar que ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão,


caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido
ou estranho. O transtornos mentais, regularmente, atravessa transições e sofre mudanças de
paradigma. O homem, desde os princípios da civilização, já observava e estabelecia categorias
relacionadas ao comportamento humano. A palavra ansiedade frequentemente é contrastada com a
palavra angústia. Apesar de muitos autores utilizarem os dois termos como sinónimos, existe uma
relação mais directa de angústia com a sensação de aperto e compressão retroesternal. Para
realização do trabalho foi necessário mo uso da metodologia bibliográfica e as obras consultadas
estão identificados ao longo do trabalho e na respectiva referencia Bibliográfica.

3
1.Conceitos básicos

1.1.Transtorno

Define Mirnada (2010), que “os transtornos são condições de ordem psicológica e/ou mental que
geram comprometimento na vida normal de uma pessoa ” (p.87).Essas alterações mentais são
tratadas, geralmente, por psicólogos e psiquiatras e têm aumentado na actualidade devido a
situações do dia-a-dia, como o stresse.

1.1.2Ansiedade

Para Fiqueira (2003), “Todas as pessoas sentem ansiedade e esta faz-se essencial para o
desenvolvimento humano, porém quando esta traz complicações psicossociais e/ou sofrimento
importante para o indivíduo, é considerada patológica” (p.11). A ansiedade pode ser entendida
como manifestação normal de um estado afectivo, como um sintoma encontrado em vários
transtornos e um termo utilizado para nomear um grupo de transtornos mentais nos quais é uma
característica clínica fundamental.

A ansiedade é uma sensação de nervosismo, preocupação ou desconforto, sendo uma


experiência humana normal. Ela também está presente em uma ampla gama de transtornos
psiquiátricos, incluindo o transtorno de ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e
fobias. Apesar de essas doenças serem diferentes entre si, todas elas apresentam angústia e
disfunção especificamente relacionadas à ansiedade e ao medo (Fiqueira, 2003).

1.1.3.Transtorno de Ansiedade

Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às


experiências de vida. Pode-se sentir ansioso a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente;
pode-se ter ansiedade às vezes, mas tão intensamente que a pessoa se sentirá imobilizada
(Fiqueira,2003,p.19).

Transtornos de ansiedade são caracterizadas pela preocupação excessiva e constante de que algo


ruim pode acontecer. Durante uma crise de ansiedade, as pessoas sentem muita tensão e não
conseguem permanecer no momento presente, nem analisar uma situação a partir de dados reais.

1.2.Historial dos transtorno de ansiedade

Declara Narda (2005), que a“ palavra ansiedade frequentemente é contrastada com a palavra
angústia. Apesar de muitos autores utilizarem os dois termos como sinónimos, existe uma relação4
mais directa de angústia com a sensação de aperto e compressão retroesternal” (p.87). A dicotomia
ansiedade angústia é mais evidente nas línguas românicas (português: ansiedade e angústia,
espanhol: ansiedad e angustia, francês: anxieté e angoisse, italiano: ansietà e angòscia), que
provêm das expressões em latim ānxietās e angor, ambas, por sua vez, derivadas de uma raiz
proto-indo-europeia Ank associada a estreiteza.

Na antiguidade clássica, os estados afectivos hoje denominados de ansiedade, medo e fobia,


embora raramente bem diferenciados entre si, já eram abordados. Aristóteles (384 - 323 a.c.),
filósofo grego, em Ética a Nicômaco, afirma que quando alguém é, por natureza, de tal maneira
propenso a ter medo de tudo, até do chiar de um rato, diz-se que é bestialmente covarde e que a sua
covardia é bestial; aquele homem de quem se diz que tinha medo de uma doninha era por doença
Cícero (106-43 a.c.), filósofo estóico romano, fez uma distinção entre ānxietās, que designava um
estado contínuo de ansiedade, ou ansiedade-traço, e angor, que se referia a uma ansiedade
momentânea, ou ansiedade-estado ( Narda, 2005,p.39)

