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Acidentes por animais peçonhentos

◦ São a segunda causa de intoxicação em humanos. Ficando atrás de intoxicação


medicamentosa.

◦ Animais peçonhentos são reconhecidos como aqueles que produzem ou


modificam algum veneno e possuem algum aparato para injetá-lo na sua presa ou
predador.

◦ As serpentes ou ofídicos são popularmente conhecidas no Brasil como“Cobras”,


pertencem à classe Reptilla, ordem Squamata e subordem Serpentes.
◦ No Brasil, existem aproximadamente 442 espécies descritas, 75 gêneros e 10
famílias.
⤷ Apenas duas famílias são consideradas de importância médica, sendo elas
Viperidae que engloba o gênero Bothrops (Jararaca), Crotalus (Cascavel), Lachesis
(surucucu-pico-de-jaca) e família Elapidae com dois gêneros Micrurus e Leptomicrus, I. Acidente Botrópico
conhecidas como corais-verdadeiras. ◦ Acidente ofídico de maior importância epidemiológica no país, pois é responsável
◦ Os acidentes em geral acontecem na mata, no roçado, em quitais de chácaras e por cerca de 90% dos envenenamentos.
sítios, terreno baldios e na periferias. Na maioria dos ambientes, é característica a  Ações do veneno
ocorrência sazonal, associada a períodos de calor e umidade. ◦ Ação proteolítica → As lesões locais, como edema, bolhas e necrose, atribuídas
 Características dos gêneros de serpentes peçonhentas no Brasil inicialmente à “ação proteolítica”, possivelmente decorrem da atividade de
◦ Fosseta loreal presente → é um orifício situado entre o olho e a narina, daí a proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de mediadores da resposta
denominação popular de “serpente de quatro ventas”. Indica com segurança que inflamatória, da ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e da ação pró-
a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros coagulante do veneno.
⤷ Bothrops, Crotalus e Lachesis. Todas as serpentes destes gêneros são providas de ◦ Ação coagulante → A maioria dos venenos botrópicos ativa, de modo isolado ou
dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do simultâneo, o fator X e a protrombina. Possui também ação semelhante à trombina,
maxilar. convertendo o fibrinogênio em fibrina. Essas ações produzem distúrbios da
⤷ As serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e possuem dentes coagulação, caracterizados por consumo dos seus fatores, geração de produtos de
inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca. degradação de fibrina e fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade
sangüínea. Este quadro é semelhante ao da coagulação intravascular disseminada. * Manifestações sistêmicas como hipotensão arterial, choque, oligoanúria ou
Os venenos botrópicos podem também levar a alterações da função plaquetária bem hemorragias intensas definem o caso como grave, independentemente do quadro
como plaquetopenia. local.
◦ Ação hemorrágica → As manifestações hemorrágicas são decorrentes da ação das  Complicações
hemorraginas que provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à I. Locais
plaquetopenia e alterações da coagulação. a. Síndrome Compartimental: é rara, caracteriza casos graves, sendo de difícil
 Quadro clínico manejo. Decorre da compressão do feixe vásculo-nervoso consequente ao
I. Manifestações locais → São caracterizadas pela dor e edema endurado no local grande edema que se desenvolve no membro atingido, produzindo isquemia de
da picada, de intensidade variável e, em geral, de instalação precoce e caráter extremidades. As manifestações mais importantes são a dor intensa, parestesia,
