Você está na página 1de 23

Cuidados Nutricionais nas Anemias

Anemias

1. O que é a anemia?

A anemia é uma situação em que se verifica uma diminuição do número de eritrócitos/glóbulos


vermelhos/glóbulos rubros (GR), bem como uma diminuição da hemoglobina. Estas determinações são
efetuadas aquando da realização de análises sanguíneas.

2. Causas das Anemias

Esta anemia instala-se por vários motivos/causas, nomeadamente por:

Perdas excessivas

o Perda súbita de sangue;


o Perdas crónicas ou repetidas – às vezes de pequena quantidade, mas que, ao longo do tempo,
acabam por levar ao desenvolvimento de anemia;

Como responde o organismo?

Quando há uma perda de sangue, há uma maior absorção de água, o que vai diluir os glóbulos rubros,
desta forma, assim o corpo responde com o aumento de produção dos glóbulos rubros. Contudo o
corpo responde desta forma enquanto há matéria-prima para a produção, quando a mesma deixa de
existir instala-se um quadro de anemia.

Produção reduzida dos glóbulos rubros;

Aumento da destruição de glóbulos rubros – há situações no organismo que levam a que o GR não tenha
um tempo de vida de 120 dias e que seja destruído antecipadamente. Esta situação, ao longo do tempo,
acabará por provocar uma anemia.

3. Como varia a intensidade dos sintomas?


Tatiana de Jesus Veiga Alves
Alimentação Humana II
Universidade do Porto- MICF
2023-2024
A intensidade dos sintomas de um individuo com anemia vai depender da rapidez com que ocorre a perda
de sangue:

o Se houver perda rápida → de cerca de 1/3 do fluido sanguíneo → pode ser fatal;
o Se houver perda lenta → até 2/3 dos glóbulos rubros → vai ser acompanhada de fadiga e outros
sintomas da anemia, mas não vai ser fatal.

3.1 Sintomas

Os sintomas, inicialmente, não existem. Há medida que a situação se vai agravando começam a surgir
sintomas como:

o Fadiga;
o Fraqueza;
o Sensação de desmaio;
o Tonturas – principalmente quando a pessoa se levanta/muda de posição bruscamente (hipotensão
ortostática);
o Sede e sudorese;
o Pulso fraco e rápido;
o Respiração acelerada;
o Incapacidade para o exercício – não tem aporte de oxigénio que o organismo exige para a realização
de exercício físico.

Esta situação vai-se agravando com a evolução do quadro clínico começando a surgir:

o Fadiga pode ser mais intensa;


o Pode surgir falta de ar e dor no peito;
o Morte

Que podem resultar em:


Todos estes sintomas encontram-se associados a:
o AVC
o Diminuição da pressão arterial;
o Enfarte do Miocárdio
o Diminuição do fornecimento de oxigénio;
o Morte

2
Causas/ Sintomas/Tratamento

Dependendo das causas que levaram a anemia, existem diferentes tipos de tratamento:

1. Causa: Perda excessiva de sangue:

Perda Súbita Perda crónica ou repetida

o Partos; o Menstruação intensa – das causas mais

o Cirurgias; comuns;

o Acidente; o Epistaxes – corresponde ao sangramento

o Rutura de vaso sanguíneo; nasal;


o Hemorroidas;
o Úlceras gástricas ou do intestino* – levam a
perda de sangue através das fezes;
Tratamento o Pólipos*;
o Cancro do colon*
o Transfusão de sangue (Transfusão
o Tumores no rim ou bexiga
de glóbulos rubros)

* Pode ter de se fazer pesquisa oculta


Tratamento

o Correção da Anemia pelo organismo


o Suplementos de ferro

2. Causa: Aumento da destruição de glóbulos rubros (GR)

Pode ser por:

o Esplenomegalia
o Obstáculos nos vasos Sanguíneos
o Reações Autoimunes
o Anormalidades dos Glóbulos Rubros

2.1 Esplenomegalia

Ocorre quando o baço se encontra aumentado. Diz respeito à retenção e destruição dos GR pelo baço.

