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Hematologia
Hematopoiese Regulação pela eritropoetina
Termo utilizado para a produção de células na Caso o número de hemácias diminua, o nível de
medula, que sempre se inicia a partir de uma oxigênio nos tecidos também diminui. Com isso, o
célula tronco que se divide em múltiplas linhagens rim passa a produzir e secretar mais eritropoetina,
que dão origem a todas as células presentes no substância que haje na medula, aumentando o
sangue periférico. número de hemácias.
linhagem mieloide
SÍNDROMES ANÊMICAS
Uma síndrome anêmica é um diagnóstico
sindrêmico, ou seja, um conjunto de sinais e
Eritropoese sintomas comuns a diversos sistemas. Elas podem
Caso fale-se especificamente sobre a produção de apresentar caráter agudo (queixas de, no máximo,
hemácia, diz-se eritropoese. Essas células são 2 semanas) ou crônico (queixas cujo início não é
anucleadas que possuem como objetivo reconhecido), o que é descoberto por meio de
transportar o oxigênio para os órgãos do uma anamnese bem feita e pela diferença dos
organismo. São produzidas em altas quantidades sintomas entre uma e outra (algumas anemias
(200 bilhões de hemácias/dia), vivem em torno de possuem sintomas bastante específicos). O
120 dias e sua produção é controlada pela diagnóstico é clínico e laboratorial (confirmação).
eritropoetina e pelo receptor de transferrina
(receptor do transportador de ferro). Na medula, O que saber na anamnese?
uma célula tronco começa a dividir-se e forma Ø Duração dos sintomas
uma célula que perde o seu núcleo, Ø Sintomas associados – tosse + anemia +
transformando-se em reticulócito, uma célula perda de peso pode ser tuberculose.
presente tanto na periferia, quanto na medula que Ø História familiar – avaliar se só a pessoa
é repleta de RNA. Por fim, esse reticulócito possui alteração, ou se mais de uma pessoa
transforma-se em eritrócitos (hemácias). na família possui alteração.
Ø História fisiológica – realizar a história
menstrual bem feita, pois essa é, em
muitos casos, a causa da anemia.
o ferro é excretado na descamação da parede Nos cantos da boca é possível observar queilite
intestinal (a mucosa intestinal é considerada a angular.
maior reguladora e protetora contra a intoxicação
pelo ferro). Esse controle é realizado pela
hepcidina, que, quando presente, fecha o canal de
ferroportina, impossibilitando a sua absorção e
liberação para corrente sanguínea. Assim, essa
hepcidina é regulada positivamente diante do
excesso de ferro e da infecções/inflamações e
negativamente diante da anemia ou hipóxia.
Ademias, existem duas formas de ferro
provenientes da dieta – a forma heme e a forma
não heme. A forma heme é derivada de alimentos Nota-se ainda queda capilar bastante relevante e
= pica
de origem animal, sendo ela mesma absorvida uma grande vontade de comer gelo e/ou terra.
pela mucosa intestinal. A forma não heme, por sua Pode-se ainda perceber halitose e sensação de
vez, é derivada de alimentos de origem vegetal e o globos (disfagia de condução) decorrente da
que é absorvido pela mucosa intestinal é o íon síndrome de Plummer Vinson (anel esofagiano na
ferroso (Fe2+). De forma geral, a forma heme é 1º porção do esôfago – causa um estreitamento
melhor absorvida do que a forma não heme. A no esôfago, impedindo a passagem dos alimentos
perda crônica de sangue é a principal responsável e, com isso, fazendo com que eles fiquem presos e
pela diminuição de estoques, sendo a anemia “estraguem”). = anel esofagiano alto
feropriva um sintoma.
ANEMIA FERROPRIVA é por perda sanguínea e não pela deficiência de ferro na dieta, com
exceção das crianças e grávidas
a. Sinais clínicos
Anemia ferropriva é uma sídnrome anêmica
crônica com características carenciais. É
caracterizada como hipoproliferativa, microcítica
e hipocrômica ou normocítica e normocrômica.
