Você está na página 1de 5

TOXICOLOGIA: ESCORPIÕES E ARANHAS

ARANEÍSMO

Informações da aula:

 Local de inoculação do veneno apresenta dois


pontos de inoculação e temperatura elevada.
 Aranhas não peçonhentas costumam tem 4 olhos
em cima e 4 embaixo e formam grandes teias.

Nomes populares: aranha armadeira, aranha da


banana.
Epidemiologia: 29% dos casos no Brasil,
especialmente no sul e sudeste, nos meses de abril e
maio – época de acasalamento. Regiões anatômicas
Medidas preventivas: mais acometidas são mãos e pés.

 Manter jardins e quintais bem limpos, evitar o Obs. Pula 5x o tamanho de seu corpo.
acúmulo de entulhos de construção peridomicílio;
Características: quando ameaçadas elevam os pares
 Manter a grama aparada;
de patas anteriores, corpo é coberto por pequenos pelos
 Evitar bananeiras e grandes folhagens próximas a de coloração cinza/marrom e mede cerca de 4cm. Tem
residência; hábito noturno, são agressivas e são encontradas em
 Eliminar insetos caseiros – alimentação das gramados, madeira, entulhos, cachos de banana, etc.
aranhas;
 Vedar possíveis passagens dos aracnídeos para Apresenta no dorso: linhas e bolinhas, além de pelos
dentro da casa; nas patas e manchas nas articulações.
 Manipular com cuidado cachos de bananas, folhas Ação do veneno: Phoneutriatoxina 2 (PhTx2) tem
caídas; ação sob os canais de cálcio, despolarizando as
 Observar o interior de calçados e roupas antes de terminações nervosas sensitivas no local da inoculação
vestir; e mais raramente no SNA com liberação de
 Utilizar EPI ao trabalhar em plantações, jardins ou neurotransmissores – catecolaminas e acetilcolina –
entulhos. relacionado ao quadro sistêmico.
PHONEUTRIA Quadro clínico e tratamento:
Local: dor, edema, eritema e sudorese locais.
Observação clínica e anestésico local/analgésico.
Sistêmico:

 Moderado: sudorese, vômitos ocasionais, agitação,


hipertensão arterial. 2-4 ampolas de SAAr.
 Grave: sudorese profusa, priaprismo, vômitos
frequentes, arritmia, choque, edema agudo de
pulmão. 5-10 ampolas de SAAr.
Obs. Veneno tem ação neurotóxica, deve-se observar
no mínimo por 6 horas.
Exames complementares: leucocitose com Obs. Se vê 6 olhinhos, seu segundo par de patas é mais
neutrofilia, hiperglicemia e acidose metabólica. comprido, tem violino no tórax. É encontrada em
domicílio. Ela faz buracos, só pica quando invadem
Resumo: até 5 cm de corpo e 1cm de envergadura,
seu espaço, normalmente partes grandes do corpo
pelos curtos, não constroem teias, frequentes em
quando a pessoa vai se vestir.
peridomicílio (bananeiras), ooteca com até 1.000 ovos,
agressivas e saltam até 30 cm, manchas claras nas Ação do veneno: esfingomielinase-D atua sobre a
patas e abdome, disposição dos olhos 2-4-2, quelíceras matriz extracelular e através da ativação do sistema
cor de tijolo transversais, beneno de ação neurotóxica, complemento e de ações sobre células endoteliais,
liberação de catecolaminas, aumento de epiteliais, leucócitos e plaquetas, leva a liberação de
permeabilidade vascular. Tratamento: analgésicos, mediadores inflamatórios, obstrução de pequenos
bloqueio anestésicos, observar por 6 horas, soro vasos no local da inoculação e consequente lesão
antiaracnideo (5-10 ampolas, cuidado com para tecidual. Além disso, leva também há hemólise, devido
possibilidade de anafiláxia), antieméticos, observação a ação sobre as metaloproteinases endógenas que agem
por 12 horas. sobre as proteínas de membrana das hemácias
tornando-as susceptíveis a ação do complemento.
 Acidente leve: dor local intensa, irradiada,
eritema, ponte de inoculação, sudorese local. Ação proteolítica, hemolítica e coagulante, o local da
 Moderada (9% dos casos): sintomas anteriores, picada forma buraco.
náuseas e vômitos, dor abdominal, sialorreia,
Quadro clínico, exames complementares e
ansiedade, agitação psicomotora, hipertensão
tratamento:
arterial, taquicardia.
 Grave (1% dos casos): geralmente em 1. Forma cutânea: mais frequente, instalação lenta e
crianças, sintomas anteriores, hipotermia, progressiva, no momento da picada – dor leve 
arritmias cardíacas, colapso circulatório 4-8 horas após - dor, edema, eritema  áreas de
(choque), priaprismo, edema pulmonar, equimose mescladas com palidez – placa
convulsões, coma. marmórea (arroxeada: trombose, branca: isquemia,
hiperemia: tentativa de irrigação)  nas 24 horas –
sintomas gerais, febre, náusea, vomito, tontura,
LOXOSCELES cefaleia, exantema maculopapular  até 2
semanas – área de necrose seca. Leucocitose com
neutrofilia e em lesões profundas aumento de
enzimas musculares: CK, DHL, AST.
Corticosteroide, analgésico, 5 ampolas de SALox
ou SAAr
2. Forma cutâneo-hemolítica: além do
comprometimento cutâneo apresenta
manifestações decorrentes da hemólise
intravascular: anemia aguda, icterícia,
hemoglobinúria (nas primeiras 72 horas), IRA e
CIVD. Anemia, reticulocitose, leucocitose com
neutrofilia, diminuição da haptoglobina livre, pode
ocorrer alterações da função renal, coagulação e
plaquetopenia. Corticosteroide, hidratação
parenteral, diuréticos, correção de distúrbio hidro-
Nome popular: aranha-marrom. eletrolítico, 10 ampolas SALox ou SAAr.
Epidemiologia: acidentes predominam na região Sul Obs. Anti-histaminico em casos com exantema
(Curitiba), nos meses quentes e chuvosos. Região cutâneo e prurido intenso; antibiótico em casos de
anatômica da região proximal de membros e troncos. infecção secundária; debridamento e cirurgia
reparadora em casos de necessidade.
Características: pequenas, 1cm de corpo, 3cm de
envergadura, coloração marrom, possuem hábitos Resumo: 1 cm de corpo e até 3 cm de envergadura,
noturnos e não são agressivas. pelos escassos, quelíceras transversais, pernar finas e
longas, teia irregular (parece fios de algodão), ooteca
com cerca de 50 ovos, não são agressivas, picam
quando comprimidas contra o corpo, encontradas em 1. Leve: dor, edema, sudorese locais, dor nos
casas e peridomicílio, 3 pares de olhos 2-2-2. membros inferiores, parestesia, tremores e
Sintomatologia: após 8-12 horas do acidente, contraturas. Analgésicos, gluconato de cálcio e
identificação da aranha causadora do acidente, lesão observação.
incaracterística, sem alterações sistêmicas. 2. Moderado: dor abdominal, sudorese importante,
ansiedade, agitação, dificuldade de deambulação,
 Leve: sintomáticos, cuidados locais para evitar mialgia, cefaleia, tontura, hipertermia. Analgésico,
infecções, observação por 72 horas. sedativo, SALartr 1 ampola IM.
 Moderado: antibióticos se tiver infecção 3. Grave: taqui ou bradicardia, hipertensão arterial,
secundárias, soro antiaracnideo 5 ampolas EV, taquipneia/dispneia, náusea, vomito, priaprismo,
cuidados para possível anafilaxia, corticoides retenção urinária, fasceis lactrodectísmica.
EV é controverso. Analgésicos, sedativos, SALatr 1-2 ampolas IM.
 Grave: sintomatologia anterior, febre, mal-
estar, náuseas, tonturas, dor local intensa, Obs. Tremor e contratura é dada pela diminuição do
equimose, com ou sem flictenas, axantema, cálcio.
cefaleia, petequias, infecção bacteriana, Resumo: não agressivas, macho morre logo após o
icterícia, hemólise (anemia aguda), acasalamento, disposição dos olhos 4-4, potente
hemoglobinúria, CID, comprometimento renal, veneno de ação neurotóxica – central e periférica.
possibilidade de óbito. Suporte vital,
hemotransfusão na anemia aguda, hiper-  Acidente leve: soe, edema, sudorese local,
hidratação para proteção renal, soro parestesias, caibras, dor em MMII, tremores e
antiaracnideo 10 ampolas EV sem diluição. contratura. Sintomáticos, analgésicos,
gluconato de cálcio se evidencias de
hipocalcemia, observar a possibilidade de
LACTRODECTUS progressão de sintomas.
 Moderado: sudorese profusa, dor abdominal,
ansiedade, agitação psicomotora, cefaleia,
mal-estar, tonturas, hipertermia, mialgia,
dificuldade de deambulação. Sintomáticos,
analgésicos, sedativos se agitação excessiva,
gluconato de cálcio, soro antilacrodectus 1
ampola IM, cuidados para a possibilidade de
anafilaxia, observação hospitalar.
 Grave: alterações da frequência cardíaca,
hipertensão arterial, náuseas e vomito,
dispneia, priaprismo, retenção urinaria, trismo
e contraturas faciais. Sintomáticos,
analgésicas, sedativos, gluconato de cálcio,
Nome popular: viúva-negra, flamenguinha, viúva- observar necessidade de SDV, soro
marrom. antilacrodectus 1-2 ampolas IM cuidados para
a possibilidade de anafilaxia, tratamento das
Epidemiologia: infrequentes, mais presentes no complicações cardiológicas.
Nordeste.
ARANHAS NÃO VENENOSAS
Características: pequenas, fêmea mede de 8-13mm de
corpo e apresenta no abdome desenho em forma de Podem causas dor discreta e transitória no local da
ampulheta. picada, eritema e edema leve e quadro alérgico.

