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INTERNATO 10ª
ETAPA
Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico Não Cetótico ... 219 Hipertireoidismo subclínico ....................................... 354
Síndrome hepatorrenal ............................................. 221 Hiperprolactinemia .................................................... 356
Arritimias cardíacas ................................................... 223 Síndrome de Sheehan ................................................ 357
Insuficiência renal aguda ........................................... 227 Insuficiência adrenal .................................................. 358
Distúrbios ácido-básicos ............................................ 230 Síndrome de Cushing ................................................. 363
Distúrbios hidroeletrolíticos ...................................... 234 Hiperaldosteronismo ................................................. 366
Sepse ......................................................................... 239 Endocardite infecciosa ............................................... 369
Derrame pleural ........................................................ 240 Cuidados paliativos .................................................... 375
Ascite ......................................................................... 242 Delirium ..................................................................... 379
Erisipela ..................................................................... 247 Mini exame do estado mental ................................... 384
Celulite ...................................................................... 250 Síndrome metabólica ................................................. 386
Hipertensão Arterial Sistêmica .................................. 251 Bronquiectasia ........................................................... 390
Doença Renal Crônica ................................................ 255 Neoplasia pulmonar (nódulo solitário) ...................... 391
Litíase renal ............................................................... 268 Pneumoconioses ........................................................ 392
Artrose....................................................................... 271 Asma .......................................................................... 393
Artrite reumátoide .................................................... 273 DPOC .......................................................................... 396
Lúpus Eritematoso Sistêmico .................................... 275 Febre maculosa .......................................................... 399
Síndrome do Anticorpo Anti Fosfolípide.................... 276 Influenza .................................................................... 401
Gota ........................................................................... 277 Síndrome gripal .......................................................... 404
Valvulopatias ............................................................. 278 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) ............... 405
Insuficiência cardíaca ................................................ 280 Malária ....................................................................... 406
Eletrocardiograma (ECG) ........................................... 282 Leptospirose .............................................................. 407
Drogas anticoagulantes ............................................. 296 Paracococidioidomicose ............................................ 411
Vitaminas................................................................... 297 Dor crônica................................................................. 414
Deficiência de folato e vitamina B12 ......................... 305 Comunicação de más notícias .................................... 418
Encefalopatia de Wernicke ........................................ 313 Osteoporose .............................................................. 419
Trombose Venosa Profunda (TVP)............................. 316
Exame neurológico .................................................... 318
Acidente Vascular Cerebral ....................................... 326
Sono .......................................................................... 327
Cefaleia ...................................................................... 328
Epilepsia .................................................................... 329
Diabetes Mellitus....................................................... 330
Complicações crônicas do diabetes mellitus ............. 340
Hipotireoidismo......................................................... 347
Hipotireoidismo subclínico ........................................ 350
Hipertireoidismo ....................................................... 351
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Insinuação
• É definida como a passagem do maior diâmetro
Situação da parte apresentada pelo estreito superior da
• Consiste na relação entre o maior eixo da bacia materna
cavidade uterina e o maior eixo fetal. Essa Descida ou progressão
relação dá origem a três possibilidades de
• É o momento definido pela passagem do polo
situação fetal: longitudinal, transversa e oblíqua
cefálico (ou da apresentação fetal em geral) do
Apresentação estreito superior para o estreito inferior da pelve
• É definida como a região fetal que ocupa a área materna
do estreito superior e nela se vai insinuar • Na prática clínica, usa-se o esquema de De Lee,
• Longitudinal: cefálica ou pélvica, dependendo do com os planos ditos em centímetros, a partir das
polo fetal que ocupa a região inferior do útero espinhas isquiáticas:
o Cefálica: em flexão ou deflexão o Móvel: > -3 cm
▪ 1º grau de deflexão: bregma o Ajustada ou fixada: -3, -2 ou -1 cm
como ponto de referência o Insinuada: 0 cm
(apresentação de bregma) o Fortemente insinuada: + 1, +2 ou +3 cm
▪ 2º grau: glabela (apresentação o Baixa: +4 ou +5 cm (já aflorando na
de fronte) vulva)
▪ 3º grau: mento (apresentação Rotação interna
de face)
• O objetivo da rotação interna é coincidir o
o Pélvicas: nádegas ou joelhos e pés
diâmetro anteroposterior do polo cefálico com o
• Transversas: córmicas (ou de ombro) ou dorsais maior diâmetro da bacia materna
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Desprendimento cefálico
• O desprendimento cefálico ocorre com a descida
final da cabeça fetal em posição occipitopúbica,
até que seja possível a locação do suboccipício
no subpúbis materno
Rotação externa
• A rotação externa da cabeça fetal, também
denominada movimento de restituição, leva o
occipício a voltar-se para o lado materno que
ocupava no interior do canal de parto
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Puerpério imediato
• O puerpério imediato compreende a primeira
hora após o parto e tem importância no que
concerne a observação de eventuais
hemorragias. Habitualmente, a infusão de
ocitocina iniciada após a dequitação e o próprio
mecanismo fisiológico da retração uterina (globo
de segurança de Pinard) são suficientes para
conter o sangramento do leito placentário.
Recomenda-se a infusão de vinte unidades de
ocitocina diluídas em 500 mL de soro fisiológico
ou glicosado a 5% nas primeiras 6 horas após a
dequitação
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o Ginecoide
o Antropoide (negras)
o Androide
o Platipeloide
• A raça, as condições socioeconômicas, a
atividade física, as características nutricionais da
infância e da adolescência, além de o habitat
interferem na formação da bacia
• As mulheres urbanas têm uma tendência maior
a bacias ovaladas, ao passo que as campestres
têm tendência a bacias arredondadas
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Determinismo do parto
• Na primeira metade da gestação, o útero se
expande por hiperplasia e hipertrofia celular,
ocorrendo em seguida acomodação da unidade
fetoplacentária e crescimento contínuo por
estiramento do miométrio
Teoria ocitócica
• A ocitocina, ao se ligar a um receptor de
membrana nas células miometriais, deflagra
contrações uterinas
• Sua concentração sérica é máxima por volta da
36ª semana de gestação e não declina até o
parto. Entretanto, sua eficácia maior ocorre em
uma fase mais avançada do trabalho de parto,
devido ao número aumentado de receptores
• O acetato de atosibana é um bloqueador dos
receptores da ocitocina
Teoria da gangorra
• A teoria da gangorra afirma que o parto ocorre
em virtude do estiramento miometrial crescente
determinado pelo crescimento do concepto
• A distensão excessiva da fibra muscular leva à
sua contração reflexa. Ela é inibida pela alta
concentração de progesterona que mantém o
útero refratário às contrações. Uma vez que
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Eritrócitos
• Em média, mulheres grávidas possuem 450 mL a
mais de eritrócitos, com maior incremento no • O aumento da pressão venosa nos membros
terceiro trimestre inferiores é justificado pela compressão das
• Considera-se anemia gestacional, em geral, veias pélvicas pelo útero volumoso. Por essa
hemoglobina < 11 g/dl razão, há maior chance de a gestante apresentar
hipotensão, edema, varizes e doença
Leucócitos hemorroidária
• A leucocitose pode estar presente na gravidez • A compressão uterina também pode ocorrer
normal, com valores de leucócitos totais entre sobre vasos maiores, como a veia cava inferior,
5.000 e 14.000/mm3. Durante o parto e o quando a gestante se encontra na posição
puerpério imediato, os valores de leucócitos supina a partir da segunda metade da gravidez
elevam-se de modo significativo, podendo
chegar a 25.000/mm3
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Alterações imunológicas
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Sintomas
A maioria das pacientes não tem sintomas, mas, quando
presentes, são principalmente:
• Linfonodomegalia
• Adinamia
• Mialgia
• Febre
• Cefaleia
• Hepatomegalia
• Artralgia
Risco na gestação
• A infecção fetal pode causar:
o RCIU
o Morte fetal
o Prematuridade
o Microcefalia
o Lesões oculares
o Hidrocefalia
o Calcificações cerebrais
o Hepatoesplenomegalia
o Polidrâmnio
o Hidropsia fetal Conduta
• Gestante que contrai o protozoário no início da Gestantes imunes (IgG reagente e IgM não reagente)
gravidez (até 24 semanas) costuma ter infecção • Apresentam anticorpos e devem seguir o pré-
menos frequente, mas está sujeita a maior risco natal de rotina
de abortamento ou sequelas graves Gestantes susceptíveis (IgG e IgM não reagentes)
• No final da gravidez, a infecção é mais comum e • Orientações para evitar a doença e repetir a
o acometimento mais comum é oftalmológico sorologia bimensalmente ou em cada trimestre
Sorologia até o final da gravidez
• IgM: infecção aguda, surge após uma semana do o Não ingerir carnes cruas ou malcozidas
contato, desaparecendo, geralmente, em torno o A água deve ser tratada ou fervida
o Lavar frutas e verduras adequadamente
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Transmissão Citomegalovírus
• É transmitido por via respiratória e via O citomegalovírus (CMV) é um dos agentes etiológicos
hematogênica mais comuns entre os causadores de infecção congênita
• O período de incubação é de duas a três semanas e perinatal.
e o contágio pode acontecer um ou dois dias
Sua transmissão ocorre pelo contato com sangue, saliva,
antes da erupção cutânea e até uma semana
urina ou por contato sexual com pessoas infectadas.
após
• O RV atravessa a barreira placentária quando Quadro clínico
infecta a gestante e dissemina-se nos tecidos • A infecção primária em adultos, geralmente, é
fetais. Quanto mais próximo da concepção, assintomática, mas podem ocorrer febre, mal-
maior é o dano produzido estar, mialgia e calafrios, além de leucocitose,
linfocitose e testes de função hepática anormais
Fisiopatologia
• Dos fetos com infecção congênita decorrente de
• O vírus da rubéola, por sua habilidade de inibir o
infecção primária materna, 10% a 15%
crescimento e a maturação celular, altera o
apresentam sinais e sintomas ao nascimento,
crescimento e desenvolvimento de todos os
sendo as manifestações clínicas mais comuns
sistemas do organismo
hepatoesplenomegalia, cardiomegalia, derrame
• Os efeitos citolíticos e citopáticos do vírus
pericárdico e/ou pleural, calcificações
promovem congestão hepática, pneumonia,
intracranianas periventriculares, hidropsia,
nefrite, acometimento linfonodal, miocardite,
ventriculomegalia, microcefalia, coriorretinite e
edema e infiltrado inflamatório nos neurônios
perda auditiva
do córtex cerebral (possui neurotropismo)
• O acometimento ocular dá-se pela infecção das Epidemiologia
células epiteliais do corpo ciliar e das glândulas • Promiscuidade, citologia cervicovaginal
lacrimais, resultando em catarata congênita alterada, 1ª gravidez antes dos 15 anos,
• O acometimento da cóclea no seu período de multiparidade e antecedente de DST são fatores
desenvolvimento produz a surdez comumente associados a aumento de risco para
neurossensorial citomegalovirose
• No quadro agudo de infecção primária, a
Diagnóstico
transmissão vertical para o feto pode ocorrer em
• Diante de suspeita clínica ou laboratorial da
40% a 50% dos casos
infecção na mãe (por sorologia IgM e IgG), deve-
se pesquisar comprometimento fetal Diagnóstico
o Isso pode ser feito diretamente por • O diagnóstico de CMV congênito pode ser obtido
pesquisa de vírus no feto (amniocentese pela sorologia compatível com infecção primária
para detectar RT-PCR viral ou ou recorrente materna, mas, principalmente,
cordocentese para identificar IgM no após a detecção de achados ultrassonográficos
sangue fetal) ou, indiretamente, por fetais sugestivos da infecção:
achados ultrassonográficos (alterações, o SNC: ventriculomegalia, calcificações
cerebrais, microcefalia, cardiopatias intracranianas e microcefalia
congênitas, RCIU etc.) o Coração: cardiomegalia, derrame
pericárdico
Tratamento
o Abdome: hepatomegalia, espleno-
• A gestante deve ser acompanhada em serviço
megalia, calcificações parenquimatosas,
especializado de medicina fetal
ascite, intestino hiperecogênico
• Deve haver vigilância atenta da vitalidade fetal,
o Placenta/líquido amniótico: placento-
por meio dos métodos de avaliação de vitalidade
megalia, placenta pequena, oligoâmnio,
ultrassonográficos e não ultrassonográficos.
polidrâmnio
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Tratamento
• Não existe ainda tratamento eficaz quanto à
cura da doença; portanto, o tratamento tem por
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gestação
Placenta prévia
Classicamente, a placenta prévia é definida como a
presença de tecido placentário que recobre ou está
muito próximo ao orifício interno do colo uterino após
28 semanas.
Classificação
• Placenta prévia: a placenta recobre total ou
parcialmente o orifício interno do colo
Incidência
• A placenta prévia complica cerca de 1 a cada 305
partos
Fatores de risco
• Idade materna avançada
• Paridade: a multiparidade aumenta o risco
• Placenta de inserção baixa: a borda placentária • Gestações múltiplas: a frequência 40% maior
se insere no segmento inferior do útero, não • Número de cesáreas prévias: o risco aumenta
chega a atingir o orifício interno e se localiza em com o número de cesáreas anteriores
um raio de 2 cm de distância desta estrutura • Número de curetagens para abortamentos
anatômica espontâneos ou induzidos
• Tabagismo: duas vezes aumentado
• Outros: cirurgia uterina, uso de cocaína,
mulheres que residem em altitudes elevadas e
feto do sexo masculino
Fisiopatologia
• Qualquer problema que leve à deciduação
deficiente, forçando o ovo a buscar outros locais
para sua oxigenação e nutrição, ou que interfira
no processo de nidação, tornando-a tardia e
provavelmente mais baixa, pode estar
relacionado ao desenvolvimento de placenta
prévia
• A cicatriz uterina, resultante de histerotomias
anteriores, principalmente cesáreas, pode
predispor a uma implantação placentária no
segmento inferior. Com o avanço da gestação,
mais de 90% dessas placentas de inserção baixa
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Distócia de rotação
• É suspeitada quando a cabeça do feto não roda
para OP, permanecendo em variedades de
posição oblíquas ou transversas no período
expulsivo
Parto taquitócico
• É diagnosticado quando a dilatação cervical e a
descida e expulsão do feto ocorrem num
período de quatro horas ou menos. Lacerações
Parada secundária da dilatação do trajeto também são mais frequentes neste
• É diagnosticada por dois toques sucessivos tipo de parto
(intervalo de 2 horas) com dilatação o Causas: pode acontecer em decorrência
permanecendo a mesma, com a mulher em de iatrogenia pela administração
trabalho de parto ativo. Há associação frequente excessiva de ocitocina
com sofrimento fetal agravando o prognóstico o Conduta: neste caso, deve-se suspender
perinatal a infusão de ocitocina até o retorno a
o Causas: a causa principal é a um padrão contratural normal; revisar
desproporção cefalopélvica relativa o canal de parto também é uma medida
(assinclitismo ou deflexão) ou absoluta importante pelo risco de hemorragia
(polo cefálico > bacia)
o Conduta: desproporção céfalo-pélvica
absoluta indica cesárea. Nas relativas,
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Contraindicações
• Gestação múltipla
• Placenta prévia
• Macrossomia fetal
• Sofrimento fetal
• Apresentações anômalas
• Malformações uterinas
• Vício pélvico
• Infecção ativa por herpes genital
• Sorologia positiva para HIV
• Carcinoma cervical invasivo Prostaglandina E2 (dinoprostona)
• A prostaglandina E2 reduz o intervalo entre o
Maturação cervical início da indução e o parto, e pode ser
• É fundamental avaliar a maturação cervical do administrada pelas vias oral, endocervical e
colo uterino. Para isso, utiliza-se o índice de vaginal, sendo os melhores resultados obtidos
Bishop ou a ultrassonografia com o uso endocervical e vaginal
Índice de Bishop • Antes da administração da prostaglandina E2,
0 1 2 3 deve-se avaliar a vitalidade fetal por meio da
Dilatação 0 1-2 cm 3-4 cm 5-6 cm cardiotocografia e do perfil biofísico fetal
Esvaecimento 0-30% 40-50% 60-70% 80%
• Após aplicação da prostaglandina E2, traça-se
Altura da -3 -2 -1 ou 0 +1 ou +2
apresentação cardiotocografia pelo período de 2 horas
Consistência Firme Média Amolecida -
Posição Posterior Medial Anterior -
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Parto
• A escolha da via de parto é dependente da carga
viral da paciente
o >1000 cópias/mL indica-se a cesárea
eletiva (não estar em trabalho de parto
e bolsa íntegra) com 38 semanas
associado a zidovudina (AZT) EV 3 a 4
horas antes do ato operatório
o Entre 50 e 1000 cópias/mL, recomenda-
se parto normal associado à zidovudina
o < 50 cópias/mL ou carga viral
indetectável, indica-se parto normal
sem zidovudina
• É preconizado que não se tenha um período
expulsivo prolongado por ser justamente esse
período em que há maior contato do feto com as
secreções maternas, evitando-se o uso de
fórcipe ou vácuo extrator e episiotomia
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Prevenção
• A aloimunização contra um determinado
antígeno pode ser prevenida pela administração
passiva de anticorpos contra aquele antígeno
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Dilatação
Inicia-se com as primeiras contrações dolorosas, cuja
principal ação é a modificação da cérvix e termina com a
dilatação completa do colo uterino (10 cm) de modo a
permitir a passagem fetal
Expulsão
O feto é expelido do útero através do canal de parto por
meio da ação conjugada das contrações uterinas e das
contrações voluntárias dos músculos abdominais
(puxos). Tem início com a dilatação completa e se
encerra com a saída do feto
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trauma grave, o produto conceptual pode sofrer • No exame físico, dependendo da intensidade da
trauma direto ou, ainda, sofrer consequências hemorragia, pode-se evidenciar anemia,
danosas em função do estado hemodinâmico taquicardia e hipotensão arterial
materno • No exame especular, observa-se sangramento
ativo proveniente do canal cervical, geralmente
Formas clínicas de abortamento
com presença de restos dos produtos da
Ameaça de abortamento concepção. O orifício interno do colouterino
• Caracteriza-se por sangramento vaginal em encontra-se dilatado no exame de toque vaginal
pequena quantidade, acompanhado ou não de
dor em cólica na região hipogástrica Abortamento completo
• No exame ginecológico, o colo uterino encontra- • Quando o abortamento ocorre no primeiro
se fechado e o tamanho do útero é compatível trimestre da gravidez, principalmente nas 10
com o atraso menstrual semanas iniciais, é comum a expulsão completa
• O exame ultrassonográfico evidencia atividade dos produtos da concepção
cardíaca do produto conceptual • Rapidamente, o útero se contrai e o
• A conduta é expectante, devendo haver apenas sangramento, juntamente às cólicas, diminui de
monitoramento da hemorragia intensidade. O orifício interno do colo uterino
tende a fechar-se em poucas horas
Abortamento em curso • É, portanto, caracterizado por ausência de dor,
• É caracterizado clinicamente por sangramento ausência de sangramento ou, se presente,
moderado ou intenso, acompanhado de dor discreto, colo uterino fechado e ausência de
abdominal em cólica, geralmente de forte produto conceptual na USG
intensidade
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Sistema endócrino
• Após a dequitação, observa-se queda do beta-
hCG, que retorna ao normal em 2 a 4 semanas
• Para as mulheres não lactantes, o retorno da
menstruação após parto de termo varia de 7 a 9
• Na segunda semana pós-parto, o útero não é
semanas
mais palpável no abdome
• Mulheres lactantes têm atraso no retorno da
• Nos primeiros 3 dias de puerpério, as contrações
ovulação, já que a prolactina inibe a liberação
uterinas provocam cólicas abdominais. Essas
pulsátil do GnRH pelo hipotálamo
cólicas intensificam-se com a sucção do recém-
nascido, como resultado da liberação de Perda ponderal
ocitocina • Aproximadamente metade do ganho ponderal
• A regeneração da ferida placentária, associado adquirido durante a gravidez é perdida nas
às alterações involutivas que se processam primeiras 6 semanas após o parto
simultaneamente, vincula-se à produção e à • A perda imediata de 4,5 a 6 kg é atribuída ao
eliminação de quantidade variável de exsudatos feto, placenta, líquido amniótico e perda
e transudatos, denominados lóquios, sanguínea
geralmente por 4 semanas
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Anticoncepção
• Após 2 a 3 semanas do parto, mulheres que não
amamentam podem fazer uso de
anticoncepcionais de progesterona somente
(pílulas, implantes, injeções) ou de métodos de
barreira. O uso de anticoncepcionais hormonais
orais (ACHO) combinados deve ser iniciado 28
dias depois do parto, segundo a maioria dos
estudos (a ovulação pode retomar apenas 25
dias após o parto). O dispositivo intrauterino
(DIU) pode ser inserido imediatamente depois
do parto, apesar de ser maior a taxa de expulsão
em comparação com a inserção mais tardia
• Mulheres que amamentam exclusivamente e
mantêm-se amenorreicas estão 98% protegidas
de uma nova gravidez pelos primeiros 6 meses.
Para as lactantes, o uso de anticoncepcionais de
progesterona somente, minipílulas ou
medroxiprogesterona de depósito não afeta a
qualidade tampouco diminui a produção de leite
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Feticídio seletivo
• Implica a interrupção seletiva da vida de um dos
gêmeos e deve ser realizada por meio de técnica
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Cardiotocografia anteparto
• Monitorização anteparto: é realizada em
intervalos diários ou semanais enquanto houver • Linha de base: constitui-se na FCF média
indicação. A piora do estado materno obriga a (arredondada para 0 ou 5) em um intervalo de
reavaliação, mesmo que testes satisfatórios dez minutos, excluindo variações periódicas e
recentes estejam presentes. Não está indicada períodos de variabilidade marcante. Ocorrem
antes de 26 semanas de gestação, devido à nos intervalos das contrações uterinas. Seus
imaturidade fisiológica do sistema nervoso limites se encontram entre 110 e 160 bpm
autônomo. Em geral, recomenda-se que a o Taquicardia: linha de base da FCF acima
monitorização anteparto seja realizada em de 160 bpm durante dez minutos. Pode
gestações de risco para morte fetal: ser causada por hipoxemia fetal inicial
o Síndrome antifosfolipídeo (baixa reserva de oxigênio no sangue);
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hipertermia; tireotoxicose; infecção a elevação por pelo menos dez segundos em, no
intrauterina; doenças cardíacas fetais mínimo, dez batimentos em relação à linha de
(arritmias); fatores constitucionais; base. Podem estar associadas à atividade uterina
ansiedade ou uso de drogas ou à movimentação fetal e são sinais de bem-
o Bradicardia: linha de base da FCF abaixo estar fetal e de que as reservas metabólicas
de 110 bpm durante dez minutos. Pode estão preservadas
ocorrer na vigência de hipóxia fetal o Quando o feto se movimenta ocorre
(baixa disponibilidade de oxigênio aos vasodilatação muscular, com diminuição
órgãos); nas doenças cardíacas fetais do débito cardíaco e aumento
(bloqueios); no uso de drogas; nos compensatório da FCF. Durante uma
fatores constitucionais; na analgesia contração uterina pode ocorrer leve
peridural e paracervical compressão do cordão umbilical,
• Variabilidade: pequenas irregularidades na prejudicando o retorno venoso ao átrio
frequência cardíaca fetal. Sua ausência é direito e, desta forma, induzindo a
importante marcador de hipóxia fetal acelerações da FCF. Quando
hipoxemiado, não ocorre a aceleração
da FCF, por provável mecanismo de
defesa para economia de glicogênio
cardíaco
o Na hipoxemia fetal, o primeiro sinal que
pode ser percebido na cardiotocografia
é o desaparecimento das acelerações à
movimentação fetal. Portanto, entenda:
na presença de aceleração da frequência
cardíaca fetal (reatividade) não há
• Existem diversas causas não asfíxicas sofrimento fetal
relacionadas à diminuição da variabilidade da • DIPS ou desacelerações: são quedas transitórias
frequência cardíaca fetal, como uso de opioides, na frequência cardíaca fetal. Podem ser
propranolol, tranquilizantes, benzodiazepínicos, periódicos ou não periódicos de acordo com sua
sulfato de magnésio, atropina, anestésicos relação com a atividade uterina
locais, anencefalia fetal, arritmias fetais, o São divididos, segundo a amplitude da
bloqueios cardíacos, sono fetal, sepse e queda, em leves (<15 bpm), moderados
prematuridade. Dessa forma, o achado isolado (15-45 bpm) ou graves (>45 bpm)
de variabilidade diminuída não deve levar a o DIP precoce é aquela que começa
medidas intempestivas, e maiores investigações precocemente, isto é, junto da
devem ser propostas contração uterina
• Alterações transitórias: são alterações de o DIP tardia é aquela que começa
pequena duração, podendo ser periódicas ou tardiamente, isto é, após o início das
não periódicas contrações
o As periódicas são consequentes à o DIP variável (umbilical) é aquela cuja
atividade uterina, enquanto as não forma, duração e início são variáveis. É
periódicas decorrem de diversos decorrente da compressão transitória
fatores, como movimentação fetal, do cordão umbilical; por isso apresenta
manipulação vaginal e outros forma e durações variáveis
• Acelerações: são aumentos transitórios na
frequência cardíaca fetal de, no mínimo, 15 bpm Índice cardiotocométrico
e duração de quinze segundos. Em fetos • O índice cardiotocométrico é o somatório das
prematuros com menos de 32 semanas, diversas pontuações distribuídas
considera-se aceleração da frequência cardíaca
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Estímulo vibroacústico
• Está indicado quando a cardiotocografia basal
não evidenciar reatividade fetal após cinco
minutos de exame. Considera-se normoxêmico o
feto que apresentar aceleração da FCF em no
mínimo 20 bpm e por tempo não inferior a três
minutos, depois de estimulado
Monitorização intraparto
• Em geral, recomenda-se que a monitorização
intraparto contínua seja realizada somente em
gestações de alto risco, como na síndrome
antifosfolipídeo, hipertensão crônica, doença
renal, LES, gestação múltipla, mau passado
obstétrico ou pós-datismo. Está ainda indicada
nas induções, presença de líquido meconial, na
amniorrexe e nas pacientes que apresentem
alterações da FCF à ausculta intermitente
• Um dos objetivos do acompanhamento
intraparto é distinguir o feto com uma FCF não
reativa que se encontra em hipoxemia, porém
bem compensado, daquele que se encontra em Desacelerações tardias
acidose e sob risco de sequelas neurológicas ou • As desacelerações tardias são causadas por
morte hipoxemia fetal resultante da redução do fluxo
sanguíneo placentário em feto com baixa
Desacelerações precoces
reserva de oxigênio
• A redução da oxigenação local provoca
• Fetos com baixa reserva de oxigênio não
diminuição da frequência cardíaca fetal. Na
suportam a redução do fluxo sanguíneo durante
desaceleração precoce, a queda da frequência
as contrações uterinas e têm sua pO2 menor que
cardíaca fetal é coincidente com a contração
16 a 18 mmHg (normal 23-30 mmHg), o que
uterina ou, caso apresente decalagem, será
estimularia o centro vagal à diminuição da
inferior a 15 segundos
frequência cardíaca fetal
• Esse tipo de desaceleração é comumente
observado no período expulsivo, inclusive de
partos eutócicos
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equivalente a duas diluições), por exemplo, de • O acometimento neonatal pode causar lesões
1:64 para 1:16 em órgãos internos, como pulmão, fígado
• O teste específico, ou treponêmico, para sífilis é (cirrose hipertrófica), baço e pâncreas. Também
o FTA-Abs cursa com osteocondrite em ossos longos, como
o fêmur, a tíbia e o rádio
Tratamento
• O tratamento de escolha é a penicilina, sendo
terapêutica tanto para a mãe como para o feto,
uma vez que atravessa a placenta
• Alérgicas à penicilina (embora seja recomendada
a dessensibilização) podem usar
alternativamente:
o Não gestantes: doxiciclina por 14 dias
o Gestantes: eritromicina – não trata o
concepto
• A posologia da penicilina depende do estágio da
doença:
o Sífilis primária, secundária e latente
recente: penicilina G benzatina,
2.400.000 UI (1.200.000 UI em cada
nádega) IM, em dose única
o Sífilis latente tardia, duração
• A punção lombar para análise do líquor está indeterminada e terciária: penicilina G
indicada nos casos com sintomas neurológicos, benzatina, 2.400.000 UI, IM, uma vez
sífilis terciária e resposta inadequada ao por semana, por 3 semanas
tratamento (aumento dos títulos de VDRL). O o Neurossífilis: penicilina G cristalina de
diagnóstico de neurossífilis é feito por meio da 3.000.000 a 4.000.000 UI, por via
combinação do resultado sorológico positivo e intravenosa, a cada 4 horas por 10 a 14
aumento da celularidade e proteínas no líquor dias, seguido de penicilina G benzatina,
(mais que 10 linfócitos/mL e acima de 40 mg/dL 2.400.000 UI por via intramuscular,
semanalmente, por 3 semanas
de proteínas)
• Todos os contatos sexuais atuais da paciente
Repercussões fetais devem ser testados e, se positivos, tratados,
• As pacientes com sífilis primária, secundária ou pois, do contrário, considera-se alta a chance de
latente recente apresentam até 66% de fetos a gestante se reinfectar. Os parceiros sexuais
com algum acometimento. Os achados mais deverão receber dose única de penicilina G
frequentes são: benzatina, 2.400.000 UI, IM
o Alteração da função hepática • O tratamento materno e fetal é considerado
o Hepatomegalia adequado apenas nos casos em que:
o Trombocitopenia o A gestante foi tratada com penicilina
o Anemia o O parto ocorrer pelo menos 30 dias após
o Ascite o término do tratamento
o Imunoglobulina M (IgM) antitreponema o Todas as doses da penicilina tenham
fetal presente sido administradas com intervalo
• Tipicamente, a placenta apresenta-se adequado. Caso a gestante deixe de
aumentada e edematosa, com sinais evidentes tomar uma das doses, todo o esquema
de processo inflamatório deve recomeçar
o Os parceiros sexuais forem tratados
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Reação deJarisch-Herxheimer
• Se manifesta com tremores, taquicardia,
hipotensão, mialgia e febre. Geralmente, essa
reação ocorre em um período que varia de 1 a 2
horas após a aplicação de penicilina, com
resolução espontânea em 24 horas. Essa reação
denota a liberação maciça de lipopolissacarídeos
dos espiroquetas, podendo cursar com
contrações uterinas, diminuição da
movimentação fetal, desacelerações da
frequência cardíaca fetal e óbito fetal
• Caso ocorra, fazer o uso de corticoide
Controle pós-tratamento
• Recomenda-se repetir o teste sorológico VDRL
com 1, 3, 6, 12 e 24 meses após o tratamento
• Os títulos devem cair pelo menos quatro vezes
(duas diluições) após 6 meses de tratamento e
devem se tomar negativos entre 12 e 24 meses.
Se o título de VDRL estiver mantido, ou
apresentar aumento, devem-se considerar as
hipóteses de neurossífilis, falha de tratamento
ou reinfecção
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Controle de cura
• Deve ser realizado em todos os casos de infecção
urinária na gravidez
• Cultura de urina de uma semana após o término
do tratamento, para confirmar erradicação da
bacteriúria
• Se a urina for estéril e não houver sintomas
urinários presentes, esta deve ser repetida
mensalmente até o parto
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Tem sido utilizada para avaliar a circulação materna • Fluxo de alta resistência - com incisura
(artérias uterinas), fetoplacentária (artérias umbilicais) e
protodiastólica (alterado). A incisura representa
fetal (artéria cerebral média - ACM, aorta abdominal,
uma má adaptação da camada músculo-elástica
artérias renais, ducto venoso e seio transverso).
que fica persistente nos vasos que levam sangue
Circulação fetal à placenta, aumentando a resistência nesse
local. Elas surgem devido ao ciclo de fechamento
• Quando a estrutura placentária apresenta
aórtico
desenvolvimento completo (14 semanas), temos
uma estrutura funcional placentária, com um
lado materno e um lado fetal, havendo trocas
gasosas, de nutrientes e a barreira placentária
• Sabe-se que o sangue chega na placenta pela Artérias umbilicais
artéria uterina e segue para o feto pela veia • Sonograma normal
umbilical. O sangue que circulou pelo feto
retorna à placenta pelas artérias umbilicais para
retornar à circulação materna
• A circulação fetal é aberta, ou seja, há contato
entre sangue venoso e arterial. O trajeto do
sangue a partir das artérias uterinas consiste em • Diástole zero (alterado) – grave
seguir em direção à placenta, de onde é comprometimento da placenta
conduzido pela veia umbilical ao feto. Essa veia
se bifurca em veia porta (fígado) e ducto venoso
(primeiro shunt). O sangue da veia porta atinge
as veias hepáticas, sendo levado até a veia cava
inferior, assim como o sangue oriundo do ducto • Diástole reversa (alterado)
venoso
• Da veia cava inferior, o sangue chega ao átrio
direito, onda há o forame oval (segundo shunt),
que permite que o sangue possa ir, além do Ducto venoso (avalia miocárdio fetal)
ventrículo direito, para o átrio esquerdo. Do • Normal
ventrículo direito, o sangue pode seguir para o
pulmão pelas artérias pulmonares e retornar
pelas veias pulmonares, promovendo a nutrição
pulmonar (não há troca gasosa) ou para o ducto
arterioso (terceiro shunt), chegando na aorta, • Alterado
assim como o sangue que advém do átrio
esquerdo através do forame oval, que também
chega na aorta após passar pelo ventrículo
esquerdo
• Para retornar à placenta, da aorta o sangue
segue para as ilíacas comuns e ilíacas internas,
das quais surgem as artérias umbilicais
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latente e estudos indicam redução do apgar • Postula-se que a música desvia a atenção da dor,
nesses casos levando um estímulo agradável ao cérebro que
desvia a o foco da dor
Massagem
• A massagem é uma terapêutica simples, de baixo Aromaterapia
custo, que, associada à respiração, à melhor • A aromaterapia é a ciência do uso de óleos
posição e à deambulação essenciais altamente concentrados ou essências
• A massagem é realizada na região lombar destiladas a partir de plantas a fim de utilizar
suas propriedades terapêuticas
Acupuntura • Apesar de incerto, seu mecanismo de ação
• Para a dor do trabalho de parto, a colocação das parece estimular a produção de substâncias
agulhas depende do grau e da localização da dor, relaxantes, estimulantes e sedativas endógenas
do estágio do trabalho de parto, do nível de
cansaço materno, da tensão, da ansiedade e de
uma variedade de outros fatores
Acupressão
• Acupressão, ou shiatsu, é uma alternativa mais
simples para a acupuntura. A pressão é feita com
os dedos nos pontos de acupuntura
• Um ponto comum é o spleen 6 em cada tíbia.
Esse ponto está localizado quatro dedos acima
do maléolo medial e a pressão é aplicada na tíbia
e diagonalmente para a frente. O ponto é o mais
sensível da área circundante
Hipnose
• A hipnose é um estado de profundo de
relaxamento com uma mente alerta
• A hipnose utilizada para o parto é quase sempre
auto-hipnose: a hipnoterapia ensina a mulher a
induzir o estado de hipnose em si mesma
durante o trabalho de parto
Musicoterapia
• A musicoterapia utiliza a música como estímulo
auditivo para diminuir a percepção da dor
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Epidemiologia
• A cardiopatia diagnosticada antes ou durante o
ciclo gravídico-puerperal tem incidência de 0,3 a
4,2%
• O aumento da taxa de sobrevivência de
mulheres portadoras de cardiopatia congênita
tem mantido sua incidência em níveis crescentes
nos últimos anos
• A cardiopatia é a principal causa indireta de
morte materna no município de São Paulo,
sendo que a maior parte das mortes ocorreu no
período puerperal
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transverso, que passa no nível da cicatriz hemodinâmica), o que destina maior fluxo
umbilical materna. O resultado final é sanguíneo para órgãos mais importantes
computado pela soma das medidas do maior (cérebro, coração e adrenais), em detrimento de
bolsão vertical identificado em cada um dos outros, como rins, pulmões e sistema digestório.
quadrantes. Essa técnica tem como principais Com o hipofluxo sanguíneo nesses territórios,
vantagens ser de fácil padronização e apresentar ocorre diminuição gradativa do volume de
boa reprodutibilidade. O método é utilizado líquido amniótico
preferencialmente para gestações acima de 28 • Durante o terceiro trimestre da gestação, e
semanas e quando o fundo uterino ultrapassa a principalmente no pós-datismo, o diagnóstico de
cicatriz umbilical oligoâmnio é frequente e associa-se ao declínio
da função placentária
• A exposição materna a substâncias como os
AINES podem cursar com redução acentuada do
volume de líquido amniótico
Oligoâmnio
• O oligoâmnio é a redução do volume de líquido
amniótico, que é classicamente definida como
valores abaixo de 300 a 400 mL
• Do ponto de vista fetal, as principais
repercussões de oligoâmnio de instalação
precoce e persistente incluem a ocorrência de
hipoplasia pulmonar e o aumento do risco de Tratamento
óbito perinatal. Outras consequências incluem a • Investigar sinais e sintomas que indiquem RPMO
ocorrência de deformidades do polo cefálico e ou exposição a substâncias e medicamentos
da face, e mau posicionamento das • Buscar malformações e avaliar a adequação do
extremidades crescimento fetal e dos parâmetros da vitalidade
fetal nos casos de insuficiência placentária
Causas • A resolução da gestação está indicada nos casos
• Durante o segundo trimestre da gestação, esse de oligoâmnio com maturidade pulmonar fetal
diagnóstico está mais frequentemente comprovada ou quando as provas de vitalidade
associado a quadros de insuficiência placentária fetal estiverem alteradas, independentemente
grave com restrição do crescimento fetal (RCF), da maturidade fetal, mas após a viabilidade. Em
rotura prematura das membranas ovulares casos com idade gestacional igual ou superior a
(RPMO) e anomalias fetais que impedem a 37 semanas, recomenda-se a resolução da
eliminação da urina fetal na cavidade amniótica, gestação
como agenesia renal bilateral, doença renal • Quando a idade gestacional é inferior a 37
cística e obstruções urinárias baixas ou bilaterais semanas, analisa-se o valor do ILA. O oligoâmnio
• Quando o quadro está relacionado à grave, caracterizado se o ILA apresentar valor
insuficiência placentária, o déficit nutritivo e o inferior a 3,0 cm, é situação em que se indica a
regime de hipoxia desencadeiam o fenômeno de resolução da gestação. Quando o ILA apresentar
redistribuição da circulação fetal (centralização
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valor entre 3,0 e 5,0 cm, o caso deve ser relacionado à hiperglicemia fetal com
analisado com base na condição clínica materna consequente poliúria. Outra possibilidade inclui
e fetal o aumento na concentração de glicose presente
no líquido amniótico, o que provoca influxo de
Hidratação materna
água para o interior da cavidade amniótica,
• O estado de hidratação materna parece ser o
seguindo o gradiente osmótico
principal fator regulatório materno do volume
• Entre as causas placentárias, a mais
de líquido amniótico
frequentemente encontrada é o polidrâmnio
Amnioinfusão associado às gestações monocoriônicas. Por
• A amnioinfusão consiste na realização de causa da presença de anastomoses vasculares
amniocentese para infusão de soro fisiológico na entre as duas circulações fetais, uma parcela
cavidade amniótica. O sucesso desta técnica desses casos é complicada pela síndrome de
ainda permanece obscuro transfusão feto-fetal grave, em que o feto
receptor geralmente é hipervolêmico e
Polidrâmnio apresenta aumento da produção urinária, o que
• O polidrâmnio é definido quando o volume de ocasiona o polidrâmnio
líquido amniótico excede 2.000 mL
• Trata-se de quadro grave, uma vez que Tratamento
habitualmente cursa com trabalho de parto Amniodrenagem
prematuro e elevados índices de mortalidade • Nos casos associados a dispneia e/ou dor
perinatal abdominal materna, realiza-se amniodrenagem
• Além do desconforto respiratório materno, vale aliviadora para amenizar temporariamente os
citar como principais complicações o trabalho de sintomas maternos
parto prematuro, a RPMO, o descolamento Inibidores da prostaglandina
prematuro de placenta (DPP), a apresentação
• A administração de indometacina à mãe é a
fetal anômala, o parto moroso e a distocia
alternativa não invasiva de tratamento.
funcional, o prolapso de membros ou cordão, a
Habitualmente empregada na dose inicial de 25
atonia uterina e a hemorragia pós-parto
mg a cada 6 horas durante os 2 primeiros dias e
Causas de até 1,5 a 3 mg/kg/dia após
• As causas de polidrâmnio são diversas e podem • Essa substância parece reduzir a produção de
envolver fatores maternos, fetais e/ou líquido amniótico pelo feto, atuando
placentários diretamente no epitélio pulmonar e nos rins
Etiologia e fisiopatologia
• O parto pré-termo é evento multifatorial, no
qual estão envolvidas a liberação de citocinas
inflamatórias (interleucina 1, 6 e 8, fator de
necrose tumoral), hormônios hipotalâmicos e
adrenais (ocitocina, cortisol e hormônio
liberador de corticotropina), produção de
estrógenos placentários, liberação de
prostaglandinas e proteases e formação de
trombina
• Estes eventos parecem ser resultado de um dos
• A história de parto prematuro anterior é o fator
quatro processos patológicos: ativação
de risco mais significativo para um novo evento.
prematura do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
• Os principais micro-organismos associados à
materno e fetal; inflamação/infecção;
prematuridade são: E. Coli, Streptococcus do
hemorragia decidual e distensão uterina
grupo B, Chlamydia trachomatis, Trichomonas
patológica
sp, Gardnerella vaginalis, Neisseria gonorrheae
• O parto prematuro, visto de forma isolada, tem
como um grande fator causal a rotura precoce Quadro clínico e diagnóstico
de membranas ovulares, mas, na maior parte • No trabalho de parto prematuro, a atividade
dos casos, não é possível identificar um fator uterina encontra-se precocemente aumentada,
desencadeante causando dor, persistindo por no mínimo uma
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Distócia de dilatação
• Essa forma de distócia tem por características a
ausência de dilatação cervical ou a progressão
lenta, apesar de a paciente apresentar
contrações uterinas adequadas à fase do
trabalho de parto • Quando a ponta do dedo médio atinge o
• A terapêutica é feita com o uso de analgesia, promontório, marca-se a parte proximal do dedo
amniotomia e ocitocina, quando necessário que entra em contato com o ângulo subpúbico,
medindo-se a distância entre esses dois pontos.