Os estados ansiosos eram entendidos como características morais dos indivíduos, mais
relacionados a defeitos ou vícios, do que como transtornos psíquicos, ainda que não fosse
incomum considerar-se medo ou ansiedade como aspectos de condições mentais
patológicas mais amplas, como melancolia e mania. Há uma discussão sobre se a ansiedade
passou a ser considerada como uma entidade patológica somente a partir do século XIX.
Contudo, existem indicativos de que a ansiedade era claramente identificada como um
estado de afecto negativo distinto por filósofos e médicos greco-romanos,9 a exemplo do
mencionado acima, na distinção feita por Cícero, ( Narda, 2005,p.43)

Após a Idade Média, em que o tema das condições mentais foi visto sob uma óptica religiosa e
mágica, surgiram, nos séculos XVIII e XIX, novas descrições com base no desenvolvimento do
pensamento científico. A ansiedade, raramente vista como entidade nosológica separada, era
incluída, quase sempre, dentro de outras categorias diagnósticas. Boissier de Sauvages (1706-
1767) utilizou o termo panophobia para um temor que é experimentado à noite, na ausência de
uma causa óbvia.

Confirma Barlow (2016), que “George Miller Beard, em 1869, introduziu o termo neurastenia,
condição centrada na fadiga de origem nervosa e outros sintomas tais como inapetência, fraqueza,
neuralgias, histeria, hipocondria e ansiedade” (p.57). Em 1895, Sigmund Freud (1856 - 1939)
diferenciou da neurastenia uma nova síndrome chamada de neurose de ansiedade ou de angústia
(Angstneurose). Esse novo conceito, concebendo pioneiramente a ansiedade como uma síndrome
independente, foi um precursor directo do actual grupo de transtornos de ansiedade.
5
1.3.Epidemiologia de transtorno de ansiedade
Há estudos que apontam uma prevalência geral de transtornos de ansiedade em cerca de 27%.
Dentre eles, o TAG apresenta uma prevalência em 12 meses que varia de 0,4 a 3,6% entre países, e
uma prevalência ao longo da vida na casa dos 9%. ( Barlow,2016,p.58).
Quando se analisa os factores de risco, observa-se maior prevalência do Transtorno de Ansiedade
Generalizada em determinados grupos, como mulheres, pessoas com mais idade, indivíduos com
menor quantidade de anos de estudo, pessoas de baixa renda, fumantes, etilistas e aqueles que
apresentam comorbidades crónicas.

1.4.Etiologia e Factores de Risco

Factores genéticos (incluindo histórico familiar de transtorno de ansiedade) Ambiente (por


exemplo, vivenciar um evento traumático ou estresse) Constituição psicológica,
( Barlow,2016,p.61).

1.5.Classificação segundo a CID-10

 Transtorno de ansiedade generalizada


 Transtorno de pânico

 Agorafobia com ou sem transtorno de pânico


 Fobias específicas (isoladas)
 Fobias sociais
 Transtorno misto de ansiedade e depressão
 Transtorno de ansiedade de separação na infância
 Mutismo electivo

Para Goodman (2010), “na CID-10, eram elencadas nos subgrupos “transtornos fóbico-ansiosos” e
“outros transtornos ansiosos” além de dois transtornos previamente classificados no grupo de
“transtornos emocionais e de comportamento com início ocorrendo habitualmente na infância ou
adolescência”: transtorno de ansiedade de separação e mutismo selectivo” (p.76).

O transtorno misto de ansiedade e depressão não mais aqui figura, sendo que o grupo dos
transtornos do humor agora contém a categoria diagnóstica “transtorno misto de depressão e
ansiedade. A nomenclatura dos transtornos em questão, reflectindo o esforço já mencionado pela
harmonização entre ambas. Uma comparação entre a CID-10 e a CID-11 revela que certas6
características definidoras de alguns dos transtornos ansiosos foram modificadas em razão de
avanços significativos decorrentes de pesquisas sobre a detecção, fenomenologia e psicobiologia,
implicando incremento na validade, utilidade clínica e aplicabilidade da classificação,11 conforme
serão apresentados caso a caso.

