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Gabriella La Salvia Caropreso T26

Hematologia
Hematopoiese Regulação pela eritropoetina
Termo utilizado para a produção de células na Caso o número de hemácias diminua, o nível de
medula, que sempre se inicia a partir de uma oxigênio nos tecidos também diminui. Com isso, o
célula tronco que se divide em múltiplas linhagens rim passa a produzir e secretar mais eritropoetina,
que dão origem a todas as células presentes no substância que haje na medula, aumentando o
sangue periférico. número de hemácias.

linhagem mieloide

SÍNDROMES ANÊMICAS
Uma síndrome anêmica é um diagnóstico
sindrêmico, ou seja, um conjunto de sinais e
Eritropoese sintomas comuns a diversos sistemas. Elas podem
Caso fale-se especificamente sobre a produção de apresentar caráter agudo (queixas de, no máximo,
hemácia, diz-se eritropoese. Essas células são 2 semanas) ou crônico (queixas cujo início não é
anucleadas que possuem como objetivo reconhecido), o que é descoberto por meio de
transportar o oxigênio para os órgãos do uma anamnese bem feita e pela diferença dos
organismo. São produzidas em altas quantidades sintomas entre uma e outra (algumas anemias
(200 bilhões de hemácias/dia), vivem em torno de possuem sintomas bastante específicos). O
120 dias e sua produção é controlada pela diagnóstico é clínico e laboratorial (confirmação).
eritropoetina e pelo receptor de transferrina
(receptor do transportador de ferro). Na medula, O que saber na anamnese?
uma célula tronco começa a dividir-se e forma Ø Duração dos sintomas
uma célula que perde o seu núcleo, Ø Sintomas associados – tosse + anemia +
transformando-se em reticulócito, uma célula perda de peso pode ser tuberculose.
presente tanto na periferia, quanto na medula que Ø História familiar – avaliar se só a pessoa
é repleta de RNA. Por fim, esse reticulócito possui alteração, ou se mais de uma pessoa
transforma-se em eritrócitos (hemácias). na família possui alteração.
Ø História fisiológica – realizar a história
menstrual bem feita, pois essa é, em
muitos casos, a causa da anemia.

Sintomas e sinais comuns:


1. ASTENIA - fraqueza sem causa aparente
(não é muscular, cardiológica). Se for
súbita, pensa-se mais sobre leucemias
agudas, anemias hemolíticas, aplasias
medulares. Caso insidiosa, pensa-se em
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anemias carênciais, anemia de doença raramente são sintomáticos e, caso abaixo de 8,


crônica e leucemias crônicas. eles geralmente apresentam pelo menos 1
2. PALIDEZ – sintoma muito claro para quem sintoma.
examina muito. É classificada em cruzes,
variando de 1 a 4, o que deve relacionar-se Mecanismos compensatórios da anemia
com o valor de hemoglobina. De acordo Ø Aumento do débito cardíaco – aumenta
com os sintomas associados, é mais fácil com aumento da frequência cardíaca, pois
descobrir se é uma anemia aguda o corpo percebe o baixo nível de oxigênio.
(taquicardia, dispneia) ou crônica. Para Assim, o coração passa a bombear mais
pesquisá-la, deve-se olhar as mãos, os rápido o sangue para tentar reverter essa
olhos e o frênulo da língua. situação. No então, ele possui seu limite.
3. ICTERÍCIA – coloração amarelada de pele e Diz-se precórdio hiperdinâmico quando o
mucosas. A bilirrubina alta nem sempre paciente possui ictus palpável, taquicardia
causa icterícia (só acima de 2,5/3). No em repouso e sopro secundário ao
plasma existem as hemácias, que vão para aumento da FC. Na evolução dessa
o sistema reticuloendotelial (baço, fígado, situação, pode-ser surgir a insuficiência
etc). Nesse sistema, elas são destruidas e cardíaca de alto débito, na qual o coração
os macrófagos desse sistema dividem as funciona adequadamente, mas os demais
hemoglobinas em dois grupos, o heme e o órgãos estão falhando pela falta de O2.
globina. O grupo heme passa por diversas Ø Aumento do 2,3 DPG nas hemácias – o 2,3
transformações até gerar a bilirrubina DPG diminui a afinidade do O2 à hemácia,
indireta, que vai para o fígado sem gasto de facilitando a sua liberação para os tecidos.
energia e, nos hepatócitos é conjugada Ø Eritropoetina – caso o rim esteja normal,
sem gasto de energia. Por fim, a bilirrubina há aumento da eritropoetina, que age na
direta é liberada no canalículo biliar, com medula e permite uma maior producão de
gasto de energia. Assim, em anemias hemácias.
hemolíticas, a quebra de hemácias é tão Todas essas situações ocorrem juntas.
alta que o fígado não é capaz de conjugar
O que fazer na anemia? precisa fazer correção caso estejam
em valores normais ou acima
tudo, garando hiperbilirrubinemia total as
Diante de uma anemia, é necessário dosar os
custas de bilirrubina indireta. Por outro
reticulócitos. Essas células podem estar em altas
lado, pacientes com hepatopatias ou
quantidades no sangue periférico em casos de
doenças do canalículo biliar não
uma medula saudável, o que descreve uma
conseguem liberar a bilirrubina direta para
anemia hiperproliferativa. De outra forma, caso a
o canalículo biliar, gerando
medula esteja deficiente, os reticulócitos
hiperbilirrubinemia as custas de bilirrubina
encontram-se em menores quantidades no
direta.
sangue periférico, caracterizando uma anemia
Síndrome anêmica crônica hipoproliferativa. Dentro das anemias
O valor da hemoglobina pode ser baixo, mas o hiperproliferativas, tem-se sangramento agudo e
paciente pode estar pouco sintomático ou anemias hemolíticas adquiridas ou hereditárias. Já
assintomátido devido aos mecanismos de dentro de anemias hipoproliferativas, tem-se
compensação da anemia. Se o paciente apresenta, anemias carenciais, anemias de doenças crônicas
no exame físico, algum indício de anemia carencial e doenças medulares.
(queda de cabelo, unha fraca), é possível ANEMIAS HIPOPROLIFERATIVAS:
direcionar o estudo para essa anemia específica.
1. Anemias carênciais
Em geral, esses pacientes não apresentam
Podem ocorrer por desnutrição ou
dispneia aos grandes esforços e taquicardia ao
por hábitos alimentares, dependendo de
repouso, mas podem apresentar astenia,
qualquer deficiência, principalmente a de
sonolência, desânimo, dificuldade de
B12 e de ácido fólico. É caracterizada por
concentração. Em anemias mais graves, os
sintomas e sinais insidiosos ou vistos
sintomas podem ser tão exuberantes como nas
somente em exames. Especificamente na
anemias agudas. Pacientes com Hb acima de 8
anemia por deficiência de B12, o paciente
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pode apresentar sintomas neurológicos. É positivas. Podem ser adquiridas ou


importante indagar ao paciente sobre o hereditárias, como a anemia falciforme
padrão menstrual (periodicidade - 27 a 30 (hemácias em foice, dactilite = mão e pés
dias), quanto dura - 5 a 7 dias, quantos da criança inchados, icterícia,
pacotes são usados - 1/2 pacotes normais). esplenomegalia quando crianças, quando
Ademias, é importante saber sobre adultos não possuem baço), talassemias
cirurgias, doenças desabsortivas e história (face carcaterística, com aumento da testa,
social. afastamento dos olhos, triapismo = ereção
Como sinais e sintomas, observa-se não necessariamnete provocada por
queilite angular, língua despapilada e estímulo sexual, com duração prolongada
onigodistrofia (unhas fracas), coiloníquia e dolorosa), deficiência de G6PD e
(unha em formato de colher – diagnóstico microesferocitose hereditária. Ambas
diferencial de onicomicose), pica possuem sintomas agudos.
(perversão do paladar - FERROPRIVA). No caso da adquirida (pode ser
Deve-se atentar a etilistas, pessoas idiopática também), existem fatores de
que fizeram cirurgia bariátrica e risco ou predisposicão, como distúrbios
vegetarianos/veganos. imunes, doenças infecciosas, gestantes,
mulheres jovens (mais atingida por
Síndrome anêmica aguda doenças autoimunes), medicações e
O valor do Hb pode não ser tão baixo, mas o problemas oncológicos.
paciente apresenta muitos sintomas devido à Já nas anemias hereditárias, o
velocidade de instalação. Os pacientes podem paciente possui história familiar, quadro
apresentar taquicardia, dispneia em repouso ou crônico com várias agudizações prévias ou
aos mínimos esforços, precórdio hiperdinâmico ou múltiplos episódios agudos, outras
IC de alto débito, hipotensão em casos muito manifestações clínicas além da anemia e
graves e icterícia. necessidade de transfusão prévia.
ANEMIAS HIPEPROLIFERATIVAS: Eritograma
1. Sangramento agudo É encontrado no hemograma, junto com o
Os sinais e sintomas são leucograma (análise da série branca) e plaquetas.
diretamente relacionados à quantidade de Refere-se à análise da série vermelha do sangue,
sangue que foi eliminada. Um paciente que tendo como componentes básicos:
perde menos de 750 ml de sangue, não Ø Eritrócitos - usados para classificação da anemia
expressa sintomas muito relevantes, Ø Hemoglobina - na anemia estará abaixo do indicado
apenas uma ansiedade. Uma perda entre Ø Hematócrito - usados para correção dos reticulócitos
750-1500ml já causa taquicardia, um Ø Volume corpuscular médio – faz parte da
aumento de frequência respiratória, uma hematimetria. - avalia a média dos tamanhos de todas as hemácias
pressão de pulso diminuída, etc (início do Ø Hemoglobina corpuscular média – faz
mecanismo compensatório). Uma perda parte da hematimetria. - avaliação da coloração
de 1500-2000ml já possui sintomas mais Ø Concentração de hemoglobina corpuscular
exacerbados, com diminuição da PA e da média – faz parte da hematimetria.
pressão de pulso, confusão e taquipneia. Ø Índice de anisocitose – faz parte da
Por fim, uma perda maior do que 2000ml hematimetria.
já causa sintomas muito exacerbados, com
débito urinário ausente e necessidade de I. Eritrócitos ou total de hemácias
reposição de cristalóide e de um Estima o número total de hemácias do indivíduos,
concentrado de hemácias (caso contrário, as quais são responsáveis pelo transporte da
ele morre de anemia aguda). hemoglobina e, conseguentemente, do ferro e do
2. Anemia hemolítica oxigênio. Morfologicamente, apresenta um
Devem ser feitas as provas de formato de disco bicôncavo que garante a ela uma
hemólise (reticulócitos, DHL, bilirrubina e flexibilidade que a permite a ultrapassar qualquer
haptoglobina) e estas devem estar espaço. Caso haja uma perda dessa flexibilidade, o
organismo percebe que essa célula encontra-se
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envelhecida e possibilita o processo de