Indicação de cesárea por distócia funcional Subtraindo-se 1,5 cm da medida obtida, infere-
• A cesárea está indicada quando a distócia se o valor do diâmetro anteroposterior ou
funcional for diagnosticada, todas as medidas conjugata vera obstétrica. Assim, valores de
terapêuticas forem instituídas e mesmo assim conjugata diagonalis inferiores a 11,5 cm
não ocorrer progressão do trabalho de parto, correspondem a diâmetros anteroposteriores
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inferiores a 10 cm e são utilizados para definir a médio) e bituberoso menor que 8 cm (estreito
presença de vício do estreito superior inferior)
• Quando é impossível atingir o promontório,
Distócias de partes moles
aceita-se que o diâmetro superior da pelve
apresenta dimensões adequadas ao parto • Vulva e períneo: veias varicosas, estenose
vaginal vulvar, edema de vulva e condiloma acuminado
extenso. Raramente essas condições serão
Anormalidades (vícios) do estreito médio impedimento para a via baixa, mas em geral se
• As anormalidades do estreito médio associam-se associam a maior risco de sangramento e
frequentemente a partos prolongados nos quais, infecções
apesar da insinuação do polo cefálico, da • Vagina: a presença de septos vaginais pode
ocorrência de moldagem e das contrações dificultar ou impedir a progressão do parto
uterinas efetivas ou até mesmo exacerbadas, vaginal
não se obtém progresso no trabalho de parto • Colo: hipertrofia do colo do útero, estenose
• Para avaliação do estreito médio, é importante cervical e edema de colo
obter a medida de seu diâmetro transverso (bi- • Tumores prévios: tumoração que se antepõe à
isquiático), que, clinicamente, na maioria das apresentação, impedindo ou dificultando a
vezes coincide com o diâmetro bituberoso e, progressão do feto pelo canal de parto. Os
portanto, pode ser inferido pela mensuração tumores que mais comumente têm esse efeito
deste são os miomas, o carcinoma de colo de útero e
• Para se obter a medida do bituberoso, deve-se os tumores de ovário
localizar a borda interna das tuberosidades
isquiáticas e medir a distância entre estas com Anormalidades do objeto
fita métrica aplicada tangencialmente à borda Tamanho fetal
superior do ânus • O tamanho fetal poderá impedir a progressão
normal do trabalho de parto tanto em situações
de peso fetal acima de 4.000 g como nos casos
de desproporção cefalopélvica
• A ultrassonografia permite estimar o peso fetal,
podendo assim ser utilizada como mais um dado
a ser avaliado na escolha da via de parto
Distócia de biacromial
• A distócia de biacromial se dá quando a
apresentação é cefálica e o polo cefálico já se
• Considera-se que medidas do bituberoso desprendeu, mas os ombros não se soltam e não
inferiores a 10 cm sejam um indício de distócia se observam quaisquer outras dificuldades
do estreito médio • São descritos como fatores associados a essa
intercorrência a obesidade materna, o pós-
Anormalidades (vícios) do estreito inferior
datismo e o DMG
• Essa forma de distócia deve ser considerada
quando o bituberoso se encontra com medida Riscos maternos e fetais
inferior a 8 cm • As complicações maternas, entre as quais as
mais comumente descritas são lacerações do
Avaliação da pelve óssea e via de parto
canal de parto, atonia uterina com hemorragia
• Os parâmetros para definição de vício pélvico,
• As complicações fetais são lesões de plexo
baseados na biometria da pelve menor ou bacia
braquial e fratura de clavícula e úmero
obstétrica, são: conjugata vera obstétrica menor
que possui menos de 10 cm (estreito superior),
bi-isquiático com menos de 9,5 cm (estreito
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• As principais causas de hemorragia pós-parto • Pelo fato de a atonia uterina representar a maior
são atonia uterina (incapacidade do útero de causa de hemorragia pós-parto, deve-se
contrair-se adequadamente), retenção de inicialmente esvaziar a bexiga e realizar toque
fragmentos placentários e lacerações do canal vaginal bimanual
de parto • O achado de útero amolecido e pouco contraído
• Os fatores de risco descritos para a atonia sugere a atonia como fator causal
uterina incluem: segundo período do parto • Deve-se descartar as lacerações pelo exame
prolongado, parto instrumentado, minucioso do canal de parto
sobredistensão uterina (macrossomia, gestação • Hematomas do trato genital também podem
múltipla, polidrâmnio), uso de medicações levar a perda sanguínea significativa. Os
(tocolíticos e anestésicos halogenados) e sintomas mais frequentes são pressão pélvica ou
corioamnionite retal e dor
• Além da atonia uterina, outras complicações • A retenção de fragmentos placentários consiste
obstétricas que podem estar associadas à em outra causa de hemorragia pós-parto
hemorragia pós-parto são: • Menos comumente, a hemorragia pós-parto
o Lacerações do períneo, da vagina ou do pode ser causada por coagulopatia. Situações
colo uterino associadas a coagulopatia incluem: síndrome
o Coagulopatia dilucional (placenta HELLP, DPP, óbito fetal, sepse e embolia
prévia) ou de consumo (descolamento amniótica. Os seguintes exames laboratoriais
prematuro de placenta - DPP, sepse, devem ser solicitados diante da suspeita de
embolia amniótica) coagulopatia: hemograma com plaquetas,
o Retenção placentária ou acretismo tempo de protrombina, tempo de
placentário tromboplastina parcial ativada, fibrinogênio,
o Inversão uterina produtos de degradação da fibrina e tipo
o Rotura uterina sanguíneo
o Deiscência de cicatriz de histerotomia
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Conduta
• Massagem do fundo do útero: o útero deve ser
elevado e massageado como intervenção inicial
mais importante. A bexiga deve ser esvaziada
por meio de cateterismo intermitente ou
contínuo, já que a repleção vesical pode
interferir na contratilidade do segmento inferior
mesmo se o fundo uterino mostrar-se contraído
• Acesso venoso calibroso: para a administração
de líquidos, sangue e medicações
• Administração de ocitocina (uterotônico): 10 a
40 UI em 1.000 mL de solução salina intravenosa
contínua
• Administração de Metilergometrina
(uterotônico): 0,2 mg por via intramuscular
(nunca intravenosa) a cada 2 a 4 horas
• Prostaglandina E1 (misoprostol): 800 a 1.000 μg • Compressão uterina bimanual (manobra de
por via retal ou 200 μg por via oral + 400 μg por Hamilton): uma das mãos fixa a porção posterior
via sublingual ou 200 μg por via oral + 400 μg por do útero, enquanto a outra é posicionada
via sublingual + 400 μg por via retal. Verificar fechada pelo canal vaginal (anteriormente ao
temperatura, pois pode haver febre acima de colo uterino), de modo que as duas paredes
40°C com uso de misoprostol uterinas sejam comprimidas
• Infusão de grande volume de cristaloides: para • Reparo de lacerações: procede-se a avaliação da
prevenir hipotensão vagina e do colo uterino para reparo de
• Transfusão de hemoderivados: de acordo com a lacerações, se existentes, usando-se de
necessidade preferência categute simples 0 ou 2-0, com
sutura contínua ou em pontos separados
Hemorragia não responsiva a drogas
• Curagem e/ou curetagem uterina: se o
uterotônicas sangramento tiver origem na cavidade uterina,
deve-se também realizar curagem e/ou
curetagem uterina, e qualquer fragmento
placentário retido tem de ser removido
• Tamponamento uterino: colocação do tampão
(compressa ou gaze) em toda a cavidade uterina.
Enquanto o tampão estiver posicionado na
cavidade uterina (em geral por 24 horas), devem
ser administrados antibióticos de largo espectro.
Também podem ser utilizados para o
tamponamento a sonda de Foley, o balão de
Sengstaken-Blakemore ou o balão de Bakri
(capacidade de acomodar 400 a 500 mL de
solução salina na cavidade uterina)
• Embolização arterial: a embolização das artérias
uterinas consiste em alternativa segura e efetiva
à cirurgia para o controle da hemorragia uterina.
O agente embolizante de escolha é o gelfoam
• Laparotomia: de preferência, a laparotomia
deve ser realizada por meio de incisão mediana
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Exame físico
• É pouco elucidativo
Exames complementares
• Hemograma
• Hemocultura
• Cultura de material endocervical e endometrial
• Lesões de trajeto: obter culturas das coleções ou
abscessos infectados preferencialmente por
aspiração para possível identificação do agente
etiológico e sensibilidade aos antimicrobianos.
Caso seja exploração de ISC, obter material para
cultura após lavagem com SF 0,9%.
• US: é fundamental para o diagnóstico de
retenção de produtos da concepção, abscessos
intracavitários e de parede abdominal
Tratamento
• Heparina não fracionada: 24.000 a 36.000 UI por
dia, EV (preferência em bomba de infusão a
1.000 UI/hora) por 10 a 14 dias. Se o diagnóstico
estiver correto a paciente ficará afebril dentro de
48 a 72 horas. Estas pacientes deverão fazer
controle diário da coagulação com TTPA e a
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Tratamento
Clínico
• Baseia-se na prescrição de antibióticos de largo
espectro, uma vez que a infecção é
polimicrobiana. Em virtude do potencial de
complicação, dá-se preferência a instituir o
tratamento com a paciente internada
• As combinações mais utilizadas são:
clindamicina em associação com gentamicina;
ampicilina ou penicilina associada a
aminoglicosídeo (gentamicina ou amicacina) e
metronidazol (esquema tríplice)
• A permanência da febre por período superior a
72 horas é considerada falha terapêutica,
devendo-se excluir resistência bacteriana,
infecção do sítio cirúrgico, hematomas, celulite
pélvica, abscesso intracavitário, tromboflebite
pélvica e febre como reação adversa ao uso de
antibiótico. Nessa situação, são imprescindíveis
o re-exame clínico da paciente e a exclusão de
foco infeccioso extragenital
Cirúrgico
Está indicado nas seguintes situações:
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outros órgãos; síndrome da angústia respiratória parto vaginal. As complicações mais frequentes
do adulto; insuficiência renal são infecção puerperal, hemorragia e
• A perda sanguínea média no parto com placenta tromboembolismo
acreta é estimada em 3.000 a 5.000 mL
• Em diversos centros, ela é a principal causa de
Parto vaginal após cesárea
histerectomia periparto • Na ausência de contraindicações, as gestantes
que desejavam o parto vaginal poderiam tentá-
Placenta prévia lo, se a cesárea prévia tivesse sido executada
pela técnica de incisão uterina segmentar
transversa
Lesões urológicas
• As lesões urológicas iatrogênicas são passíveis
de acontecer em cirurgias ginecológicas e nas
cesáreas
• A bexiga e a porção terminal dos ureteres são os
locais mais frequentemente lesados
Dor pélvica
• Pacientes submetidas à cesárea apresentam
risco aumentado de dor pélvica crônica
Morbidade materna
• A cesárea aumenta consideravelmente a
morbidade materna quando comparada com o
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costuma haver um consumo maior de drogas, sugerem RCF assimétrica por estar a CA
álcool e cigarros, que também interferem no mais comprometido do que outros
crescimento fetal parâmetros
• Dopplervelocimetria: diante do diagnóstico de
Medicamentos
RCF, a Dopplervelocimetria constitui o próximo
• Drogas antineoplásicas, anticonvulsivantes exame a ser solicitado. Ela permite diferenciar o
(fenitoína e trimetadiona), betabloqueadores feto pequeno por insuficiência placentária do
(em especial o atenolol) e os esteroides pequeno constitucional, além de proporcionar a
Diagnóstico avaliação do grau de insuficiência placentária.
Inicialmente, devem ser avaliadas as artérias
• Ganho ponderal materno: o ganho de peso
umbilicais. Nas situações patológicas, devido à
materno insuficiente deve nos alertar para a
placentação inadequada, eleva-se a resistência
possibilidade de crescimento fetal diminuído. O
de perfusão e, consequentemente, o fluxo
peso materno deve ser aferido em cada consulta
diastólico diminui. Com isso, aumenta a relação
de pré-natal e, para seu acompanhamento,
sístole/diástole (S/D). Com o agravamento, o
pode-se utilizar a curva de Atalah, que relaciona
fluxo diastólico torna-se nulo (diástole zero) ou
o IMC materno com a semana de gestação. O
reverso (diástole reversa). Valores normais de
gráfico é dividido em quatro faixas: baixo peso,
Doppler estão entre P5 e P95
peso adequado, sobrepeso e obesidade
o Redução da diástole indica Doppler
• Medida da altura uterina: a medida da altura
semanal; diástole zero indica Doppler
uterina com a fita métrica menor do que a
diário e fluxo reverso indica resolução da
esperada para a idade gestacional, ou seja,
gestação. Enquanto faz-se o Doppler
abaixo do percentil 10, constitui sinal clínico
diário, se índice de pulsatilidade (IP) > 1,
suspeito de RCF e deve ser sempre utilizada para
indica-se realização de corticoterapia e
o seu rastreamento
se > 1,5, indica-se resolução da gestação
• Ultrassonografia: o diagnóstico provável da RCF
o Os fetos pequenos com fluxo normal nas
é feito pela ultrassonografia, que é mais precisa
artérias umbilicais apresentam baixo
do que a medida da altura uterina. São
risco perinatal e são considerados
importantes as medidas do diâmetro biparietal
constitucionalmente pequenos. Uma
(DBP), da circunferência cefálica (CC), da
vez estabelecido o diagnóstico da
circunferência abdominal (CA), da relação
insuficiência placentária, é importante
circunferência cefálica/circunferência
que se avalie a resposta fetal à
abdominal (CC/CA), do comprimento do fêmur
hipoxemia, ou seja, se há
(F) e da relação comprimento do
comprometimento do território arterial
fêmur/circunferência abdominal (F/CA). Entre
e venoso fetal. O estudo da artéria
essas medidas, CA é um dos marcadores mais
cerebral média (ACM) fetal informa
importantes do estado nutricional do feto, por
sobre a redistribuição do fluxo
refletir o volume do fígado e da gordura
sanguíneo para os territórios mais
subcutânea abdominal
nobres (centralização), em decorrência
• Para o cálculo do peso fetal, utilizam-se as
da hipóxia
medidas da cabeça, do abdome e do fêmur.
o A diminuição do índice de pulsatilidade
Considera-se a presença de RCF quando o peso
da ACM reflete vasodilatação
do feto se encontra abaixo do percentil 10 em
secundária à hipóxia
relação à idade gestacional
o Feito o diagnóstico, as relações CC/CA e Critério diagnóstico
F/CA podem sugerir o tipo de RCF.
Restrição Precoce (<32 semanas)
Relação CC/CA superior a 1,0 após 34
Pré-requisito: ausência de malformações congênitas
semanas ou relação F/CA superior a 23,5
na segunda metade da gestação • Critérios absolutos: qualquer um desses fecha o
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Quando os exames de vitalidade, incluindo o parto pode ser realizada nos casos com
Doppler de ACM, mantêm-se normais, o indicação de interrupção da gestação
diagnóstico mais provável é de um pequeno • Se o colo uterino for favorável, ou seja, se o
constitucional e não há necessidade de índice de Bishop for superior a 6, utiliza-se
hospitalização. Nesses casos, a gestação pode ocitocina diluída em soro glicosado. Se o colo for
ser mantida até 40 semanas desde que não desfavorável, faz-se inicialmente a maturação
exista associação com doença materna que cervical com a aplicação de prostaglandina E2
resulte em insuficiência placentária local e, em seguida, a indução do parto com
o Caso ocorra essa associação, deve-se ocitocina
interromper a gestação com 37 semanas • O clampeamento do cordão umbilical deve ser
o Entre 34 e 37 semanas, diante do achado precoce, logo após o primeiro movimento
de artéria umbilical anormal, ou seja, respiratório do recém-nascido, a fim de se evitar
relação S/D acima do percentil 95 para a maior transferência de massa eritrocitária e
idade gestacional, ou de diástole zero, consequente hiperviscosidade sanguínea
interrompe-se a gestação
o Antes de 34 semanas gestacionais, na
presença de diástole zero, a gestante
deve ser internada e realiza-se o Doppler
de ducto venoso. Se o índice de
pulsatilidade para veias situar-se entre 1
e 1,5, faz-se um ciclo de corticosteroide
(desde que entre 25 e 34 semanas) e
interrompe-se a gestação após 48 horas.
A interrupção imediata é indicada
quando o índice de pulsatilidade para
veias é superior a 1,5. Se for constatada
a presença de oligoâmnio (índice de
líquido amniótico < 5) ou diástole
reversa pelo Doppler de artéria
umbilical, preconiza-se a interrupção da
gestação a partir da viabilidade fetal. Da
mesma forma, é feita a corticoterapia
antenatal
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Mecanismo de ação
• Interfere na qualidade do muco cervical,
promove atrofia endometrial, reduz a
motilidade ciliar e impede a ovulação
Tipos
• Baixa dosagem oral: minipílula – para seu uso, é
obrigatório amamentar regularmente em até 4
em 4 horas
• Média dosagem oral: desogestrel - não
apresenta relação com a amamentação e pode
ser iniciado após o parto (não disponível na rede)
• Injetável IM: acetato de medroxiprogesterona
150 mg – aplicado a cada 3 meses e, por falta de
estudos a respeito, não pode ser utilizado antes
de 6 semanas do parto
• DIU liberador de levonorgestrel: Mirena® -
alterações locais e, em 50% dos casos, não
bloqueia o ovário e, portanto, possui baixo efeito
anti-androgênico. Tem duração de 5 anos
• Implanta subdérmico: Implanon® - é o mais
eficaz dos métodos contraceptivos e apresenta
duração de 3 anos
Métodos de barreira
Tipos
• DIU de cobre: TCu380A – provoca irritação
endometrial e é espermicida. Tem duração de 10
anos e pode ser colocado em até 48 horas após
o parto e após 40 dias do parto. No intervalo
entre 48 horas e 40 dias não deve ser
implantado, pois há maior risco de expulsão
• Condom: existe na apresentação masculina e
feminina
• Diafragma + espermicida
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Indicações fetais
• Prolapso de cordão umbilical
• Cabeça insinuada nas apresentações cefálicas
• Cabeça derradeira nas pélvicas
Técnica operatória
Tipos de fórcipe • Posição semissentada (elevação do dorso em
Os três fórcipes mais utilizados na prática clínica diária pelo menos 45º)
são os fórcipes: • Pernas hiperfletidas sobre o abdome
• Bexiga urinária vazia
• De Simpson-Braun: sua indicação limita-se às
variedades oblíquas e pegas diretas (púbica e Técnica geral
sacra) De forma geral, a técnica para aplicação do fórcipe
• De Kielland: variedades transversas compreende basicamente quatro tempos: apresentação
• De Piper: reservado para as apresentações espacial, introdução das colheres, articulação e extração
pélvicas com cabeça derradeira encravada fetal
Mnemônica: Senhor Osvaldo “Kruz” Também Parece • Apresentação espacial: é a orientação do fórcipe
Perdido da Cabeça à vulva de modo que sua concavidade fique
voltada para o ponto de referência fetal. Projeta-
se assim, imaginariamente, a posição que o
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
fórcipe assumirá após a completa introdução e • Paralisia facial: quando ocorrem pegas
articulação de seus cabos, antes da rotação assimétricas, casos em que uma colher do
o Introdução da mão-guia: a mão em fuso fórcipe apoia e aperta o nervo facial de maneira
é introduzida lateralmente, situando-se errônea, há possibilidade de paralisia facial que,
entre a parede vaginal e a cabeça, até os na maioria das vezes, regride espontaneamente
dedos atingirem a orelha fetal. Caso a • Esmagamento dos nervos parietais
apresentação esteja muito baixa, não é • Fraturas cranianas
necessário atingir as orelhas • Lesões oculares
o Introdução da primeira colher: a
introdução é conduzida pela mão que Complicações maternas
apreende o cabo do fórcipe (mão • As complicações maternas estão ligadas
preensora), sendo esta sempre oposta à basicamente a dois eventos: gestos inadequados
mão-guia e orientada pelos dedos da durante a aplicação e falhas ou complicações da
mão-guia. A primeira colher é ampliação do períneo por meio de episiotomia
introduzida até atingir a região • Lesões leves, como fissuras perineais ou vaginais
parietomalar (pega regular) simples, são de fácil abordagem e não deixam
o Retirada da mão-guia: depois de locada sequelas
a colher, retira-se a mão-guia com • Lesões vaginais extensas devem ser abordadas
cuidado e entrega-se o cabo ao auxiliar, com muita atenção, em especial nos casos de
que o conservará fixo pegas difíceis e de fórcipes com grandes
o Introdução da segunda mão-guia: rotações
novamente em fuso, a mão é • As roturas de esfíncter do ânus são mais raras e,
introduzida lateralmente na hemipelve, se prontamente identificadas e suturadas com
oposta àquela anterior técnica adequada, têm grande possibilidade de
o Introdução da segunda colher: presa e não deixar sequelas
conduzida pela mão preensora,
enquanto o auxiliar segura o cabo da
primeira colher do fórcipe, a segunda
colher deve ser orientada num triplo
movimento de abaixamento, translação
e torção, o qual se denomina manobra
de Lachapelle. Essa manobra só é válida
para pegas oblíquas, não se aplicando
em casos de pegas diretas, ou seja, nas
variedades de apresentação
occipitopúbica e occipitossacra
• Articulação: os cabos do instrumento devem
estar paralelos
• Extração fetal: antes de proceder à extração
fetal, é necessário realizar uma primeira tração
de prova, cuja finalidade principal é melhor
adaptar as colheres sobre as bossas parietais e
evitar transvios
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
LES
• O lúpus possui componente genético e
ambiental, sendo que na mulher possui um
importante componente ambiental que é o
estrogênio
• É uma doença autoimune de caráter crônico. A
paciente portadora de lúpus pode engravidar,
entretanto deve engravidar no melhor momento
do lúpus, se mantendo estável por pelo menos 6
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Conduta
• Após o óbito fetal, quando o casal opta pela
conduta expectante, o trabalho de parto se inicia
espontaneamente em até 90% das vezes, até 2
semanas após o diagnóstico
• Rotura prematura de membranas ovulares,
infecção ovular, descolamento prematuro de
placenta e placenta prévia constituem
contraindicações à conduta expectante
• A permanência do feto morto no organismo
materno por mais de 4 semanas é definida como
retenção. Nessas circunstâncias, a principal
complicação é o quadro de coagulação
intravascular disseminada (CIVD) da mãe,
decorrente da liberação de substâncias
tromboplásticas do conjunto fetoanexial. Assim,
é mandatória a monitorização dos casos de óbito
fetal por meio de testes da coagulação materna
(coagulograma e contagem de plaquetas) a
intervalos regulares, preferencialmente
semanais
• Quando a opção é pela conduta ativa, esta
dependerá de fatores relacionados a idade
gestacional e volume uterino, intercorrências
clínicas e/ou obstétricas associadas, presença de
cicatriz uterina e condições do colo uterino
112
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Coqueluche
• A vacina dTpa é indicada para TODAS as
gestantes a partir da 20ª semana de gestação,
preferencialmente, podendo ser administrada
até 20 dias antes da data provável do parto
• Ela deve ser administrada a cada gestação, visto
que os anticorpos possuem curta duração,
portanto, a vacinação durante uma gravidez não
manterá alto nível de anticorpos protetores em
gestações subsequentes
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Assistência pré-natal
• Na presença de hipertensão arterial sistêmica
(HAS), os valores de pressão arterial sistólica
devem ser mantidos entre 110 e 129 mmHg, e os
de diastólica entre 65 e 79 mmHg
• Preconiza-se ainda o rastreamento de
Diabetes mellitus diagnosticado na gestação
cardiopatia isquêmica pela realização de
• Diabetes pregresso: apresentam, na primeira
eletrocardiograma para todas as pacientes e de
consulta de pré-natal, um dos seguintes
ecocardiograma para as portadoras de
critérios: glicemia em jejum ≥126 mg/dL,
vasculopatias
hemoglobina glicada ≥6,5%, glicemia ocasional
>200 mg/dL
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Alterações pulmonares
• Na eclâmpsia, tanto o edema pulmonar como a
broncopneumonia aspirativa são causas de
insuficiência respiratória grave e estão
implicados em até 60% dos casos de óbito
materno
Alterações cerebrais
• As altereações cerebrais observadas na pré-
eclâmpsia grave e na eclâmpsia podem ser
explicadas por duas teorias: na primeira, a
hipertensão grave levaria à vasoconstrição
reflexa, com consequente queda do fluxo
cerebral, edema citotóxico e eventuais áreas de
infarto cerebral; e na segunda teoria, a
eclâmpsia representaria uma forma de
encefalopatia hipertensiva na qual elevações • O diagnóstico de DHEG deve ser presumido nas
abruptas da pressão arterial levariam à quebra gestantes com hipertensão arterial, edema e/ou
dos mecanismos de autorregulação da proteinúria significativa após 20 semanas de
circulação cerebral, com hiperperfusão, gestação
disrupção dos capilares, extravasamento de
plasma e eritrócitos, com edema vasogênico
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Interrupção da gestação
• Imediato: iminência de eclâmpsia, mau controle
pressórico (já em uso de três drogas
hipotensoras em dose máxima), diástole reversa
nas artérias umbilicais, índice de pulsatilidade
para veias do ducto venoso > 1,5, perfil biofísico
fetal <6, desacelerações tardias de repetição na
cardiotocografia, oligoâmnio grave (índice do
líquido amniótico < 3,0 cm)
• Mediato (após uso de corticosteroide
antenatal): indice de pulsatilidade para veias do
ducto venoso >1,0 e <1,5, oligoâmnio (ILA entre
3,0 e 5,0 cm)
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Tratamento clínico
Para o planejamento terapêutico, torna-se importante a
realização de alguns exames complementares:
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Monitorização fetal
• Com a estabilização materna, deve-se dar início
à avaliação da idade gestacional, do peso e da
vitalidade fetal
• Bradicardias fetais transitórias com duração de 3
a 5 minutos são comuns após as convulsões e
não indicam que a interrupção da gestação deva
ser imediata
• Depois do episódio convulsivo, é comum o
aparecimento de taquicardia fetal
compensatória com desacelerações transitórias
que desaparecem em 20 a 30 minutos
Tratamento obstétrico
• A gestante, após receber as medidas
terapêuticas, permanece internada, sob
vigilância contínua até a 34 semanas. A
interrupção da gestação é antecipada caso
ocorra evolução materna desfavorável ou
sofrimento fetal
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Tratamento clínico
• O tratamento inicial é o mesmo utilizado para as
formas graves de hipertensão arterial, ou seja,
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Psicoterapia de apoio
• É comprovado que parte dos casos de
hiperêmese gravídica tem relação com
distúrbios comportamentais e alterações
psicológicas, incluindo distúrbios conversivos.
Nesses casos, deve ser enfatizada a utilidade das
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Tratamento Diagnóstico
• Sulfametoxazol 800 mg e trimetoprima, 160 mg: • O diagnóstico é realizado pela identificação do
quatro vezes ao dia, por 7 dias. A sulfonamida plasmódio no sangue do doente (gota espessa)
pode provocar hiperbilirrubinemia quando ou pelo quadro clínico descrito, principalmente
administrada no terceiro trimestre da gestação e naquelas pessoas que moram em áreas
a trimetoprima tem propriedade antagonista do endêmicas ou que retornaram de viagem a essas
ácido fólico e pode causar anemia e até regiões
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características da síndrome são: restrição de primeiro trimestre ou se ela precisar ser utilizada
crescimento, diminuição da ossificação do nesse período da gestação, a gestante deve ser
crânio, implantação baixa de orelhas, tranquilizada de que o risco para o embrião ou
micrognatia, anomalia de membros e retardo feto, se é que existe, é provavelmente muito
mental. A exposição no segundo e terceiro baixo
trimestres pode estar associada a toxicidade e
óbito fetal Antivirais
• Ribavirina (X): altamente teratogênica, com
Antibióticos malformações como hidrocefalia e de
• Tetraciclinas (D): o uso de 1g de tetraciclina ao extremidades
dia no segundo e terceiro trimestres pode • Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos
provocar descoloração marrom-amarelada dos e não nucleosídeos (B e C): zidovudina,
dentes e diminuição do crescimento dos ossos nevirapina, estavudina, lamivudina, abacavir,
longos adenofovir (categoria C durante a gestação),
• Aminoglicosídeos (C): a ototoxicidade e tenofovir (categoria B na gestação)
nefrotoxicidade descritas em prematuros e • Inibidores das proteases: efavirenz, indinavir,
adultos que utilizaram essas drogas não foram lopinavir (categoria C durante a gestação),
descritas em fetos expostos ritonavir e saquinavir (categoria B na gestação)
• Sulfonamidas (C): podem provocar • Inibidores da ligação ou fusão do vírus da
hiperbilirrubinemia se forem utilizadas próximo imunodeficiência humana (HIV) às células
ao termo. Quanto ao trimetoprim, deve-se evitar hospedeiras: enfuvirtida (categoria B na
seu uso no primeiro trimestre em razão da gestação). A única droga antiviral contraindicada
possibilidade de teratogênese (malformações formalmente na gestação é o efavirenz
cardiovasculares, do sistema urinário e do tubo (teratogênese em primatas)
neural) • Os antivirais indicados para prevenção e
tratamento de infecção por influenza A e B são a
Antifúngicos amantadina, zanamivir e oseltamivir, que
• Griseofulvina (C): indicado para o tratamento de pertencem às categorias C na gestação
micoses da pele, unhas e couro cabeludo, pode
causar gemelidade imperfeita Antimaláricos
• Fluconazol (C): usado para candidíase e • Quinino (X): em altas doses, foi associado a
meningite criptocócica, pode causar malformações do sistema nervoso central, de
teratogênese associada ao uso contínuo de 400 extremidades, de face, do coração, do sistema
mg ou mais diariamente no primeiro trimestre. digestório, do aparelho genitourinário e
As malformações observadas são similares às vertebral e surdez relacionada à hipoplasia do
descritas na síndrome de Antley-Bixler: nervo auditivo. Só deve ser utilizado em doses
anomalias do crânio (braquicefalia, terapêuticas para tratamento de malária por
trigonocefalia, craniossinostose, desproporção Plasmodium falciparum resistente à cloroquina
craniofacial e fontanela anterior alargada),
alterações faciais (hipoplasia maxilar, exotropia, Talidomida (X)
lobos da orelha pequenos e micrognatia), • A talidomida é um agente imunomodulador
esqueléticas (fêmur curvo ou fraturado, usado no tratamento do eritema nodoso
clavículas, costelas e ossos longos finos com hansênico, que é manifestação da hanseníase. A
osteopenia difusa) e cardíacas (tetralogia de exposição fetal à droga durante um período
Fallot, hipoplasia de artéria pulmonar, forame crítico do desenvolvimento resulta em graves
oval patente e ducto arterioso patente) defeitos, como redução de membros (amelia,
• Itraconazol (C): recomenda-se não utilizar o focomelia, aplasia ou hipoplasia de ossos
itraconazol durante a organogênese. Caso tenha longos), hemangioma facial, atresia esofágica ou
ocorrido exposição inadvertida à droga no duodenal, anomalias da orelha externa, surdez,
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Agentes antiparasitários
• Infecções vaginais (tricomoníase e vaginose
bacteriana): pode ser utilizado o metronidazol
• O mebendazol e o albendazol são anti-
Anti-hipertensivos helmínticos pertencentes à categoria C na
• Metildopa (B): um antiadrenérgico, é o anti- gestação. O tratamento das parasitoses
hipertensivo mais utilizado para tratamento das intestinais, na gestação, somente é
síndromes hipertensivas na gestação e seu uso recomendado quando o parasita está causando
há muitos anos não demonstrou nenhum doença clínica ou problema de saúde pública. Na
prejuízo materno ou fetal ausência de manifestação clínica, o tratamento
• Hidralazina (C): é droga relativamente segura deve ser postergado para após a gestação
quando utilizada nas emergências hipertensivas • A ivermectina, que é indicada para tratamento
por curto tempo de várias parasitoses, pertence às categorias C
• Nitroprusseto de sódio (C): pode ser utilizado, se na gestação
necessário, por pouco tempo, não permitindo
acúmulo excessivo de cianeto no fígado fetal
Antiprotozoários
• Clonidina (C): antagonista alfa-adrenérgico • A espiramicina (categorias C) é antimicrobiano
indicado nas infecções por toxoplasmose e
• Betabloqueadores (C e D): o uso dessas drogas é
criptosporidiose
relativamente seguro, apesar de poucas
informações no primeiro trimestre e de possível • A nitazoxanida (categorias B) é indicada no
associação com restrição de crescimento fetal tratamento de diarreia por Cryptosporidium
(quando utilizadas no segundo e terceiro parvum e Giardia lamblia
trimestres). Prefere-se o pindolol (que pertence Antitireoidianos
à categoria B)
• Metimazol: anomalias congênitas como aplasia
• Bloqueadores dos canais de cálcio (C): utilizados cutis foram associadas à utilização de metimazol.
para tratar as síndromes hipertensivas na Portanto, a droga de escolha durante a gestação
gestação e devem ser utilizadas quando o e lactação é a propiltiouracila
benefício justificar o risco potencial. Fazem parte
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Psicotrópicos
• Benzodiazepínicos (D): fazem parte desse grupo
diazepam, clonazepam, alprazolam e
midazolam. A exposição a essas drogas no
primeiro trimestre deve ser evitada, por causa
das controvérsias em relação ao risco de
teratogênese. As malformações seriam de
extremidades e fenda labiopalatina e alterações
faciais decorrentes do comprometimento do
sexto e sétimo pares de nervos cranianos
(abducente e facial, respectivamente). A
utilização dessas drogas no terceiro trimestre,
em período próximo ao parto, em doses altas
excedendo 30 a 40 mg de diazepam pode
provocar hipotonia, letargia e dificuldades de
sucção no recém-nascido, além da síndrome da
abstinência, que é caracterizada por tremores,
irritabilidade, hipertonicidade, diarreia, vômito e
sucção vigorosa
• Antidepressivos (C): inibidores seletivos da
recaptura da serotonina (fluoxetina, sertralina,
venlafaxina) ou tricíclicos (amitriptilina,
nortriptilina) não demonstraram teratogênese e,
portanto, podem ser utilizados durante a
gestação
• Antipsicóticos (C): a exposição no terceiro
trimestre aos derivados fenotiazínicos pode
levar a sintomas extrapiramidais no recém-
nascido (irritabilidade, movimentos distônicos
em membros, principalmente os superiores, e
hipertonicidade). A clorpromazina não foi
associada a malformações quando utilizada em
baixas doses. O lítio é indicado no tratamento de
episódios maníacos do transtorno afetivo
bipolar. Essa droga deveria ser evitada no
primeiro trimestre pelo risco de malformações
cardiovasculares, polidrâmnio, bócio e espinha
bífida
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deverá ser realizada imediatamente (avaliação proteção da equipe, sendo realizado no primeiro
inicial) e repetida ao final do segundo trimestre trimestre.
da gestação. A decisão sobre a terapia profilática
• A infecção pelo HCV ocorre pela via percutânea,
deverá ser realizada entre a 28ª e a 32ª semana
por meio da exposição ao sangue contaminado,
de gestação
por via sexual e por transmissão vertical
• Todas as gestantes identificadas com HBsAg
• A infecção pelo HCV não é, por si só, impeditiva
reagente devem ser encaminhadas ao pré-natal
para o planejamento da gravidez. Há evidências
de alto risco e/ou serviço de referência
de que mulheres com HCV estão sob risco de
Prevenção da transmissão vertical da hepatite B piores desfechos maternos e neonatais, como
• A principal forma de transmissão vertical da diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, restrição de
infecção pelo HBV é a perinatal, sendo a crescimento, hemorragia pré-parto e parto pré-
transmissão intrauterina mais rara. Para reduzir termo
a transmissão durante parto, pode-se realizar o • Os medicamentos utilizados para o tratamento
clampeamento precoce do cordão umbilical, da hepatite C aguda e crônica são teratogênicos
evitar procedimentos invasivos (fórceps, vácuo ou não possuem dados que comprovem
extrator, amniotomia e epsiotomia), evitar segurança na gestação; por isso, são
distócia, dar banho logo ao nascimento contraindicados durante esse período. Se for
• No puerpério, realizar a vacinação para hepatite confirmada a gestação durante o tratamento da
B e imunoglobulina humana anti-hepatite B hepatite C, este deverá ser suspenso
(IGHAHB). As demais doses da vacina serão feitas • Recomenda-se que mulheres em idade fértil em
aos 2, 4 e 6 meses tratamento de hepatite C sejam submetidas a
o A avaliação da soroconversão deve ser testes de gravidez com periodicidade e que
realizada mediante anti-HBs e HBsAg utilizem contracepção
entre 30 a 60 dias após a última dose da • Após o tratamento, deve-se evitar gestação
vacina para hepatite B. Idealmente, a pelos próximos seis meses
dose da vacina ao nascimento deve ser • É recomendada a realização da sorologia em
dada em até 24 horas após o parto, gestantes com fatores de risco para infecção por
preferencialmente na sala de parto HCV, como: infecção pelo HIV, uso de drogas
• Todas essas medidas reduzem a taxa de ilícitas, antecedentes de transfusão ou
transmissão para menos de 1% transplante antes de 1993, mulheres submetidas
• Ocasionalmente, a infecção da criança ocorre no a hemodiálise, aquelas com elevação de
período pós-natal pelo contato com adultos aminotransferases sem outra causa clínica
infectados pelo HBV, sendo essa forma de evidente e profissionais de saúde com história
transmissão definida como horizontal de acidente com material biológico
• Não há evidências científicas que recomendem
Amamentação uma via de parto preferencial com o propósito
• Para o binômio mãe-filho em que todas as de prevenir a TV do HCV
recomendações foram seguidas – vacina e • Orienta-se evitar procedimentos invasivos, parto
IGHAHB na criança exposta e profilaxia laborioso e tempo de ruptura de membranas
medicamentosa com TENOFOVIR na gestante maior que seis horas para minimizar a
com indicação –, a amamentação não está possibilidade de TV
contraindicada
Hepatite viral C
A prevalência é 3% e a taxa de transmissão vertical é
menor do que 5%, e, embora não haja tratamento no
Brasil (as medicações Ribavirina e Interferon são
categoria X), é realizada a sorologia na gestação para
acompanhamento do RN por pelo menos 12 meses e
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Determinação da corionicidade
• O primeiro trimestre é o melhor período,
algumas vezes o único, para determinar a
corionicidade de gestações múltiplas
• Nessa fase de 11 a 14 semanas completas, duas
placentas separadas definem a gestação
dicoriônica
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Medidas adicionais
• Além da biometria básica (diâmetro biparietal,
diâmetro occipitofrontal, circunferência cefálica,
circunferência abdominal e comprimento do
fêmur), acrescenta-se nessa fase a medida de
outras estruturas que podem ajudar no
diagnóstico de malformações fetais ou na
avaliação comparativa em exames
subsequentes. Essas estruturas são:
o Corno posterior do ventrículo cerebral
lateral
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
o Osso nasal
o Úmero
o Diâmetro anteroposterior das pelves
renais
o Pés
Morfologia fetal
• Crânio: examinar a integridade e a forma, medir
o diâmetro biparietal e a circunferência cefálica
• Encéfalo: examinar os ventrículos cerebrais,
plexos coroides, estruturas da linha média, cavo
do septo pelúcido, fossa posterior (cerebelo e
cisterna magna), medir o corno posterior do
ventrículo lateral
• Face: examinar o perfil, as órbitas, os cristalinos,
o osso nasal, os lábios e o palato
155
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Coluna: examinar em toda a sua extensão • Posição de saída da aorta ou eixo longo: analisar
(cervical, torácica, lombar e sacral) nos cortes a aorta emergindo do ventrículo esquerdo. Essa
longitudinal, coronal e transversal posição pode ser comparada a um pé de
bailarina, em que a sapatilha representa o
ventrículo esquerdo e o tornozelo a aorta
Avaliação do coração
Na avaliação do coração, devem-se incluir a frequência e
o ritmo, o situs e o rastreamento de cardiopatia por meio
da avaliação das seguintes estruturas:
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
157
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Cordão umbilical
• Presença de circular cervical
Avaliação do útero
• Na presença de miomas, deve-se descrever a
relação com o segmento inferior e o tamanho,
Avaliação do bem-estar fetal para que o obstetra possa avaliar as condições
• Durante a avaliação ultrassonográfica, enquanto de parto
se faz a biometria e se avaliam outros
parâmetros, o bem-estar fetal deve ser
observado pela presença de movimentos
corporais e respiratórios, tônus e líquido
amniótico
Avaliação da placenta
• Avaliar o grau placentário. Indicar a localização
da placenta e sua relação com o colo uterino
o Grau 0 – placenta homogênea, sem
calcificações.
