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INFECTO: ACIDENTES COM ANIMAIS

PEÇONHENTOS
acidentes ofídicos
INTRODUÇÃO
Os acidentes ofídicos possuem importância médica
pela sua grande gravidade e frequência no Brasil, de
modo que, em geral, sua frequência está relacionada
com a sazonalidade / fatores climáticos de cada área
do Brasil e com o trabalho em área rural. ACIDENTE BOTRÓPICO
Com isso, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, É o acidente ofídico mais comum no Brasil. São
observa-se incremento do número de acidentes no conhecidas popularmente por: jararaca, ouricana,
período de setembro a março. Na região Nordeste, os jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca-do-rabo-branco,
acidentes aumentam de janeiro a maio, enquanto, na malha-de-sapo, patrona, surucucurana, combóia,
região Norte, não se observa sazonalidade marcante, caiçara, entre outros.
ocorrendo os acidentes uniformemente durante todo
Estas serpentes habitam principalmente zonas rurais e
o ano.
periferias de grandes cidades, preferindo ambientes
úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde
haja facilidade para proliferação de roedores (paióis,
celeiros, depósitos de lenha).

No geral, seu reconhecimento é realizado pela


padronagem do seu couro, sendo sempre presente
um V invertido:

FAUNA OFÍDICA DE INTERESSE


A fauna ofídica de interesse no Brasil resume-se às
serpentes peçonhentas das espécies:

• Bothrops – jararaca → mais comum


• Crotalus – cascavel → mais letal
• Lacbesis - surucucu
• Micrurus – coral AÇÕES DO VENENO
AÇÃO PROTEOLÍTICA
O local da picada será infestado por enzimas
proteolíticas como proteases, hialuronidases e
fosfolipase, associados a medicadores inflamatórios
que favorecem o aparecimento de lesões locais como
bolhas, edema e necrose.
AÇÃO COAGULANTE locais ou sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e
hematúria
O veneno tem propriedades de ativação do fator X e
da protrombina -> converte fibrinogênio em fibrina, → GRAVE
consumindo fatores de coagulação, o que resulta em
Caracterizado por edema local endurado intenso e
um estado de incoagulabilidade geral.
extenso, podendo atingir todo o membro picado,
AÇÃO HEMORRÁGICA geralmente acompanhado de dor intensa e,
eventualmente com presença de bolhas. Em
O veneno possui enzimas hemorraginas – provocam decorrência do edema, podem aparecer sinais de
lesões na membrana basal dos capilares. Esse fato, isquemia local devido à compressão dos feixes
associado ao estado de incoagulabilidade e consumo vásculo-nervosos.
dos fatores de coagulação e plaquetas podem gerar
quadros hemorrágicos novos ou reativação de Manifestações sistêmicas como hipotensão arterial,
sangramentos em feridas já cicatrizadas. choque, oligúria ou hemorragias intensas definem o
caso como grave, independentemente do quadro
local.
CLÍNICA
SINAIS E SINTOMAS

→ MANIFESTAÇÕES LOCAIS

• Dor
• Edema endurado no local da picada
• Possível necrose
• Bolhas
• Sangramento e/ou equimoses no local
• Infarto ganglionar próximo

→ MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS COMPLICAÇÕES

• Hemorragias a distância: gengivorragia, → LOCAIS


hematêmese, epistaxe, hematúria, reativação • Síndrome compartimental – é rara, caracteriza
de sangramentos em feridas antigas casos graves. Decorre da compressão do feixe
• Hemorragia uterina em gestantes vásculo-nervoso consequente ao grande
• Náuseas e vômitos edema que se desenvolve no membro
• Sudorese atingido, produzindo isquemia de
• Hipotensão arterial e possível choque extremidades. As manifestações mais
importantes são a dor intensa, parestesia,
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO GERAL
diminuição da temperatura do segmento
→ LEVE distal, cianose e déficit motor. O tratamento é
com fasciotomia.
Forma mais comum do envenenamento, caracterizada
• Abcesso – a ação proteolítica do veneno
por dor e edema local pouco intenso ou ausente,
favorece o aparecimento de infecções locais.
manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes,
Os germes podem tanto provir da boca do
com ou sem alteração do Tempo de Coagulação.
animal como da pele do acidentado.
→ MODERADA • Necrose – é devida, principalmente, à ação
proteolítica do veneno, associada a isquemia
caracterizado por dor e edema evidente que
local decorrente da lesão vascular, infecção,
ultrapassa o segmento anatômico picado,
entre outros. O risco é maior em picadas na
acompanhados ou não de alterações hemorrágicas
extremidade. Podem evoluir para gangrena.
→ SISTÊMICAS secos como plantações de cana, milho e pastos do
cerrado.
• Choque
• Insuficiência renal aguda - pode decorrer da Sua identificação é realizada pela sua calda com seu
ação direta do veneno sobre os rins, isquemia sino ou pela sua padronagem com uma linha branca
renal secundária à deposição de micro em seu couro:
trombos nos capilares, desidratação ou
hipotensão arterial e choque

EXAMES COMPLEMENTARES

• Hemograma – leucocitose com neutrofilia e


plaquetopenia
• Tempo de coagulação / coagulograma
• Urina 1 – proteinúria, hematúria e leucocitúria
• Função renal – ureia e creatinina (IRA)

TRATAMENTO
AÇÕES DO VENENO
TRATAMENTO ESPECÍFICO
AÇÃO NEUROTÓXICA
→ soro antibotrópico EV
Produzida principalmente pela fração crotoxina, uma
• Quadro leve: 2 a 4 unidades neurotoxina pré-sináptica que atua nas terminações
• Quadro moderado: 4 a 8 unidades nervosas inibindo a liberação de acetilcolina = fator
• Quadro grave: 12 unidades responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual
• Se o tempo de coagulação permanecer decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos
alterado depois de 24 horas é indicado uso de pacientes.
2 ampolas de soro adicional
AÇÃO MITOTÓXICA
→ pré-tratamento 30 minutos antes da aplicação do
soro - devido a soro heterólogo (diminui as chances de Produz lesões de fibras musculares esqueléticas
reações alérgicas e choque anafilático – caso já tenha (rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina
tomado algum tipo de soro antes) para o plasma e que são posteriormente excretadas
pela urina – possível lesão renal.
• Anti-histamínico – fenergam
• Corticoide – dexametasona AÇÃO COAGULANTE

TRATAMENTO GERAL Decorre de atividade do tipo trombina que converte o


fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do
• Hidratação vigorosa fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea.
• Antibioticoterapia em casos de infecções Geralmente não há redução do número de plaquetas.
coadjuvantes – no geral: clorofenicol As manifestações hemorrágicas, quando presentes,
são discretas

ACIDENTE CROTÁLICO
CLÍNICA
Acidente que mais provoca mortes no Brasil devido a
rápida evolução para insuficiência renal aguda. SINAIS E SINTOMAS
Estas serpentes habitam principalmente zonas rurais e → MANIFESTAÇÕES LOCAIS
periferias de grandes cidades, preferindo ambientes
São pouco importantes.
• Dor leve / moderada mialgia é intensa e generalizada, a urina é escura,
• Parestesia local / regional podendo haver oligúria ou anuria
• Edema discreto
• Eritema no local da picada

→ MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS

• Mal estar
• Prostração
• Sudorese
• Náuseas e vômito
• Sonolência ou inquietação
• Secura na boca
• Fáceis miastênica: ptose palpebral uni ou
bilateral + flacidez da musculatura da face +
alteração do diâmetro pupilar + oftalmoplegia
COMPLICAÇÕES
resultando em visão turva e/ou diplopia → LOCAIS

São complicações mais raras

• Parestesia locais mais duradouras, porém,


reversíveis

→ SISTÊMICAS

• Insuficiência renal aguda com necrose tubular,


geralmente de instalação nas primeiras 48
horas

EXAMES COMPLEMENTARES
• Mialgias generalizadas
• Hemograma – leucocitose com neutrofilia
• Mioglobinúria devido a rabdomiólise – urina
• Aumento dos níveis séricos de CPK e DHL –
escura
rabdomiólise
• Distúrbios de coagulação: gengivorragia
• Função hepática – TGO, TGP
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO GERAL • Urina 1 – alteração de coloração,
hemoglobinúria e proteinúria
→ LEVE
• Função renal – ureia e creatinina (IRA)
caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas • Coagulograma – INR e dTpa (estado de
neurotóxicos discretos, de aparecimento tardio, sem incoagulabilidade)
mialgia ou alteração da cor da urina ou mialgia • Fósforo, potássio e cálcio – devido a IRA
discreta.