Sempre acontece por algum sangramente crônico,
seja perdas menstruais, câncer, etc.
com exceção das grávidas e crianças
Esquizócito
Hemácia em
charuto
Gabriella La Salvia Caropreso T26
disso, existe o ferro, mas este não esta a. Metabolismo B12 e ácido fólico
disponível para eritropoese. Após ingestão do ácido fólico, na forma de
Quando o mecanismo é só donça crônica, não se metitetrahidrofolato (MTHF), que é inativa, ele
costuma observar grandes anemias (Hb 10). entra na célula. Pela ação da metionina sintetase,
Assim, os sintomas relatados raramente são que retira um dos grupos do MTHF, ocorre a
causados devido à anemia. ativação dessa substânica, transformando-a em
tetrahidrofolato e sendo essa a responsável por
g. Indices hematimétricos
atuar na síntese de purinas e pirimidinas. Todo
Geralmente é normocítica, normocrômica e com
essa atividade da metionina sintetase é
RDW normal. Em alguns casos pode ser
dependente da vitamina B12, que possibilita, além
caracterizada como microcítica e hipocrômica,
desse procedimento, a transformação, também
assim como a ferropriva. Por impedir a liberação
por essa enzima, da homicisteína em metionina.
de ferro, apresenta alterações no perfil desse Reparar que esses ambos fatores são importantes para a formação do produto. Por isso a falta de ambos
pode gerar uma anemia megaloblástica.
mineral: b. Megaloblastose
Ø Ferro – diminuido (na ferropriva é É um fenômeno medular caracterizada pela
diminuído). Caso associada à ferropriva, assincronia de maturação núcleo citoplasmática,
permanece diminuido. secundaria a dificuldade de divisão celular. Em
Ø Transferrina – normal ou diminuida (na outros palavras, o citoplasma da célula
ferropriva é aumentada ou normal). “amadurece” (ganha hemoglobina), mas o núcleo
Quando associada à ferropriva, permanece não, preparando-se para dividir mas sem
diminuído. conseguir, devido à falta de base nitrogenada.
Ø TIBC - normal ou diminuido (na ferropriva Dessa forma, a célula fica dismórfica, sendo
é aumentado). Quando associada à destruída pela célula. Com a diminuição das
ferropriva, é normal ou aumentado. pirimidinas (principalmente da timidina), ocorrem
Ø IST – diminuído (na ferropriva é modificações do ciclo celular, retardo na
diminuído). Quando associada à duplicação e defeitos no reparo do DNA. Diante
ferropriva, permanece diminuído. disso, tem-se uma célula defeituosa, com núcleo
Ø Ferritina – normal ou aumentada (na imaturo e displásico em relação ao citoplasma.
ferropriva é diminuído). Quando associada Ainda mesmo dentro da medula, essa célula é
à ferropriva, é normal, diminuido ou destruída pelos macrófagos. Como essa produção
aumentado. e destruição é feita o dia todo, tem-se uma
Ø Citocinas (VSH, PCR) – aumentadas (na eritropoese ineficaz e uma quantidade baixa de
ferropriva é normal). Quando associada é reticulócitos.
aumentado.
A clínica baseia-se, na maioria das vezes, na
doença de base. O tratamento é feito com a
reposição de ferro e de eritropoetina, em alguns
casos.
MEGALOBÁSTIGA
C. Anemia meloblástica
É um síndrome anêmica crônica, que pode ter
valor de Hb baixo, mas sintomas leves ou
inexistentes. Quanto aos reticulócitos, é
caracterizada como hipoproliferativa. Podem ser
macrocítica ou normocítica e normocrômica. É
resultando da deficiência ou de ácido fólico ou de
vitamina B12. Como grupo de risco geral, tem c. Esfregaço do sangue periférico
população pobre, grávidas, desnutridos, idosos e Pode ocorrer de algumas células escaparem para
alcoólatras. Teve um aumento no seu diagnóstico o sangue periférico, notando-se nele:
com a mudança do padrão alimentar e difusão das Ø Macroovalócitos – células grandes e ovais.
cirurgias bariátricas.