159
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
sobre a paciente, sem comprovada diminuição colhe-se conteúdo cervical para pesquisa de
da morbidade ou da letalidade neonatais gonococo e Chlamydia trachomatis, cultura de
secreção vaginal para Escherichia coli e,
Corticoterapia principalmente, cultura de introito vaginal e
• A corticoterapia reduz a incidência de síndrome perianal para estreptococos do grupo B
do desconforto respiratório, hemorragia • Inicia-se a antibioticoprofilaxia para
intraventricular e enterocolite necrosante em estreptococos do grupo B, que deverá ser
recém-nascidos pré-termo com idade mantida por 48 horas, podendo ser interrompida
gestacional inferior a 34 semanas, porém, o antes se houver resultado de cultura negativo.
maior temor de seu emprego é aumentar o risco Utiliza-se a penicilina G cristalina. Caso haja
de infecção evolução para trabalho de parto, e o resultado
• Acredita-se que a corticoterapia seja benéfica na da cultura seja positivo ou não esteja disponível,
diminuição da incidência da síndrome da a antibioticoprofilaxia é mantida até o
membrana hialina e da hemorragia nascimento
intraventricular, principalmente em idades • Como o resultado da cultura é considerado
gestacionais inferiores a 32 semanas válido por cinco semanas, nova coleta deve ser
• Conclui-se que o uso da corticoterapia em idades feita após esse período ou entre 35 e 37 semanas
gestacionais de 32 ou mais semanas não provou • Deve-se realizar diariamente cardiotocografia e
consistentemente ser benéfico e aumenta o perfil biofísica fetal para avaliação da vitalidade
risco de piora ou de instalação de fetal, em razão do maior risco de sofrimento
corioamnionite fetal na RPMO
• Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP preconiza-se • O hemograma deve ser realizado a cada 2 dias,
a corticoterapia em casos de RPMO apenas em além do exame clínico e da avalição diária da
idades gestacionais inferiores a 32 semanas, vitalidade fetal
desde que afastada a possibilidade de
• Caso não haja sinais de corioamnionite, de
corioamnionite, e com ciclo único de
trabalho de parto ou de sofrimento fetal, a
betametasona, na dose de 12 mg por via
interrupção da gestação é feita com 36 semanas,
intramuscular, em duas doses com intervalo de
baseada na melhor evolução do recém-nascido
24 horas
no berçário
Antobioticoprofilaxia • A via de parto é obstétrica e dá-se preferência à
• O objetivo da antibioticoprofilaxia é aumentar o via vaginal
período de latência e diminuir a morbidade e a
Conduta diante do diagnóstico de
letalidade neonatais
• Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, preconiza-
corioamnionite
se antibioticoprofilaxia apenas para infecção • Diante da corioarnnionite, a conduta é ativa,
neonatal por estreptococos do grupo B, de curta independentemente da idade gestacional
duração e de forma direcionada para um • A via de parto preferencial é vaginal, e a
microrganismo específico antibioticoterapia deve ser iniciada
• Utiliza-se na corioamnionite dois tipos de
Conduta na RPMO em gestações abaixo de 36 esquemas terapêuticos, dependendo da
semanas disponibilidade no serviço de atendimento:
• Em caso de RPMO em gestações abaixo de 36 o Primeiro esquema: ampicilina +
semanas, adota se conduta expectante gentamicina + metronidazol. A
• Diante dessa conduta, são imprescindíveis o ampicilina e a gentamicina devem ser
controle da vitalidade fetal e a pesquisa de administradas a partir do momento do
corioamnionite diagnóstico, ao passo que a utilização do
• Mantém-se a paciente internada e, na metronidazol é iniciada após o
internação, realiza-se o exame especular e clampeamento do cordão umbilical
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
gestação é essencial para diminuir as dúvidas a aplicação deve ser muito parcimoniosa
respeito da idade gestacional nos casos suspeitos de líquido amniótico
meconial, pois o “susto” provocado no
Diagnóstico após o parto feto leva à ocorrência de movimentos
• O diagnóstico após o nascimento pauta-se nas inspiratórios bruscos (gasping), com
características do recém-nascido, que exibe aspiração fetal de mecônio
algumas mudanças relacionadas ao tempo de o Perfil biofísico fetal: serve para enfatizar
exposição ao regime de carência crônica de a avaliação do volume de líquido
nutrientes e oxigenação amniótico por meio do índice do
o Grau I: pele seca, descamativa (plantas líquidoamniótico (ILA), pela técnica dos
dos pés e palmas das mãos), dobras quatro quadrantes. O oligoâmnio é
cutâneas excessivas e tecido subcutâneo definido quando esse índice é menor
escasso; unhas longas; cabelos que 5 cm, o que indica a interrupção da
abundantes; ausência ou escassez de gestação
lanugem; ossos cranianos mais rígidos e
aspecto vigil e envelhecido Indução do parto
o Grau II: além dessas características, o Utiliza-se como critério de favorabilidade do colo à
recém-nascido e outros componentes indução o índice de Bishop > 6
do conteúdo intra-amniótico
apresentam-se tintos de mecônio, em
função da presença de líquido amniótico
meconial
o Grau III: além de todas as alterações
referidas, somam-se unhas e pele
intensamente amareladas e cordão
umbilical amarelo-esverdeado
Conduta assistencial
• A conduta visa diagnosticar a falência
placentária precocemente e evitar os danos ao
feto decorrentes de eventual hipoxia. Na Clínica
Obstétrica do HC-FMUSP, recomenda-se que a
gestação evolua até o limite de 42 semanas,
quando sua interrupção é indicada
166
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Quadro clínico
• Em gestantes com hipertireoidismo não
compensado e/ou não tratado, é possível
observar irritabilidade e agressividade,
inquietação, tremores finos, taquicardia e ganho
de peso inferior ao esperado ou mesmo perda de
peso
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento radioativo
• O tratamento com iodo radioativo é
contraindicado na gravidez.
• Na amamentação, a terapêutica radioativa
também está contraindicada
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento obstétrico
• É imprescindível diagnosticar e acompanhar as
intercorrências da doença sobre o concepto. A
ultrassonografia morfológica entre 18 e 22
semanas de gestação deve atentar para a
avaliação do tamanho da tireoide fetal
• O aumento das medidas da tireoide fetal é
indicativo de bócio e pode ser consequência de:
o Hipotireoidismo fetal, pela passagem
das drogas utilizadas no tratamento Hipotireoidismo
materno ou mais raramente pela
Prevalência e etiologia
inibição por autoanticorpos. O
• O hipotireoidismo está mais frequentemente
tratamento é feito por meio de redução,
associado à disfunção primária da glândula
quando possível, da dose da medicação
tireoide. Raramente é secundário a uma doença
antitireoidiana, seguida, se necessário,
da hipófise e/ou do hipotálamo. A doença
de injeções intra-amnióticas de
primária, que leva à destruição da glândula,
levotiroxina
pode apresentar etiologia diversa, incluindo
o Hipertireoidismo fetal, resultante da
tireoidite de Hashimoto, tratamento prévio com
passagem de anticorpos estimuladores
iodo radioativo, ablação cirúrgica da tireoide
através da placenta. O tratamento é
realizado com propiltiouracil ou Quadro clínico
metimazol administrados à gestante, • Fadiga, obstipação, intolerância ao frio, perda de
associados ou não à reposição hormonal cabelo, aumento de peso, pele seca, cãibras
com levotiroxina sódica nos casos de musculares, entre outras queixas
hipotireoidismo materno decorrente • O bócio pode ou não existir
desse tratamento
Diagnóstico
Parto e puerpério • É feito por meio da dosagem do TSH e do T4 total
• O parto raramente precisa ser antecipado e a sua ou livre
via é de indicação obstétrica, exceto nos casos • Nas pacientes com disfunção glandular primária,
de descontrole clínico grave, nos quais se dá espera-se TSH acima dos valores de referência
preferência à cesárea para o trimestre e T4 total ou livre diminuídos
• Após o parto, a necessidade de tioureia pode • A presença de anti-TPO e antitireoglobulina
estar mantida ou aumentada, em razão da (anti-TG) relaciona-se com a doença de
cessação da imunossupressão da gravidez. Hashimoto
Orienta-se manter a dose de medicamento e
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Hipotireoidismo subclínico
• O hipotireoidismo subclínico é definido como
elevações dos níveis circulantes de TSH (porém
abaixo de 10 mUI/L), sem alterações dos valores
absolutos dos hormônios tireoidianos (T4 total,
T4 livre e T3), em pacientes assintomáticas
Tratamento clínico
• O tratamento do hipotireoidismo, tanto clínico
quanto subclínico, é realizado por meio de
reposição hormonal com levotiroxina sódica
administrada uma vez ao dia, preferencialmente
em jejum
• Para o hipotireoidismo clínico, recomenda-se
iniciar o tratamento com 2 μg/kg/dia, em dose
única diária, em jejum, para as pacientes sem
tratamento prévio, e aumentar a dosagem de
acordo com a medida de TSH, dosado a cada 4
semanas
• Para o hipotireoidismo subclínico, sugere-se que
se inicie a levotiroxina na dose de 1,2 μg/kg/dia,
em dose única a ser tomada em jejum. O
controle deve ser feito por meio da dosagem de
TSH a cada 4 semanas
Tratamento obstétrico
• O tratamento obstétrico visa a identificar as
complicações materno-fetais do hipotireoidismo
• A ultrassonografia obstétrica é realizada
mensalmente para controle do crescimento
fetal, por causa dos altos índices de RCF
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Ao exame vaginal com espéculo, observam-se Outros sintomas como disúria, retenção
placas brancas aderidas às paredes vaginais e ao urinária, proctite e corrimento vaginal podem
colo uterino, com aspecto de nata de leite estar presentes, caso haja acometimento da
• Ardor e prurido acompanham o quadro, uretra, do canal anal ou do colo uterino,
simulando ITU respectivamente
• Primeiro episódio não primário: refere-se à
Repercussões obstétricas aquisição de um dos tipos de herpes-vírus, na
• A candidíase vaginal não modifica o prognóstico presença de anticorpos do outro tipo de herpes-
perinatal e não está relacionada a complicações vírus. O quadro clínico apresenta manifestações
obstétricas sistêmicas leves e lesões genitais menores,
Diagnóstico menos dolorosas, com resolução mais rápida
• O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado • Infecção recorrente: trata-se da reativação do
pelo exame microscópico direto do conteúdo herpes-vírus genital de infecções prévias. O
vaginal, o qual, ao se adicionar hidróxido de quadro clínico varia de acordo com a paciente e
potássio a 10% ou soro fisiológico a 0,9%, mostra seu status imunológico. Os sintomas locais
pseudo-hifas ou esporos predominam sobre os sintomas sistêmicos
• O uso da fita de acidez vaginal revela níveis de • Herpes neonatal: é infecção do recém-nascido
pH menores que 4,0 resultante da passagem por canal de parto
contaminado. A maioria dos neonatos adquire a
Tratamento forma leve da doença, que permanece localizada
• A terapêutica na gravidez impossibilita o uso de em pele, olhos e boca, e cuja mortalidade é nula.
imidazólicos por via oral, pois estes podem O acometimento do sistema nervoso central e os
causar efeitos adversos ao produto conceptual. casos de doença disseminada apresentam
O tratamento de escolha está restrito aos mortalidade que varia de 15 a 57%
cremes vaginais à base de miconazol, clotrimazol
Repercussões obstétricas
e nistatina, que podem ser usados com
segurança • O risco de transmissão vertical é maior na
infecção primária, provavelmente pela ausência
• O tratamento do parceiro está indicado na
de anticorpos maternos. Teoricamente, a
presença de sintomas ou a partir do segundo
infecção materna primária, na ausência de
episódio da gestante, preferencialmente com
anticorpos e durante o primeiro trimestre, pode
fluconazol 150 mg, por via oral, em dose única
permitir a disseminação hematogênica do vírus,
Herpes genital causando uma variedade de malformações
Etiologia • O risco de trabalho de parto prematuro, no
• O herpes genital é causado por um DNA-vírus, o entanto, não está aumentado em gestantes com
herpes-vírus. Existem dois tipos de vírus: o primeiro episódio não primário ou recorrência
herpes-vírus 1 (HSV-1) e o herpes-vírus 2 (HSV- da doença
2), este mais responsável pelas lesões genitais Diagnóstico
Apresentação da infecção • O método diagnóstico de primeira escolha é a
• Infecção primária: trata-se da ausência de detecção de partículas virais, utilizando swabs
anticorpos anti-HSV-1 ou anti-HSV-2 no para coleta de material da base das úlceras
momento em que a paciente adquire a infecção Tratamento
pela primeira vez. O quadro clínico mais comum • O tratamento é composto por medidas de
é o de vesículas genitais, que rapidamente suporte e terapêutica medicamentosa
evoluem para úlceras bastante dolorosas, com • Medidas de suporte: analgésicos, banho de
um período de resolução aproximado de 10 a 20 assento e gel de lidocaína
dias. A linfadenomegalia inguinal geralmente
• Tratamento antiviral: as medicações antivirais
acompanha o surgimento das lesões genitais.
atravessam a barreira placentária, concentram-
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• Trombocitopenia
Complicações fetais
• Microcefalia: abaixo do percentil 3
o Feminino: PC menor ou igual a 31,5 cm
o Masculino: PC menor ou igual 31,9 cm
Chikungunya
Quadro clínico
• Febre alta
• Exantema em 50% dos casos
• Dor muscular leve
• Artralgia intensa
• Edema articular
• Hipertrofia ganglionar moderada
Febre amarela
Vacinação
• Gestantes não devem receber a vacina de rotina
• Gestantes que moram em áreas com
confirmação da circulação viral devem ser
vacinadas em dose padrão
• Gestantes que vão viajar para áreas de risco
devem ser desaconselhadas a viajar, mas se for
imprescindível, a gestante deve ser vacinada em
dose padrão
• Em situação de vacina aplicada em mulher que
não tinha conhecimento da gestação, não houve
relato de teratogênese
• Mulheres amamentando não devem ser
vacinadas: recomenda-se guardar o leite antes
da vacinação, caso haja necessidade e somente
retornar a amamentação após 10 dias
• Gestantes com doenças auto-imunes,
imunossuprimidas ou em uso de
quimioterápicos não podem tomar a vacina
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▪ FR >35
▪ PAS >180 ou <90 mmHg
▪ SatO2 <90%
▪ FC >140
▪ Agitação, sudorese ou alteração
do nível de consciência
• Extubação: avaliar se o paciente é capaz de
proteger as vias aéreas (reflexo da tosse
presente, ausência de secreção abundante,
neurológico preservado)
o Não extubar se não tiver 2 ou 3 dos
parâmetros
o Ventilação não invasiva (VNI) pós-
extubação: quando o paciente falha no
teste de respiração espontânea, pode-se
tentar a VNI facilitadora; quando o teste
é bem sucedido, mas o paciente
apresenta maiores riscos (hipercapnia
após extubação, insuficiência cardíaca,
tosse ineficaz, secreções copiosas, mais
de uma falência consecutiva no
desmame, idade maior que 65 anos,
obstrução de vias aéreas), pode-se
tentar a VNI profilática
• Reintubação: caso haja sinais de insuficiência
respiratória, deve-se identificar a causa e
reintubar
o ICC, auto PEEP, causa base não
resolvida, esforço respiratório,
desnutrição, distúrbio hidroeletrolítico,
infecção, disfunção orgânica grave
Regra prática
• Para alterar PO2: mexer na FiO2 e PEEP
• Para alterar PCO2: mexer no tempo inspiratório
e na frequência respiratória
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Drogas na parada
• Adrenalina: apresentam maior taxa de retorno
da circulação, mas não há aumento da
sobrevida; os pacientes sobreviventes com uso
de adrenalina apresentam pior desfecho
neurológico
• Amiodarona: usada na FV e TV refratária (no
terceiro e quinto choques), podendo ser
substituída por lidocaína
• Lidocaína: semelhantemente à amiodarona, a
primeira dose é dobrada (1,5 mg/kg) e a
segunda, simples (0,75 mg/kg)
• Bicarbonato de sódio: não é utilizado
rotineiramente, apenas em casos de parada com
acidose ou hipercalemia conhecida. Isso
acontece quando há parada prolongada,
havendo acidose lática importante, sendo que
no meio ácido a adrenalina não age bem. Uma
indicação formal é a intoxicação por tricíclico, a
fim de alcalinizar o sangue. A dose é de 1 mEq/kg
• Sulfato de magnésio: não é recomendado de
rotina, sendo usado apenas em torsades de
pointes
Administração de drogas
Via de regra, utiliza-se a via de acesso venoso ou
intraósseo. Em último caso, administra-se as drogas pelo
tubo orotraqueal. As drogas que podem ser
adminitradas pelo tudo são:
• Vasopressina
• Atropina
• Naloxona
• Epinefrina
• Lidocaína
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Óbito do paciente
• A declaração do óbito se dá ao final do protocolo
• Se houve trauma, é feita pelo IML
• É uma doença de notificação compulsória:
sempre notificar!
Doação de órgãos
• Médico da UTI que concluiu a declaração do
óbito: pode, mas não deve falar com a família
sobre doação de órgãos
• Médico da UTI que faz parte de alguma equipe
transplantadora (tem interesse): não pode
legalmente falar com a família sobre doação de
órgãos
• Família opta por não fazer a doação dos órgãos:
a conduta é desligar os aparelhos. A família pode
assistir o desligamento dos aparelhos e não pode
levar o corpo para a casa
189
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Síndrome coronariana aguda que nas primeiras três horas a troponina vai vir
negativa)
Angina instável: placa instável que oclui
• Tipo 4a: complicação da angioplastia
parcialmente a luz do vaso.
coronariana (oclusão de ramo da artéria
IAM sem supra de segmento ST: rompimento da principal, embolização distal) – valor de
placa de ateroma com formação de trombo que oclui referência da troponina é 3 vezes o limite
a luz do vaso parcialmente. anterior
• Tipo 4b: infarto relacionado à trombose de stent
IAM com supra de segmento ST: rompimento da
• Tipo 5: infarto relaciondo à cirurgia de
placa de ateroma com formação de trombo que oclui
revascularização miocárdica – valor de
a luz do vaso totalmente.
referência da troponina é 10 vezes o valor limite
Condução da síndrome coronariana aguda anterior
• Paciente chega com dor torácica: realizar ECG e
Tratamento (MONABICHEE)
verificar positividade para supra ST (elevação do
segmento ST em duas ou mais derivações Morfina
contíguas de 1 mm, exceto em V2 e V3, que deve • É o analgésico de escolha
ser maior que 1,5 mm na mulher e maior que 2 • Dose: 0,05 a 0,1 mg/kg – diluir 1 ampola (1 ml)
mm no homem com mais de 45 anos e maior que de morfina (10 mg) em 9 ml de água destilada,
2,5 no homem com menos de 45 anos ficando uma solução de 1 mg/ml
o Com supra ST: encaminhar • Efeitos colaterais: hipotensão, depressão
o Sem supra ST: solicitar marcadores de ventilatória, reação alérgica por liberação de
necrose miocárdica histamina
• Marcador de necrose miocárdica: troponina, • Morfina não muda a mortalidade, então só deve
CPK e CKMB. Lembrar que as troponinas são ser usada em casos de muita dor e
muito sensíveis e podem positivar em situações descompensação do duplo produto (FC x PAS),
que não são SCA, sendo pedidas, então, apenas que deve ficar abaixo de 6.000
uma troponina por internação, devendo ser
Oxigênio
solicitada 12 horas após o início dos sintomas,
• Deve ser oferecido aos pacientes com satO2
quando atinge o pico
<94%
o Angina instável: negativas. Paciente que
• Não deve ser oferecido a todos (satO2 > 94%) por
necessitará de ser estratificado, por
fazer vasoconstricção e agravar o quadro
exemplo, sendo encaminhado para
realizar teste ergométrico, eco-estresse Nitrato
o IAMSSST: protocolo • Na upa: nitrato
o IAMCSST: protocolo o Isordil (sublingual)
o Isordil (dinitrato de isossorbida) e
Tipos de infarto
Monocordil (mononitrato de
• Tipo 1: complicação de placa aterosclerótica
isossorbida): prescrito até 4
(erosão, ruptura, ulceração)
comprimidos às 8, 14 e 20 horas. Deve
• Tipo 2: desbalanço entre oferta e demanda de
haver um intervalo de 12 horas, pois
oxigênio na ausência de complicação da placa
esses medicamentos apresentam
aterosclerótica (anemia, sepse em uso de droga
taquifilaxia, ou seja, dependem da
vasoativa, hipotensão, bradi ou taquiarritmias)
dessaturação dos receptores para
• Tipo 3: morte súbita na vigência de
voltarem a fazer efeito
sintomas/alterações eletrocardiográficas
o Sustrat: prescrito de 8 em 8 horas
sugestivas de IAM em que marcadores de
• No leito de hospital: nitroglicerina
necrose miocárdica não estão disponíveis (pode
ser colhido no SVO, mas não virão positivas, já
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Estratégia de reperfusão
Centro com angioplastia
• Realizar angioplastia em até 90 minutos se
houver possibilidade de intervenção percutânea
nesse tempo
Critérios de reperfusão
• Redução em mais de 50% do supra de ST, onde
este é maior
• Pico precoce de enzimas (CKMB) <12h
• Desaparecimento da dor subitamente
• Arritmia de reperfusão (ritmo idioventricular
acelerado)
Contraindicações de trombólise
• Tudo que já sangrou/tem alto risco de sangrar a
No ECG cabeça
Parede
Derivação Provável artéria
ventricular
alterada comprometida
afetada
V1-V4 Anterior DA
V1-V6, D1, aVL Anterior extensa DA
D2, D3 e aVF Inferior – traçar CD (supra de D3 é
V3R e V4R maior que D2) ou
CX
V7 e V8 Posterior CX ou CD
V3R e V4R Ventrículo direito CD
D1 e aVL Lateral alto CX
• V1 e V2: 4º EIC paraesternais
• V3: entre V2 e V4
• V4: 5º EIC na linha hemiaxilar
• V5: 5º EIC na linha axilar anterior
• V6: 5º EIC na linha axilar média
• V7: 5º EIC na axilar posterior
• V8: 5º EIC na linha hemiescapular
• Vermelho: mão direita
• Amarelo: mão esquerda
• Preto: pé direito
• Verde: pé esquerdo
192
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Acesso venoso central • Agulhas para anestesia (13 x 0,45 para botão
anestésico, 30 x 0,7 ou 40 x 12 para anestesia
Introdução de cateter apropriado em veia central
mais profunda)
(femoral comum, jugular interna, subclávia) a partir de
técnica percutânea, com objetivo de obtenção acesso • Kit punção venosa central estéril, contendo:
para infusão de substâncias entre outros. agulha de 8 cm de comprimento e diâmetro 18
G; seringa 10 mL; fio guia metálico; dilatador
Indicações plástico; cateter venoso (mono, duplo ou triplo
• Impossibilidade de acesso venoso periférico lúmen); anteparos para fixação do cateter
• Infusão de substâncias cáusticas, vasopressores • Kit para sutura contendo: porta agulha, pinça,
ou hiperosmolares (ex.: NPT) tesoura; fio de mononylon 2.0 ou 3.0
• Reposição rápida de fluidos e/ou sangue em • Conectores
urgências ou cirurgias (questionável) • Curativo
• Preparo pré-cirúrgico de pacientes de alto risco
e/ou alta complexidade cirúrgica
Conceitos anatômicos
• Monitorização hemodinâmica invasiva (pressão Veia jugular interna (VJI)
venosa central, saturação venosa central) • Localização: anterior e lateral à carótida interna,
• Cateterização de artéria pulmonar (cateter na porção apical do triângulo cervical, formado
específico Swann-Ganz) por porções clavicular e esternal do músculo
• Realização de hemodiálise ou aféreses esternocleidomastoideo, além de base com a
(plasmaférese/leucoaférese) clavícula
• Nutrição parenteral central • Normalmente se situa de 2 a 3 cm de
• Inserção de marca-passo transvenoso profundidade
193
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Quando se opta por VJI ou VSC, é preferencial a fisiológicas) com maiores taxas de infecção;
escolha do lado direito, visto que a cúpula maior risco de complicações trombóticas;
pleural é mais baixa, o que reduz a chance de necessidade de cateteres maiores para atingir a
pneumotórax, e devido ao fato do ducto torácico circulação central
desembocar na VSC esquerda, com menos risco • Contraindicações ao sítio: discrasias sanguíneas
de quilotórax graves; plano de manutenção do cateter por
maiores períodos; infecção local
Veia jugular interna
• Vantagens: menor risco de complicações; maior Técnica
facilidade de compressão local e de mais fácil Comum a todos os sítios
acesso em caso de controle cirúrgico de 1. Comunicar ao paciente sobre o procedimento,
complicações; puncionável mesmo em discrasias explicando toda a sequência ao qual será
sanguíneas moderadas submetido
• Desvantagens: punção difícil em pessoas com 2. Avaliar, no contexto global do paciente,
pescoço curto e/ou obesos; anatomia variável; condições de suportar o procedimento
tendência a colabamento da veia em a. Na presença de discrasia sanguínea,
hipovolemia; local de mobilidade, o que dificulta corrigir previamente, se possível: INR
a manutenção de curativo seco e estéril; possível >1,5: considerar infusão de plasma
contaminação em pacientes traqueostomizados fresco (10 mL/Kg) antes do
• Contraindicações ao sítio: discrasias sanguíneas procedimento. Havendo tempo hábil,
graves; cirurgia de carótida ipsilateral; tumores considerar vitamina K (IM, 10 mg, por no
cervicais ou intravasculares com invasão para o mínimo 3 dias)
átrio direito b. Plaquetopenia (<50.000/ mm³):
considerar transfusão profilática de
Veia Subclávia concentrado de plaquetas, 1 unidade
• Vantagens: menor variabilidade anatômica; para cada 7-10 Kg de peso, logo no
melhor fixação do acesso; menor taxa de infeção momento do procedimento
do sítio de punção; não colaba em situações de 3. Higienização adequada das mãos e colocação
choque hipovolêmico dos equipamentos de proteção individual
• Desvantagens: necessidade de prática para 4. Assepsia e antissepsia local por meio de técnica
evitar complicações; difícil compressão, no caso asséptica
de acidentes arteriais; alto risco de complicações 5. Anestesia local com lidocaína inicialmente com
graves, incluindo pneumotórax, hemotórax botão anestésico (derme), seguido de planos
• Contraindicações ao sítio: discrasias sanguíneas mais profundos (idealmente já localizando o
de qualquer grau; pacientes com DPOC; trauma vaso a ser puncionado, evitando-se a infusão
clavicular, cirurgias prévias no local ou intravascular do anestésico)
deformidades; durante PCR 6. Preenchimento de todas as vias do cateter com
solução salina
Veia Femoral
• Vantagens: relativamente superficial e de fácil Veia Jugular Interna (acesso central/médio)
punção; facilmente compressível e fácil acesso 1. Posicionamento do paciente: decúbito dorsal
cirúrgico; facilidade em utilizar cateter de grosso horizontal com cabeceira rebaixada em relação
calibre (muito usada para diálise); fácil acesso na aos membros inferiores (Trendelenburg),
PCR; preferência para punção em casos de extensão cervical contralateral ao sítio de
discrasia sanguínea punção (face voltada para o lado oposto)
• Desvantagens: local de muita mobilidade, 2. Localizar o ápice do trígono formado pelas duas
dificultando curativo fixo e estéril; local cabeças do músculo esternocleidomastoideo
altamente úmido e potencialmente (SCM)
contaminado (contato com secreções
194
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
3. Palpar artéria carótida com a mão não 16. Descarte material adequadamente, evitando
dominante e afastá-la medialmente com acidentes de trabalho
suavidade, a fim de evitar a punção da mesma
4. Realize a punção venosa com agulha (bisel Veia Subclávia Infraclavicular
voltado acima) conectada seringa parcialmente 1. Posicionamento do paciente: decúbito dorsal
preenchida com SF 0,9%, sempre realizando horizontal com cabeceira rebaixada em relação
pressão negativa (aspirando), imediatamente aos membros inferiores (Trendelenburg),
abaixo ao ápice do trígono, lateralmente à extensão cervical contralateral ao sítio de
carótida, em um ângulo inclinado de 30° em punção (face voltada para o lado oposto),
relação a pele, em direção do mamilo ipsilateral membros superiores estendidos ao longo do
5. Após a localização da VJI pelo refluxo venoso, corpo e coxim interescapular
manter a posição firmemente com mão não 2. Identificam-se com parâmetros anatômicos à
dominante e remover a seringa da agulha clavícula, sulco subclávio, fúrcula esternal e sulco
6. Inserir fio guia com a extremidade em "J" deltopeitoral, formado entre os músculos
suavemente para dentro do vaso, o qual deve deltoide e peitoral maior
progredir sem resistência (atentando para 3. Realiza-se a punção na junção do terço proximal
possíveis arritmias) com o médio da clavícula, na altura do sulco
7. Retirar a agulha, mantendo o fio guia deltopeitoral direcionando a agulha logo abaixo
firmemente para não se movimentar (em da clavícula para a fúrcula esternal com
momento nenhum permita que o fio guia angulação de 30° com o tórax, reduzindo para
penetre completamente no sítio, evitando-se 15° após a passagem para a região posterior da
assim sua embolização) clavícula. O bisel da agulha deve estar voltado
8. Realizar pequena incisão (aproximadamente 3 para o sentido caudal
mm) com uma lâmina de bisturi para facilitar a 4. O sangue deve fluir facilmente, de maneira livre,
passagem do dilatador venoso pelo ponto de e apresentar característica de sangue venoso
punção (não pulsar e ter coloração mais escura)
9. Inserir dilatador na pele guiado pelo fio, 5. Os demais passos seguem a técnica de Seldinger
empunhando pela extremidade distal. já descrita (passagem de fio guia, dilatação e
Movimentar o dilatador, com movimento de posterior passagem do cateter de forma guiada)
rotação no próprio eixo (opcional). Não realizar Veia Femoral
força exagerada e não inserir o dilatador 1. Posicionamento do paciente: decúbito dorsal
excessivamente, além da profundidade de horizontal com leve flexão e rotação lateral da
punção coxa a ser puncionada
10. Retirar o dilatador, mantendo o fio guia em 2. Proteja a região genital para evitar
posição com cuidado para não embolizar contaminação adicional durante o
11. Vestir o fio guia com o cateter e, antes de inseri- procedimento
lo na pele, retirar um pequeno pedaço de fio guia 3. Puncionar 1 a 2 cm distal ao ligamento inguinal e
por um dos lúmens do cateter. Esta parte do fio medialmente à artéria femoral, com um ângulo
deve ser segurada com uma das mãos, enquanto de 30° a 45° com relação à pele em direção
se faz a inserção do cateter, garantindo a cranial (abdome)
manutenção da posição do fio 4. O sangue deve fluir facilmente de maneira livre
12. Após a inserção completa do cateter, retirar o e apresentar característica de sangue venoso
fio-guia (não pulsar e ter coloração mais escura)
13. Teste todas as vias do cateter por aspiração de 5. Os demais passos seguem a técnica de Seldinger
sangue, infusão e teste do refluxo do sangue já descrita (passagem de fio-guia, dilatação e
(posicionar o frasco de soro abaixo do paciente) posterior passagem do cateter de forma guiada)
14. Fixar o cateter com sutura (simples ou
"bailarina")
15. Curativo oclusivo
195
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Cuidados pós-procedimento
• Radiografia de tórax é mandatória após a punção
de acessos altos, preferencialmente antes da
infusão de substâncias adicionais. Deve-se
checar: trajeto do cateter, localização de sua
ponta, presença de complicações pleurais
• Manter o cateter pelo menor tempo necessário,
e apenas trocar o cateter em caso de
necessidade
• Caso haja suspeita de infecção relacionada ao
cateter, recomenda-se nova punção
• Caso o cateter esteja posicionado dentro do
coração (ex.: intraventricular), recomenda-se o
recuo; por outro lado, nunca se deve “introduzir
a mais” após o procedimento
Complicações
• Punções arteriais
• Sangramento contínuo pelo sítio de punção
(discrasias)
• Hematomas
• Equimoses
• Infecção relacionada ao cateter
• Tromboflebite séptica
• Trombose e tromboembolismo venoso
• Pseudoaneurisma
• Fístulas arteriovenosas
• Veia jugular interna: punção acidental da
carótida (mais comum); punção acidental da
traqueia e lesão do nervo laríngeo recorrente;
embolia aérea; pneumotórax; hemotórax;
quilotórax (à esquerda); lesão cardíaca pelo
cateter; arritmias cardíacas atriais; mau
posicionamento do cateter em direção à veia
subclávia ipsilateral
• Veia subclávia: punção acidental da artéria
subclávia; mau posicionamento do cateter
desvio para a jugular interna; embolia aérea;
pneumotórax; hemotórax; quilotórax (à
esquerda); lesão cardíaca pelo cateter; arritmias
cardíacas atriais
• Veia femoral: punção acidental da artéria
femoral; trombose; sepse relacionada ao cateter
196
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
197
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
11. Aspire líquido para análise diagnóstica (30 a 60 • Disfunção hemodinâmica (remoção de grandes
mL), fechando a torneira para o exterior volumes): hipotensão arterial, síndrome
12. Proceda a retirada do líquido peritoneal por hepatorrenal
gravidade com a extremidade do equipo
posicionada abaixo do paciente em um frasco
coletor
13. Após a drenagem desejada, retirar o cateter
14. Realizar curativo local
Complicações
• Hemoperitôneo
• Lesão de artéria epigástrica inferior
• Punção de alça intestinal
• Infecção intra-abdominal
• Pneumoperitôneo
• Punção vesical
198
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
200
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Complicações
• Pneumotórax (aproximadamente: 3-20%)
• Tosse (minimizado se retirado volumes <1.500
mL)
• Dor (realizar a devida anestesia local e,
eventualmente, sistêmica)
• Hemotórax
• Infecção local
• Edema de reexpansão (0,2 a 14%)
• Reação vasovagal
• Punção de órgãos sólidos (fígado/baço)
• Punção cardíaca
• Vazamento continuado de líquido pelo sítio de
punção
201
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202
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203
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Tratamento cirúrgico
• Para pacientes em que não se obtém sucesso no
tratamento endoscópico, recomenda-se o
tratamento cirúrgico
• Pacientes com necessidade de transfusão de
mais de seis unidades de concentrado de
hemácias também se beneficiam dessa
intervenção
206
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Exame físico
• Inspeção anal e toque retal: sangue vivo ao
toque indica maior probabilidade de HDB
oriunda do retossigmoide ou cólon esquerdo, e
sangue coagulado orienta origem alta ou de
intestino delgado
• É importante lembrar que as hemorroidas
geralmente não são palpáveis e são frequentes
causas de sangramento.