progressivo. Equimoses e sangramentos no ponto da picada são frequentes. diminuição da temperatura do segmento distal, cianose e déficit motor.
Infartamento ganglionar e bolhas podem aparecer na evolução, b. Abscesso: sua ocorrência tem variado de 10 a 20%. A ação “proteolítica” do
acompanhados ou não de necrose. veneno botrópico favorece o aparecimento de infecções locais. Os germes
II. Manifestações sistêmicas →Além de sangramentos em ferimentos cutâneos patogênicos podem provir da boca do animal, da pele do acidentado ou do uso
preexistentes, podem ser observadas hemorragias à distância como de contaminantes sobre o ferimento. As bactérias isoladas desses abscessos são
gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria. Em gestantes, há risco de bacilos Gram-negativos, anaeróbios e, mais raramente, cocos Gram-positivos.
hemorragia uterina. Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão c. Necrose: é devida principalmente à ação “proteolítica” do veneno, associada
arterial e, mais raramente, choque. à isquemia local decorrente de lesão vascular e de outros fatores como infecção,
⤷ São classificados em: trombose arterial, síndrome de compartimento ou uso indevido de torniquetes.
a. Leve: forma mais comum do envenenamento, caracterizada por dor e edema O risco é maior nas picadas em extremidades (dedos) podendo evoluir para
local pouco intenso ou ausente, manifestações hemorrágicas discretas ou gangrena.
ausentes, com ou sem alteração do Tempo de Coagulação. Os acidentes II. Sistêmicas
causados por filhotes de Bothrops (< 40 cm de comprimento) podem apresentar a. Choque: é raro e aparece nos casos graves. Sua patogênese é multifatorial,
como único elemento de diagnóstico alteração do tempo de coagulação. podendo decorrer da liberação de substâncias vasoativas, do sequestro de
b. Moderado: caracterizado por dor e edema evidente que ultrapassa o segmento líquido na área do edema e de perdas por hemorragias.
anatômico picado, acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais ou b. Insuficiência Renal Aguda (IRA): também de patogênese multifatorial, pode
sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e hermatúria. decorrer da ação direta do veneno sobre os rins, isquemia renal secundária à
c. Grave: caracterizado por edema local endurado intenso e extenso, podendo deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou hipotensão arterial e
atingir todo o membro picado, geralmente acompanhado de dor intensa e, choque.
eventualmente com presença de bolhas. Em decorrência do edema, podem  Exames complementares
aparecer sinais de isquemia local devido à compressão dos feixes vásculo- ◦ Tempo de Coagulação (TC): de fácil execução, sua determinação é importante para
nervosos. elucidação diagnóstica e para o acompanhamento dos casos.
◦ Hemograma: geralmente revela leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, ◦ Se necessário, indicar transfusão de sangue, plasma fresco congelado ou
hemossedimentação elevada nas primeiras horas do acidente e plaquetopenia de crioprecipitado.
intensidade variável. ◦ O debridamento de áreas necrosadas delimitadas e a drenagem de abscessos
◦ Exame sumário de urina: pode haver proteinúria, hemafúria e leucocitúria. devem ser efetuados.
◦ Outros exames laboratoriais: poderão ser solicitados, dependendo da evolução ◦ A necessidade de cirurgia reparadora deve ser considerada nas perdas extensas de