3
Características da doença:

o Evolução lenta;
o Sintomas discretos;
o Anemia faz-se acompanhar da diminuição do número de plaquetas e de glóbulos brancos (GB);

2.2. Obstáculos nos vasos sanguíneos

Ocorre quando há uma lesão mecânica dos glóbulos rubros por anormalidades dos vasos sanguíneos;

Pode ocorrer por:

o Aneurisma;
o Prótese Valvular cardíaca;
o Pressão arterial elevada – muitas vezes os GR devido à pressão são expulsos com velocidade
aumentada, podendo levar à sua lesão;

2.3. Reações autoimunes

Acontecem devido ao sistema imunológico que destrói as próprias células, cuja causa se desconhece.

Pode surgir:

o Anemia hemolítica autoimune (GR) - resulta da deteção da produção de anticorpos pelo nosso
organismo contra os glóbulos vermelhos

Que tipos de reações autoimunes existem?

Existem reações autoimunes:


4
Ao calor- reação contra os glóbulos rubros a temperaturas elevadas. Ocorre principalmente em mulheres,
indivíduos com linfoma, leucemia, doenças do colagénio ou que consomem drogas. Pode resultar na
remoção do baço;

Ao frio - reações contra glóbulos rubros à temperatura ambiente ou baixas.

Podem ser:

o Aguda – que pode surgir em casos de indivíduos com pneumonia, mononucleose infeciosa,
desaparecendo sem tratamento;
o Crónica – mais comum em mulheres (+ de 40 anos, com reumatismo e artrite. Caracteriza-se por
apresentar poucos sintomas, permanecendo para o resto da vida;

A exposição ao frio pode resultar em:

o Aumento da destruição de GR;


o Aumento de dores articulares;
o Fadiga;
o Coloração azulada nos braços e mãos;

Doença Autoimune: Hemoglobinúria paroxística noturna (doença rara)

o Mais frequente em homens jovens


o Sintomas: Cólicas estomacais, Dor lombar intensa, Coágulos nas veias do abdómen e membros
inferiores

2.4. Anormalidades no próprio GR / Doenças congénitas

Causas: Estas anormalidades congénitas levam a:

o Cancro (linfomas); o Deformação dos GR;


o Medicamentos; o Deficiências enzimáticas;
o Lupus eritematoso sistémico; o Alterações na flexibilidade;
o Membranas frágeis;

Em termos de anormalidades dos glóbulos rubros podemos ter:


5
1. Esferocitose Hereditária – os GR encontram-se retido no baço, resultando num aumento do mesmo
(esplenomegalia) e anemia.

Caracteriza-se pela presença de GR em forma esférica (sendo que, em situação normal, a forma dos
mesmos é discoide). Em situações mais graves pode verificar-se:

o Aumento do fígado;
o Icterícia;
o Anemia;
o Cálculos biliares;
o Hepatite;
o Anormalidades ósseas;

2. Doenças da célula falciforme – comum na raça negra e que leva a uma anemia hemolítica cronica,
caracterizada pela presença de GR em forma de foice (facilmente detetável aquando da realização de um
hemograma);

3. Eliptocitose hereditária – ocorre uma deficiência em Glucose-6-P-desidrogenase, sendo caracterizada


pela presença de GR em forma oval ou elítica;

4. Doença das Hemoglobinas – hemoglobina C (que surge em 2-3% dos americanos negros), Hemoglobina
E (surgem em negros e asiáticos) e Hemoglobina S-C (mais comum);

5. Talassemias – verifica-se um desequilíbrio na produção de 1 das 4 cadeias de aminoácidos da


Hemoglobina (hemoglobina não funciona adequadamente).

Pode-se distinguir:

o a - Talassemia – mais comum na raça negra;


o b - Talassemia – mais comum no mediterrâneo e sudoeste asiático;
o Talassemia minor – 1 gene afetado;
o Talassemia major – mais de 2 genes afetados;

6
Talassemia major – caracteriza-se por icterícia, úlceras da pele, cálculos biliares e esplenomegalia
(enorme);

Consequências: Estas talassemias dão anemia leve, mas nas crianças provocam um crescimento lento. Têm,
portanto, uma medula óssea hiperativa que leva ao espessamento dos ossos da cabeça e da face e,
consequentemente, a uma diminuição da resistência dos ossos longos.

Glóbulo Rubro

Como já se referiu, o glóbulo rubro tem um tempo de vida media de 120 dias. Se houver uma destruição
prematura sofre hemólise e, em resposta, a medula óssea produz mais glóbulos rubros. No entanto, se a
destruição dos GR for superior à produção desenvolve-se uma anemia hemolítica que pode ser
problemática.