Exames complementares
Laboratoriais
• Nas HDB maciças ou na presença de qualquer
sinal de alteração hemodinâmica, os pacientes
devem ser monitorizados; coleta imediata de
exames complementares (hemograma,
plaquetas, coagulação, função renal, hepática,
eletrólitos, teste rápido para HIV etc.) e tipagem
sanguínea
207
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Cintilografia e arteriografia
• As principais vantagens da cintilografia são a sua
alta sensibilidade para detectar sangramentos
ativos ou intermitentes e evitar o procedimento
invasivo da angiografia em pacientes cujo
sangramento já cessou espontaneamente
• A angiografia realizada após uma cintilografia
positiva determina com maior precisão o sítio de
sangramento e possibilita a realização de
embolização ou orienta uma melhor abordagem
cirúrgica
Tratamento
• As medidas de ressuscitação devem ser iniciadas
em qualquer paciente com sangramento ativo,
sobretudo se o paciente apresenta sinais ou
sintomas de instabilidade hemodinâmica.
208
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Fatores precipitantes
A maioria das descompensações de IC ocorre por falta de
aderência ao tratamento farmacológico ou às medidas
dietéticas
209
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Estratificação prognóstica
• A estratégia mais fácil para determinar o
prognóstico desses pacientes utiliza apenas duas
variáveis, que são creatinina >1,5 mg/dL e
valores de pressão arterial sistólica menores que
115 mmHg. Os pacientes com ambos os achados
apresentam mortalidade na internação maior
que 20%
210
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211
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213
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Avaliação de risco
• Na suspeita de TEP, deve-se verificar se o
paciente está chocado, utilizando-se como
parâmetro a PAS. Se esta for maior do que 90
mmHg, admite-se que não há choque e aplica-se
a escala PESI (escala de estratificação clínica pós-
diagnóstico)
• Raio-x de tórax: pode ser normal ou demonstrar
sinais clássicos de TEP (difíceis de aparecer) –
corcova de Hampton (consolidação com base
voltada para pleura e ápice voltado para o hilo),
sinal de Palla (dilatação das artérias
214
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento
• Medidas gerais: MOV e analgesia
• Cristaloide: em bolus de até 500 mL, em
pacientes hipotensos. Ressalva-se, no entanto,
que sobrecarga volêmica pode piorar a
disfunção de VD
• Drogas vasoativas: são frequentemente
necessárias para melhorar o inotropismo
cardíaco, elevar a pressão arterial e garantir a
perfusão tecidual adequada
o Dobutamina deve ser considerada em
pacientes com índice cardíaco reduzido;
essa costuma ser a primeira droga
prescrita com o intuito de melhorar o
débito de VD
o Norepinefrina aumenta a pressão
arterial sistêmica e melhora a perfusão
coronariana; melhora a função de VD
por ação inotrópica positiva direta
o Epinefrina combina os efeitos das duas
drogas anteriores
216
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217
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Diagnóstico
• Os critérios diagnósticos da ADA (American
Diabetes Association) para o EHHNC são: (1)
Glicose plasmática >600 mg/dl; (2) pH arterial
>7,3; (3) HCO3 >18; e (4) Osmolaridade
plasmática efetiva >320 mOsm/kg
• A osmolaridade efetiva deve ser calculada pela
fórmula: Osm = 2 x Na + Glicose/18
Patogênese • Acidose metabólica com ânion-gap aumentado
pode ocorrer devido à acidose lática ou urêmica
• A patogênese pode ser compreendida como um
progressivo aumento da osmolaridade sérica Conduta
consequente à hiperglicemia e à hipernatremia, • A insulinoterapia só deve ser instituída após
sem uma elevação equivalente da osmolaridade generosa reposição hídrica. Aqui é obrigatório o
intracelular. Resulta disso o desvio de fluido do uso da insulina regular IV em bomba de infusão
intra para o extracelular
• A hidratação venosa é iniciada com solução
• A diurese osmótica provocada pela salina isotônica mesmo na presença de
hiperglicemia leva à perda de água em maior hipernatremia, pois a concentração de sódio da
proporção que de eletrólitos, agravando a solução é menor do que a sérica, se esta estiver
hiperosmolaridade sérica acima de 154 mEq/L
• Com a contração do volume intravascular
adiciona-se ao comprometimento prévio da
219
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220
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Diagnóstico
Classificação Tratamento
• SHR tipo 1: forma aguda, mais grave, frequente • Escolha: transplante de fígado
em casos de hepatite alcoólica, ou após • Hemodiálise: pode ser feita para melhora
descompensação aguda de cirrose hepática em sintomática, mas não trata completamente, uma
pacientes que, geralmente, apresentam vez que o problema é hepático
distúrbios de coagulação. Tem evolução rápida, • Medicamentos: terlipressina (vasoconstrição
entre uma e duas semanas, com oligúria ou esplâncnica) – também não é medida curativa,
anúria. Esses pacientes geralmente noradrenalina (vasoconstrição sistêmica)
desenvolvem encefalopatia, icterícia e distúrbios • Albumina: melhora parcial
de coagulação, a insuficiência renal aparece
durante a internação. O prognóstico é ruim, e Questão da aula: considerando suspeita diagnóstica de
ocorre a duplicação da creatinina sérica para um síndrome hepatorrenal, qual é a correta?
nível superior a 2,5 mg/dL, ou uma redução do a) Na SHR há processo de vasodilatação renal com
clearance de creatinina, para um valor menor vasoconstricção esplâncnica
que 20 mL/min durante um período de menos b) A SHR do tipo I apresenta creatinina > 1,5 e é
de duas semanas forma mais leve
• SHR tipo 2: forma mais leve e mais comum, com c) Para fechar diagnóstico da síndrome, é essencial
desenvolvimento progressivo de insuficiência descartar presença de doença renal
renal, com aumento da creatinina e ureia dentro parenquimatosa
de semanas ou meses, e geralmente com maior d) Na SHR, ao se realizar a reposição volêmica com
sobrevida. É definido por um aumento no nível albumina, ocorre melhora da função renal
de creatinina sérica em mais de 1,5 mg/dL e e) O tratamento padrão ouro da síndrome é
menor que 2,5 mg/dl ou por uma depuração de hemodiálise
creatinina inferior a 40 mL/min, e um sódio
urinário menor que 10 mmol/L
Exames complementares
• Hemograma: infecção, anemia, plaquetopenia
• Função renal: ureia e creatinina
• Lesão hepática: TGO, TGP
• Enzimas canaliculares: fosfatase alcalina e GGT
• Função hepática: albumina, fatores de
coagulação e bilirrubina
• Raio x de tórax
• Sorologias para HIV e sífilis
• Perfil lipídico: colesterol e triglicérides
• Ultrassom: hepático, abdominal (ascite)
• Paracentese diagnóstica: GASA
222
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Classificação
• FA paroxística: até 7 dias; geralmente reverte
espontaneamente
• FA persistente: >7 dias
223
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Classificação
• Flutter típico (tipo I): F negativa em D2, D3 e AVF
• Flutter típico reverso: F positiva em D2, D3 e AVF
• Flutter atípico (tipo II): frequência atrial >350
Tratamento
• Semelhante ao da fibrilação atrial
Achados no ECG
• QRS estreito
• RR regular
• FC >100 bpm
• Ausência de onda P
Flutter atrial
Anamnese Tratamento
• Palpitação • Instável: cardioversão elétrica sincronizada
• Dispneia • Estável: manobra vagal e adenosina (1 ampola
• Tontura de 6 mg e, se não funcionar, mais 2 ampolas)
• Astenia
• Desconforto torácico Taquicardia ventricular (TV)
Achados no ECG
Achados no ECG
Monomórfica
Ondas F (serrilhado)
• QRS alargado
RR regular • Ausência de onda P
• RR regular
QRS estreito
• FC >100
Condução 1:1, 2:1 ou 4:1 (mais comuns) • Morfologia do QRS é semelhante
Frequência ventricular de 150 bpm
224
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BAV 2:1
• Há 2 ondas P para 1 complexo QRS de forma
Tratamento regular
• Monomórfica: se paciente instável, cardioversão
elétrica sincronizada; se estável, amiodarona,
procainamida ou sotalol (nunca verapamil)
• Polimórfica: desfibrilação + sulfato de magnésio
Tratamento
• Desfibrilação
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226
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Tratamento
• Dieta: hipoproteica geralmente, exceto para os
pacientes com hipercatabolismo
• Hidratação: balanço hídrico zerado, dependendo
da diurese do paciente. A reposição volêmica é
feita com cristaloide (SF 0,9%)
• Indicações de diálise
• Dopamina: igual placebo e não se usa dopamina
para lesão renal aguda, pois não há indicação
para seu uso como tratamento ou prevenção de
LRA
Profilaxia
• Evitar drogas nefrotóxicas: AINE, IECA, BRA,
antimicrobianos, contraste
o Se necessário usar antimicrobiano
nefrotóxico, fazer dose corrigida
o Contraste: preferencialmente usar
contraste não iônico de baixa
osmolaridade (caro) e sempre a menor
dose possível. Preparar o paciente antes
de receber contraste com hidratação 24
horas antes e 24 horas após e
alcalinização urinária (com bicarbonato)
para diminuir a chance de os radicais
livres agredirem os rins, e oferecer
mucolítico (N-acetilcisteína), pois é um
captador de radicais livres
o Furosemida: não há benefícios em
oferecer furosemida em pacientes
oligúricos, pois não muda a etiologia e
nem o prognóstico, trazendo apenas os
efeitos colaterais da furosemida
(ototoxicidade e hipocalemia)
Recuperação funcional
• Inicia em 5 a 15 dias após o quadro, mas pode
não ocorrer
• A biópsia renal está indicada quando não se sabe
a causa ou quando o paciente está a mais de 2
meses sem recuperação de função renal
• A fase diurética exige cuidado, pois o paciente
pode evoluir para pré-renal
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230
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• O hidrogênio que sai da célula se une com o canais ENAC (reabsorvedor de sódio) e ROMK
bicarbonato e, catalisado pela anidrase (excretor de potássio e hidrogênio) e aumento
carbônica 4, é transformado em ácido carbônico, da atividade da bomba sódio-potássio ATPase,
um composto instável, que rapidamente se promovendo reabsorção de sódio e excretando
dissocia em água e CO2. O CO2 é difundido potássio. Em acidose metabólica, o canal ROMK
passivamente pela dentro da célula, onde é opta por excretar hidrogênio.
unido à água, catalisado pela anidrase carbônica • As células intercaladas são de dois tipos: alfa e
2, retornando a ácido carbônico, que se dissocia beta. As alfa apresentam hidrogênio indo em
em hidrogênio e bicarbonato. O hidrogênio é direção ao lúmen (atuantes na acidose
secretado pelo transportador sódio-hidrogênio metabólica), enquanto as beta apresentam
novamente e o bicarbonato é absorvido junto hidrogênio em direção contrária ao lúmen
com o sódio pelo canal da membrana basolateral (atuante na alcalose metabólica). O hidrogênio
• Quando o hidrogênio é secretado, o lúmem excretado pela célula alfa se liga a um ânion e
começa a ficar muito positivo, afrouxando o excretado na urina (acidez titulável)
epitélio das células do túbulo proximal,
permitindo reabsorção paracelular de sódio, Distúrbios sindrômicos da regulação ácido-base
potássio, magnésio, cálcio Túbulo proximal
• A amônia vem da quebra da glutamina, que é • Síndrome de Fanconi: se manifesta com
transformada em amônia e bicarbonato. A glicosúria e glicemia normal; o mecanismo
amônia, no túbulo proximal se junta ao fisiopatológico consiste na inibição dos canais da
hidrogênio, formando amônio, que é incapaz de membrana luminal das células do túbulo
sair da célula, descendo a alça de Henle, até proximal (sódio-glicose, sódio-aminoácido,
chegar na região de 1200 mOsm (devido ao sódio-sulfato, sódio-fosfato...). É tudo “úria” –
mecanismo de contracorrente), onde o glicosúria, fosfatúria, perda de ácido úrico na
hidrogênio se despresende e permite a urina...
formação de amônia novamente, que consegue
Alça espessa de Henle
se difundir pela célula até chegar no ducto
• Síndrome de Bartter: inibe a bomba tripla,
coletor, onde é unida novamente ao hidrogênio,
causando hipocalcemia, hipocloremia,
transformada em amônio e excretada na urina
hipercalciúria, alcalose metabólica
• Na alça espessa de Henle há a bomba tripla (Na,
K, 2Cl). O sódio que entra por ela é transportado Túbulo distal
pela bomba de sódio-potássio ATPase; o cloro • Síndrome de Gitelman: hiponatremia,
passa pelo canal de cloreto (ambos para o lado hipocloremia, sem hipercalciúria, mas com
basolateral) e o potássio retorna ao lúmen pelo alcalose metabólica
canal de potássio, deixando o lúmen positivo,
afrouxando o epitélio da alça espessa de Henle, Túbulo coletor
havendo reabsorção paracelular de sódio, • Síndrome de Liddle: hiperexpressão dos canais
potássio, cálcio, magnésio ENAC, reabsorvendo muito sódio, causando
• No túbulo distal há a bomba sódio-cloro; o sódio hipertensão, hipocalemia, alcalose metabólica
é utilizado pela bomba de sódio-potássio ATPase
e o cloro passa pelo canal de cloro. O epitélio do
Ação dos diuréticos
túbulo distal é fixo, não havendo reabsorção Túbulo proximal
paracelular • Inibidor da anidrase carbônica (acetazolamida):
• No ducto coletor há dois tipos de células: pouco potente como diurético, mas provoca
principais e intercaladas. Na principal existe bicarbonatúria (útil na alcalose metabólica)
bomba de sódio-potássio ATPase, • Inibidor de SGLT2: atua no transportador sódio-
diferentemente da intercalada. Na principal, há glicose
ação da aldosterona (presença de receptor),
provocando transcrição no núcleo celular de
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
232
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
intoxicação por salicilatos, intoxicação por metanol, Cloreto Urinário < 25 mEq/l:
abuso de tolueno, rabdomiólise, acidose D-láctica, 5- • Perdas gástricas, intestinais; diuréticos, baixa
oxoprolinúria) ingesta de cloreto; fibrose cística
𝐴𝐺 − 10 Cloreto Urinário > 40mEq/l
24 − 𝐻𝐶𝑂3 • PA normal: Bartter, Gitelman, diuréticos
• = 1 – Acidose simples com ânion gap elevado • PA alta: hiperreninismo, Cushing, Liddle,
• < 1 – Acidose com ânion gap normal superposta hiperaldosteronismo prim/sec,
• > 1 – Alcalose metabólica superposta mineralocorticóide exógeno
𝑢𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒
Distúrbios hidroeletrolíticos 𝑜𝑠𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑙 = 2 × 𝑠ó𝑑𝑖𝑜 + +
6 18
Distúrbios do sódio
• A osmolaridade efetiva retira a ureia da fórmula,
É primariamente um distúrbio da água, portanto quando
há déficit de água, há aumento da concentração sérica pois esta passa livremente entre as células
de sódio, que provoca aumento da osmolaridade Hiponatremia
plasmática, levando ao aumento da secreção do ADH • Concentração sérica de sódio <135 mEq/l
(insere aquaporinas no túbulo coletor para aumentar • É primariamanete um distúrbio do metabolismo
reabsorção da água e diluir o sódio) e à ativação do da água
mecanismo de sede. O excesso de água provoca o o A defesa para controlar o sódio depende
mecanismo contrário. de: centro da sede intacto, liberação de
Metabolismo da água ADH intacta e túbulo coletor intacto
• O ADH consegue alterar a osmolaridade urinária o O metabolismo da água está relacionado
para o mínimo e para o máximo, que vai de 50 a à osmolaridade (osmorreceptor –
1200 mOsm, justamente por conta do mecanismo de sede e ADH) e o
mecanismo de contracorrente. A liberação de metabolismo do sódio está relacionado
ADH consegue chegar à osmolaridade urinária ao volume intravascular efetivo
máxima (1200 mOsm), então na liberação de (barorreceptor – PNA, SRAA,
ADH, há necessidade de preservação de água catecolaminas e ADH, via estímulos não
(desidratação) osmóticos do ADH, como estiramento
do vaso, náusea, vômito, analgesia)
• A excreção de água serve para excretar os
solutos (em média 600 a 800 mOsm diários), que • É importante saber o tempo de evolução da
devem ser excretados independente da hiponatremia, pois o tratamento depende deste
quantidade de água, sob a forma de urina, num parâmetro, uma vez que a correção muda a
volume de, em média, 670 ml por dia depender do tempo de evolução. As células
• A redução da secreção de ADH diminui a dendríticas são as mais sensíveis em relação à
variação do sódio, sendo importante determinar
reabsorção de água, havendo a mesma
quantidade de solutos para excretar, gerando se é aguda ou crônica por conta de alterações do
SNC
uma quantidade maior e menos concentrada de
urina a ser eliminada: 16 litros por dia (diabetes o Aguda: 24-48 horas
o Crônica: >48 horas
insípidus, pacientes esquizofrênicos que
ingerem muita água - potomania). Ingestão de • Sintomas: náuseas, vômitos, cansaço, tontura,
água superior a 10-15 litros causam intoxicação cefaleia
hídrica • Quem está mais sujeito ao quadro de
hiponatremia: cetoacidose diabética, idosos,
Conceitos básicos quadros infecciosos, doença renal (hiponatremia
• Sódio: controla o volume extra-celular dilucional) e medicamentos (diuréticos, ISRS –
• Água: controla a tonicidade extra-celular causam síndrome da secreção inapropriada do
• Volume intracelular: volume intracelular + ADH)
hemácias
Tonicidade
• Volume extravascular: volume intersticial +
• Realiza-se o cálculo de osmolaridade plasmática
volume plasmático – hemácias
a partir do sódio, glicose e ureia
Osmolaridade plasmática • Hipertônica: há alguma alteração a mais que é
• A osmolaridade sérica normal leva em capaz de puxar água, sendo o mais comum a
consideração 3 solutos principais: sódio (princial glicose – situações de cetoacidose, por exemplo
íon extracelular), glicose e ureia (ambos passam o Cada 100 mg/dl de elevação da glicose
livremente pela célula) plasmática acima de 100, diminui a [Na+]
aproximadamente 1,6 mEq/l
234
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Isotônica: também há algo que não deveria estar síndrome da secreção inapropriada de
ali, mas que não é capaz de deslocar tanto a ADH)
água, de tal forma que a água se desloca e ▪ Câncer pulmonar de pequenas
retorna ao local de origem. Causado por células, anestesia geral, dor,
dislipidemias (hipercolesterolemia, náusea, drogas (SSRI,
hipertrigliceridemia) e paraproteinemias carbamazepina, ciclofosfamida,
(mieloma múltiplo – idade em torno de 50-60 tiazídicos, venlafaxina, AINE),
anos, homem, negro, apresentando dor óssea, hipotireoidismo, patologias do
principalmente lombar, cujo exame de dosagem SNC são exemplos de causa de
de cálcio mostra hipercalcemia; nesses casos, síndrome da secreção
pedir eletroforese de proteínas séricas, que vai inapropriada de ADH
apresentar pico monoclonal gama; realizar ▪ O tratamento, se associada a
biópsia de medula em seguida, que vai volume extracelular normal, é a
apresentar aumento de 9% ou mais de reposição de hormônio
plasmócitos) – o mieloma pode cursar com tireoidiano ou
síndrome de Fanconi corticoesteroides. Se há SIADH,
• Hipotônica: necessário avaliar volume repõe-se soro a 3% e diurético
extravascular (hipo, hiper e euvolêmico) a partir de alça, além de carbonato de
de edema, turgor, mucosa lítio (por causar diabetes
o Hipervolêmico: situações de diluição do insipidus nefrogênico – inibe a
sódio por diminuição da excreção renal ação do ADH. Não é mais usado
de água, diminuindo o sódio sérico com frequência pela intoxicação
(sódio corporal total elevado) – por lítio). Se associada a volume
insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome extra-celular contraído, realizar
nefrótica, DRC. O tratamento consiste hidratação com solução salina
no tratamento da causa base, restrição isotônica (SF 0,9%) – se agudo
salina, diurético (furosemida), restrição pode corrigir 12 mEq em 24
hídrica (para IRA ou DRC em oligoanúria) horas; se crônico, pode corrigir 8
o Hipovolêmico: paciente perdeu mais a 10 mEq em 24 horas, pois
sódio do que água ou a reposição de correções rápidas de
sódio foi menor do que a de água. Se a hiponatremia podem causar
perda for renal, o sódio urinário estará mienólise pontinha central (o
alto (síndrome perdedora de sal, paciente entra em coma
insuficiência adrenal primária); se for permanente), com maior risco
extra-renal, o sódio urinário não está para pacientes alcoólatras,
alto (perdas gastrointestinais, perdas desnutridos, em hipocalemia,
transdérmicas). Hidratar com SF 0,9% queimados e mulheres idosas
o Euvolêmica: relacionada geralmente a em uso de tiazídicos
distúrbios de ADH. Avaliar o quanto a
Reposição de sódio
osmolaridade está diminuída: se
• Soro fisiológico 0,9%: 154 mEq de sódio
levemente diminuída (acima de 275
mOsm) rever se realmente é uma • Soro 0,45%: 77 mEq de sódio
hiponatremia; se está abaixo de 275 • Soro 3%: 513 mEq de sódio
mOsm, avaliar osmolaridade urinária – • Soro glicosado: 0 mEq de sódio
se estiver abaixo de 100, há pouco • Água destilada: 0 mEq de sódio
soluto e muita água (polidipsia); se • Ringer lactato: 130 mEq de sódio
estiver acima de 100, avaliar sódio • 1 ampola (10 ml) de NaCl a 20%: 35 mEq
urinário (se <30 mEq/l, reconsiderar 𝑆ó𝑑𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜−𝑠ó𝑑𝑖𝑜 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑜
= ↑ de mEq a cada litro de soro
hipovolemia; se estiver ≥30, há á𝑔𝑢𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙+1
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• Água corporal total: peso*0,6 para homem e o Ganho de sódio: infusão errônea,
peso*0,5 para mulher hiperaldosteronismo primário, Cushing,
• Importante lembrar que esse aumento é o valor afogamento em água salgada
estabelecido para cada 24 horas – 12 mEq em • Sintomas: disfunção de SNC, espasmo muscular,
agudo e 8-10 mEq em crônico hiperreflexia, tremor, ataxia
• Acompanhar a infusão com furosemida para
Tratamento
excretar o excesso de água
• Associada a volume extra-celular contraído:
Hiponatremia aguda solução salina a 0,9% até normalização do VEC e
depois usar SG5%
• Associada a volume extra-celular normal:
infusão de SG5% ou SF 0,45% e tratamento de
diabetes insípidus, se presente
• Associada a volume extra-celular expandido:
diurético de alça, restrição salina, diálise
(insuficiência renal)
• Reduzir: <0,5 mEq/l/h ou <12 mEq/l/24 horas,
pois correções mais rápidas podem causar
edema cerebral (osmóis idiogênicos)
Hiponatremia crônica
Distúrbio do potássio
• Principal íon do meio intra-celular, atuante na
excitabilidade muscular
• Baixa concentração no plasma: 3,5 – 5,5 mEq/l
• Regulação do potássio: se dá por adrenalina,
aldosterona e insulina (contrarreguladores)
• A bomba sódio-potássio ATPase mantém o sódio
no intracelular e a aldosterona faz o ajuste fino
da excreção do potássio no ducto coletor (pela
expressão aumentada dos canais ENAC e ROMK)
Hipernatremia Hiperaldosteronismo
• Concentração sérica de sódio >145 mEq/l • Excesso de aldosterona, causando aumento do
o Perda de água por via renal: diurese sódio sérico (hipertensão arterial), eliminação de
osmótica, diurético de alça, defeito na potássio (hipocalemia) e eliminação de
concentração renal - diabetes insipidus hidrogênio – pela falta de potássio para excretar
(hipofisário – não produz ADH, ou via ROMK (alcalose metabólica)
nefrogênico – ADH não age)
▪ Causas de DI hipofisário: trauma Hipoaldosteronismo
de crânio, AVE, tuberculose, • Falta de aldosterona, causando diminuição da
toxoplasmose, tumores reabsorção do sódio sérico (hipotensão arterial),
▪ Causas de DI: nefrogênico: diminuição da eliminação de potássio
doença renal policística, DRC, (hipercalemia) e de hidrogênio (acidose
lítio, anfotericina B, amiloidose, metabólica)
mieloma múltiplo e síndrome de
Hipopotassemia
Sjögren
o Extra-renal: sudorese excessiva, • K+ <3,5 mEq/l (queda rápida influencia mais do
diarreia, perdas insensíveis, grandes que o valor absoluto)
queimaduras • Pode provocar parada cardíaca em sístole
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Na presença de potássio alterado no exame, é necessário • Diálise: quando as terapêuticas anteriores não
distinguir a etiologia: funcionarem
• Critérios de diálise: uremia (pericardite urêmica,
• Pseudo-hiperpotassemia: geralmente por erro
encefalopatia urêmica, náusea, vômito, soluço),
de coleta – deve ser dosado logo após a coleta,
hipercalemia refratária, acidose metabólica
sem demora
refratária, hipervolemia refratária, intoxicações
• Alterações na redistribuição:
por drogas dialisáveis
o Acidose metabólica
o Hipoinsulinemia (DM 1)
o Bloqueadores beta-adrenérgicos
o Quimioterapia nas neoplasias
o Infusão de arginina
o Succinil-colina
o Intoxicação digitálica
• Retenção de potássio
o Insuficiência renal
o Carga de potássio exógena ou endógena
(esmagamento, hemólise ou
hipercatabolismo)
o Bloqueadores do sistema
renina/angiotensina
o Diuréticos poupadores de potássio
o Hipocortisolismo
o Hipoaldosteronismo
o Tubulopatias
o Drogas: ciclosporina/tacrolimus,
trimetoprim/sulfametoxazol
Tratamento
• Estabilização da membrana miocárdica:
gluconato de cálcio/cloreto de cálcio 1 amp EV
lento
• Bicarbonato de sódio
o Paciente já tem acidose metabólica
associada: fórmula de Ash: (Peso x BE x
0,3)/2 ou 1 a 2 mEq/kg
o Paciente não tem acidose metabólica
associada: 50 mEq em 5 minutos. Pode
repetir após 30 minutos
• Solução polarizante: glicose 50% 100ml +
insulina regular 10 UI correndo em 10-15
minutos. Se estiver hiperglicêmico, só infundir
insulina
• Resina de troca iônica (Sorcal®) - lento: adsorve
íons K+ dos capilares intestinais e troca por Ca2+ -
1 sachê de 30 g a cada 6 horas
• Diurético de alça: promove perda urinária de K +
rapidamente - furosemide (1 ampola = 20mg) 1-
2 ampolas EV até 6/6 horas – risco de
ototoxicidade
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Choque séptico
• Definido por sepse + (1) necessidade de
vasopressores para manter PAM ≥65mmHg ou
(2) lactato sérico >2 mmol/l (>18 mg/dl)
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Derrame pleural
Derrame pleural é o acúmulo anormal de líquido no
espaço pleural (espaço virtual que contém 5-15 ml de
líquido entre as pleuras parietal e visceral)
Etiologia
• Transudato: surge na ICC, cirrose hepática,
síndrome nefrótica, diálise peritoneal,
hipotireoidismo, síndrome da veia cava superior,
pericardite constritiva, atelectasia (aguda), • Incidência perfil: derrame >75-100 mL é visível
embolia pulmonar (20% dos casos) no seio costofrênico posterior
• Exsudato: surge em derrame parapneumônico,
infecções pleurais (bacterianas,
micobacterianas, virais, fúngicas, parasitárias e
rickettsiose), câncer, embolia pulmonar (80%
dos casos), colagenoses, asbestose, doenças
pancreáticas, uremia, atelectasia (crônica),
quilotórax, sarcoidose, drogas (nitrofurantoína,
amiodarona, metotrexate, dantrolene etc),
síndrome pós-injúria miocárdica
Anamnese
• Assintomático • Incidência de Lawrell (decúbito lateral com raios
horizontais): se lâmina líquida visualizada >
• Tosse
10mm indica >300 mL
• Dispneia
• Trepopneia (dispneia no decúbito contralateral
ao derrame)
• Dor torácica pleurítica ou que piora na
inspiração profunda
Exame físico
• MV reduzido/abolido
• Frêmito toracovocal abolido
• Macicez à percussão
• Atrito pleural (quando não há derrame
TC tórax
volumoso ainda)
• Método de imagem mais sensível (capaz de
• Respiração brônquica (se atelectasia)
detectar volumes tão pequenos quanto 10 ml)
• Egofonia (se atelectasia)
Toracocentese diagnóstica
Diagnóstico • Exame mais importante para esclarecer a
RX de tórax etiologia de um derrame pleural
• Incidência PA: derrame >175-200 mL é visível no
seio costofrênico lateral
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento
• Controle da doença de base
• Toracocentese terapêutica (alívio do
desconforto respiratório)
• Pleurodese (raro):fusão dos folhetos parietal e
visceral da pleura após instilação de substâncias
irritativas pelo dreno torácico (talco)
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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o Cultura: cultura de 1 litro do líquido tem primário ou por ruptura de focos na cavidade
sensibilidade de 62 a 83% peritoneal, resultando na formação de focos de
o Laparoscopia: sensibilidade próxima de necrose caseosa limitados por fibrose em locais
100% que aderem às alças intestinais. Pode ainda
• A citologia oncótica é outro exame importante e ocorrer por lesões em órgãos adjacentes, como
será positiva em quase 100% dos casos de intestino ou tubas uterinas e finalmente por
carcinomatose peritoneal contaminação direta do peritônio em pacientes
• Além dos exames do líquido ascítico, coleta de com insuficiência renal crônica em diálise
hemograma completo, função renal, função peritoneal
hepática, INR, proteínas totais e frações são • A TP pode cursar com dor abdominal e febre, e o
indicadas líquido ascítico tem em geral 500-2.000
céls/mm3 com predomínio linfocítico
GASA • Outros sintomas incluem sudorese noturna e
• A análise do líquido ascítico deve verificar a distensão abdominal (em pouco menos da
concentração de albumina metade dos casos), diarreia (em até 40% dos
• O GASA representa diferença entre a pacientes), hepatomegalia e esplenomegalia
concentração de albumina sérica e do líquido • O GASA na tuberculose é quase sempre maior do
ascético (GASA = albumina sérica - albumina do que 1,1
líquido ascético), e pode ser interpretado da • O isolamento do bacilo na cultura do líquido
seguinte maneira: ascítico tem uma sensibilidade de 35%, mas
o GASA > 1,1 g/dL = hipertensão portal requer um mínimo de 10 a 50 mL de ascite, com
o GASA < 1,1 g/dL = ausência de amostra ultracentrifugada e, em seguida,
hipertensão portal cultivada em meio Lowenstein-Jensen. A cultura
Ascite com GASA Ascite com GASA demora de 15 a 45 dias para ter resultado,
aumentado diminuído mesmo com uso de sistemas como o BACTEC
• Cirrose • Carcinoma • O aumento da adenosina deaminase (ADA) em
• Hepatite alcoólica peritoneal valores >40 u/L é muito útil para o diagnóstico
• Cirrose cardíaca • Tuberculose de TP
• Ascites mistas peritoneal • As biópsias cirúrgicas ou laparoscópicas
• Metástases • Ascite pancreática permanecem o meio mais efetivo para confirmar
hepáticas maciças • Obstrução ou o diagnóstico de TP
• Insuficiência infarto intestinal
hepática • Ascite biliar Peritonite associada a diálise peritoneal
fulminante • Síndrome • A peritonite associada a diálise peritoneal ainda
• Budd-Chiari nefrótica
é uma entidade relativamente comum, ocorre
• Trombose de veia • Vazamento
em até 45% dos pacientes nos primeiros 6 meses
porta linfático pós-
• Mixedema operatório do início da terapia, e pode ocorrer durante as
• Síndrome de • Serosite em trocas de banhos de diálise ou por infecções
obstrução doenças cutáneas associadas
sinusoidal inflamatórias • Em geral, é associada a microrganismos Gram-
• Fígado esteatótico positivos, mas a porcentagem de agentes Gram
da gravidez negativos tem aumentado
• Os pacientes geralmente apresentam quadro de
dor abdominal, febre, náuseas e vômitos,
Diagnóstico diferencial
diarreia, dialisado turvo ou hipotensão
Tuberculose peritoneal • O diagnóstico é realizado quando a contagem de
• A tuberculose peritoneal (TP) pode ocorrer por leucócitos for >100 céls/mm3 com mais de 50%
diversos mecanismos, incluindo disseminação de neutrófilos (em 85% dos casos >500
hematogênica de bacilos de um sítio pulmonar
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• A dosagem de peptídeo natriurético cerebral • Falha em excretar mais que 78 mmol de sódio
(BNP), tanto sérico como no líquido ascético, por dia com uso de diuréticos
está geralmente aumentada • Azotemia (piora da função renal)
• Hipercalemia
Ascite pela síndrome de Budd-Chiari
• Aparecimento de outras complicações do uso de
• Outra situação que cursa com GASA ≥1,1, mas
diuréticos, como encefalopatia hepática
apresenta concentração de proteínas do líquido
• A paracentese de alívio está indicada em
ascítico > 2,5 g/dL
pacientes com desconforto significativo pela
• O diagnóstico pode ser confirmado pela
ascite, realizando a reposição de albumina
realização de Doppler de artérias supra-
quando se retira mais do que 5 L de líquido
hepáticas
ascítico (reposição de 8-10 g de albumina por
• Os pacientes frequentemente têm associação
litro retirado, incluindo os 5 L iniciais)
com trombofilias, como a mutação do fator V de
• O tratamento definitivo para as ascites
Leyden ou condições como hemoglobinúria
refratárias é o transplante hepático
paroxística noturna
Tuberculose peritoneal
Tratamento • O tratamento da tuberculose peritoneal é
O tratamento depende da etiologia da ascite
semelhante ao da tuberculose em outros sítios,
Cirrose hepática com duração de 6 a 9 meses com esquema
• Em pacientes com ascite por cirrose hepática, quádruplo
recomenda-se a interrupção imediata do • A ascite associada a infecção de cateter de
consumo de álcool e dieta hipossódica (consumo diálise peritoneal tem como opções para o
diário de sódio deve ser menor do que 2 g/dia) tratamento:
• A quantidade de líquidos ingeridos não precisa • Cefazolina ou outra cefalosporina de primeira
ser reduzida (a restrição de água livre só é geração se baixa incidência de cepas meticilino-
indicada com hiponatremia significativa com resistentes ou vancomicina se alta taxa de cepas
valores de sódio sérico abaixo de 120 mEq/L) meticilino-resistentes
• O tratamento deve ser iniciado com diuréticos. • Cobertura de Gram-negativos com cefalosporina
O objetivo é manter uma perda de 0,5 a 1 litro de terceira geração ou aminoglicosídeo
por dia, que pode ser monitorizada com a • Tratamento preferencialmente intraperitoneal
pesagem diária do paciente por 10 a 21 dias, com medicação intravenosa
• Os diuréticos poupadores do potássio, obrigatória em casos de choque séptico
antagonistas da aldosterona, são a escolha inicial
quando se decide por monoterapia. O uso
associado de diuréticos de alça, como a
furosemida, é indicado pela maior parte da
literatura. A recomendação no caso da
combinação de diuréticos de alça com
espironolactona é de usar na proporção 40 mg
de furosemida combinado com 100 mg de
espironolactona, com dose máxima de 160 mg
de furosemida e 400 mg de espironolactona, que
pode ser dividida em duas tomadas diárias
• Quando não há resposta a diuréticos, a ascite
pode ser considerada refratária. Os critérios para
essa definição são os seguintes:Falha em perder
com dose máxima de diuréticos mais de 300 g ao
dia
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são o uso de drogas injetáveis e linfedema pós estreptococo do grupo A, pode ser
mastectomia e radioterapia utilizada a associação de penicilina e
• Em relação à erisipela facial, é frequente clindamicina
infecção de orofaringe inicial, com disseminação • Erisipelas necrosantes: o quadro se apresenta
para a face ou auto inoculação pela própria pele insidioso, embora progressivo, com sinais
maiores de linfangite, sem envolvimento
Complicações evidente da fáscia aponeurótica
Imunodeficiência, diabetes melito, obstrução arterial, • Abscessos: demanda tratamento cirúrgico
desnutrição, alcoolismo, insuficiência renal crônica, • Trombose venosa profunda associada ao quadro
neoplasias e idade avançada são fatores que, quando infeccioso: pode ocorrer em cerca de 1 a 5% dos
vinculados ao componente infeccioso, podem significar pacientes
maior incidência de complicações
• Linfedema residual: cronicamente, pode ocorrer
• Fasciite necrosante: mostra resposta sistêmica em até 12% dos pacientes como sequela de um
inflamatória exuberante e com evolução rápida episódio agudo de erisipela
da lesão tegumentar para a necrose, que se
Tratamento
mostra sempre profunda, comprometendo a
• Medidas gerais: envolve o repouso com a
fáscia aponeurótica e, muitas vezes, com pobre