→ MODERADA
TRATAMENTO
caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas
neurotóxicos discretos, de instalação precoce, mialgia TRATAMENTO ESPECÍFICO
discreta e a urina pode apresentar coloração alterada.
→ soro anticrotálico
→ GRAVE
• Quadro leve: 5 ampolas
os sinais e sintomas neurotóxicos são evidentes e • Quadro moderado: 10 ampolas
intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular), a • Quadro grave: 20 ampolas
→ pré-tratamento 30 minutos antes da aplicação do As manifestações da “síndrome vagal” poderiam
soro - devido a soro heterólogo (diminui as chances de auxiliar na distinção entre o acidente laquético e o
reações alérgicas e choque anafilático – caso já tenha botrópico.
tomado algum tipo de soro antes)
EXAMES COMPLEMENTARES
• Anti-histamínico – fenergam
• Tempo de coagulação
• Corticoide – dexametasona
• Hemograma
TRATAMENTO GENERALIZADO • Função renal
• Eletrólitos
• Hidratação vigorosa para prevenção de IRA
• Manutenção do pH urinário > 6,5 pois
ambientes ácidos facilitam a deposição
intratubular de mioglobina → administração TRATAMENTO
parenteral de bicarbonato
→ soro antilaquético de 10 a 20 unidades

ACIDENTE LAQUÉTICO
ACIDENTE ELÁPIDICO
Por se tratar de serpentes encontradas em áreas
Corresponde a 0,4% dos acidentes, podendo evoluir
florestais, onde a densidade populacional é baixa,
para insuficiência respiratória aguda, sendo o principal
existem poucos casos relatados.
causa do óbito
AÇÕES DO VENENO
CLÍNICA
• Ação proteolítica
SINAIS E SINTOMAS
• Ação coagulante – estado de
incoagulabilidade → MANIFESTAÇÕES LOCAIS
• Ação hemorrágica
• Dor
• Ação neurotóxica – síndrome vagal
• Parestesia de progressão proximal
CLÍNICA → MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
SINAIS E SINTOMAS • Vômito
→ MANIFESTAÇÕES LOCAIS • Mialgia
• Ptose palpebral, oftalmoplegia, fáceis
• Dor miastênica
• Edema – por progredir para todo o membro • Paralisia flácida da musculatura respiratória =
• Surgimento de bolhas, vesículas e insuficiência respiratória e apneia
manifestações hemorrágicas no local da
picada TRATAMENTO
→ MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS – associada a → soro antielapídico
síndrome vagal neurológica
→ suporte ventilatório
• Hipotensão arterial
→ hidratação
• Tontura
• Escurecimento da visão → atropina para melhora dos sintomas respiratórios
• Bradicardia
• Cólica abdominal
• Diarreia
acidente escorpiônico CLÍNICA
SINAIS E SINTOMAS
INTRODUÇÃO
→ MANIFESTAÇÕES LOCAIS
Os acidentes escorpiônicos são importantes em
virtude da grande frequência com que ocorrem e da • Dor
sua potencial gravidade, principalmente em crianças. • Parestesia