clínica do paciente, com especial atenção aos eletrólitos, uréia e creatinina, visando tecidos e todos os esforços devem ser feitos no sentido de se preservar o segmento
à possibilidade de detecção da insuficiência renal aguda. acometido.
◦ Métodos de imunodiagnóstico: antígenos do veneno botrópico podem ser II. Acidente Crotálico
detectados no sangue ou outros líquidos corporais por meio da técnica de ELISA.  Ações do veneno
 Tratamento ◦ Ação neurotóxica → Produzida principalmente pela fração crotoxina, uma
I. Específico neurotoxina de ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a
◦ Administração, o mais precocemente possível, do soro antibotrópico (SAB) por via liberação de acetilcolina. Esta inibição é o principal fator responsável pelo bloqueio
intravenosa e, na falta deste, das associações antibotrópico-crotálica (SABC) ou neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos pacientes.
antibotrópicolaquética (SABL). ◦ Ação miotóxica → Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise)
◦ Se o TC permanecer alterado 24 horas após a soroterapia, está indicada dose com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente
adicional de duas ampolas de antiveneno. excretadas pela urina. Não está identificada a fração do veneno que produz esse
II. Geral efeito miotóxico sistêmico.
a. Manter elevado e estendido o segmento picado. ◦ Ação coagulante → Decorre de atividade do tipo trombina que converte o
b. Emprego de analgésicos para alívio da dor. fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar à
c. Hidratação: manter o paciente hidratado, com diurese entre 30 a 40 ml/hora incoagulabilidade sanguínea. Geralmente não há redução do número de plaquetas.
no adulto, e 1 a 2 ml/kg/hora na criança. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas.
d. Antibioticoterapia: o uso de antibióticos deverá ser indicado quando houver  Quadro clínico
evidência de infecção. As bactérias isoladas de material proveniente de lesões I. Manifestações locais → São pouco importantes, diferindo dos acidentes
são principalmente Morganella morganii, Escherichia coli, Providentia sp e botrópico e laquético. Não há dor, ou esta pode ser de pequena
Streptococo do grupo D, geralmente sensíveis ao cloranfenicol. Dependendo intensidade. Há parestesia local ou regional, que pode persistir por
da evolução clínica, poderá ser indicada a associação de clindamicina com tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou
aminoglicosídeo. eritema no ponto da picada.
III. Complicações locais II. Manifestações sistêmicas
◦ Diagnóstico de síndrome de compartimento → a fasciotomia não deve ser ⤷ São divididas em:
retardada, desde que as condições de hemostasia do paciente o permitam. a. Gerais: mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou
inquietação e secura da boca podem aparecer precocemente e estar
relacionadas a estímulos de origem diversas, nos quais devem atuar o medo (LDH), aspartase-amino-transferase (AST), aspartase-alanino-transferase (ALT) e
e a tensão emocional desencadeados pelo acidente. aldolase.
b. Neurológicas: decorrem da ação neurotóxica do veneno, surgem nas ⤷ O aumento da CK é precoce, com pico de máxima elevação dentro das primeiras
primeiras horas após a picada, e caracterizam o fácies miastênica (fácies 24 horas após o acidente.
neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, ⤷ O aumento da LDH é mais lento e gradual, constituindo-se, pois, em exame
flacidez da musculatura da face, alteração do diâmetro pupilar, incapacidade laboratorial complementar para diagnóstico tardio do envenenamento crotálico.
