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ANEMIAS HEMOLíTICAS

Definição

É a anemia resultante da diminuição da


sobrevida média do eritrócito
Classificação das Anemias
Hemolíticas
Exames Diagnósticos:
Perfil Hemolítico
Anemia Falciforme (AF)
Anemia Falciforme (AF)
▪ É uma anemia hemolítica hereditária, portanto genética, que
acomete cerca de 300.000 pessoas no mundo por ano;
▪ Tipo de Herança: autossômica recessiva;

▪ Ocorre pela mutação do códon 6 do gene da globina beta, onde


há a substituição de uma adenina por uma timina, havendo a troca
de um ácido glutâmico por uma valina -> formação Hemoglobina
S (HbS)
▪ Essa alteração interfere na solubilidade da hemoglobina, a qual
ao ser desoxigenada polimeriza no meio intracelular mudando a
forma da hemácia para o formato de foice;
▪ Esta modificação aumenta o risco de hemólise e resulta em
complicações clínicas como as crises vaso-oclusivas (CVO), que
além de dor, causam hipóxia nos tecidos e podem gerar falência
de múltiplos órgãos.
FISIOPATOLOGIA
FISOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
▪ A mudança de formato é reversível após a oxigenação, porém os
repetidos episódios de desoxigenação e oxigenação a
hemácia sofre lesões e a forma em foice se torne permanente;

▪ A Hb livre no plasma (advinda da hemólise) reduz a disponibilidade


de óxido nítrico e leva a um estresse oxidativo, que pode gerar
uma diminuição do fluxo sanguíneo e favorecendo a vaso-oclusão.

▪ As vaso-oclusões recorrentes, com constantes processos de


isquemia e reperfusão, geram danos e ativação das células
epiteliais dos vasos -> resposta inflamatória vascular -> com
recrutamento de leucócitos e eritrócitos que se aderem a
parede do vaso;

▪ Os episódios vaso-oclusivos geral/te ocorrem na microcirculação,


mas pode ocorrer em grandes artérias, que irrigam o cérebro e o
coração;
Fatores que levam a polimerização

⇓ O2 (altas altitudes, cirurgias, exercícios intensos)


⇓ 2,3 DPG
Desidratação
Acidose
Infecções
Febre
Frio intenso
Quadro Clínico
Anemia (sempre presente): nível basal de 6 a 9 g/dL ->
sintomas leves de anemia se comparados ao grau de
anemia (anemia crônica -> adaptação);

Infecções: propensão a infecções principalmente crianças


a pneumonias e meningites
-> deve-se administrar vacinas para prevenção;
-> procurar médico no primeiro sinal de febre ->
iniciar tratamento antibacteriano precocemente;

Expressão clínica variável: alguns pacientes tem vida


praticamente normal enquanto outros tem crises severas
com casos de óbito na infância ou na juventude;
Características Clínicas

• Crises de Hemólise
• Crises aplásticas
• Crises vaso-oclusivas
• Crises de sequestro visceral
Crises vaso-oclusivas

Microinfartos (isquemias) teciduais :


ósseo : crise dolorosa (bacia, membros e coluna)
Baço : autoesplenectomia
Pulmão: microinfartos
Cérebro (7%): acidentes vasculares cerebrais (+ sérias)

Síndrome mão-pé: dactilite dolorosa em pq ossos


Úlceras peri-maleolares (início na juventude): estase associada a
isquemia local -> podem levar anos pra cicatrizar se não forem bem
cuidadas
Crises de Hemólise
Aumento na taxa de hemólise:
↓ Nível basal do Hb -> piora nos sintomas de anemia
↑ Nível basal bilirrubinas -> piora da Icterícia
↑ Nível basal dos reticulócitos / DHL
Usualmente acompanhadas de crises dolorosas
Crises Aplásticas (Aplasia)

Podem ocorrer por infecção por parvo-vírus e/ou deficiência


de ácido fólico

↓ Nível basal do Hb -> queda abrupta do Hb ->


piora nos sintomas de anemia
↓ Nível basal bilirrubinas -> melhora da Icterícia
↓ Nível basal dos reticulócitos / DHL
Não são acompanhadas de crises dolorosas
Crises de Sequestro Visceral

Ocorre falcização nos capilares, o fluxo sanguíneo fica


lentificado e o sangue fica represado no local. A hemoglobina
cai rapidamente levando a exacerbação da anemia (sem piora
no perfil hemolítico)
• Sequestro pulmonar: Sínd. Torácica Aguda -> dor torácica
intensa e aguda -> frequente causa de óbito
• Sequestro esplênico (ocorre na criança): rápido aumento
no volume do órgão com intensa dor local -> Hipotensão
arterial -> necessário transfusão
Outros Sinais e Sintomas

• Esplenomegalia na infância -> na adolescência diminui de


tamanho (auto-esplenectomia)
• Priapismo: sequestro sanguíneo em corpo esponjoso do pênis
(início na adolescência)-> ereção dolorosa e sustentada
• Infartos da medula Renal: Necrose papilar -> incapacidade de
concentrar urina -> tendência a desidratação e aparecimento de
hematúria
• Cardiopatia: cardiomegalia (por insuficiência cardíaca
congestiva) e arritmias
• Gravidez risco: placenta prévia, descolamento prematuro de
placenta, abortos espontâneos, retardo de crescimento
intrauterino, parto prematuro, mortalidade perinatal, infecções,
insuficiência cardíaca congestiva, fenômenos tromboembólicos
e toxemia gravídica.
QUADRO CLÍNICO