0 maior número de notificações é proveniente dos → MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS


estados de Minas Gerais e São Paulo, responsáveis por • Gerais: hiper ou hipotermia + sudorese
50% do total. Tem sido registrado aumento profunda
significativo de dados provenientes dos estados da • Digestivas: náuseas, vômitos, sialorreia, dor
Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará. Na abdominal e diarreia
região Sudeste, a sazonalidade é semelhante à dos • Cardiovasculares: arritmias, hiper ou
acidentes ofídicos. ocorrendo a maioria dos casos nos hipotensão, insuficiência cardíaca congestiva e
meses quentes e chuvosos. choque
As picadas atingem predominantemente os membros • Respiratórias: taquipneia, dispneia, edema
superiores, 65% das quais acometendo mão e agudo de pulmão
antebraço • neurológicas: agitação, sonolência, confusão
mental e tremores

CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO GERAL


FAUNA ESCORPIÔNICA DE INTERESSE
A gravidade depende de fatores, como a espécie e
A fauna escorpiônica de interesse no Brasil resume-se tamanho do escorpião, a quantidade de veneno
inoculado, a massa corporal do acidentado e a
• T. serralatus (escorpião marrom com patas
sensibilidade do paciente ao veneno.
amareladas) – maior gravidade
• T. babiensis (escorpião amarelo escuro com → LEVE
triangulo negro no tórax)
Apresentam apenas dor no local da picada e, às vezes,
• T. stigmurus (escorpião vermelho escuro com
parestesias.
manchas amareladas)
→ MODERADA

Caracterizam-se por dor intensa no local da picada


e manifestações sistêmicas do tipo sudorese
discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia,
taquipneia e hipertensão leve.

→ GRAVE

Apresentam sudorese profusa, vômitos incoercíveis,


AÇÕES DO VENENO salivação excessiva, alternância de agitação com
• Despolarização das terminações nervosas pela prostração, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema
alteração nos canais de cálcio = liberação de pulmonar, choque, convulsões e coma. Os óbitos
catecolaminas e acetilcolina → efeitos estão relacionados a complicações como edema
simpáticos ou parassimpáticos pulmonar agudo e choque.

EXAMES COMPLEMENTARES

• ECG – assemelha-se ao infarto com supra e


inversão de onda Q, devido a cardiotoxicidade
do veneno
• Glicemia – pode estar elevada • Os acidentes ocorrem frequentemente dentro
• Raio X tórax – análise de edema agudo de das residências e nas suas proximidades, ao se
pulmão e aumento da área cardíaca pela ICC manusearem material de construção,
• Hemograma – leucocitose com neutrofilia entulhos, lenha ou calçando sapatos.
• Amilase – pode estar elevada
→ Loxosceles – aranha marrom
• Na e K – pode gerar hipopotassemia e/ou
hiponatremia • Não são aranhas agressivas, picando apenas
• CPK e CKMB – devido a cardiotoxicidade quando comprimidas contra o corpo →
Geralmente os acidentes ocorrem quando elas
estão refugiadas no interior de roupas e
TRATAMENTO sapatos
• Constroem teias irregulares em fendas de
TRATAMENTO ESPECÍFICO barrancos, sob cascas de árvores, telhas e
tijolos empilhados, atrás de quadros e móveis,
→ soro antiescorpiônico EV
cantos de parede, sempre ao abrigo da luz
• Utilizados em formas moderadas e graves direta
• Moderada: 2 a 3 ampolas
→ Latrodectus – viúva negra
• Grave: 4 a 6 ampolas
• Acidentes ocorrem quando são comprimidas
TRATAMENTO GENERALIZADO contra o corpo
→ alívio da dor: infiltração com lidocaína + dipirona / • Constroem teias irregulares entre vegetações
cetoprofeno arbustivas e gramíneas, podendo também
apresentar hábitos domiciliares e Peri
• Crianças: 1 a 2 mL domiciliares.
• Adultos: 3 a 4 mL