O aspecto central do TAG na CID-10 é a apreensão. Na CID-10, quando sintomas


depressivos e ansiosos aparecem de forma simultânea e graves o suficiente para justificar
diagnósticos individuais e, por razões práticas de registo, apenas um diagnóstico pode ser
feito, dá-se precedência ao diagnóstico de depressão; enquanto, os diagnósticos dos
transtornos ansiosos podem ser utilizados concomitantemente (Goodman, 2010).

O diagnóstico de transtorno de pânico, na CID-10, não pode ser feito se os ataques de pânico
ocorrem em um indivíduo portador de fobia, porque são considerados como expressão da
gravidade da fobia, que deve ter precedência diagnóstica. Na CID-10, há a possibilidade de
registar, no diagnóstico da agorafobia (F40.0), a presença ou ausência de transtorno de pânico, por
meio do acréscimo de mais um caractere na codificação (F40.00 - sem transtorno de pânico - e
F40.01 - com transtorno de pânico)

1.6.Manifestações Clínicas

Declara Narda (2005), que “os aspectos clínicos dos transtornos aqui descritos têm por base a CID-
10, o DSM-5 e os livros-texto de referência. Na CID-10, para serem diagnosticados, esses
transtornos devem resultar em sofrimento ou prejuízo individual, familiar, social, educacional,
ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento” (p.113). O DSM-5 enumera as
comorbidades associadas, o que é típico de seu esquema organizacional. Cabe reafirmar que as
DCDD da CID-10 ainda serão publicadas, após o que os clínicos terão a seu dispor os elementos
necessários para melhor realização desses diagnósticos.

1.7.Diagnóstico

Palpitações, coração acelerado, taquicardia. Sudorese. Tremores ou abalos. Sensações de falta de


ar ou sufocamento. Agitação ou sensação de nervosismo ou tensão. Cansaço fácil. Dificuldade de
concentração. Irritabilidade

1.7.1.Transtorno de Pânico
A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque de pânico, um conjunto de
manifestações de ansiedade com início súbito, rico em sintomas físicos e com duração limitada no7
tempo, em torno de dez minutos. Os sintomas típicos são: sensação de sufocação, de morte
iminente, taquicardia, tonteiras, sudorese, tremores, sensação de perda do controle ou de “ficar
louco”, alterações gastrointestinais.

O transtorno de pânico inicia com os ataques e costuma progredir para um quadro de


agorafobia, no qual o paciente passa a evitar determinadas situações ou locais por causa do
medo de sofrer um ataque. Situações e locais típicos da agorafobia são: túneis,
engarrafamentos, avião, grandes espaços abertos, shopping centers, ficar sozinho, sair
sozinho. Em todas essas situações existe um denominador comum o problema que o
paciente enfrenta, caso nelas tenha um ataque (Narda, 2005).

Com a progressão do transtorno, o paciente fica cada vez mais dependente dos outros e com seu
espectro de actividades cada vez mais limitado. Outros transtornos mentais são comumente
associados com o transtorno de pânico e precisam ser bem investigados para a elaboração de um
plano de tratamento adequado, como depressão ou abuso de álcool ou drogas.

1.7.2.Transtorno de ansiedade social (fobia social)

No transtorno de ansiedade social (fobia social), os sintomas de ansiedade ocorrem em situações


nas quais a pessoa é observada pelos outros. Situações típicas compreendem: escrever, assinar,
comer e fazer uma apresentação na presença dos outros, (Narda, 2005).

1.7.3.Transtorno obsessivo-compulsivo1,2(D)

Obsessões são pensamentos, imagens e impulsos que ocorrem de modo repetitivo, intrusivo,
usualmente associados com ansiedade, que a pessoa não consegue controlar, apesar de reconhecer
seu carácter anormal. Compulsões são actos ou comportamentos, recorrentes e repetitivos, que o
paciente é forçado a realizar, sob pena de entrar em um estado de acentuada ansiedade. As
compulsões costumam se elaborar em rituais com actos relacionados com limpeza, verificação e
contagem, (Narda, 2005). O paciente toma dez, trinta banhos por dia, de acordo com um esquema
predeterminado. Lava as mãos toda vez que se encosta a certo tipo de objecto.