Baixa Estatura
QUADRO CLÍNICO

Úlceras peri-maleolares
DIAGNÓSTICO
Eletroforese de Hemoglobina
Tratamento
Curativo: atualmente, a única cura disponível para AF é o transplante de
medula óssea, entretanto seu uso é limitado por critérios de elegibilidade
específicos e problemas associados como disponibilidade de doador
compatível e rejeição da medula do doador;

Medicamentos que previnem crises vaso-oclusivas:


Hidroxiúreia: um dos mais conhecidos e utilizados para a prevenção de
crises vaso-oclusivas e outras complicações graves da doença. Primeira
droga aprovada com esta finalidade (FDA 1998) -> é um ribonucleotídeo
inibidor da redutase -> aumenta a hemoglobina fetal, reduz o número de
leucócitos e plaquetas e diminui a expressão de moléculas de adesão no
endotélio vascular;
L-glutamina: aumenta o potencial redox e diminui o estresse oxidativo
das hemácias falcizadas;
Crizanlizumabe: anticorpo monoclonal humanizado anti-P-selectina A P-
selectina é uma molécula que desempenha um papel crítico na formação de
trombos que contribuem para a vaso-oclusão em indivíduos com AF (ANVISA
2020) -> resultados promissores quanto à ↓ crises vaso-oclusivas.
Tratamento
Nas Crises dolorosas:
– Repouso;
– Hidratação: VO -> EV;
– Analgesia pesada: associação de 3
analgésicos intercalando os horários ->
opiácios nas crises mais intensas ou
refratárias. Não usar meperidina;
– Antibióticos: se sinais de infecção;
Indicações de Transfusão
• Anemia sintomática severa (queda nos níveis basais):
crises hemolíticas, aplásticas e de sequestro visceral;

• Pré-cirurgias e pré-parto: reduzir HbS < 30% com


transfusões. Cuidados na anestesia: evitar acidose e
hipoxemia;

• Ex-sanguíneotransfusão: é a troca de parte do volume


sanguíneo do paciente com sangue normal. Tem como
objetivo reduzir rapidamente o nível de HbS ( deixar <
30%) -> indicado no dano cerebral e nas crises de
sequestro visceral;
Consequências da Transfusão
Crônica
• Hemocromatose: aumento dos depósitos de
ferro no organismo -> coração, pele, rim, fígado
e baço. Tratamento: Administração de quelantes
de ferro.
• Reações transfusionais agudas: febre, alergia,
hemólise (sensibilização prévia), etc...
• Reações transfusionais tardias: sensibilização
para aloanticorpos, soroconversão (HIV, HCV,
HBV, Sífilis...), entre outras
Cuidados e Profilaxia

• Evitar fatores desencadeantes das crises


(desidratação, anóxia, infecções e exposição ao frio)

• Administrar Ácido fólico: 5 mg/dia (1cp VO)

• Boa alimentação e condições de higiene

• Hidratação adequada

• Vacinação anti-pneumoccócica + penicilina via oral


DEFEITOS DE MEMBRANA
ESFEROCITOSE
ESFEROCITOSE

• Usualmente ocorre por defeito na principal proteína estrutural


(espectrina) da membrana do eritrócito (citoesqueleto);
• Causa: Hereditária -> alteração nos genes produtores da espectrina.
• Pode ocorrer tb por defeitos na Banda 3 e Anquirina.
• Diminuição da taxa da superfície da membrana e volume > eritrócito
trona-se esférico > incapaz de passar pela microcirculação esplênica
onde morrem precocemente.
ESFEROCITOSE
Defeito primário na Perda da
espectrina, anquirina ou Membrana
banda 3 microvesic Superfície /
ulas volume

Interações
verticais
enfraquecidas

Eritroestas
e
⇓glicose
⇓pH ⇓
⇑oxidantes deformida
⇑contacto de
macrofago
s

Aprisionament
o
esplênico
Hemólise
ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA

• Anemia hereditária comumente encontrada no Norte da Europa;


• Herança: autossômica dominante;

• A anemia pode estar presente em qq fase da vida;

• Icterícia é flutuante e mais grave com associada a Dça de Gilbert


(defeito hepático na conjugação da bilirrubina);

• Esplenomegalia e cálculos biliares: ocorrem na maior parte dos


casos;

• Crises aplásticas precipitadas por infecções (parvovírus B19) ou


deficiência de ácido fólico pioram o grau de anemia.
ESFEROCITOSE
ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA
Achados hematológicos:
Anemia é frequente: microesferócitos
Reticulócitos = 5-20%
Medula óssea hipercelularidade da série eritróide na fase hemolítica

Achados Laboratoriais:
Perfil hemolítico alterado: ↑ DHL, ↑ BI, ↑ Reticulócitos, ↓ Haptoglobina
Teste de Fragilidade Osmótica: aumentada -> curva com desvio para direita
Teste de Coombs Direto: negativo

Tratamento:
Esplenectomia: principal forma de tratamento > realizar após os 7 anos
de idades > administrar vacina anti-pneumoccócica e anti- haemophilos antes e
medicar com penicilinas orais após
Ácido fólico: para os casos mais graves

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