elevação do membro acometido
reação linfática local
o Antieméticos: em pacientes com
o A apresentação inicial é semelhante à de
náuseas e vômitos, são necessários, mas
uma celulite, mas o paciente evolui com
por pouco tempo
sinais de toxemia e febre alta. Na
o Hidratação com solução salina
palpação, os planos profundos não
o Antitérmicos: dipirona ou paracetamol
podem ser distinguidos, possuindo uma
controlam a febre
consistência firme
o Anti-inflamatórios e analgésicos
o Dentre tais sinais estão dor
• Antibióticos: a penicilina é a primeira opção no
desproporcional aos achados do exame
tratamento da erisipela. O uso dos macrolídios,
físico (intensa e constante); bolhas de
como a eritromicina e a azitromicina, no
coloração violácea; hemorragia, necrose
tratamento das erisipelas, deve ser reservado
ou equimose da pele; anestesia cutânea;
para os casos de hipersensibilidade comprovada
edema além das margens do eritema;
à penicilina
progressão rápida (especialmente
o Tratamento ambulatorial: penicilina G
durante a antibioticoterapia); sinais
procaína na dose de 400.000 a 600.000
sistêmicos de toxemia e presença de gás
UI intramuscular de 12/12h nos
no subcutâneo, que pode ser detectada
primeiros 10 dias, e complementar com
à palpação ou exames de imagem
a penicilina benzatina
o Os achados laboratoriais incluem
o Pacientes internados: penicilina G
leucocitose, creatinina elevada, acidose,
cristalina intravenosa na dose de
sódio abaixo de 135 mmol/ℓ e CPK
500.000 UI/kg/24 h, fracionadas de 4/4
elevada
h pelo tempo necessário. Na ocasião da
o A cirurgia é a principal modalidade
alta hospitalar, o tratamento pode ser
terapêutica na fasciite necrosante
continuado com penicilina V oral com
o Na suspeita de infecção polimicrobiana,
dose de 50.000 a 100.000 UI/kg/24 h ou
um dos esquemas antimicrobianos
amoxicilina com dose de 20 a 30
indicados é a associação de ampicilina,
mg/kg/24 h, por um período de 12 a 15
sulbactam, clindamicina e
dias
ciprofloxacino. Os carbapenêmicos
o Nas celulites: amoxicilina + clavulanato
(meropeném ou imipeném cilastatina)
o Em área com elevada prevalência de
também podem ser utilizados nesses
infecções por Staphylococcus aureus
casos. Quando o agente etiológico é o
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Celulite
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• Estágio 1 e 2 com alto risco cardiovascular: uso, age nos vasos, com redução da resistência
menor que 130x80 mmHg vascular periférica
• Pode ser utilizado, também, em situações de
Regulação da PA hipercalcemia
• Efeitos colaterais: reações idiossincráticas (rash
cutâneo), hiponatremia, hipocalemia (combinar
com poupador de potássio quando houver
sintomas), hipomagnesemia, hiperuricemia,
hiperglicemia, hipercalcemia (reduzem a
depuração de cálcio - não usar em
hiperparatireoidismo e usar em osteoporose ou
em litíase renal), hipercolesterolemia discreta
Diuréticos de alça
• Bumetanida, furosemida, torsemida
• Mais eficazes por serem mais potentes
• Util em hipertensos com perda significativa da
Tratamento função renal ou em pacientes com IC
Medidas não farmacológicas • Ação de curta duração
• A que apresenta maior impacto é perda de peso • Usados quando os tiazídicos não produzem
• Atividade física: pelo menos 150 minutos de resposta
aeróbico por semana • Agem na bomba tripla da alça de Henle, inibindo-
• Consumo de sal: abaixo de 6 g de NaCl por dia a, reduzindo a reabsorção de sódio
• Efeitos colaterais: hipocalemia, ototoxicidade,
Farmacológicas hipomagnesemia, hiperuricemia, risco de
desidratação, interação medicamentosa com
lítio (menor reabsorção de sódio pode aumentar
a reabsorção de lítio, podendo causar toxicidade
por litemia)
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Beta-bloqueadores
• Diminuem o débito cardíaco, reduzindo a PA;
reduzem também a secreção de renina,
apresentam efeitos nos barorreceptores
• Efeitos colaterais: bradicardia (bloqueio AV), ICC
(paciente instáveis), crise asmática, pode
obscurecer os sintomas de hipoglicemia em
diabéticos usando insulina (ex. taquicardia,
tremores), efeitos sobre o sistema nervoso
central (sedação, pesadelos)
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atrasar esta evolução. O uso de inibidores da ECA o Compostos guanidínicos (os mais
ou Antagonistas da Angio II produz uma redução implicados na síndrome urêmica): ácido
no grau de proteinúria bem acima do esperado guanidinoacético, ácido
somente pela queda dos níveis tensionais (fato guanidinosuccínico, metilguanidina e a
relacionado à dilatação da arteríola eferente e creatinina (sem efeito tóxico)
redução da hipertensão intraglomerular) ▪ O ácido guanidinosuccínico
inibe a atividade plaquetária,
Etiologia sendo, portanto, um dos fatores
• Nefroesclerose hipertensiva 35% implicados no sangramento
• Glomerulopatia diabética 30% urêmico. As guanidinas também
• Glomerulopatia primárias 12% parecem se associar às
• Outras ou não informada 20% alterações do estado mental, e
o Nefrite lúpica, nefrites intersticiais se acumulam no fluido
crônicas, necrose tubular aguda com cerebroespinhal de pacientes
lesão permanente, nefropatia urêmicos
isquêmica, nefropatia do HIV, anomalias o Compostos aromáticos
renais congênitas, ateroembolismo, ▪ Os fenóis e os indóis geralmente
síndrome de Alport, mieloma múltiplo, apresentam carga negativa,
câncer renal e granulomatose de portanto, seu acúmulo contribui
Wegener para o aumento do ânion-gap na
• Rins policísticos 4% insuficiência renal. A
semelhança destes produtos
Aspectos fisiopatológicos da síndrome urêmica com neurotransmissores torna
• Acúmulo de toxinas nitrogenadas dialisáveis provável sua contribuição na
• Acúmulo de peptídeos (moléculas de peso gênese dos sintomas
médio) neurológicos
• Retenção de líquido (hipervolemia, HAS, o Aminas alifáticas
hiponatremia dilucional) ▪ A trimetilamina é um dos
• Retenção de eletrólitos (sódio, potássio, fosfato) responsáveis pelo hálito
• Retenção de ácido úrico, homocisteína urêmico, semelhante ao de
• Acidose metabólica peixe podre. As aminas também
• Inflamação sistêmica/aterosclerose acelerada se associam aos sintomas
• Deficiência de eritropoietina (anemia) neurológicos da uremia
• Deficiência de calcitriol (vitamina D ativa) o Poliaminas
• Hiperparatireoidismo secundário ou terciário
Distúrbios hormonais (perda da função
Toxinas Dialisáveis (Perda da Função de “Filtro”) endócrina)
• A disfunção renal grave leva ao acúmulo de • O principal parece ser a elevação dos níveis de
substâncias tóxicas endógenas, algumas das paratormônio (PTH), devido ao
quais podem ser filtradas pela membrana de hiperparatireoidismo secundário. O PTH é
diálise considerado uma verdadeira “toxina urêmica” e
• As toxinas nitrogenadas dialisáveis relacionadas contribui para quase todos os sinais e sintomas
à síndrome urêmica são principalmente: da síndrome, incluindo a encefalopatia, a
o Ureia (em níveis elevados > 380 mg/dl) cardiomiopatia, a anemia e o prurido
▪ Sua toxicidade é primariamente • A deficiência de eritropoietina é o principal fator
gastrointestinal (anorexia, patogênico da anemia urêmica
náuseas e vômitos) e • A deficiência de calcitriol, por sua vez, está
hematológica (sangramento) implicada na osteodistrofia renal e na miopatia
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𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
↑ 𝐹𝐸 𝑁𝑎 = ↑ 𝐹𝐸 𝐾 =
𝑅𝐹𝐺 ↓ 𝑅𝐹𝐺 ↓
• Ativação: natriurese pressórica, prostaglandinas • Alto fluxo intratubular
dilatadoras, óxido nítrico e BNP • Alto aporte de sódio às porções terminais
• Inibição: SRAA, prostaglandinas • Dependente de aldosterona: aumenta a fibrose
vasoconstritoras, catecolaminas • Atenção à ingesta de potássio e drogas
• A retenção de sódio promove aumento do retentoras de potássio
volume extracelular e da pressão arterial
• Diuréticos e restrição salina leva à desidratação Desequilíbrio Acidobásico
e hipovolemia • Na insuficiência renal crônica, quando a filtração
glomerular está abaixo de 20 ml/min (20% da
Balanço de água função renal), a produção renal de amônia
• Quando a filtração glomerular está abaixo de 10 começa a cair. Com isso, a eliminação urinária de
ml/min (10% da função renal), um consumo de H+ torna-se prejudicada. Nesse momento,
água acima de 2-3 L/dia já pode ser suficiente começa a surgir uma acidose metabólica
para promover retenção de água livre, diluindo hiperclorêmica (ânion-gap normal)
o sódio plasmático • Quando a filtração glomerular está abaixo de 5-
• Sistema de contracorrente 10 ml/min (5-10% da função renal),
o Fluxo intratubular constante especialmente durante uma exacerbação aguda
▪ Baixo: perda do gradiente da insuficiência renal, surge uma acidose com
▪ Alto: limita o gradiente (medula ânion-gap aumentado. Neste caso, o cloreto
é “lavada”) sérico está normal. O aumento do ânion-gap é
• A doença renal crônica em associação com o decorrente da retenção do ânion sulfato,
aumento do fluxo tubular leva à perda da proveniente da dissociação do ácido sulfúrico
osmolaridade medular, aumentando o fluxo de • Um dos grandes problemas da acidose
sódio no túbulo coletor e fibrose intersticial metabólica na uremia crônica, mesmo em suas
• Diluição urinária: “água livre”, que depende fases iniciais (ex.: acidose hiperclorêmica) é a
diretamente do ritmo de filtração glomerular aceleração do catabolismo proteico, que
• Dificuldade em concentrar a urina, podendo contribui para a perda de massa muscular típica
gerar desidratação hipertônica desses pacientes
• Dificuldade em diluir a urina, podendo gerar • O equilíbrio ácido-base não é afetado
hiponatremia perceptivelmente nas fases iniciais
• A excreção de ácido titulável se mantém
Balanço de Potássio
• Excreção de amônio se mantém enquanto as
• A retenção de potássio na insuficiência renal
células do túbulo proximal ainda são capazes de
crônica é comum apenas quando a filtração
aumentar a síntese de amônia, decaindo em
glomerular está < 5-10 ml/min (menos de 5-10%
fases mais avançadas, provocando acidose
da função renal)
metabólica
• O débito urinário é um fator determinante:
• Ácido fixo retido é neutralizado pelo esqueleto,
quanto mais oligúrico for o paciente, maior sua
levando à desmineralização óssea
propensão a reter potássio
• A constipação intestinal pode desencadear Manifestações gastrointestinais
hipercalemia no paciente urêmico, por • O trato gastrointestinal é muito afetado pela
prejudicar uma importante via de eliminação uremia, com frequência respondendo pelos
deste íon no cólon, que passa a excretar até 40% primeiros sintomas da síndrome
do potássio (em situações normais, excreta 10%) • Em geral, a anorexia é o sintoma mais precoce
• Potássio sérico: normal • Seguem-se náuseas, plenitude abdominal e
• Carga filtrada de potássio: diminui vômitos (intolerância gástrica), que podem ser
• Fração de excreção de potássio: aumenta
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explicados por dois fatores: (1) gastrite urêmica; Envolvimento dos Nervos Periféricos
(2) gastroparesia urêmica • A neuropatia periférica urêmica é uma
• A disgeusia (percepção de gosto amargo na polineuropatia axonal, sensorimotora, simétrica
boca) é decorrente da transformação da ureia, e com predomínio distal e de membros
por bactérias presentes na saliva, em amônia inferiores. Os sintomas iniciais são parestesias
• O comprometimento da mucosa intestinal, tanto nos pés do tipo “agulhadas”, que costumam
no delgado como no cólon, pode levar a um piorar à noite
quadro de diarreia urêmica, bem como ao íleo • O exame físico revela hipoestesia “em bota” e a
urêmico (distensão abdominal e cólicas) perda dos reflexos tendinosos distais –
• Hemorragia digestiva, tanto alta quanto baixa, hiporreflexia do Aquileu - é muito comum
pode ocorrer como complicação da uremia. É • Caso a uremia não seja prontamente tratada
explicada pela inflamação urêmica da mucosa (diálise ou transplante), o quadro evolui com
gastrointestinal, que pode evoluir com erosões perda de força distal e atrofia muscular, gerando
ou ulcerações, e pelo distúrbio plaquetário da dificuldade de marcha
uremia • A neuropatia pode atingir os membros
superiores, levando a parestesias e hipoestesia
Manifestações Neurológicas na distribuição “em luva”
Envolvimento do sistema nervoso central • Outra manifestação da uremia é a “síndrome das
• Declínio cognitivo leve a moderado, bem como pernas inquietas”, caracterizada por
alterações em testes neuropsicológicos, já desconforto nos membros inferiores e uma
podem ser observados em pacientes com TFG < necessidade incontrolável de mexer as pernas
60 ml/min
• O PTH possui importante efeito no SNC, levando Envolvimento do sistema nervoso autonômico
à entrada de cálcio nos neurônios. O • O comprometimento dos nervos periféricos do
hiperparatireoidismo secundário pode sistema nervoso autonômico (simpático e
contribuir para os sintomas neurológicos parassimpático) é comum na uremia crônica,
• Na uremia aguda (ou crônica agudizada), o levando à síndrome de disautonomia
paciente pode apresentar desorientação, • O controle da pressão arterial e da frequência
letargia, lassidão, confusão mental, surto cardíaca pode estar alterado. Isso pode causar
psicótico, delirium, associado a sinais de hipotensão postural, hipotensão durante a
encefalopatia metabólica, como nistagmo, hemodiálise não responsiva a volume e
disartria, asterixis, mioclonia espontânea, frequência cardíaca fixa (com predomínio de
fasciculações, hiperreflexia e sinal de Babinski taquicardia)
bilateral • A perda da influência vagal sobre o sistema de
• Na uremia crônica, o distúrbio mental tende a condução cardíaco pode predispor a arritmias
ser insidioso e mais sutil nas fases iniciais. malignas e à morte súbita
Observa-se disfunção cognitiva progressiva, • Outras manifestações relacionadas à
caracterizada por amnésia anterógrada, disautonomia são: anidrose, impotência e
dificuldade de concentração, alteração de distúrbio gastrointestinal (ex.: gastroparesia,
comportamento ou de personalidade, diarreia)
sonolência ou insônia, confabulação e perda do
raciocínio aritmético. Alguns pacientes
Hipertensão Arterial Sistêmica
desenvolvem apraxia motora (dificuldade em • Em indivíduos normais, aumentos iniciais da PA
executar tarefas), afasia (distúrbio da atuam diretamente no rim induzindo natriurese
linguagem) ou agnosia (perda da capacidade de (eliminação de sódio e água), de modo a reduzir
reconhecimento relacionado a uma função a PA. Este mecanismo provavelmente está
sensorial), uma síndrome demencial semelhante alterado na hipertensão essencial, havendo um
ao mal de Alzheimer reajuste da relação pressão arterial-natriurese
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filtração glomerular cai abaixo de 30-40 ml/min alteração da matriz do osso e sua
(creatinina sérica > 2,0-3,0 mg/dl). Na doença desmineralização, predispondo o paciente à dor
renal em fase terminal, a anemia é um achado óssea, fraturas patológicas e deformidade
universal esquelética
• A anemia urêmica é normocítica e • Existem dois tipos principais de doença óssea na
normocrômica e é responsável por uma série de doença renal crônica: (1) osteopatia de alto
sintomas atribuídos à síndrome urêmica, tais metabolismo (alto turn over), decorrente do
como astenia, indisposição física e mental, hiperparatireoidismo secundário, também
depressão, deficit cognitivo, insônia, cefaleia, chamada de osteíte fibrosa cística; (2) osteopatia
diminuição da libido, anorexia e tendência ao de baixo metabolismo (baixo turn over),
sangramento também chamada de doença óssea adinâmica
• O principal fator implicado na gênese da anemia
Osteíte fibrosa cística: hiperparatireoidismo
urêmica é a deficiência relativa de
eritropoietina, porém sua gênese é multifatorial: secundário
toxinas dialisáveis e aumento de PTH também • O Paratormônio (PTH) estimula a reabsorção do
estão implicados, reduzindo a meia-vida da osso, o que, por sua vez, ativa a neoformação
hemácia de 120 para 65-70 dias e inibindo o óssea (“alto turn over”). O osso neoformado
efeito da eritropoietina na medula óssea. O PTH perde sua arquitetura composta por lâminas
promove fibrose medular, importante fator que paralelas de colágeno mineralizado – osso
contribui para a queda na produção de lamelar – e ganha uma nova arquitetura,
hemácias. Além destes fatores relacionados à caracterizada pela desorganização das fibras
própria síndrome urêmica, possíveis agravantes colágenas mineralizadas – o chamado osso
da anemia em renais crônicos são a carência de “trançado” ou “entrelaçado” – do inglês woven
ferro, carência de vitaminas (ácido fólico, B12) e bone. Este osso é bastante propenso a fraturas e
intoxicação pelo alumínio. A uremia predispõe deformidades
ao sangramento, principalmente por inibição da • O estímulo metabólico excessivo também leva à
atividade plaquetária e lesão da mucosa fibrose parcial da medula óssea e ao surgimento
gastrointestinal. A hemodiálise contribui de áreas císticas no osso, as quais podem sangrar
bastante para a perda sanguínea crônica, seja dando origem aos “tumores marrons” (cistos
diretamente, pelo próprio circuito, seja repletos de sangue “antigo”)
indiretamente, através das coletas frequentes • A produção de PTH pelas paratireoides é
de sangue para exames laboratoriais basicamente controlada por: (1) calcitriol (forma
• O diagnóstico deve ser feito na presença de ativa da vitamina D), através de um mecanismo
ferritina < 100 ng/ml e saturação de transferrina de “feedback” negativo; (2) níveis séricos de
< 20%. Neste caso, está indicada a reposição de fosfato; (3) níveis séricos de cálcio ionizado. Em
ferro (3 meses e almejando Hb de 11-12 para fases precoces da falência renal crônica, quando
DRC e 11 para dialíticos) a filtração glomerular está abaixo de 40 ml/min,
• Outro fator importante para a anemia da DRC é o fosfato começa a ser retido e precisa ser
a carência de folato (tendência à anemia filtrado em excesso pelos néfrons
megaloblástica). O ácido fólico é perdido na remanescentes, um fenômeno sabidamente
hemodiálise. Para evitar esta ocorrência, os inibitório da produção de calcitriol pelas células
nefrologistas também repõem ácido fólico de tubulares proximais. A queda na produção de
rotina nos pacientes em programa de calcitriol estimula a secreção de PTH,
hemodiálise simplesmente pela perda do feedback negativo.
Quando a filtração glomerular cai abaixo de 20
Osteodistrofia renal ml/min, já pode surgir a hiperfosfatemia (P > 4,5
• A osteodistrofia renal é um distúrbio da mg/dl), um fator que também estimula, por si só,
síndrome urêmica (não responsivo ou a síntese de PTH. Uma tendência à hipocalcemia
parcialmente responsivo à diálise) que leva à começa a ocorrer, devido a dois fatores: o efeito
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de aminoácidos essenciais em relação aos não • Evidentemente, qualquer outro fator de risco
essenciais cardiovascular presente também deve ser
combatido nesta fase – obesidade,
Distúrbio imunológico sedentarismo, tabagismo, dislipidemia, diabetes
• A uremia crônica está associada a uma série de mellitus
alterações do sistema imunológico, levando a • Nos estágios inicias da DRC, devemos tentar
um estado de imunodeficiência moderada manter uma ingesta proteica por volta de 0,8 g
• A função dos neutrófilos (leucócitos de proteína/kg de peso por dia, podendo reduzi-
polimorfonucleares), isto é, sua capacidade la até 0,6 g de proteína/kg de peso por dia mais
fagocítica e bactericida, está deprimida na a frente, quando os pacientes mesmo assim
uremia, predispondo a infecções bacterianas ou desenvolverem acidose metabólica,
fúngicas com evolução grave. A função dos hiperfosfatemia ou manifestações urêmicas,
linfócitos T, linfócitos B e monócitos/macrófagos mas nunca menos do isso
também pode estar comprometida
• A imunidade humoral, dependente de linfócitos Fase inicial da síndrome urêmica (G3b, G4)
B, geralmente está deficiente de maneira O tratamento visa basicamente o controle da
desproporcional para alguns agentes, hipertensão arterial (mais grave nesta fase), da anemia e
aumentando a chance de infecções virais, por da osteodistrofia renal e metabolismo cálcio-fósforo
exemplo: hepatite B e Influenza. A vacinação
• A hipertensão arterial exige diureticoterapia
contra esses agentes, por conseguinte, é
com diuréticos de alça (furosemida) em altas
mandatória
doses. Doses de até 200 mg/dia de furosemida,
Tratamento e acompanhamento do paciente não raro, são necessárias. Os casos refratários
indicam associar outro anti-hipertensivo
renal crônico
• Os IECA ou BRA devem ser feitos com muito
Fase precoce da nefropatia crônica (estágios G1, G2 cuidado, pelo risco de hipercalemia e retenção
e G3a) aguda de escórias nitrogenadas. Se o paciente
O tratamento visa basicamente controle da PA e da tolerar, sem alterações laboratoriais
proteinúria significativas (aceita-se um aumento de até 30-
• O controle da pressão arterial, com um alvo < 35% da creatinina), estas drogas possuem
140 x 90 mmHg (ou < 130 x 80 mmHg, se importantes benefícios nesta fase
possível, na DRC “proteinúrica”) é a medida mais • Alguns pacientes renais crônicos, por conta do
eficaz! As drogas de escolha são os IECA ou BRA. predomínio de alterações da função tubular,
Ao reduzirem a hiperfiltração dos néfrons também possuem dificuldade de conservação
remanescentes, tais fármacos reduzem a renal de sódio (um fenótipo classicamente
proteinúria (mais do que os outros anti- conhecido como “nefropatia perdedora de sal”),
hipertensivos) e aliviam a hipertensão sendo propensos à hipovolemia e agudização da
intraglomerular. Com isso, retardam a insuficiência renal. Portanto, deve-se tomar
progressão da nefropatia, atenuando a lesão cuidado com a restrição excessiva de sódio na
glomerular (GESF secundária) e tubular nos dieta desses doentes, especialmente quando
néfrons remanescentes ocorrem perdas extrarrenais de sal e água, como
• Um objetivo básico é reduzir a proteinúria para as perdas gastrointestinais
níveis < 0,5-1 g/dia, ou, caso isso não seja Doença renal em fase terminal (G5)
possível, redução de pelo menos 50-60% do O paciente apresenta TFG < 15 ml/min/1,73m2,
valor inicial creatinina sérica > 6-8 mg/dl e ureia sérica > 120-180
• As glomerulonefrites e vasculites devem ser mg/dl. O débito urinário pode estar normal ou reduzido.
tratadas agressivamente com corticosteroides e Nesse momento, a indicação de algum método de
imunossupressores substituição renal é inquestionável
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Fisiopatologia
pH
• Baixo: aumento dos cristais de urato
monossódico Cálculos de ácido úrico
o Cristais de ácido úrico diminuem o limiar • 10-15% dos casos
de agregação do oxalato de cálcio • São radiotransparentes (não aparecem no raio-
o Formação de cristais de cistina x)
• Alto: precipitação de fosfato de cálcio • Na urografia excretora, apresenta-se falhas de
o Aumenta a solubilidade de cistina enchimento
• É comum em pacientes com resistência à
Inibidores insulina (obesidade, diabetes, síndrome
• Citrato metabólica), devido à diminuição do tampão
• Magnésio amônia, aumentando o H+ e consequente
• Pirofosfato redução do pH e precipitação na urina
• Nefrocalcina • Hiperuricosúria
• Proteína de Tamm-Horsfall o 750 mg (mulheres)
• Outros: matriz proteica, uroponton, fragmento o 800 mg (homens)
de protrombina, albumina, fragmento de RNA e • 20% dos pacientes formadores de cálculos de
DNA, e glicosaminoglicanos cálcio apresentam também hiperuricosúria
Fatores de risco Cistina
• Sexo masculino • Representa 1% dos casos (na infância, 10%)
• Idade • São radiopacos, com aspecto de vidro moído
• Alteração anatômica do trato urinário • Cistinúria: doença hereditária autossômica
• Fatores epidemiológicos e genéticos recessiva caracterizada por inabilidade no
• Distúrbios metabólicos: hipercalciúria idiopática, manuseio dos aminoácidos dibásicos (cistina,
hiperexcreção de ácido úrico, hiperoxalúria, ornitina, lisina e arginina)
cistinúria, hipocitratúria, hipomagnesiúria • Excreção urinária normal: 20 mg/dia
• ITU • Baixa solubilidade em pH urinário normal
• Doenças endócrinas que interferem no promove formação de cálculo
metabolismo do cálcio
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O que pedir
• Sangue: cálcio, ácido úrico, fósforo, creatinina,
potássio, bicarbonato, PTH, glicose
• Urina:
o Amostra isolada
o Amostra de 24 horas: cálcio, ácido úrico,
sódio, oxalato, magnésio, fosfato,
creatinina e medição de volume
Tratamento
Crise aguda
• Hidratação
• Antiemético, se necessário
• Antiespasmódico (escopolamina), AINE, morfina
e seus derivados
• Alfa-bloqueador: tansulozina: em cálculos de até
1 cm e por até 1 mês (obrigatório exame de
imagem). É necessário associar anti-inflamatório
para reduzir o edema da mucosa nos primeiros
dias
Medidas gerais
• Aumento da ingestão hídrica (30 ml/kg)
• Estímulo à atividade física
• Adequação da dieta de acordo com o distúrbio
metabólico
• Ingestões de cálcio e oxalato devem ser
balanceadas (evitar restrição importante de
cálcio)
• Adequar ingestão de sal e proteína animal
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Farmacológico
• Cloroquina (250 mg/dia VO): para os casos de OA
nas mãos, por apenas 6 meses. O efeito seria o
de inibir a degradação acelerada da cartilagem
articular, pelo efeito inibidor de
metaloproteinases
• AINEs de uso tópico: não devem ser usados por
muito tempo. AINEs VO (ibuprofeno 800mg
8/8h): por no máximo 10 dias
• Corticosteroides intra-articular: aplicar no
máximo 3x em cada articulação, de 2/2 meses;
nos casos refratários de dor monoarticular
• Analgésicos: paracetamol 1g VO 6/6h.
Medidas intervencionistas
• Lavagem articular com soro fisiológico para
remoção de debris trazendo alívio sintomático
por alguns meses
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Radiografia
• Precoce: osteopenia peri-articular e aumento
das partes moles
• Tardio: redução do espaço articular simétrica,
erosões óssea justa articulares, desvio ulnar e
subluxações
Tratamento
O Objetivo é colocar a doença em remissão, ou seja: ≤1
articulação dolorosa e edemaciada; PCR ≤ 1mg/dL;
autoavaliação ≤ 1 ou índice simplificado da doença ≤ 3,3
Medidas gerais
• O paciente precisa de um acompanhamento
multidisciplinar, com psicologia, reumatologia,
fisioterapeutas e demais profissionais. O risco
cardiovascular deve ser reduzido com MEV,
principalmente deixando o tabagismo. Devem
ser vacinados contra influenza (anualmente) e
Para diagnóstico é necessário pontuação maior que 6 penumococos (a cada 5 anos)
• Podemos fazer diagnóstico com razoável grau de Medicamentos
certeza quando há: sinovite em 3 ou mais • DARMS: são drogas antirreumáticas
articulações, FR ou ACPA positivo, aumento de modificadores da doença. O principal é o
VHS e/ou proteína C reativa e exclusão de outros metotrexate (MTX). Tem efeito anti-
diagnósticos inflamatórios e analgésico. Eles reduzem e
retardam a progressão da doença
Exames laboratoriais
o Metotrexato: inibe a enzima diidrofolato
• Fator reumatóide: é um autoanticorpo que ataca
redutase. Pode usar suplementação com
as IgG. Sensibilidade de 70% e tem baixa
ácido fólico para reduzir sua toxicidade
especificidade. Geralmente tem altos títulos
o Leflunomida: inibidor da síntese de
quando há manifestações extra articulares. Não
pirimidinas
é útil para monitoramento da doença
o Cloroquina e hidroxicloroquina:
• Anti-CCP: sensibilidade de 70% e alta
antimaláricos. Menor toxicidade
especificidade (>90%). Aparece precocemente e
o Sulfassalazina: usada em combinação
não é útil para monitoramento
com outros DARMS
• PCR e VHS: apresentam-se altos na doença ativa
• DARMS biológicas: são usadas quando o
e por isso pode ser útil como marcador da
tratamento inicial não obteve bons resultados.
atividade da doença. Trombocitose e leucocitose
Ex: anti-TNF-alfa
também são achados.
• AINEs: são usados para sintomas, promovem
Artrocentese analgesia e desinflamação. O uso prolongado
• Análise do líquido sinovial: apresenta aspecto deve ser evitado
turvo, viscosidade reduzida, aumento de • Glicocorticoides: úteis no início até os DARMS
proteínas e concentração normal ou baixa de fazerem efeito. Controlam surtos agudos e seu
glicose. Há leucometria com predomínio de uso prolongado deve ser evitado. Deve-se usar a
polimorfonucleares menor dose possível
• FR e anti-CCP costumam ser positivos
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Gota
277
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ECO
• Área do VE versus área do refluxo
o Leve: até 40%
o Moderada: 40-60%
o Grave: > 60%
Tratamento
• Vasodilatadores (nitroprussiato de sódio):
redução do pós-carga
• Diurético
• Cirurgia (casos agudos)
279
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Classificação
De acordo com a fração de ejeção
• Fração de ejeção reduzida: FE <40%
• Fração de ejeção limítrofe: FE 40-49%
• Fração de ejeção preservada: FE ≥ 50%
280
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Prevenção
• Perfil A: tratamento da HAS, interrupção de
tabagismo, redução da ingesta alcoólica, uso de
estatinas para pacientes com DAC ou elevado
risco cardiovascular, meta pressórica com PAS
inferior a 120 se evevado risco cardiovascular,
uso de empagliflozina em diabéticos
• Perfil B: IECA na disfunção de VE assintomática,
betabloqueador em adição ao IECA na disfunção
de VE, espironolactona em pacientes pós infarto
com FE <40%
• Perfil C: IECA (BRA se intolerantes ao IECA por
tosse ou angioedema), betabloqueadores
(succinato de metoprolol, bisoprolol e
carvedilol) e antagonista do receptor da
aldosterona (espironolactona)
281
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Eletrocardiograma (ECG)
ECG de 12 derivações
As 12 derivações do ECG tradicional incluem:
Frequência cardíaca
• Para calcular a frequência cardíaca (FC), divide-
se 300 pelo número de quadrados grandes entre
o intervalo RR ou 1500 pelo número de
quadrados menores entre um intervalo RR.
• Seis derivações precordiais que representam o • No caso de ECG com ritmo irregular (intervalo RR
plano horizontal. Os eletrodos são posicionados irregular), a melhor forma de obter a FC é
no tórax do paciente contando o número de complexos QRS em um
o V1: quarto espaço intercostal à direita intervalo de 6 segundos, multiplicando o
do esterno - septo resultado por 10.
o V2: quarto espaço intercostal à
esquerda do esterno - septo
o V3: ponto médio entre V2 e V4 - anterior
o V4: quinto espaço intercostal à esquerda
sobre a linha hemiclavicular anterior -
anterior
o V5: no mesmo nível de V4, sobre a linha Ritmo
axilar anterior - lateral A principal e talvez mais importante função do ECG é a
o V6: no mesmo nível de V5, sobre a linha análise do ritmo cardíaco. Para o identificar, siga os
axilar média - lateral passos a seguir, a fim de facilitar e organizar o seu
o V3R: posição análoga ao V3, no raciocínio:
hemitórax direito - ventrículo direito
• Passo 1: tente identificar a onda P e analisar a
o V4R: posição análoga ao V4, no
sua morfologia – onda P sinusal ou ectópica?
hemitórax direito - ventrículo direito
o V7: linha escapular esquerda - dorsal • Passo 2: estabeleça a relação entre a onda P e o
complexo QRS – toda onda P é seguida de um
o V8: linha paravertebral esquerda - dorsal
complexo QRS?
282
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Passo 3: faça a análise do QRS (estreito ou largo) • Duração normal: 120 ms (3 mm)
• Passo 4: estabeleça a regularidade do ritmo • A amplitude normal da onda P nas derivações
(regular ou irregular) – os intervalos RR são periféricas é menor que 0,25 mV (2,5 mm). A
constantes? Sendo irregulares, mantêm um deflexão negativa em V1 deve ter, no máximo,
padrão de irregularidade (regularmente 0,1 mV (1 mm) de profundidade
irregular) ou não (irregularmente irregular)?
• Passo 5: defina o ritmo e estabeleça uma Intervalo PR
correlação clínica com o paciente em questão • Representa o tempo de condução elétrica do
átrio ao ventrículo
Ritmo sinusal • Morfologia: intervalo medido entre o início da
• No ECG normal, o ritmo sinusal é identificado onda P até o início do complexo QRS
por onda P positiva nas derivações DI, DII, aVF, • Duração normal: 120 a 200 ms (3-5 mm)
V4 e V6, negativa em aVR e negativa ou bifásica
nas derivações DIII e V1. Cada onda P é seguida Complexo QRS
de um complexo QRS, gerando um intervalo RR • Corresponde à despolarização ventricular
regular • Morfologia: a deflexão negativa inicial é a onda
Q, que representa a despolarização septal. A
primeira deflexão positiva é a onda R, que
representa a despolarização do ventrículo
esquerdo (VE), exceto em V1, onde uma
pequena onda R representa a despolarização
septal. A deflexão negativa após a onda R é
chamada onda S, que representa a
despolarização da parede lateral alta. Nas
derivações V1 e V2, a onda S também significa a
despolarização do VE
o Quando de pequena amplitude, as
ondas do complexo QRS devem ser
Eixo elétrico do complexo QRS representadas por letras minúsculas (q,
• Inicialmente, são observadas as derivações DI e r, s)
aVF para determinar o quadrante • Duração normal: 80 a 100 ms (2 a 2,5 mm)
o Se a onda é positiva em DI e em aVF o
• Amplitude máxima do complexo QRS em
eixo situa-se entre 0º e +90º pacientes com eixo normal é de 5 a 20 mm no
o Se positiva em DI e negativa em aVF está
plano frontal, e de 10 a 30 mm nas precordiais
entre 0º e -90º (desvio à esquerda)
o Se negativa em DI e positiva em aVF o Segmento ST
eixo localiza-se entre +90º e 180º • Corresponde ao período entre a despolarização
• A seguir, procura-se em qual derivação há onda e repolarização ventricular. Seu ponto inicial é
isoelétrica - o eixo será perpendicular a essa denominado ponto J
derivação • Morfologia: é medido do ponto J ao início da
o Se não houver onda isoelétrica, são onda T
analisadas as derivações vizinhas ao
quadrante inicialmente determinado Onda T
• Representa a repolarização ventricular
Onda P • Morfologia: é normalmente assimétrica, larga,
• Representa a despolarização atrial de amplitude variável. Sua polaridade costuma
• Morfologia: inscreve-se como onda positiva nas ser a mesma da maior onda do complexo QRS,
derivações DI, DII, aVF, V4 e V6, negativa em numa mesma derivação
AVR, e negativa ou bifásica nas derivações DIII e
V1
283
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Intervalo QT
• Compreende todo intervalo em que existe algum
fenômeno de repolarização de membrana
celular
• Morfologia: é medido do início do complexo QRS
até o final da onda T
• Duração normal: o tempo total de repolarização
varia inversamente com a frequência cardíaca. A
medida do intervalo QT deve ser corrigida (QTc),
portanto, utilizando a fórmula de Bazett,
devendo ser ≤ 440 ms (11 mm):
Sobrecarga atrial esquerda:
𝑄𝑇
= 𝑄𝑇𝑐 • Duração aumentada (> 3 mm) e amplitude
√𝑅𝑅 (𝑒𝑚 𝑠) normal
Onda U • Onda P com entalhe em DI, DII e aVL
• Pode estar presente como uma pequena • Onda P com parte terminal (deflexão negativa)
deflexão separada e posterior à onda T, maior que parte inicial (deflexão positiva) em
principalmente nas derivações V1 e V2 V1/V2– Sinal de Morris
• Sua causa não é bem definida, mas pode • Ondas Q profundas em DI e aVL, e, às vezes, V5
corresponder à repolarização do sistema de e V6
condução elétrica (fibras de Purkinje)
• É mais vista em casos de bradicardia
Anormalidade biatrial
Sobrecarga atrial direita
• O diagnóstico é baseado na presença de critérios
As sobrecargas atriais são identificadas diretamente pela
para anormalidades de ambos os átrios.
análise da onda P, que reflete a despolarização atrial.