3. Causa: Diminuição da produção de glóbulos rubros (GR)

Quando existe uma anemia por diminuição da produção de GR significa que a produção não está a decorrer
aos níveis exigidos pelo organismo. Pode estar a falar-se de uma produção lenta e inadequada que origina
células deformadas, incapazes de transportar o oxigénio.

As principais causas dizem respeito às carências nutricionais porque, para produzir o glóbulo rubro, é
necessária a presença de:

o Ferro;
o Vitamina B12;
o Ácido Fólico;
o Vitamina C;
o Riboflavina;
o Cobre;
o Equilíbrio hormonal (é preciso ter eritropoietina em condições que dá ordem para aumentar a
produção de GR de acordo com as necessidades)

Pode ocorrer: Anemias Nutricionais em que há deficiência de nutrientes.

7
Anemias Nutricionais

1. Qual a causa mais comum das anemias nutricionais?

As deficiências mais comuns que levam a anemias nutricionais são:

o Deficiência em Fe (=ferropénica);
o Deficiência em vitamina B12;
o Deficiência em ácido fólico;

2. Quais as causas para os défices destes nutrientes?

As causas para a falta de nutrientes são:

o Ingestão insuficiente – por exemplo, a vitamina B12 só existe em produtos animais. Todos os
indivíduos que não comem carne são potenciais candidatos a desenvolver anemia por carência de
vitamina B12 - a não ser que tenham muito cuidado e uma suplementação complementar);
o Má absorção - por exemplo, na doença celíaca;
o Utilização inadequada;
o Necessidades acrescidas – por exemplo, durante a gravidez, a mãe precisa de nutrientes para si e
para o feto, pelo que tem de haver um maior aporte de nutrientes;
o Crescimento – precisa de quantidades superiores para suprir estas necessidades;
o Perdas sanguíneas – estas perdas mensais muitas vezes são elevadas, podendo causar insuficiências
principalmente no que diz respeito ao ferro.

Anemia – Deficiência em Ferro

1. Quando acontecem?

Hemorragias

Se o glóbulo rubro morre dentro do organismo, o ferro volta à medula óssea, podendo ser usado como
matéria-prima do novo glóbulo rubro.

8
No entanto, se ocorre uma hemorragia e o glóbulo rubro sai, junto com o mesmo sairá o ferro instalando-
se, assim, as deficiências em ferro e, consequentemente, uma anemia.

Dieta

o No caso das lactentes e crianças, as necessidades encontram-se aumentadas, assim para que
não haja deficiência em ferro, devem consumir alimentos ricos em ferro.
o As grávidas necessitam de suplementos de ferro para evitar anemias na gravidez
o As mulheres na pré menopausa – durante a sua idade fértil podem desenvolver anemias por
défice de ferro;

Se depois da menopausa, quer em homens, quer em mulheres, surgir uma anemia, a mesma pode estar
relacionada com problemas ao nível do trato gastro intestinal – deve haver perdas extraordinárias para
levar à anemia.

2.Sintomas da deficiência em ferro

o O desejo de comer gelo, terra e amido;


o Glossite – inflamação da língua;
o Queilose – problemas ao nível dos lábios e da boca;
o Fissuras nas unhas.

3. Diagnóstico da anemia por deficiência em ferro

O diagnóstico da anemia faz-se por:

o Determinação da concentração de ferro;


o Determinação da concentração de transferrina –muitas vezes existe ferro suficiente, mas não
existe a proteína que o transporte para os órgãos;
o Determinação da concentração da ferritina – dá uma ideia acerca dos depósitos de ferro. Isto
significa que se um individuo tem anemia e uma ferritina muito baixa, não tem depósitos de
ferro (reserva de ferro muito em baixo) – é sinal que é preciso repor ferro e perceber porque é
que não há absorção do ferro).

9
Caso esteja tudo bem realiza-se posteriormente o exame da médula óssea que serve para confirmar se a
medula óssea está a produzir (se o problema é défice de matéria prima) ou se a medula não está a produzir
(ainda que tenha tudo o que precisa).