Gabriella La Salvia Caropreso T26 Anemia megaloblástica x Trombose:
-> deficiência de B6, B9 e B-12
e. Diagnóstico
Pede-se hemograma, notando uma anemia
hipoproliferativa, macrocítica e hipocrômica. Em
seguida, para descobrir se é uma megaloblástica,
deve-se buscar por evidências de eritropoiese
ineficaz:
Ø DHL
Ø Bilirrubina
Ø Hipersegmentação neutrofílica – mais do Ø Sangue periférico
que 5 segmentos em neutrófilos. Ø Acometimento de outras células
Tendo-se uma eritropoiese ineficaz, pode-se
classificar a anemia como megaloblástica. Por fim,
é preciso diferenciar entre anemia por B12 ou por
ácido fólico.
a) Anemia megaloblática por deficiência
de ácido fólico
O ácido fólico está presente em alimentos verdes
Ø Corpúsculos de Howell Jolly – restos de frescos, fígado, aveia e algumas frutas e, após
núcleos nas hemácias. ingerido, é absorvido, principalmente, no
duodeno e jejuno proximal. Seus níveis esgotam-
se rapidamente, sendo que uma ingesta precária
por 4-6 semanas já leva à sua deficiência.
a. Epidemiologia principal
Os mais afetados por essa anemia são desnutridos,
população de rua, populações mais pobres e com
baixo acesso a alimentos de preço mais elevado,
etilistas crônicos, doença celíaca, dietas sem
variedade alimentar, idosos, gestantes, usuários
d. Eritropoiese ineficaz de medicação anti-folato (metotrexato – usado
A intensa proliferação e a destruição celular de em doenças reumatológicas, doenças
células defeituosas caracteriza esse fenômeno. dermatológicas, oncologia).
Existem três parâmetros laboratorias que
aparecem alterados diante dessa situação: b. Clínica
Ø Aumento de DHL – aumenta diante de Cansaço, fraqueza, indisposição, dificuldade de
produção e destruiçao de células. concentração, glossite atrófica, queda de cabelo,
Ø Bilirrubina discretamente aumentada – as queilite angular, pancitopenia.
custas da fração indireta, devido à alta
destruição de precursor hematopoiético. c. Diagnóstico
Não causa icterícia. Anemia macrocítica com RDW aumentado que,
Ø Reticulócitos diminuídos
eventualmente, pode ter leucopenia e
Ø Diminuição da haptoglobina – pode
plaquetopenia. É preciso pedir reticulcocitos, que
ocorrer. Não faz parte das provas de estarão baixos, DHL, que estará alto e bilirrubina,
eritropoiese ineficaz. que estara alta, mas sem icterícia. Deve-se ainda
Ø Outras citopenias – falta DNA para todas as
pedir dosagem de ácido fólico nos casos duvidosos
linhagens. Em geral, nas anemias de B12, homocisteína, que estará alta, e ácido
megaloblásticas, a linha vermelha é a metilmalônico, que estará normal. No esfregaço
primeira a diminuir, os leucócitos não do sangue periférico, observa-se macroovalócitos
diminuem tanto a ponto de gerar infecções e hipersegmentação neutrofílica. Caso ainda
e as plaquetas não diminuem tanto a persista dúvida, pedir mielograma.