hemocaterese. Este ocorre aproximadamente
após 120 do surgimento das hemácias e é
caracterizado pela destruição de hemácias
senescentes. Com essa destruicão, no entanto, há
uma reciclagem do produto das hemácias, ou seja,
da hemoglobina.
II. Hemoglobina
Essa molécula é responsável pelo transporte de
oxigênio e é formada por 4 cadeias de globina,
cada uma combinada ao grupo heme. De acordo V. Hemoglobina corpuscular média (HCM)
com a combinação dessas diferentes cadeias de Analisa a crômia da hemácia, ou seja, a cor da
hemoglobina geram o nome da mesma, sendo: hemácia. É o peso da hemoglobina média no total
Ø HbA1 – duas cadeias alfa e duas beta. de hemacias. Pode classificar as anemias como:
Corresponde a 97% das hemácias do Ø Hipocrômica
adulto. Ø Normocrômica
Ø HbA2 – 2 alfas e 2 deltas. Corresponde a 2% Ø Hipercrômica
das hemácias do adulto. VI. Concentração de hemoglobina corpuscular
Ø HbF – 2 alfas e 2 gamas. Corresponde a 1% média (CHCM)
das hemácias do adulto. Apresenta maior Analisa a crômia da hemácia, ou seja, a cor da
afinidade pelo oxigênio, sendo importante hemácia. É a porcentagem da hemoglobina média
para o feto (que retira da mãe). no total de hemacias. Pode classificar as anemias
III. Hematócrito como:
Fração de hemácias após centrifugação. Após a Ø Hipocrômica
centrifugação, obtém-se plasma (55%), leucócitos Ø Normocrômica
e plaquetas (1%) e eritrócitos (45%). Assim, é Ø Hipercrômica
possível que o hematócrito diminua, como ocorre
na anemia ou aumente, como no caso de
desidratação (diminui fração líquida do sangue) ou
da policitemia (aumentam hemácias – elevação de
altitude, etc). Na gestação, o hematócrito diminui
em virtude de um aumento do plasma.

VII. Índice de anisocitose (RDW)


IV. Volume corpuscular médio (VCM) Indica a variação do tamanho das hemácias. O
É o tamanho médio do total da massa de RDW baixo não possui significado.
hemácias. Seu valor normal varia de 80-100 fl e, de
acordo com os níveis encontrados, é possível Hematoscopia
classificar a anemia como: É feita por meio do esfregaço de sangue periférico.
Ø Microcítica – VCM menor do que 80 fl. Na ponta da lâmina, percebe-se uma região mais
Ø Normocítica – VCM entre 80 e 100 fl. clara, sendo esta a região de análise. Esse
Ø Macrocítica – VCM maior do que 100 fl esfregaço visa observar a morfologia das
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hemácias, ou seja, o formato que elas apresentam. hemoglobina e hematócrito e classificando a


Quando há uma alteração nesse formato, diz-se anemia quanto ao HCM, VCM (índices
existir a poiquilocitose. hematimétricos) e reticulócitos. Em seguida, deve-
se analisar outras séries acometidas e, por fim,
PS: é sempre importante observar as outras séries, realizar um esfregaço de sangue periférico.
para entender melhor qual o caso do paciente.
Ø Bicitopenia – duas séries diminuídas. II. Possíveis classificações:
Ø Pancitopenia – três séries diminuídas. Ø Anemia microcítica e hipocrômica:
Ø Plaquetose – aumento de plaquetas. o Reticulócitos baixos:
Ø Poliglobulia – aumento de um dos índices § Anemia ferropriva - é o mais
(Hb, Ht ou eritrócitos). característico da anemia
Ø Leucocitose – aumento do total de ferropriva. RDW alto.
leucocitócitos. § Anemia de doença crônica –
Ø Linfocitose – total de leucócitos está RDW normal.
aumentado porque os linfócitos estão o Reticulócitos altos – talassemias alfa
aumentados. ou beta.
Ø Anemia normocítica e normocrômica:
Anemia o Reticulócitos baixos:
Diminuição de Ht, Hb e eritrócitos podem § Anemia ferropriva - é o mais
diagnosticar anemia, sendo a hemoglobina o comum da anemia ferropriva.
principal parâmetro. Seus índices variam de § Anemia da doença crônica – a
acordo com idade, etnia e populacão estudada maioria.
(idosos podem apresnetam Hb menor). Ademais, § Anemia megaloblática - as
anemia é reticulócito, sendo imprenscidível o vezes.
pedido desse exame! Essas células classificam a o Reticulócitos altos:
anemia conforme a produção. Ao solicitar a § Anemia hemolítica adquirida – a
análise desse grupo de células, o resultado dado é mais comum é a anemia
em %. Assim, é necessário corrigir esse valor (as hemolítica autoimune, que se
vezes a % aparece aumentada, mas por uma manifesta com sintomas
diminuição no número de hemácias e não por um agudos. Nesse tipo de anemia,
aumento de reticulócitos), existindo duas formas deve-se realizar as provas de
para realizá-lo (sempre faz as duas): hemólise, que estão positivas, e
1) Pelo grau da anemia – divide-se o Ht por 40 o COOMBS direto, que pode ser
e multiplica pela procentagem obtida, ou positivo (primário ou
divide Hb por 15 e multiplica pela secundário) ou negativo (PCTT).
porcentagem obtida. § Anemia hemolítica hereditárias
2) Índice de produção reticulocitária – Ht/40 – só algumas, como a
x %/2 ou Hb/15 x %/2. Essa segunda falciforme. Nesse tipo de
equação exclui os shifts cells (reticulócitos anemia, deve-se realizar as
que foram precocemente para a periferia). provas de hemólise, que
Quando o total de reticulócitos encontra-se abaixo encontram-se positivas, a
dos valores normais (100.000), diz-se que a eletroforece de hemoglobina,
anemia é hipoproliferativa e, quando acima, analisar a história familiar e a
hiperproliferativa. presença de sintomas crônicos.
PS: homens em geral apresentam hemoglobina O coombs direto será negativo.
maior do que mulheres, devido à testosterona. § Sangramento agudo - deve-se
perguntar de traumas e de
I. Como investigar? histórias de sangramentos
É importante entender a história clínica completa, agudos.
perguntando sobre início dos sintomas e sintomas Ø Anemia macrocítica
associados. Diante da suspeita de anemia, deve-se o Reticulócitos baixos
solicitar um hemograma e um exame de
reticulócitos, observando níveis de hemácias,
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Deficiência de B12 – faz


§ HbA1 com alteração em um aminoácido,
parte da anemia tornando-se HbS. No traço falciforme, por sua vez,
megaloblástica. Apresenta existe uma HbA1 e uma HbS.
sinais neurológicos. Possui
eritropoese ineficaz. Deve- PS4: pacientes com anemias hemolíticas
se investigar história de autoimunes não podem transfundir.
cirurgias gástricas e/ou Anemias carenciais
intestinais, hábitos São anemias crônicas, nas quais o valor de Hb
alimentares, doenca de pode ser baixo e o paciente pouco sintomático. Em
Crohn, anemia perniciosa. geral, os pacientes podem apresentar dispneia aos
§ Deficiência de ácido fólico – grandes esforços, astenia, sonolência, desânimo,
faz parte da anemia dificuldade de concentração, tontura postural. A
megaloblástica, possuindo taquicardia e as palpitações podem surgir
eritropoese ineficaz. Deve- somente aos esforços e caso a anemia seja mais
se analisar hábito alimentar grave, os sintomas podem ser tão exuberantes
(ácido fólico esgota muito como nas agudas. Eventualmente, é possível que
rapidamente) e doença haja uma descompensação de doenças clínicas.
celíaco. Não presenta sinais Segundo a classificação clássica, as anemias
neurológicos. carenciais são hipoproliferativas.
§ Etilista, hepatopata,
hipotireoidismo, SMD – A. Anemia ferropriva
dosar TSH e T4 livre. Anemia oriunda da deficiência de ferro com
o Reticulócitos altos: prejuízo na síntese de hemoglobina e eritrócitos.
§ Anemia hemolítica O ferro é quase tão importante quanto a
§ Sangramento agudo eritropoeitina no processo da eritropoiese. É a
causa mais comum de anemia, sendo 50,5% das
PS: anemia ferropriva possui anisocitose, anemias em mulheres e 42% em crianças. As
esquizócitos, hemácias em chaturo. É causas mais comuns variam conforme a idade:
caracterizada por microcitose ou normocitose e Ø Crianças – ingesta pobre de ferro, doenças
hipocromia ou normocromia. intestinais e desnutrição. crianças na primeira infância
OMS indica reposição de Fe para todas