→ correção dos sinais vitais

• IECA ou BRA para hipertensão + nifepidina SL


ACIDENTE POR PHONEUTRIA
• Bradicardia com bloqueio AV: atropina Embora provoquem acidentes com frequência, estes
• Ventilação mecânica para edema agudo de raramente levam a um quadro grave.
pulmão
São predominantes nos estados do Sul e Sudeste. Os
acidentes ocorrem em áreas urbanas, no intra e
peridomicílio, atingindo principalmente os adultos de
acidente araquidônico ambos os sexos. As picadas ocorrem
preferencialmente em mãos e pés.
INTRODUÇÃO
AÇÕES DO VENENO
Todos os atendimentos decorrentes de acidentes com
• Retardo da ativação dos canais neuronais de
aranhas, mesmo quando não haja utilização de
sódio – despolarização das fibras musculares e
soroterapia, deveriam ser notificados.
terminações nervosas sensitivas, motoras, do
FAUNA ARAQUIDÔNICA DE INTERESSE SNA = liberação de acetilcolina e
catecolaminas
No Brasil, existem três gêneros de aranhas de
• Contração da musculatura lisa vascular
importância médica:
• Aumento da permeabilidade vascular
→ Phoneutria – armadeiras

• animais errantes que caçam de noite


CLÍNICA EXAMES COMPLEMENTARES

SINAIS E SINTOMAS • Hemograma – leucocitose com neutrofilia


• Glicemia – elevada
→ MANIFESTAÇÕES LOCAIS • Acidose metabólica
• Dor imediata que pode irradiar até a raiz do • Taquicardia sinusal
membro acometido
• Edema
• Eritema TRATAMENTO
• Parestesia
TRATAMENTO ESPECÍFICO
• Sudorese
→ soro anti araquidônico
→ MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
• Usados em casos moderados, graves ou em
• Taquicardia
crianças – deve ser internado para
• Hipertensão
monitorização
• Sudorese
• Visão turva TRATAMENTO GENERALIZADO
• Agitação
→ dor: Infiltração anestésica local com lidocaína +
• Vômito
dipirona / cetoprofeno
CLASSIFICAÇÃO DO QUADRO CLÍNICO
• Crianças: 1 a 2 mL
→ LEVE • Adultos: 3 a 4 mL
• Outro procedimento auxiliar, útil no controle
São os quadros mais frequentes. Os pacientes
da dor, é a imersão do local em água morna
apresentam predominantemente sintomatologia local.
ou o uso de compressas quentes
→ MODERADO

Associadas às manifestações locais, aparecem


alterações sistêmicas, como taquicardia, hipertensão ACIDENTE POR LOXOSCELES
arterial, sudorese discreta, agitação psicomotora,
Corresponde à forma mais grave de acidente
visão “turva” e vômitos ocasionais.
araquidônico no Brasil, sendo a maioria dos casos no
→ GRAVE Sul (PR e SC)

São raros, sendo praticamente restritos às crianças. AÇÕES DO VENENO


Além das alterações citadas nas formas leves e
moderadas, há a presença de uma ou mais das Há indicações de que o componente mais importante
seguintes manifestações clínicas: sudorese profusa, do veneno loxoscélico é a enzima esfingomielinase-D
sialorréia, vômitos freqüentes, diarréia, priapismo, que, por ação direta ou indireta, atua sobre os
hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e constituintes das membranas das células,
edema pulmonar agudo principalmente do endotélio vascular e hemácias. Em
virtude desta ação, são ativadas as cascatas do
sistema complemento, da coagulação e das plaquetas,
desencadeando intenso processo inflamatório no local
da picada, acompanhado de obstrução de pequenos
vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Admite-se,
também, que a ativação desses sistemas participa da
patogênese da hemólise intravascular observada nas
formas mais graves de envenenamento.
CLÍNICA que mudanças nas características da lesão ou
presença de manifestações sistêmicas exige
SINAIS E SINTOMAS reclassificação de gravidade;
→ FORMA CUTÂNEA → MODERADO
De instalação lenta e progressiva, é caracterizada por presença de lesão sugestiva ou característica,
dor, edema endurado e eritema no local da picada que podendo ou não haver alterações sistêmicas do tipo
são pouco valorizados pelo paciente. Podem rash cutâneo, cefaleia e mal-estar
apresentar variações na apresentação:
→ GRAVE
• Lesão o incaracterística: bolha de conteúdo
Caracteriza-se pela presença de lesão característica e
seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor
alterações clínico-laboratoriais de hemólise
em queimação;
intravascular.
• Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses
e dor em queimação COMPLICAÇÕES
• Lesão característica: dor em queimação,
lesões hemorrágicas focais, mescladas com → LOCAIS
áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e • Infecção secundária
necrose • Perda tecidual
A lesão cutânea pode evoluir para necrose seca • Cicatrizes desconfigurastes
(escara), em cerca de 7 a 12 dias, que, ao se destacar → SISTÊMICAS
em 3 a 4 semanas, deixa uma úlcera de difícil
cicatrização. • IRA