Para avaliar a onda P, as melhores derivações são V1 e
DII
284
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• 5 pontos = SVE
• 4 pontos = possível SVE
285
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• Padrão rS visto em V1 e V2
• O segmento ST e a onda T têm vetores
discordantes do complexo QRS
• Duração do complexo QRS > 120 ms (3 mm)
• Onda R monofásica, ampla e entalhada nas
derivações precordiais esquerdas – V5 e V6 e
usualmente em DI e aVL (aspecto em “torre”)
• Deflexão intrinsecoide retardada: duração
superior a 60 ms nas derivações precordiais
esquerdas – V5 e V6 Bloqueio divisional posteroinferior esquerdo
(BDPIE)
Bloqueio fascicular com esse padrão é quase
exclusivamente encontrado concomitantemente a BRD,
ocorrendo muito raramente de modo isolado
Isquemia
A isquemia é eletrocardiograficamente representada por
alterações de onda T, que variam segundo o tipo de
isquemia (primária ou secundária) e a camada acometida
(subendocárdica ou subepicárdica):
Taquicardias de QRS estreito (< 120 ms) Taquicardias de QRS largo (≥ 120 ms)
São de origem supraventricular, ou seja, originadas em Podem ser de origem ventricular (80% dos casos) ou
qualquer estrutura cardíaca acima do feixe de His (nó supraventricular. O diagnóstico diferencial deve ser feito
sinusal, miocárdio atrial, nó atrioventricular (AV), feixe entre taquicardia ventricular (TV), taquicardia
de His ou uma combinação desses). As principais supraventricular (TSV) com aberrância de condução, TSV
representantes desse grupo são: pré-excitada, TRAV antidrômica e marca-passo em
situações específicas
• Taquicardia sinusal (TS)
• Taquicardia por reentrada nodal sinoatrial Bloqueio atrioventricular de 1º grau
(TRNSA) Todos os estímulos passam pela região do bloqueio
• Taquicardia atrial (TA) (supra-hissiana), porém com atraso;
• Flutter atrial (FLA)
• Intervalo PR alargado (>200ms ou 5 mm)
• Taquicardia atrial multifocal (TAM)
• Fibrilação atrial (FA)
• Taquicardia por reentrada nodal atrioventricular
(TRNAV)
• Taquicardia por reentrada atrioventricular
(TRAV)
• Taquicardia juncional focal (TJF)
• Taquicardia juncional não paroxística (TJNP)
288
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Fibrilação atrial
Fequências de estimulação atrial de 400-600 por minuto,
o que impede uma contração efetiva do miocárdio atrial,
caracterizando o estado fibrilatório
289
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Fibrilação ventricular
Arritmia ventricular caracterizada pela despolarização Flutter ventricular
caótica dos ventrículos, levando a parada cardíaca Caracterizada por morfologia sinusoidal sem distinção
• Frequência ventricular de 400-600 bpm sem clássica entre o QRS e a onda T, sendo considerada uma
contração efetiva transição entre a taquicardia ventricular e a fibrilação
• Intervalo RR irregular ventricular, sendo extremamente instável e podendo
• Eletrocardiograma de morfologia irregular de resultar em parada cardíaca
difícil distinção de ondas • Frequência cardíaca de 250-350 bpm
• Intervalo RR regular
• QRS alargado (≥120 ms) sem distinção da onda
T, assumindo morfologia sinusoidal
• Transitório, podendo degenerar para fibrilação
ventricular
Flutter atrial
• Frequência atrial de aproximadamente 300 bpm
(ondas F) com frequência cardíaca dependendo
do grau de bloqueio pelo nó AV (2:1/4:1/1:1)
• Ondas F (com aspecto em dente de serra), sem
intervalo isoelétrico entre as ondas
• QRS estreito (exceto em caso de bloqueio de
ramo associado)
290
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Taquicardia sinusal
Resposta fisiológica ao exercício físico e estresse
emocional, e compensatória a distúrbios orgânicos
(anemia, hipovolemia, insuficiência cardíaca, febre,
tireotoxicose, medicamentos e drogas)
291
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Pericardite
• Fase 1: elevação do segmento ST difuso com Derrame pericárdico
concavidade para cima (2-5 mm em 8-12 • Baixa voltagem generalizada
derivações) e depressão do segmento PR • Taquicardia sinusal
concomitante • Alternância elétrica
• Fase 2 (dias): normalização gradual dos
segmentos ST e PR, com achatamento
progressivo da onda T
• Fase 3: inversão difusa de onda T (diferente do
que ocorre no IAM, em que a inversão da onde T
ocorre na presença do supra de ST)
• Fase 4 (dias a semanas): normalização das ondas
T
Doença de Chagas
Na fase indeterminada não há alterações
eletrocardiográficas. Nas fases posteriores, observam-se
as seguintes alterações:
292
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Hipocalcemia
• QTc prolongado
• Inversão terminal de onda T
Hipercalcemia
• QTc curto
• Aumento de amplitude do QRS
• Ondas T bifásicas
• Ondas de Osborn (Pseudo-R'): Elevação do ponto
J (semelhante a hipotermia)
Hipercalemia
Manifestações ocorrem a partir de aumento progressivo
do potássio:
293
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294
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Hipocalemia
Manifestações ocorrem a partir de diminuição
progressiva do potássio:
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Drogas anticoagulantes
296
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299
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onde a maior parte da dieta local consiste em • O uso de ácido nicotínico geralmente é limitado
milho ou sorgo não tratado por baixa tolerabilidade e há preocupações
• O achado mais característico da pelagra é a sobre a segurança da niacina e sua eficácia para
presença de uma erupção cutânea os desfechos clínicos
hiperpigmentada simétrica, semelhante em cor
e distribuição a uma queimadura solar, presente Exigências
nas áreas expostas da pele • É de 6 a 12 mg por dia em crianças, 16 mg para
• Outros achados clínicos são língua vermelha e homens adultos e 14 mg por dia para mulheres
muitos sintomas inespecíficos, como diarréia e adultas não grávidas
vômito. Os sintomas neurológicos incluem • Essas doses estão muito abaixo das doses anti-
insônia, ansiedade, desorientação, delírios, hiperlipidêmicas da niacina e não estão
demência e encefalopatia associadas à toxicidade
• Os requisitos podem ser aumentados para
Síndrome carcinóide indivíduos em diálise ou para aqueles com
• Na qual o triptofano é metabolizado em 5-OH processos de má absorção (por exemplo, após
triptofano e serotonina, e não em ácido cirurgia bariátrica)
nicotínico. Isso leva à deficiência de formas
ativas de niacina e o desenvolvimento da pelagra Vitamina B5 (ácido pantoténico)
A deficiência clínica é rara, provavelmente porque está
Uso prolongado de isoniazida disponível em muitas fontes alimentares e, também, em
• Uma vez que a isoniazida esgota as reservas de bactérias do cólon
piridoxal fosfato, o que aumenta a produção de
triptofano, um precursor da niacina. Vários Quando ocorre, é caracterizada por parestesias e
outros fármacos induzem a deficiência de disestesias, conhecidas como "síndrome dos pés em
niacina, inibindo a conversão do triptofano em chamas".
niacina, incluindo, pirazinamida, hidantoína,
Fontes
cloranfenicol
• As principais fontes alimentares de ácido
Doença de Hartnup pantotênico são gema de ovo, fígado, rim,
• É um distúrbio congênito autossômico recessivo brócolis e leite, além de frango, carne, batatas e
causado por um defeito no transporte de grãos integrais. A principal fonte alimentar de
membrana nas células intestinais e renais que ácido pantotênico está na forma de coenzima A
normalmente são responsáveis pela absorção do (CoA)
triptofano, um precursor da niacina • O ácido pantotênico também é produzido por
bactérias no cólon
Toxicidade
• O rubor pode ser experimentado de forma leve, Bioquímica
enquanto se toma doses tão pequenas quanto Metabolismo
10 mg por dia • O CoA é hidrolisado no intestino delgado para
• Em doses farmacológicas (por exemplo, 1000 a formar p ácido pantotênico, que é absorvido no
3000 mg/dia), efeitos colaterais comuns de jejuno e secretado na corrente sanguínea
niacina são rubor, náusea, vômito, prurido, através de um sistema de transporte
urticária, elevação das aminotransferases dependente de sódio
séricas e constipação • A maioria das células do corpo absorve o ácido
pantotênico através do mesmo mecanismo
Papéis terapêuticos
dependente de sódio. Uma vez dentro da célula,
• Em doses moderadas a altas (1000 a 3000 mg
o ácido pantotênico sofre um número de
por dia) de niacina é um agente anti-
fosforilações dependentes de ATP para se tornar
hiperlipidêmico bem estabelecido, diminuindo o
CoA
colesterol total e de baixa densidade de
lipoproteínas
300
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Ações Fontes
• O CoA tem um papel crucial na síntese e • Piridoxina e piridoxamina são
degradação de muitas moléculas, incluindo as predominantemente encontradas em alimentos
vitaminas A, D, colesterol, esteróides, heme A, vegetais; piridoxal é mais comumente derivado
ácidos graxos, carboidratos, aminoácidos e de alimentos de origem animal. Carnes, grãos
proteínas integrais, legumes e nozes são as melhores
• A coenzima A também tem um papel essencial fontes. Cozinhar, processar e armazenar
na primeira etapa do ciclo de Krebs, ligando-se alimentos pode reduzir a disponibilidade de
ao oxaloacetato para formar citrato vitamina B6
• O CoA também é necessário para a ativação e
Bioquímica
inativação de muitos hormônios peptídicos,
como o hormônio adrenocorticotrópico Metabolismo
• A piridoxina é convertida no fígado para sua
Medição forma ativa, piridoxina 5-fosfato. Este é então
• Várias técnicas de laboratório são empregadas catabolizado em ácido 4-piridoxico, que é
para medir níveis de ácido pantotênico excretado na urina e pode ser usado como um
sanguíneos, plasmáticos e urinários. No entanto, marcador da suficiência de piridoxina
como a deficiência pantotênica é rara, não
houve grande necessidade ou interesse em Ações
desenvolver testes amplamente disponíveis • O fosfato de piridoxal é utilizado para a
formação da base de Schiff durante a
Deficiência transaminação de aminoácidos, um passo
• Deficiência de ácido pantotênico é rara em fundamental na gliconeogênese. O fosfato de
humanos. Foi observado em indivíduos piridoxal também está envolvido na
gravemente desnutridos, geralmente em descarboxilação de aminoácidos, uma reação
situações de fome e guerra chave na conversão do triptofano em niacina,
• As manifestações clínicas podem incluir síntese de heme, biossíntese de esfingolipídeos,
parestesias e disestesias, conhecidas como síntese de neurotransmissores, função imune e
"síndrome dos pés ardentes" modulação hormonal esteróide
• É também um cofator enzimático essencial na
Toxicidade
via da transsulfuração pela qual a homocisteína
• Não há toxicidade conhecida para ácido é convertida em cistationina e sua
pantotênico. O consumo excessivo é excretado subsequenteconversão em cisteína
pelos rins
Deficiência
Exigências
• As deficiências marginais podem ser mais
• É de 2 a 4 mg por dia para crianças e 5 mg por comuns, manifestadas como estomatite
dia para homens e mulheres adultos inespecífica, glossite, quilosis, irritabilidade,
Vitamina B6 (piridoxina) confusão e depressão e possivelmente
Vitamina B6 consiste em piridoxina. neuropatia periférica
• A deficiência grave está associada a dermatite
A deficiência evidente de vitamina B6 é rara, e as seborreica, anemia microcítica e convulsões
manifestações primárias são dermatite, glossite e
anemia microcítica. Toxicidade
• Foram relatados casos de neuropatia periférica,
A toxicidade da vitamina B6 se manifesta com dermatoses, fotosensibilidade, tontura e náusea
neuropatia periférica, dermatoses, fotosensibilidade, com megadoses a longo prazo de piridoxina
tontura e náusea acima de 250 mg/dia; alguns casos de
neuropatia parecem ter sido causados por
ingestão crônica de 100 a 200 mg/dia
301
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Ações Deficiência
• O ácido ascórbico é um agente redutor biológico • A síndrome da deficiência clínica, conhecida
reversível (doador de elétrons), importante para como escorbuto, deve-se em grande parte à
manter a atividade de várias enzimas que síntese de colágeno prejudicada e tecido
incluem ferro e cobre conjuntivo desordenado
• O ácido ascórbico está envolvido em cada um • Os sintomas mais específicos (que ocorrem três
dos seguintes processos biológicos: meses após a ingestão deficiente) são
303
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Toxicidade
• Grandes doses de vitamina C foram associados a
diarréia e inchaço abdominal
• Dados epidemiológicos mostraram uma
correlação entre a ingestão dietética e
suplementar de vitamina C e cálculos renais de
oxalato em homens, especialmente em doses
muito altas
Exigências
• Varia de 15 a 45 mg por dia em crianças, a 75 mg
por dia para a maioria das mulheres e 90 mg por
dia para homens; mulheres grávidas ou lactantes
e idosos têm requisitos de até 120 mg/dia
304
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
305
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• O folato entra nas células por ligação a um relação ao ciclo de maturação citoplasmática
receptor de folato (megalina). Uma vez dentro (isto é, dissincronia nuclear-citoplasmática).
da célula, o folato é novamente poliglutamado Várias alterações megaloblásticas podem ser
para uma forma biologicamente ativa que não vistas em qualquer uma das células precursoras
pode se difundir de volta para fora da célula nucleadas da medula óssea, incluindo núcleos
• O tetra-hidrofolato poliglutamado atua como imaturos ou morfologicamente anormais em
doador de um carbono para processos relação à maturidade citoplasmática,
biológicos, incluindo a síntese de purinas e metamielócitos gigantes e figuras mitóticas
pirimidinas usadas na síntese de DNA aumentadas. Essas alterações podem causar
anemia isolada e/ou outras citopenias, que
Papéis fisiológicos geralmente são leves. Glóbulos vermelhos
Síntese de DNA, síntese de RNA, metilação de DNA macrocíticos (ou glóbulos vermelhos macro-
• A vitamina B12 e o folato desempenham um ovalocíticos) e neutrófilos hipersegmentados
papel crítico no DNA e síntese de RNA. A são os achados clássicos do esfregaço de sangue
deficiência de qualquer vitamina pode, portanto, periférico
prejudicar a síntese de DNA, que por sua vez • Eritropoiese ineficaz: a eritropoiese ineficaz
pode causar uma parada da célula na fase de (também chamada de hemólise intramedular)
síntese (S) de DNA do ciclo celular, cometer erros ocorre quando há morte prematura (por
de replicação de DNA e/ou sofrer morte exemplo, fagocitose ou apoptose) das células
apoptótica precursoras eritropoeticas em desenvolvimento
• O principal papel do folato na síntese de DNA é na medula óssea. Pode haver hipercelularidade
fornecer grupos metil que são adicionados a da medula óssea e achados laboratoriais de
outras moléculas (ou seja, atuar como um hemólise, incluindo ferro sérico elevado,
doador de um carbono). O principal papel da bilirrubina indireta e desidrogenase lática (LDH)
vitamina B12 é atuar como um cofator na reação e baixo índice de haptoglobina, além de
que recicla o 5-metiltetra-hidrofolato de volta ao contagem de reticulócitos tipicamente baixa
tetra-hidrofolato (THF), que pode ser convertido
Função neuronal
em formas que podem atuar como doadores de
• A deficiência de vitamina B12 afeta
carbono único. A geração de THF é acoplada à
adversamente a função neuronal. A proteína
conversão de homocisteína em metionina
básica de mielina compõe aproximadamente um
• Ciclos repetitivos de reparo defeituoso do DNA
terço da mielina, e a desmielinização no cenário
podem resultar em quebras e fragmentação da
de deficiência de vitamina B12 pode explicar
fita de DNA. O atraso da fase S no cenário da
muitos dos achados neurológicos
maturação citoplasmática normal é referido
como dissincronia nuclear citoplasmática, e isso Níveis elevados de vitamina B12 ou folato
constitui a base para alterações megaloblásticas • A vitamina B12 e o folato são vitaminas solúveis
na medula óssea. A morte celular apoptótica em água. A sobredosagem não é uma
constitui a base da eritropoiese ineficaz consideração importante, uma vez que o
Hematopoese excesso de ambos é excretado na urina.
• As células precursoras hematopoiéticas estão • No entanto, suplementação com doses elevadas
entre as células que mais se dividem no corpo e, ácido fólico pode estar associada a lesão
portanto, são um dos tipos de células mais neurológica irreversível quando administrada a
sensíveis à síntese anormal de DNA causada por indivíduos com anemia perniciosa não
deficiências de vitamina B12 e folato. São dois os diagnosticada. Além disso, a suplementação de
principais efeitos dessa deficiência na folato pode afetar o controle das crises ou
hematopoese: possivelmente interferir na absorção intestinal
• Alterações megaloblásticas: são causadas pela de zinco
desaceleração do ciclo de divisão nuclear em
306
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
absorção de vitamina B12, uma vez que o ácido delgado, doença inflamatória intestinal (DII),
gástrico desempenha um papel na dissociação enterite por radiação, doença celíaca
da vitamina B12 das proteínas alimentares, o (especialmente se o paciente não adere a uma
que permite que ele se ligue ao fator intrínseco. dieta sem glúten), linfoma, ileite tuberculosa,
O uso a longo prazo tem maior probabilidade de amiloidose ou ressecção ileal por qualquer
causar deficiência clinicamente significativa de motivo
vitamina B12 • Tênia de peixe: infestação com a tênia do peixe
• Metformina: a absorção reduzida de vitamina Dibothriocephalus latus causa deficiência de
B12 é um efeito adverso conhecido do uso a vitamina B12, porque o verme tem uma
longo prazo de metformina, afetando uma afinidade pela vitamina B12 e compete pela sua
proporção relativamente grande de pacientes absorção no íleo. A infecção pode resultar da
(até 30% em alguns estudos). O mecanismo de ingestão de peixe cru de água doce (vários tipos),
absorção reduzida de vitamina B12 com em áreas endêmicas ou quando os peixes
metformina está relacionado à homeostase afetados são importados. O diagnóstico é
alterada do cálcio. A captação intestinal do normalmente feito por análise de fezes
complexo fator intrínseco da vitamina B12
requer cálcio, e a suplementação de cálcio Distúrbios genéticos (vitamina B12)
reverte o efeito da metformina na absorção da • Em casos raros, a deficiência de vitamina B12 é
vitamina B12 causada por mutações que afetam um dos
• Óxido nitroso: óxido nitroso (N2O; gás do riso) fatores envolvidos em sua absorção ou
pode ser usado como anestésico inalante. O N2O metabolismo. Os exemplos incluem o seguinte:
inativa a vitamina B12 e prejudica sua Síndrome de Imerslund-Gräsbeck (também
capacidade de atuar como cofator para a chamada anemia megaloblástica juvenil ou
metionina sintase, levando à redução do anemia megaloblástica hereditária)
metabolismo de um carbono e efeitos na síntese Causas de deficiência de folato
de DNA e nas reações de metilação
Ingestão alimentar inadequada
• Distúrbios que afetam a absorção no intestino
• Indivíduos que são incapazes de consumir uma
delgado: a insuficiência pancreática pode
dieta variada e rica em nutrientes podem
impedir a ligação normal da vitamina B12 ao
desenvolver deficiência de folato. Os exemplos
fator intrínseco e vários distúrbios do intestino
incluem aqueles com dietas restritivas, uso
delgado podem reduzir a superfície de absorção
crônico de álcool com dieta limitada, anorexia
do complexo da vitamina B12-fator intrínseco;
grave ou ingestão oral reduzida no cenário de
organismos como bactérias ou vermes de peixes
uma doença sistêmica
podem competir pela absorção de vitamina B12
• Cozinhar alimentos destrói os folatos mais
• Insuficiência pancreática: as enzimas
naturais; portanto, indivíduos que consomem
pancreáticas são necessárias para dissociar a
exclusivamente alimentos cozidos também
vitamina B12 da saliva e proteínas alimentares, e
podem estar em risco
permitir que ele se ligue ao fator intrínseco. Esse
processo pode ser prejudicado em indivíduos Aumento dos requisitos
com insuficiência pancreática ou doença • Gravidez e aleitamento
pancreática crônica • Anemias hemolíticas crônicas
• Inflamação ou cirurgia do intestino delgado: • Doenças esfoliativas da pele
vários distúrbios do intestino delgado têm a • Hemodiálise
potencial de interferir na absorção de vitamina
B12 e pode levar a uma deficiência clinicamente Má absorção intestinal
importante de vitamina B12, especialmente se a • Má absorção de folatos pode ocorrer se a
ingestão for baixa e/ou se os estoques forem superfície de absorção intestinal tiver sido
limítrofes. Esses distúrbios incluem removida ou estiver disfuncional. Isso pode
supercrescimento bacteriano do intestino resultar de cirurgia (por exemplo, by-pass
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Ensaio pós-diagnóstico
• Uma vez que o diagnóstico de deficiência de
vitamina B12 e/ou de folato for feita,
informações históricas adicionais e/ou testes são
usados para determinar a causa subjacente. Isso
é importante para evitar deficiências futuras,
escolher a via e a duração apropriadas da terapia
e identificar outras condições que possam
requerer tratamento (por exemplo, doença
celíaca, doença inflamatória intestinal [DII])
• Indivíduos com deficiência de folato e
deficiência concomitante de vitamina B12
podem ter uma resposta aparente à
suplementação de ácido fólico, com
normalização dos achados hematológicos e até
aparente normalização do nível séricos de
vitamina B12. No entanto, o ácido fólico não
pode corrigir os déficits neurológicos causados
pela deficiência de vitamina B12; esses déficits
podem se tornar progressivos e irreversíveis se
não forem tratados com vitamina B12
suplementar. Portanto, é prudente verificar o
312
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
313
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
314
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
combinação com outras vitaminas do complexo administração oral generalizada de tiamina para
B pacientes ambulatoriais em risco
• A administração de glicose sem tiamina pode
precipitar ou piorar a WE; assim, a tiamina deve
ser administrada antes da glicose
• Como a absorção gastrointestinal de tiamina é
irregular em pacientes alcoólicos e desnutridos,
a administração oral de tiamina é um
tratamento inicial não confiável para WE
• A administração oral diária de 100 mg de tiamina
deve ser continuada após a conclusão do
tratamento parenteral e após a alta hospitalar
até que os pacientes não sejam mais
considerados em risco
Prognóstico
• Administração imediata de tiamina leva à
melhora dos sinais oculares dentro de horas a
dias. Se a paralisia ocular não responder, outros
diagnósticos devem ser considerados
• Em um relatório, a recuperação da função
vestibular começou durante a segunda semana
após o tratamento com tiamina; melhora na
ataxia da marcha coincidiu com a recuperação
da função vestibular. A confusão diminui ao
longo de dias e semanas
• A anormalidade do sinal na ressonância
magnética (RM) desaparece com a melhora
clínica
• Enquanto a paralisia do olhar se recuperou
completamente na maioria dos casos, 60%
tinham nistagmo horizontal permanente.
Apenas aproximadamente 40% se recuperaram
da ataxia; os déficits restantes variaram da
incapacidade de andar a uma marcha lenta,
lenta e arrastada
Prevenção
• A WE pode ser precipitada iatrogenicamente
pela carga de glicose em pacientes com suspeita
de deficiência de tiamina
• Para evitar essa complicação, tornou-se prática
padrão nos departamentos de emergência
administrar tiamina antes ou junto com a infusão
de glicose, particularmente naqueles que estão
em risco de deficiência de tiamina
• A prevenção de WE e síndrome amnéstica de
Korsakoff (SK) pode ser possível através da
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Trombose Venosa Profunda (TVP) panturrilha com dorsiflexão passiva do pé) não é
confiável pela presença de TVP
Tromboembolismo venoso profundo (TVP) é uma das
• Sinais locais (por exemplo, massa inguinal) ou
manifestações do tromboembolismo venoso.
gerais de malignidade
As características da TVP dos membros inferiores são
inespecíficas e muitos pacientes são assintomáticos. Suspeita primária TVP (estratificação de riscos)
• Preferimos abordagens que incorporem a
Fatores de risco avaliação clínica da probabilidade de pré-teste
• História de imobilização ou hospitalização (PPT) e teste do D-dímero em pacientes
prolongada selecionados
• Cirurgia ou trauma recente • Essa abordagem permite o uso estratégico da
• Obesidade ultrassonografia para diagnóstico
• Tromboembolismo venoso prévio (TEV)
Avaliação da probabilidade clínica de pré-teste
• Malignidade ou sintomas constitucionais
• Em pacientes com suspeita de primeira TVP,
sugestivos de malignidade
sugerimos estimativa da PPT clínica. A medição
• Uso de contraceptivos orais ou terapia de
subsequente do nível do D-dímero e a
reposição hormonal
ultrassonografia de compressão dependem do
• Gravidez ou pós-parto
PPT atribuído da TVP
• Acidente vascular cerebral com hemiplegia ou
imobilidade Score de Wells
• Idade> 65 anos • Paralisia, paresia ou procedimento ortopédico
• História familiar de TEV recente de uma extremidade inferior (1 ponto)
• Insuficiência cardíaca • Recentemente acamado por mais de três dias ou
• Doença inflamatória intestinal cirurgia importante nas últimas quatro semanas
(1 ponto)
Anamnese • Sensibilidade localizada no sistema venoso
• Deve-se suspeitar de TVP em pacientes que profundo (1 ponto)
apresentam inchaço nas pernas, dor, calor e • Inchaço de uma perna inteira (1 ponto)
eritema • Inchaço da panturrilha 3 cm maior que a outra
• Os sintomas geralmente são unilaterais, mas perna, medido 10 cm abaixo da tuberosidade da
podem ser bilaterais tíbia (1 ponto)
• Os sintomas são confinados à panturrilha em • Maior edema na perna sintomática (1 ponto)
pacientes com TVP distal isolada, enquanto os • Veias superficiais não varicosas colaterais (1
pacientes com TVP proximal podem apresentar ponto)
sintomas na panturrilha ou na perna inteira • Câncer ativo ou tratado em seis meses (1 ponto)
Exame físico • Diagnóstico alternativo mais provável do que
Embora geralmente não seja revelador, um exame físico TVP (por exemplo, cisto de Baker, celulite, lesão
das pernas, abdome e pelve deve ser realizado em muscular, síndrome pós-flebítica, linfadenopatia
pacientes com suspeita de TVP para procurar: inguinal, compressão venosa externa) (menos 2
pontos)
• Veias superficiais dilatadas o A pontuação total em um paciente
• Edema unilateral com diferença nos diâmetros individual denota o seguinte risco de
da panturrilha ou da coxa: o maior diâmetro da TVP:
panturrilha é o achado mais útil ▪ 0 ou menos pontos - baixa
• Calor unilateral, sensibilidade, eritema probabilidade
• Dor e sensibilidade ao longo das principais veias ▪ 1 a 2 pontos - probabilidade
envolvidas: o sinal de Homans (dor na moderada
▪ 3 a 8 pontos - alta probabilidade
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Probabilidade moderada
Em pacientes com PPT moderada para a primeira TVP
dos membros inferiores, sugerimos que um teste de D-
dímero de alta sensibilidade
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reflexógeno (substância cinzenta do sistema nervoso), investigados os reflexos aquileu, patelar, flexor
via eferente (fibras motoras do nervo) e órgão efetor dos dedos, supinador, pronador, bicipital e
(músculo) tricipital. Os reflexos miotáticos fásicos podem
estar: normais, abolidos, diminuídos, vivos ou
• Nos reflexos exteroceptivos ou superficiais, o
exaltados. Suas alterações podem ser simétricas
estímulo é feito na pele ou na mucosa externa,
ou não. O registro dos resultados deve ser feito
por meio de um estilete. Os reflexos cutâneos
literalmente ou por meio de sinais
habitualmente examinados são definidos como:
convencionais, da seguinte maneira: arreflexia
o Reflexo cutaneoplantar: estando o
ou reflexo abolido – encontradas nas lesões que
paciente em decúbito dorsal, com os
interrompem o arco reflexo (0), hiporreflexia ou
membros inferiores estendidos, o
reflexo diminuído (-), normorreflexia ou reflexo
examinador estimula superficialmente a
normal (+), reflexo vivo (++), hiper-reflexia ou
região plantar, próximo à borda lateral e
reflexo exaltado – lesões da via piramidal (+++)
no sentido posteroanterior, fazendo um
• Por fim, no reflexo de automatismo ou de
leve semicírculo na parte mais anterior.
defesa, representa uma reação normal de
A resposta normal é representada pela
retirada do membro a um estímulo nociceptivo,
flexão dos dedos. A abolição desse
habitualmente aplicado no pé. Procede-se com
reflexo ocorre quando há interrupção do
o paciente em decúbito dorsal e os membros
arco reflexo e, algumas vezes, na fase
inferiores estendidos, faz-se um beliscamento
inicial da lesão da via piramidal. A
na região dorsal do pé, ou uma flexão forçada
inversão da resposta normal, ou seja, a
nos dedos do pé, ou ainda a percussão rápida e
extensão do hálux (os demais podem ou
repetida na região plantar com o martelo de
não apresentar abertura em forma de
reflexo. Em condições normais, o membro
leque), constitui o sinal de Babinski,
estimulado permanece na mesma posição ou
indicando lesão da via piramidal ou
apresenta discreta retirada, caso o estímulo seja
corticoespinal
muito forte. A resposta anormal é uma tríplice
o Reflexos cutâneo-abdominais: ainda
flexão, representada pela flexão do pé sobre a
com o paciente em decúbito dorsal, com
perna, desta sobre a coxa e da coxa sobre a
a parede abdominal em completo
bacia. Corresponde, na verdade, a um exagero
relaxamento, o examinador estimula o
da resposta normal. Sendo encontrada na lesão
abdome do paciente no sentido da linha
piramidal, especialmente de nível medular
mediana em três níveis: superior, médio
e inferior. A resposta normal é a Sensibilidade
contração dos músculos abdominais que Os estímulos, de qualquer natureza, atuando sobre os
determina um leve deslocamento da órgãos receptores da superfície corporal ou na
cicatriz umbilical para o lado estimulado. profundidade do corpo, são conduzidos por sistemas
Podem estar abolidos quando houver especiais (vias aferentes ou aferências sensoriais) até o
interrupção do arco reflexo, na lesão da sistema nervoso central. Essas vias sensoriais estão em
via piramidal e, às vezes, mesmo na estreita e contínua ligação com as vias motoras,
ausência de alterações do sistema configurando, em seu conjunto, o arco reflexo que
nervoso (obesidade, pessoas idosas, representa a unidade anatomofuncional do sistema
multíparas) nervoso
• Nos reflexos proprioceptivos, profundos,
musculares ou miotáticos, reconhecem-se os • A sensibilidade subjetiva compreende as queixas
tipos fásicos ou clônicos, e os tônicos ou sensoriais que o paciente relata durante a
posturais. Na pesquisa dos reflexos miotáticos anamnese, ou seja, a dor e as parestesias
fásicos ou clônicos, o estímulo é feito pela (dormência, formigamento). A sensibilidade
percussão com o martelo de reflexos do tendão objetiva, a rigor, não deixa de ser subjetiva, já
do músculo a ser examinado. De rotina, são que depende da resposta do paciente aos
estímulos percebidos. É dita objetiva apenas
321
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
porque, nesse caso, está presente um estímulo comum, atrofia de mucosa), as alterações deficitárias
aplicado pelo examinador. A sensibilidade geral (hiposmia – diminuição da olfação – e anosmia –
refere-se a temperatura, dor, tato e pressão; e a ausência de olfação) ganham maior significado clínico.
especial refere-se aos nervos cranianos De outra parte, existem alterações da olfação por lesões
o Sensibilidade superficial: para a corticais que compreendem os seguintes tipos: parosmia
sensibilidade tátil, utiliza-se o pedaço de (perversão do olfato), alucinações olfatórias e cacosmia
algodão ou pincel macio, os quais são (sensação olfatória desagradável).
roçados de leve em várias partes do
II Nervo Óptico: as imagens são recolhidas na retina por
corpo. A sensibilidade térmica requer
meio dos cones e bastonetes, e conduzidas ao centro da
dois tubos de ensaio, um com água
visão no lobo occipital, pelos axônios que constituem o
gelada e outro com água quente, com
nervo, o quiasma e o trato óptico, o corpo geniculado
que se tocam pontos diversos do corpo.
lateral e as radiações ópticas. O nervo óptico é
A sensibilidade dolorosa é pesquisada
examinado da seguinte maneira:
com o estilete rombo, capaz de provocar
dor sem ferir o paciente. A diminuição • Acuidade visual: Pede-se ao paciente que leia
da sensibilidade tátil recebe o nome de alguma coisa, examinando-se cada olho em
hipoestesia; sua abolição, anestesia; e separado. Havendo diminuição da acuidade,
seu aumento, hiperestesia. Tais fala-se em ambliopia; quando abolida, constitui-
alterações estão na dependência da se em amaurose; ambas podem ser uni ou
lesão das vias das várias modalidades bilaterais. Caso o paciente utilize óculos, não se
sensoriais pede para retirá-lo.
o Sensibilidade profunda: a sensibilidade • Campo visual: Sentado, o paciente fixa um ponto
vibratória (palestesia) é pesquisada com na face do examinador, postado à sua frente. O
o diapasão de 128 vibrações por examinador desloca um objeto nos sentidos
segundo, colocado em saliências ósseas. horizontal e vertical, e o paciente dirá até que
A sensibilidade à pressão (barestesia) é ponto está ‘percebendo’ o objeto. Cada olho é
verificada mediante compressão digital examinado separadamente. A isso se denomina
ou manual em qualquer parte do corpo, avaliação do campo visual ou campimetria.
especialmente de massas musculares. A • Fundoscopia.
cinético-postural ou artrocinética
(batiestesia) é explorada deslocando-se III Nervo Oculomotor, IV Nervo Troclear e VI Nervo
suavemente qualquer segmento do Abducente: são examinados em conjunto, pois inervam
corpo em várias direções (flexão, músculos que têm por função a motilidade dos globos
extensão). Em dado momento, fixa-se o oculares, compreendendo o reto medial, o reto superior,
segmento em uma determinada o reto inferior, o oblíquo inferior (inervados pelo
posição, que deverá ser reconhecida oculomotor), o oblíquo superior (inervado pelo troclear)
pelo paciente e o reto lateral (inervado pelo abducente). O III nervo
inerva também a musculatura elevadora da pálpebra.
Nervos cranianos
Os 12 nervos cranianos têm origem no tronco encefálico • Motilidade extrínseca: a posição do globo ocular
ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros, é dada pelo funcionamento harmônico dos
que, por sinal, não têm características morfológicas de vários músculos. Caso haja predomínio de um
nervo, e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, deles (por paresia ou paralisia de seu
cuja origem se encontra na medula cervical antagonista), ocorre o que se chama estrabismo
(desvio do olho), que pode ser horizontal
I Nervo Olfatório: no exame da olfação, empregam-se (convergente ou divergente) ou vertical
substâncias com odores conhecidos; de olhos fechados, (superior ou inferior). Na presença de
o paciente deve reconhecer o aroma que o examinador estrabismo, pelo menos na fase inicial, o
colocar diante de cada narina. Afastadas as condições paciente reclama de visão dupla ou diplopia.
que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado
322
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
pesquisa da sensibilidade corneana (em pacientes grosseira das duas raízes. A raiz coclear é avaliada pela
comatosos), feita com uma mecha de algodão que toca diminuição gradativa da intensidade da voz natural, voz
suavemente entre a esclerótica e a córnea. O paciente cochichada, atrito suave das polpas digitais próximo ao
deve estar com os olhos virados para o lado oposto, a fim ouvido, prova de Rinne (consiste em aplicar o diapasão
de perceber o menos possível a prova. A resposta normal na região mastoide. Quando o paciente deixar de ouvir a
é a contração do orbicular das pálpebras, daí a vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto
denominação de reflexo córneo-palpebral. auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a
percepção do som (Rinne positivo). Transmissão óssea
• Comprometida a raiz sensorial, o paciente vai
mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa
referir dor, limitada à área correspondente à sua
deficiência auditiva de condução).
distribuição. Em tais casos, usa-se a designação
de neuralgia do trigêmeo ou de trigeminalgia, • As alterações auditivas são representadas por
sendo subdividida em dois tipos, a trigeminalgia sintomas deficitários (hipoacusia) ou de
secundária (alterações objetivas deficitárias de estimulação (zumbido, hiperacusia e
sensibilidade da face) e a essencial ou idiopática. alucinações). Afastadas as causas de diminuição
ou a abolição da acuidade por transmissão aérea
VII Nervo Facial: interessa-se a parte motora, a qual se
(tamponamento por cerume, otosclerose), as
divide anatoclinicamente em dois ramos – temporofacial
causas mais comuns de lesão da raiz coclear são
e cervicofacial –, os quais se distribuem para a
a rubéola, a intoxicação medicamentosa e a
musculatura da mímica facial. Para fazer o exame do
síndrome de Ménière.
nervo facial, solicita-se ao paciente enrugar a testa,
• O acometimento da raiz vestibular é
franzir os supercílios, fechar as pálpebras, mostrar os
reconhecível pela anamnese, quando as queixas
dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca. A paralisia da
do paciente incluem estado vertiginoso,
face se chama prosopoplegia e, quando bilateral, fala-se
náuseas, vômitos e desequilíbrio. A vertigem
em diplegia facial. Cerca de 80% dessas paralisias são
corresponde a uma incômoda e ilusória
chamadas a frigore e têm caráter benigno.
sensação de deslocamento do corpo ou dos
• Tem importância prática a distinção entre a objetos, sem alteração de consciência. A
paralisia por lesão do nervo facial (paralisia investigação da raiz vestibular compreende a
infranuclear ou periférica) e aquela por lesão da pesquisa de nistagmo (movimento oscilatório
via corticonuclear ou feixe geniculado (paralisia e/ou rotatório do globo ocular, podendo ser
central ou supranuclear). No tipo periférico, toda espontâneo ou provocado), desvio lateral
a hemiface homolateral é comprometida, durante a marcha, desvio postural, sinal de
enquanto, na central, somente a metade inferior Romberg e provas calórica e rotatória.
da face contralateral se mostra alterada. Este • Quando há desvio postural durante a marcha,
último tipo ocorre com frequência nos acidentes observa-se lateropulsão para o lado da lesão. Se
vasculares e nas neoplasias cerebrais. o paciente estiver de pé ou sentado com os olhos
• Resta fazer algumas considerações sobre o fechados e os membros superiores estendidos
nervo intermédio ou nervo intermediário de para frente e elevados em ângulo reto com o
Wrisberg, que tem curto trajeto junto ao nervo corpo, os braços irão desviar-se para o lado do
facial. Por um de seus ramos principais (corda do labirinto lesado, e o corpo tenderá a cair para
tímpano), o nervo intermédio recolhe as este mesmo lado. Sinal de Romberg positivo,
impressões gustativas dos dois terços anteriores com desequilíbrio do corpo para o lado lesado.
da língua. Às vezes, na vigência de paralisia facial
IX Nervo Glossofaríngeo e X Nervo Vago: a lesão
periférica, é possível caracterizar alguma
unilateral do glossofaríngeo pode exteriorizar-se por
anormalidade da gustação.
distúrbios da gustação do terço posterior da língua
VIII Nervo Vestibulococlear: é constituído por duas (hipogeusia e ageusia); podendo aparecer disfagia. Mais
raízes, a coclear, incumbida da audição, e a vestibular, raramente ocorre dor, em tudo semelhante à
responsável pelo equilíbrio. No exame neurológico de trigeminalgia, exceto quanto à sede, que é na fossa
rotina, faz-se apenas uma exploração mais ou menos amigdaliana.