Ø Mulheres jovens – gestação e


PS2: anemia megaloblástica apresenta menstruação.
eritropoiese ineficaz pela incapacidade da Ø População jovem - parasitose intestinal,
produção de material genético. É possível doenças do estômago, síndromes do
visualizar neutrófilos plurisegmentados (célula intestino – Crown e retocolite ulcerativa,
grande com vários núcleos), anisocitose, câncer gástrico
macrocitose e ovalócitos (hemácias ovais). Ø Idosos – neoplasias intestinais (têm
PS3: anemia hemolítica falciforme possui sangramento crônico), doença diverticular
eritroblastos (hemácias com núcleo) no sangue dos cólons, angiodisplasia de cólon.
periférico. É comum ter acúmulo de bilirrubina A maioria do ferro encontra-se na hemoglobina, o
indireta (cálculo radiopaco), dores no corpo, restante na ferritina e hemossiderina e uma
retinopatia e história de transfusões. É bastante pequena fração na mioglobina. A absorção de
comum no RJ e na Bahia. Ela apresenta ferro é estimulada por alimentos com vitamina C e
anisocitose, policromasia (hemácias mais roxas = inibida por coca-cola, leite, chá-matte, etc. Ao
reticulócitos) e hemácias em alvo. Vale lembrar chegar no intestino, o duodeno e o jejuno
que as hemácias nem sempre apresentam-se em proximal absorvem somente o necessário de ferro
foices (são falciformes), pois quando a (o máximo é 50% do ferro ingerido). Em seguida,
hemoglobina está ligada ao O2 ela permanece em esse mineral entra no enterócito e, caso o
seu formato normal. Quando essa ligação é organismo necessite de ferro, o canal da
quebrada devido à liberação desse gás, a ferroportina é aberto e ele é transportado para os
hemoglobina S sofre polimerização, ou seja, se seus devidos locais. Caso o organismo não
junta às demais hemoglobinas. A hemoglobina é necessite dele, o canal de ferroportina é fechado e
Quem regula e absorve da intoxicação é a mucosa intestinal, já que não temos uma
via de eliminação do ferro no nosso corpo.
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o ferro é excretado na descamação da parede Nos cantos da boca é possível observar queilite
intestinal (a mucosa intestinal é considerada a angular.
maior reguladora e protetora contra a intoxicação
pelo ferro). Esse controle é realizado pela
hepcidina, que, quando presente, fecha o canal de
ferroportina, impossibilitando a sua absorção e
liberação para corrente sanguínea. Assim, essa
hepcidina é regulada positivamente diante do
excesso de ferro e da infecções/inflamações e
negativamente diante da anemia ou hipóxia.
Ademias, existem duas formas de ferro
provenientes da dieta – a forma heme e a forma
não heme. A forma heme é derivada de alimentos Nota-se ainda queda capilar bastante relevante e
= pica
de origem animal, sendo ela mesma absorvida uma grande vontade de comer gelo e/ou terra.
pela mucosa intestinal. A forma não heme, por sua Pode-se ainda perceber halitose e sensação de
vez, é derivada de alimentos de origem vegetal e o globos (disfagia de condução) decorrente da
que é absorvido pela mucosa intestinal é o íon síndrome de Plummer Vinson (anel esofagiano na
ferroso (Fe2+). De forma geral, a forma heme é 1º porção do esôfago – causa um estreitamento
melhor absorvida do que a forma não heme. A no esôfago, impedindo a passagem dos alimentos
perda crônica de sangue é a principal responsável e, com isso, fazendo com que eles fiquem presos e
pela diminuição de estoques, sendo a anemia “estraguem”). = anel esofagiano alto
feropriva um sintoma.
ANEMIA FERROPRIVA é por perda sanguínea e não pela deficiência de ferro na dieta, com
exceção das crianças e grávidas
a. Sinais clínicos
Anemia ferropriva é uma sídnrome anêmica
crônica com características carenciais. É
caracterizada como hipoproliferativa, microcítica
e hipocrômica ou normocítica e normocrômica.
Sempre acontece por algum sangramente crônico,
seja perdas menstruais, câncer, etc.
com exceção das grávidas e crianças

b. Achados clínicos e físicos


Unhas quebradiças, moles, com estrias verticais e c. Hematoscopia ANEMIA ferropriva é a que mais afeta a
crescimento em dupla camada (onigodistrofia) ou eritropoiese.
As hemácias normais possuem tamanho maior ou
em formato de colher (coloníqua). igual ao núcleo do linfócito maduro. Na anemia
ferropriva, nota-se essas hemácias menores do
que esses núcleos (microcitose), com
poiquilocitose (hemácias em charuto) e com
espaçamento branco interior maior (hipocrômia).
Além disso, percebe-se um maior espaçamento
entre essas células, anisocitose (diferenças no
tamanho das mesmas) e alguns fragmentos, que
A lingua apresenta-se sem papilas, o que é se denominam esquizócitos. Por esse motivo, o
conhecido como glossite atrófica. RDW dessa anemia costuma ser bastante elevado.

Esquizócito

Hemácia em
charuto
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d. Perfil de ferro (distúrbio de absorção – mais ferro é


É formado por 5 exames: absorvido sem necessidade).
Ø Ferro sérico – é a molécula de ferro. Sua
dosagem é feita na transferrina, já que
esse mineral não transita sozinho. A queda
isolada desse parâmetro não indica muita
coisa. Nas anemias Ferro ferroprivas, vem
baixo pode dar na
normal ou diminuído. anemia ferropriva ou por
doenças crônicas

Ø TIBC – capacidade total de ligação ao ferro.


Avalia a capacidade total de captação de
ferro (é o somatório de todos os sítios de
ligação da massa total de transferrina
ligados ou não ligados). É a forma indireta
de contar a transferrina. A capacidade
latente de ligação ao ferro seria o
somatório dos sítios de ligação livres. Ex:
10 moléculas de transferrina possuem 2
Ø Transferrina sérica – molécula de sítios de ligação ao ferro, sendo que 4
transporte, que leva o ferro do local de estão ocupados – TIBC = 20 e capacidade
absorção para o local de uso. É chamada de latente = 16. Ambos encontram-se
molécula inflamatória reversa, por elevados na anemia ferropriva.
diminuir nas inflamações e poder
aumentar em outras situações, como na
anemia ferropriva (pode vir normal), na
gestação, no uso de contraceptivos orais e
hormônios.
Ø Índice de saturação de Transferrina – é o
somatório de todos os sítios de ligação
ocupados. Ex: 10 moléculas de transferrina
possuem 2 sítios de ligação ao ferro, sendo
que 4 estão ocupados – IST = 3. Encontra-
se reduzido na anemia ferropriva.

Ø Ferritina – reflete os estoques corporais de


É O MELHOR ferro. Sempre que está baixa caracteriza a
exame isolado... caso contrário... olhar o perfil inteiro do paciente
anemia ferropriva, por indica que não
existe reserva de ferro. No entanto, o fato
de sua dosagem vir normal ou aumentada
não exclui o diganóstico de anemia
ferropriva, pois ela também é considerada
uma molécula inflamatória. A realidade é e. Investigação etiológica
que, ao se dosar a ferritina, na verdade Ø Menstruação – as mulheres muitas vezes
está se dosando a apoferritina, molécula contam somente do último ciclo, sendo
produzida pelo fígado que fica na necessário perguntar se sempre é da
circulação e, ao se ligar ao ferro, forma que fora descrita. É importante
transforma-se em ferritina. Essa indagar sobre:
apoferritina é uma molécula inflamatória o Duração – os ciclos menstruais são
que pode elevar-se diante da doença de 28-31 dias e a menstruação é de
hepática gordurosa, estados inflamatórios, 5-7 (catanem).
neoplasias, infecções, hemocromatose o Intensidade – os dois primeiros dias
FERRITINA BAIXA= sempre ferropriva!!! costumam ser os mais intensos e
FERRITINA AUMENTADA = MARCADOR DE INFLAMAÇÃO
2 dias mais aumentado... 2 do
Ferritina normal e aumentada = não exclui anemia ferropriva.
meio é menos e os últimos apenas "
borrões"
FERRITINA MUITO AUMENTADA= crônica devido a doença hepática gordurosa HIPERMENORREIA = mais duração e/ou mais intensidade
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geralmente são usados 1 ou 2 Ø Doença celíaca – glúten inflama o


pacotes convencionais de intestino e este sangra.
absorventes. Ø Parasitoses intestinais
Ø Endoscopia digestiva alta – é possível Ø Gravidez
observar sangramentos, úlceras Ø Padrão alimentar associado a um sangramento crônico
cicatriciais ou em atividade. Ø Cirurgia bariátrica – principalmente
mulher e jovens.
Ø Crianças
f. Tratamento
Existem inúmeros ferros no mercado. O sulfato
ferroso é o presente no SUS, mas é o que mais
apresenta efeitos colaterais. Apesar de existir a
opção EV, por se tratar de uma doença crônica,
muitas vezes é preferível o uso oral do ferro, já que
assim a absorção será adequada (isso é sempre
feito em 1º, e caso não funcione, utiliza-se EV).
Ø Colonoscopia – mostra todo o intestino resposta
ao Após 5 a 7 dias de tratamento há um pico de
grosso, alcançando, no máximo, o ceco tratament
reticulócitos, sendo esse o melhor parâmetro para
o
ou o íleo terminal. Nela é possível análise de tratamento (ferritina é o último que
identificar a doença divertcular do cólon, aumenta). O tratamento total, por sua vez,
parasitas, doença inflamatória intestinal demora de 3 a 6 meses.
(mucosa sangrante), angiodisplasia,
cânceres (lesões obstrutivas), pólipos PS: o renal crônico dialítico tem componente de
(mucosa muito mais friável do que a do ferropenia por perda sanguínea e componente de
cólon). doença crônica.
B. Anemia de doença crônica
A anemia de doença crônica é um síndrome
anêmica crônica, que pode ter valor de Hb baixo,
mas sintomas leves ou inexistentes. Quanto aos
reticulócitos, é caracterizada como
hipoproliferativa. A maioria dos casos é
caracterizada como uma anemia normocítica e
normocrômica. Uma doença crônica é aquela
instalada a pelo menos 6 semanas. Para que elas
levem a uma anemia, 3 mecanismos podem
ocorrer:
Ø Diminuição da sobrevida das hemácias –
isolada não justifica, pois uma medula
adequada conseguiria repor esse valor.
Ø Cápsula endoscópica – exame super caro Essa diminuição ocorre pela hiperatividade
no qual o paciente ingere uma cápsula do sistema mononuclear fagocitário.
que passa por todo trato Ø Reducão da produção – ocorre pela
gastrointestinal, tirando fotos e diminuição da produção e da função da
reconstruindo-as. Com ela é possível eritropoetina (medula não responde) e
achar doenças do jejuno e do íleo. inibição indireta das interleucinas.
Ø Diminuição da biodisponibilidade do ferro
– devido à hepcidina, molécula produzida
pelo hepatócito que aumenta nos estados
inflamatórios e bloqueia os canais de
ferroportina, impedindo a liberação desse
mineral na corrente sanguíneo. Diante
Gabriella La Salvia Caropreso T26