1.7.4.Transtorno deansiedadegeneralizada1,2(D)

No transtorno de ansiedade generalizada, as manifestações de ansiedade oscilam ao longo do


tempo, mas não ocorrem na forma de ataques, nem se relacionam com situações determinadas.
Estão presentes na maioria dos dias e por longos períodos, de muitos meses ou anos. O sintoma
principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada, mórbida, (Narda, 2005). A pessoa
está a maior parte do tempo preocupada em excesso. Além disso, sofre de sintomas como
8
inquietude, cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, insônia e
sudorese. O início do transtorno de ansiedade generalizada é insidioso e precoce. Os pacientes
informam que sempre foram “nervosos”, “tensos”. A evolução se dá no sentido da cronicidade.

1.8.Tratamento

A intervenção de primeira linha para o tratamento do TAG consiste na utilização dos Inibidores
Seletivos da Receptação de Serotonina (ISRS), como Fluoxetina, Paroxetina, Citalopram e
Escitalopram. A Venlafaxina, da classe dos Inibidores da Receptação de Serotonina e
Noradrenalina (IRSN), também tem eficácia comprovada no tratamento do TAG e é um tratamento
de primeira linha. Antidepressivos tricíclicos, como a Amitriptilina e a Nortriptilina, também
podem ser utilizados, contudo têm eficácia comprovada em menos ensaios, e têm um maior perfil
de efeitos adversos.

Princípios Gerais Os dois componentes principais do tratamento dos transtornos de ansiedade são
o emprego de medicamentos em médio e longo prazo e/ou a psicoterapia cognitivo-
comportamental3 (A) 4 (B). O diagnóstico deve ser abrangente para se elaborar um plano de
tratamento com objectivos bem definidos. Os graus de incapacitação variam Existe dentre
especialistas a noção de que a clomipramina seria superior à imipramina quanto à eficácia no
tratamento do transtorno de pânico, (Narda, 2005).

Nos poucos estudos nos quais os dois tricíclicos foram comparados, em apenas um, com uma
amostra pequena, foi encontrada superioridade da clomipramina9 (B). Em alguns estudos não-
controlados, a clomipramina foi eficaz em doses baixas (10–50 mg/dia), mas nos estudos
controlados as doses eficazes foram em torno de 100 mg/dia. Nos estudos controlados com a
imipramina, em subgrupos de pacientes, doses menores, em torno de 50 mg/dia, foram eficazes no
controle da sintomatologia do pânico. Em um único estudo controlado foi adequadamente estudada
a questão da dose da imipramina eficaz no transtorno de pânico, comparando-se três níveis, 50,
100 e 200 mg/ dia. Os níveis de 100 e 200 mg/dia foram comparavelmente eficazes e superiores ao
placebo. O nível de 50 mg/dia foi tão eficaz quanto o placebo10(A)

Tanto em ensaios clínicos controlados quanto na experiência de especialistas é notada a particular


sensibilidade dos pacientes que sofrem do transtorno de pânico aos efeitos indesejáveis dos
tricíclicos, especialmente a exacerbação da ansiedade no início do tratamento. Por isso,
recomenda-se que o tratamento seja iniciado com doses muito pequenas (10–20 mg/dia) e que o
9
aumento até os níveis terapêuticos habituais (100–150 mg/dia) seja feito de modo gradual, ao
longo de 2 a 4 semanas, (Narda, 2005).

1.8.1.Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRSs)

Dois Inibidores da Receptação de Serotonina (IRSs), a sertralina e a paroxetina, têm eficácia bem
demonstrada no tratamento do transtorno de pânico em estudos randomizados, duplo-cego,
placebo-controlados11,12(A) 13(B) 14(C). Nos estudos com diferentes níveis de doses fixas, os
níveis de 50, 100 e 200 mg/dia de sertralina foram comparavelmente eficazes e todos superiores ao
placebo15 (A). No estudo de doses fixas com a paroxetina, com 10, 20 e 40 mg/dia, houve clara
tendência de curva doseresposta, tendo sido a dose de 40 mg/dia nitidamente superior às outras16
(A), (Narda, 2005).

