O QUE É? Dx sindrômico que consiste em manifestações clínicas sistêmicas,
potencialmente graves, causadas por reações imunomediadas pela IgE, após exposição a um antígeno em um indivíduo previamente sensibilizado. EPIDEMIOLOGIA: Existem poucos dados epidemiológicos disponíveis sobre a anafilaxia no Brasil • Nos países industrializados, a prevalência de 0,05- 2% • Mortalidade nos EUA: Ações dos mediadores inflamatórios: 1.000-15.000 mortes/ano • Tx recorrência: 40-60% p/ picada de inseto; 20-40% p/ contraste; 10-20% p/ penicilina • Quem já teve uma reação anafilática: ↑ risco de • TGI: ↑ secreção líquido; ↑ peristalse; Tentativa expulsar conteúdo GI ⇒ Vômito e diarreia futuras reações • Vias aéreas: ↓ diâmetro (constrição); ↑ secreção muco; Tentativa expulsar ETIOLOGIA: conteúdo das • Insetos: Abelha; Vespa; Formiga; Drogas*: AINEs; ATBs (beta-lactâmicos, vias aéreas ⇒ Expectoração e tosse vancomicina, bactrim); AAS; Alimentos*: Ovo; Amendoim; Nozes; Frutos do mar • Vasos sanguíneos: ↑ fluxo sanguíneo; ↑ permeabilidade vascular; Edema; • Outros: Látex; Exercícios (é o mais raro); Exposição à imunoterápicos; Idiopático; Inflamação Causa não identificada (37% dos casos) Ações da histamina: É um dos mediadores inflamatórios mais importante FISIOPATO: • Ação em receptores H1: Vasoconstrição e broncoconstrição ⇒ Prurido; Rinorreia; • Interação entre um Ag estranho e Acs IgE específicos encontrados em Taquicardia; Broncoespasmo mastócitos tissulares e basófilos do sangue periférico. Na 1ª exposição não temos • Ação em receptores H2: Vasodilatação e ↑ permeabilidade: Rubor e Hipotensão manifestações clínicas!! Outras possíveis reações: Citotoxicidade (Reações de transfusões sanguíneas); Complexo imunes (Complexo de gamaglobulina administrado por via IM ou EV) • Sensibilização: Indivíduo é picado por uma abelha e tem o 1º contato com Ag ⇒ 💡 - Os níveis de histamina estão relacionados com a gravidade e persistência das manifestações cardiopulmonares Produz Acs específicos contra esse Ag (reação hipersensibilidade tipo 1). Esses - A permeabilidade vascular durante a anafilaxia pode resultar em uma Acs ficam na membrana basal dos mastócitos. Nesse 1º contato, só tem produção transferência de 50% do fluido intravascular para o extravascular em de Acs, nada além!! cerca de 10 minutos. • Segunda exposição: Indivíduo foi picado novamente ⇒ Entra Ag no organismo ⇒ Encontra com o IgE do mastócito ⇒ Mastócito degranula e libre mediadores QUADRO CLÍNICO: Os sintomas começam em 5-60 minutos após a exposição inflamatórios ⇒Gera sinais e sintomas da anafilaxia (mediadores agem no ao agente etiológico. Há 2 possibilidades de evolução: organismo de forma sistêmica) • Curso unifásico: Resolução completa dos sintomas em horas de tto • Curso bifásico (20% casos): Os sintomas voltam depois de 8-12h do ataque inicial Prática: Tratar TODOS como se fosse ter curso bifásico!! • Manifestações cutâneas: Placas eritematosas, pruriginosas, edemaciadas
• Manifestações respiratórias: Pode acometer via aérea superior e inferior; Sintomas • CAUSAS COMUNS: urticária generalizada, angioedema, exacerbação asma, de rinite: Prurido, espirros, coriza e congestão nasal. Sintomas de vias inferiores: síncope vasovagal, ataque pânico, aspiração corpo estranho, IAM, TEP, convulsões, Dispneia, opressão AVC torácica, tosse, sibilo. Edema de glote: Quadro muito grave, considerado • CHOQUE: distributivo (sepse, neurogênico), hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo emergência, podendo causar óbito • PRODUÇÃO HISTAMINA ENDÓGENA EXCESSIVA: sd ativação mastocitária, • Manifestações GIs: Náusea, Vômito, Dor abdominal, Diarreia, Disfagia mastocitose, leucemia basofílica, cisto hidático • Manifestações CVs: Vertigem; Síncope; Dor torácica; Palpitação; Arritmias; • SDS ERITEMATOSAS (flushing): perimenopausa, sd carcinoide, epilepsia Hipotensão; PCR autonômica, carcinoma medular de tireoide • Manifestações oculares: Coceira periorbital; Eritema; Edema; Lacrimejamento; • DÇAS NÃO ORGÂNICAS: disfunção cordas vocais, hiperventilação e episódio Eritema conjuntival psicossomáticos • Manifestações neurológicas: Ansiedade; Apreensão; Sensação de morte iminente; TRATAMENTO: Convulsões; Dor de cabeça; Confusão mental a) Reconhecer que é anafilaxia DIAGNÓSTICO: exclusivamente clínico (situação de emergência)!!! b) Remover agente causal, se ainda tiver exposto (maioria não tem reversão!!) • Critério dx 1: Dça início agudo (minutos/horas), envolvendo pele, mucosa ou c) Iniciar imediatamente adrenalina IM, no vasto lateral da coxa ⇒ Não atrasar ambos e pelo menos um dos seguintes (comprometimento sistêmico): início adrenalina, pois é ela que vai salvar o pcte!! a) Comprometimento respiratório d) Fornece oxigênio suplementar a 100%, se hipoxêmico b) ↓ PA ou sintomas associados a disfunção orgânica (hipotonia, síncope) e) Pegar 2 acessos venosos calibrosos e fazer ressuscitação hemodinâmica com • Critério dx 2: Pelo menos 2 sintomas que ocorram rapidamente (minutos/horas) cristaloides, se necessário (hipotensão) após a exposição a um provável alérgeno para esse paciente (não obrigatoriamente f) Manter pacientes sob monitorização precisa comprometer pele): Adrenalina via IM: Nos pctes que usam beta-bloq (atenolol, metoprolol), a resposta a) Envolvimento de pele e mucosas à adrenalina pode não ser tão efetiva. Nesses casos, usa-se glucagon (via IM ou b) Comprometimento respiratório SC) c) Sintomas GIs persistentes • Glucagon tem efeito inotrópico e cronotrópico (+) e efeitos vasculares que não d) ↓ PA e sintomas associadas a disfunção orgânica dependem • Critério dx 3: ↓ PA (min/hrs) depois da exposição a um alérgeno conhecido p/ de receptor beta • Tb induz ↑ catecolamina • RAM: N&V; Hiperglicemia transitória esse pcte: a) PAS <90mmHg OU b) ↓ >30% da PAS de base do paciente 💡 - Adrenalina atua nos receptores: Alfa-1: vasoconstrição; Alfa-2: ↓
💡 Se preencher qualquer 1 dos 3 critérios, fecha dx anafilaxia.
insulina e nora; Beta-1: ↑ ino e cronotropismo; Beta-2: broncodilatação e glicogenólise⇒ TUDO na tentativa de reverter o quadro anafilático - Sempre devemos considerar GLUCAGON nos casos irresponsivos.
Apesar de dx ser clínico ⇒ Exames complementares ⇒ quadros muito duvidosos:
• Emergência: Dosagem de triptase; Dosagem de histamina Tto das demais manifestações: • Ambulatorial: Teste cutâneo direto; Ensaios in vitro p/ IgE específico; Teste • Anti-histamínicos ⇒ Para sintomas cutâneos. Manter por até 5 dias provocação direto • Inalação de beta 2-agonitas ⇒ Para broncoespasmo DX DIFERENCIAL: • Corticoide ⇒ Para evitar resposta bifásica (início ação mais tardio, de 4-6h). Manter por até 5 dias.
PREVENÇÃO: Os pctes devem ser educados para reconhecer os sintomas de recorrência e para o uso correto de adrenalina por caneta autoinjetora (Epipen). É recomendado que esses pacientes portem cartões avisando sobre a condição e fatores alérgenos conhecidos. CASO CLÍNICO: AJP, 63 anos, hipertenso em uso losartana, clortalidona e atenolol. Refere há 40min, após ter sido picado por abelha, quadro de prurido generalizado, falta ar e sibilância. EF: PA=70x40, FC=120, FR=27. SpO2=90. Sudoreico. AR: MV+ com sibilos expiratórios. ↓ TEC. Sem outras alterações. R= Pcte com história clínica positiva para anafilaxia (exposição para antígeno e início rápido do quadro). Tem manifestações circulatórias, sintomas cutâneos e respiratórios ⇒ Atende aos critérios e fecha dx de anafilaxia. Dx sindrômico: Anafilaxia. Dx topográfico: Sistema imunológico. Dx etiológico: Anafilaxia secundária a picada de abelha. Condutas: Reconhecer a anafilaxia; Adrenalina IM (Se não responder devido ao uso de atenolo, p ex ⇒ Glucagon); O2 suplementar (pois SatO2 baixa); Acesso calibroso para ressuscitação volêmica (pois hipotensão); Monitorizar (sempre necessário); Outros medicamentos: anti-histamínicos (coceira), beta 2-agonitas (inalação, pois tinha sibilância), corticoide (controverso, segundo alguns autores); Orientar prevenção (ideal seria andar com cartãozinho e caneta autoinjetável de adrenalina).