disso, existe o ferro, mas este não esta a. Metabolismo B12 e ácido fólico
disponível para eritropoese. Após ingestão do ácido fólico, na forma de
Quando o mecanismo é só donça crônica, não se metitetrahidrofolato (MTHF), que é inativa, ele
costuma observar grandes anemias (Hb 10). entra na célula. Pela ação da metionina sintetase,
Assim, os sintomas relatados raramente são que retira um dos grupos do MTHF, ocorre a
causados devido à anemia. ativação dessa substânica, transformando-a em
tetrahidrofolato e sendo essa a responsável por
g. Indices hematimétricos
atuar na síntese de purinas e pirimidinas. Todo
Geralmente é normocítica, normocrômica e com
essa atividade da metionina sintetase é
RDW normal. Em alguns casos pode ser
dependente da vitamina B12, que possibilita, além
caracterizada como microcítica e hipocrômica,
desse procedimento, a transformação, também
assim como a ferropriva. Por impedir a liberação
por essa enzima, da homicisteína em metionina.
de ferro, apresenta alterações no perfil desse Reparar que esses ambos fatores são importantes para a formação do produto. Por isso a falta de ambos
pode gerar uma anemia megaloblástica.
mineral: b. Megaloblastose
Ø Ferro – diminuido (na ferropriva é É um fenômeno medular caracterizada pela
diminuído). Caso associada à ferropriva, assincronia de maturação núcleo citoplasmática,
permanece diminuido. secundaria a dificuldade de divisão celular. Em
Ø Transferrina – normal ou diminuida (na outros palavras, o citoplasma da célula
ferropriva é aumentada ou normal). “amadurece” (ganha hemoglobina), mas o núcleo
Quando associada à ferropriva, permanece não, preparando-se para dividir mas sem
diminuído. conseguir, devido à falta de base nitrogenada.
Ø TIBC - normal ou diminuido (na ferropriva Dessa forma, a célula fica dismórfica, sendo
é aumentado). Quando associada à destruída pela célula. Com a diminuição das
ferropriva, é normal ou aumentado. pirimidinas (principalmente da timidina), ocorrem
Ø IST – diminuído (na ferropriva é modificações do ciclo celular, retardo na
diminuído). Quando associada à duplicação e defeitos no reparo do DNA. Diante
ferropriva, permanece diminuído. disso, tem-se uma célula defeituosa, com núcleo
Ø Ferritina – normal ou aumentada (na imaturo e displásico em relação ao citoplasma.
ferropriva é diminuído). Quando associada Ainda mesmo dentro da medula, essa célula é
à ferropriva, é normal, diminuido ou destruída pelos macrófagos. Como essa produção
aumentado. e destruição é feita o dia todo, tem-se uma
Ø Citocinas (VSH, PCR) – aumentadas (na eritropoese ineficaz e uma quantidade baixa de
ferropriva é normal). Quando associada é reticulócitos.
aumentado.
A clínica baseia-se, na maioria das vezes, na
doença de base. O tratamento é feito com a
reposição de ferro e de eritropoetina, em alguns
casos.
MEGALOBÁSTIGA
C. Anemia meloblástica
É um síndrome anêmica crônica, que pode ter
valor de Hb baixo, mas sintomas leves ou
inexistentes. Quanto aos reticulócitos, é
caracterizada como hipoproliferativa. Podem ser
macrocítica ou normocítica e normocrômica. É
resultando da deficiência ou de ácido fólico ou de
vitamina B12. Como grupo de risco geral, tem c. Esfregaço do sangue periférico
população pobre, grávidas, desnutridos, idosos e Pode ocorrer de algumas células escaparem para
alcoólatras. Teve um aumento no seu diagnóstico o sangue periférico, notando-se nele:
com a mudança do padrão alimentar e difusão das Ø Macroovalócitos – células grandes e ovais.
cirurgias bariátricas.
Gabriella La Salvia Caropreso T26 Anemia megaloblástica x Trombose:
-> deficiência de B6, B9 e B-12

e. Diagnóstico
Pede-se hemograma, notando uma anemia
hipoproliferativa, macrocítica e hipocrômica. Em
seguida, para descobrir se é uma megaloblástica,
deve-se buscar por evidências de eritropoiese
ineficaz:
Ø DHL
Ø Bilirrubina
Ø Hipersegmentação neutrofílica – mais do Ø Sangue periférico
que 5 segmentos em neutrófilos. Ø Acometimento de outras células
Tendo-se uma eritropoiese ineficaz, pode-se
classificar a anemia como megaloblástica. Por fim,
é preciso diferenciar entre anemia por B12 ou por
ácido fólico.
a) Anemia megaloblática por deficiência
de ácido fólico
O ácido fólico está presente em alimentos verdes
Ø Corpúsculos de Howell Jolly – restos de frescos, fígado, aveia e algumas frutas e, após
núcleos nas hemácias. ingerido, é absorvido, principalmente, no
duodeno e jejuno proximal. Seus níveis esgotam-
se rapidamente, sendo que uma ingesta precária
por 4-6 semanas já leva à sua deficiência.
a. Epidemiologia principal
Os mais afetados por essa anemia são desnutridos,
população de rua, populações mais pobres e com
baixo acesso a alimentos de preço mais elevado,
etilistas crônicos, doença celíaca, dietas sem
variedade alimentar, idosos, gestantes, usuários
d. Eritropoiese ineficaz de medicação anti-folato (metotrexato – usado
A intensa proliferação e a destruição celular de em doenças reumatológicas, doenças
células defeituosas caracteriza esse fenômeno. dermatológicas, oncologia).
Existem três parâmetros laboratorias que
aparecem alterados diante dessa situação: b. Clínica
Ø Aumento de DHL – aumenta diante de Cansaço, fraqueza, indisposição, dificuldade de
produção e destruiçao de células. concentração, glossite atrófica, queda de cabelo,
Ø Bilirrubina discretamente aumentada – as queilite angular, pancitopenia.
custas da fração indireta, devido à alta
destruição de precursor hematopoiético. c. Diagnóstico
Não causa icterícia. Anemia macrocítica com RDW aumentado que,
Ø Reticulócitos diminuídos
eventualmente, pode ter leucopenia e
Ø Diminuição da haptoglobina – pode
plaquetopenia. É preciso pedir reticulcocitos, que
ocorrer. Não faz parte das provas de estarão baixos, DHL, que estará alto e bilirrubina,
eritropoiese ineficaz. que estara alta, mas sem icterícia. Deve-se ainda
Ø Outras citopenias – falta DNA para todas as
pedir dosagem de ácido fólico nos casos duvidosos
linhagens. Em geral, nas anemias de B12, homocisteína, que estará alta, e ácido
megaloblásticas, a linha vermelha é a metilmalônico, que estará normal. No esfregaço
primeira a diminuir, os leucócitos não do sangue periférico, observa-se macroovalócitos
diminuem tanto a ponto de gerar infecções e hipersegmentação neutrofílica. Caso ainda
e as plaquetas não diminuem tanto a persista dúvida, pedir mielograma.
ponto de gerar hemorragias. d. Tratamento
Ø Sinais medulares – megaloblastose
Gabriella La Salvia Caropreso T26

Reposição de ácido fólico oral e, em situações Ø Difilobotriose – é a tênia do peixe. Esse