4. Consequências da anemia por deficiência em ferro

o Diminuição da capacidade de trabalho – a pessoa sente-se mais fraca;


o Teores de Fe no cérebro aumentam continuamente – deve ter-se sempre ferro no organismo
porque o cérebro precisa;
 Nascimento – bebé tem 10% do Fe total
 Teores ótimos devem ser atingidos até aos 20 30 anos

Se houver carência de ferro durante este período, vão-se originar danos irreversíveis:

o Desequilíbrios na memória e aprendizagem;


o Diminuição da função da tiroide;
o Diminuição do sistema imunitário.

5. Tratamento da Deficiência em ferro

O tratamento da deficiência de ferro assenta em:

o Interromper a perda de ferro;


o Repor o fero perdido

Sendo assim, como tratar as anemias nutricionais por deficiência de ferro?

o Alimentação rica em ferro – eficaz a longo prazo;


o Suplementos de tipo ferroso (Fe2+) – resolução a curto prazo (situação mais complicada) uma
vez que este é mais facilmente absorvido. Este Fe2+ é fornecido na forma de sulfato, gluconato
ou fumarato, devendo o tratamento ter uma duração de 7 a 10 dias. Os suplementos férricos
(Fe3+) precipitam e saem sem fazer efeito.
o Devem escolher-se bem as fontes de ferro;
o Deve favorecer-se a absorção do ferro;

Uma vez eliminada a anemia, deve prosseguir-se o tratamento alimentar (alimentação rica em ferro a longo
prazo), no sentido de prevenir recaídas.
10
Que alimentos devemos então consumir?

Alimentos ricos em ferro de fonte hemínica (Ferro Heme):

São geralmente de origem animal e são facilmente mais absorvíveis.

o Ovo
o Vísceras (fígado, rins e coração);
o Carne de vaca, vitela, aves,Carnes vermelhas magras (têm mais proteína que as gordas, no
entanto as gordas também têm);
o Produtos do mar (ostras, amêijoas, vieiras, sardinhas, …);

Alimentos ricos em ferro de fonte não hemínica:

São de origem vegetal, logo são dificilmente mais absorvíveis.

o Leguminosas (feijão) e certos legumes (espinafres, acelgas, batatas com pele, vegetais de folhas
verdes);
o Frutos desidratados e fruta;
o Amêndoas e sementes;
o Produtos com cereais integrais (farelo, sêmola de trigo enriquecida, cereais enriquecidos);

Quais as interferências que devemos ter cuidado?

Ferro Hemínico

o Teor de Fe no alimento animal – é superior;


Em refeições à base de carne (com vegetais, batata, etc) cerca e 25% de Fe absorvido;

Na ausência de carne (ex: refeição vegetariana), o Fe presente vai ser menos absorvido.

Ex: Produtos com sangue (como por exemplo um arroz de cabidela) aumenta a absorção de Fe hemínico

o Teor de Ca no alimento animal – não deve estar presente uma vez que compete com o ferro para
absorção – o cálcio é o que é absorvido;
o Tipo de preparação (tempo, temperatura) – afeta esta absorção de ferro hemínico;

Em alimentos sujeitos a elevada temperatura durante elevado tempo existe uma transformação de Fe
heme → Fe não heme, perdendo-se a capacidade de absorção do ferro.

11
Fe não hemínico:

o Principal fonte de Fe da dieta


o Menos absorvido que o Fe heme
o A sua absorção vai depender do teor de Fe do indivíduo (aumentada em anémicos) – se um
individuo tem carências de ferro (anemia) vai aumentar a capacidade de absorção de ferro;
o Tem a ver com o teor disponível (composição da refeição) – se uma refeição for rica em ferro vai
absorver mais do que se for uma refeição pobre em ferro;
o Tem a ver com o balanço entre fatores que aumentam ou diminuem a absorção.

Quais os alimentos a evitar quando há deficiência em ferro?

Fitatos (farelo):

É uma forma de armazenamento de fosfatos e minerais em grãos, sementes, frutos secos, vegetais e frutos;

o Inibem absorção de Fe e de outros minerais;


o Vit C inibe parcialmente este efeito;

Alimentos

Aveia: rica em fitatos -> diminui absorção de Fe

Pão: rico em fitatos que originam fosfatos de inositol -> diminui absorção de Fe (no entanto, como o
pão é fermentado estes fitatos são quebrados e os minerais libertados)

Fibras:

São cereais ricos em fibra e fitatos podem diminuir a absorção Fe, Ca, Zn.