Ação do veneno: alfa-latrotoxina (neurotoxina pré- LYCOSA: Aranha da grama (aranha de jardim,
sinaptica) leva ao aumento do Ca++ intracelular com tarântula): tem desenho escuro em forma de seta no
liberação de neurotransmissores adrenérgicos, dorso do abdome. Picada leva a dor de leve
colinérgicos e GABA. intensidade.

Quadro clínico e tratamento: Obs. Não pula, não fica de pé, carrega bolsa de ovos,
tem dois olhos grandes.
Resumo: 3 cm de corpo e até 5 cm de envergadura, sais). A toxina é transplancentaria e o soro não, o
cor marrom-acizentada, pelos curtos, desenho em que é grave para o recém-nascido que pode ter por
ponta de lança no dorso, quelíceras transversais, não exemplo arritmias.
constrói teia, mas reveste a toca com seda, ooteca com  Age em sítios específicos dos nanais de sódio,
até 600 ovos, não agressivas, disposição dos olhos provocando despolarização das membranas
4+2+2. Veneno pouco potente, de ação proteolítica e excitáveis do organismo.
neurotoxica. Tratamento (inespecíficos e geralmente  Liberação maciça de catecolaminas e acetilcolina
desnecessários) com analgésicos, cuidados locais para pelas terminações nervosas pós-ganglionares
evitar infecções e cuidado adequado com infecções já simpáticas e parassimpáticas e da medula
instaladas. suprarrenal. O paciente entra em curto, tem
descarga adrenérgica e colinérgica ao mesmo
tempo, a PA aumenta e logo depois diminui.
Avaliar:

 Dor e sinais locais típicos, no local da picada


durante um período curto aparece uma pápula,
depois tem piloereção na região adjacente e
sudorese fria no local. A dor é intensa e em picos,
podendo durar 3 dias.
 Diagnósticos diferenciais;
 Tempo médio de surgimento de manifestações
sistêmicas;
 Intensidade e frequência dos vômitos como forte
sinal premonitório sensível da gravidade do
envenenamento. Em acidentes graves há arritmia,
agitação psicomotora e vômitos incoersíveis.
CARANGUEJEIRA: quando incomodadas liberam
seus pelos que provocam quadros irritativos e Manifestações clínicas:
alérgicos.  Dependem das espécies do escorpião, da
Obs. Muito peluda, com pé gordinho na ponta. quantidade de veneno inoculado, idade da vítima,
susceptibilidade individual.
Resumo: até 9 cm de corpo e 30 cm de envergadura,  Para fins de orientação terapêutica e prognostico
negras de pelos abundantes e grosseiros, com classificamos o escorpionismo: leve, moderado e
minúsculos espinhos, quelíceras longitudinais, grave.
geralmente não constroem teias, algumas fazem teias o Leve: dor e parestesias locais.
na forma de funil, como defesa liberam seus pelos do o Moderado: dor local intensa associada a
abdome de ação irritante, olhos dispostos em 4-4. uma ou mais manifestações como náuseas,
Sintomas inespecíficos, tratamento sintomático vômitos, sudorese, sialorreia discretos,
analgésicos e ou anti-histamínicos, cuidados locais: agitação, taquipneia e taquicardia. SAEEs
limpeza e retirada dos pelos, suporte vital em caso de ou SAAr 2-3 ampolas IV.
anafilaxia (raras). o Grave: além dos da moderada, presença de
ESCOPIANISMO uma ou mais das sequintes manifestações
vômitos profusos e incoercíveis, sudorese
THITIUS profusa, convulsão, coma, bradicardia,
insuficiência cardíaca, edema pulmonar
Forma: T. stigmurus te, um triangulo na cabeça e uma
agudo e choque. SAEEs ou SAAr 4-6
linha nas costas; T. costalis tem 2 linhas nas costas; T.
ampolas IV.
bahiensis não é hermafrodita; T. cerutalis (?) tem
serrinha no 3-4 anéis do rabo. Observar crianças picadas 6-12 horas. No João se faz
somente 1-2 ampolas em menores de 7 anos.
Fisiopatologia:
Mecanismos de morte: hipotensão e arritmia.
 Tityustoxina: peçonha complexa (proteínas básicas
de baixo peso molecular com aminoácidos livres e
DD: em acidentes com lagartas se assoprar a região o
paciente sente muita dor, o que não acontece com os
acidentes com escorpião.
Tratamento: visa neutralizar o mais rapidamente
possível o veneno. Dar suporte vital ao paciente,
combater os sintomas clínicos, sintomático: analgesia,
hidratação, antieméticos e específicos. O soro deve ser
puro, EV, administrado o mais precocemente possível,
e em 10 minutos, sendo a dose independente do peso
ou idade.
Soroterapia: casos em que se usa mais de 4 ampolas:
picadas múltiplas, soro anterior por via inadequada,
prazo de validade ultrapassado. Reações de soro
antiescorpiônico necessidade de pré medicação,
suporte intensivo, correção hidroeletrolítica, ventilação
mecânica.
Prevenção dos acidentes:

 Erradicação por inseticidas; professora disse que


não é eliminado por inseticida – não entendi.
 Higiene domiciliar e peridomiciliar;
 Cuidado ao lidar com entulhos, afastar moveis,
roupas de cama, panos atrás das portas e ao calçar
sapatos;
 Erradicar alimentos dos escorpiões;
 Criação de galinhas e largatixas.
Escorpiões possuem hábitos noturnos e brilham na luz
negra.
Prognostico: bom na maioria dos casos envolvendo
adultos, cujos acidentes são quase sempre leves. Em
crianças, entretanto vai depender da precocidade do
atendimento adequado, idosos e patologias associadas.

Você também pode gostar