específicas (quimioterapia), ácido fólico venoso. parasita se instala entre duodeno e jejuno
e consome a B12 com o fator intrínseco.
PS: é possível que o ácido fólico, mesmo em uma Ø Anemia perniciosa - doença autoimune, na
deficiência, venha elevado devido a uma recente qual anticorpos anti célula parietal e/ou
alimentação rica dessa vitamina. anti-fator intrínseco são produzidos,
b) Anemia megaloblástica por deficiência agindo na célula parietal e diminuindo ou
de B12 acabando com o fator intrínseco. Com isso,
A B-12 precisa do fator intrínseco porque ele faz a proteção de ser digerida pelo pH ácido!
Vitamina do complexo B presente somente em a vitamina B12 não é protegida do suco
proteínas animais. Após ingerida, na boca, une-se pancreático, sendo destruída. Pode ou não
ao ligante R salivar e, junto dele, segue para o estar associada a outras doenças
estômago. Nesse órgão, devido ao pH ácido, é autoimunes, como Hashimoto e vitiligo e
separada do ligante R salivar. Além disso, as pode dar pancitopenia. A dosagem de
células parietais produzem, no fundo gástrico, o autoanticorpos e a endoscopia com biópsia
fator intrínseco, que é ligado à vitamina quando devem ser requisitados (nem sempre é
esta está saindo desse órgão a fim de protegê-la possível observar a gastrite atrófica
conta o suco pancreático. Ela, então, segue para o somente com a endoscopia – o ideal é
duodeno, jejuno e íleo e, no íleo terminal, é realizar 8 biópsia em difernetes locais).
absorvida com o fator intrínseco. Após sua b. Clínica
absorção, é separada do fator intrínseco e é Cansaço, fraqueza, indisposição, dificuldade de
entregue para a transcobalamina (transportador concentração, glossite atrófica, queda de cabelo,
sérico – existe uma doença conhecida como queilite angular, pancitopenia.
deficiência de transcobalamina). Assim sendo, um
problema em qualquer uma dessas regiões pode c. Diagnóstico
gerar uma anemia por B12: Anemia macrocítica e hipoproliferativa, com RDW
Ø Baixa ingesta – quando maior do que 2 aumentado que, eventualmente, pode ter
anos. leucopenia e plaquetopenia. É preciso pedir
- condição em que o paciente toma muito anti-ácido, perdendo o pH
Ø Acloridria ácido. Isso corrobora para a diminuição da absorção da vitamina B-12 reticulcocitos, que estarão baixos, DHL, que estará
Ø Anticorpo anti-célula parietal e anti-fator alto e bilirrubina, que estara alta, mas sem
intrínseco icterícia. Deve-se ainda pedir dosagem de B12,
Ø Distúbios do íleo terminal (Crohn, cirurgias, homocisteína e ácido metilmalônico, que estarão
tubrculose) elevados. No esfregaço do sangue periférico,
Ø Ressecção de parte do TGI observa-se macroovalócitos e hipersegmentação
Além de ajudar a metionina sintetase, a vitamina neutrofílica. Ademais, é sempre importante
B12 ajuda o metil malonil CoA a se transformar em indagar sobre a história patológica pregressa e
sucinil CoA. Caso ela não esteja presente, o metil história social. Pode possuir sintomas
malonil CoA transforma-se em ácido neurológicos, que podem ocorrer com
metilmalôncio que, junto da metionina, prejudica hemograma normal, sendo eles:
a mielinização. Excesso de ácido metilmalônico e falta de metionina = prejudicam a
mielinização Ø Polineuropatia periférica – não
Obs: metformina também afeta a absorção da vitamina B-12
necessariamente com padrão simétrico
a. Epidemiologia principal Ø Diminuição da sensibilidade profunda –
Os fatores de risco para o desenvolvimento dessas propriocepção consciente é perdida.
anemias incluem: Ø Marcha atáxica
Ø Bariátrica
Ø Sinal de Romberg – pode cair para a direita
Ø Vegetarianismo e/ou veganismo
ou para a esquerda.
Ø Uso excessivo de omeprazol – nunca
Ø Síndrome pirmidal em membros inferiores
causará uma anemia por B12 por conta – hiperreflexia, hipertonia
própria, mas pode causar caso associado a Ø Déficits cognitivos – demência, psicose
algum outro fator, como uma baixa Ø Cordonal posteril + piramidal – clássico.
ingesta.
d. Tratamento
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Existem duas formas de apresentação de B12 no compensada (destroi hemácia, mas não tem
mercado – a oral e a intramuscular. Grande parte hemácia). A hemólise pode ocorrer por:
das causas de B12 é problema de absorção, no que Ø Anormalidade na membrana do eritrócito
pede por uma avaliação bastante delicada a fim de – microesferocitose hereditária.
entender se o paciente será capaz ou não de Ø Anormalidades nas enzimas eritrocitárias –
absorver essa vitamina. Se a falta de B12 for por deficiência de G6PD.
baixa ingesta, pode-se utilizar a reposição oral. Por Ø Fatores externos às hemácias – AHAI,
outro lado, anemias perniciosas e anemias com microangiopatias.
sintomas neurológicos necessitam do uso Ø Anormalidade na hemoglobina – anemia
intramuscular. falciforme, talassemia, etc.
Como consequências, a hemólise causa anemia.
PS: a homocisteína, que é o metabólito do ácido Diante disso, a produção de eritropoetina pelos
fólico, é um dos indutores de trombose. rins é estimulada e, consequentemente, a medula
Anemias agudas fica hiperartiva, havendo muita liberação de
esse resumo + One note
São anemias cujo valor de Hb pode não ser tão reticulócitos no sangue periférico (hiperplasia
baixo e a clínica depende da velocidade de reticulóide). Os reticulócitos são hemácias
instalação, podendo-se apresentar por imaturas, com excesso de RNA e sem formato
taquicardia, dispneia em repouso ou aos míninos específico das hemácias, considerados
esforços, precórdio hiperdinâmico (taquicardia, marcadores de atividade medular. Seus valores
ictus palpável e sopro), IC de alto débito (coração normais são de 0,8% a 2%, mas sempre é
estruturalmente normal, mas sangue sem necessária a sua correção, que pode ser feita pelo
hemácias), hipotensão em casos muito graves e índice de reticulócitos corrigidos (% x Ht/40 ou % x
possivelmente icterícia. São anemias Hb/15) e pelo índice de produção reticulocitária
hiperproliferativas, incluindo a anemias (IRC/2 – nem sempre será 2, pois depende da
hemolíticas e os sangramentos agudos. Quando quantidade de Ht = Hb de 8 é por 2, Hb de 15, Ht
não relacionadas a sangramentos agudos, podem de 45 é por 1). Se o número total de reticulócitos
ser: for maior do que 100.000, independentemente da
Ø Microcítica, hipocrômica e RDW normal – %, já tem-se uma anemia hiperproliferativa (a
talassemias correção sempre abaixa o valor). Para enxergar
Ø Microcítica e hipercrômica – essas células, é preciso utilizar-se de uma
microesferocitose hereditária (doença da coloração específica, que é o azul de metileno.
membrana da hemácia). PS: após a correção, é possível que haja uma
Ø Normocítica e normocrômica – anemias porcentagem de reticulócitos alta, mas uma Hb
falciformes (existem muitas combinações normal, o que caracterza uma hiperproliferação
de falciformes, podendo haver escapes sem anemia (hemólise compensada – pode evoluir
dessa caracterização), anemia hemolítica para anemia).
autoimune (AHAI), deficiência G6PD, SHU e
PTT. b. Provas de hemólise
Ø Macrocítica – falciforme, AHAI, deficiênica São usadas para provar que o paciente está
de G6PD, SHU e PTT. hemolisando, incluindo:
Ø DHL/LDH – enzima que atua no ciclo de
a. Hemólise conversão do ácido lático em ácido
Processo de destruição de hemácias na periferia pirúvico no ambiente intracelular. É um
(baço, vaso, etc). Em geral é um processo marcador de lesão e de proliferação
patológico, sendo considerada fisiológica somente celular, tendo seus valores aumentados
no processo de retirada de hemácias senescenetes diante de qualquer um desses processos.
(120 dias), o que se denomina hemocaterese. Uma Dessa forma, na hemólise, o DHL encontra-
medula boa consegue fazer com que a pessoa não se aumentado.
tenha anemia até que a sobrevida média da Ø Haptoglobina – molécula produzida no
hemácia caia abaixo de 30 dias. Portanto, um fígado que se junta à hemoglobina livre,
paciente com sobrevida de hemácias de 60 dias que é extremamente tóxica para o
não possui anemia e, sim, uma hemólise organismo. Na hemólise, como há
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aumento da hemoglobina livre, há urina). Para identificá-la, deve-se realizar


também aumento dessa ligação e, as provas de hemólise e eletroforese de
portanto, diminuição da haptoglobina hemoglobina. Geralmente acomete
livre. É o mais sensível dentre os exames de mulheres jovens, com outras doenças, mas
provas de hemólise. com clínica apenas de anemia aguda. Não
Ø Bilirrubina – surge a partir do grupo heme há presença de esquizócitos. Ex: anemia
da hemoglobina. Esse grupo transforma-se hemolítica autoimune
em bilirrubina indireta e encaminha-se, Ø Mista – síndromes falciformes, deficiência
sem gasto de energia, para o fígado, onde de G6Pd e microesferocitose.
é metabolizada em bilirrubina direta, No caso da anemia hemolítica autoimune (AHAI),
também sem gasto de energia. Em há ainda auma outra classificação, que pode ser:
seguida, essa bilirrubina direta sai do Ø Anticorpo quente
fígado para o canalículo biliar com gasto de Ø Anticorpo frio
energia. Na hemólise, como há muita
destruição de hemácias, há também A. Anemias hemolíticas adquiridas
aumento discreto de bilirrunina indireta. Os pacientes apresentam sintomas agudos e
fatores de risco ou predisposição. Essas anemias
c. Classificações podem ser idiopáticas ou causadas por doenças
As anemias hemolíticas podem ser classificadas autoimunes, doenças infecciosas, gestação,
em primeiro lugar como: medicações. As mulheres jovens e os pacientes
Ø Adquiridas – anemia autoimune (AHAI) e oncológicos (linfomas, etc) são mais acometidos. A
microangiopatia história familiar não é de grande relevância,
Ø Hereditárias – síndromes falciformes, podendo estar presente ou não. Incluem:
talassemias, deficiência de G6PD, Ø AHAI
microesferocitose hereditária. Ø SHU
Em segundo lugar, a classificação baseia-se no Ø PTT
local onde ocorre a hemólise, sendo: Ø Microangiopatias
Ø Intracelular – ocorre dentro dos vasos, Para identificá-la, é preciso realizar:
liberando hemoglobina livre. Essa Ø Esfregaço do sangue periférico esferócito, pontilado
basofílico , policromasia

molécula é tóxica e, por isso, causa lesão Ø COOMBS direto ou Teste de Antiglobulina
nos vasos. Acarreta em anemia sem Direto.
icterícia, mas com lesões endotelial e Ø Prova do eluato – exceção. Há lavagem da
no sangue periférico microangiopatia e hemoglobinúria (indica hemácia estudada para visualizar se
necessidade rápida de tratamento). No existem ou não anticorpos.
laboratório, tem-se as provas de hemólise Ø Pesquisar causas secundárias – HIV, lúpus,
e os esquizócitos (fragementos de neoplasia, etc.
hemácias). Epidemiologicamente acomete
adultos jovens e gestantes, sem a) Anemia hemolítica autoimune (AHAI)
morbidades prévias, com pêntade clínica Anemia induzida por ligação de auto anticorpos ou
clássica. Há provas de hemólise positvas, ativação do complemento na superfície das
combs negativo e esquizócitos no sangue hemácias. Com isso, há uma “marcação”
periférico. Ex: microangipatias, como PTT e extravascular da hemácia, fazendo com que toda
SHU. vez que ela passe por um macrófago, ela seja
Ø Extracelular – é uma exacerbação da via destruída. Em geral, é uma doença de mulheres
normal da hemocaterese. Assim, a jovens, podendo ser:
hemácia é marcada por algo (em geral é Ø Primária – a causa é a própria anemia
anticorpo, mas pode ser pedaço de hemolítica (sem causa definida),
complemento) para que, ao passar perto representando 50% das causas. Pode ser a
extracelular: icterícia
de macrófagos, principalmente os quente ou a frio, mas principalmente a
esplênicos, seja destruída. Acarreta em quente. O diagnóstico é feito somente
anemia, icterícia, bilirrubinúria ausente ou após rastreio de causas secundárias
discreta (bilirrubina direta é liberda na Ø Secundária - associada a alguma outra
patologia.
Gabriella La Salvia Caropreso T26