Proteína de soja:

o Inibem absorção de Fe
o Teor elevado de fitatos (por ser vegetal) - Diminui absorção de ferro

Compostos fenólicos (galhatos, taninos, oxalatos):

Inibem absorção de Fe tais como:

12
o Chá, café e cacau
o Chá às refeições – não é aconselhado pela presença de galhatos;
o Espinafres – tem oxalatos, mas como os mesmos “agarram” componentes do próprio alimento
não há problema, mas não se deve abusar de qualquer forma!
o Especiarias
o Ervas aromáticas (orégãos)

Cálcio (sal ou produto lácteo):

Inibem absorção de Fe heme e não heme

1 copo leite → Diminui para metade a absorção Fe

Desta forma não devemos beber leite às refeições

Como se pode melhorar a absorção do Ferro?

Ferro não Hemínico

Especificamente para o ferro não hemínico podemos melhorar a absorção:

o Ingestão simultânea de fontes animais (ferro heme) e vegetais ( fero não heme);
o A preseça de ácidos orgânicos
o Ingerir juntamente alimentos ricos em vitamina C (motivo pela qual vemos rodelas de laranja ou
limão no lombo).

De forma Geral

Vitamina C: É o principal favorecedor da absorção de ferro não heme (é o mais difícil de absorver, mas
favorece os 2)

Onde esta presente? Frutos, vegetais, sumos (aumentam a absorção do Fe heme para o dobro ou triplo),
para além disso têm ácidos orgânicos

Vitamina C sintética: Aumenta a absorção de Fe (passa Fe3+ a Fe2+ no qual é mais facilmente absorvível visto
que o Fe3+ liga-se mais facilmente a vários ligandos não sendo absorvido, para além disso pode precipitar a
hidróxido férrico ao pH do duodeno, não sendo posteriormente absorvido).

Ácidos Orgânicos: por exemplo o ácido cítrico presente nos limões e laranjas
Aumenta a absorção apenas do Fe não heme
13
6. A influência do Ferro na Gravidez e Amamentação

Ao longo da gravidez existem necessidades diferentes pelo que:

1º Trimestre- não há necessidades acrescidas

Últimas 6 semanas- necessidades aumentadas em 80 %

De que depende a absorção na gravidez?

o Quantidade de Fe da dieta 1º Trimestre: Diminuição notável da


o Biodisponibilidade (composição da dieta) absorção de Fe

o Alteração na absorção ao longo da gravidez 2º Trimestre: Aumento em cerca de 50%

3º Trimestre: Aumento em cerca de 4 vezes

Ao longo da amamentação existem necessidades acrescidas apesar de haver um aumento na absorção de


Fe pelo que as mesmas estão em +/- 1,1 mg/dia.

Prevenção de Deficiência de Ferro na Gravidez e na Amamentação

o Suplementação
o Fortificação
o Educação da População

Recomenda-se a todas as grávidas a suplementação com ferro e ácido fólico.

7. Excesso de Ferro

O Ferro não causa apenas problemas com deficiências, mas também com excessos pelo que podem
acontecer devido a:

Reservas

o Como se falou anteriormente, a ferritina dá uma ideia das reservas de ferro do individuo.
o As mulheres têm 400-500 mg de reservas de ferro

14
o Os homens 1500 mg

Excesso devido a doenças ou estilo de vida

o Talassemia Major;
o Consumo de cerveja fermentada em vasilhas de ferro;
o Alcoólicos que bebem vinho rico em ferro;

Estes excessos podem desenvolver um problema de excesso de absorção de ferro – Hemocromatose – que
vai provocar danos em diferentes órgãos:

o Fígado – cirrose
o Pâncreas –diabetes
o Coração – distúrbios cardíacos

Anemia- Deficiência em Vitamina B12 ( Cobalamina)

1. Anemia

Quando há deficiência em vitamina B12 diz-se anemia perniciosa por falta de fator intrínseco.

2. Como se gera esta anemia?

A vitamina B12 é absorvida no íleo junto com o fator intrínseco (glicoproteína que é produzido no
estomago). Quando há problemas de estômago, não há fator intrínseco, estando impedida a absorção de
vitamina B12, resultando em anemia perniciosa.