ponto de gerar hemorragias. d. Tratamento
Ø Sinais medulares – megaloblastose
Gabriella La Salvia Caropreso T26
Existem duas formas de apresentação de B12 no compensada (destroi hemácia, mas não tem
mercado – a oral e a intramuscular. Grande parte hemácia). A hemólise pode ocorrer por:
das causas de B12 é problema de absorção, no que Ø Anormalidade na membrana do eritrócito
pede por uma avaliação bastante delicada a fim de – microesferocitose hereditária.
entender se o paciente será capaz ou não de Ø Anormalidades nas enzimas eritrocitárias –
absorver essa vitamina. Se a falta de B12 for por deficiência de G6PD.
baixa ingesta, pode-se utilizar a reposição oral. Por Ø Fatores externos às hemácias – AHAI,
outro lado, anemias perniciosas e anemias com microangiopatias.
sintomas neurológicos necessitam do uso Ø Anormalidade na hemoglobina – anemia
intramuscular. falciforme, talassemia, etc.
Como consequências, a hemólise causa anemia.
PS: a homocisteína, que é o metabólito do ácido Diante disso, a produção de eritropoetina pelos
fólico, é um dos indutores de trombose. rins é estimulada e, consequentemente, a medula
Anemias agudas fica hiperartiva, havendo muita liberação de
esse resumo + One note
São anemias cujo valor de Hb pode não ser tão reticulócitos no sangue periférico (hiperplasia
baixo e a clínica depende da velocidade de reticulóide). Os reticulócitos são hemácias
instalação, podendo-se apresentar por imaturas, com excesso de RNA e sem formato
taquicardia, dispneia em repouso ou aos míninos específico das hemácias, considerados
esforços, precórdio hiperdinâmico (taquicardia, marcadores de atividade medular. Seus valores
ictus palpável e sopro), IC de alto débito (coração normais são de 0,8% a 2%, mas sempre é
estruturalmente normal, mas sangue sem necessária a sua correção, que pode ser feita pelo
hemácias), hipotensão em casos muito graves e índice de reticulócitos corrigidos (% x Ht/40 ou % x
possivelmente icterícia. São anemias Hb/15) e pelo índice de produção reticulocitária
hiperproliferativas, incluindo a anemias (IRC/2 – nem sempre será 2, pois depende da
hemolíticas e os sangramentos agudos. Quando quantidade de Ht = Hb de 8 é por 2, Hb de 15, Ht
não relacionadas a sangramentos agudos, podem de 45 é por 1). Se o número total de reticulócitos
ser: for maior do que 100.000, independentemente da
Ø Microcítica, hipocrômica e RDW normal – %, já tem-se uma anemia hiperproliferativa (a
talassemias correção sempre abaixa o valor). Para enxergar
Ø Microcítica e hipercrômica – essas células, é preciso utilizar-se de uma
microesferocitose hereditária (doença da coloração específica, que é o azul de metileno.
membrana da hemácia). PS: após a correção, é possível que haja uma
Ø Normocítica e normocrômica – anemias porcentagem de reticulócitos alta, mas uma Hb
falciformes (existem muitas combinações normal, o que caracterza uma hiperproliferação
de falciformes, podendo haver escapes sem anemia (hemólise compensada – pode evoluir
dessa caracterização), anemia hemolítica para anemia).
autoimune (AHAI), deficiência G6PD, SHU e
PTT. b. Provas de hemólise
Ø Macrocítica – falciforme, AHAI, deficiênica São usadas para provar que o paciente está
de G6PD, SHU e PTT. hemolisando, incluindo:
Ø DHL/LDH – enzima que atua no ciclo de
a. Hemólise conversão do ácido lático em ácido
Processo de destruição de hemácias na periferia pirúvico no ambiente intracelular. É um
(baço, vaso, etc). Em geral é um processo marcador de lesão e de proliferação
patológico, sendo considerada fisiológica somente celular, tendo seus valores aumentados
no processo de retirada de hemácias senescenetes diante de qualquer um desses processos.