A depender do anticorpo que se ligar a hemácia, a


anemia pode ser classificada como:
Ø A quente – anticorpo IgG, que possui
como melhor temperatura corporal de
reatividade 37ºC. Nessa temperatura, esse
anticorpo opsoniza as hemácias, ou seja,
liga-se a ela, tornando-a sinalizada para
fagocitose. Representa 70,3% das AHAI,
acometendo mais mulheres e sendo,
geralmente, mais aguda e com menores
níveis de Hb (são mais graves, desnutrindo Ø Pontilhado basofílico – hemácia com
mais hemácias em menos tempo). Pode inúmeros pontos, que são restos de RNA.
ser tanto primária, quanto secundária. É
mais comum em mulheres de 50 e 60
anos. O paciente pode-se apresentar
desde hemólise compensada até cor
anêmico (estágio final da insuficiência
cardíaca de alto débito – nem a pressão é
sustentada – choque cardiogênico).
Ø A frio – anticorpo IgM, que possui como
melhor temperatura corporal de
reatividade 4ºC, mas que consegue reagir
em temperaturas mais elevadas. Esse
anticorpo é maior do que o IgG e se liga as Ø Policromasia – hemácia mais roxa,
hemácias ativando o sistema demonstrando imaturidade maior. É
complemento da imunidade inata até a bastante frequente.
formação do C3b, sendo esse o agente
opsonizador da hemácia. Assim, não é o
anticorpo que causa opsonização da
hemácia. A hemólise não é tão eficaz
quanto a realizada pelo IgG. É uma doença
mais rara, acometendo igualmente ambos
os sexos e geralmente possuindo um
tempo mais insidioso.
Quanto aos achados clínicos, tem-se:
Ø Palidez cutânea
Ø Icterícia
Ø Habitualmente sem colúria
Ø Discreta esplenomegalia
Em relação aos índices hematimétricos, Ø Eritroblastos – hemácias com núcleo.
geralmente é normo normo, mas pode ter Precisa de muita hemólise para que essas
macrocitose. É uma anema hiperproliferativa, com células sejam encontradas na periferia.
RDW normal ou levemente aumentado, provas de
hemólise positivas (DHL +, Bilirrubina +,
Haptoglobina - e reticulócito +), teste de COOMBs
direto positivo. No esfregaço de sangue periférico,
pode-se notar:
Ø Esferócitos – hemácia redonda, sem meio
claro.
Gabriella La Salvia Caropreso T26

PS: Teste de coombs direito – ve anticorpo ligado precisa que todos os parâmetros estejam
diretamente à hemácia. Pega-se uma amostra de alterados), plaquetopenia e microangiopática.
sangue do paciente, separa as hemácias, que já
estão com anticorpos, e pinga o soro de coombs a. Microangiopatia
(anti-anticorpo) ou a antiglobulina. O soro (anti- É a obstrucão de um pequeno vaso doente. Assim,
anticorpo), por sua vez, liga-se ao anticorpo ligado existe uma obstrução nos vasos que faz com que a
à hemácia, causando aglutinação. O Coombs hemácia, ao passar, fragmente-se. Devido à essa
indireto avalia a presença de anticorpos no plasma fragmentação, há formação dos esquizócitos, o
do paciente (usado para analisar a eritroblastose que faz com que haja uma elevação do RDW. As
neonatal – mãe Rh negativa, com primeiro bebê duas situações clássicas de microangiopatia são a
Rh+ passa a produzir anti-Rh – se o segundo bebê SHU e a PTT.
for Rh positivo, suas hemácias podem ser b. Fisiopatologia
destruídas). Deve-se coletar o sangue do paciente O fator Von-Willenbrand (FVW) é um fator
e separar o plasm, ao qual deve-se adicionar responsável por ligar-se ao endotélio diante de
hemácias com antígenos conhecidos. Caso haja, lesões endotelais e, ao memso tempo, ligar-se às
no plasma, um anticorpo para o antígeno inserido, plaquetas, permitindo o início da agregação
ocorre aglutinação. Após essa fase, adiciona-se o plaquetária. Esse fator, quando produzido, possui
soro de Coombs e analisa se ouve aglutinação. Em moléculas muito grandes, que são clivadas pela
seguida, é preciso rastrear causas secundárias, por enzima metaloproteinase 13 (ADAMS 13). No PTT,
meio de sorologias, história clínica e exame físico há uma diminuição dessa enzima, impossibilitando
de neoplasias, início de medicações, etc. Em geral, a clivagem do FVW e, com isso, propiciando a
a AHAI secundária é mais difícil de tratar do que a liberação de multímeros ultra-grandes do FVW na
AHAI priária, devido à necessidade de tratar periferia. Esses, agregam-se a lesões endoteliais
doença de base. de pequenos vasos e causam uma obstrucão que
a. Tratamento culmina com a hemólise intravascular. Com a
Inicia-se com a busca da causa de base. Em liberação da Hb livre, a lesão endotelial é piorada,
favorecendo ainda mais a agregação plaquetária.
seguida, deve-se, a depender da gravidade,
administra corticoide oral ou venoso. Nos casos c. Fatores de risco
mais graves e/ou refratários, pode-se administrar A PTT é uma doença autoimune cuja fisiopatologia
a imunoglobulina. No cor anêmico ou casos muito não se conhece muito, sabendo-se somente que
graves pode ser indicada transfusão após possui relação com linfócito B e falta da ADAMS
imunossupressão. Assim, a transfusão de 13. Ela pode ser causada por motivo idiopático,
hemácias na anemia hemolítica é exceção! gestação, infecções agudas graves, outras doenças
Uma vez que uma pessoa desenvolveu uma AHAI, autoimunes, transplantes, cânceres, medicações,
ela pode permanecer com essa doença, em crises, obesidade mórbida, etc.
ou nunca mais apresentá-la. Nos pacientes que
apresentam muitas crises – corticodependentes d. Pêntade clássica
(sem o corticoesteroide ele tem crise), O diagnóstico é sindrômico, não podendo deixar
intolerância ou efeito colateral grave do de ter anemia hemolítica microangiopática. Além
corticoide, múltiplas recaídas de AHAI ou hemólise dessa, nota-se (em geral existem as 5 alterações,
contínua, mesmo que leve, o tratamento deve ser mas nem sempre):
a longo prazo, com: Ø Trombocitopenia – plaquetas são
Ø Retuximabe – demora 4 semanas para consumidas nos microtrombos.
fazer efeito. Ø Anemia hemolítica microangiopática –
Ø Esplenectomia é obrigatório, por ser o desencadeante
Ø Outros imunossupressores da doença.
Ø Alterações neurológicas – o mesmo
b) Púrpura Trombocitopênica Trombótica microvaso da pele, do intestino existe
(PTT) no SNC, podendo causar uma
Anemia hiperproliferativa, normocítica e obstrução cerebral (microangipatia do
normocrômica ou macrocítica, sem sangramento SNC). Pode causar convulsão, AVC,
agudo, com provas de hemólise positiva (não síndromes epilépticas.
Gabriella La Salvia Caropreso T26

Ø Comprometimento renal
pelo– Ø Corticoide
acometimento dosvasos Ø Rituximab – anti-CD20 (marcador de
renais/glomeruláres. É um membrana de linfócito B – induz
comprometimento leve, não levando à apoptose e para de produzir
diálise. anticorpo).
Ø Febre – devido à inflamação A transfusão de plaquetas não é recomedada
(piora o quadro) e, caso não haja plasmaferese,
e. Sinais e sintomas pode-se administrar plasma isolado no paciente
O paciente apresenta sintomas clássicos de na tentativa de diluir o sangue do mesmo até que
síndrome anêmica aguda, sintomas neurológicos, haja possibilidade para realização do
como cefaleia, confusão mental, crises convulsivas procedimento.
ou déficits neurológicos focais e pode haver
petéquias (sangramento puntiforme secundários PS: a plasmaferese pode ser feita em doenças
a plaquetopenia) ou outros sangramentos (menos autoimunes, pois há retirada de anticorpos dos
importante). pacientes.
f. Laboratório i. Diferencial
Ø Trombocitopenia com coagulograma A SHU também é uma microangiopatia, mas na
normal (TP, TTPA, e fibrinogênio) - qual a hemólise ocorre mais dentro do rim.
admite-se plaquetopenia, mas exclui Acomete mais crianças, com muita insuficiência
outros distúrbios hemorrágicos. renal, mas pouca microangiopatia neurológica.
Ø Ureia e creatinina – ocorrem elevações Assim, o paciente pode apresentar febre,
por lesão glomerular direta pelos disfunções renais, anemia microangiopática e
microtrombos. É leve ou moderado, trombocitopenia, mas não apresentará sintomas
não evoluindo muito para diálise. neurológicos. Geralmente decorre de infecções
Ø ADAMS 13 diminuído – a dosagem é por pneumococo ou E. coli. Já a PTT acomete mais
bastante difícil. É o único confimatório adultos jovens e possui a pêntate clássica.
laboratorial, mas pode dar falso-
positivo por depender da dosagem
daquele momento. Assim, apesar de
ser o único confirmatório, não é
necessário.
g. Esfregaço de sangue periférico
Ø Esquizócitos – sempre deve estar
presente.
Ø Pontilhado basofílico
Ø Policromasia – hemácia mais roxa.
Ø Eritroblasto – hemácia nucleada. B. Anemias hemolíticas hereditárias
h. Tratamento Deve-se pensar sobre a história familiar, quadro
Como há excesso de moléculas grandes de FVW, crônico com várias agudizações prévias ou
que se localizam no plasma, há necessidade de múltiplos episódios agudos (a pessoa pode possuir
retirada desses multímeros. Assim, é realizada a uma Hb mais baixa, mas com organismo adaptado
plasmaferese, procedimento o qual se remove o a mesma – diante de estresses que necesitam de
plasma do paciente, fragmentando-o em maior quantidade de Hb causam quadros agudos),
hemácias, plaquetas, células brancas e plasma. As história de transfusões prévias e outras
células extraídas e um novo plasma são manifestações. Existem várias doenças, sendo
reintroduzidos no paciente, “limpando” o sangue quatro delas:
Ø Síndromes falciformes – inclui anemia
do mesmo. Esse procedimento é sempre
necessário, por salvar a vida do paciente com PTT, falciforme, traço falciforme, hemoglobina
sendo geralmente feito por cerca de 1 mês. No SC e hemoglobina BS.
Ø Talassemias – microcítica e hipocrômica
entanto, é possível associar outros tratamentos a
esse, sendo:
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Ø Deficiência de G6PD – enzima que protege de 5/6% - mortalidade cedo) e