3. Causas da anemia perniciosa

o Falta de fator intrínseco;


o Crescimento bacteriano anormal no intestino delgado – que impede a absorção;
o Certas doenças, como por exemplo a Doença de Crohn) em que há dificuldade de absorção;
o Remoção do estomago ou intestino – Diminui a área de absorção ou da presença de fator
intrínseco;

15
o Dieta vegetariana rigorosa – os vegetais não têm vitamina B12;
o Hipertiroidismo (Necessidades Aumentadas).

4. Sintomas

o Formigamento nas mãos e pés;


o Perda de sensibilidade nas pernas e pés;
o Cegueira às cores (amarelo / azul);
o Inflamação/sensação queimadura na língua – glossite e queilose;
o Perda de peso;
o Escurecimento da pele;
o Confusão mental;
o Depressão;
o Diminuição da Função intelectual

5. Tratamento

o Reposição da vitamina B12 (injetável);


o Suplementos de vitamina B12 (ex: levedura de cerveja);

Alimentos Ricos em Vitamina B12

o Fígado
o Carne (aves incluídas)
o Peixes de água salgada
o Ostras
o Leite
o Ovos
o Levedura de cerveja

Anemia- Deficiência em Vitamina C

Este tipo de anemia é raro. No entanto, pode acontecer, sendo caracterizada pela produção de glóbulos
rubro muito pequenos. Esta situação pode ser resolvida com a ingestão diária de um comprimido de
vitamina C.

16
o Deficiência crónica grave (rara)
o Causa: M.O.- GR pequenos
o Tratamento: Comprimido diário de Vitamina C

Anemia- Deficiência em Vitamina B9 (Ácido Fólico)

1. Anemia

Quando há deficiência em vitamina B12 (Cobalamina) e em vitamina B9 (ácido fólico) diz-se anemia
megaloblástica – a medula forma glóbulos rubros grandes e anormais.

2. Quem tem as necessidades de ácido fólico aumentadas?

A anemia por deficiência de ácido fólico surge, especialmente em altura em que as necessidades estão
aumentadas:

o Grávidas;
o Lactentes;
o Hemodialisados;
o Alcoólicos – excesso de álcool vai necessitar de quantidades aumentadas de ácido fólico, que pode
ser fornecido por comprimidos

3. Quando há uma redução da absorção da vitamina B9?

o Drogas anticonvulsivantes;
o Contracetivos;

NOTA: De acordo com alguns especialistas a mulher, em idade fértil, deve tomar todos os meses durante
uma semana suplementos de ácido fólico para que haja quantidade suficiente do mesmo para suprir as
necessidades do organismo.

4. Quais os riscos relacionados com a alimentação que levam a uma ingestão desequilibrada de ácido
fólico?

17
O ácido fólico é fornecido pelo fígado, leveduras, vegetais folhosos, legumes e frutos, contudo alguns dos
alimentos são fortificados com ácido fólico para prevenir malformações, todavia em excesso torna-se
prejudica:

Fortificação: pretende-se prevenir malformações a nível do tubo neural;

Excesso: Mascara a anemia perniciosa (por défice de vitamina B12), podendo alterar a função do Zn
Antagonista de certos medicamentos (anticonvulsivantes)

4.1. Fortificação dos Alimentos com Ácido Fólico

A ingestão de ácido fólico é muito importante. No entanto, esta vitamina perde-se facilmente por
processamento térmico dos alimentos e na água, por ser hidrossolúvel. Neste sentido, há que aumentar as
fontes em ácido fólico para evitar os problemas que a sua deficiência pode acarretar.

No entanto, a fortificação de alimentos já é algo que se tem vindo a tentar fazer ao longo dos anos:

1940 – Leite com vitamina D (Diminui raquitismo em 85% crianças)

1998 – Fortificação de alimentos com ácido fólico

o Pão, farinhas, cereais, produtos derivados de grãos;


o Diminuição da incidência de defeitos do tubo neural em 26%
 Bebés com peso adequado e saudáveis;
 Teores de folatos das mães → Previsão do peso ao nasce

Teores de ácido fólico que se tornam prejudiciais

A fortificação com ácido fólico vai dificultar a deteção de deficiências em Vitamina B12 em idosos (apenas
em doses superiores a 5000mg/dia).

A presença de ácido fólico em quantidades adequadas, mas a deficiência em vitamina B12 vai manter os
problemas de demência; dano neurológico; afetação das funções cognitivas.

Porque não ter alimentos fortificados, não fortificados e com dupla fortificação?