de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir ◦ Na fase oligúrica da IRA, são observadas elevação dos níveis de uréia, creatinina,
dificuldade de acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). Como ácido úrico, fósforo, potássio e diminuição da calcemia.
manifestações menos frequentes, pode-se encontrar paralisia velopalatina, ◦ O Tempo de Coagulação (TC) frequentemente está prolongado.
com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do ◦ O hemograma pode mostrar leucocitose, com neutrofilia e desvio à esquerda, às
paladar e olfato. vezes com presença de granulações tóxicas.
c. Musculares: a ação miotóxica provoca dores musculares generalizadas ◦ Urina: o sedimento urinário geralmente é normal quando não há IRA. Pode haver
(mialgias) que podem aparecer precocemente. A fibra muscular esquelética proteinúria discreta, com ausência de hematúria. Há presença de mioglobina, que
lesada libera quantidades variáveis de mioglobina que é excretada pela urina pode ser detectável pelo teste de benzidina ou pelas tiras reagentes para uroanálise
(mioglobinúria), conferindo-lhe uma cor avermelhada ou de tonalidade mais ou por métodos específicos imunoquímicos como imunoeletroforese, imunodifusão
escura, até o marrom. A mioglobinúria constitui a manifestação clínica mais e o teste de aglutinação de mioglobina em látex.
evidente da necrose da musculatura esquelética (rabdomiólise).  Tratamento
d. Distúrbios de coagulação: pode haver incoagulabilidade sanguínea ou I. Específico
aumento do Tempo de Coagulação (TC), em aproximadamente 40% dos ◦ O soro anticrotálico (SAC) deve ser administrado intravenosamente, segundo as
pacientes, observando-se raramente sangramentos restritos às gengivas especificações incluídas no capítulo Soroterapia. A dose varia de acordo com a
(gengivorragia). gravidade do caso, devendo-se ressaltar que a quantidade a ser ministrada à criança
 Complicações é a mesma do adulto. Poderá ser utilizado o soro antibotrópico-crotálico (SABC).
I. Locais → raros pacientes evoluem com parestesias locais duradouras, II. Geral
porém reversíveis após algumas semanas. ◦ A hidratação adequada é de fundamental importância na prevenção da IRA e será
II. Sistêmicas → a principal complicação do acidente crotálico, em nosso satisfatória se o paciente mantiver o fluxo urinário de 1 ml a 2 ml/kg/hora na criança
meio, é a insuficiência renal aguda (IRA), com necrose tubular geralmente e 30 a 40 ml/hora no adulto.
de instalação nas primeiras 48 horas. ◦ A diurese osmótica pode ser induzida com o emprego de solução de manitol a
 Exames complementares 20% (5 ml/kg na criança e 100 ml no adulto). Caso persista a oligúria, indica-se o uso
◦ Como resultado da miólise, há liberação de mioglobina e enzimas, podendo-se de diuréticos de alça tipo furosemida por via intravenosa (1 mg/kg/ dose na criança
observar valores séricos elevados de creatinoquinase (CK), desidrogenase lática e 40mg/dose no adulto).
◦ O pH urinário deve ser mantido acima de 6,5 pois a urina ácida potencia a ◦ O soro antilaquético (SAL), ou antibotrópico-laquético (SABL) deve ser utilizado
precipitação intratubular de mioglobina → a alcalinação da urina deve ser feita pela por via intravenosa.
administração parenteral de bicarbonato de sódio, monitorizada por controle ◦ Nos casos de acidente laquético comprovado e na falta dos soros específicos, o
gasométrico. tratamento deve ser realizado com soro antibotrópico, apesar deste não neutralizar
III. Acidente Laquético de maneira eficaz a ação coagulante do veneno laquético.