a hemácia contra oxidação. Existe nas microesferocitose hereditária.
formas europeia (deficiência muito Ø Episódios de síndrome anêmica aguda,
relevante) ou africana (deficiência não tão geralmente não associada a síndrome
relevante). O paciente não hemolisa o anêmica crônica – deficiência de G6PD
tempo todo, mas diante de medicações ou (só possui anemia hemolítica no evento
infecções agudas apresenta piora do estressor) e microesferocitose
quadro. Pode ser normo e normo ou hereditária (há penetrência variada do
macrocítica gene, fazendo com que essa doença se
Ø Microesferocitose – microcítica e comporte de ambas as formas).
hipercrômica. É uma doença diagnosticada
na infância, com grande detalhe de b. Hemoglobinopatias
hipercrômica. A pessoa hemolisa o tempo A hemoglobina é a molécula que transporta
inteiro, mas não muito intensamente. oxigênio dentro da hemácia. Ela é composta por 4
Para estudá-las, deve-se realizar, após uma cadeias de globina, cada uma combinada ao grupo
heme (ferro em estado ferroso que se liga ao O2).
história clínica bem coletada:
Cada uma dessas cadeias recebe um nome e, de
Ø Eletroforese de hemoglobina – fecha
acordo com a forma que elas são agrupadas, as
diagnóstico de anemia falciforme.
diferentes hemoglobinas surgem, sendo:
Ø Teste do pezinho – diagnostica
Ø HbA1 – duas cadeias alfa e duas beta.
falciforme, talassemia, etc.
São as mais comuns de uma dulto.
Ø Esfregaço do sangue periférico –
Ø HbA2 – duas cadeias alfas e duas
algumas das anemias apresentam
deltas. Equivalem a cerca de 2% das
formas no sangue perférico que
hemácias do adulto.
auxiliam no diagnóstico, como hemácia
Ø HbF – duas cadeias alfa e duas gama.
em foice (falciforme), hemácia em alvo
Equivalem a 1% das hemácias do
(talassemia), microesferócitos
adulto, sendo mais presentes em
(microesferocitose hereditária), bit
cells (G6PD), etc. crianças (possuem maior afinidade ao
Ø Teste de fragilidade osmótica – coloca
O2, “roubando-o” da mãe).
a hemácia dentro de um ambiente com As hemoglobinopatias surgem diante de
osmolaridade controlada e observa alterações na cadeia de globina ou diante de
quanto tempo demora para hemolisar. diminuição ou ausência de produção. No caso de
Ø Ektacitometria – pouco usado. Avalia o
alterações, existem:
Ø HbS – defeito da cadeia beta, sendo
grau de deformidade da membrana da
hemácia. essa substituída pela HbS. Ex: anemia
Ø Dosagem de G6PD – fora do episódio
falciforme.
Ø HbC – defeito da cadeia beta, sendo
de crise.
Ø Provas de facização – não fecha o
essa substituída pela HbC. Ex:
diagnóstico da anemia falciforme. hemoglobinopatia C
Ø BbE – defeito da cadeia beta, sendo
a. Diagnóstico sindrômico essa substituída pela HbE.
Indivíduo com síndrome anêmica que pode Ø Hemoglobinopatia B/S
aparecer de duas formas: Ø Hemoglobinopatia S/C
Ø Crônica com episódios de agudizacão – No caso de diminuição, existem:
são anemias presentes o tempo todo, Ø Talassemias – falta uma cadeia para o
mas que pioram diante de episódios paciente. Assim, uma pessoa com
que necessitem de maior reserva talassemia beta, não possui a cadeia
medular (infecções, etc – Hb de 8 cai beta.
para 4, necessitando transfusão). Ø Persistência da hemoglobina fetal – a
Incluem síndromes falciformes, hemoglobina fetal é maior do que 1%.
talassemias intermédia e major (Hb de
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c. Eletroforese de hemoglobina completo e de lugar à HbS. Paciente


Visa perceber se existem as três hemoglobinas necessita de muitas transfusões e dor.
(HbA1, HbA2 e HbF) e se existe alguma Geralmente é normocítica e
hemoglobina variante. normocrômica.
Ø Paciente normal – HbA1 normal, HbA2 Ø Traço falciforme (paciente IV) – há uma
normal e HbF normal, sem presença de mutação da cadeia beta que permite que
outra variante. faz com que o paciente expresse tanto HbA
Ø Paciente com talassemia beta major - (diminuida, mas não muito), quanto HbS. O
HbA1 ausente ou muito diminuída, HbA2 paciente não apresenta manifestações de
aumentada e HbF aumentada. Esse anemia, mas deve ser orientado quanto à
paciente pode apresentar dependência necessidade de ingestão/suplementação
perfusional, morte por intolerância ao de ácido fólico (pacientes consomem
ferro, etc. muito ácido fólico). Geralmente é
Ø Paciente com talassemia alfa major – HbA1 normocítica e normocrômica.
ausente, HbA2 ausente, HbF ausente. É Ø Hemoglobinopatia S/C (paciente V) – há
incompatível com a vida uma mutação da cadeia beta que permite
Ø Paciente com anemia falciforme – HbA1 a aparição da HbS e HbC, sem que haja
ausente, HbA2 normal ou diminuida aparição da HbA. Geralmente o paciente
(geralmente é normal), HbF normal ou transfunde pouco, tem menos crise de dor,
aumentada (geralmente aumentada) e mas tem muito mais evento do SNC e
HbS presente. retículo. Varia, podendo ser microcítica e
Ø Paciente com traço falciforme – HbA1 hipocrômica ou normocítica e
diminuída, HbA2 normal, HbF normal ou normocrômica.
aumentada e HbS presente.
Ø Paciente com talassemia beta minor -
HbA1 pouco diminuída, HbA2 pouco
aumentada e HbF normal ou aumentada,
sem presença de outra variante.

PS: é possível que o paciente possua uma anemia


falciforme (HbA ausente) associada a uma
persistência da hemoglobina fetal, apresentando,
na eletroforese, uma alta taxa de HbF e HbS, sem
que haja HbA. Esse quadro pode surgir diante de
uso de tratamento excessivo, já que o tratamento
para anemia falciforme visa a formacão de mais
d. Síndromes falciformes HbF, uma vez que esta impede que as
Conjunto de doenças que se comportam como hemoglobinas se polimerizem e façam a foice.
falciforme, com algumas variedades, incluindo: Esses pacientes geralmente possuem um
Ø Hemoglobinopatia B/S (paciente II) – há diagnóstico tardio, mas não expressão sintomas de
uma mutação que permite que faz com anemia (paciente VI).
que haja formação de HbS e de HbA com a) Anemia falciforme
cadeia beta mutada, sendo esta muito É uma anemia hemolítica crônica com episódios
diminuída (anemia falciforme associada a de agudização causada por herança homozigótica
traço talassêmico). O paciente geralmente do gene responsável pela hemoglobina S. Assim,
apresenta menos crise de dor, mas é mais os pacientes apresentam uma cadeia beta
dependente transfusional. Geralmente é mutada, com substituição de ácido glutâmico por
microcítica e hipocrômica. valina em sua posição 6, sendo denominada HbS.
Ø Anemia falciforme (paciente III) – há
A doença cursa com muitas complicações
mutação na cadeia beta da hemoglobina, secundárias, pois além da hemólise, há o
fazendo com que ela deixe de aparecer por
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fenômeno de vaso oclusão. Nela, após a doação do cadeia beta (talassemia). Em geral, o
oxigênio pelas hemácias, essas células podem paciente apresenta todos sintomas da
polimerizam-se e adquirem um formato de foice. falciforme e é mais anêmico,
necessitando de mais transfusões.
a. Genética Ø Hemoglobinopatia S/C – paciente
É uma mutação simples com mutação no possui os dois cromossomos 11
cromossomo 11. Assim, um casal AS pode gerar mutados, mas um produzindo uma
filhos normais (AA), com traço falciforme (AS) ou cadeia S e o outro, uma cadeia C. Em
com anemia falciforme (SS). Assim, há uma cadeia geral, o paciente apresneta mais
beta com alteração do ácido glutâmico pela valina sintomas de retina e do SNC, mas não
na posição 6. Diante disso, a hemoglobina costuma ser muito anêmico. Muitas
desoxigenada se polimeriza e adquiri um formato vezes o diagóstico é mais tardio, mas o
de foice até que seja oxigenada novamente. Por paciente pode ser tão grave quanto um
esse motivo, nem todas as hemácias estarão com com anemia falciforme.
formato de foice.
e. Diagnóstico
b. Fisiopatologia Ø Prova de falcização – coloca-se o
As hemácias desoxigenadas tendem a unir-se sangue em um meio com pouco
umas as outras nos microvasos e obstruí-los. oxigênio, observando se há ou não
Algumas dessas hemácias que obstruem o vaso formação de foice. Só é feita quando
conseguem sair dessa aglomeração, mas devido à não há acesso ao exame diagóstico,
mudança conformacional constante, lesões nas pois não confirma e nem exclui o
membranas dessas células surgem, possibilitando diagnóstico.
o reconhecimento e a destruição das mesmas Ø Esfregaço de sangue periférico – ajuda
pelos macrófagos esplênicos (2/3 do total). O a entender que existe síndrome
restante das hemácias que obstruíram os vasos falciforme, mas não define o
não conseguem se desprender, sendo rompidas diagnóstico.
(1/3 do total). Assim, devido à oclusão dos
Ø Eletroforese de hemoglobina – gera o
microvasos, algumas regiões tornam-se
diagnóstico da anemia falciforme e das
isquêmicas, ocasionando infartos locais.
demais síndromes.
c. Esfregaço de sangue periférico Ø Testes genéticos – em casos mais
Ø Hemácias em foice – nem sempre é complicados, com mutação de gene 16.
uma foice perfeita e nem todas Inclui o teste do pezinho, que realiza
hemácias estarão em foice. uma eletroforese de hemoglobina.
Ø Policromasia Após o nascimento, o bebê possui
muita HbF, devendo este ser repetido
d. Espectro da doença falciforme após 6 meses. Diagnostica outras
Ø Anemia falciforme – doença com duas doenças.
cadeias betas mutadas, sendo SS.
Ø Traço falcêmico – apenas um f. Diagnóstico diferencial
cromossomo mutado (50% do gene), Ø Hb SS – anemia falciforme. Não há
sendo produzido uma cadeia beta HbA1, HbA2 normal e VCM
normal e uma mutada (HbA1 e HbS). Os geralmente é normal, mas pode ser
pacientes são assintomáticos, aumentado a depender da
raramente apresentando crises de dor, quantidade de reticulócitos no
mas possuindo hemólise o tempo sangue periférico.
inteiro (menos do que o falciforme) Ø Hb SB – HbA1 ausente, HbA2 normal
Doença é descoberta durante exames ou aumentada, VCM discretamente
como pré-natal. diminuído.
Ø S/beta-talassemia – indivíduo possui Ø Hb SC – HbA1 ausente, Hb2A normal,
duas mutações, uma que produz beta presença de HbS e HbC, VCM normal.
mutada (HbS) e outra que não produz
ou que produz em menor quantidade a
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Ø Hb SF – HbA1 ausente, Hb2A normal, apresenta dor, mas costuma ter