1998 – USA e Canada 140mg /100g de ácido fólico por grão

18
2000 – Chile farinha de trigo fortificada com ácido fólico

2000 – República Checa 150-300μg/100g farinha fortificada

Europa (continua a ser discutido os teores) 100-450μg/100g grão

Reino Unido (continua a ser discutido os teores) 300μg/dia

Onde se faz fortificação? Faz-se voluntariamente farinhas, durante a moagem, com Ca, Fe, tiamina, niacina;

o Apenas 5% do pão é fortificado.


o Há 13,3 milhões com carência de ácido fólico sendo a fortificação mais comum em cereais de
pequeno-almoço, batatas, vegetais, cremes para barrar

Onde surge o problema da fortificação? Americanos idosos com fortificação com Ácido Fólico manifestam
uma carência em vitamina B12 e verifica-se um aumento do folato sérico. No entanto, a anemia mantém-se
e as funções cognitivas mantêm-se diminuídas.

Se, por outro lado, os teores de vitamina B12 se mantiverem normais, o aumento do folato sérico vai
proteger as funções cognitivas.

Assim, conclui-se que não chega fortificar com ácido fólico porque a carência de vitamina B12 continua a
ter um efeito negativo a nível neurológico.

Mas então, porque não se pode fazer uma dupla fortificação com B12?

5. Gravidez e prevenção do ácido fólico

Às grávidas recomenda-se a ingestão de 400μg antes de engravidar (há estudos que provam que as crianças
cujas mães foram suplementadas com ácido fólico ao longo da gravidez têm maior função cognitiva).

o Irlanda 120μg/100g grão


o Alemanha 600μg/dia
o Nova Zelândia e Austrália contra excesso em crianças

6. Onde é utilizado o ácido fólico?

O ácido fólico é utilizado, portanto, na:


19
o Síntese do ácido nucleico;
o Metabolismo da homocisteína a metionina.

Na Noruega, com a fortificação de 400 μg/dia, baixou-se em 40% o risco de nascimento de crianças com o
lábio leporino (com ou sem palato).

7. O que previne afinal o ácido fólico?

1.Tubo Neural

Neste sentido, o grande objetivo da suplementação em ácido fólico diz respeito à prevenção de defeitos ao
nível do tubo neural, evitando:

o Espinha bífica;
o Deficiência de desenvolvimento do cérebro;

NOTA: Esta fortificação com ácido fólico parece ter um efeito secundário que é dar origem a mães que vão
dar à luz filhos gémeos. Este facto não se encontra, no entanto, provada.

Esta fortificação funcionou bem em hispânicos e não hispânicos brancos com diminuições de 26-34% de
problemas do tubo neural. Apesar disso, em hispânicos negros, esta fortificação não mostrou ter efeitos
significativos, logo não chega a fortificação com ácido fólico.

Dose adequada: O que se verificou foi que 5mg/dia (grande quantidade) baixava em 80% os defeitos do
tubo neural.

2. Risco de Enfarte

A presença de ácido fólico vai diminuir os teores de homocisteína e, adicionalmente, diminui a incidência
de ataque cardíaco ou enfarte. Vários estudos foram feitos neste sentido. Uns dizem que tem efeitos nulos
ou até negativos enquanto outros afirmam que a diminuição do teor de homocisteína não afeta o risco de
doença cardiovascular.

Também parece ser claro que o aumento da ingestão de ácido fólico (=folatos) protege os fumadores do
enfarte.

3. Demência

20
Os teores elevados de homocisteína estão relacionados com o aumento do risco da demência. A
homocisteína sérica baixa em cerca de 3 mM/L com uma ingestão diária de 0,8 mg de ácido fólico e, de
acordo com outros estudos, diminui risco de enfarte/ ataque cardíaco em cerca de 15-24%.

4. Cancro da Mama

Também o aumento da ingestão de ácido fólico está associado à diminuição do risco de cancro da mama,
mas não em todas as mulheres. Em situações específicas, um elevado consumo de álcool associado a uma
carência de ácido fólico vai aumentar o risco de cancro da mama. Assim, mulheres que bebem álcool, mas
que têm elevada ingestão de ácido fólico, vão ter um menor risco de cancro da mama.

Dose: Ingestão média de folatos na mulher: 238 μg/dia.