(120 dias), o que se denomina hemocaterese. Uma Dessa forma, na hemólise, o DHL encontra-
medula boa consegue fazer com que a pessoa não se aumentado.
tenha anemia até que a sobrevida média da Ø Haptoglobina – molécula produzida no
hemácia caia abaixo de 30 dias. Portanto, um fígado que se junta à hemoglobina livre,
paciente com sobrevida de hemácias de 60 dias que é extremamente tóxica para o
não possui anemia e, sim, uma hemólise organismo. Na hemólise, como há
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molécula é tóxica e, por isso, causa lesão Ø COOMBS direto ou Teste de Antiglobulina
nos vasos. Acarreta em anemia sem Direto.
icterícia, mas com lesões endotelial e Ø Prova do eluato – exceção. Há lavagem da
no sangue periférico microangiopatia e hemoglobinúria (indica hemácia estudada para visualizar se
necessidade rápida de tratamento). No existem ou não anticorpos.
laboratório, tem-se as provas de hemólise Ø Pesquisar causas secundárias – HIV, lúpus,
e os esquizócitos (fragementos de neoplasia, etc.
hemácias). Epidemiologicamente acomete
adultos jovens e gestantes, sem a) Anemia hemolítica autoimune (AHAI)
morbidades prévias, com pêntade clínica Anemia induzida por ligação de auto anticorpos ou
clássica. Há provas de hemólise positvas, ativação do complemento na superfície das
combs negativo e esquizócitos no sangue hemácias. Com isso, há uma “marcação”
periférico. Ex: microangipatias, como PTT e extravascular da hemácia, fazendo com que toda
SHU. vez que ela passe por um macrófago, ela seja
Ø Extracelular – é uma exacerbação da via destruída. Em geral, é uma doença de mulheres
normal da hemocaterese. Assim, a jovens, podendo ser:
hemácia é marcada por algo (em geral é Ø Primária – a causa é a própria anemia
anticorpo, mas pode ser pedaço de hemolítica (sem causa definida),
complemento) para que, ao passar perto representando 50% das causas. Pode ser a
extracelular: icterícia
de macrófagos, principalmente os quente ou a frio, mas principalmente a
esplênicos, seja destruída. Acarreta em quente. O diagnóstico é feito somente
anemia, icterícia, bilirrubinúria ausente ou após rastreio de causas secundárias
discreta (bilirrubina direta é liberda na Ø Secundária - associada a alguma outra
patologia.
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PS: Teste de coombs direito – ve anticorpo ligado precisa que todos os parâmetros estejam
diretamente à hemácia. Pega-se uma amostra de alterados), plaquetopenia e microangiopática.
sangue do paciente, separa as hemácias, que já
estão com anticorpos, e pinga o soro de coombs a. Microangiopatia
(anti-anticorpo) ou a antiglobulina. O soro (anti- É a obstrucão de um pequeno vaso doente. Assim,
anticorpo), por sua vez, liga-se ao anticorpo ligado existe uma obstrução nos vasos que faz com que a
à hemácia, causando aglutinação. O Coombs hemácia, ao passar, fragmente-se. Devido à essa
indireto avalia a presença de anticorpos no plasma fragmentação, há formação dos esquizócitos, o
do paciente (usado para analisar a eritroblastose que faz com que haja uma elevação do RDW. As
neonatal – mãe Rh negativa, com primeiro bebê duas situações clássicas de microangiopatia são a
Rh+ passa a produzir anti-Rh – se o segundo bebê SHU e a PTT.