Acompanha quadro sistêmico de: astenia, febre alta EXAMES COMPLEMTARES


nas primeiras 24 horas, cefaleia, exantema
→ FORMA CUTÂNEA
morbiliforme, prurido generalizado, petéquias,
mialgia, náusea, vômito, visão turva, diarreia, • Hemograma – leucocitose com neutrofilia
sonolência, obnubilação, irritabilidade, coma.
→ FORMA HEMORRÁGICA
→ FORMA CUTÂNEO-VISCERAL (HEMOLÍTICA)
• Hemograma – anemia aguda, plaquetopenia,
Além do comprometimento cutâneo, observam-se reticulocitose
manifestações clínicas em virtude de hemólise • Hiperbilirrubinemia indireta
intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria • Hiperpotassemia
que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. • Função renal alterada
Este quadro pode ser acompanhado de petéquias e • Coagulograma alterado
equimoses, relacionadas à coagulação intravascular
disseminada (CIVD).

Os casos graves podem evoluir para insuficiência renal TRATAMENTO


aguda, de etiologia multifatorial (diminuição da
→ ESPECÍFICO
perfusão renal, hemoglobinúria e CIVD), principal
causa de óbito no loxoscelismo. • Soro anti araquidônico
• Corticoterapia
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO GERAL
→ SISTÊMICO
→ LEVE
• Analgésico
observa-se lesão incaracterística sem alterações
• Compressas frias no local
clínicas ou laboratoriais. O paciente deve ser
• Antisséptico local
acompanhado durante pelo menos 72 horas, uma vez
• Antibiótico caso haja infecção da lesão
• Transfusão sanguínea no caso de hemólise • Dor
intensa • Eritema
• Prurido
• Edema

acidente por himenóptero A intensidade desta reação inicial causada por uma ou
múltiplas picadas deve alertar para um possível estado
INTRODUÇÃO de sensibilidade e exacerbação de resposta às picadas
subsequentes.
Pertencem à ordem Himenóptera = únicos insetos
que possuem ferrões verdadeiros, existindo três → MANIFESTAÇÕES REGIONAIS
famílias de importância médica:
• Eritema
• Apidae (abelhas e mamangavas) • Prurido
• Vespidae (vespa amarela, vespão e • Edema flogístico pela enduração local
marimbondo ou caba)
→ REAÇÕES SISTÊMICAS
• Formicidae (formigas)
Apresentam-se como manifestações clássicas de
A incidência dos acidentes por himenópteros é anafilaxia, com sintomas de início rápido após a
desconhecida, porém a hipersensibilidade provocada picada.
por picada de insetos tem sido estimada, em valores
de 0,4% a 10%. As reações alérgicas tendem a ocorrer • Sintomas gerais: cefaleia, vertigens e calafrios,
preferencialmente em adultos e nos indivíduos agitação psicomotora
profissionalmente expostos. • Tegumentares: prurido generalizado, eritema,
urticária e angioedema.
• Respiratórias: rinite, edema de laringe e
árvore respiratória, trazendo como
ACIDENTES POR ABELHAS consequência dispneia, rouquidão, estridor e
respiração asmatiforme. Pode haver
AÇÕES DO VENENO broncoespasmo.
A fosfolipase A2, o principal alérgeno, e a melitina • Digestivas: prurido no palato ou na faringe,
representam aproximadamente 75% dos constituintes edema dos lábios, língua, úvula e epiglote,
químicos do veneno. disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou
pélvicas, vômitos e diarreia.
São agentes bloqueadores neuromusculares = podem
• Cardiocirculatórias: a hipotensão é o sinal
provocar paralisia respiratória, possuem poderosa
maior, manifestando-se por tontura ou
ação destrutiva sobre membranas biológicas, como
insuficiência postural até colapso vascular
por exemplo sobre as hemácias, produzindo hemólise.
total. Podem ocorrer palpitações e arritmias
A apamina se comporta como neurotoxina de ação
cardíacas e, quando há lesões preexistentes
motora. O cardiopeptídeo, não tóxico, tem ação
(arteriosclerose), infartos isquêmicos no
semelhante às drogas ß adrenérgicas e demonstra
coração ou cérebro.
propriedades antiarrítmicas. O peptídeo MCD, fator
degranulador de mastócitos, é um dos responsáveis → MANIFESTAÇÕES TÓXICAS
pela liberação de histamina e serotonina no
Nos acidentes provocados por ataque múltiplo de
organismo dos animais picados.
abelhas (enxames) desenvolve-se um quadro tóxico
generalizado denominado de síndrome de
envenenamento, por causa de quantidade de veneno
CLÍNICA inoculada. Além das manifestações já descritas, há
dados indicativos de hemólise intravascular e
SINAIS E SINTOMAS
rabdomiólise. Alterações neurológicas como torpor e
→ MANIFESTAÇÕES LOCAIS
coma, hipotensão arterial, oligúria/anuria e
insuficiência renal aguda podem ocorrer.
TRATAMENTO
• Compressas frias no local
TRATAMENTO • Aplicação de corticoides tópicos
• Analgesia
→ ESPECÍFICO
• Anti-histamínicos
• Remoção do ferrão
• Analgesia