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Sono
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Cefaleia
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Epilepsia
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com que a célula beta trabalhe em excesso até • Um importante sinal clínico é a acantose
atingir uma “exaustão” secretória nigricans, que pode indicar (1) resistência à
• Curiosamente, a influência genética no DM tipo insulina (ex.: DM ou pré-diabetes); (2) neoplasia
2 é muito maior do que no DM tipo 1. A maligna (ex.: Ca de pulmão ou do trato
concordância entre gêmeos univitelinos, por gastrointestinal – principalmente se o
exemplo, beira os 100%. Todavia, vale ressaltar acometimento for extenso, rápido e envolver
que, mesmo nesses casos, a história natural da palmas e solas)
doença tende a ser modulada em função do
estilo de vida (ex.: quanto mais obeso e Confirmação Diagnóstica
sedentário for o paciente, mais rapidamente o O diagnóstico de diabetes mellitus requer a
DM tipo 2 se instala e evolui) demonstração laboratorial de hiperglicemia. Critérios
diagnósticos de DM (basta um critério com dosagem
Quadro Clínico do DM Tipo 1 confirmatório ou dois testes diferentes concordantes
• O diagnóstico de DM tipo 1 costuma ser fácil, com o diagnóstico)
pois em geral o quadro CLÁSSICO está presente
• Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5% (necessita
e tem início AGUDO: estamos falando da criança
confirmação em segunda dosagem)
ou do adolescente que desenvolve – ao longo de
• Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (necessita
dias ou semanas – poliúria, polidipsia, polifagia e
confirmação em segunda dosagem)
perda de peso (4 Ps)
• Glicemia 2h após TOTG-75 ≥ 200 mg/dl
• Eventualmente, a doença só é percebida na
(necessita confirmação em segunda dosagem)
descompensação (cetoacidose diabética)
• Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dl + sintomas de
• O LADA (Latent Autoimmune Diabetes of Adults)
hiperglicemia – “pólis” (não necessita
aparece em indivíduos mais velhos e evolui de
confirmação em segunda dosagem)
forma insidiosa (anos), sendo comumente
confundido com o DM tipo 2. No entanto, mais Estados Pré-Diabéticos
cedo ou mais tarde um hipoinsulinismo • Existem pacientes que têm glicemia alterada,
ABSOLUTO se estabelece, produzindo mas ainda não preenchem critérios formais para
manifestações clínicas mais características de o diagnóstico de DM: são os indivíduos “pré-
DM tipo 1 (ex.: “polis” e cetoacidose diabética) diabéticos”, isto é, pessoas com alta
probabilidade de desenvolver DM tipo 2 em
Quadro Clínico do DM Tipo 2
curto prazo. Apresentam risco cardiovascular
• O diagnóstico de DM tipo 2 costuma ser tardio,
aumentado, mesmo que nunca se tornem
uma vez que muitos pacientes passam anos ou
diabéticos. Estados pré-diabéticos:
mesmo décadas completamente assintomáticos
o “Glicemia de Jejum Alterada” = glicemia
• O paciente típico é adulto (>40-45 anos), obeso,
de jejum entre 100-125 mg/dl
sedentário e possui outros fatores de risco
o “Intolerância à Glicose” = glicemia 2h
cardiovascular, mas vale lembrar que a
após o TOTG 75 entre 140-199 mg/dl
incidência em crianças e adolescentes está
o Hemoglobina Glicada (HbA1c) entre 5,7-
aumentando (em função da pandemia de
6,4%
obesidade)
• A conduta nos estados pré-diabéticos é baseada
• Com menos frequência, sintomas de franca
em medidas higienodietéticas, isto é,
hiperglicemia podem ser referidos (poliúria,
ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL + ATIVIDADES
polidipsia), sendo raríssimo o surgimento de
FÍSICAS REGULARES (“Modificações
cetoacidose diabética (a produção endógena de
Terapêuticas no Estilo de Vida” – MEV), visando
insulina é insuficiente para evitar a cetogênese
à redução do peso corporal e reversão do estado
hepática)
de resistência à insulina
• Às vezes, o diagnóstico é firmado na vigência de
• A cessação do tabagismo também tem se
um estado hiperosmolar não cetótico, principal
mostrado importante, pois o cigarro é
complicação aguda do DM tipo 2
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
comprovadamente um agravante da resistência mais frequente seria ideal (ex.: 6-10 vezes ao dia,
insulínica acrescentando, por exemplo, medidas entre 1-
• A metformina é segura e barata, porém, só vale 2h após o início das principais refeições – as
a pena ser indicada na prevenção do DM tipo 2 chamadas “glicemias pós-prandiais”, que podem
em pacientes de muito alto risco. Assim, ajudar a se chegar numa dose mais adequada de
segundo a ADA (American Diabetes Association), insulina em alguns casos, principalmente
são critérios para o seu emprego no “pré- quando as glicemias pré-prandiais atingem o
diabetes”: alvo desejado, mas o paciente continua com
o IMC ≥ 35 níveis de HbA1c acima do ideal)
o Idade <60 anos
o História de diabetes gestacional
• Medidas preventivas recomendadas no “pré-
diabetes”:
o Redução de pelo menos 7% do peso
corporal Dieta, Álcool e Exercício Físico
o Praticar, no mínimo, 150min/semana de • Os diabéticos tipo 1 geralmente são magros,
atividade aeróbica moderada (ex.: necessitando de aporte calórico suficiente para
caminhada) manter o seu peso ideal. Podemos calcular este
o Consultas frequentes para reforçar o aporte multiplicando-se o peso ideal por 22. Por
alcance das metas exemplo, se o peso ideal for 52 kg, o aporte
o Metformina nos pacientes de muito alto calórico deve ser 52 x 22 = 1.145 kcal. O peso
risco ideal para homens é 48 kg para os primeiros 152
o Exames anuais para rastreio do DM cm de altura, somados a 2,7 kg para cada 2,5 cm
a mais. O peso ideal para mulheres é 45 kg para
Fatores de risco para DM tipo 2 os primeiros 152 cm, somados a 2,3 kg para cada
• Obesidade grave 2,5 cm a mais
• Sedentarismo • Classicamente, recomenda-se que a dieta
• Parente de 1º grau acometido contenha em média 55-60% de carboidratos
• Etnia (negros, latinos, índio americano, ilhas do (especialmente amido e fibras solúveis,
pacífico) presentes em alimentos como verduras, frutas e
• História de diabetes gestacional legumes), 10-20% de proteínas e 30-35% de
• História de doenças cardiovasculares lipídios (especialmente as gorduras mono ou
• Estados pré-diabéticos poli-insaturadas, contidas nos óleos vegetais e
• Hipertensão arterial azeite). A preferência deve ser para os alimentos
• HDL < 35 mg/dl com baixo índice glicêmico (que elevam menos a
• Triglicerídeos >250 mg/dl glicemia pós-prandial), como o arroz integral,
• Síndrome dos ovários policísticos feijão e fibras solúveis (aveia, cereais, grãos). Os
• Acantose nigricans açúcares refinados (sacarose) devem ser
limitados, mas não totalmente proibidos
Tratamento do DM tipo 1 • Uma importante medida prática para indivíduos
Objetivos do tratamento em uso de insulina é a ingestão, NA CEIA, de
• Para que a terapia seja mais segura e eficaz, o alimentos com baixo índice glicêmico (ou seja,
paciente deve adquirir um glicosímetro, a fim de de absorção mais lenta, como carboidratos
acompanhar o efeito do tratamento e detectar o complexos) em conjunto com lipídios e/ou
surgimento de hipoglicemia. Idealmente, esta proteínas (que retardam o esvaziamento
medida deveria ser feita no mínimo quatro vezes gástrico), mantendo-se, assim, uma glicemia
ao dia: pré-prandial (antes do café da manhã, estável ao longo da noite, com menor risco de
almoço e jantar) e antes de dormir. No entanto, hipoglicemia durante o sono
para certos pacientes, uma monitorização ainda
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• O álcool deve ser desencorajado, por aumentar • O início do tratamento deve ser feito com 0,3 -
tanto o risco de hipoglicemia, em usuários de 0,5 U/kg/dia, por via Subcutânea (SC). A dose
insulina (o metabolismo do álcool inibe a média adequada a um diabético tipo 1 adulto em
gliconeogênese hepática), quanto o risco de geral oscila entre 0,5-1,0 U/kg/dia (ex.: 60 kg: 30-
hiperglicemia (no caso de bebidas adocicadas) 60 U/dia, o equivalente à produção endógena
• No caso do DM tipo 1, vale ressaltar os riscos do normal de insulina)
exercício físico extenuante sobre o controle • Existem três esquemas de insulinoterapia mais
glicêmico: pode haver tanto hipoglicemia (se os utilizados: Esquema 1: duas aplicações; Esquema
níveis de insulina estiverem relativamente altos 2: múltiplas aplicações de insulina; Esquema 3:
antes do início do exercício – pois o exercício infusão contínua
aumenta a sensibilidade do tecido muscular à
Esquema 1: duas aplicações
insulina) quanto hiperglicemia (se os níveis de
• Neste esquema, recomenda-se fazer 2/3 da dose
insulina estiverem relativamente baixos antes
diária na primeira tomada (manhã) e 1/3 na
do início do exercício – pois o estresse físico
segunda tomada (noite). A proporção
aumenta os hormônios contrarreguladores de
NPH/regular deve ser de 70/30% na primeira
insulina). Recomendações:
tomada e de 50/50%, na segunda tomada
o Não se exercitar se a glicemia capilar
estiver < 90 mg/dl ou > 250 mg/dl ou na • Por exemplo, uma dose total de 30 U/dia pode
presença de cetose ser dividida da seguinte maneira: 20 U (café da
o Alimentar-se 1-3h antes, evitando a manhã) + 10 U (jantar). As 20 U da manhã são
prática de exercícios físicos em jejum divididas em 14 U de NPH e 7 U de regular; as 10
o Ingerir suplementos de carboidrato a U da noite são separadas em 5 U de NPH e 5 U
cada 30 min durante exercícios de regular
extenuantes e prolongados • Este esquema deve ser ajustado pelas três
o Aplicar a insulina num músculo que não glicemias capilares pré-prandiais e uma antes de
participará da atividade física dormir. Observe a seguinte regra prática:
o Glicemia matinal – depende da NPH do
Insulinoterapia jantar da véspera
o Glicemia pré-almoço – depende da
regular da manhã
o Glicemia pré-jantar – depende da NPH
da manhã
o Glicemia antes de dormir – depende da
regular da noite
• Existem várias desvantagens com o esquema de
duas aplicações: (1) o período matinal antes da
aplicação da insulina pode ficar relativamente
“desprotegido”, permitindo a hiperglicemia
matinal; (2) eventualmente, a insulina NPH da
manhã pode ser insuficiente para controlar o
pico glicêmico pós-almoço; (3) o paciente não
pode “flexibilizar” suas refeições ou exercício
físico – isto é, ele tem que seguir uma rotina
muito rigorosa no tocante aos horários e
quantidade de alimentos ingeridos
• O período final do sono e início do amanhecer é
marcado pelo pico circadiano do GH, um
hormônio hiperglicemiante, aumentando a
produção hepática de glicose. Este fato pode
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como uma maior capacidade das ilhotas de pelos inibidores do SGLT-2, drogas que
secretar insulina em resposta à glicose bloqueiam a reabsorção tubular renal da glicose
• Quanto à composição da dieta, o mesmo filtrada nos glomérulos
preceito é válido em relação ao DM tipo 1, sendo
Biguanidas
classicamente recomendado manter 50-55% de
Metformina (Glifage®): 1.000-2.550 mg VO/dia, em duas
carboidrato, 10-20% de proteínas e 30-35% de
tomadas
lipídios, com menos de 10% do valor calórico
total de gorduras saturadas e menos do que 300 • A metformina é a única biguanida aprovada para
mg/dia de colesterol. Nos portadores de uso clínico
hipertrigliceridemia, a taxa de carboidratos pode • Sua ação ocorre através de três mecanismos
ser reduzida para 40-45%, fazendo-se a devida básicos: (1) inibição da gliconeogênese hepática,
substituição pelas gorduras monoinsaturadas. principal responsável pela hiperglicemia de
Nos portadores de LDL-C elevado, a dieta deve jejum, o que contribui para 75% de sua ação
conter menos de 7% do total calórico em hipoglicemiante; (2) melhora da sensibilidade
gordura saturada e menos de 200 mg/dia de dos tecidos periféricos à insulina (contribuindo
colesterol para queda da insulinemia); e (3) redução do
• O exercício físico regular é fundamental para os turnover de glicose no leito esplâncnico
diabéticos tipo 2, por auxiliar na correção da • Outro efeito é o aumento da produção de ácido
hiperglicemia (o músculo condicionado capta lático por estimular o metabolismo não
melhor a glicose), da obesidade e da hipertensão oxidativo da glicose em células intestinais. O
arterial, além de reduzir diretamente o risco lactato produzido pode ser usado na
cardiovascular. Um exercício aeróbico (ex.: gliconeogênese, sendo um importante fator
caminhada) por 30 min diários pelo menos cinco protetor contra a hipoglicemia
vezes por semana é o mais apropriado • Pelo fato de não estimular a secreção de insulina
• Exercícios isométricos de força (“musculação”) (não aumenta as chances de hipoglicemia
são fundamentais para evitar a sarcopenia quando usada em monoterapia), associado
(perda de massa muscular), devendo ser ainda a um pequeno efeito anorexígeno, a
realizados pelo menos duas vezes por semana metformina não está relacionada ao aumento de
peso e pode realmente contribuir para a sua
Terapia Farmacológica (Antidiabéticos)
redução e não causa hipoglicemia. Outro efeito
• Os antidiabéticos orais (ou hipoglicemiantes
benéfico da metformina é a redução dos
orais) formam a base da terapêutica
triglicerídeos (em 10-15%) e, em menor grau, do
medicamentosa do DM tipo 2, e exercem seu
LDL-colesterol
efeito estimulando a secreção de insulina pelas
• A metformina tem menor tolerabilidade do que
células beta (sulfonilureias e glinidas),
as sulfonilureias, levando a sintomas
aumentando o efeito periférico da insulina
gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia,
(metformina e glitazonas), retardando a
anorexia, gosto metálico) em 30% dos casos, no
absorção de carboidratos (acarbose) ou agindo
início da terapia
simultaneamente na célula beta – estímulo para
• As biguanidas são contraindicadas, pelo risco de
síntese de insulina – e alfa – reduzindo a
acidose lática grave, na insuficiência renal (TFG
produção de glucagon (inibidores da DPP-4). Os
estimada < 30 ml/ min), hepatopatia com
agonistas GLP1 são drogas de uso subcutâneo
transaminases acima de 3x o valor de referência,
que também atuam estimulando a síntese de
durante estresse agudo (cirurgia) e deve ser feita
insulina pela célula beta e reduzindo a produção
com muito cuidado em indivíduos > 80 anos
de glucagon pela célula alfa pancreática.
• A metformina reduz a absorção da vitamina
Juntamente com os inibidores da DPP-4, estas
B12 no íleo distal, mas existem poucos casos de
medicações formam o grupo dos
anemia megaloblástica relacionada ao seu uso.
incretinomiméticos. O mais novo acréscimo ao
De toda forma, recomenda-se monitorar
arsenal terapêutico do DM tipo 2 é representado
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uma alternativa para aqueles comglicemia de que estimula a secreção de insulina de maneira
jejum entre 110-140 mg/dl glicose-dependente, inibe a secreção de
• Outra possível indicação da acarbose seria nos glucagon e o débito hepático de glicose, retarda
indivíduos com tolerância alterada à glicose, na o esvaziamento gástrico, induz saciedade, reduz
prevenção do DM tipo 2 o apetite e propicia perda ponderal
• O principal problema do uso dessas drogas (em • O principal efeito adverso dos análogos do GLP-
30% dos casos) é o aumento da flatulência 1 é a náusea (30 a 50% dos pacientes), sendo que
(devido à passagem de carboidratos não em 5% dos casos é a causa de interrupção do
digeridos ao cólon, onde serão metabolizados tratamento. Diarreia e vômitos também podem
por bactérias locais, produzindo o gás metano), acontecer. Um efeito adverso temido é a
além de desconforto abdominal, meteorismo e pancreatite aguda
diarreia
Inibidores do SGLT-2
Glinidas Dapagliflozina (Farxiga®): 10 mg VO/dia, em tomada
Repaglinida (Prandin®): 1-4 mg VO/dia, em três tomadas única
(refeições)
Canagliflozina (Invokana®): 100-300 mg VO/dia, em
Nateglinida (Starlix®): 120 mg VO/dia, em três tomadas tomada única
(refeições)
Empagliflozina (Jardiance®): 10-25 mg VO/dia, em
• Agem através de mecanismo semelhante ao das tomada única
sulfonilureias, porém, em receptores de
• O SGLT-2 (cotransportador de sódio e glicose) é
membrana diferentes. Assim, aumentam a
um canal presente na membrana apical das
secreção de insulina pancreática
células do túbulo proximal do néfron
• Apresentam uma meia-vida bastante curta, por
responsável pela reabsorção de cerca de 90% da
isso são utilizadas antes das refeições para o
carga de glicose filtrada.
controle da glicemia pós-prandial
• Essas drogas bloqueiam este canal, aumentando
Inibidores da Dipeptil Peptidase-4 (DPP-4) a perda urinária de glicose. Tal ação exerce
Vildagliptina (Galvus®): 100 mg VO/dia, em tomada única discreto efeito hipoglicemiante (em
monoterapia eles reduzem a hemoglobina
Sitagliptina (Januvia®): 100 mg VO/dia, em tomada única
glicada em 0,5-0,7 pontos), além de ser capaz de
Saxagliptina (Onglyza®): 5 mg VO/dia promover alguma perda de peso (em torno de 2-
3 kg)
• Estas medicações agem através da inibição
seletiva da DPP-4, uma enzima que inativa o GLP- Insulinoterapia (DM Tipo 2)
1 (Glucagon-Like Peptide 1) e o GIP (Glucose- • Atualmente, existem várias indicações para a
Dependent Insulinotropic Polypeptide). O GLP-1 insulinoterapia neste tipo de diabetes:
também reduz a secreção do glucagon o Falência terapêutica aos antidiabéticos
• São medicações bem toleradas e não causam orais, mesmo quando em terapia
aumento de peso ou hipoglicemia, já que combinada
estimulam a secreção de insulina dependente de o Hiperglicemia > 300 mg/dl na primeira
glicose consulta, pelo menos nas fases iniciais,
especialmente naqueles com história de
Análogos do GLP-1 perda ponderal, cetonúria ou cetonemia
Exenatide (Byetta®): 5 μg duas vezes ao dia SC, com (alguns desses pacientes são diabéticos
aumento posterior para 10 μg duas vezes ao dia SC tipo 1 de início tardio e forma branda:
Liraglutide (Victoza®): 1,2 a 1,8 mg SC uma vez ao dia LADA)
o Emagrecimento progressivo atribuído
• O GLP-1 é um hormônio liberado pelas células ao diabetes
enteroendócrinas localizadas no íleo e no cólon,
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podem levar à insuficiência renal aguda pré- teste do monofilamento é o exame de maior
renal e/ou promover retenção importante de acurácia para o diagnóstico precoce
potássio. Por isso, as escórias nitrogenadas e a • Estes pacientes são propensos a ter úlceras
calemia devem ser monitoradas de perto no plantares indolores, que podem infectar,
início da terapia acarretando gangrena úmida (pé diabético)
• Os diuréticos tiazídicos e os bloqueadores dos • Os sintomas podem ser brandos ou
canais de cálcio não diidropiridínicos podem extremamente limitantes. São referidos
potencializar o efeito antiproteinúrico do IECA inicialmente nos pés, especialmente na região
• O controle da dislipidemia (LDL <100 mg/dl) plantar. Variam de parestesias (dormência,
também é importante no tratamento da ND formigamento), disestesias, dor neuropática ou
• Deve-se indicar a diálise precocemente, quando hiperpatia (dor ao toque). A dor é o sintoma mais
a creatinina for superior a 6,0 mg/dl (ClCr <25 limitante, pode surgir em repouso, geralmente
ml/min). O transplante renal é a terapia de de caráter em queimação, com piora noturna
escolha para esta fase da doença (impedindo o paciente de dormir) e melhora
com a deambulação. A piora noturna pode
Neuropatia Diabética encontrar explicação possível na menor
O comprometimento do sistema nervoso periférico é competição com outros estímulos dolorosos à
uma complicação crônica frequente do diabetes noite ou ainda por influência do ritmo circadiano
mellitus, afetando até 50% dos pacientes DM do tipo 2 e no limiar da dor
pacientes DM tipo 1 em menor proporção. • Os sintomas podem progredir até a panturrilha
Postula-se como fisiopatologia uma combinação de um (“em bota”) e posteriormente para as mãos,
efeito metabólico (hiperglicemia, glicação não evoluindo para a distribuição “em luva”. No
enzimática, estresse oxidativo, ativação da proteína C entanto, essa distribuição nem sempre é vista
quinase etc.) dependente do acúmulo de sorbitol nos devido ao maior acometimento dos membros
axônios, associado ao comprometimento isquêmico inferiores
endoneural, devido à lesão microvascular. • As fibras motoras são menos afetadas no início
do quadro, mas, com o avançar da doença, a
Os fatores de risco para neuropatia diabética ainda não disfunção é comum, podendo cursar com
foram plenamente estabelecidos, porém a idade deformidades (ex.: dedos em martelo, dedos em
avançada, a duração do DM, susceptibilidade genética, garra etc.). Podem ainda ser encontradas atrofia
glico/lipotoxicidade, inflamação e estresse oxidativo dos músculos interósseos e limitação da
parecem interferir no curso desta complicação. extensibilidade articular das mãos, originando o
“sinal do rezador” (incapacidade de pôr as
Polineuropatia Simétrica Distal
palmas das mãos uma contra a outra, devido à
• É a forma mais comum de neuropatia diabética.
flexão parcial dos dedos)
A base fisiopatológica é a lesão das fibras axonais
grossas mielinizadas ou fibras A (que conduzem Tratamento
a sensibilidade vibratória e proprioceptiva) e de • É importante ressaltar que a resolução
fibras finas não mielinizadas ou fibras C (que espontânea ocorre em 40-50% dos casos após
conduzem a sensibilidade térmica, dolorosa e um ano. Porém, algumas vezes os sintomas
tátil) progridem e tornam-se refratários ao
• A lesão, por iniciar-se distalmente, acomete tratamento
primeiro os nervos periféricos dos membros • O tratamento deve ser o cuidado com o pé (uso
inferiores. Muitos pacientes assintomáticos já de sapatos com solado macio, evitar deambular
apresentam sinais da neuropatia: hipoestesia descalço, autoinspeção diária dos pés, inspeção
plantar ou em pododáctilos para diversos tipos no consultório médico) e a instituição da terapia
de sensibilidade (vibração, tato, picada de medicamentosa para controlar a dor
agulha, frio) e a perda do reflexo do Aquileu. O neuropática ou a disestesia
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Arteriopatia Periférica
• A aterosclerose das artérias dos membros
inferiores frequentemente acompanha os
diabéticos de longa data e contribui bastante
para a má resolução das úlceras e feridas do “pé
diabético”
• A doença vascular acomete muito mais o
território tibioperoneiro (artérias tibiais e
fibulares) do que o território fêmoro-poplíteo,
isto é, a aterosclerose arterial dos membros
inferiores é mais distal nos pacientes diabéticos.
Isso dificulta os procedimentos de
revascularização em alguns pacientes,
aumentando o índice de amputações por
isquemia
• A hipertensão arterial e, especialmente, o
tabagismo são fatores de risco que aumentam
acentuadamente a incidência da doença
isquêmica dos membros inferiores nos
diabéticos (e também nos não diabéticos)
• A isquemia de membros inferiores sintomática,
diagnosticada pela alteração de cor da
extremidade (eritrocianose com o membro para
baixo e palidez com o membro para cima), queda
da temperatura e ausência de pulsos arteriais,
deve ser tratada
• Se a conduta conservadora for ineficaz, ou
houver isquemia aguda por trombose, deve-se
indicar a cirurgia de revascularização
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• Em homens, podem ser observadas redução da • Caso o TSH persista elevado, aumenta-se a dose
libido, disfunção erétil e oligospermia da L-T4 em 12,5 a 25 μg/dia até que se consiga a
normalização do TSH
Sistema hematopoético • A meta são níveis entre 0,5 e 2,5 mUI/ℓ em
• Anemia leve a moderada é um achado comum adultos jovens, até 10 mUI/ℓ nos pacientes mais
Diagnóstico laboratorial idosos
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aumento do fluxo sanguíneo, sendo esse achado Esse exame somente deve ser solicitado,
exclusivo da doença portanto, quando houver dúvida diagnóstica
entre a DG e as mencionadas patologias
Oftalmopatia • Ultrassonografia: a US tem sensibilidade
• Decorre do espessamento dos músculos semelhante à RAIU/24 h para o diagnóstico da
extraoculares e aumento da gordura DG com as vantagens da US são ausência de
retrobulbar, o que leva a um incremento da exposição à radiação ionizante, ter maior
pressão intraorbitária. Como consequência, precisão na detecção de eventuais nódulos
podem ocorrer protrusão do globo ocular tireoidianos e custo mais baixo
(proptose ou exoftalmia) e diminuição da
• Cintilografia tireoidiana: deve ser realizada em
drenagem venosa, resultando em edema
pacientes com nódulos identificados à
periorbital, edema da conjuntiva (quemose) e
ultrassonografia, para avaliar se tais nódulos são
hiperemia conjuntival
“quentes” ou “frios”
Dermopatia (mixedema pré-tibial) • Punção aspirativa com agulha fina: indicada
• Acomete apenas 5 a 10% dos pacientes com DG quando forem encontrados nódulos tireoidianos
e, quase sempre, está associada à oftalmopatia normo ou hipocaptantes à cintilografia
(geralmente grave) e a títulos elevados de TRAb
Tratamento
• Consiste no espessamento da pele,
O hipertireoidismo devido à doença de Graves é tratado
particularmente na área pré-tibial, devido ao
com uma das seguintes abordagens: (1) uso de drogas
acúmulo de glicosaminoglicanos. As lesões
antitireoidianas (DAT), também denominadas
mostram-se em placas e, nelas, a pele está
antitireoidianos de síntese ou tionamidas, para
bastante espessada, com aspecto de casca de
normalizar a produção de T3 e T4; (2) destruição da
laranja e coloração violácea
tireoide, usando o iodo radioativo (RAI); ou (3) remoção
Diagnóstico laboratorial cirúrgica da tireoide
• A DG e quase todas as outras causas de Antitireoidianos de síntese (tionamidas)
tireotoxicose endógena significativa • Existem duas opções principais: metimazol
caracterizam-se por níveis baixos ou (MMI), também chamada tiamazol, e
indetectáveis de TSH, associados à elevação das propiltiouracil (PTU). A longa duração do MMI
frações total (ligada à globulina de ligação da (até 24 horas ou mais) torna possível sua
tiroxina [TBG]) e livre do T4 e T3 administração em dose única diária, o que
• Entre os pacientes com DG, até 50% apresentam facilita a melhor adesão ao tratamento. Em
anticorpos antitireoglobulina (anti-Tg) e até contrapartida, o PTU deve ser administrado,
90%, anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), pelo menos inicialmente, em 2 a 3 tomadas
em títulos mais baixos do que os observados na diárias
tireoidite de Hashimoto. A ocorrência de • Em comparação ao PTU, o MMI possibilita a
anticorpos antirreceptores do TSH (TRAb) em obtenção do eutireoidismo de modo mais
pacientes hipertireóideos é altamente específica frequente e mais rápido, além de ser mais bem
para a DG (presentes em 90 a 100% dos casos) tolerado e causar menos hepatotoxicidade,
Exames de imagem devendo-se sempre escolher o MMI como
primeira opção. Duas exceções a essa norma são
• Captação do iodo radioativo nas 24 horas
o primeiro trimestre da gravidez e grave
(RAIU/24 h): se encontra elevada em
intolerância ao MMI
praticamente 100% dos casos de DG, o que
• O mecanismo de ação principal desses fármacos
possibilita facilmente sua diferenciação com os
casos de tireotoxicose secundária à tireoidite é a inibição da síntese de tiroxina (T4) e tri-
iodotironina (T3) dentro das células foliculares.
subaguda linfocítica e tireoidite pós-parto,
situações em que a RAIU/24 h está Além disso, PTU, mas não metimazol, inibe a
caracteristicamente muito baixa ou ausente. conversão periférica de T4 em T3
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Betabloqueadores
• Os betabloqueadores têm como indicação
principal pacientes idosos com tireotoxicose
sintomática e outros pacientes tireotóxicos com
frequência cardíaca de repouso >90 bpm ou
doença cardiovascular coexistente
• Propranolol (40 a 120 mg/dia, em 2 a 3 tomadas)
é a opção mais utilizada
• Os betabloqueadores são geralmente suspensos
após as primeiras 3 ou 4 semanas
Tireoidectomia
• A cirurgia está indicada, sobretudo, nas
seguintes situações: (1) bócios muito volumosos
(>150 g), (2) existência de sintomas
compressivos locais ou nódulos com suspeita de
malignidade após PAAF e (3) opção do paciente
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Diagnóstico Tratamento
• O HiSC caracteriza-se por concentrações séricas • Em pacientes com HiSC exógeno devido ao uso
baixas do TSH, associadas a valores normais de de dose excessiva de L-T4, recomenda-se reduzir
a dose da medicação e manter os níveis de TSH
T4L e T3 (ou T3 livre). A dosagem do T3 (ou T3
livre) é obrigatória para excluir a possibilidade de nos níveis-alvo de acordo com a faixa etária
tireotoxicose por T3 • Em pacientes tireoidectomizados em
• Um painel de consenso recomendou a utilização acompanhamento por carcinoma diferenciado
de valores do TSH sérico <0,45 mU/ℓ como valor da tireoide, com indicação de terapia supressiva
de corte para o diagnóstico com L-T4 para manter níveis de TSH <0,1 mU/ℓ
por período longo, o uso de betabloqueador
• Em idosos, a concentração baixa do TSH pode ser
pode ser considerado, particularmente para
fisiológica pela redução da filtração dos
pacientes com sintomas de hiperatividade
hormônios tireoidianos ou por alteração no set
adrenérgica, idade >60 anos, com risco
point hipofisário para secreção do TSH
cardiovascular ou com doença cardiovascular
• O HiSC exógeno e formas transitórias de HiSC
prévia
endógeno – tais como tireoidites subagudas
• Em mulheres na pós-menopausa, sobretudo
(virais ou autoimunes), tireoidite pós-parto,
para aquelas sem reposição estrogênica e DMO
hipertireoidismo transitório gestacional,
diminuída, deve-se realizar monitoramento com
tratamento do hipertireoidismo com 131I etc. –
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Diagnóstico
• Diminuição de todos os hormônios hipofisários,
inclusive na periferia
Tratamento
• Consiste na reposição dos hormônios
fundamentais: eixo tireoidiano e adrenal
• Deve-se começar pelo glicocorticoide até
compensar a paciente antes de realizar a
reposição de T4 para não causar coma
hipoglicêmico por catabolismo acentuado do
cortisol
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Reposição de glicocorticoides
• Administrar hidrocortisona, 100 mg IV
inicialmente, seguidos de 50 mg IV de 4/4 ou 6/6
h, durante 24 h. Depois, reduzir a dose
lentamente nas próximas 72 h, administrando a
medicação a cada 4 ou 6 h IV
• Quando o paciente estiver tolerando alimentos
VO, passar a administrar o glicocorticoide VO e,
se necessário, adicionar fludrocortisona (0,1 mg
VO)
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(LNSC) e a medida do cortisol livre urinário (em entre 3 e 4h da manhã, alcançando pico entre 7
amostra de 24 horas) e 9h, quando, a partir daí, caem ao longo do
resto do dia. Os valores do cortisol sérico e
Testes de supressão com doses baixas de salivar espelham tal fato, sendo os níveis mais
dexametasona altos das 8 às 9h da manhã, e seu nadir em torno
• Estes testes visam demonstrar a perda da da meia-noite, na ausência de estresse
inibição por retroalimentação (feedback) do • Esse ritmo circadiano está alterado em pacientes
cortisol normal sobre o eixo HHA, tipicamente com síndrome de Cushing, e foi relatado que a
observada na síndrome de Cushing elevação do cortisol ao final da noite é
• Dois tipos de testes são mais empregados: considerada o mais precoce e mais sensível
supressão noturna com 1 mg de dexametasona marcador da enfermidade
(1 mg-DST) e administração de 2 mg (0,5 mg a • Essa diferença de comportamento dos níveis do
cada 6 horas) durante 48 horas (2 mg-DST), cortisol forma a base para a medida do cortisol
denominado no passado de teste de Liddle 1 sérico à meia-noite e do cortisol salivar (CSa)
Teste da supressão noturna pela dexametasona entre 23h e meia-noite
• Administra-se 1 mg de dexametasona (DMS) às • O CSa deve ser coletado entre 23h e meia-noite.
23h por via oral (VO), com dosagem do cortisol Existem várias maneiras de se coletar o cortisol
sérico (CS) na manhã seguinte às 8h salivar. Uma das mais acessíveis é a utilização de
• Classicamente, um valor do CS <1,8 μg/dℓ (50 tubos plásticos com algodão específicos para a
nmol/ℓ) descarta o hipercortisolismo, enquanto coleta de saliva (Salivette®), os quais
um valor >5 μg/dℓ (138 nmol/ℓ) é altamente possibilitam uma coleta fácil e limpa
sugestivo • Níveis de cortisol salivar ao final da noite (LNSC
>350 ng/dℓ [> 12,7 nmol/ℓ]), o diagnóstico de SC
Teste de supressão com 2 mg de dexametasona parece ser bastante provável
• Administra-se 0,5 mg de DMS a cada 6 horas (às • Por outro lado, valores < 150 ng/dℓ (< 5,4
9h, 15h, 21h e 3h) durante 48 horas. O sangue é nmol/ℓ) tornariam improvável esse diagnóstico
coletado para dosagem do CS antes e depois de • Outros autores adotam valores do LNSC >2 vezes
24 e 48 horas (6 horas após a última tomada de o LSN como indicativos de SC
DMS)
• Em indivíduos normais, o valor do cortisol sérico Definição da etiologia do hipercortisolismo
deve cair para menos de 1,8 μg/dℓ (50 nmol/ℓ) • Após a confirmação da síndrome de Cushing, o
após 24 e/ou 48 horas. Valores maiores são próximo passo é, na vigência de
bastante indicativos de SC hipercortisolemia, medir o ACTH plasmático
• O valor normal do ACTH plasmático é de até 46
Dosagem do cortisol livre urinário pg/mℓ, com o ensaio imunométrico
• Obtém-se a dosagem do cortisol livre urinário quimioluminescente. Tipicamente, entre 8h e 9h
(UFC) analisando-se uma amostra urinária de 24 da manhã, o ACTH se encontra suprimido (<10
horas, em que é incluída a segunda micção do pg/mℓ) nos tumores adrenais, elevado na SAE e
dia em que a coleta é iniciada até a primeira do normal (em, aproximadamente, 50% dos casos)
dia seguinte ou modestamente elevado na doença de
• Valores excedendo em quatro vezes o limite Cushing
superior da normalidade (LSN) praticamente • Níveis de ACTH >20 pg/mℓ (4 pmol/ℓ) indicam,
apenas ocorrem na SC confiavelmente, uma causa ACTH-dependente
Dosagem do cortisol salivar no final da noite • Diante da detecção de um ACTH <10 pg/mℓ (em,
• A secreção do cortisol é caracterizada por uma pelo menos, duas ocasiões), indicativo de
ritmicidade circadiana. Em indivíduos saudáveis hipercortisolismo de origem adrenal, deve-se
com estáveis ciclos sono–vigília convencionais, fazer avaliação por imagem das adrenais, por
os níveis plasmáticos de ACTH começam a subir meio de tomografia computadorizada (TC)
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Manifestações clínicas
• A principal é a hipertensão arterial, geralmente
grave e refratária
• Curiosamente, ao contrário do que seria
esperado, tais pacientes NÃO costumam
apresentar edema periférico, pois após a
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Exame físico
• Sopro cardíaco: novos sopros ou mudanças de
sopros prévios, principalmente no quadro agudo
• Hepatoesplenomegalia, principalmente na
forma subaguda
• Fenômenos embólicos: petéquias, nódulos de
Osler, lesões de Janeway, hemorragia
intracraniana, manchas de Splinter (hemorragias Definições da endocardite infecciosa
subungueais)
o Lesões de Janeway: lesões hemorrágicas
maculares ou nodulares nas regiões
palmares ou plantares (indolores)
o Nódulos de Osler: lesões nodulares
dolorosas nas palmas das mãos e plantas
dos pés (dolorosos)
• Fenômenos imunológicos: poliartralgia,
manchas de Roth (hemorragias retinianas com
palidez central), glomerulonefrite, nódulos de
Osler
• Sinais de insuficiência cardíaca
Exames complementares
• Exames laboratoriais de rotina: hemograma
completo (leucocitose e desvio à esquerda),
ureia, creatinina, glicose, eletrólitos,
coagulograma, proteína C-reativa e velocidade
de hemossedimentação
• Devem ser solicitadas três amostras de
hemoculturas puncionadas em veia periférica de
locais diferentes, com intervalo de
preferencialmente 60 minutos entre elas e antes
do início dos antibióticos
• A análise da urina pode mostrar hematúria,
proteinúria e até mesmo piúria causada pelas
370
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento clínico
• O tratamento medicamentoso com antibióticos
deve ser direcionado para o microrganismo
responsável pela infecção e encontrado na
hemocultura; todavia, quando a situação clínica
demanda um início de terapia imediato, antes do
isolamento do agente, esta deve ser direcionada
para os germes mais prováveis e prevalentes
• O sucesso do tratamento da EI depende da
instituição precoce e adequada do antibiótico,
cujo principal objetivo é erradicar os
microrganismos contidos na vegetação. Estes,
por sua vez, multiplicam-se bastante, tornam-se
metabolicamente dormentes e são difíceis de
erradicar. Por esses motivos, sugere-se que o
tratamento ideal da EI seja por meio de
antibióticos com atividade bactericida ou
combinações de tipos diferentes, em detrimento
ao uso de antimicrobianos com atividade
bacteriostática
• Além disso, a administração endovenosa do
antibiótico permite a obtenção de
concentrações séricas apropriadas, evitando-se
ainda a absorção potencialmente errática da
administração oral Enterococos
• Enterococos são resistentes às cefalosporinas e
Estreptococos
apresentam menor sensibilidade às penicilinas
• A EVN por estreptococos sensíveis é tratada
quando comparados aos estreptococos
habitualmente com a combinação de penicilina
• O tratamento ideal da EI causada por enterococo
ou ceftriaxone e um aminoglicosídeo por duas
requer uma interação bactericida sinérgica entre
um antibiótico direcionado contra a parede
372
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Estafilococos
• Staphylococcus aureus adquiridos na
comunidade são, em sua maioria, produtores de
betalactamase, sendo assim resistentes a
penicilina e a ampicilina; por outro lado, são
sensíveis à oxacilina
• Nos casos de EVN por estafilococos, a associação
de um aminoglicosídeo pode garantir um
benefício adicional de acelerar a erradicação dos
estafilococos no sangue, apesar de não haver
373
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Tratamento empírico
• É apropriada a instituição precoce e empírica de
antibioticoterapia em pacientes com EI suspeita
ou confirmada e em algum dos seguintes
critérios de pior evolução: EI altamente
destrutiva e rapidamente progressiva,
descompensação clínica (sinais de insuficiência
cardíaca) ou instabilidade hemodinâmica
374
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
375
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Como as metas e preferências mudam com o • Todavia, o autorrelato isolado costuuma ser
tempo, tais discussões devem ser consideradas insuficiente em indivíduos com
parte do diálogo continuado comprometimento cognitivo, sendo mister a
• Durante o curso dos cuidados de alguém com combinação do relato do paciente com o do
doença crônica progressiva, como o Alzheimer, é cuidador e a observação clínica direta
imperativo que as discussões ocorram • Escalas de descrição verbal, o termômetro da
precocemente dor ou Escalas Faciais de Dor podem ser usadas
• Dar notícias ruins, como uma doença com risco como aJternativas às escalas numéricas verbais
de morte ou falta de opção de tratamentos ou escalas análogas visuais, as quais podem ser
eficazes, pode ser difícil. Ao dar essas notícias, o difíceis de usar em indivíduos com estado
modelo SPIKES (organização, percepção, cognitivo diminuído
convite, conhecimento, empatia, resumo e • Sinais, observacionais de desconforto podem
estratégia) fornece uma estrutura para se incluir alterações na expressão facial.
preparar para conversas difíceis vocalizações, movimentos corporais, interações
o Organização (Setup): encontrar espaço sociais, padrões de atividade e estado mental
privado, preparar-se para algumas • O paraectamol deve ser considerado a terapia de
perguntas difíceis e emoções que primeira linha para dor leve, embora se deva ter
possam surgir no encontro o cuidado de não exceder a dose diára total de 3
o Percepção: começar perguntando o que gramas
paciente/família já sabem ou o que eles • Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
acham que está acontecendo geralmente devem ser usados com cuidado em
o Convite (Invitation): explorar quanta idosos devido ao alto risco de efeitos colaterais,
informação o paciente/família precisa e como insuficiência renal, irritação gastrintestinal
deseja e piora da insuficiência cardíaca
o Conhecimento (Knowledge): apresentar • Os opioides são usados primariamente para dor
os fatos da situação em linguagem clara moderada a grave, embora terapias não
e de fácil compreensão e discutir fatos opioides como corticoides, anti-epilépticos,
desconhecidos antidepressivos e agentes tópicos como
o Empatia: reconhecer que essas são adesivos de capsaicina e lidocaína permaneçam
notícias difíceis de aceitar importantes terapias adjuntas de controle da
o Resumo e estratégia (Sumarize and dor
Strategize): revisar o que foi discutido, o A meperidina deve ser evitada em todos
incluindo qualquer decisão que foi os idosos, pois seus metabólitos
tomada, e falar sobre os próximos frcquentementc levam a efeitos
passos adversos neuroexcitatórios, como
delirium
Cuidados paliativos em ambientes de cuidado o Além disso, a morfina e a codeína devem
de longo prazo ser evitadas em pacientes que têm
Manejo dos sintomas história de insuficiência renal
Dor o Opioidcs de ação prolongada, como a
• A avaliação da dor em idosos começa com o morfina de liberação prolongada ou
relato do paciente. adesivos de fentanil transdérmico, são
• A história do paciente é o “padrão-ouro” para a úteis quando a dor é persistente para
avaliação e deve ser tentada em todos os garantir alívio contínuo da dor durante
pacientes independentemente do estado todo o dia, com um opioide adicional de
cognitivo, uma vez que aqueles com demência curta ação e liberação imediata para
moderada a grave podem ser capazes de fornecer alívio imediato da dor, quando
comunicar a presença e a gravidade da dor ncassário
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Demência avançada
• Muitos indivíduos com demência avançada irão
desenvolver dificuldades alimentares.