for Rh positivo, suas hemácias podem ser b. Fisiopatologia
destruídas). Deve-se coletar o sangue do paciente O fator Von-Willenbrand (FVW) é um fator
e separar o plasm, ao qual deve-se adicionar responsável por ligar-se ao endotélio diante de
hemácias com antígenos conhecidos. Caso haja, lesões endotelais e, ao memso tempo, ligar-se às
no plasma, um anticorpo para o antígeno inserido, plaquetas, permitindo o início da agregação
ocorre aglutinação. Após essa fase, adiciona-se o plaquetária. Esse fator, quando produzido, possui
soro de Coombs e analisa se ouve aglutinação. Em moléculas muito grandes, que são clivadas pela
seguida, é preciso rastrear causas secundárias, por enzima metaloproteinase 13 (ADAMS 13). No PTT,
meio de sorologias, história clínica e exame físico há uma diminuição dessa enzima, impossibilitando
de neoplasias, início de medicações, etc. Em geral, a clivagem do FVW e, com isso, propiciando a
a AHAI secundária é mais difícil de tratar do que a liberação de multímeros ultra-grandes do FVW na
AHAI priária, devido à necessidade de tratar periferia. Esses, agregam-se a lesões endoteliais
doença de base. de pequenos vasos e causam uma obstrucão que
a. Tratamento culmina com a hemólise intravascular. Com a
Inicia-se com a busca da causa de base. Em liberação da Hb livre, a lesão endotelial é piorada,
favorecendo ainda mais a agregação plaquetária.
seguida, deve-se, a depender da gravidade,
administra corticoide oral ou venoso. Nos casos c. Fatores de risco
mais graves e/ou refratários, pode-se administrar A PTT é uma doença autoimune cuja fisiopatologia
a imunoglobulina. No cor anêmico ou casos muito não se conhece muito, sabendo-se somente que
graves pode ser indicada transfusão após possui relação com linfócito B e falta da ADAMS
imunossupressão. Assim, a transfusão de 13. Ela pode ser causada por motivo idiopático,
hemácias na anemia hemolítica é exceção! gestação, infecções agudas graves, outras doenças
Uma vez que uma pessoa desenvolveu uma AHAI, autoimunes, transplantes, cânceres, medicações,
ela pode permanecer com essa doença, em crises, obesidade mórbida, etc.
ou nunca mais apresentá-la. Nos pacientes que
apresentam muitas crises – corticodependentes d. Pêntade clássica
(sem o corticoesteroide ele tem crise), O diagnóstico é sindrômico, não podendo deixar
intolerância ou efeito colateral grave do de ter anemia hemolítica microangiopática. Além
corticoide, múltiplas recaídas de AHAI ou hemólise dessa, nota-se (em geral existem as 5 alterações,
contínua, mesmo que leve, o tratamento deve ser mas nem sempre):
a longo prazo, com: Ø Trombocitopenia – plaquetas são
Ø Retuximabe – demora 4 semanas para consumidas nos microtrombos.
fazer efeito. Ø Anemia hemolítica microangiopática –
Ø Esplenectomia é obrigatório, por ser o desencadeante
Ø Outros imunossupressores da doença.
Ø Alterações neurológicas – o mesmo
b) Púrpura Trombocitopênica Trombótica microvaso da pele, do intestino existe
(PTT) no SNC, podendo causar uma
Anemia hiperproliferativa, normocítica e obstrução cerebral (microangipatia do
normocrômica ou macrocítica, sem sangramento SNC). Pode causar convulsão, AVC,
agudo, com provas de hemólise positiva (não síndromes epilépticas.
Gabriella La Salvia Caropreso T26
Ø Comprometimento renal
pelo– Ø Corticoide
acometimento dosvasos Ø Rituximab – anti-CD20 (marcador de
renais/glomeruláres. É um membrana de linfócito B – induz
comprometimento leve, não levando à apoptose e para de produzir
diálise. anticorpo).