1.8.2.Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSNs)

A venlafaxina tem eficácia demonstrada no tratamento do transtorno de pânico, em dois estudos


randomizados, duplo-cego, placebocontrolados17,18(A). Benzodiazepínicos de Alta Potência O
alprazolam, depois da imipramina, é o medicamento mais estudado no tratamento do transtorno de
pânico, com eficácia comprovada em estudos randomizados, duplo-cego,
placebocontrolados19,20(B).

Na maioria das pesquisas com o alprazolam, as doses eficazes para o controle da


sintomatologia do pânico foram em torno de 6 mg/dia. Poucos estudos foram realizados
com doses fixas. Apesar da evidência obtida em estudos de doses fixas ser pequena, parece
que o alprazolam pode ser eficaz em grande proporção de casos em doses de 3 a 6 mg/dia.
O alprazolam, em decorrência da meia-vida plasmática curta, deve ser administrado em
quatro doses por dia: manhã, almoço, jantar e ao deitar. Quando isso não é feito, o paciente
pode sofrer de sintomas de ansiedade nos períodos em que o nível plasmático diminui,
(Narda, 2005).

O clonazepam é outro benzodiazepínico de alta potência com eficácia bem demonstrada em


estudos randomizados, duplo-cego, placebocontrolados, no tratamento do transtorno de pânico. O
espectro de doses do clonazepam que foi eficaz, nesses estudos, foi de 1,5 a 4,0 mg/ dia. Nesses
estudos controlados, o clonazepam foi administrado em duas doses por dia, por causa de sua meia-
vida plasmática mais longa. Na prática clínica, contudo, é comum o emprego do clonazepam em
três doses por dia, o que induziria um nível plasmático mais estável21,22(A).

10
Benzodiazepínicos de Alta Potência O alprazolam, depois da imipramina, é o medicamento mais
estudado no tratamento do transtorno de pânico, com eficácia comprovada em estudos
randomizados, duplo-cego, placebocontrolados19,20(B). Na maioria das pesquisas com o
alprazolam, as doses eficazes para o controle da sintomatologia do pânico foram em torno de 6
mg/dia. Poucos estudos foram realizados com doses fixas. Apesar da evidência obtida em estudos
de doses fixas ser pequena, parece que o alprazolam pode ser eficaz em grande proporção de casos
em doses de 3 a 6 mg/dia. O alprazolam, em decorrência da meia-vida plasmática curta, deve ser
administrado em quatro doses por dia: manhã, almoço, jantar e ao deitar. Quando isso não é feito,
o paciente pode sofrer de sintomas.

1.8.3.Transtorno de ansiedade social (fobia social)

Inibidor da Monoaminooxidase (IMAO) A eficácia da fenelzina no tratamento do transtorno de


ansiedade social foi bem demonstrado em estudos randomizados, duplocego, placebo-controlados.
Em dois desses estudos, esse medicamento foi comparado com a terapia cognitivo-comportamental
e com o placebo, em combinação ou sozinho. Esses estudos indicaram que a fenelzina é altamente
eficaz. A combinação do medicamento com a terapia cognitivo-comportamental foi mais eficaz do
que os dois tratamentos isolados23 (A) 4,24(B). A fenelzina foi eficaz nos estudos controlados em
doses entre 60 e 90 mg/dia, (Narda, 2005).

Inibidor da Monoaminooxidase Reversível (RIMA) Foram realizados quatro ensaios randomizados


duplo-cego, placebo-controlados, com a moclobemida, um IMAO reversível, no tratamento do
transtorno de ansiedade social. Em dois desses ensaios, a moclobemida foi superior ao placebo
quanto à eficácia e, em dois, não houve diferenças significativas entre os efeitos terapêuticos
observados nos grupos tratados com o medicamento e nos grupos tratados com o placebo26-28(A)
24(B). As doses de moclobemida empregadas nesses estudos variaram entre 600 e 900 mg/dia.
Inibidora da Recaptação de Serotonina (IRSs) de ansiedade social, em doses em torno de 3 e de 30
mg/dia, respectivamente33,34(B).