 Ações do veneno II. Geral

◦ Ação proteolítica → Os mecanismos que produzem lesão tecidual provavelmente ◦ Mesmas medidas indicadas para o acidente botrópico.

são os mesmos do veneno botrópico. IV. Acidente Elapídico


◦ Ação coagulante → Atividade tipo trombina.  Ações do veneno
◦ Ação hemorrágica ◦ Neurotoxina de ação pós-sináptica → Em razão do seu baixo peso molecular
◦ Ação neurotóxica podem ser rapidamente absorvidas para a circulçaão sistêmica, difundidas para os
 Quadro clínico tecidos, explicando a precocidade dos sintomas de envenenamento. As NTXs
I. Manifestações locais → São semelhantes às descritas no acidente botrópico, competem com a acetilcolina (Ach) pelos receptores colinérgicos da junção
predominando a dor e edema, que podem progredir para todo o membro. neuromuscular, atuando de modo semelhante ao curare.
Podem surgir vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero-hemorrágico ◦ Neurotoxina de ação pré-sináptica → Atuam na junção neuromuscular,
nas primeiras horas após o acidente. As manifestações hemorrágicas limitam- bloqueando a liberação de Ach pelos impulsos nervosos, impedindo a deflagração
se ao local da picada na maioria dos casos do potencial de ação.
II. Manifestações sistêmicas → São relatados hipotensão arterial, tonturas,  Quadro clínico
escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarréia (síndrome ◦ Os sintomas podem surgir precocemente, em menos de uma hora após a picada.
vagal). Os acidentes laquéticos são classificados como moderados e graves. I. Manifestações locais → Há discreta dor local, geralmente acompanhada de
Por serem serpentes de grande porte, considera-se que a quantidade de parestesia com tendência a progressão proximal.
veneno por elas injetada é potencialmente muito grande. A gravidade é II. Manifestações sistêmicas → Inicialmente, o paciente pode apresentar
avaliada segundo os sinais locais e pela intensidade das manifestações vômitos. Posteriormente, pode surgir um quadro de fraqueza muscular
sistêmicas. progressiva, ocorrendo ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença de fácies
 Complicações → Síndrome compartimental, necrose, infecção secundária, miastênica ou “neurotóxica”. Associadas a estas manifestações, podem
abscesso e déficit funcional. surgir dificuldades para manutenção da posição ereta, mialgia localizada ou
 Exames complementares generalizada e dificuldade para deglutir em virtude da paralisia do véu
◦ Tempo de Coagulação (TC): de fácil execução, sua determinação é importante para palatino. A paralisia flácida da musculatura respiratória compromete a
elucidação diagnóstica e para o acompanhamento dos casos. ventilação, podendo haver evolução para insuficiência respiratória aguda e
 Tratamento apnéia.
I. Específico  Tratamento
I. Específico  Exames complementares
◦ O soro antielapídico (SAE) deve ser administrado na dose de 10 ampolas, pela via ◦ Hemograma, glicemia, potássio, sódio, amilase, creatinoquinase e
intravenosa. Todos os casos de acidente por coral com manifestações clínicas devem eletrocardiograma.
ser considerados como potencialmente graves. ⤷ No eletrocardiograma, pode haver bradicardia, taquicardia, extrassistolia, inversão
II. Geral de onda T, presença de onda U proeminente, onda Q, infra ou supradesnivelamento
◦ Nos casos com manifestações clínicas de insuficiência respiratória, é fundamental do segmento ST. O ecocardiograma mostra hipocinesia difusa, que em geral é
manter o paciente adequadamente ventilado, seja por máscara e AMBU, intubação transitória.
traqueal e AMBU ou até mesmo por ventilação mecânica. ◦ Em casos graves, troponina e ecocardiograma.
 Tratamento
◦ Acidentes leves podem ser tratados com anestesia local com lidocaína e
◦ No Brasil são espécies de importância médica: Tityus serrulatus (escorpião amarelo)
observados por 4 a 6 horas.
distribuído da Bahia até o Paraná e adaptado ao meio urbano; T. bahiensis (escorpião
◦ Acidentes moderados têm indicação de 2 a 3 ampolas de soro antiveneno
marrom) presente em todo o país, exceto região Norte; e T. stigmurus, espécie mais
(especialmente em crianças) e acidentes graves devem receber 4 a 6 ampolas. Ambos
comum do Nordeste. Na Amazônia ainda se encontra o T. cambridgei e o T.
devem ser monitorizados por pelo menos 24-48 horas.
metuendus.A maioria dos casos graves decorre de picada do T. serrulatus.
 Ações do veneno
◦ O veneno atua em canais de sódio, provocando despolarização e liberação
importante de neurotransmissores (catecolaminas, acetilcolina e outros).
 Quadro clínico
◦ A maioria dos acidentes é leve, e os quadros graves ocorrem em crianças e idosos.
◦ A principal manifestação local é a dor que se instala quase imediatamente.
⤷ Pode estar acompanhada de parestesia, eritema e sudorese ao redor da picada.
Pode durar 24 horas, mas é mais intensa nas primeiras horas.
◦ Acidentes moderados se apresentam com dor intensa local, sudorese, náusea,
vômitos, taquicardia, taquipneia e hipertensão.
◦ Acidentes graves apresentam manifestações neurológicas, miose ou midríase,
priapismo, aumento de secreções (sudorese profusa, vômitos incoercíveis e rinorreia
e lacrimejamento), agitação ou exaustão, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema
agudo de pulmão, choque, convulsões e coma.
◦ O veneno escorpiônico também pode induzir hiperglicemia, glicogenólise,
leucocitose e hipocalemia. Pode provocar miocardite com alteração de segmento e
elevação de troponina.

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