Ø Febre – devido à inflamação A transfusão de plaquetas não é recomedada
(piora o quadro) e, caso não haja plasmaferese,
e. Sinais e sintomas pode-se administrar plasma isolado no paciente
O paciente apresenta sintomas clássicos de na tentativa de diluir o sangue do mesmo até que
síndrome anêmica aguda, sintomas neurológicos, haja possibilidade para realização do
como cefaleia, confusão mental, crises convulsivas procedimento.
ou déficits neurológicos focais e pode haver
petéquias (sangramento puntiforme secundários PS: a plasmaferese pode ser feita em doenças
a plaquetopenia) ou outros sangramentos (menos autoimunes, pois há retirada de anticorpos dos
importante). pacientes.
f. Laboratório i. Diferencial
Ø Trombocitopenia com coagulograma A SHU também é uma microangiopatia, mas na
normal (TP, TTPA, e fibrinogênio) - qual a hemólise ocorre mais dentro do rim.
admite-se plaquetopenia, mas exclui Acomete mais crianças, com muita insuficiência
outros distúrbios hemorrágicos. renal, mas pouca microangiopatia neurológica.
Ø Ureia e creatinina – ocorrem elevações Assim, o paciente pode apresentar febre,
por lesão glomerular direta pelos disfunções renais, anemia microangiopática e
microtrombos. É leve ou moderado, trombocitopenia, mas não apresentará sintomas
não evoluindo muito para diálise. neurológicos. Geralmente decorre de infecções
Ø ADAMS 13 diminuído – a dosagem é por pneumococo ou E. coli. Já a PTT acomete mais
bastante difícil. É o único confimatório adultos jovens e possui a pêntate clássica.
laboratorial, mas pode dar falso-
positivo por depender da dosagem
daquele momento. Assim, apesar de
ser o único confirmatório, não é
necessário.
g. Esfregaço de sangue periférico
Ø Esquizócitos – sempre deve estar
presente.
Ø Pontilhado basofílico
Ø Policromasia – hemácia mais roxa.
Ø Eritroblasto – hemácia nucleada. B. Anemias hemolíticas hereditárias
h. Tratamento Deve-se pensar sobre a história familiar, quadro
Como há excesso de moléculas grandes de FVW, crônico com várias agudizações prévias ou
que se localizam no plasma, há necessidade de múltiplos episódios agudos (a pessoa pode possuir
retirada desses multímeros. Assim, é realizada a uma Hb mais baixa, mas com organismo adaptado
plasmaferese, procedimento o qual se remove o a mesma – diante de estresses que necesitam de
plasma do paciente, fragmentando-o em maior quantidade de Hb causam quadros agudos),
hemácias, plaquetas, células brancas e plasma. As história de transfusões prévias e outras
células extraídas e um novo plasma são manifestações. Existem várias doenças, sendo
reintroduzidos no paciente, “limpando” o sangue quatro delas:
Ø Síndromes falciformes – inclui anemia
do mesmo. Esse procedimento é sempre
necessário, por salvar a vida do paciente com PTT, falciforme, traço falciforme, hemoglobina
sendo geralmente feito por cerca de 1 mês. No SC e hemoglobina BS.
Ø Talassemias – microcítica e hipocrômica
entanto, é possível associar outros tratamentos a
esse, sendo:
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fenômeno de vaso oclusão. Nela, após a doação do cadeia beta (talassemia). Em geral, o
oxigênio pelas hemácias, essas células podem paciente apresenta todos sintomas da
polimerizam-se e adquirem um formato de foice. falciforme e é mais anêmico,
necessitando de mais transfusões.
a. Genética Ø Hemoglobinopatia S/C – paciente
É uma mutação simples com mutação no possui os dois cromossomos 11
cromossomo 11. Assim, um casal AS pode gerar mutados, mas um produzindo uma
filhos normais (AA), com traço falciforme (AS) ou cadeia S e o outro, uma cadeia C. Em
com anemia falciforme (SS). Assim, há uma cadeia geral, o paciente apresneta mais
beta com alteração do ácido glutâmico pela valina sintomas de retina e do SNC, mas não
na posição 6. Diante disso, a hemoglobina costuma ser muito anêmico. Muitas
desoxigenada se polimeriza e adquiri um formato vezes o diagóstico é mais tardio, mas o
de foice até que seja oxigenada novamente. Por paciente pode ser tão grave quanto um
esse motivo, nem todas as hemácias estarão com com anemia falciforme.