presença de grande quantidade de reticulócitos muito baixos. O tratamento é
HbF e presença de HbS, VCM normal. feito pela transfusão sanguínea.
Nos adultos, por sua vez, as manifestações mais
g. Manifestações clínicas prevalentes incluem:
Surgem devido à fatores precipiantes, como Ø Crise megaloblástica – pode ocorrer em
consumo de álcool, desidratação, menstruação, crianças também. Há uma queda da
infecções, variações térmicas, estresse endógeno, hemoglobina devido à falta de ácido fólico.
etc. Incluem manifestações de oclusão Os reticulócitos encontram-se baixos e o
venocapilar, de hemólise e agudas. Por toda a vida tratamento é feito com base da transfusão
o paciente pode apresentar AVC, síndrome e da reposição do ácido fólico.
torácica aguda (STA), hemólise crônica e crises Ø Vaso-oclusão do periósteo – há uma vaso-
álgicas. No entanto, existem manifestações mais oclusão que impede a irrigação do osso,
presentes em crianças ou em adultos. As mais causando um infarto ósseo. Os pacientes
prevalentes em crianças incluem: apresentam muita dor, necessitando de
Ø Dactilite – vaso-oclusão dos vasos que
medicação endovenosa. Além disso,
irrigam os ossos das mãos e dos pés das
devido ao infarto ósseo, os pacientes
crianças. Ocorre mais na infância, pois é
costumam apresentar alterações osseas,
nesse momento em que esses ossos mais
como as vértebras em boca de peixe. Como
se expandem. O indivíduo apresenta choro
fatores desencadeantes, apresenta
e irritabilidade, associados a mãos
menstruação (perda de sangue em alguém
inchadas, inflamadas e dolorosas. O
já anêmico e com medula trabalhando
tratamento é feito com analgesia,
muito). O trayamento é feito por meio da
hidratação e verificação de necessidade de
hidratação e da analgesia com opióide
transfusão.
(codeína, tramal e morfina), evitar
Ø Sequestro esplênico – baço é repleto de
hipoxemia e buscar o desencadeante. Se
microvasos. Assim, uma vez que as
após tudo isso a dor não melhore, é
hemácias em foice passam por esse órgão, possível pensar em transfusão.
elas ocluem esses microvasos, fazendo Ø AVC – pode ocorrer em crianças. Vaso-
com que haja um aumento fibrosando o oclusão do córtex cerebral. A depender do
órgão e fazendo com que ele aumente e vaso ocluido, pode gerar AVCs mais leves
passe a sequestrar todo o sangue do (microinfartos) e mais graves. É o AVC que
indivíduo, levando à uma anemia, mata o falciforme. Nota-se, na tomografia,
plaquetopenia, leucopenia, etc. A medula, uma região mais escurecida. O tratamento
para reverter esse processo, produz mais é feito por meio da hidratação, do uso de
reticulócitos (diagnóstico diferencial da aas, da exsanguineotransfusão parcial (45
síndrome aplásica). Portanto, a criança min), da transfusão crônica (objetivo é HbS
apresenta-se irritada, chorosa, muito < 30% em crianças e < 50% em adultos) e
anêmica e com baço doloroso e screnning com dooples (possibilita
aumentado. Em geral, deve-se realizar visualizar se a criança corre o risco ou não
analgesia, hidratação e perfusão para de AVC).
evitar choque hipovolêmico. Com o tempo, Ø Síndrome torácica aguda – crise de dor no
como o baço deixa de receber o sangue tórax, impossibilitando a expansão
necessário, ele vai fibrosando e
pulmonar e, consequentemente, levando a
desaparece, sendo considerado um órgão
uma atelectasia pulmonar e morte. Ocorre
vestigial a partir dos 5/6 anos de idade.
por vaso-oclusão de costela e de pulmão,
Ø Crise aplásica – secundária à infecção pelo
cuja principal causa de oclusão é infecção.
parvovíruos B19, que infecta e destroi os
Devido à oclusão, há infarto e geração de
precursores hematopoiéticos
mediadores inflamatórios, que atuam nos
(plaritroblasto). Diante disso, a medula
receptores da pleura, levando à dor. O
entra em aplasia, diminuindo muito e
diagnóstico é feito por meio de alguns
agudamente a hemoglobina. A criança não
critérios, como:
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o Infiltrado novo no Raio-x – se não Paciente sem baço, necessitando de profilaxia


tiver outro raio-x, considerar com penicilina oral e imunização (grupo de risco
qualquer infiltrado como novo. para vacina de influenza, pneumococo, covid).
o Dor torácida – do tipo pelurítica, Todo falciforme gasta muito ácido fólico,
contínua, etc. necessitando de reposição dessa vitamina. Em
o Qualquer sintoma respiratório – casos de transfusões, é preciso fenotipar a
febre, tosse, sintomas hemácia (deve receber hemácias parecidas com a
respiratórios, hipoxemia e dele, para evitar formação de anticorpos). Além
dispneia. disso, deve-se utilizar hidroxiuréia, quimioterápico
O tratamento é feito por meio do uso de que diminui a série mieloide da medula (plquetas,
analgésicos opióides, hidratação, hemácias – plaritroblasto – e algumas séries da
oxigenioterapia, antibiótico, suporte série branca) e aumenta a HbF. A vantagem do
ventilatório se necessário e transfusão se aumento da HbF é que essa hemoglobina
necessária. impossibilita a falcização das hemácias,
Ø Cálculo biliar – bilirrubina em excesso pode aumentando a sobrevida das mesmas. No
depositar-se na vesícula na forma de entanto, pode aumentar anemia. Pode-se ainda
bilirrubinato de cálcio (cálculos negros). administrar quelantes de ferro em indivíduos que
Ø Retinopatia – detectada pelo fundo de transfundiram muito (mais de 10 bolsas ao longo
olho, que observar inúmeras micro- da vida - a transfusão leva ferro para o indivíduo,
oclusões que egram o exsudato podendo causar uma intoxicação por esse mineral;
algodonoso. Pode evoluir para cegueira. se esta ocorrer – cirrose, insuficiência cardíaca e
Ø Priapismo – sangue não consegue voltar pan-hipopituitarismo = queda de todos hormônios
para circulação, gerando uma ereção basais hipofisários). A única terapia curativa da
dolorosa não continuada ou não iniciada anemia falciforme é o TMO alogênico, ou seja, o
por estímulo sexual. O tratamento inicial é transplante de medula (medula de judeu e
feito por analgesia e hidratação, o que caucasianos é mais fácil de achar do que de
melhora em 50% dos casos. Se passar mais negros; risco de infecção e morte é muito grande;
de 3h em ereção, há necessidade de a indicação vem aumentando em crianças
urologista, que indica ou não a drenagem falciformes, já que essas não sofreram as
(melhora em 99% dos casos) e a complicações da anemia).
exsanguineotransfusão. Caso não haja
melhora, é preciso realizar uma fístula que b) Talassemias
liga a veia com a artéria, impossibilitando Deficiiencia da cadeia de globina. Diferentemente
novas ereções. da falciforme, que possui uma alteração da cadeia,
Ø Osteonecrose de cabeça de fêmur – vaso- a talassemia é caracterizada por uma diminuição
oclusões sucessivas na cabeça femoral, na produção da hemoglobina. Assim, as beta-
acabado com a capacidade de talassemias são caracterizadas pela diminuição ou
movimentação da articulação. Pode ausência da cadeia beta, enquanto as alfa-
ocorrer em qualquer articulação. Causa talassemias são caracterizadas pela diminuição ou
dor crônica articular, com piora diante de ausência da cadeia alfa.
estresse. O tratamento de feito por meio a. Beta-talassemias
de analgesia e prótese total de quadril Muito comuns no Brasil e no mundo,
(pós-operatório extremamente doloroso). principalmente entre italianos e gregos. São
Ø Úlcera crônica – paciente pode fazer anemias microcíticas e hipocrômicas, com RDW
necrose de vasos da subderme, normal. O gene da cadeia beta encontra-se no
principalmente nos maléolos. Há formação cromossomo 11 e, cada gen pode possuir um tipo
de úlcera, com consequente infecção. de mutação, sendo:
Diante de úlcera bem tratadas e não Ø B/B – gene normal
infectadas, é possível suturar um pedaço Ø B0/B0 – homozigoto, causando talassemia
de pele. major (não produz nada).
Ø B0/B+ - um gene não produz nada de
h. Tratamento +tratamento
parte grifada no artigo de
da anemia falciforme cadeia beta e o outro produz, mas em
O tratamento é multidisciplinar = psicólogo, médico, serviço social
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menor quantidade
(homozigoto/heterozigoto). Também
causa a talassemia major.
Ø B+/B+ - duplo heterozigoto, causando
talassemia intermédia.
Ø B0/B – heterozigoto, causando talassemia
minor.
Ø B+/B - heterozigoto, causando traço
talassêmico. O paciente apresenta
alteração no hemograma, mas não
apresenta sintomas.
O diagnóstico é dado pela eletroforese de
hemoglobina, a qual apresentará uma diminuição
de HbA1. Além disso, é preciso verificar esfregaço
de sangue periférico, provas de hemólise, que
estarão positivas, coombs, que estará negativo e a
história familiar. Deve-se ainda fazer o diagnóstico
diferencial com a anemia ferropriva, realizando
perfil de ferro e percebendo se os valores de VCM
e HCM estão muito baixos (geralemente na
talassemia estão, mas na ferropriva não muito). O
tratamento é feito pela reposição de ácido fólico e
pelo aconselhamento genético.

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