→ REAÇÕES ANAFILÁTICAS EFEITOS COLATERAIS DOS SOROS HETEROLOGOS


• Administração subcutânea de solução aquosa EFEITOS IMEDIATOS
de adrenalina iniciando com dose de 0,5,
repetindo em intervalos de 10 minutos se Ocorre durante a infusão do soro ou algumas horas
necessário após. O paciente, por garantia, deve permanecer por
• Anti-histamínicos e corticoide observação por no mínimo 24 horas. Os sinais e
sintomas mais apresentados são:
• Medidas de suporte
• Urticária
• Tremores
ACIDENTES POR FORMIGAS • Tosse
• Náusea
Acidentes múltiplos são comuns em crianças,
• Dor abdominal
alcoólatras e incapacitados
• Prurido
FORMIGAS DE INTERESSE MÉDICO • Rubor facial
• Reações precoces semelhantes a anafilaxia –
→ formiga de fogo ou lava-pés mais raras. Apresentam: arritmia cardíaca,
• Agressivas e atacam em grandes números hipotensão arterial, choque e /ou quadro
obstrutivo das vias aéreas superiores -> mais
• Fixam a mandíbula na pele e forram ao redor
comum em pacientes que já receberam soro
– várias pústulas eritematosas
antes
→ formiga saúva
Caso seja realizada a pré-medicação, deve-se
AÇÕES DO VENENO administrá-la 10 a 15 minutos antes do soro.

Pouco efeito local mas capaz de provocar reações Para manejo dos sintomas leves podem ser utilizados:
alérgicas em determinados indivíduos. A morte celular
• Anti-histamínicos como dexclorfeniramina
provocada pelo veneno promove diapedese de
• Hidrocortisona 10mg/kg IV (no máximo
neutrófilos no ponto de ferroada.
1000mg)

Para manejo dos sintomas graves podem ser


CLÍNICA utilizados:

• Adrenalina
• Pápula urticariformes eritematosa no local da
picada • Hidrocortisona
• Dor • Prometazina (bloqueador Histamínico)
• Prurido • Expansão de volume
• Pode haver infecção secundária das lesões • Manutenção da oxigenação – para
causada pelo rompimento da pústula ao coçar insuficiência respiratória
EFEITOS TARDIOS
Podem aparecer de 5 a 24 dias após a administração
do soro – doença do soro.

Os principais sintomas são:

• Febre
• Artralgia
• Linfadenomegalia
• Urticária
• Proteinúria

O tratamento das reações adversas tardias são


tratadas com:

• Corticoide

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