No sentido de evitar o risco de cancro da mama outro estudo mostrou que a suplementação com 400
μg/dia comparativamente com 160 μg/dia contribui com uma diminuição de 44% do cancro da mama
invasivo. No entanto, o efeito protetor só se verifica em mulheres com excesso de peso, ou seja, sem
excesso de peso as mulheres podem desenvolver cancro.

8. Suplementação com ácido fólico

Porquê a suplementação?

O 5-metil-tetrahidrofolato previne a metilação do DNA que é responsável pela carcionogénese.

Desta forma uma deficiência de folato, faz com que haja um aumento da incorporação do uracilo que levra
a quebra de cromossomas e faz o aumento do risco de cancro.

Para além disso a ingestão de ácido fólico vai permitir a metilação do arsénio, eliminando-a na urina,
baixando os seus teores na ordem dos 13,6%.

Estudos

Vários estudos mostraram a importância da suplementação com ácido fólico.

800 μg/dia durante 3 anos em indivíduos com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos. Verificou-se
que no grupo suplementado houve:

o Diminuição da perda de audição com a idade (região das baixas frequências)


o Diminuição dos teores de Homocisteína
21
CONCLUSÃO: Não diminuição risco de doenças cardiovasculares (DCV) com história previa de DCV (ineficaz
na prevenção secundária de DCV). Esse grupo suplementado teve, noutro estudo, uns testes cognitivos em
idosos com mais de 80 anos que permitiu verificar:

o Atraso do declínio cognitivo (apenas o ácido fólico e não outras vitaminas do complexo B);
o Melhoria da memória, processamento de informação e sensibilidade motora (Diminuição de 25%
Teores de Homocisteína; aumento de folatos no plasma 5x).

9. Influência do ácido fólico na Doença de Alzheimer

Esta doença está geralmente associada a níveis:

o Diminuição da Vitamina B12;


o Aumento dos Folatos;
o Diminuição da Homocisteína (tem toxicidade direta nas células neuronais, onde vão estar as
proteínas B-amiloides);

O fornecimento de 400 μg/dia do ácido fólico diminui em 55% o risco de doença.

o A ingestão de teores superiores não melhorou os resultados;


o Outras vitaminas (como E, C, B6 e B12) não mostraram o mesmo efeito;
o Apenas os folatos parecem reduzir significativamente os riscos;

Pensa-se, portanto, que uma dieta saudável para o cérebro será:

o Pouca Gordura;
o Pouco Colesterol;
o Elevados Antioxidantes;

10. Influência do Ácido Fólico na Depressão

22
Teores elevados de folatos na alimentação parecem contribuir para uma diminuição dos sintomas de
depressão (mais nos homens do que nas mulheres).

o Aumento da Ingestão em AG n-3 – sem efeito Homem e Mulher;


o Aumento Ingestão folatos → prevenção da depressão;
o Diminuição Teores de folatos → Aumento dos sintomas de depressão;
o Aumento Folatos → (-) sintomas depressivos nos Homens, mas não nas Mulheres.

NOTA: Não há relação com a ingestão de riboflavina, piridoxina, cobalamina e AGn-3.

Dose: 235 ug/100 kcal é a dose ideal para baixar os sintomas depressivos comparativamente com 119
ug/100 Kcal

11. Influência do Ácido Fólico no Cancro Colorretal

o Suplementação pode agravar o risco de tumores


o Suplementação durante mais de 6 anos não diminui o risco de formação de adenoma no intestino
grosso de indivíduos com remoção de adenomas.
o Também não se pode dizer que aumenta.

Conclusão: Não é clara a relação entre a ingestão de ácido fólico com a diminuição ou o aumento do risco
de cancro.

12. Influência do Ácido Fólico nas Doenças Cardiovasculares

Parece que teores baixos de homocisteína vão diminuir a doença isquémica do coração. Neste sentido,
recomenda-se o aumento da ingestão de cereais integrais (grão) que são enriquecidos em ácido fólico e
vitaminas B6 e B12 que interferem no metabolismo da homocisteína estando, assim, a melhorar os
problemas de coração e de demência.

1. Ou seja, os ácidos fólicos dos suplementos são mais aconselhados (mais facilmente absorvidos) do
que os obtidos a partir dos produtos naturais.
2. O ácido fólico é mais facilmente absorvido nos alimentos fortificados (85%) comparativamente aos
naturais (50%);

23

Você também pode gostar