Infelizmente, as preferências do paciente em
relação à nutrição e hidratação artificial em geral
não são documentadas até que seja muito tarde
para se ter essa discussão. Os membros da
familia são então confrontados a decisão de
administrar alimentos e líquidos por uma sonda
de gastrostomia endoscópica percutânea (GEP),
frequentemente durante uma hospitalização
por pneumonia
378
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Epidemiologia
• O delirium é um transtorno comum, sendo que
grande parte da incidência e dos índices de
prevalência é relatada em idosos
• Ele é relatado em 5 a 10% dos pacientes idosos
atendidos em pronto-socorro
• Entre os pacientes sem o problema no momento
da hospitalização, 5 a 30% acusaram sua
incidência subsequente durante a internação
• Relatou-se delirium em 10 a 15% dos pacientes
cirúrgicos do público em geral, 30% dos
pacientes em cirurgia cardíaca aberta e mais de
50% daqueles tratados para fratura do quadril
• Ele ocorre em 70 a 87% dos pacientes em
unidade de tratamento intensivo e em até 83%
de todos os pacientes em cuidados de fim de
vida
• Estima-se que 21% dos pacientes com
queimaduras graves e de 30 a 40% daqueles com
aids tenham episódios de delirium quando são
hospitalizados
379
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Etiologia
• As principais causas de delirium são doenças do
SNC (p. ex., epilepsia), doença sistêmica (p. ex.,
falência cardíaca) e intoxicação ou abstinência
de agentes farmacológicos ou tóxicos
380
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Prejuízo nos outros domínios do funcionamento o Febre: sepse, crise tireoidiana, vasculite
cognitivo, que pode se manifestar como • Pressão arterial
desorientação (em especial quanto a tempo e o Hipotensão: choque, hipotireoidismo,
espaço) e diminuição da memória doença de Addison
• Início relativamente rápido (de horas a dias) o Hipertensão: encefalopatia, massa
• Curta duração (em geral de dias a semanas) intracraniana
• Oscilações acentuadas e imprevisíveis quanto a • Respiração
gravidade e outras manifestações clínicas no o Taquipneia: diabetes, pneumonia,
decorrer do dia, às vezes piores à noite insuficiência cardíaca, febre, acidose
(confusão noturna), e que podem variar de (metabólica)
períodos de lucidez a prejuízo cognitivo e o Superficial: intoxicação por álcool ou
desorganização graves outra substância
• Características clínicas associadas costumam • Pescoço
estar presentes e podem ser proeminentes. Elas o Evidência de rigidez nucal: meningite,
podem incluir desorganização de processos de hemorragia subaracnoide
pensamento (desde tangencialidade leve até • Coração
incoerência manifesta), perturbações da o Arritmia: débito cardíaco inadequado,
percepção, como ilusões e alucinações, possibilidade de êmbolos
hiperatividade e hipoatividade psicomotora, o Cardiomegalia: IC, doença hipertensiva
distúrbio do ciclo de sono-vigília • Pulmões
(frequentemente manifestado como sono o Congestão: insuficiência pulmonar
fragmentado à noite, com ou sem sonolência primária, edema pulmonar, pneumonia
diurna), alterações do humor (desde • Hálito
irritabilidade sutil até disforia, ansiedade ou o Cetótico: diabetes
mesmo euforia evidentes) e outras • Fígado
manifestações de função neurológica alterada o Inchaço: cirrose, falência hepática
(p. ex., hiperatividade ou instabilidade • Sistema nervoso
autonômica, espasmos mioclônicos e disartria) o Assimetria com sinais de Babinski: lesão
expansiva, doença cerebrovascular,
Exame físico demência preexistente
• Um exame do estado mental – como o o Reflexo do focinho: massa frontal,
Miniexame do Estado Mental, o exame do oclusão da artéria cerebral posterior
estado mental ou sinais neurológicos – pode ser bilateral
usado para documentar o prejuízo cognitivo e o Fraqueza no olhar lateral: aumento da
fornecer um parâmetro para medir o curso pressão intracraniana
clínico do paciente. o Assimétrica: lesão expansiva, doença
• A presença de uma doença física conhecida ou cerebrovascular
uma história de lesão cerebral traumática ou o Hiperatividade: ansiedade, delirium
dependência de álcool ou de outra substância
aumenta a probabilidade do diagnóstico Exames complementares
• EEG: no delirium, o EEG em geral mostra uma
Exame sistemático
lentidão generalizada de atividade e pode ser útil
• Pulso
para diferenciar delirium de depressão ou
o Bradicardia: hipotireoidismo, síndrome
psicose. O EEG de um paciente delirante às vezes
de Stokes-Adams, aumento da pressão
mostra áreas focais de hiperatividade.
intracraniana
o Taquicardia: hipertireoidismo, infecção,
insuficiência cardíaca
• Temperatura:
381
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Curso e prognóstico
• Embora o início de delirium costume ser
repentino, sintomas prodrômicos (p. ex.,
inquietação e medo) podem ocorrer nos dias
que antecedem o início de sintomas mais
desenvolvidos. Os sintomas da perturbação
costumam persistir enquanto os fatores causais
relevantes estiverem presentes, embora o
delirium em geral dure menos de uma semana
• Após a identificação e a remoção dos fatores
causais, os sintomas normalmente retrocedem
ao longo de um período de 3 a 7 dias, ainda que
Diagnóstico diferencial alguns possam levar até duas semanas para se
resolverem por completo
Delirium versus demência
• Quanto mais velho o paciente e maior o tempo
em que permaneceu delirante, mais tempo leva
para que o transtorno se dissipe
• Lembranças do que ocorreu durante um
delirium, após seu fim, costumam ser
irregulares; o paciente pode se referir ao
episódio como um sonho ruim ou um pesadelo
mal lembrado
Tratamento
• Quando a condição subjacente é toxicidade
anticolinérgica, pode ser indicado o uso de
salicilato de fisostigmina, de 1 a 2 mg por via
intravenosa ou intramuscular, com repetição da
dose em 15 a 30 minutos
• Outro objetivo importante do tratamento é
fornecer apoio físico, sensorial e ambiental. O
Delirium versus esquizofrenia ou depressão apoio físico é necessário para que o paciente
• Alguns pacientes com transtornos psicóticos, em delirante não se veja em situações nas quais haja
geral esquizofrenia ou episódios maníacos, risco de acidentes. A pessoa com delirium não
podem apresentar períodos de comportamento deve ter privação sensorial nem estímulo
extremamente desorganizado, de difícil demasiado do ambiente. Normalmente, ela se
distinção. De modo geral, no entanto, as beneficia da presença de um amigo ou parente
alucinações e os delírios de indivíduos com no quarto ou de um cuidador regular. Imagens e
esquizofrenia são mais constantes e mais bem decorações familiares, a presença de um relógio
organizados do que os daqueles com delirium. O ou calendário e orientações regulares quanto a
paciente com esquizofrenia costuma não pessoa, lugar e tempo podem ajudá-la a ficar
mais à vontade
382
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Farmacoterapia
• Os dois principais sintomas de delirium que
podem exigir tratamento farmacológico são
psicose e insônia
• Um fármaco de uso comum para psicose é
haloperidol (antipsicótico). Dependendo da
idade, do peso e da condição física do indivíduo,
a dose inicial pode variar de 2 a 6 mg por via
intramuscular, repetidos em 1 hora se ele
continuar agitado. Assim que o paciente se
acalmar, deve-se iniciar a medicação na forma
líquida concentrada ou em comprimidos. Duas
doses orais diárias devem ser suficientes, sendo
que dois terços da dose devem ser
administrados na hora de dormir. Para obter o
mesmo efeito terapêutico, a dose oral deve ser
cerca de 1,5 vez a dose parenteral. A dose
máxima é de 30 mg, mas é importante se manter
atento aos sintomas extrapiramidais, devendo-
se utilizar doses intermediárias
• O melhor tratamento para insônia é o uso de
benzodiazepínicos com meias-vidas curtas ou
intermediárias (p. ex., lorazepam 1 a 2 mg na
hora de dormir). Benzodiazepínicos com meias-
vidas longas e barbitúricos devem ser evitados, a
menos que façam parte do tratamento para o
transtorno subjacente (p. ex., abstinência de
álcool)
• Se o delirium for causado por dor grave ou
dispneia, um médico não deve hesitar em
prescrever opioides tanto por seus efeitos
analgésicos quanto sedativos
383
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Mini exame do estado mental se o paciente foi incapaz de repetir as três palavras.
Importante salientar que as palavras devem ser todas
Trata-se de um teste breve de rastreio cognitivo para
ditas antes da repetição do paciente, ou seja, não é uma
identificação de demência. A pontuação máxima é de 30
por uma. Saliente também que ele deverá lembra-las
pontos que pode ser influenciada pela escolaridade do
para um momento posterior
indivíduo. O impacto da escolaridade em nosso meio,
verificado por estudos recentes, mostrou as seguintes • Árvore
notas de corte padrão recomendadas: • Mesa
• Analfabetos: 13 pontos • Cachorro
• Indivíduos com baixa/média escolaridade: 18 Atenção e cálculo
pontos Para os cálculos, mesmo que o paciente erre uma conta
• Alta escolaridade: 26 pontos intermediária, considere os resultados corretos. Porém,
Os itens avaliados pelo MEEM são: orientação; memória se ao subtrair 7 do resultado errado, ele der uma
imediata; atenção e cálculo; memória de evocação e resposta correta, só considere a errada. Dê um ponto
linguagem. para cada resposta correta
• 100-7=93
Aplicação
• 93-7=86
• O paciente deve ser deixado à vontade, e não
deve sentir-se julgado • 86-7=79
• 79-7=72
• Os eventuais erros cometidos por ele durante a
prova não devem ser corrigidos, pois esta • 72-7=65
correção poderá inibi-lo Caso o paciente não conseguir se sair bem nesta prova,
peça a ele que soletre a palavra “mundo” de trás para
Orientação
frente
Temporal
Faça as perguntas referentes à orientação e pontue com Memória recente
1 ponto cada resposta correta e 0 ponto cada resposta Neste item se avalia memória recente (secundária), que
incorreta ou não respondida dura de minutos a semanas ou meses. Para testá-la,
pedir para o paciente repetir aquelas três palavras ditas
• Dia da semana
anteriormente. Anotar um ponto para cada palavra
• Dia do mês correta
• Mês
• Ano • Árvore
• Hora aproximada • Mesa
• Cachorro
Espacial
• Onde estamos? (consultório, hospital, Linguagem
residência) Avalia-se a fala espontânea, a compreensão oral, a
• Em que lugar estamos? (andar, sala, cozinha) repetição, a nomeação, a leitura e a escrita
• Em que bairro estamos?
Nomeação
• Em que cidade estamos?
Neste item avalia-se capacidades de nomeação,
• Em que estado estamos?
compreensão e entendimento do paciente (afasia
Memória imediata nominativa ou, na verdade, agnosia visual). Solicita-se,
Pergunta do tipo “posso testar sua memória?”, permite então, para o paciente normar os objetos apontados,
que a entrevista ocorra mais informalmente deixando o atribuindo-se 1 ponto para cada acerto. Permite-se 10
paciente tranquilo segundos para cada um
Repetição
Avalia-se a discriminação auditiva, a memória imediata e
a atenção. Solicita-se para o paciente repetir uma frase
pré estabelecida, lembrando que não deve ser pausada
em cada trecho para o paciente e, sim, dita por
completo. Atribui-se 1 ponto
Comando verbal
Neste item é possível avaliar principalmente a
compreensão oral do paciente, devendo-se sempre
excluir hipoacusia. Também se testam a memória
imediata, a praxia, a coordenação e a motricidade.
Atribui-se 1 ponto para cada um dos itens: pegar o papel,
dobrá-lo, colocá-lo no chão
Leitura
O paciente deve realizar o que está no comando escrito
apresentado, atribuindo-se 1 ponto para a realização
correta
• “Feche os olhos”
Escrita
Pedir ao entrevistado que escreva uma frase em um
papel em branco. “O Sr (a) poderia escrever uma frase
completa de sua escolha?” Contar um ponto se a frase
tem sujeito, verbo e predicado, sem levar em conta erros
de ortografia ou de sintaxe). Se o entrevistado não fizer
corretamente, perguntar-lhe: “Isto é uma frase?” e
permitir-lhe corrigir se tiver consciência de seu erro.
(máximo de trinta segundos)
Cópia do desenho
Neste item avalia-se a orientação vísuo-espacial,
programação motora e a praxia construtiva. Para que a
cópia do desenho seja considerada correta, é preciso que
sejam feitos os 10 lados e, portanto, 10 ângulos.
Também é importante que as figuras apareçam
intersectadas
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
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Bronquiectasia
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Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Pneumoconioses
Doenças do parênquima pulmonar induzida por poeiras
ou partículas: sílica, asbesto, carvão, berílio, metal duro,
poeira mista, silicatos diversos.
Silicose
Encontrada na mineração, cerâmica, refino de pedras,
marmorarias, perfuração de poções, fabricação de vidros
e jateamento de areia. Maior risco de tuberculose Silicose
Anamnese
• Questionar história de exposição ocupacional e
ambiental do paciente aos compostos
causadores (sílica – silicose, asbesto – asbestose, Asbestose
carvão – antracose, ferro – siderose, berílio –
beriliose) Tratamento
• Podem ser assintomáticos por longo período • Afastamento do agente causal
• Sintomas comuns: dispneia progressiva, tosse, • Tratamento de infecções intercorrentes
estertores crepitantes e sibilos • Tratamento de tuberculose, frequentemente
associada
Exames complementares • Tratamento de suporte da insuficiência
• Raio-x de tórax: pode não haver correlação entre respiratória
os achados radiológicos e manifestações • Corticoide em casos selecionados
392
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
Epidemiologia
• No mundo há em torno de 334 milhões de
pessoas com asma. No Brasil, 10-20% da
população é portadora
• Após o surgimento das medicações inalatórias,
houve queda de 49% das internações por asma
no Brasil até 2011
• A mortalidade da asma gira em torno de 8
mortes/dia, no Brasil, por asfixia
• O controle ruim está associado a:
o Maior utilização dos serviços de saúde
o Piora na qualidade de vida
o Absenteísmo escolar e do trabalho. Remodelamento
o Perda de dias trabalhados. • Hiperplasia e hipertrofia da musculatura lisa nas
vias aéreas
Fatores de risco
• Aumento da permeabilidade vascular
• Genética: múltiplos genes envolvidos, por
• Hiperplasia e proliferação de células de Gobet e
exemplo, o ADAM33
das glândulas da submucosa
• Sexo: na infância é mais prevalente em meninos
• Neovascularização brônquica
e, na idade adulta, em mulheres
• Deposição de colágeno subepitelial
• Condições climáticas, poluição atmosférica,
esporos de fungos, pólen, emoções, constipação Suspeita clínica
nasal, infecções virais, tabagismo, alimentos, Os padrões que favorecem o diagnóstico de asma são:
medicamentos (beta bloqueador, AAS, IECA),
ácaros, poeira • Presença de mais de 1 sintoma de asma
393
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
• Sintomas que pioram à noite ou no início da • É compatível com broncoespasmo induzido por
manhã exercício: queda do VEF1 > 10-15% em relação
• Sintomas que variam em intensidade ao longo ao basal
do tempo
Medidas seriadas de pico de fluxo
• Desencadeantes: gripes/resfriados, fumaça,
Medidas pela manhã e à tarde por 2 semanas. São
odores fortes, mudança de tempo, alérgenos
compatíveis com asma:
(ex. pólen, mofo)
• Aumento do PFE > 15% após broncodilatador
Os padrões que reduzem a probabilidade de asma são:
𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑃𝐹𝐸 𝑚𝑎𝑡𝑖𝑛𝑎𝑙−𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑃𝐹𝐸 𝑣𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑡𝑖𝑛𝑜
• > 20%
𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑃𝐹𝐸
• Tosse como sintoma isolado
• Tosse produtiva Prova terapêutica
• Tosse associada a tontura e parestesia de Curso de prednisona de 40 mg/dia por 2 a 4 semanas,
extremidades sendo compatíveis com asma:
• Dor torácica
• Aumento do PFE > 20%
• Estridor inspiratório
• Aumento do VEF1 ≥ 20% e 250 ml
Diagnósticos funcionais
Exames adicionais
Espirometria
Avaliação laboratorial
É realizada pré- e pós-broncodilatador.
• Hemograma, níveis séricos de IgE, nível sérico de
• Distúrbio ventilatório oclusivo vitamina D, PPF e PPD
• Resposta ao broncodilatador
Tomografia de tórax de alta resolução
• Aumento de 200 ml e 7% do previsto no VEF1
• Atenuação em mosaico (áreas mais escuras e
mais claras) decorrente do aprisionamento
aéreo, mais visível em corte realizado durante
expiração
• Brônquios espessados: achado se correlaciona
com gravidade da doença e hiper-reatividade
brônquica
de falsos positivos para rinite, pós infecção viral VEF1 ou PFE ≥80% predito ≥80% predito
60-80% ≤60%
predito predito
Exercício: realizado em bicicleta ergométrica ou esteira. Variação
<20% <20-30% >30% >30%
VEF1 ou PFE
• Medida do VEF1 pré-teste e medidas seriadas a
cada 5 minutos pós-teste (até 30 minutos).
394
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
395
Gabriel Ricci Pupo – Internato 10ª Etapa - Vade Mecum
DPOC
Doença prevenível e tratável, geralmente progressiva, de
limitação persistente do fluxo aéreo, caracterizada por
reação inflamatória crônica no parênquima pulmonar e
nas vias aéreas em resposta a partículas ou gases
nocivos.
Epidemiologia
• Estima-se que 210 milhões de pessoas tenham
DPOC ao redor do mundo
• Prevalência varia de 7,8 a 19,7% na América
Latina
• DPOC tende a ser a terceira maior causa de
morte em todo o mundo até 2020
• Representa grande impacto econômico e social
• Prevalência de 3 a 11% de DPOC em não
tabagistas
• O subdiagnóstico é de 64% por falta de
espirometria
Fatores de risco
• Tabagismo é o principal: narguilé e cigarros
eletrônicos não são seguros
• Exposição ocupacional
• Queima de biomassa: fogão a lenha,
aquecimento de água • Bronquite: com a obstrução por inflamação e
• Genética: deficiência de alfa-1-antitripsina secreção de muco, ocorre decréscimo da
• Idade: pior quando mais cedo inicia-se o ventilação alveolar e aumento do débito
tabagismo ou outra exposição cardíaco, aumentando a circulação rápida em
pulmão pobremente ventilado, que leva à
• Sexo: mulheres são mais suscetíveis aos efeitos
hipercapnia e acidose respiratória, causando
do cigarro (maior queda de VEF1, mais doenças
hipoxemia, vasoconstrição arterial e cor
cardiovasculares, maior dependência)
pulmonale
• Nível socioeconômico
• Enfisema: destruição dos septos alveolares
• Poluição ambiental: material particulado e gases
nocivos
• Hiperresponsividade brônquica
Fisiopatologia
A inflamação sistêmica da DPOC é caracterizada por
aumento de PCR, fibrinogênio, VEGF, TNF alfa,
endotelina 1, IL-6 e proteína surfactante D
Anamnese
• Tosse crônica (seca ou produtiva)
• Dispneia persistente e progressiva
• Sibilância
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• Opressão torácica
• Antecedentes pessoais (exposição) e familiares
• História de exacerbações
Exame físico
• Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax
• Uso de musculatura acessória
• Murmúrio vesicular diminuído
• Sibilos expiratórios
• Aumento do tempo expiratório
• Bulhas cardíacas hipofonéticas
• Casos graves: cianose e sinais de cor pulmonale
(estase jugular, hepatomegalia, edema de
MMII).
Avaliação adicional
Pesquisa de comorbidades e consequências
sistêmicas da DPOC
• Síndrome metabólica
• Doenças cardiovasculares
Raio X
• Osteoporose
Apresenta sinais de hiperinsuflação (pelo menos dois
• Doença do refluxo gastroesofágico
critérios):
• Distúrbios do sono
• Retificação da cúpula diafragmática • Depressão
• Retificação das costelas • Consequências sistêmicas: anemia de doença
• Aumento dos espaços intercostais crônica, fadiga, sarcopenia, emagrecimento
• Coração em gota
Tomografia de tórax
• Aumento da transparência (preto)
Tomografia de baixa dosagem de radiação para
Diagnóstico funcional – espirometria rastreamento de neoplasias de pulmão, anual em
Realizada pré- e pós-broncodilatador. pacientes com:
Vacinação
• Gripe anual
• Pneumocócica: prevenar 13 inicial e após 6
meses e 5 anos pneumo 23
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Diagnóstico laboratorial
• Diagnóstico sorológico
o Técnica Well-Felix
o Técnica de imunofluorescência indireta
o Fixação do complemento,
hemaglutinação indireta, ELISA,
Western-Blotting
• Métodos de detecção diretos
o Isolamento em cultura celular: é o
padrão ouro
o PCR
o Imuno-histoquímica
Tratamento
• Deve ser instituído precocentemente:
idealmente até o 5º dia
• Medidas de suporte quando necessárias
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• O período de incubação varia de 1,4 a 4 dias. O • O diagnostico clínico é caracterizado por febre
pico de carga viral ocorre no dia do início dos com sinal (is) de comprometimento de vias
sintomas e posteriormente evolui com queda aéreas superiores e com pelo menos um sinal de
gradativa comprometimento sistêmico. Os sinais e
sintomas são habitualmente de aparecimento
Influenza B súbito, como:
• Infectam exclusivamente os seres humanos o Comprometimento de vias aéreas
• Os vírus circulantes B podem ser divididos em 2 superiores: rinorreia, dor de garganta,
grupos principais (as linhagens) disfonia (rouquidão) e tosse
o Linhagens B/Yamagata e B/Victoria o Comprometimento sistêmico: mal-
• É visto nas epidemias sazonais estar, calafrios, cefaleia e mialgia
• As queixas respiratórias tornam-se mais
Influenza C
evidentes com a progressão da doença e
• Infectam humanos e suínos
mantem-se, em geral, por três a quatro dias após
• É detectado com muito menos frequência e o desaparecimento da febre. A rouquidão e a
geralmente causa infecções leves. linfadenopatia cervical são mais comuns em
• Apresenta implicações menos significativas de crianças. A tosse, a fadiga e o mal-estar
saúde pública frequentemente persistem pelo período de uma
• Não se relaciona com pandemias a duas semanas
Fisiopatologia Complicações
• O vírus causa injúria direta no epitélio Alguns casos podem evoluir com complicações, sendo as
respiratório. Nas células, ele se replica entre 4 – mais comuns:
6 horas, logo sendo liberado para infectar novas
células • Pneumonia bacteriana
• A infecção se propaga de pequenos focos para • Sinusite
grandes quantidades de células, as quais • Otite
apresentam alterações degenerativas e por fim • Desidratação
sofrem necrose e descamam • Piora de doenças crônicas como insuficiência
• A disseminação termina entre 2 a 5 dias depois cardíaca, asma ou diabetes
do aparecimento dos primeiros sintomas • Pneumonia primária por influenza
• Ocorre liberação de citocinas e mediadores
inflamatórios graças à infecção viral Sinais de agravamento
• Aparecimento de dispneia ou taquipneia ou
Período de contágio hipoxemia (SpO2 < 95%)
• O período de contágio é de cerca de 5 dias para • Persistência ou aumento da febre por mais de
adultos, e começa 1 dias antes do aparecimento três dias ou retorno após 48 horas de período
dos sintomas afebril
• Para crianças, pode se iniciar antes da • Alteração do sensório (confusão mental,
manifestação clínica e permanecer por mais de sonolência, letargia)
10 dias • Hipotensão arterial (PA < 90 e/ou 60 mmHg)
• Em pacientes imunossuprimidos, pode se • Diurese < 400 ml em 24 horas
prolongar por semanas a meses • Exacerbação dos sintomas gastrointestinais em
crianças
Quadro clínico • Desidratação
• Quadro febril (temperatura ≥37,8°C), com a • Exacerbação de doença preexistente (DPOC,
curva térmica usualmente declinando após dois cardiopatia ou outras doenças com repercussão
ou três dias e normalizando em torno do sexto sistêmica)
dia de evolução. A febre geralmente é mais
elevada, persistente e prolongada em crianças
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Exames complementares
Alterações laboratoriais:
• Hemograma (leucocitose, leucopenia ou
neutrofilia)
• Bioquímica do sangue (alterações enzimáticas;
musculares – CPK – e hepáticas – TGO, TGP,
bilirrubinas)
Radiografia de tórax:
• Infiltrado intersticial localizado ou difuso
• Presença de área de condensação
Manejo clínico
• Indicar internação hospitalar
• Realizar avaliação clínica minuciosa, realizar
hidratação venosa, oxigenoterapia se
necessário, e manter monitoramento clínico
• Avaliação inicial: pressão arterial, frequência
cardíaca, frequência respiratória e temperatura
axilar; exame cardiorrespiratório e oximetria de
pulso
• Deve ser estabelecido em prazo de 4 horas a
necessidade de internação em UTI
• Iniciar imediatamente o tratamento com o
fosfato de oseltamivir após a suspeita clínica,
independentemente da coleta de material para
exame laboratorial
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Malária
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Profilaxia
• Campanhas educacionais com intuito de alertar
os grupos ocupacionais de risco sobre o modo de
contágio e as consequências da doença.
Recomenda-se usar roupas especiais, luvas,
botas à prova d’água, lavar e desinfectar
ferimentos, evitar certas atividades
recreacionais em locais com probabilidade de
contaminação, como natação em lagos e
pequenos rios, pescarias e caçadas
• Programas de controle de roedores para impedir
a presença e multiplicação desses animais em
moradias, depósitos, armazéns, terrenos baldios
etc
• Medidas de saneamento como purificação da
água e destino adequado aos esgotos
• Adoção de medidas concretas que evitem as
enchentes durante os períodos de chuvas
• Uso da doxiciclina na dose de 200 mg em dose
única. Pode ser empregado para casos
específicos nos quais o clínico considere o risco
para aquisição da doença elevado
• A imunização de animais domésticos, em
especial os cães. Está disponível e é
recomendada para que os proprietários vacinem
seus animais
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Seguimento clínico
Consulta médica mensais nos 3 primeiros meses de
tratamento
Critérios de cura
• Clínicos: ausência ou regressão dos sinais e
sintomas, podendo haver sequelas devido à
cicatrização e fibrose
• Micológico: negativação
• Radiológico: as imagens tendem a se
transformar em lineares, indicando cicatrização
e fibrose
• Imunológico: negativação ou títulos muito
baixos estáveis (IDD: 1:2 e CIE: 1:4)
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Codeína
• Disponível em comprimido ou solução (puro ou
em associações)
• Apresentação: via oral
o Comprimido: 7,5, 30 ou 60 mg
o Solução: 3 mg/ml
• Posologia: 6/6 horas até 4/4 horas
• Dose teto: 360 mg/dia
• Apresenta efeito antitussígeno
• Efeito constipante e hemético: prescrever
laxante e antiemético
• Metabolização hepática em morfina pelo
citocromo P450
o 7% dos caucasianos e 1-3% dos orientais
não fazem essa metabolização e não
apresentam efeito analgésico
o Não prescrever para pacientes com
insuficiência hepática
Paracetamol
• Disponível em comprimido ou solução Tramadol
• Apresentação via oral • Disponível em comprimido, solução oral e
o Comprimido: 500, 750 e 1000 mg injetável
o Solução: 200 mg/ml • Apresentação: via oral ou parenteral EV/SC
• Posologia: 8/8 horas até 6/6 horas o Comprimido: 50 mg e Retard 100 mg
• Seguro até 4 g para hepatopatas o Solução oral: 100 mg/ml (40 gotas)
• Evitar dose superior a 2 g para idosos o Injetável: 50 e 100 mg
• Posologia: intervalo de 6/6 horas (Retard 12/12
Dipirona
horas)
• Disponível em comprimido, solução e injetável
• Dose teto: 400 mg/dia
• Apresentação: via oral ou parenteral EV
• Melhor biodisponibilidade na forma VO
o Comprimido: 500, 1000 mg
• Comparado com codeína, apresenta menos
o Solução oral: 500 mg/ml
efeitos obtipantes, sem ação antitussígena e é
o Injetável: 500 mg/ml (2 ml)
mais nauseante
• Posologia: 6/6 horas até 4/4 horas
• Interessante de ser utilizado na dor neuropática
• Dose total diária de 4 a 6 g/dia
• Diminui o limiar convulsivo na apresentação EV
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) • Pode causar síndrome serotoninérgica se
• Adjuvantes em dores associadas a processos combinado com ISRS
inflamatórios, como a dor por metástases ósseas
Trocar para morfina
e tumores cutâneos
• Dose equianalgésica: 400 mg de tramadol = 40
• Preferir inibidores seletivos da COX-2 em
mg de morfina VO
pacientes com contraindicações e insucesso aos
• Dor intensa: dobrar a dose
AINEs convencionais
• Dose diária: 80 mg morfina VO
• Devem ser usados por curto prazo
• Dose de resgate: 10 mg de morfina VO (10-15%
• Evitar combinações para uso contínuo
da dose total)
• Se utilizar AINEs convencionais, avaliar
• Prescrição:
associação com IBP
o Morfina 15 mg VO de 4/4 horas (total
diária de 90 mg)
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o Resgate de morfina: 10 mg VO até 1/1 • Equivalência: 1,5-2 vezes mais potente que
hora morfina VO
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• Os pacientes devem ser instruídos acerca da 50 anos de idade, 400 UI para aqueles com 50 a
segurança ambiental no que concerne à 70 anos, e 600 UI para aqueles com > 70 anos
eliminação de fios elétricos expostos, cordas das • Alguns dados sugerem que podem ser
cortinas, capachos escorregadiços e mesas necessárias doses mais altas (≥ 1.000 UI) nos
móveis. Evitar o apoio dos pés descalços sobre idosos e em pacientes com doenças crônicas
assoalhos de madeira, checar as condições dos • Para indivíduos com osteoporose ou para
tapetes (em particular nas escadas) e aqueles que correm risco de osteoporose, o uso
proporcionar boa iluminação nos trajetos para de 1.000 a 2.000 UI/dia em geral consegue
os banheiros e para fora da casa são medidas manter níveis séricos de 25(OH)D acima de 30
preventivas importantes ng/mL
• Recomenda-se o tratamento para uma visão
inadequada, a qual representa um problema Terapias farmacológicas
particularmente com a percepção da Estrogênios
profundidade, que está associada • Reduzem a renovação óssea, previnem a perda
principalmente a maior risco de quedas. Os óssea e induzem pequenos aumentos na massa
pacientes idosos com deficiências neurológicas óssea da colunavertebral, do quadril e do corpo
(p. ex., acidente vascular encefálico, doença de como um todo
Parkinson, doença de Alzheimer) correm um • Dose de estrogênio: para os estrogênios orais, as
risco particularmente alto de cair e necessitam doses convencionais recomendadas são de 0,3
de supervisão e assistência especializadas mg/dia para os estrogênios esterificados, 0,625
mg/dia para os estrogênios equinos conjugados
Recomendações nutricionais e 5 μg/dia para o etinil estradiol. Para o
Cálcio estrogênio transdérmico, a dose usada
• A ingestão adequada de cálcio consiste em: comumente fornece 50 μg de estradiol ao dia
o Crianças pequenas (1-3 anos) 500
mg/dia Progestinas
o Crianças de mais idade (4-8 anos) 800 • Nas mulheres com útero, a progestina diária ou
mg/dia a progestina cíclica pelo menos 12 dias por mês
o Adolescentes e adultos jovens (9-18 são prescritas em combinação com os
anos) 1.300 mg/dia estrogênios, com a finalidade de reduzir o risco
o Homens e mulheres (19-50 anos) 1.000 de câncer uterino. O acetato de
mg dia medroxiprogesterona e o acetato de
o Homens e mulheres (51 anos e de mais noretindrona enfraquecem a resposta da
idade) 1.200 mg/dia lipoproteína de alta densidade ao estrogênio
• Se houver necessidade de um suplemento de • No tecido mamário, as progestinas podem
cálcio, deve ser fornecido em doses suficientes aumentar o risco de câncer de mama
para complementar a ingestão dietética e obter Moduladores seletivos da resposta ao estrogênio
um aporte total no nível desejado (1.000-1.200
(SERMs)
mg/dia). As doses de suplementos devem ser ≤
• Dois SERMs são usados atualmente em mulheres
600 mg de cada vez, visto que a fração de
na pós-menopausa: o raloxifeno, aprovado para
absorção do cálcio diminui com doses mais altas
a prevenção e o tratamento da osteoporose,
Vitamina D bem como para a prevenção do câncer de
• A vitamina D é sintetizada na pele sob a mama, e o tamoxifeno, aprovado para a
influência do calor e da luz ultravioleta. No prevenção e o tratamento do câncer de mama
entanto, grandes segmentos da população não (e, em menor proporção, no tratamento da
obtêm uma quantidade suficiente de vitamina D, osteoporose)
necessitando de suplementação. Recomenda-se • O raloxifeno aumenta o risco de trombose
um aporte diário de 200 UI para adultos com < venosa profunda e pode aumentar o risco de
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morte por acidente vascular encefálico entre • Quando a teriparatida está sendo aventada para
mulheres idosas. Por conseguinte, seu uso em pacientes que não receberam qualquer
geral não é recomendado em mulheres com tratamento prévio, deve ser administrada
mais de 70 anos de idade preferencialmente como monoterapia e seguida
de um agente antirreabsortivo, como um
Bisfosfonatos bisfosfonato. Se o tratamento com teriparatida
• O alendronato, o risedronato, o ibandronato e o não for seguido de agente antirreabsortivo, o
ácido zoledrônico foram aprovados para a osso adquirido é rapidamente perdido
prevenção e o tratamento da osteoporose pós-
menopausa. A alendronato, o risedronato e o Ranelato de estrôncio
ácido zoledrônico também foram aprovados • Aumenta a massa óssea em todo o esqueleto e
para o tratamento da osteoporose induzida por rediz o risco de fraturas vertebrais e não
esteroides, enquanto o risedronato e o ácido vertebrais
zoledrônico foram aprovados para a prevenção • O estrôncio é incorporado na hidroxiapatita,
da osteoporose induzida por esteroides substituindo o cálcio, característica essa que
• O alendronato, o risedronato e o ácido poderia explicar alguns de seus benefícios
zoledrônico estão aprovados para o tratamento relacionados com as fraturas
da osteoporose em homens
• Mostrou-se que o alendronato reduz a
renovação óssea e aumenta a massa óssea
• Dose do alendronato: a dose de 10 mg/dia está
aprovada para o tratamento da osteoporose,
enquanto a dose de 5 mg/dia é usada para
prevenção. A administração, todavia, ocorre
semanalmente, com 70 mg/semana. O
alendronato deve ser administrado com um
copo cheio de água antes do desjejum, pois os
bisfosfonatos são precariamente absorvidos
Denosumabe
• Administrado duas vezes por ano por via
subcutânea (SC) em mulheres na pós-
menopausa com osteoporose, aumenta a DMO
na coluna, no quadril e no antebraço e reduz as
fraturas vertebrais, de quadril
Paratormônio
• O PTH, quando administrado de modo exógeno
como injeção diária, exerce efeitos anabólicos
sobre o osso
• A teriparatida foi aprovada para o tratamento da
osteoporose tanto em homens quanto em
mulheres com alto risco de fraturas
• O tratamento é realizado como uma única
injeção diária administrada por um período
máximo de dois anos. A teriparatida produz
aumentos na massa óssea e medeia os
aprimoramentos arquitetônicos na estrutura
esquelética
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