1.8.4.Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRSs) A única classe de medicamentos com eficácia


comprovada em pesquisas clínicas no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo é a dos
Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRSs). A clomipramina foi o primeiro medicamento a ter
11
sua eficácia demonstrada no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo em estudos
randomizados, duplo-cego, placebocontrolados35 (B). Isso explica, em parte, a melhor
diferenciação entre os resultados terapêuticos da clomipramina e os do placebo obtidos nesses
estudos, realizados no final da década de 80 do século passado, (Narda, 2005).

As doses desses medicamentos que se mostraram eficazes foram relativamente altas, 226, 200,
249, e 60 mg/ dia, respectivamente36 (A) 37(B). Em duas meta-análises foram avaliados os
resultados obtidos até 1994 em estudos randomizados, duplo-cego, placebo-controlados, no
tratamento do transtorno obsessivo compulsivo36 (A)37(B). Nessas duas metaanálises, a
clomipramina foi associada com um efeito terapêutico em relação ao placebo maior do que os da
sertralina, fluvoxamina ou fluoxet entre a clomipramina e os outros IRSs, contudo, não foram
encontradas diferenças quanto à eficácia. A paroxetina, outro IRS, foi comparavelmente eficaz à
clomipramina no tratamento do transtorno obsessivo compulsivo em um estudo randomizado,
duplo-cego, placebocontrolado (A).

1.8.5.Transtorno de Ansiedade Generalizada (Tag)

O transtorno de ansiedade generalizada passou a ser considerado um transtorno residual desde a


publicação dos critérios diagnósticos da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV) e da
Classificação Internacional de Doenças da O.M.S. (CID-10). Essa situação está mudando com a
demonstração a partir de estudos epidemiológicos de que o transtorno existe sozinho, é frequente e
muito incapacitante 39 (A), (Narda, 2005).

Por causa das dúvidas quanto à importância clínica do transtorno de ansiedade generalizada e do
predomínio do emprego de outras categorias diagnósticas de ansiedade, poucos estudos
controlados foram realizados sobre o tratamento dessa condição. O primeiro estudo randomizado,
duplocego, placebo-controlado, sobre o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada
definido de acordo com o sistema DSM-IV, foi realizado com a venlafaxina XR. Três doses de
venlafaxina XR, 75, 150 e 225 mg/dia foram superiores ao placebo quanto à eficácia em um
período de tratamento de seis meses. Os três níveis de doses foram comparavelmente eficazes e
todos superiores ao placebo40 (A).

12
Conclusão

A ansiedade é uma reacção normal a uma ameaça ou a um stresse psicológico. A ansiedade normal
tem sua raiz no medo e desempenha um importante papel na sobrevivência. Quando uma pessoa se
vê perante uma situação perigosa, a ansiedade desencadeia uma resposta de luta ou fuga A
angústia mental que ocorre imediatamente ou logo após vivenciar ou testemunhar um evento
extremamente traumático não é mais classificada como um transtorno de ansiedade. Esses
transtornos são actualmente classificados como transtornos relacionados a trauma e a stresse e
incluem o transtorno de stresse agudo, o transtorno de adaptação e o transtorno de stresse pós-
traumático.

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Referências Bibliográficas
Miranda-Sá LS J (2010). O diagnóstico psiquiátrico ontem e hoje. E amanhã. Rio de Janeiro: ABP
Editora

Figueira I, M. (2003). Diagnóstico do transtorno de estresse Diagnóstico do transtorno de estresse


pós-traumático pós-traumático

Nardi A.E, V A (2005). Transtorno do pânico: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan.

Barlow, D.H (2016) Manual clínico dos transtornos psicológicos 5. ed. – Porto Alegre : Artmed,

Manfro, G.G. (2008). Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico. Rev. Bras.


Psiquiatr. vol.30, São Paulo

Goodman L, G A (2010). As bases farmacológicas da terapêutica. 11ª Ed. Porto Alegre: AMGH
Editora Ltda

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