formato de foice.
e. Diagnóstico
b. Fisiopatologia Ø Prova de falcização – coloca-se o
As hemácias desoxigenadas tendem a unir-se sangue em um meio com pouco
umas as outras nos microvasos e obstruí-los. oxigênio, observando se há ou não
Algumas dessas hemácias que obstruem o vaso formação de foice. Só é feita quando
conseguem sair dessa aglomeração, mas devido à não há acesso ao exame diagóstico,
mudança conformacional constante, lesões nas pois não confirma e nem exclui o
membranas dessas células surgem, possibilitando diagnóstico.
o reconhecimento e a destruição das mesmas Ø Esfregaço de sangue periférico – ajuda
pelos macrófagos esplênicos (2/3 do total). O a entender que existe síndrome
restante das hemácias que obstruíram os vasos falciforme, mas não define o
não conseguem se desprender, sendo rompidas diagnóstico.
(1/3 do total). Assim, devido à oclusão dos
Ø Eletroforese de hemoglobina – gera o
microvasos, algumas regiões tornam-se
diagnóstico da anemia falciforme e das
isquêmicas, ocasionando infartos locais.
demais síndromes.
c. Esfregaço de sangue periférico Ø Testes genéticos – em casos mais
Ø Hemácias em foice – nem sempre é complicados, com mutação de gene 16.
uma foice perfeita e nem todas Inclui o teste do pezinho, que realiza
hemácias estarão em foice. uma eletroforese de hemoglobina.
Ø Policromasia Após o nascimento, o bebê possui
muita HbF, devendo este ser repetido
d. Espectro da doença falciforme após 6 meses. Diagnostica outras
Ø Anemia falciforme – doença com duas doenças.
cadeias betas mutadas, sendo SS.
Ø Traço falcêmico – apenas um f. Diagnóstico diferencial
cromossomo mutado (50% do gene), Ø Hb SS – anemia falciforme. Não há
sendo produzido uma cadeia beta HbA1, HbA2 normal e VCM
normal e uma mutada (HbA1 e HbS). Os geralmente é normal, mas pode ser
pacientes são assintomáticos, aumentado a depender da
raramente apresentando crises de dor, quantidade de reticulócitos no
mas possuindo hemólise o tempo sangue periférico.
inteiro (menos do que o falciforme) Ø Hb SB – HbA1 ausente, HbA2 normal
Doença é descoberta durante exames ou aumentada, VCM discretamente
como pré-natal. diminuído.
Ø S/beta-talassemia – indivíduo possui Ø Hb SC – HbA1 ausente, Hb2A normal,
duas mutações, uma que produz beta presença de HbS e HbC, VCM normal.
mutada (HbS) e outra que não produz
ou que produz em menor quantidade a
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menor quantidade
(homozigoto/heterozigoto). Também
causa a talassemia major.
Ø B+/B+ - duplo heterozigoto, causando
talassemia intermédia.
Ø B0/B – heterozigoto, causando talassemia
minor.
Ø B+/B - heterozigoto, causando traço
talassêmico. O paciente apresenta
alteração no hemograma, mas não
apresenta sintomas.
O diagnóstico é dado pela eletroforese de
hemoglobina, a qual apresentará uma diminuição
de HbA1. Além disso, é preciso verificar esfregaço
de sangue periférico, provas de hemólise, que
estarão positivas, coombs, que estará negativo e a
história familiar. Deve-se ainda fazer o diagnóstico
diferencial com a anemia ferropriva, realizando
perfil de ferro e percebendo se os valores de VCM
e HCM estão muito baixos (geralemente na
talassemia estão, mas na ferropriva não muito). O
tratamento é feito pela reposição de ácido fólico e
pelo aconselhamento genético.